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Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 1 AULA 07 – CONTABILIDADE PARA INICIANTES – 2013 – Teoria e Questões Comentadas SUMÁRIO PÁGINA 1 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) 2 1.1 Estrutura da D.R.E segundo a Lei das S.A. 4 1.1.1 Faturamento e Receita Bruta de Vendas e Serviços 5 1.1.2 Deduções da Receita Bruta de Vendas 7 1.1.2.1 Devoluções e vendas canceladas 8 1.1.2.2 Abatimentos concedidos e descontos incondicionais 9 1.1.2.3 Tributos sobre a venda 11 1.1.3 Receita Líquida de Vendas – R.L.V 16 1.1.4 Custo das mercadorias/produtos/serviços 16 1.1.5 Resultado operacional bruto (lucro bruto, se positivo) 18 1.1.6 Despesas e receitas operacionais 18 1.1.6.1 Despesas comerciais 19 1.1.6.2 Despesas gerais e administrativas 20 1.1.6.3 Despesas e Receitas financeiras 20 1.1.6.4 Resultado negativo/positivo de equivalência patrimonial 21 1.1.6.5 Variações monetárias passivas/ativas 21 1.1.6.6 Receitas de Aluguel 21 1.1.6.7 Dividendos 22 1.1.7 Resultado operacional líquido 22 1.1.8 Outras despesas e receitas (antigamente, não-operacionais) 23 1.1.9 Resultado antes do IR e CSLL (LAIR) 26 1.1.9.1 Provisão para Imposto de Renda 29 1.1.10 Participações no resultado 31 1.1.11 Lucro Líquido por Ação 36 1ª série de exercícios! 37 2 Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA) 50 2.1 Saldo do início do exercício 52 2.2 Ajustes de exercícios anteriores 52 2.2.1 Retificação de erros 53 2.2.2 Mudança de critérios contábeis 54 2.3 Reversão de reservas 54 2.4 Lucro ou Prejuízo do Exercício 55 2.5 Destinação do lucro 56 2.6 Dividendos 56 2.6.1 Lucro Líquido Ajustado 58 Última série de exercícios! 61 LISTA DE EXERCÍCIOS COMENTADOS 82 GABARITOS 95 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Oi, gente! Nesta aula 07, aprenderemos as particularidades relacionadas à Demonstração do Resultado do Exercício e à Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados, ambas importantíssimas para a resolução de provas. O “esquema” da aula será bastante direto. Inicialmente, eu apresentarei a estrutura geral e, em seguida, “destrincharemos” os significados de cada item das demonstrações. Espero que estejam todos colados na cadeira, ”se acabando” de estudar, assim como o Zé Luis! Rsrs.. Bons estudos e vamos começar! Pessoal, antes de mais nada, a Demonstração do Resultado do Exercício é um relatório (tal qual o balanço patrimonial) que apresenta, de maneira resumida, as informações relativas aos fatos contábeis que aumentam ou diminuem o patrimônio da empresa. Em outra palavras, a DRE demonstra, de maneira sintética, todos os créditos e débitos recebidos pela conta de Apuração do Resultado do Exercício – ARE -, conhecida na Aula 03. Fatos contábeis, que aumentam ou diminuem o patrimônio da empresa, são aqueles dos quais decorrem do reconhecimento de receitas ou despesas em contas de resultado. Sendo assim, a D.R.E. nada mais é que uma demonstração que consolida os saldos finais das contas de resultado num determinado período de tempo (ao término do exercício), donde se extrai o resultado líquido destas alterações, ou seja, os lucros ou prejuízos do período. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 2 1 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Em razão de sua importância, qual seja, apurar o resultado líquido das atividades da entidade num determinado período de tempo, a preparação e apresentação da D.R.E é obrigatória para as companhias. Obviamente, tal qual o balanço patrimonial, a D.R.E possui uma estrutura padronizada, que deve ser seguida à risca, para que a finalidade da demonstração, marcada pela produção de informações úteis e compreensíveis para os usuários, não fique prejudicada. A Lei nº 6.404/76 apresenta, em seu artigo 187, uma estrutura básica para a apresentação das informações contábeis na D.R.E, transcrito a seguir: Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. Rapaziada! Cumpre evidenciar que as alíneas “a” e “b”, do § 1º, fazem alusão expressa ao princípio da competência, exaustivamente estudado Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 3 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra ao longo do nosso curso e sob o qual se pauta a apuração do lucro econômico do período. Ou seja, na D.R.E. só são lançadas as receitas e despesas do exercício em questão. Receitas ou Despesas eventualmente não apuradas em exercícios anteriores, devem ser lançadas na Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados, como veremos em tópico específico desta aula. Vejam a estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício, segundo a Lei das S.A., no quadro abaixo: Faturamento Bruto (-) IPI faturado (=) Receita bruta de vendas e serviços (-) devoluções e vendas canceladas (-) abatimentos concedidos e descontos incondicionais (-) impostos e contribuições sobre as vendas e serviços − ICMS, ISS, Cofins, PIS/Pasep (=) Receita líquida de vendas e serviços (-) Custo das mercadorias vendidas e dos serviços prestados (=) Resultado operacional bruto (Lucro bruto - LB, quando positivo) (-) Despesas operacionais - Despesas comerciais - Despesas gerais e administrativas - Despesas financeiras - Resultado negativo de equivalência patrimonial - Variações monetárias passivas (+) Receitas operacionais + Receitas financeiras + Resultado positivo de equivalência patrimonial + Variações monetárias ativas + Receitas de aluguel + Dividendos recebidos (investimentos avaliados pelo custo) (=) Resultado operacional líquido (lucro operacional líquido, se positivo) (-) Outras despesas (antigamente, despesas não operacionais) (+) Outra Receitas (antigamente, receitas não operacionais) (=) Resultado antes do imposto de renda e contribuição social (LAIR) (-) Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) (-) Provisão para imposto de renda (IR) (=) Lucro líquido antes das participações (-) Participações: − debenturistas − empregados − administradores − titulares de partes beneficiárias − contribuição para fundos de assistência e previdência social dos empregados (=) Lucro líquido do exercício (÷) número de ações do capital social (=) Lucro líquido por ação Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br4 1.1 Estrutura da D.R.E segundo a Lei das S.A. Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Beleza, galera! Agora que temos a estrutura da D.R.E, vamos compreender o que significa cada um daqueles itens presentes na demonstração. Vamos nessa! Faturamento e Receita Bruta de Vendas e Serviços se referem, basicamente, à mesma coisa: totalizam as receitas auferidas pela entidade, em razão de sua atividade, decorrentes das vendas e serviços prestados no período, de acordo com o regime de competência. Vejam que eu pintei de uma cor diferente os campos do Faturamento Bruto e do IPI faturado. Isto se deu no sentido de evidenciar que eles não foram previstos pela Lei das S.A., porém, segundo o Manual de Contabilidade Societária – FIPECAFI/USP –, esta adaptação da D.R.E. é a melhor opção, para demonstrar as diferenças existentes entre o faturamento bruto e a receita bruta de vendas. A única diferença existente se dá em razão de que, no faturamento bruto, além da receita bruta de vendas está incluído, também, o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI - incidente na operação de venda, o qual deverá ser repassado ao governo pela entidade vendedora. Vamos relembrar a parte inicial da D.R.E.: Faturamento Bruto (-) IPI faturado (=) Receita bruta de vendas e serviços (...) Vejam que, para a contabilidade, o “IPI faturado” não é considerado uma receita propriamente dita, mas, sim, um valor cuja alíquota incide sobre a receita de vendas e que deverá ser recolhido aos cofres públicos (ou compensado com créditos decorrentes da aquisição de insumos em que, também, haja incidência de IPI). Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 5 1.1.1 Faturamento e Receita Bruta de Vendas e Serviços Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Esta diferenciação se faz necessária em razão da característica de “imposto por fora” do IPI. Diz-se “por fora”, pois o IPI tem por base de cálculo o preço de venda (o valor da nota fiscal) e, após sua apuração, o valor apurado deverá ser somado ao valor da venda (cobrado “por fora”) para que seja encontrado o valor total a ser pago pelo cliente na aquisição do bem (o faturamento bruto) Por outro lado, o ICMS, apesar de possuir a mesma base de cálculo do IPI (a receita bruta), já está incluído no preço de venda (no valor da nota fiscal) e, por esta razão, não se faz necessário qualquer tipo de “adição”. Por isso, o ICMS é conhecido como um imposto “por dentro” (que já está “dentro” do preço de venda constante da nota fiscal). Vamos esclarecer: digamos que a Zé Louis S.A, em sua fábrica de sapatos, realize a venda de 1000 pares de calçados ao preço de R$ 100.000,00, à vista. Vamos assumir, ainda, que esta venda está sujeita a incidência de ICMS (17%) e IPI (10%) sobre o valor da nota e o custo das mercadorias vendidas seja de R$ 60.000,00. Até aqui, tranquilo. Como o ICMS integra o preço de venda, o imposto, calculado pela aplicação da alíquota de 17% sobre a venda, já está incluído no valor da operação, de R$ 100.000,00. O IPI, ao contrário, por não integrar a receita bruta, é calculado por meio da aplicação da alíquota de 10% sobre o valor de venda, e cobrado adicionalmente do cliente. Vejamos a memória de cálculo dos impostos incidentes sobre a venda de calçados da empresa do Zé: Valor da nota fiscal de venda dos sapatos = R$ 100.000,00 ICMS de 17% sobre as vendas (incluído no preço) = R$ 17.000,00 IPI de 10% sobre as vendas (adicional) = R$ 10.000,00 Faturamento bruto (Receita de vendas + IPI) = R$ 110.000,00 Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 6 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra O lançamento pelo reconhecimento desta operação ficaria, assim: Portanto, após esta contabilização, a primeira parte da D.R.E da Zé Louis S.A. (considerando, unicamente, a venda do exemplo anterior), ficaria assim: Faturamento Bruto 110.000 (-) IPI faturado 10.000 (=) Receita bruta de vendas e serviços 100.000 (...) Agora que temos a receita bruta de vendas, vamos partir para as deduções. São consideradas “deduções” da receita bruta de vendas todos aqueles valores que “reduzem” a receita auferida pela entidade, e que estão vinculados ao momento da venda. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 7 Lançamento a – Reconhecimento do faturamento bruto D Caixa 110.000 C a Faturamento Bruto (conta de resultado) 110.000 Lançamento b – ICMS sobre vendas D ICMS sobre vendas (conta de resultado) 17.000 C a ICMS a recolher 17.000 Lançamento c – IPI sobre vendas D IPI sobre vendas (conta de resultado) 10.000 C a IPI a recolher 10.000 Lançamento d – Custo das Mercadorias Vendidas D C.M.V – Custo das mercadorias vendidas (resultado) 60.000 C a Estoques (ativo circ) 60.000 1.1.2 Deduções da Receita Bruta de Vendas Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Na estrutura da D.R.E. apresentada como modelo, as deduções de vendas são todos aqueles valores deduzidos da Receita Bruta de Vendas e que resultarão na Receita Líquida de Vendas, como abaixo: Receita bruta de vendas e serviços Deduções da Receita Bruta (-) devoluções e vendas canceladas (-) abatimentos concedidos e descontos incondicionais (-) impostos e contribuições sobre as vendas e serviços − ICMS, ISS, Cofins, PIS/Pasep (=) Receita líquida de vendas e serviços (...) Resta-nos, então, descobrir o que cada um destes itens, separadamente, significam. Apesar de estarem sob a mesma rubrica, devoluções e vendas canceladas diferem entre si. Devolução é o ato de devolver um produto, após a sua aquisição, por diversos motivos: defeito de fabricação, insatisfação com o bem, arrependimento na compra, entre outros. Na devolução, portanto, a venda é concretizada, a nota fiscal é emitida e o bem é retirado pelo cliente, porém, em momento posterior (horas ou dias depois) o cliente retorna com a intenção de devolver a mercadoria. Já nas vendas canceladas, a venda chega a ser concretizada e a nota fiscal emitida para o cliente, contudo, o bem não é retirado do estabelecimento. Ou seja, enquanto ainda dentro da “loja”, o cliente desiste da compra, e a nota fiscal é cancelada. O lançamento para reconhecimento das devoluções ou vendas canceladas deverá ser a débito do resultado (como despesa) e a crédito de disponibilidades (pela devolução dos recursos ao cliente) ou de contas a Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 8 1.1.2.1 Devoluções e vendas canceladas Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra receber (pela extinção do direito a receber decorrente da venda cancelada). Assim: No caso específico das devoluções de vendas, a entidade também precisará reverter o Custo da Mercadoria Vendida, bem como lançar, novamente, os itens recebidos em devolução no estoque. O lançamento, portanto, ficaria: Lançamento – devolução de vendas - mercadorias D Estoques C a C.M.V – Custo das mercadorias vendidas (estorno de resultado) (valor) Abatimentos são reduções no preço de venda de um bem a fim de evitar a devolução pelos clientes! Assim, o abatimento é um fato que ocorre em momento posterior à venda e, em geral, decorre de problemas constatados com a mercadoria. Com isso, para evitar a perda integral da venda, a companhia abate (reduz) um valor determinado do preço de venda original, devolvendo-o (ou deixando de exigi-lo) ao cliente.Importa ressaltar que, como o abatimento ocorre em momento posterior à venda, o valor de emissão da nota fiscal não se altera e, como resultado, todos os tributos incidentes sobre a venda, cuja base de cálculo foi o valor da nota fiscal ou a receita bruta, serão mantidos, ainda que, posteriormente, a entidade conceda o abatimento. O lançamento é o seguinte: Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 9 Lançamento – devolução ou vendas canceladas D Devolução (vendas canceladas) C a Disponibilidades (ou contas a receber) (valor) 1.1.2.2 Abatimentos concedidos e descontos incondicionais Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Descontos incondicionais (também chamados de Comerciais), por outro lado, são descontos concedidos aos clientes no momento da venda, e que não estão sujeitos a qualquer condição futura. Em outras palavras, o desconto é concedido ao cliente em de se tratar de uma data promocional, em que as mercadorias sejam vendidas a um preço menor, ou por outro motivo que importe em desconto “na hora da venda”. Nestes casos, a nota fiscal sai com o preço de venda normal, porém, em seu corpo é aposta a informação do desconto incondicional oferecido ao contribuinte e, por fim, deverá constar o valor com desconto que deverá ser pago pelo cliente. Vejam que, nos descontos incondicionais, a receita é reconhecida com base no preço de venda original mas, posteriormente, ajustada ao desconto conferido ao cliente, donde se depreende a receita líquida. Por exemplo: se o Zé Luis vai numa loja de departamentos e descobre que, se levar 3 peças de camisas de uma mesma marca, receberá descontos de 30% sobre o valor total, a nota fiscal emitida pela empresa, na concretização da compra, seria assim: Valor da nota fiscal de venda das camisas = R$ 300,00 Desconto de 30% sobre 3 peças adquirias = R$ 90,00 Valor líquido a ser pago pelo Zé Luis = R$ 210,00 Na contabilidade da loja de departamentos o lançamento realizado deverá reconhecer a receita bruta (no preço de venda original das 3 peças do Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 10 Lançamento – abatimentos concedidos D Abatimentos (resultado) C a Disponibilidades (ou contas a receber) (valor) Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra item), os descontos incondicionais concedidos e os recursos obtidos pela venda. Percebam abaixo: Como os descontos incondicionais são informados em nota fiscal, os tributos a serem recolhidos terão por base de cálculo os valores líquidos recebidos pela entidade. Em outras palavras, os descontos comerciais reduzem a base de cálculo dos tributos incidentes sobre a operação de venda. Pessoal, preciso evidenciar que, além dos descontos incondicionais (que não se sujeitam a qualquer condição futura) existem os descontos condicionais (ou financeiros) estes, sim, dependentes do implemento de uma condição futura. Os melhores exemplos de descontos condicionais são aqueles concedidos aos clientes quando do pagamento de duplicatas. Por exemplo, se e o cliente pagar uma duplicata, com pontualidade, ele faz jus ao desconto de 10% sobre o valor do título. Vejam que este desconto depende da condição futura de pagar com pontualidade . Além disso, estes descontos se dão em momento posterior ao da venda, e, como bem vimos ao longo das aulas, devem ser reconhecidos como despesas a título de descontos passivos pela entidade. Na DRE, estão inseridos dentre as “despesas financeiras”. Os tributos incidentes sobre a venda não são afetados pelos descontos financeiros! Os tributos incidentes sobre a venda são aqueles cuja base de cálculo é o valor de venda da mercadoria ou serviço, constante da nota fiscal, sendo Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 11 Lançamento – Receita de vendas para o Zé Luis D Caixa 210 D Descontos incondicionais 90 C a Receita de vendas 300 1.1.2.3 Tributos sobre a venda Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra este o caso do ISS e do ICMS. As contribuições para o PIS/PASEP e a Cofins, por outro lado, têm como base de cálculo o faturamento bruto da entidade. Regra geral, a estrutura de lançamento, para reconhecimento dos tributos incidentes sobre a venda, é a débito da conta “Tributo (nome) sobre a venda” - de resultado - e a crédito de “Tributo (nome) a recolher” - de passivo. Veremos, então, rápidas explicações sobre os tributos incidentes sobre a venda (bem como demonstração de seus lançamentos) a fim de procedermos à devida fixação e explanação do conteúdo. • ICMS O Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciam no exterior – ICMS – é um imposto de competência Estadual, cujo fato gerador é a venda de mercadorias ou a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. O ICMS é um imposto “por dentro”, ou seja, ele está inserido no preço constante da nota fiscal, e, por esta razão, integra a sua própria base de cálculo. Vale ressaltar, ainda, que a base de cálculo do ICMS é o preço da nota fiscal deduzidos de eventuais descontos incondicionais concedidos no momento da venda, bem como de devoluções e cancelamentos de vendas promovidas pelos clientes. Por exemplo: digamos que a Zé Louis S.A. efetue a venda de 30 pares de sapatos ao preço total de R$ 3.000,00. concedendo descontos incondicionais de R$ 200,00. Por se tratar de uma venda de “mercadorias”, Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 12 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra esta operação está sujeita à incidência de ICMS, à alíquota de 17% (alíquota padrão) sobre a nota fiscal. O custo das mercadorias vendidas – CMV – é de R$ 2.000,00. Com isso, a nota fiscal seria emitida da seguinte maneira: Preço de venda “cheio” de 30 pares de sapatos = R$ 3.000,00 Descontos incondicionais concedidos = R$ 200,00 Preço líquido a ser recebido pela Zé Louis S.A. = R$ 2.800,00 ICMS de 17% sobre as vendas = R$ 476,00 E o lançamento pelo reconhecimento da operação, seria: • PIS/PASEP e Cofins As contribuições para o PIS/PASEP e para o financiamento da seguridade social – Cofins -, são tributos incidentes sobre o “faturamento” da entidade (nos termos das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, respectivamente), qual seja, sobre a receita auferida com a venda de mercadorias e serviços. Por esta razão, eventuais descontos incondicionais concedidos, bem como devoluções e cancelamentos de vendas, deverão ser reduzidas Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 13 Lançamento a – Reconhecimento da receita D Caixa 2.800 D Descontos incondicionais 200 C a Receita de Vendas 3.000 Lançamento b – ICMS sobre vendas D ICMS sobre vendas (conta de resultado) 476 C a ICMS a recolher 476 Lançamento c – Custo das Mercadorias Vendidas D C.M.V – Custo das mercadorias vendidas (resultado) 2.000 C a Estoques (ativo circ) 2.000 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra da base de cálculo destas contribuições. Outros impostos incidentes sobre a operação de venda (ICMS e ISS, principalmente), não reduzem a base de cálculo das contribuições,nem as contribuições reduzem a base de cálculo de outros impostos. As alíquotas de PIS/PASEP e Cofins incidentes sobre o faturamento dependem de a entidade estar sujeita aos regimes cumulativo ou não- cumulativo de tais contribuições. No regime cumulativo, as alíquotas são de 0,65% e 3,00%, respectivamente, para o PIS/PASEP e Cofins. Neste caso, a entidade não poderá “recuperar” o PIS/PASEP ou o Cofins incidentes sobre suas compras! No regime não-cumulativo, as alíquotas são de 1,65% (PIS) e 7,6% (Cofins). Pelo regime não-cumulativo, as empresas podem escriturar a “Recuperação” do PIS/Cofins incidentes sobre suas compras, tal como ocorre com o ICMS e com o IPI, permitindo sua compensação com o “PIS/Cofins a Recolher”, decorrentes das vendas. Nós veremos na aula 09 – operações com mercadorias, que a sistemática não-cumulativa é importante para as empresas optantes pelo regime de tributação pelo Lucro Real, pois, elas podem aproveitar as contribuições pagas na aquisição de insumos, compensando-as com tributos a serem pagos decorrentes da operação de venda. É importante utilizarmos a nomenclatura constante da Lei da instituição das referidas contribuições, por isso, deve-se considerar que o PIS/PASEP e a Cofins incidem sobre o faturamento da entidade. Contudo, ao mesmo tempo, o aluno deve estar ciente de que, por faturamento, deve-se considerar a receita bruta de vendas. Para o lançamento, é necessário que seja apurado o faturamento da empresa, geralmente, ao final de cada mês, para que possam ser calculadas as contribuições devidas. Por exemplo: seja uma empresa que Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 14 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra vendeu mercadorias no valor de R$ 1.000,00, num mês qualquer e, destas vendas, R$ 200,00 foram devolvidas e R$ 100,00 foram concedidos como descontos incondicionais. Neste caso, a memória de cálculo das contribuições seriam as seguintes: Faturamento (receita bruta de vendas) = R$ 1.000 Devoluções = (R$ 200) Descontos incondicionais = (R$ 100) Base de cálculo para o PIS/PASEP e Cofins = R$ 700 Cofins a recolher (7,6% - regime não cumulativo) = R$ 53,20 PIS/PASEP a recolher (1,65% - regime não cumulativo) = R$ 11,65 Legal! O lançamento para reconhecimento destas contribuições, incidentes sobre o faturamento, seria assim: • ISS Povo! O Imposto sobre Serviços de qualquer natureza – ISS – é um imposto de competência privativa dos municípios, e incide sobre a prestação dos serviços relacionados em rol taxativo, constante da Lei Complementar nº 116/2003. O ISS é um tributo incidente sobre a venda e, como tal, deve vir destacado em nota fiscal (como o ICMS). Assim, a cada prestação de serviços realizada, a entidade fica obrigada a repassar aos cofres municipais o montante referente ao ISS, cujo limite máximo da alíquota é de 5% do valor do serviço, constantes da nota fiscal. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 15 Lançamento a – PIS/PASEP sobre faturamento D PIS/PASEP sobre faturamento (despesa) C a PIS/PASEP a recolher R$ 11,65 Lançamento b – Cofins sobre faturamento D Cofins sobre faturamento (despesa) C a Cofins a recolher R$ 53,20 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Notem que, como o ISS é um imposto sobre serviços, é pouco provável que a vendas sejam “devolvidas” pelos clientes. Contudo, é bem possível que sejam concedidos descontos incondicionais, que deverão ser deduzidos da base de cálculo do imposto. O lançamento é realizado nos moldes do ICMS, porém, a nomenclatura das contas, por óbvio, é diferente. Vejam: Muito bem, pessoal! Após todas as deduções sobre a Receita Bruta de Vendas nós chegamos à Receita Líquida de Vendas. Para melhor ilustrar este ponto, vamos imaginar uma situação hipotética ocorrida com a Zé Louis S.A. Digamos que, no exercício de 20X1, a entidade do Zé tenha realizado vendas de mercadorias no valor de R$ 100.000,00, sujeitas aos seguintes tributos: IPI – 10%; ICMS – 17%; PIS/PASEP – 1,65%; Cofins – 7,6%. Além disso, foram realizadas devoluções pelos clientes, no valor de R$ 10.000,00, e concedidos descontos incondicionais de R$ 5.000,00 sobre as vendas. A Demonstração do Resultado do Exercício, até a R.L.V da Zé Louis S.A., seria assim: Faturamento Bruto R$ 110.000,00 (-) IPI faturado (R$ 10.000,00) (=) Receita bruta de vendas e serviços R$ 100.000,00 (-) devoluções e vendas canceladas (-) abatimentos concedidos e descontos incondicionais (-) ICMS sobre vendas (-) PIS/PASEP sobre vendas (-) Cofins sobre vendas (R$ 10.000,00) (R$ 5.000,00) (R$ 14.450.00) (R$ 1.402,50) (R$ 6.460,00) Base de Cálculo R$ 85.000 (=) Receita líquida de vendas e serviços 62.687,50 (...) Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 16 Lançamento – ISS sobre vendas D ISS sobre vendas (conta de resultado) C a ISS a recolher (valor) 1.1.3 Receita Líquida de Vendas – R.L.V Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Após a Receita Líquida de Vendas, o próximo passo a ser seguido na D.R.E é o que diz respeito à dedução, da R.L.V., dos valores referentes ao custo das mercadorias vendidas – CMV, custo dos produtos vendidos – CPV, e custo do serviços prestado – CSP. Pra não permitir que esta “sopa de letrinhas” embaralhe a cabeça de vocês, vou explicá-las a seguir: Custo das Mercadorias Vendidas – CMV: representa, justamente, o custo das mercadorias vendidas pela entidade, registrados nos estoques da companhia. Existe uma fórmula, bastante simples, para apurarmos custo das mercadorias vendidas: CMV = Ei + Compras – Ef Onde, Ei = estoque inicial do exercício social; Compras = compras de mercadorias no período; Ef = estoque final do exercício social (todos os valores em R$). Na aula 09 traçaremos algumas considerações bem mais apuradas em relação ao custo da mercadorias vendidas. Por hora, a memorização desta fórmula é suficiente (poderemos utilizá-la em alguns exercícios). Custo dos Produtos Vendidos – CPV: O custo dos produtos vendidos é apurado apenas em entidades industriais, que, através dos processos de industrialização, transformam matérias primas em produtos finais. O controle apurado deste custo é objeto da contabilidade de custos e, portanto, não será abordado em nosso curso. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 17 1.1.4 Custo das mercadorias/produtos/serviços Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Custo dos Serviços Prestados – CSP: Os principais custos existentes na prestação de serviços decorrem da mão de obra utilizada pela entidade, para o fornecimento dos serviços, e dos custos indiretos, associados à prestação. Na aula 09 também traçaremos algumas linhas gerais sobre estes custos. O resultado operacional bruto, denominado de lucro bruto, caso positivo, é dado pela receita líquida de vendas – RLV – deduzida dos custos das mercadorias vendidas (e/ou serviços prestados, produtos vendidos). Para ilustrar este ponto da matéria, vamos dar continuidade ao exemplo da Zé Louis S.A. Imaginemos, então, ao final do exercício, a Zé Louis S.A. apresente os seguintes dados: Estoque inicial de sapatos do período : 40.000 Compras do Período : 50.000 Estoque final de sapatos do período : 60.000 CMV = Ei + Compras – Ef : 30.000 A continuaçãoda D.R.E. ficaria assim: Faturamento Bruto R$ 110.000,00 (-) IPI faturado (R$ 10.000,00) Receita bruta de vendas e serviços R$ 100.000,00 (-) devoluções e vendas canceladas (-) abatimentos concedidos e descontos incondicionais (-) ICMS sobre vendas (-) PIS/PASEP sobre vendas (-) Cofins sobre vendas (R$ 10.000,00) (R$ 5.000,00) (R$ 14.450.00) (R$ 1.402,50) (R$ 6.460,00) (=) Receita líquida de vendas e serviços 62.687,50 (-) CMV – Custo das mercadorias vendidas (R$ 30.000,00) (=) Resultado operacional bruto (lucro bruto) R$ 32.687,50 (...) Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 18 1.1.5 Resultado operacional bruto (lucro bruto, se positivo) Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra A próxima etapa necessária à correta apuração do lucro líquido, com base na Demonstração do Resultado do Exercício, é a redução, do resultado operacional bruto, das despesas operacionais, e a adição das receitas operacionais para que, enfim, encontremos o Lucro Operacional Líquido. Na D.R.E., estas despesas e receitas se apresentam da seguinte maneira: (...) (=) Resultado operacional bruto (Lucro bruto - LB, quando positivo) (-) Despesas operacionais - Despesas comerciais - Despesas gerais e administrativas - Despesas financeiras - Resultado negativo de equivalência patrimonial - Variações monetárias passivas (+) Receitas operacionais + Receitas financeiras + Resultado positivo de equivalência patrimonial + Variações monetárias ativas + Receitas de aluguel + Dividendos recebidos (investimentos avaliados pelo custo) (=) Resultado operacional líquido (lucro operacional líquido, se positivo) (...) Despesas e Receitas operacionais são aquelas que decorrem das atividades normais da empresa e que possuem como características a habitualidade e permanência. Estas características são bastante importantes e, regra geral, são suficientes para a classificação das despesas e receitas em operacionais ou não. Despesas e Receitas eventuais, que não acontecem rotineiramente no curso de operação das empresas, são consideradas outras despesas (antigamente, despesas não-operacionais) ou outras receitas (antigamente, receitas não-operacionais), a serem estudadas em ponto específico da aula, mais adiante. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 19 1.1.6 Despesas e receitas operacionais Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Despesas comerciais estão relacionadas aos setores comerciais das companhias. Em regra, sob estas despesas são lançados: � Os salários e encargos (suportados pelo empregador) do pessoal de marketing e vendas (área comercial); � As comissões pagas aos vendedores; � As ações de publicidades para a divulgação do negócio; � As despesas com veículos, depreciação e aluguéis em relação aos veículos e imóveis utilizados na área comercial, etc. As despesas gerais e administrativas são aquelas originadas nas despesas da chamada “área meio” da empresa, quais sejam, as atividades de apoio: limpeza, segurança, finanças, sistemas informatizados, a própria contabilidade, entre outros. Alguns exemplos são: � Os salários e encargos (suportados pelo empregador) do pessoal da área meio; � As despesas com veículos, depreciação e aluguéis em relação aos veículos e imóveis utilizados pela área meio; � Salários dos administradores da companhia; entre outros. Despesas financeiras estão relacionadas, principalmente, ao pagamento de juros (decorrentes de empréstimos, financiamentos, atraso no pagamento de duplicatas, entre outros) e descontos condicionais concedidos (aqueles relativos ao desconto no recebimento Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 20 1.1.6.1 Despesas comerciais 1.1.6.2 Despesas gerais e administrativas 1.1.6.3 Despesas e Receitas financeiras Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra de duplicatas a receber, por exemplo, em razão da pontualidade do cliente). As receitas financeiras, em situação inversa, se referem ao recebimento de juros de seus clientes, bem como aos descontos condicionais recebidos pela entidade, quando do pagamento de duplicatas de seus fornecedores. Nesta rubrica da D.R.E. se inserem os resultados negativos (despesa operacional) ou positivos (receita operacional) da aplicação do método da equivalência patrimonial, obtidos na avaliação dos investimentos em controladas, coligadas e sociedades do mesmo grupo econômico. Abordamos o M.E.P na Aula 04 do nosso curso e, em caso de dúvidas, sugiro que retornem e revejam este ponto da matéria. Variações monetárias passivas (despesa operacional) decorrem das diminuições dos direitos de crédito e/ou aumento das obrigações da entidade, em razão das oscilações ocorridas com a taxa de câmbio ou índices econômicos, quando estes direitos e obrigações estiverem a eles indexados, nos termos dos contratos que lhes deram origem. As variações monetárias ativas (receita operacional), por sua vez, decorrem dos aumentos dos direitos de crédito e/ou diminuição das obrigações da entidade, também, devido às oscilações da taxa de câmbio ou índices econômicos, nos termos dos contratos. Como veem, receitas de aluguel se inserem como receitas operacionais, pois são habituais (ocorrem todo mês) e permanentes Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 21 1.1.6.4 Resultado negativo/positivo de equivalência patrimonial 1.1.6.5 Variações monetárias passivas/ativas 1.1.6.6 Receitas de Aluguel Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra (enquanto durar o contrato de aluguel), ainda que o bem alugado esteja classificado no subgrupo ativo investimentos (que, por definição, se referem a bens não utilizados na operação da entidade). Os dividendos recebidos pela entidade são classificados como receita operacional. Contudo, é sempre bom lembrar, que se reconhece a receita de dividendos apenas nas distribuições de lucros recebidos de entidades avaliadas pelo método do custo! Nos investimentos avaliados pelo método de equivalência patrimonial, não há reconhecimento de receita quando do recebimento dos dividendos. Ocorre, tão somente, uma permutação entre o saldo do investimento e a conta caixa, pelo recebimento dos recursos. O resultado operacional líquido, como visto, corresponde ao resultado operacional bruto (lucro bruto), deduzido das despesas operacionais e acrescido das receitas operacionais. Dando sequência à demonstração do resultado do exercício da Zé Louis S.A., vamos considerar que a companhia tenha apurado os seguintes resultados: Despesas financeiras R$ 3.000,00 Despesa de aluguel (área administrativa) R$ 5.000,00 Receita de aluguel R$ 1.500,00 Dividendos recebidos (método do custo) R$ 800,00 Resultado positivo de equivalência patr. R$ 1.200,00 No D.R.E. as receitas e despesas operacionais, e o resultado operacional líquido (lucro operacional líquido) ficariam impactadas da seguinte forma: Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 22 1.1.6.7 Dividendos 1.1.7 Resultado operacional líquido Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Faturamento Bruto R$ 110.000,00 (-) IPI faturado (R$ 10.000,00) Receita bruta de vendas e serviços R$ 100.000,00 (-) devoluções e vendas canceladas (R$ 10.000,00) (-) abatimentos concedidos e descontos incondicionais (R$ 5.000,00) (-)ICMS sobre vendas (R$ 14.450.00) (-) PIS/PASEP sobre vendas (R$ 1.402,50) (-) Cofins sobre vendas (R$ 6.460,00) (=) Receita líquida de vendas e serviços 62.687,50 (-) CMV – Custo das mercadorias vendidas (R$ 30.000,00) (=) Resultado operacional bruto (lucro bruto) R$ 32.687,50 (-) Despesas operacionais - Despesas comerciais - - Despesas gerais e administrativas (R$ 5.000,00) - Despesas financeiras (R$ 3.000,00) - Resultado negativo de equivalência patrimonial - - Variações monetárias passivas - (+) Receitas operacionais + Receitas financeiras - + Resultado positivo de equivalência patrimonial R$ 1.200,00 + Variações monetárias ativas - + Receitas de aluguel R$ 1.500,00 + Dividendos recebidos (investimentos avaliados pelo custo) R$ 800,00 (=) Resultado operacional líquido (lucro oper. líquido, se positivo) R$ 28.187,50 (...) Beleza! Próximo ponto. Classificam-se em outras despesas e outras receitas aquelas cujos eventos que dão ensejo ao seu reconhecimento sejam não habituais, eventuais e aleatórios. A redação do inciso IV do Art. 187 da Lei nº 6.404/76, regia que, até 2008, após o resultado operacional líquido seriam lançadas as despesas e receitas não operacionais. Vejam: Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: (...) IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais; (Redação dada pela Lei nº 9.249, de 1995) Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 23 1.1.8 Outras despesas e receitas (antigamente, não-operacionais) Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Contudo, com a edição da Medida Provisória nº 449/2008 (convertida na Lei nº 11.941/2008), a redação do inciso IV da Lei das S.A. foi alterada, momento em que as receitas e despesas não-operacionais suprimidas e renomeadas para outras despesas e outras receitas: Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: (...) IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Portanto, gente, atualmente, nos termos da Lei das S.A., não existem mais receitas e despesas não operacionais, mas, apenas, outras receitas e outras despesas! Como vimos, são consideradas como outras despesas e outras receitas as decorrentes de fatos contábeis não habituais, eventuais e aleatórios. Em geral, este reconhecimento se deve às receitas e despesas em relação à alienação de bens do ativo não circulante, já que, o normal seria que estes bens permanecessem vinculados ao ativo da entidade. Após deduzidas as outras despesas, e adicionadas as outras receitas ao lucro operacional líquido, chegamos ao resultado antes do Imposto de Renda – IR - e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL - que, se positivo, é chamado por Lucro antes do IR e CSLL, ou, apenas, LAIR. (...) (=) Resultado operacional líquido (lucro operacional líquido, se positivo) (-) Outras despesas (antigamente, despesas não operacionais) (+) Outra Receitas (antigamente, receitas não operacionais) (=) Resultado antes do imposto de renda e contribuição social (LAIR) (...) Beleza. Vamos, então, continuar com a D.R.E. da Zé Louis S.A.? Admitamos que, no curso da operação do exercício de 20X1, a Cia. do Zé tenha alienado, por R$ 15.000,00, um imóvel classificado no imobilizado, Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 24 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra cujo valor contábil na data da venda era de R$ 12.000,00. O lançamento desta operação, como já estudamos em aulas anteriores, seria assim: Notem que, nesta operação, a Zé Louis S.A. apurou ganho de capital no valor de R$ 3.000,00, que irá impactar o LAIR na D.R.E. quando lançarmos as outras despesas e outras receitas da operação. Vejamos, então, como ficaria a D.R.E.: Faturamento Bruto R$ 110.000,00 (-) IPI faturado (R$ 10.000,00) Receita bruta de vendas e serviços R$ 100.000,00 (-) devoluções e vendas canceladas (R$ 10.000,00) (-) abatimentos concedidos e descontos incondicionais (R$ 5.000,00) (-) ICMS sobre vendas (R$ 14.450.00) (-) PIS/PASEP sobre vendas (R$ 1.402,50) (-) Cofins sobre vendas (R$ 6.460,00) (=) Receita líquida de vendas e serviços 62.687,50 (-) CMV – Custo das mercadorias vendidas (R$ 30.000,00) (=) Resultado operacional bruto (lucro bruto) R$ 32.687,50 (-) Despesas operacionais - Despesas comerciais - - Despesas gerais e administrativas (R$ 5.000,00) - Despesas financeiras (R$ 3.000,00) - Resultado negativo de equivalência patrimonial - - Variações monetárias passivas - (+) Receitas operacionais + Receitas financeiras - + Resultado positivo de equivalência patrimonial R$ 1.200,00 + Variações monetárias ativas - + Receitas de aluguel R$ 1.500,00 + Dividendos recebidos (investimentos avaliados pelo custo) R$ 800,00 (=) Resultado operacional líquido (lucro oper. líquido, se positivo) R$ 28.187,50 (-) Outras despesas (antigamente, despesas não operacionais) (+) Outra Receitas (antigamente, receitas não operacionais) (R$ 12.000,00) R$ 15.000,00 (=) Resultado antes do IR e CSLL (LAIR) R$ 31.187,50 (...) Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 25 Lançamento a – Receita pela alienação do imóvel D Caixa C a Outras receitas (alienação de bem do imobilizado) R$ 15.000 Lançamento b – Despesa pela alienação do imóvel D Outras despesas (alienação de bem do imobilizado) C a Imóveis (conta do imobilizado) R$ 12.000 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Tá tomando forma a nossa demonstração do resultado. Next! Este ponto é importante, pois, é depois do LAIR - Lucro Antes do IR e da CSLL que se calculam o Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer natureza – IR - e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, tributos de competência privativa da União. Vamos supor que, a partir do LAIR, a Zé Louis S.A. tenha encontrado IR e CSLL devidos no valor de R$ 10.000,00 e R$ 6.000,00, respectivamente. A D.R.E. tomaria a seguinte forma: (...) (=) Resultado antes do IR e CSLL (LAIR) R$ 31.187,50 (-) Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) (-) Provisão para imposto de renda (IR) (R$ 6.000,00) (R$ 10.000,00) (=) Lucro líquido antes das participações R$ 15.187,50 (...) Pessoal, preciso fazer algumas considerações sobre este ponto da matéria. Em primeiro lugar, a apuração do imposto de renda a pagar depende da sistemática de tributação adotada pela entidade, qual seja: regime de Lucro Real, Lucro Presumido ou Lucro Arbitrado. Entendo que o estudo detalhado destes três regimes é âmbito da contabilidade avançada, abarcando vorazmente a legislação tributária, não sendo escopo do nosso curso. Contudo, a fim de traçar um panorama geral acerca do assunto, vou apresentar algumas linhas gerais sobre o tema, para que vocês não fiquem “a ver navios”... heheh. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 26 1.1.9 Resultado antes do IR e CSLL (LAIR) Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra O regime de tributação pelo Lucro Real é o regime que considera a realidade das receitas e despesas incorridas pela empresa. Por isso, está pesadamente alicerçado nos registros contábeis da companhia, nas despesas por ela incorridas e receitas auferidas. É o regime mais complexo de tributação, e que exige o maior controle contábil por parte das entidades.O Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/99) obriga que os contribuintes que possuam receita bruta anual superior a R$ 48.000.000,00 (no ano anterior), que desenvolvam algumas atividades específicas (por exemplo, instituições financeiras) ou que tenham auferido lucros no exterior, apurem o IR e a CSLL pelo regime do Lucro Real. Importante observar que o LAIR apurado por meio da D.R.E não é a base de cálculo do IR nem da CSLL a pagar pelo regime do lucro real. Segundo manda a legislação tributária, o LAIR deverá sofrer ajustes (adições e deduções) para que seja apurado o lucro fiscal, ou seja, a base de cálculo do imposto de renda e da CSLL pela sistemática do Lucro Real. O regime de tributação pelo Lucro Presumido é um regime mais simples, e menos exigente em relação à contabilidade da entidade. Isto porque, nele se presume o lucro auferido, trimestralmente. Com isso, quando da apuração do IR e CSLL a pagar, com base no Lucro Presumido, dispensa-se o controle das despesas incorridas. Só podem optar por este regime as empresas não obrigadas ao Lucro Real. A presunção do lucro auferido se dá por meio da aplicação de alíquotas (percentuais) sobre a receita bruta (esta, sim, deve estar devidamente documentada e registrada) excluídas as vendas canceladas, as devoluções de vendas e os descontos incondicionais concedidos. Os percentuais variam Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 27 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra de acordo a atividade desenvolvida pela empresa, e com o tributo (IR e CSLL). Por exemplo, para a apuração da base de cálculo do imposto de renda, a legislação presume um lucro de 32% da receita bruta para as empresas prestadoras de serviço. Já para as empresas comerciais, revendedoras de mercadorias, o lucro presumido é de 8% da receita bruta. A base de cálculo da CSLL, por outro lado, é obtida por meio de percentuais um pouco diferentes: para as prestadores de serviços, a presunção do lucro, também, é de 32% da receita bruta ajustada, mas de 12% para as pessoas jurídicas em geral. Portanto, as empresas optantes pelo regime do lucro presumido têm como base de cálculo do IR e da CSLL (equivalente ao LAIR), o produto da aplicação da alíquota de lucro presumido sobre a receita bruta ajustada da entidade. Por exemplo, uma agência de viagens (prestadora de serviço) que tenha auferido receita de R$ 100.000,00 (vamos desconsiderar devoluções, cancelamentos e descontos incondicionais) no 1º trimestre de 20X1, fica sujeita ao pagamento do imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido, sobre a base de cálculo de R$ 32.000,00 (32% de R$ 100.000), seu lucro presumido. Sobre esta base de cálculo são lançadas as alíquotas específicas do Imposto de Renda (15% + adicional de 10% sobre a parcela do lucro que superar R$ 60.000 no trimestre), e da CSLL (9%). A memória de cálculo dos tributos ficaria assim: Receita bruta 1º trim 20X1 (prestação de serviços) R$ 100.000 Lucro presumido (32% x receita bruta) R$ 32.000 IRPJ – 15% (15% x lucro presumido) R$ 4.800 IRPJ – adicional 10% (lucro trimestral não excedeu 60.000) - CSLL – 9% (9% x lucro presumido) R$ 2.880 Por último, o Lucro Arbitrado é a modalidade de apuração da base de cálculo dos tributos a pagar menos complexa. Nele também se dispensa a escrituração de todas as despesas do contribuinte. Além disso, pode ser Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 28 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra adotado pelo próprio contribuinte quando este conhecer a sua receita bruta. Contudo, a característica principal do Lucro Arbitrado é a sua utilização por parte da autoridade tributária, em processo de fiscalização, e sua utilização decorre da inobservância de algumas obrigações acessórias por parte do sujeito passivo, como, por exemplo, a evidência de fraude na escrituração de livros comerciais e fiscais, ou, quando o contribuinte deixa de apresentar estes livros à fiscalização, entre outros. Com isso, o auditor fiscal poderá desconsiderar qualquer outro regime de tributação ao qual o contribuinte se sujeita (seja Lucro Real ou Presumido) e aplicar as regras atinentes ao Lucro Arbitrado a afim de arbitrar os tributos devidos. Para a apuração do Lucro Arbitrado são utilizadas as mesmas alíquotas de apuração da base de cálculo no regime do Lucro Presumido, porém, acrescidas de 20%. O imposto de renda apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no Lucro Real deverá ser reconhecido, no encerramento do exercício, por meio da constituição de uma Provisão para Imposto de Renda. Esta, inclusive, é a determinação da Receita Federal. Contudo, a constituição de uma provisão, ao término do exercício, calculada sobre base “sólida”, qual seja, o lucro fiscal efetivo do período, contraria a natureza de incerteza inerente às provisões. O que acontece é que, a boa prática contábil, recomenda que as pessoas jurídicas contabilizem a provisão do IRPJ mensalmente, por meio de estimativas ou pelo levantamento de balanços intermediários. É Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 29 1.1.9.1 Provisão para Imposto de Renda Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra destas estimativas de imposto de renda que se conceitua a constituição da provisão. O imposto de renda devido pelo regime de apuração do Lucro Real deve ser calculado com base no período de apuração, seja ele trimestral ou anual (conforme preconiza o Regulamento do Imposto de Renda). Quando a entidade provisiona o imposto de renda mensalmente, este imposto provisionado é uma mera estimativa, pois a companhia só terá certeza de quanto deverá pagar, efetivamente, no momento em que apurar os resultados do período de apuração ao qual se sujeita legalmente. Vamos visualizar: digamos que a Zé Louis S.A tenha auferido, no mês de janeiro de 20X1, lucro líquido estimado no valor de R$ 100.000,00 (obedecendo aos ditames da legislação tributária). Deste lucro estimado, a companhia apura imposto a pagar no valor de R$ 23.000,00. Assim, constitui provisão para imposto de renda, no mesmo valor. O lançamento ficaria assim: Esta provisão é uma estimativa! O Zé apenas “acredita” que está obrigado a pagar R$ 23.000,00 de IR, mas não tem certeza. A base de cálculo do IR definitiva (trimestral ou anual) é o lucro líquido antes do imposto de renda (com adições e deduções exigidas pela legislação tributária) apurado por meio da Demonstração do Resultado do Exercício - D.R.E., no final do trimestre ou do ano! Ou seja, pode ser que, ao final do período, em razão de diversas oscilações no mercado, a entidade apure imposto a pagar menor que R$ 23.000,00 ou, até mesmo, prejuízo, ficando desobrigada de recolher qualquer valor a título de IR. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 30 Lançamento – Provisão para IR – Jan/20x1 D Encargos com provisão para imposto de renda (resultado) C a Provisão para imposto de renda (passivo circ) R$ 23.000 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Neste caso, a provisão constituída deverá ser revertida pelo seguinte lançamento: De todo modo, para provas, considerem a Provisão para o Imposto de Renda como um valor definitivo mesmo, pois esse é o costume das bancas. Então, pessoal, uma vez extraídos do LAIR os valores referentesao IR e à CSLL, chegamos ao Lucro Líquido antes das Participações - LLAP. LLAP é a base de cálculo das participações sobre o lucro líquido destinado a terceiros, nos termos do estatuto social. Porém, este ainda não é o momento de distribuição de dividendos nem de constituição das reservas de lucros, que estudaremos no final da aula. A Lei das S.A. define a maneira pela qual as participações deverão ser distribuídas da seguinte forma: Art. 190. As participações estatutárias de empregados, administradores e partes beneficiárias serão determinadas, sucessivamente e nessa ordem, com base nos lucros que remanescerem depois de deduzida a participação anteriormente calculada. Notem que há uma incongruência na Lei, pois, o Art. 187, VI, afirma como primeira participação a dos debenturistas. Vejam: Art. 187 (...) Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 31 Lançamento – Reversão da Provisão para IR D Provisão para imposto de renda (passivo circ) C a Reversão de Provisão para imposto de renda (resultado) R$ 23.000 1.1.10 Participações no resultado Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Assim, apesar de o Art. 190 omitir os debenturistas do seu texto, prevalece entre os contabilistas (e, principalmente, entre as bancas examinadoras!!) que a participação dos debenturistas é a primeira a ser debitada da base de cálculo das demais participações. Ademais, o Art. 190 estabelece a seguinte regra: do lucro líquido antes das participações, apurado por meio da D.R.E., deverão ser calculadas as participações, sucessivamente e na mesma ordem em que são citadas no texto da lei. A cada participação, a base de cálculo deverá ser o lucro deduzido pelas participações calculadas anteriormente. Lembrem-se que as participações de empregados e de debenturistas podem ser deduzidas da base de cálculo do IR, conforme autoriza a legislação do imposto de renda. Este conhecimento pode ser necessário para a resolução de provas de ESAF, como veremos nas questões comentadas. Neste contexto, o caput do Art. 189 da Lei das S.A. exara o mandamento: antes de qualquer participação, deverão ser deduzidos os prejuízos acumulados e a provisão para o imposto de renda. A determinação presente no Art. 189 tem por finalidade estabelecer que os prejuízos acumulados, registrados no patrimônio líquido da entidade, deverão ser deduzidos do lucro líquido apurado no exercício, juntamente com a provisão para o imposto de renda, a fim de que seja encontrada a base de cálculo das participações. Os ensinamentos da doutrina contábil, contudo, orientam que também deve Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 32 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra ser deduzida da base de cálculo a contribuição social para o lucro liquido – CSLL. Vimos, até agora, que a companhia do nosso amigo Zé Luis auferiu Lucro Líquido antes das Participações – LLPA - no valor de R$ 15.187,50 (a demonstração está nas páginas anteriores). Agora, chegou a hora de destinarmos parte deste lucros às participações. Contudo, a fim de apimentar um pouco o exemplo, vamos admitir que a empresa tenha saldo em prejuízos acumulados no valor de R$ 5.000,00. Além disso, vamos assumir que cada uma das pessoas elencadas na lei receberá participações da Zé Louis S.A, pois assim estava previsto no estatuto da companhia. As participações obedecem aos seguintes percentuais (ilustrativos!): Debenturistas 20% Empregados 10% Administradores 10% Titulares de partes beneficiárias 5% Fundo de assistência dos empregados 5% Beleza! A base de cálculo das participações é o LLAP, no valor de R$ 15.187,50. Porém, há prejuízos acumulados no valor de R$ 5.000,00, que devem ser reduzidos da base de cálculo das participações. A primeira participação a ser calculada será a dos debenturistas. Vamos lá: Lucro Líquido antes das Participações - LLAP R$ 15.187,50 Prejuízos Acumulados (R$ 5.000,00) Base de Cálculo das Participações R$ 10.187,50 % de Participação dos debenturistas 20% Participação dos debenturistas (LLAP x 20%) R$ 2.037,50 Já temos o valor da participação dos debenturistas. Agora, vejam qual é a grande sacada das participações: para calcularmos as participações dos empregados (próximos da fila) nós deveremos considerar como base de cálculo o lucro líquido antes das participações diminuído das participações dos debenturistas! Assim: Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 33 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Lucro Líquido antes das Participações - LLAP R$ 15.187,50 Prejuízos Acumulados (R$ 5.000,00) Base de Cálculo das Participações R$ 10.187,50 Participação dos debenturistas (R$ 2.037,50) Base de cálculo para participação dos empregados R$ 8.150,00 % de participação dos empregados 10% Participação dos empregados R$ 815,00 Show! Para a participação dos administradores, deveremos, além de deduzir, do lucro líquido, as participações dos debenturistas, deduzir, também, a dos empregados (sucessivamente e nessa ordem, lembrem da Lei!). Com isso: Lucro Líquido antes das Participações - LLAP R$ 15.187,50 Prejuízos Acumulados (R$ 5.000,00) Base de Cálculo das Participações R$ 10.187,50 Participação dos debenturistas (R$ 2.037,50) Participação dos empregados (R$ 815,00) Base de cálculo para participação dos administradores R$ 7.335,00 % de participação dos administradores 10% Participação dos administradores R$ 733,50 Agora, a participação das partes beneficiárias, da mesma forma: Lucro Líquido antes das Participações - LLAP R$ 15.187,50 Prejuízos Acumulados (R$ 5.000,00) Base de Cálculo das Participações R$ 10.187,50 Participação dos debenturistas (R$ 2.037,50) Participação dos empregados (R$ 815,00) Participação dos administradores (R$ 733,50) Base de cálculo para participação das partes benefic. R$ 6.601,50 % de participação das partes beneficiárias 5% Participação das partes beneficiárias R$ 330,07 Por último, a participação do fundo de assistência dos empregados. Neste ponto, cabe uma consideração. O Art. 187, VI, da Lei nº 6.404/76 é terminado da seguinte forma: “...fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa”. Esta conclusão do artigo transparece que, para a Lei, só se considera participação nos resultados as destinadas a fundos de assistência ou previdência de empregados, que tiverem por base de cálculo o lucro líquido antes das participações. Com isso, qualquer outra Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 34 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra destinação de recursos a fundos de assistência ou previdência de empregados que não tenham como base de cálculo o lucro líquido, deverá ser considerada como despesas operacionais. Vejamos o cálculo: Lucro Líquido antes das Participações - LLAP R$ 15.187,50 Prejuízos Acumulados (R$ 5.000,00) Base de Cálculo das Participações R$ 10.187,50 Participação dos debenturistas (R$ 2.037,50) Participação dos empregados (R$ 815,00) Participação dos administradores (R$ 733,50) Participaçãodas partes beneficiárias (R$ 330,07) Base de cálculo para participação do fundo de assist. R$ 6.271,43 % de participação do fundo de assistência dos empregados 5% Participação do fundo de assistência dos empregados R$ 313,57 Legal! Agora, antes de pularmos para o próximo ponto, vamos ver como estas participações ficariam na D.R.E: (...) (=) Lucro líquido antes das participações R$ 15.187,50 Participação dos debenturistas Participação dos empregados Participação dos administradores Participação das partes beneficiárias (R$ 2.037,50) (R$ 815,00) (R$ 733,50) (R$ 330,07) Participação do fundo de assistência dos empregados (R$ 313,57) (=) Lucro líquido do exercício (base para dividendos) R$ 10.957,86 (...) Percebam, amigos, que, em momento algum, os prejuízos acumulados aparecem na D.R.E. Eles são utilizados, apenas, para reduzir a base de cálculo das participações! O lançamento a ser realizado para registro contábil das participações é a débito da conta de participação (de resultado) e a crédito da conta de passivo circulante Participações de “X” a pagar. Assim: Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 35 Lançamento – registro das participações D Participações de “X” (resultado) C a Participações de “X” a pagar (passivo circ) (valor) Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Por “X”, devemos entender os beneficiários das participações, a depender do estatuto da empresa. Podem ser os debenturistas, empregados, administradores, as partes beneficiárias ou os fundos de assistência ou previdência dos empregados. 1.1.11 Lucro Líquido por Ação Galera! O lucro líquido após as participações é o lucro base do período de apuração, e é o que será considerado para fins de cálculo do dividendo mínimo obrigatório e destinação das reservas de lucros! O Lucro Líquido por Ação é calculado pela divisão do lucro líquido após as participações pelo número total de ações emitidas pela entidade. Vamos ver o D.R.E. completo da Zé Louis S.A. e, pra finalizar, vamos simular o lucro por ação, imaginando que a Zé Louis tenha emitido 100.000 ações. Faturamento Bruto R$ 110.000,00 (-) IPI faturado (R$ 10.000,00) Receita bruta de vendas e serviços R$ 100.000,00 (-) devoluções e vendas canceladas (R$ 10.000,00) (-) abatimentos concedidos e descontos incondicionais (R$ 5.000,00) (-) ICMS sobre vendas (R$ 14.450.00) (-) PIS/PASEP sobre vendas (R$ 1.402,50) (-) Cofins sobre vendas (R$ 6.460,00) (=) Receita líquida de vendas e serviços 62.687,50 (-) CMV – Custo das mercadorias vendidas (R$ 30.000,00) (=) Resultado operacional bruto (lucro bruto) R$ 32.687,50 (-) Despesas operacionais - Despesas comerciais - - Despesas gerais e administrativas (R$ 5.000,00) - Despesas financeiras (R$ 3.000,00) - Resultado negativo de equivalência patrimonial - - Variações monetárias passivas - (+) Receitas operacionais + Receitas financeiras - + Resultado positivo de equivalência patrimonial R$ 1.200,00 + Variações monetárias ativas - + Receitas de aluguel R$ 1.500,00 + Dividendos recebidos (investimentos avaliados pelo custo) R$ 800,00 (=) Resultado operacional líquido (lucro oper. líquido, se positivo) R$ 28.187,50 Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 36 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra (-) Outras despesas (antigamente, despesas não operacionais) (+) Outra Receitas (antigamente, receitas não operacionais) (R$ 12.000,00) R$ 15.000,00 (=) Resultado antes do IR e CSLL (LAIR) R$ 31.187,50 (-) Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) (R$ 6.000,00) (-) Provisão para imposto de renda (IR) (R$ 10.000,00) (=) Lucro líquido antes das participações R$ 15.187,50 Participação dos debenturistas Participação dos empregados Participação dos administradores Participação das partes beneficiárias (R$ 2.037,50) (R$ 815,00) (R$ 733,50) (R$ 330,07) Participação do fundo de assistência dos empregados (R$ 313,57) (=) Lucro líquido do exercício R$ 10.957,86 (÷÷÷÷) número de ações do capital social 100.000 (=) Lucro líquido por ação R$ 0,11 Encerramos por aqui nossos estudos sobre a D.R.E.! Adiante, vamos aprender como calcular o dividendo mínimo obrigatório mas, para isso, precisamos conhecer a Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados. Vamos lá! 01 - (CESPE – TRE/BA – 2009) Com relação ao conceito, ao objetivo e à composição da demonstração do resultado do exercício (DRE) das companhias, julgue os itens subsequentes. a) Nas companhias, a DRE deve ser apresentada na forma dedutiva, com os detalhes necessários de receitas, despesas, ganhos/perdas, e de forma a definir claramente o lucro ou prejuízo do exercício. b) Na elaboração da DRE, as receitas e as despesas devem ser apropriadas ao resultado do período em função de sua incorrência e da vinculação da despesa à receita, independentemente de seus reflexos nas disponibilidades. c) O valor da receita líquida das vendas e serviços é apurado antes do valor do lucro bruto. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 37 1ª série de exercícios! Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra d) Os valores das vendas canceladas e dos impostos incidentes sobre vendas e serviços devem ser evidenciados juntamente com o valor das despesas operacionais, isto é, após a apuração do lucro bruto. e) Deduzindo-se o valor do custo das mercadorias vendidas sobre o valor do lucro bruto, é possível apurar o valor da receita bruta. Comentários: Afirmativa A – Correta! A DRE é apresentada na forma dedutiva vertical, pois as despesas são deduzidas (subtraídas) das receitas para que seja apurado o resultado. Afirmativa B – Correta! A afirmativa faz referência ao princípio da competência. Independentemente dos reflexos nas disponibilidades (da entrada do numerário), as despesas e receitas devem ser reconhecidas quando incorridas. Afirmativa C – Certa também! Na estrutura da DRE, pela lei das S.A., a receita líquida de vendas é apresentada antes do lucro bruto do custo das mercadorias vendidas. Afirmativa D – Errada! Como vimos, as vendas canceladas e os impostos incidentes sobre as vendas se enquadram no segmento de “deduções da receita bruta de vendas”, bem acima, na DRE, que o campo das despesas operacionais. Afirmativa E – Eita, errada! Fizeram uma lambança rsrsrs. O lucro bruto é apurado pela dedução do valor do CMV sobre a Receita Líquida de Vendas. Gabarito: C, C, C, E , E 02 - (CESPE – ANA. JUD. CONTABILIDADE CARGO 30 – TJ/ES) A demonstração do resultado de exercício evidencia que, para a apuração do lucro bruto, deve-se fazer a subtração das despesas gerais e administrativas. Comentários: Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 38 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Incorreta! Para a apuração do lucro bruto, deve-se fazer a subtração do custo das mercadorias vendidas em relação à receita líquida de vendas. Gabarito: ERRADA. 03 - (CESPE – SEC/PE - AUDITOR – 2010) A demonstração do resultado do exercício informa os ajustes finais da receita bruta para o cálculo do resultado operacional da entidade. Acerca desse assunto, julgue os itens abaixo a) - Os descontos concedidos a clientes em função do pagamento antecipado devem constituir dedução direta da receita bruta. b) - O conceito de lucro bruto exclui algumas receitas da entidade a que se referem as demonstraçõesfinanceiras. c) - As receitas derivadas de operações com títulos vencíveis após o encerramento do exercício devem ser integralmente diferidas para o exercício posterior. d) - A perda de capital com investimento avaliado pela equivalência patrimonial deve integrar o conjunto das despesas operacionais. Comentários: Afirmativa A – Incorreta! Descontos concedidos a clientes em função do pagamento antecipado enquadram-se no conceito de descontos condicionais e, portanto, devem ser lançados no campo das “despesas financeiras” da DRE. Afirmativa B – Correta! Vejam que, no lucro bruto, estão incluídas apenas as receitas derivadas da venda de mercadorias e serviços. Apenas em momento posterior que outras receitas (financeiras, de dividendos, ou de equivalência patrimonial) serão adicionadas ao resultado. Afirmativa C – Errada. Receitas derivadas de operações com títulos vencíveis após o encerramento do exercício são as decorrentes de vendas a prazo. Assim, como o regime de competência é preponderante na Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 39 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra contabilidade, as receitas deverão ser reconhecidas no próprio exercício, ainda que o direito a receber pela venda fique para exercício posterior, não havendo que se falar em diferimento do reconhecimento das receitas. Afirmativa D – Errada! Tem pegadinha nessa aí! A perda de capital é “outras despesas” e decorre da alienação do bem (avaliado pelo MEP), por um valor inferior ao contábil. Portanto, nada tem a ver com o “resultado negativo de equivalência patrimonial”, este, sim, considerado uma despesa operacional. Gabarito: E, C, E, E 04 - (CESPE – TRE/ES – ANALISTA JUD. CONTABILIDADE – 2010) Em relação ao encerramento do exercício social e às normas legais aplicáveis à contabilidade, julgue os próximos itens. a) A demonstração do resultado do exercício não abrange a forma como o lucro eventualmente apurado será distribuído, mas inclui as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias. b) Se determinada empresa apresentou lucro no final do exercício, a provisão para o imposto de renda somente deverá ser constituída após o pagamento das participações estatutárias. c) A estrutura do balanço patrimonial obedece a regras rígidas, segundo as quais o grupo de realizável a longo prazo não pode ser demonstrado depois do ativo imobilizado. Comentários: Afirmativa A – Certa. A DRE informa o lucro líquido eventualmente apurado, deduzidos das participações, mas não abrange a forma como o lucro será distribuído. Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 40 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Afirmativa B – Errada. O imposto de renda a pagar deverá ser constituído antes das participações, reduzindo as suas bases de cálculo. Afirmativa C – Certa! Esta regra rígida é a que diz respeito à classificação dos itens, no ativo, em ordem decrescente do grau de liquidez. Os direitos realizáveis a longo prazo devem ser apresentados antes no balanço patrimonial pois possuem mais liquidez que os bens do ativo imobilizado. Gabarito: C, E, C 05 - (CESPE – TRE/ES – ANALISTA JUD. CONTABILIDADE – 2010) No final do período contábil, após os lançamentos de ajustes, uma entidade obteve os seguintes saldos contábeis. R$ abatimentos sobre vendas 1.200 custo da mercadoria vendida 63.000 devolução de vendas 4.000 fretes de vendas 5.000 ICMS sobre vendas 7.000 seguro transporte compra 1.000 vendas 100.000 Nessa situação, as vendas líquidas do período somaram R$ 25.000,00. Comentários: Vamos organizar os dados: Receita bruta de Vendas R$ 100.000,00 (-) devoluções e vendas canceladas (R$ 4.000,00) (-) abatimentos concedidos e descontos incondicionais (R$ 1.200,00) (-) ICMS sobre vendas (R$ 7.000.00) (=) Receita líquida de vendas (vendas líquidas) R$ 87.800,00 Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 41 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Pessoal! Por vendas líquidas devemos entender receita líquida de vendas, por isso, paramos por aí mesmo e encontramos o resultado de R$ 87.800,00. Fretes de vendas, às expensas pelo vendedor, são incluídos como despesas operacionais (despesas comerciais). O seguro transporte na compra integra o custo da mercadoria adquirida, indo compor o custo dos estoques. Gabarito: ERRADA 06 – (ESAF – AUDITOR – ISS NATAL/RN – 2008) A empresa Comercial de Frutas S/A, em março de 2008, realizou compras de mercadorias pelo preço de R$ 10.000,00 e, no mesmo mês, vendeu metade dessa mercadoria comprada pelo preço de R$ 8.000,00. Sobre essas operações houve a incidência de IPI de 6% e de ICMS de 10%. Não houve incidência de PIS nem de COFINS. Considerando, exclusivamente, essas informações, podemos dizer que a empresa auferiu lucro de a) R$ 2.160,00. b) R$ 2.200,00. c) R$ 2.400,00. d) R$ 2.640,00. e) R$ 3.000,00. Comentários: Vamos lá, pessoal! Nos exercícios envolvendo a apuração do Lucro Líquido, com base na estrutura da DRE, o primeiro passo a ser tomado é a identificação do Custo da Mercadoria Vendida. Se ele estiver explícito, ótimo; senão, precisaremos calculá-lo. Como informado pelo enunciado, a empresa vendeu metade das mercadorias compradas por R$ 10.000,00. Contudo, precisamos levar em Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 42 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra consideração que, nestes valores, não está inserido o IPI, imposto “por fora” do preço (que não recuperável pela entidade comercial), mas está inserido o ICMS, imposto “por dentro” do preço (que é recuperável pela entidade comercial). Portanto, o custo efetivo das compras será: Mercadorias compradas R$ 10.000 IPI sobre compras (não recuperável) 6% x 10.000 = R$ 600 ICMS sobre compras (recuperável) 10% x 10.000 = R$ 1.000 Custo do estoque 10.000 – ICMS + IPI 10.000 – 1.000 + 600 = R$ 9.600 Se o custo efetivo do estoque foi de R$ 9.600 e a empresa vendeu metade dos produtos adquiridos, temos que o CMV é R$ 9.600 / 2 = R$ 4.800,00. Por fim, só precisamos ter em mente que o ICMS incide, também, sobre a operação de venda (mas o IPI não, já que a entidade é comercial). Com estas informações já podemos apurar o lucro bruto da empresa. Vou deixar pra vocês uma Tabela Bizurada, que será revista na próxima aula: Aquisição de: Entidade comercial Entidade industrial Mercadoria para Industrialização - Recupera ICMS e IPI Mercadoria para Revenda Recupera apenas ICMS IPI não recuperável - Mercadorias para Uso/Consumo IPI e ICMS não recuperáveis IPI e ICMS não recuperáveis Frete pago sobre compras Não recuperável Não recuperável Vendas realizadas = R$ 8.000,00 CMV -> 50% de R$ 9.600,00 = R$ 4.800,00 ICMS sobre vendas -> 10% de R$ 8.000,00 = R$ 800,00 Receita bruta de vendas e serviços R$ 8.000,00 (-) ICMS sobre vendas (R$ 800,00) (=) Receita líquida de vendas e serviços R$ 7.200,00 (-) CMV – Custo das mercadorias vendidas (R$ 4.800,00) (=) Resultado operacional bruto (lucro bruto) R$ 2.400,00 Prof. Thiago Ultra www.estrategiaconcursos.com.br 43 Contabilidade para Iniciantes – 2013 Teoria e Questões Comentadas Professor Thiago Ultra Com base unicamente nos dados do enunciado, chegamos ao lucro de R$ 2.400,00. Gabarito: Letra C 07 – (ESAF – Analista
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