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ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA_ CONTRIBUIÇÕES E PERCALÇOS DO COMPONENTE CURRICULAR

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ISSN 2176-1396 
 
ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA: 
CONTRIBUIÇÕES E PERCALÇOS DO COMPONENTE CURRICULAR 
 
Everton de Souza1 - FAG 
Fernando Boaroli2 - FAG 
Marcelo José Taques3 - FAG/UEPG 
 
Eixo – Formação de Professores 
Agência Financiadora: não contou com financiamento 
 
Resumo 
 
Esta pesquisa teve como temática o estágio supervisionado e a formação de professores em 
Educação Física. Tivemos como objetivo discutir as contribuições do estágio supervisionado 
para a formação docente e debater sobre os entraves encontrados no decorrer da realização do 
componente curricular. A metodologia utilizada foi precedida de uma abordagem qualitativa 
com o delineamento caracterizado como uma pesquisa de campo, os dados foram coletados por 
meio de um questionário aberto. Os sujeitos pesquisados foram vinte e sete acadêmicos, 
licenciandos em Educação Física, de uma faculdade particular do município de Guarapuava – 
PR. Na análise de dados foram estabelecidas duas categorias: contribuições do estágio 
supervisionado para a formação docente, nesta categoria desvelamos que as contribuições do 
estágio supervisionado são atribuídas, pelos acadêmicos, a diferentes fatores, como aquisição 
de experiência, conhecimento do cotidiano da profissão e conhecimento da realidade das 
escolas, entretanto alguns licenciandos destacaram que mesmo o estágio contribuindo para suas 
formações, ainda assim, não é suficiente para qualificá-los para exercer a profissão de professor. 
Os percalços da prática curricular foi a segunda categoria estabelecida, nesta elucidamos as 
inúmeras dificuldades que os acadêmicos deparam-se no decorrer da realização do estágio 
supervisionado, desde a falta de materiais e equipamentos pedagógicos para a prática até a falta 
de respeito dos alunos, da escola, aos estagiários. Concluímos que o estágio supervisionado é 
imprescindível para a formação dos professores quando é realizado de maneira organizada, 
planejada e o licenciando é comprometido com a prática de ensino, caso contrário torna-se uma 
atividade esvaziada, abrindo brechas para diferentes ponderações. 
Palavras-chave: Estágio Supervisionado. Formação Docente. Educação Física. 
 
1Especialista em Psicomotricidade e Psicopedagogia Institucional pela Faculdade de Educação São Luís – FESL. 
Graduado em Educação Física pela Faculdade Guairacá – FAG. Professor de Educação Física no Município de 
Abelardo Luz –SC. E-mail: everton-sou@hotmail.com. 
2 Graduado em Educação Física pela Faculdade Guairacá - FAG. E-mail: fernando_boaroli@hotmail.com. 
3 Doutorando em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Professor do colegiado de 
Educação Física da Faculdade Guairacá – FAG. E-mail: marcelo_taques@hotmail.com. 
mailto:everton-sou@hotmail.com
mailto:fernando_boaroli@hotmail.com
mailto:marcelo_taques@hotmail.com
9513 
 
 
Introdução 
A formação de professores tem sido um assunto muito discutido no meio acadêmico e 
científico brasileiro, são inúmeras às produções especificas a esta temática. Segundo Libâneo 
(2015) as crescentes discussões referentes a formação docente estão ganhando maior destaque 
no país devido tendências existentes em todo o planeta, provindas, principalmente, de órgãos 
internacionais, como por exemplo a UNESCO. Rosa e Ramos (2008, p.565) salientam que no 
Brasil, tradicionalmente, as produções a respeito do processo formativo de professores são 
centradas nos “saberes docentes, saberes da prática, processos reflexivos, formação do 
professor pesquisador, pesquisa-ação”. 
Um assunto que, também, é muito discutido é o estágio supervisionado, sobre este tema 
Pelozo (2007) afirma que o estágio possibilita, aos indivíduos que não exercem a profissão, um 
ambiente privilegiado para que o mesmo possa vivenciar às práticas pedagógicas de maneira 
que consiga melhor compreender a profissão docente. Rosa e Ramos (2008) elucidam que às 
experiências tidas em estágios, nas escolas de educação básica, são de grande relevância no 
processo de formação inicial do professor. Fazenda (1991 apud BARROS, SILVA, VASQUEZ, 
2011) salienta que o estágio supervisionado é um momento primordial na formação do 
acadêmico, pois promove um “elo entre à teoria e a prática”, situando o estagiário em relação 
a realidade escolar e promovendo o desenvolvimento profissional do mesmo por meio de 
práticas educativas que favorecem reflexões críticas relacionadas à prática docente. 
Contudo, alguns obstáculos surgem no decorrer da realização do estágio supervisionado, 
em alguns casos, os estagiários apenas fazem observação das aulas, não realizam todas as fases 
do estágio conforme exigem as universidades, entre outras tantas situações que impossibilitam 
uma inserção satisfatória dos estagiários no contexto escolar (BRASIL, 2013). 
Frente ao exposto, esta pesquisa teve como objetivo discutir as contribuições do estágio 
supervisionado para a formação docente e debater sobre os entraves encontrados no decorrer 
da realização do componente curricular. Os sujeitos foram 27 acadêmicos, do 6º período, de 
licenciatura em Educação Física de uma faculdade particular do município de Guarapuava-PR. 
Se faz necessário discutir este tema, pois de acordo com Baccon e Arruda (2010), 
durante as diversas fases que o estagiário vivencia em contato com a realidade escolar ele realiza 
uma reflexão em relação as expectativas do magistério e ser professor. Desta forma, pesquisas 
que aprofundem esta temática são relevantes para a área educacional, além do mais, é de 
9514 
 
 
interesse comum desvelar meios que contribuam, significativamente, para o processo de 
formação docente inicial. 
Estágio Supervisionado 
Ao longo da história da educação brasileira foram muitas as mudanças e transformações 
que aconteceram em relação ao estágio supervisionado. O estágio é de grande importância na 
formação dos acadêmicos, pois, por meio deste, os acadêmicos passam a ter maior contato com 
a realidade da profissão. 
O estágio supervisionado é um componente curricular obrigatório em que o acadêmico 
é supervisionado por profissionais habilitados, sendo o estágio uma etapa da formação 
profissional e não uma atividade qualquer. O estágio tem como objetivo oferecer, ao 
licenciando, conhecimentos das reais situações de trabalho que acontecem nas escolas, o 
estagiário deve assumir o papel de professor, trocando experiências com os supervisores e 
desenvolvendo competências essenciais da profissão (RODRIGUES, 2013). 
A resolução do CNE/CP n.28/2001, estabeleceu que a carga horaria mínima para o 
estágio curricular dos cursos de licenciatura plena é de 400 horas, devendo ser realizado a partir 
do início da segunda metade do curso (BRASIL, 2002). No entanto, Barros, Silva e Vasquez 
(2011) afirmam que muitos pesquisadores defendem que a inserção dos acadêmicos no estágio 
curricular apenas nos semestres finais do curso é visto como um problema e tem sido 
insuficiente para a formação dos professores. 
A inserção do acadêmico na escola desde o início da graduação é interessante, pois 
assim o licenciando anteciparia seu contato com a realidade escolar, conhecendo mais a fundo 
as dificuldades que virá a encontrar na profissão. A inserção do acadêmico, na escola, assim 
que ingressa no curso, poderia ser pensada para acontecer por meio de projetos de iniciação à 
docência, inserindo-o de forma contínua. Contudo, Agostini e Terrazam (2010) defendem que 
no estágio supervisionado a preocupação deve estar centrada em meios que proporcionem 
qualidade, independentemente da quantidade de horas. 
Compreendemos que o mais importante no estágio supervisionado é como o mesmo é 
realizado pelo acadêmico e não o tempo que este permanece na escola, pois é necessário que a 
inserção do acadêmico no contexto escolar forneça elementos que contribuam para a sua 
formação acadêmica e docente e não apenasque o estagiário permaneça por longos períodos na 
escola. Contudo, se esta inserção é de qualidade, quanto maior o tempo que o acadêmico 
permanecer na escola, maiores serão as contribuições para sua formação. 
9515 
 
 
De acordo com Barros, Silva e Vasquez (2011) o estágio supervisionado deve promover 
a integração entre a teoria e a prática. Estes autores ainda salientam que o conhecimento da 
realidade escolar, adquirido por meio do estágio, possibilita inúmeras reflexões em relação a 
prática da profissão. Com estas reflexões existe a possibilidade do desenvolvimento de uma 
prática criativa e transformadora que sustentam a ação docente. 
Desta forma, evidencia-se a necessidade de uma estreita ligação entre a teoria e a prática, 
tanto na formação quanto na ação docente. A teoria e a prática devem caminhar juntas, pois 
sem a fundamentação teórica a prática torna-se esvaziada e sem a prática a teoria torna-se 
dispensável. Tratando-se da Educação Física, a teoria e a prática são ainda mais indissociáveis, 
pois a Educação Física é uma disciplina essencialmente prática, entretanto, a sua prática deve 
ser fundamentada pela teoria, frente a isso, os professores devem buscar, continuamente, unir a 
sua ação pedagógica com os conhecimentos científicos específicos da sua área de atuação. 
Existe a possibilidade dos acadêmicos começarem a pensar nesta unidade, entre teoria e prática, 
a partir das vivências e experiências proporcionadas pelo estágio. 
De acordo com Felício e Oliveira (2008) o estágio curricular quando realizado de 
maneira planejada e bem orientado, torna-se um momento primordial no processo de formação 
dos futuros docentes. Para Barros, Silva e Vasquez (2011) o estágio é um momento importante, 
pois introduz o acadêmico no contexto escolar com a orientação de professores experientes que 
o auxiliam na solução de eventuais problemas ocorridos no decorrer do estágio. 
Contudo, o estágio vem encontrando muitos problemas para sua íntegra realização. Ao 
comentar sobre as escolas, ressalta-se que “em muitas delas, os estagiários ainda são vistos 
como um incômodo, no sentido de quebrarem a rotina da sala de aula ou, quando muito, como 
substitutos provisórios para cobrir a ausência de algum professor” (BACCON; ARRUDA, 
2010, p.510). 
Em relação ao contato do estagiário com a escola, Pelozo (2007) afirma que os sujeitos 
que não tem contato direto com a escola possuem apenas conhecimentos superficiais sobre a 
mesma, desta forma o estágio deve proporcionar aos futuros docentes um conhecimento mais 
claro em relação a realidade escolar. Para Felício e Oliveira (2008) a formação que o acadêmico 
tem em sala de aula, é essencial, no entanto não é suficiente para prepará-lo para o mercado de 
trabalho, então é necessário inseri-lo no cotidiano escolar por meio do estágio curricular para 
que o mesmo possa vivenciar na prática às exigências da profissão, Pelozo (2007) complementa 
que o estágio supervisionado não possibilita uma completa formação do acadêmico para o 
magistério, contudo o estagiário tem a possibilidade de conhecer a realidade dos alunos, da 
9516 
 
 
escola, além de possibilitar ao mesmo conhecimentos e noções básicas e essenciais do que é ser 
professor na atualidade. 
A experiência prática e um conhecimento aprofundado da realidade escolar na formação 
inicial dos professores é fundamental, sendo assim, o estágio supervisionado se torna primordial 
para a formação dos acadêmicos, projetos de iniciação à docência, também, se fazem relevantes 
neste processo de formação, pois inserem os acadêmicos no contexto escolar com o intuito de 
qualificá-los e prepará-los para o mercado de trabalho. 
Formação Docente 
No Brasil, a formação de professores vem sendo constantemente discutida no meio 
científico, muitos profissionais da educação estão centrando suas pesquisas nesta área, que 
ainda carece de pesquisas que aprofundem os assuntos que constantemente geram embates e 
discussões sobre a mesma, procurando contribuir com melhorias no que tange à formação destes 
profissionais. 
Segundo Penin (2001), no Brasil, as universidades públicas demoraram a assumir a 
tarefa de formar professores. Assim, as instituições privadas contribuíram com a formação de 
um grande número de licenciados. Contudo, de maneira precária, uma vez que priorizavam 
apenas o ensino de teorias e práticas sem o incentivo da pesquisa e da extensão. 
Mesmo nos dias de hoje observa-se o descuido das universidades púbicas em relação a 
formação de docentes, pois, atualmente, 70% dos professores são formados em instituições 
privadas, principalmente, devido à pouca oferta de cursos de licenciatura em instituições 
públicas (BRASIL, 2013). 
Para Gatti (2008) a precariedade dos cursos de licenciatura, visto no passado, ainda se 
encontra presente, o autor afirma que muitos dos cursos de formação continuada, na realidade 
não são de aprofundamento, mas sim uma forma de suprir uma formação acadêmica precária. 
A formação de professores é um velho assunto no país e parece faltar empenho das 
instituições públicas para criarem meios que promovam melhorias nesta área. No entanto, este 
é um problema que precisa ser superado o quanto antes, pois as escolas precisam de 
profissionais capacitados para promoverem o desenvolvimento dos escolares. 
De acordo com Sant’Anna e Marques (2015, p.726) a formação de professores é um 
desafio a ser superado com políticas educacionais que incentivem a formação inicial e 
continuada, apresentando “cenários atraentes para a inserção no mercado de trabalho com 
salários justos, com a valorização da prática docente e com escolas bem equipadas; que 
9517 
 
 
estimulem a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias de ensino” fomentando a 
implantação de projetos de formação de qualidade, comtemplando à diversidade social e 
cultural da educação brasileira. 
Ao comentar sobre os modelos tradicionais de formação de professores que são seguidos 
no Brasil, constituídos no modelo disciplinar que valorizam à racionalidade técnica, Voigt et al 
(2013, p.8035) elucidam que este modelo não atinge as exigências e os desafios da educação 
da sociedade moderna. “Nessa perspectiva, os cursos de formação de professores precisam 
preparar profissionais da educação que, além de conhecer o conteúdo da disciplina que 
lecionam, dominem também os saberes do campo da educação”. Estes conhecimentos habilitam 
o professor a desenvolver suas atividades visando o aprendizado dos escolares e não apenas a 
transmissão dos conteúdos para os alunos. 
Voigt et al (2013) ainda comenta sobre a desvalorização docente, para o autor a 
profissão, no Brasil, está cada vez menos atrativa, tanto pelas péssimas condições de exercício 
como pela remuneração que deixar a desejar. Gatti (2009) destaca alguns motivos pelos quais 
a carreira de professor é pouca procurada, entre eles está a precariedade de trabalho que os 
docentes enfrentam no cotidiano, a infraestrutura inadequada, e aponta também as perspectivas 
de crescimento profissional que não são as melhores. 
Rodrigues (2013, p.1010) ao comentar sobre a desvalorização da profissão docente, 
afirma que “são vários os fatores que fazem os cursos de licenciatura serem esvaziados”. Freitas 
(2007) afirma que existe a necessidade de políticas de formação e valorização dos professores, 
contemplando a formação inicial e continuada. O autor complementa que nos últimos trinta 
anos os educadores estão lutando por melhores condições de trabalho, entretanto, a realização 
não concretiza-se. 
As inúmeras dificuldades que a educação brasileira enfrenta é de conhecimento comum, 
essas estão desvalorizando a profissão de professor que no passado era vista com muito apreço 
e respeitada pela sociedade, que reconhecia a importância destes profissionais. Contudo, 
atualmente, os professores, comumente, são desrespeitados pelos alunos, tem uma má 
remuneração, ascondições de trabalho são precárias e outras tantas dificuldades que estes 
profissionais enfrentam diariamente fazem com que a profissão seja pouco apreciada. 
Metodologia 
Esta pesquisa foi precedida de uma abordagem qualitativa. Segundo Tomas, Nelson e 
Silverman (2007) as pesquisas qualitativas normalmente são realizadas em ambientes do 
9518 
 
 
cotidiano. Para Tomas e Nelson (2002) nesta abordagem a coleta de dados deve ser precisa e 
detalhada. O delineamento da pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa de campo, de acordo 
com Gil (2002) a pesquisa de campo caracteriza-se pela sua realização no local de pesquisa, 
quando o pesquisador vai a campo coletar as informações. 
O instrumento utilizado foi um questionário com questões abertas. De acordo com 
Parasuraman (1991 apud CHAGAS, 2000) o questionário é nada mais que um conjunto de 
questões que servem para os coletar dados que se fazem necessários para alcançar os objetivos 
de uma pesquisa. Entre as vantagens do questionário aberto Nogueira (2002) destaca a 
possibilidade de explorar mais profundamente as inúmeras possíveis respostas do indivíduo a 
respeito de uma determinada temática que se investiga. 
Participaram da pesquisa 27 acadêmicos do 6º período, do curso de licenciatura em 
Educação Física, de uma faculdade particular do município de Guarapuava-PR. A escolha 
destes sujeitos se deu devido os acadêmicos estarem cursando o último período e já terem 
cursado as disciplinas de estágio supervisionado I e II, que compõem a grade curricular e são 
realizados, respectivamente, na educação infantil e ensino fundamental, e estarem cursando o 
estágio III, sendo este realizado no ensino médio/EJA. 
 Inicialmente foi entregue uma carta de apresentação a instituição solicitando autorização 
para realizar a pesquisa no local, obtido à autorização, convidamos os acadêmicos a 
participarem da pesquisa, aceito o convite, todos receberam um Termo de Consentimento Livre 
e Esclarecido (TCLE), explicando o objetivo da pesquisa e assegurando o sigilo dos nomes, o 
TCLE foi lido e assinado pelos acadêmicos. Em seguida, foram aplicados os questionários, 
coletados os dados e, consequentemente, realizado a análise dos mesmos. 
Resultados e Discussões 
Para assegurar aos acadêmicos o sigilo dos nomes e manter todos os procedimentos 
éticos que devem ser seguidos em pesquisas, optamos por numerá-los ficando do número 1 até 
o número 27. As categorias estabelecidas foram: contribuições do estágio supervisionado para 
a formação docente e os percalços da prática curricular. 
Contribuições do Estágio Supervisionado para a Formação Docente 
As contribuições do estágio supervisionado para a formação docente foram atribuídas, 
pelos acadêmicos, a diferentes fatores. No entanto, alguns acadêmicos comentaram que apesar 
9519 
 
 
do estágio contribuir para a formação profissional, ainda assim, não é suficiente para qualificá-
los, plenamente, para exercerem a profissão de professor. 
 A maioria dos acadêmicos afirmaram que o estágio contribuiu para a formação docente, 
principalmente, no que diz respeito a aquisição de experiência, como pode ser observado nos 
comentários abaixo: 
O estágio contribuiu no que tange à experiência, pois sai da teoria e exige que o 
acadêmico realmente cumpra o papel de professor nas regências (Acadêmico 6). 
Com essa prática conseguimos adquirir experiência para a prática escolar e também 
para aprender com as dificuldades que permeiam o dia a dia da escola (Acadêmico17). 
[...] através dele nos futuros professores adquirimos experiência e moldamos o nosso 
perfil docente (Acadêmico19). 
É uma forma de adquirir experiências e estar mais preparado para o mercado de 
trabalho (Acadêmico 26). 
 Observa-se que estes acadêmicos descreveram a experiência adquirida no decorrer do 
estágio como a principal contribuição para suas formações acadêmicas. Compreendemos que 
esta experiência adquirida pelos licenciandos é fundamental para a formação dos mesmos, pois 
é a partir do estágio supervisionado que a maioria dos acadêmicos começam a ter contato com 
a escola, sendo que este período é decisivo na vida de muitos, pois na maioria da vezes a 
realidade que se vê nas escolas é assustadora e chocante, frente a isso, o estágio deve situar o 
acadêmico em relação ao cotidiano de sua futura profissão. Ao comentarem sobre a experiência 
adquirida no estágio supervisionado, Baccon e Arruda (2010, p.522) salientam: 
[...] a experiência do estágio pode ser a oportunidade de o sujeito aprender a ensinar, 
a se relacionar, a construir um saber pessoal e, acima de tudo, aprender a “ser” 
professor. [...] o estágio supervisionado é um momento marcante e decisivo na 
formação inicial, sendo um fator importante na decisão do estagiário em ser professor. 
 Portanto, o estágio supervisionado é o momento que o acadêmico deve começar a 
adquirir experiências práticas da profissão, como foi destacado por muitos acadêmicos. O 
estágio é também o momento em que o acadêmico reafirma a sua escolha profissional de ser 
professor, pois até então os conhecimentos que a maioria dos acadêmicos possuem sobre a 
profissão é apenas teórico. 
Alguns licenciandos destacaram que o estágio foi relevante para a formação por 
proporcionar aos mesmos o conhecimento de como trabalhar com as diferenças existentes entre 
9520 
 
 
os alunos e também por começarem a vivenciar na prática o cotidiano da profissão, como 
podemos observar nos comentários a seguir: 
O estágio proporcionou uma vivência prática e um grande aprendizado em como atuar 
nas diversas faixas etárias, preparando para que futuramente nos aperfeiçoemos e 
melhoremos nossa prática docente (Acadêmico 13). 
[...] deu uma melhor vivência do que se via de longe, e um aprendizado de como 
inserir novas atividades para os alunos pensando na realidade deles (Acadêmico 20). 
Contribuiu, pois pude vivenciar na prática como trabalhar com os alunos, como se 
portar e preparar um conteúdo de acordo com as particularidades dos alunos 
(Acadêmico 27). 
Compreendemos que este é um dos objetivos do estágio supervisionado, pois é a partir 
do estágio que os acadêmicos começam a colocar em prática os conhecimentos adquiridos no 
curso. Desta forma, o estágio curricular “representa um momento da formação em que o 
graduando deverá vivenciar e consolidar as competências exigidas” para exercer a profissão 
(BRASIL, 2004). 
Certos acadêmicos elucidaram que o estágio contribuiu muito para que os mesmos 
tivessem conhecimento da realidade escolar e do trabalho docente, pois até então, os 
licenciandos tinham pouco ou nenhum conhecimento das reais situações vividas nas escolas 
brasileiras. A seguir, destacamos alguns comentários dos acadêmicos no que tange as 
contribuições para a formação profissional por meio do conhecimento da realidade escolar 
proporcionada pelo estágio supervisionado: 
[...] contribuiu muito pelo fato de vivenciar a verdadeira realidade de uma sala de aula 
enquanto professor (Acadêmico 7). 
[...] me ajudou a perceber como é a realidade de uma escola [...] (Acadêmico 16). 
Na verdade o estágio nos mostra a realidade onde vamos atuar, pois o que vemos na 
faculdade é diferente da realidade escolar (Acadêmico 23). 
 Determinados acadêmicos comentaram a respeito da realidade escolar, a diferença 
existente entre o que se estuda na graduação e a realidade vista nas escolas tem sido um assunto 
comumente discutido na área educacional, Pimenta e Lima (2004) elucidam que um dos 
primeiros impactos que os acadêmicos sofrem no estágio é o susto frente as reais situações das 
escolas, em que existe um distanciamento entre o escrito e o vivido, entre os discursos e a 
realidade. 
9521 
 
 
Em relação a aproximação do estagiário com a escola, Krug (2010, p.1) salienta que é 
por meio do estágio que o acadêmico conhece a realidade escolar e começa a reconhecer-se 
como profissional da educação.Sendo neste período que o acadêmico pode ter “o choque com 
a realidade escolar”, termo este que, o autor, utiliza para se referir aos inúmeros problemas que 
os estagiários se deparam ao entrarem em contato com a escola, em que existe uma larga 
distância entre o que seria o ideal e a realidade existente. Os acadêmicos deixaram evidente que 
a realidade escolar é diferente da estudada na graduação: 
Na graduação aprendemos a teoria e como “devemos trabalhar”, mas na realidade 
escolar é diferente, tem muita coisa que aprendemos e não conseguimos trabalhar na 
escola [...] (Acadêmico 3). 
[...] a realidade escolar é completamente diferente da que vemos na faculdade [...] 
(Acadêmico 22). 
Bom a diferença é grande, pois ao chegar em uma escola a ideia de se trabalhar de 
uma certa forma as vezes se torna totalmente ao contrário. Na graduação o que 
aprendemos e estudamos parece que vai dar certo na escola, mas muitas vezes não dá 
[...] (Acadêmico 24). 
Nos comentários dos estagiários evidencia-se que existe uma grande diferença entre o 
que se estuda graduação e a realidade existente nas escolas, Gaspari et al (2006) comentam 
sobre este assunto, para os autores muitos cursos de formação de professores não estão 
preparando os acadêmicos para a realidade concreta, ou seja, para a verdadeira realidade das 
escolas brasileiras. Milanesi (2012, p.223) defende que o estágio “é o momento mais 
significativo de se conhecer a realidade escolar para aprender a profissão na prática”. Mas em 
muitas situações deixa a desejar. 
É necessário que as instituições de ensino busquem resolver este problema de 
distanciamento entre a realidade escolar e a que se estuda na graduação, pois os acadêmicos 
acabam enfrentando muitas dificuldades e problemas quando se deparam com a real situação 
das escolas. Contudo, esta não é uma tarefa fácil de se resolver, pois este não é assunto recente 
nas universidades e pouca coisa tem mudado com o passar dos anos. 
Como visto, anteriormente, o estágio supervisionado contribuiu para formação 
acadêmica dos licenciandos em Educação Física, contudo, alguns acadêmicos salientaram que 
mesmo o estágio contribuindo para a formação docente, ainda assim, não é suficiente para 
prepará-los para exercer a profissão docente: 
O estágio foi muito importante, mas acho que poderia ser diferente, acho que só o 
estágio não é suficiente para a nossa formação (Acadêmico 1). 
9522 
 
 
[...] é muito pequeno o tempo, não dá tempo de fazer muita coisa no estágio 
(Acadêmico 4). 
O estágio contribuiu muito para minha formação, mas não me sinto preparada para 
encarar uma sala de aula (Acadêmico 9). 
 Um dos pontos criticados do estágio supervisionado por alguns pesquisadores é em 
relação a carga horária, Gisi et al (2000) e Barros, Silva e Vasquez (2011) defendem que a carga 
horária dos estágios parecem ser insuficiente para que o acadêmico vivencie a fundo a realidade 
das escolas e da profissão, nem mesmo proporciona ao estagiário experiências diversificadas, 
como por exemplo acompanhar o processo completo de um determinado projeto. Milanesi 
(2012, p.224) entende “que o estágio é um período relativamente curto para a aprendizagem da 
profissão”. 
 O estágio supervisionado é imprescindível para a formação dos licenciandos, é 
necessário que todos os envolvidos neste processo busquem, juntos, subsídios que contribuam 
para a formação docente do acadêmico, ou seja, a preocupação no que tange ao estágio deve 
voltar-se a meios que proporcionem qualidade ao mesmo, pois 400 horas, que é o mínimo 
exigido, quando bem aproveitadas são suficientes para que o acadêmico conheça na prática as 
dificuldades e exigências da profissão. 
Os Percalços da Prática Curricular 
Partimos da premissa que o estágio supervisionado enfrenta muitos problemas para sua 
íntegra realização e as dificuldades que os estagiários enfrentam, na escola, são inúmeras. 
Portanto, a seguir, analisamos as dificuldades que os acadêmicos destacaram encontrar no 
decorrer do estágio. 
A maioria dos acadêmicos comentaram que a maior dificuldade enfrentada no estágio 
foi em relação a falta de materiais e espaço apropriado para a realização das atividades, a seguir, 
destacamos alguns comentários que elucidam tal acontecimento: 
Falta de espaço e materiais (Acadêmico 3). 
Na verdade foi bem tranquilo, porém a maior dificuldade foi com espaço e material, 
mas apesar disso a participação dos alunos foi bem gratificante (Acadêmico 6). 
Primeiramente, a dificuldade dos materiais, os quais muitas vezes eram poucos e 
precários (Acadêmico 8). 
9523 
 
 
A maior dificuldade foi no arranjo material, pois a escola que realizei meus estágios 
os materiais eram escassos (Acadêmico 15). 
Falta de materiais pedagógicos e estrutura (Acadêmico 26). 
Observa-se que as dificuldades destacadas pelos estagiários são as mesmas que Gaspari 
et al (2006) encontraram ao investigar quais são os principais problemas enfrentados pelos 
professores em aulas de Educação Física, os autores afirmam que muitos docentes destacam a 
falta de materiais e espaços adequados para realizarem as aulas como o maior desafio a ser 
superado. Para Betti (1999) o espaço para a realização das aulas de Educação Física é uma 
questão delicada, pois a falta de estrutura e materiais se torna um grande obstáculo devido os 
professores idealizarem aulas com quadra e materiais oficiais, mas quando não encontram isso, 
na escola, sua prática é prejudicada. O autor destaca que o professor poderia planejar aulas com 
a utilização de outros espaços e fazer uso de materiais alternativos. 
Alguns acadêmicos destacaram que encontraram dificuldades referente ao desinteresse 
dos escolares: 
[...] falta de vontade por parte dos alunos [...] (Acadêmico 12). 
Encontrei problemas com a participação dos alunos do ensino médio (Acadêmico 13). 
[...] fazer com que todos os alunos participassem das aulas [...] (Acadêmico 16). 
Alunos desinteressados (Acadêmico 19). 
A falta de interesse dos alunos pelas aulas de Educação Física é comentado por Almeida 
e Cauduro (2007, p.1) ao afirmarem que o desinteresse dos escolares é provocado por 
professores que não diversificam suas práticas, estes autores salientam que “o desinteresse se 
dá em função das atividades, privilegiando apenas o esporte durante as aulas, isto é, sempre o 
mesmo conteúdo em várias séries, a mesma aula, durante vários anos”. 
Compreendemos que este não é o único motivo pelo qual os alunos são desinteressados 
pelas aulas de Educação Física. Contudo é necessário que os professores trabalhem novos 
conteúdos, favorecendo a experimentação de diferentes práticas corporais, despertando o 
interesse dos escolares pelas aulas de Educação Física. 
Outra dificuldade destacada pelos acadêmicos foi relacionado a falta de respeito dos 
escolares aos estagiários, o que acabou atrapalhando o desenvolver das atividades, a seguir, 
alguns comentários que exemplificam esta situação: 
9524 
 
 
Alguns alunos não demonstravam comprometimento e respeito (Acadêmico 4). 
Por ser estagiário, poucos alunos, as vezes não tinham muito respeito (Acadêmico 9). 
Dificuldades foram poucas, mas sempre tem alguma. Uma delas era as turmas que 
não colaboravam, muitas vezes não respeitavam nós por sermos estagiários 
(Acadêmico 24). 
Este é um grande problema para os acadêmicos, pois os escolares parecem acreditar que 
os estagiários não merecem respeito simplesmente pelo fato de ainda não serem formados. 
Mattos e Mattos (2001) afirmam que os escolares atualmente não são compreensíveis como 
eram antigamente, anos atrás os alunos respeitavam os professores e, em muitos casos, isso não 
acontece mais. Este desrespeito dos alunos faz com que os estagiários enfrentem frequentes 
situações desagradáveis nas escolas. 
A quantidade de alunos nas aulas foi outra dificuldade destacada pelos acadêmicos, 
tanto pela grande quantidade de alunosem apenas uma turma, assim como, a pouca quantidade 
em dias de chuva: 
As turmas grandes dificultaram muito [...] (Acadêmico 7). 
[...] por ser uma escola de campo, em períodos chuvosos a falta dos alunos era muito 
grande devido as estradas ruins (Acadêmico 18). 
A quantidade de alunos nas salas de aulas merece destaque, pois é comum ver grandes 
quantidades de alunos em apenas uma turma, Krug (1996) afirma que um número elevado de 
escolares em uma mesma turma influencia negativamente na qualidade das aulas e na prática 
pedagógica dos professores de Educação Física. Em relação a falta de muitos alunos durante os 
períodos chuvosos, já é um assunto de conhecimento dos profissionais da educação, 
principalmente nas escolas de campo, pois as condições da maioria das estradas dificultam o 
transporte escolar nos períodos chuvosos. 
A aceitação de conteúdos pelos alunos foi um dos problemas encontrados por alguns 
acadêmicos, estes estagiários relataram como dificuldade o seguinte: 
Aceitação dos alunos pelos conteúdos abordados (Acadêmico 10). 
Introduzir os planos de aula, pois os alunos estavam interessados apenas em jogar 
futsal (Acadêmico 21). 
[...] os alunos ficavam relutantes em fazer atividades diferentes (Acadêmico 22). 
9525 
 
 
A rejeição dos alunos pelos conteúdos propostos pelos estagiários acontece, 
principalmente, pelo costume que, muitas vezes, os escolares possuem de sempre escolher o 
que jogar na aula, na maioria das vezes optam pelo futsal, como destacado anteriormente pelo 
acadêmico 21. Isso se deve principalmente pelo desinteresse de professores de Educação Física 
que deixam os alunos fazerem o que quiserem na aula, tal fato pode ser observado também em 
outro comentário de um acadêmico, que atribuiu a rejeição dos alunos pelos novos conteúdos 
a: 
[...] falta de vontade de alguns professores que ministraram aulas no decorrer da vida 
do aluno somente “rolando a bola” [...] (Acadêmico 22). 
 Este acontecimento é comentado por Rosa e Krug (2010) ao relatarem que a Educação 
Física escolar, em muitos casos, tornou-se um atividade qualquer, em que o aluno joga por 
jogar, perdendo a real dimensão educacional da disciplina. 
Outras dificuldades destacadas pelos acadêmicos são descritas abaixo: 
Mais no estágio III com crianças que tem deficiência, você para e pensa em como 
trabalhar com esta criança [...] (Acadêmico 1). 
Muitas vezes vergonha nas aulas teóricas, nas práticas não muito [...] (Acadêmico 5). 
A falta de experiência, mas foi só no começo, depois vai pegando o jeito e vai dando 
tudo certo (Acadêmico 23). 
[...] somente a questão da liberação do meu trabalho (Acadêmico 14). 
Observa-se que alguns acadêmicos encontraram dificuldades em relação a falta de 
experiência e a vergonha em ministrar aulas, compreendemos que este é um fato comum de 
acontecer com os licenciandos que estão começando suas práticas pedagógicas. Contudo, 
conforme destacado pelo acadêmico 23, com o passar do tempo acabam se acostumando com 
estas situações e adquirindo experiência em como proceder nas ações docentes. 
Em relação ao acadêmico que destacou ter encontrado dificuldades para trabalhar com 
crianças deficientes, citamos Flores e Krug (2010) que elucidam que a maioria dos acadêmicos 
licenciandos não estão preparados para trabalhar com os alunos que possuem deficiência. 
São inúmeras as dificuldades que os acadêmicos enfrentam no decorrer do estágio, como 
visto anteriormente, estas dificuldades estão atreladas a muitos fatores, que vão desde a falta de 
materiais pedagógicos até como proceder em aulas com alunos com deficiência. É necessário 
uma maior aproximação entre os professores da universidade, professores de campo e os 
9526 
 
 
estagiários, mantendo um diálogo contínuo para identificar estes problemas e, em conjunto, 
resolvê-los, permitindo ao acadêmico um estágio sem grandes dificuldades e que contribua 
significativamente para a formação docente do acadêmico. 
Entretanto não é o que acontece, em muitos casos não existe uma aproximação entre 
professores de campo e estagiários, para minimizar os problemas encontrados durante a prática 
de ensino. Pois, segundo os acadêmicos, os professores de campo atuaram de diferentes 
maneiras, enquanto alguns professores procuravam participar do processo de formação, dando 
dicas e trocando experiências, outros demonstravam total falta de comprometimento com a 
realização do estágio. No que tange a atuação do professor de campo, os acadêmicos 
salientaram: 
Sempre muito atencioso, perguntava se precisávamos de alguma coisa, dava dicas 
para nós, sempre bem legal com a gente (Acadêmico 5). 
[...] no fundamental uma vergonha, “pedagoga burra”, não sabia nada [...] (Acadêmico 
9). 
Geralmente os professores apenas observavam as aulas e não intervinham em nada 
(Acadêmico 13). 
No decorrer dos estágios que foram realizados teve professor que supervisionou a 
prática de estágio como teve professor que simplesmente ficou na sala dos professores 
[...] (Acadêmico 22). 
O professor foi muito rígido cobrando mais atitude (Acadêmico 23). 
Um dos fatores que pode ter influenciado para que alguns acadêmicos tenham 
enfrentado certas dificuldades é a falta de um professor de campo que atuasse como professor 
formador, pois os professores devem atuar e participar do processo de formação do estagiário, 
pois influenciam fortemente neste processo. Azevedo e Andrade (2010, p.217) salientam que é 
importante que os professores de campo “compreendam que suas orientações podem gerar o 
avanço, a acomodação, o retraimento, o estancamento ou o crescimento do aluno nos processos 
de inserção no contexto real da prática docente”. Para os autores, os professores devem orientar 
de acordo com as necessidades observadas nos estagiários. Entretanto, segundo Baccon e 
Arruda (2010, p.510): 
Grande parte dos professores da escola básica não atua como formador, limitando-se 
apenas a receber os estagiários em sua sala. Certamente, isso decorre, pelo menos em 
parte, do fato de que, em geral, a universidade não faz um convite claro para que ele 
possa ter uma participação um pouco mais ativa nesse processo. 
9527 
 
 
 A participação ativa dos professores de campo é essencial para a formação dos 
estagiários, estes professores devem ter conhecimento que os mesmos influenciam na formação 
dos acadêmicos e devem assumir a tarefa de atuarem como professores formadores, interagindo 
e trocando experiência com os estagiários, pois ambos sairão beneficiados. Esta interação e 
troca de experiência foi destacado por uma acadêmica que elucidou: 
[...] teve uma professora que disse que aprendeu algumas coisas com as estagiárias 
(Acadêmico 27). 
 A interação entre acadêmico e professor enriquece o processo de formação, pois as 
concepções dos professores formadores também são afetadas (BRASIL, 2013). Muitos 
acadêmicos levam aos professores novos olhares em relação a prática docente e a escola, 
tornando o estágio um ambiente propicio a um aprendizado mútuo, em que ambos adquirem 
conhecimentos com o estágio supervisionado. 
Considerações Finais 
O estágio supervisionado é um dos momentos mais importantes da formação acadêmica 
dos licenciandos, pois é o momento em que o acadêmico começa a ter um conhecimento 
aprofundado em relação ao cotidiano e das exigências de sua futura profissão. Entretanto não 
uma simples tarefa, os estagiários deparam-se com inúmeros problemas que acabam 
dificultando a realização do estágio curricular. Estes problemas precisam ser superados para 
que o estágio contribua cada vez mais para a formação dos acadêmicos. 
Compreendemos que são muitas as contribuições do estágio para a formação docente, 
estas contribuições são fundamentais, pois moldam o perfil docente dos licenciandos devido 
estes assumirem o papel de professor durante a prática de ensino. Contudo, acreditamos que a 
realização do estágio poderia ser antecipada,pois os acadêmicos acabam realizando, em sua 
maioria, a prática deste apenas na segunda metade do curso. 
 Concluímos que o estágio supervisionado quando é realizado de maneira organizada, 
planejada e o acadêmico é comprometido com a prática de ensino, contribui significativamente 
para a formação docente do licenciando. Caso contrário, torna-se uma atividade esvaziada sem 
proporcionar grandes ganhos ao estagiário, abrindo lacunas para discussões quanto a 
quantidade de horas e outros entraves que tangem esta área de estudo, que carece de novas 
investigações que aprofundem esta temática desvelando meios que aperfeiçoem o estágio 
supervisionado e a formação docente. 
9528 
 
 
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