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Editora Realize Conselho Editorial Abigail Fregni Lins Ana Ivenicki Cristiane Maria Nepomuceno Eduardo Gomes Onofre Filomena Maria Gonçalves da Silva Cordeiro Moita Juarez Nogueira Lins Katemari Diogo da Rosa Laércia Maria Bertulino de Medeiros Luis Paulo Cruz Borges Margareth Maria de Melo Mônica Pereira dos Santos Morgana Lígia de Farias Freire Ofelia Maria de Barros Patrícia Cristina de Aragão Araújo Roberto Kennedy Gomes Franco Samara Wanderley Xavier Barbosa Sandra Cordeiro de Melo Sandra Maciel de Almeida Tânia Serra Azul Machado Bezerra Tatiana Bezerra Fagundes Thiago Luiz Alves dos Santos Valdecy Margarida da Silva Walcéa Barreto Alves Wojciech Andrzej Kulesza Editora Realize Rua Antenor Navarro, 151 - Prata, Campina Grande-PB, CEP 58400-520 | Fone: (83) 3322-3222 www.editorarealize.com.br | E-mail: contato@portalrealize.com.br DIDÁTICA E AVALIAÇÃO: EDUCAÇÃO, CIDADANIA E EXCLUSÃO NA CONTEMPORANEIDADE Carmen Lúcia Guimarães de Mattos Luis Paulo Cruz Borges Paula Almeida de Castro (Organizadores) Campina Grande-PB 2016 © Carmen Lúcia Guimarães de Mattos | Luis Paulo Cruz Borges | Paula Almeida de Castro Foto da capa: João Francisco Ferreira Design da Capa: Luiz Felipe de Oliveira Ramos Projeto Gráfico|Editoração: Jefferson Ricardo Lima Araujo Nunes Revisão: O conteúdo e a forma dos artigos publicados neste e-book são de inteira responsabilidade de seus/suas autores/as. 370 D555 Didática e avaliação: educação, cidadania e exclusão na contemporaneidade [Recurso Eletrônico]./Carmen Lúcia Guimarães de Mattos; Luis Paulo Cruz Borges; Paula Almeida de Castro (Organizadores). - Campina Grande: Realize Editora, 2016. 3100kb - 246 p.:il. Modo de Acesso: World Wide Web <http://editorarealize.com.br/revistas.php> ISBN EBOOK: 978-85-61702-39-7 1. Educação. 2. Exclusão. 3. Escola e avaliação. 4. Inclusão. 5. Escola pública brasileira. I. MATTOS, Carmem Lúcia Guimarães de. II. BORGES, Luiz Paulo Cruz. III. CASTRO, Paula Almeida de. IV. Título. 21. ed. CDD Sumário Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Organizadores Didactics and evaluation in different contexts: reflections on PISA assessment . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Valentina Grion (Università di Padova - ITALY) Educação, cidadania e exclusão: o aluno como agente de mudança na avaliação escolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 Carmen Lúcia Guimarães de Mattos (UERJ) Valentina Grion (Universidade d Padova, IT) Paula Almeida de Castro (UEPB) Saberes sobre a escola: a voz do aluno e a produção de conhecimento na pesquisa em educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Walcéa Barreto Alves (UFF) Carmen Lúcia Guimarães de Mattos (UERJ) A escola e a avaliação: perspectivas da aprendizagem colaborativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Beatriz Calazans Dounis (Universidade da Madeira/SEEDF) Avaliação na escola regular e na escola integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Ana Maria Petraitis Liblik (UFPR) Marta Pinheiro (UFPR) Inclusão e exclusão: a diversidade na escola pública brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 Mylene Cristina Santiago (UFF) Um estudo longitudinal do desenvolvimento da inserçao de tecnologia em sala de aula de Matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . .104 Paula Luderitz de Albuquerque Lenz-Cesar (EARJ) Educação a distância e formação humana: a importância das práticas docentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 Eloiza da Silva Gomes e Oliveira (UERJ) PÁTRIA EDUCADORA: uma receita de fé na educação, falta de confiança nos professores e homogeneização dos estudantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .133 Maria Luiza Süssekind (UNIRIO) Viviane Lontra (UNIRIO) Raphael Pelosi Pellegrini (UNIRIO) Alfabetização e vivências de alteridade: duas narrativas em dois contextos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .153 Arlindo Cornélio Ntunduatha Juliasse (UERJ) Structure of violence in Pakistani Schools: a gender based analysis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .169 Jamil Ahmad Chitrali (University of Peshawar, Pakistan) Heteronormatividade e os modos curriculares de produção do gênero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .179 Marcio Rodrigo Vale Caetano (FURG) Treyce Ellen Silva Goular (FURG) Marlon Silveira da Silva (FURG) Literatura e as questões étnico-raciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .202 Glória de Melo Tonácio (CPII/Grupo de Pesquisa FormAÇÃO) Mariane Del Carmen da Costa Diaz (SESC/CPII) Didática: conhecimento e escola Perspectivas teórico-metodológicas moderna e pós-moderna: questões para a reflexão sobre a pesquisa em didática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .225 Siomara Borba (UERJ/FE) Sobre os autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .244 8 Apresentação A compilação dos textos apresentados no e-book “Didática e Avaliação: Educação, Cidadania e Exclusão na Contemporaneidade” foi produzida a partir das discussões promovidas durante o IV Colóquio Educação, Cidadania e Exclusão. O evento visou promover um espaço de caráter reflexivo com o suporte de estudos e pesquisas desenvolvidos no Brasil e no exterior que possibilite produções vol- tadas para a melhoria da qualidade da educação básica e superior. Oportunizou a possibilidade de valorizar as práticas de profissionais da Educação aproximando, cada vez mais, a universidade da escola de educação básica para a produção de conhecimentos e deman- das formativas. Envolveu diferentes áreas do conhecimento, sendo organizado em atividades que fomentam o debate sobre as temáti- cas envolvidas. A programação foi apresentada de modo que possibilitasse uma ampla participação nas atividades (conferências, palestras, mini- cursos, sessões de comunicação oral e pôster, atividades culturais) bem como os profissionais convidados que contemplaram a temática do evento e a atualidade do campo educacional. Outrossim, enten- demos que a temática do evento representou o expressivo interesse para discussões relevantes que extrapolam as dicotomias entre a teo- ria e a prática estando voltadas para os novos direcionamentos na atualidade. O texto Didactics and evaluation in different contexts: reflections on PISA assessment enfatiza a relação entre a Didática e a Avaliação a partir de reflexões do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). Que é uma iniciativa deavaliação comparada, aplicada a estudantes na faixa etária dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países. As reflexões ensejadas neste artigo nos fazem pensar em comparações necessárias ao campo da Educação e suas disputas no campo avaliativo na atualidade. 9 Educação, Cidadania e exclusão: o aluno como agente de mudança na avaliação escolar tem como objetivo apresentar os resultados do IV Colóquio Internacional Educação Cidadania e Exclusão: Didática e Avaliação (IV CEDUCE) com destaque para o tema avaliação. Inicia-se com uma narrativa histórica dos aspectos sociológicos, psicológicos e pedagógicos que tangenciam esse tema. Em seguida, discute os encaminhamentos apresentados no IV CEDUCE, e finalmente apre- senta subsídios para mudanças na avaliação do processo de ensino e aprendizagem. Saberes sobre a escola: a voz do aluno e a produção de conheci- mento na pesquisa em educação discute os saberes produzidos sobre a escola mediante a voz aluno na pesquisa educacional. Seu objetivo é compreender os processos e práticas interativas no ambiente esco- lar na perspectiva dos estudantes que fazem parte desse contexto, entendendo-a enquanto produção de conhecimento. As análises realizadas foram elaboradas mediante pesquisas bibliográficas e etnográficas que privilegiam esse aluno como agente ativo no ato de dar sentido aos dados coletados durante a realização de pesquisas. Fatores como: relações assimétricas de poder, currículo centrado em práticas pedagógicas que não privilegiam os saberes dos alunos, pouca sensibilidade da escola em relação aos temas que permeiam o ambiente escolar e a violência da/na escola, emergiram da voz do aluno que, transformadas em vinhetas etnográficas, demonstram como eles se descolam do entendimento e realização de suas tarefas, dos professores, dos pais e de outros alunos e priorizam emergências que surgem na sala de aula, na escola e na família. Como resultado, esses alunos experimentam diversas vulnerabilidades em sua escolarização. Entende-se como fundamental um olhar e uma escuta atenta à voz do aluno, que se constitui enquanto elemento ativo de produção de conhecimento na pesquisa educacional, que se reverbera em saberes que podem provocar mudanças na escola. A Escola e a Avaliação: perspectivas da aprendizagem colabora- tiva aborda a escola, enquanto uma instituição que tem demonstrado a perpetuação de seu caráter excludente que precisa rever seus 10 princípios e sua estrutura limitadora. A avaliação, enquanto uma parte do processo de ensino e aprendizagem, tem uma função importante para que alunos e professores percebam seus avanços e suas perma- nências. Em uma perspectiva mais democratizante do ensino, que não preconize o individualismo e a competitividade em situações avaliati- vas, a proposta da aprendizagem colaborativa concede novas opções para que alunos e professores possam obter uma aprendizagem mais efetiva por meio da valorização da interação entre os pares. A aprendi- zagem colaborativa propõe a resolução de problemas de uma maneira coletiva, que busque unir um pequeno grupo em torno de um tema, ou de vários temas cujos desdobramentos proporcionem uma compreen- são mais ampla do que está sendo apresentado. Esta aprendizagem rompe com paradigmas arraigados presentes no cotidiano da escola, que sempre privilegiaram o individualismo e as relações entre profes- sores e alunos, sem proporcionar uma interação social dentro de sala de aula entre os iguais, ou seja, entre os aprendizes. Isto representa trazer para a sala de aula o que as relações de troca que já existem em outros ambientes e que proporcionam uma aprendizagem mais ampla, mais significativa. Já o artigo, Avaliação na escola regular e na escola integral aborda a leitura atenta do que foi escrito por vários teóricos sobre avaliação, com as devidas atualizações, possa dar aos professores subsídios para ações educacionais mais justas, coerentes e eticamente corretas. E ao entender melhor, não fará muita diferença avaliar na escola regular ou na escola em tempo integral, integradora de conteúdos e saberes, pois a escola ou é integral ou não pode ser considerada ESCOLA. Inclusão e exclusão: a diversidade na escola pública brasileira aborda a questão da inclusão e exclusão na diversidade da escola pública brasileira a partir de narrativas vivenciadas em minha trajetó- ria docente na educação básica, no ensino superior e nas atividades de pesquisa e extensão envolvendo a formação de professores para/ na/com a diversidade. A proposta do artigo é ampliar o diálogo e a reflexão sobre a prática docente que se encontra cercada de diver- sidade. A ideia central é questionar a indiferença às diferenças, a 11 tendência de a escola converter diferenças em deficiências e a ênfase em práticas pedagógicas fundadas na concepção de igualdade, que se transfiguram em práticas homogeneizadoras no cotidiano esco- lar. A possibilidade de articular teoria-prática, ensino-pesquisa com vivências profissionais pode oferecer novos olhares aos nossos sabe- res-fazeres, transformando experiências em processos de formação e possibilitando o desenvolvimento da práxis e da condição de professor -pesquisador. Através de narrativas e metáforas surgidas no cotidiano do trabalho com os atores das escolas e universidades, buscarei refle- tir sobre questões referentes ao processo de inclusão/exclusão e os desafios de (nos) educar para/na/com a diversidade. Um estudo longitudinal do desenvolvimento da inserção de tec- nologia em sala de aula de matemática apresenta registros sobre atividade com alunos de Matemática do 6a ano durante 6 anos. A atividade implica na construção de uma caixa através da utilização de escala previamente selecionada e aplicada a uma caixa original trazida pelos alunos. O objetivo é que, após discussão sobre pontos de marketing e logística, os alunos apliquem a escala escolhida nas dimensões da suas caixas, cuidadosamente desmontadas. Depois, as novas dimensões são traçadas em cartolina (discussão sobre linhas paralelas e perpendiculares, instrumentos de medição e precisão). Os alunos cortam seus modelos e montam as novas caixas, similares às antigas, maiores ou menores, respeitando escalas escolhidas. O pro- duto final é um documento que retrata, com fotos, tabelas e texto, a atividade. Um ponto importante da avaliação é o uso da tecnologia na coleta e registros de dados, na execução e comunicação dos resul- tados. Este estudo revela que ao longo dos anos, o professor define e demanda o uso de diferentes métodos que envolvam tecnologia na execução de projetos, e também os alunos se mostram motivados e preparados para o seu uso. Em face do maior utilização de instrumen- tos tecnológicos, e da sua importância nos processos produtivos em diversas áreas, torna-se imprescindível que os alunos sejam expostos a atividades que explorem este conhecimento e as habilidades a ele relacionadas. Os professores também devem se atualizar e estudar 12 para se sentirem capazes de incluir instrumentos tecnológicos e digi- tais nos projetos executados em sala de aula a fim de desenvolver tais saberes. Educação a Distância e Formação Humana: a importância das práticas docentes apresenta aspectos fundamentais da Educação a Distância (EAD) e a sua importância para a formação humana. A autora inicia o texto com alguns conceitos, características e a evolução histó- rica da EAD. Discutindo a seguir algumas questões polêmicas relativas a essa modalidade educacional. Finalmente, há ilustrações do texto com alguns resultados de uma pesquisa desenvolvida com cinquenta professores de matemática do 6° ao 9° ano e do Ensino Médio da rede pública de um município do Rio de Janeiro, com o objetivo de verificar quanto esses professores conheciam as tecnologias de informação e comunicação (TIC) e como faziam uso delas na sua prática docente. A maioria significativada amostra valorizou a aplicação das TIC no tra- balho docente, afirmando que o seu uso desperta a motivação dos alunos para a aprendizagem, melhorando a receptividade dos mes- mos ao conteúdo e aprimorando a formação humana pretendida pela escola. O texto Pátria Educadora: uma receita de fé na educação, falta de confiança nos professores e homogeneização dos estudantes indica, neste ensaio, partindo das discussões do documento da SAE, visto no contexto das políticas curriculares e de avaliação que vem sendo pro- gressivamente implantadas pelo Ministério da Educação, sobretudo na educação básica, para discutir três ideias presentes no documento que estão largamente presentes no imaginário social e tangenciam nossas pesquisas em currículo e formação de professores no grupo de pes- quisa Práticas Educativas e Formação de Professores, na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UniRio. O PÁTRIA EDUCADORA estabelece um processo de marginalização e estigmatização. Alfabetização e vivências de alteridade: duas narrativas em dois contextos apresenta uma pesquisa que pretende compreender práti- cas de alfabetização e vivências de alteridade de sujeitos anônimos, a partir de duas narrativas que ocorreram em dois contextos distintos, 13 vinculados ao percurso de coleta de dados de minha pesquisa sobre memórias, acesso a cultura escrita e sentidos de educação de jovens e adultos atualmente em andamento. Foi no cerne desse percurso que surgiu a curiosidade de compreender os processos de acesso à cultura escrita decorrentes das vivências dos sujeitos e na escuta do outro, o qual provoca um desafio não só ao narrador, que ao tentar recons- truir um fato, imprime sua marca na interpretação, mas também ao pesquisador, pois ao ouvi-lo, pode atribuir ao mesmo fato outro signi- ficado. Portanto, questiona-se o que se constitui como alfabetização para esses sujeitos num contexto de fatores cada vez mais críticos à diversidade étnico-linguística e conectividade global? Em que língua e com que práticas pedagógicas se orientam ou se pode orientar o ensi- no-aprendizagem de jovens e adultos nesse contexto? Nesse sentido, as histórias contadas revelam pistas para pensar e reconhecer que os processos educativos de pessoas jovens e adultas, extrapolam o contexto escolar e de ensino. O artigo Structure of violence in Pakistani schools: a gender based analysis debate as formas de violências nas escolas do Paquistão a partir das questões de gênero. As reflexões propostas nos propor- cionam pensar na relação entre educação e mundo social tendo como eixos a didática e a avaliação. Assim, educação, cidadania e exclusão ganham dimensão global para desenvolvermos pesquisas e inferên- cias no âmbito escolar. Heteronormatividade e os modos curriculares de produção do gênero aborda o entendimento de que as identidades sexuais são marcadas pela cultura e, ao se apoiar nas perspectivas feministas e decoloniais, focaliza a possibilidade de reinvenção do sujeito. Contudo, reconhece que, independente das nossas trajetórias, intuímos por meio dos instrumentos que nos educaram, uma forma de ser, estar ou transitar nos marcadores político-sexuais “homem” e “mulher”. Assim, buscaremos questionar os currículos com vista a interrogá-los sobre os discursos que produzem modos de subjetivação e que nos ensinaram formas heteronormativas complementares e assimétricas de projeção das identidades sexuais. 14 Literatura e as questões étnico-raciais é uma reflexão pautada na Lei 10.639/03 que tornou obrigatório no currículo oficial da rede de ensino a “história e cultura afro-brasileira”, em especial, nas áreas de literatura, história brasileira e educação artística. O trabalho que tem sido desenvolvido em Literatura, no Campus Realengo I consiste em atividades que não se configuram, ainda, em um projeto deline- ado, são experimentações, a fim de desenvolver um outro olhar, ou seja, uma outra estética sobre a realidade. As autoras, nesse sentido, vislumbram um grande potencial da educação literária, a favor de uma educação para as relações étnico-raciais. Exercitam e trabalham nossas mentes contra os discursos e práticas racistas. Seguem na contramão do que nos impõem a grande mídia, a cultura de massas. Compreendem Infância e Literatura, ligadas à forma de pensar, enxer- gar e expressar o mundo a partir do estético, do sensível, como sendo um dos caminhos possíveis para a potencialização de sentidos e sig- nificados que construam uma consciência que valorize a cultura afro-brasileira, sua ancestralidade e o seu conhecimento. Didática: Conhecimento e Escola - Perspectivas teórico-metodo- lógicas moderna e pós-moderna: questões para a reflexão sobre a pesquisa em didática trata das questões teóricas-metodológicas da pesquisa educacional. Tais questões estão inseridas no debate sobre a Didática e o conhecimento, visualizando a reflexão sobre a pesquisa em didática. Seu objetivo é apresentar um panorama das perspecti- vas teórico-metodológicas, que acompanham o trabalho investigativo em educação, considerando as condições socioculturais modernas e pós-modernas. Sua organização compreende três momentos: [1] considerações iniciais sobre o significado do conhecimento, [2] apre- sentação geral de aspectos teórico-metodológicos na perspectiva do pensamento moderno que sustentam a atividade investigativa na área da educação e [3] introdução à análise dos aspectos teórico-metodoló- gicos na perspectiva do pensamento pós-moderno, que têm orientado a pesquisa educacional. A composição desse e-book sinaliza para a diversidade de estu- dos que são realizados nas universidades brasileiras e no exterior, nos 15 grupos de pesquisa que contribuem para a melhoria da qualidade da educação no país e, por fim, nas instituições educativas de forma geral. Cada texto sinalizou para as discussões que são pertinentes para a produção de conhecimentos inovadores voltados para os setores con- siderados cruciais das políticas públicas da edu cação brasileira, que ainda carecem de olhares e constantes aprimoramentos. Assim, espe- remos uma boa leitura e o convite à reflexão. Rio de Janeiro, junho de 2016. Carmen Lúcia Guimarães de Mattos Paula Almeida de Castro Luís Paulo Cruz Borges Organizadores. 16 Didactics and evaluation in different contexts: reflections on PISA assessment. Valentina Grion (Università di Padova - ITALY) Introduzione La mia formazione e i temi che normalmente tratto in ambito acca- demico riguardano la didattica, e soprattutto la valutazione. Tuttavia, in questo contesto, intendo proporre una riflessione più ampia; una riflessione che riguarda il più ampio concetto di “educazione” e di come questa si realizza all’interno, e per mezzo, della formazione scolastica. Ritengo perciò importante proporre alcune considerazioni riguar- danti le modalità attraverso le quali l’educazione possa realizzarsi nel modo migliore in ogni paese, sia esso ricco o povero, grande o piccolo, poiché ogni bambino, indipendentemente da dove è nato, dovrebbe poter godere dello stesso diritto di ricevere le risorse adeguate per usufruire delle opportunità che il 21° secolo può offrire. In conclusione di questa relazione ho voluto rendere “omaggio” ad un processo che considero uno dei motori più potenti di miglioramento delle pratiche scolastiche e presupposto per l’attivazione dei processi di avanzamento della qualità dei sistemi scolastici: la valutazione. Voglio premettere che, per proporre oggi tali riflessioni, ho fatto particolare riferimento a un rapporto di studio, titolato “The learning challenge: How to ensure that by 2020 every child learns” (Whelan, 2014), cui si devono buona parte dei dati e alcuni dei ragionamenti di seguito presentati. 17 L’educazione come fattore indispensabile per lo sviluppo e il benessere dell’umanità Analizzando il passato e pensando al futuro, non possiamo che riconoscere l’educazione come uno dei fattorimaggiormente impor- tanti per lo sviluppo e il benessere dell’umanità. Essa dunque non è solo un diritto dei singoli, ma anche un dovere dei governi e una stra- tegia su cui i decisori politici dovrebbero fare maggiormente leva per lo sviluppo dei paesi. L’educazione non risolve certo tutti i problemi del mondo, ma non si può tralasciare il fatto che i cambiamenti economici e il veloce svi- luppo tecnologico del 21° secolo hanno reso l’educazione un fattore particolarmente importante, molto di più che in tempi precedenti, nelle società industriali e pre-industriali. Basti pensare che il livello medio relativo alle performance scolastiche di una popolazione, sembrere- bbe rappresentare il fattore maggiormente determinante lo sviluppo economico a lungo termine di una nazione (Hanushek, & Woessmann, 2008, 2010). Inoltre, seppure con ampie differenze fra paese e paese, le persone che hanno un livello maggiore d’istruzione godono di minori rischi di disoccupazione e di migliori salari (Woessmann & Schütz, 2006). Ricerche empiriche hanno dimostrato, ad esempio, che in media in Europa, ogni anno in più di scolarizzazione permette a un individuo di ottenere risorse economiche dell’8% più consistenti di quelle che avrebbe avuto in assenza di quell’anno di scuola (de la Fuente, 2003). Negli Stati Uniti coloro che hanno una laurea guadagnano in media più del doppio di coloro che hanno un diploma. In Pakistan, ogni anno aggiuntivo di scuola condurrebbe ad un aumento dello stipendio del 7%. Ciò che è più importante è che queste differenze rappresentano un trend in continua crescita. Anche se l’educazione non fosse così importante per il benessere e lo sviluppo economico, sarebbe comunque fondamentale per altre ragioni: una migliore educazione sembrerebbe associata a più alti livelli di salute, a forme democratiche più forti, a situazioni di maggiore felicità individuale, a più profonda coesione sociale (Wessmann & Schütz, 2006). 18 Tali consapevolezze hanno condotto tutti i paesi del mondo ad incentivare la scolarizzazione, tanto che oggi essa presenta tassi più alti che in qualsiasi altro momento storico. Questi risultati, riferiti ad una maggiore scolarizzazione dei bambini nel mondo, vanno conside- rati come un successo ottenuto attraverso l’eliminazione dei gap e delle ineguaglianze esistenti fra generi (maschi-femmine), fra residenti e non residenti (indigeni-immigrati), fra bambini provenienti dalle città e quelli dalle zone rurali ecc. (Center for Global Development, 2015). Scolarizzazione e apprendimento nei paesi più poveri del mondo L’entusiasmo per il progressivo aumento della frequenza scolas- tica nel mondo, non deve distogliere l’attenzione sul fatto che ancora oggi 58 milioni di bambini, nella fascia d’età della scuola primaria, non vanno ancora a scuola (World Bank, 2015). Tuttavia ciò che risulta più grave è che, nonostante le alte percentuali di scolarizzazione, maggiori rispetto ad ogni altro periodo storico, i livelli medi di apprendimento raggiunto non sono ancora per niente soddisfacenti. Recenti studi sem- brerebbero perciò rilevare che per migliorare l’educazione, in ambito educativo mondiale, sia necessario focalizzare l’attenzione non tanto o non solo sui dati quantitativi - numero di alunni frequentanti la scuola e anni di frequenza scolastica - quanto piuttosto sulle caratteristiche dell’apprendimento in termini di qualità delle acquisizioni e perfor- mance degli alunni. Dunque, la necessità parrebbe quella d’indagare la “quantità/qualità” di apprendimento che un paese è in grado di pro- durre e assicurare ai bambini (Hanushek, & Woessmann, 2010). In questo senso, sappiamo che dei 650 milioni di alunni che fre- quentano la scuola primaria nel mondo, solo un terzo raggiunge un buon livello di apprendimento alla fine di questo ciclo scolastico. Su 100 alunni, solo a 37 è offerta la possibilità di ottenere livelli adeguati negli apprendimenti di base. Focalizzando l’attenzione sul Brasile, sembra che la percentuale di bambini che alla fine della scuola primaria raggiunge buoni livelli 19 d’apprendimento di base si aggira intorno al 40-50% del totale di alunni scolarizzati (OECD, Brazil, 2012b). A Hong Kong, Singapore, Giappone, Estonia, Irlanda e Corea del Sud, più del 90% degli alunni perviene a un buon livello di apprendimento di base. In 30 paesi nel mondo, l’apprendimento dei bambini della scuola di base non rag- giunge nemmeno il 10% (OECD, 2012a)! La situazione è dunque chiara: a livello mondiale, a un numero ancora troppo basso di bambini viene offerta un’educazione adeguata ad accedere a tutte le opportunità offerte dal 21° secolo (Whelan, 2014). I test PISA e la valutazione dell’efficacia della scuola Il programma di valutazione dell’OCSE, denominato PISA (Programme for International Student Assessment) è stato il primo strumento, di così vasta portata, finalizzato a valutare la qualità, e l’efficacia del sistema scolastico, in relazione alla sua capacità di for- nire ai ragazzi determinate competenze (lettura, matematica, scienze e problem-solving) necessarie al di fuori dell’educazione formale. Il programma non mira a misurare capacità di “mera riproduzione”, da parte degli alunni, delle conoscenze acquisite, ma piuttosto va a valu- tare quanto essi siano in grado di estrapolare dai loro apprendimenti le risorse adeguate per risolvere situazioni problematiche all’interno di contesti più o meno familiari. Un approccio che riflette quanto avviene nel mondo extrascolastico: l’individuo è riconosciuto “capace” ed esperto non per ciò che sa, ma per ciò che sa fare con ciò che sa (Claxton, 2001; Klieme, Hartig, & Rauch, 2008; Le Boterf, 2000). Andando a individuare le caratteristiche dei sistemi educativi con alte performances, PISA mira a supportare i governi nell’identificare le politiche più efficaci per ottenere buoni risultati di apprendimento e una qualità scolastica di alto livello (Perry, & Ercikan, 2015). Tutti i 34 paesi OCSE e 31 stati partner hanno partecipato all’inda- gine 2012 (OECD, 2012a). 20 Considerando in particolare le performances del Brasile, si rileva che il paese mostra risultati ben al di sotto della media OCSE; tuttavia va rilevato che dal 2003 al 2012, vi è stato un progressivo incremento dei risultati, tanto da dimostrarsi come il paese con l’incremento più alto nelle performance di matematica e con significativi miglioramenti anche in lettura e in scienze. Inoltre, tali miglioramenti si sono realiz- zati soprattutto nei ragazzi con più basse performance (low performers) (OECD, 2012b). Altri risultati positivi per il Brasile sono stati quelli relativi all’incre- mento della scolarizzazione non solo nelle scuole primarie, ma anche in quelle secondarie – dal 2003 ad oggi incremento di 13 punti per- centuali nella scuola secondaria – e quelli riferiti al miglioramento del clima scolastico e dell’arruolamento e della ritenzione di insegnanti migliori. Quale aspetto negativo permane però la ripetenza che raggiunge livelli ancora molto alti. Come precedentemente accennato, la lettura “generale” dei risultati PISA permette ai governi di identificare i paesi con le più alte performances e di guardare alle caratteristiche degli stessi per orientare le politiche sulla scuola. Chiaramente i paesi con le più alte performances, confermate nei diversi anni, come nei casi della Finlandia e di Singapore, rappresentano esempi da cui si possono trarre lezioni significative in relazione al miglioramento dei sistemi formativi. Paesi ricchi, paesi poveri: quali le lezioni apprese dai risultati PISA? Seppure i sistemi scolastici dei paesi con risultati di alto livello siano guardati da molti come modelli da seguire, essi non possono tuttavia rappresentare casi utilizzabili dai paesi in via di sviluppo. Le differenze di contesto nel quale le diverse scuole operano, ma soprat- tutto, le risorse che vengono impiegate nella scuola, e i tempi durante i qualiavviene la scolarizzazione, determinano barriere assolutamente 21 insuperabili nella diffusione del modello di successo dei paesi ricchi (Ercikan, Roth, & Asil, 2015). La divergenza più evidente fra i paesi del mondo nord-occiden- tale e quelli del mondo sud-orientale deriva soprattutto dall’enorme divario economico delle due differenti realtà. Quelli che sono oggi considerati i migliori sistemi scolastici del mondo spendono centinaia di migliaia di dollari per assicurare il percorso scolastico completo di ciascun allievo. Il 50% dei paesi del mondo, spende solo 3000 dollari e il 25% meno di 2000! Dunque: un modello che funziona bene in un paese che finanzia il percorso scolastico di un bambino con oltre 200.000 dollari, non può funzionare altrettanto bene in uno, la cui spesa per bambino è di appena 2.000 dollari (o, detto in altri termini, di circa 200 dollari all’anno). Per permettere, dunque, che la maggior parte dei bambini del mondo, anche quelli appartenenti ai paesi definiti “poveri”, giungano a buoni livelli di formazione, sembra necessario piuttosto prendere a modello le buone pratiche di quei sistemi che, pur facendo parte di paesi dai limitati finanziamenti alla scuola, riescono a ottenere risul- tati d’apprendimento soddisfacenti. E’ in tal senso che alcuni autori (Barber, 2013; Mourshed, Chijioke, Barber, 2010; Whelan, 2014) si sono mossi per individuare le caratteristiche di queste ultime situa- zioni e alla loro comparazione le une con le altre, per ottenere, da tale analisi, alcuni significativi “principi di pratica” comuni ai diversi contesti socio-geografici “poveri”. A tali principi, ritengo, possano fare riferimento quelle realtà poste in aree geografiche, dove le risorse per la scuola non sono delle più alte, come presumibilmente accade anche in certe zone del Brasile. Scuole “povere”, risultati di alto livello: caratteristiche delle azioni didattiche There is no point enrolling children, ensuring teachers attend, and fixing school facilities unless the teachers have the tools and skills they need to teach so that the children learn (Barber, 2013, p.46). 22 Come riferisce Whelam (2014), il sistema educativo BRAC1 in Bangladesh, Pakistan e Afghanistan, e il Gyan Shala2 in India rappre- sentano probabilmente i più significativi esempi di sistemi educativi che sono riusciti ad ottenere risultati “buoni” nei test PISA, pur ope- rando in zone dove le risorse economiche assegnate alla scuola sono particolarmente basse. Altri casi quali School For Life in Ghana, i pro- grammi Balsakhi e Naandi in India, e altri, hanno comunque dimostrato di saper promuovere buoni livelli di apprendimento dei ragazzi, valu- tati dal CfBT3, un’organizzazione di charity britannica che opera come organismo di ispezione esterna per lo sviluppo della qualità delle scuole, sia in Inghilterra che nel resto del mondo. Analizzando le caratteristiche di questi sistemi, alcuni autori (De Stefano, Moore, Balwanz & Hartwell, 2007; Kremer, Holla, 2009; McEwan, Murphy-Graham, Torres Irribarra, Aguilar, & Rápalo, 2014; Nath, Sylva & Grimes, 1999) sono giunti a definirne alcune comu- nanze, che sembrano rappresentare gli elementi significativi in relazione all’alta qualità dei livelli d’apprendimento raggiunti dagli alunni. Secondo Whelam (2009), in effetti, le scuole che ottengono buoni risultati sono quelle che persistono lungamente nella cura dei dettagli di alcuni aspetti del sistema formativo. Seguendo la sintesi proposta dallo stesso autore (2014), tali caratteristiche sono le seguenti. • Eccellenti materiali d’insegnamento. Come riferisce Lockheed (1993/2012), la qualità dei materiali scolastici, a cominciare dai libri di testo, ma anche altri sussidi, quali eserciziari e 1 BRAC è una delle più importanti organizzazioni non governative che mira a realizzare programmi di sviluppo nei paesi definiti “poveri”. Cfr. http://www.brac.net/ 2 Gyan Shala Develop è un’organizzazione a supporto dei sistemi educativi, che mira ad assicurare un’educazione di base di alto livello ai bambini di paesi con poche risorse economiche per l’educazione. Cfr. http://gyanshala.org/ 3 CfBT è un organismo internazionale no-profit che svolge servizi di supporto alle scuole fra cui ispezioni scolastiche e attiità di guida ai processi di miglioramento. Cfr. https://www.cfbt.com/ 23 materiali di lavoro/gioco didattico, sembrano rappresentare una variabile fortemente determinante il miglioramento della qualità degli apprendimenti degli studenti. Tali sussidi, ade- guatamente strutturati, rappresenterebbero, infatti, non solo mezzi di presentazione e trasferimento del curricolo agli stu- denti, ma anche valide guide di lavoro per i docenti, in funzione dell’erogazione di lezioni efficaci e coinvolgenti. In tal senso, dunque, i materiali didattici dovrebbero essere accuratamente predisposti e continuamente ridefiniti in riferimento allo spe- cifico contesto locale. Se, infatti, in zone dove la presenza di insegnanti altamente qualificati, la rilevanza dei materiali d’in- segnamento così strutturati potrebbe non costituire un valore aggiunto, in luoghi in cui la preparazione dei docenti non risulta sempre adeguata, l’uso di tali supporti didattici rappresenta un elemento irrinunciabile in relazione all’ottenimento di alti livelli d’apprendimento. • Attività intensive di guida e supporto continuo agli insegnanti. Vivendo e formandosi come professionisti in un contesto disa- giato, anche gli insegnanti maggiormente preparati in quello specifico contesto, possono giungere a non possedere suf- ficienti competenze per svolgere adeguatamente i propri compiti. Per tale ragione, si è verificato come fondamentale, in questi particolari ambiti, prevedere frequenti e continue atti- vità di formazione e supervisione dei docenti (Barber, 2013), dirette a preparare gli stessi a svolgere appropriatamente le attività didattiche e a realizzare pratiche convenienti alla spe- cifica situazione locale. Innanzitutto, dunque, l’allocazione delle risorse economiche sui materiali d’insegnamento, e sulla formazione e supervisione degli insegnanti sembra dimostrarsi una strategia vincente per il migliora- mento della formazione nei contesti con poche risorse. Come riferisce Barber (2013, p. 49) in un report sulla situazione di miglioramento della scuola pakistana: 24 by April 2013, teachers will have revised and much improved textbooks aligned to lesson plans (which are being refined to match the new textbooks) and a monthly coaching session with a trained DTE (District Teacher Educators). This lays the foundation for the continuous improvement in teaching quality which has previously eluded not just Punjab, but many similar places across the world. Vi sono, tuttavia, ulteriori elementi che sembrerebbero contribuire a determinare i buoni risultati d’apprendimento degli studenti di questi contesti. • Frequenza e impiego del tempo scolastico. Ricerche condotte in diversi paesi hanno dimostrato che la quantità di tempo dedicato all’impegno scolastico e le modalità con cui gli stu- denti vengono coinvolti nelle attività d’apprendimento a scuola sono fattori profondamente correlati con le acquisizioni scolas- tiche. La quantità di tempo scolastico sarebbe particolarmente importante soprattutto per i “low achievers”, ma, in generale, esisterebbe una diretta relazione causale fra quantità di tempo impiegato per attività scolastiche e apprendimenti ottenuti (Lockheed, 1993/2012; Whelan, 2014). I risultati migliori ver- rebbero raggiunti in quei contesti dove il tempo scuola: a) è massimamente prolungato nel corso dell’anno (massima lun- ghezza lungo l’arco dell’anno); è suddiviso in unità giornaliere svolte in tutti i giorni della settimana (massima frequenza su base settimanale); c) ha durata anche di poche ore al giorno, ma “intensamente” impiegate (more time on tasks). In relazione all’ottenimento di migliori risultati d’apprendimento, risultano inoltreimportanti fattori quali: alti livelli di frequenza da parte degli studenti, bassi livelli di assenza da parte dei docenti, e alti livelli d’attività durante la giornata scolastica. • Uso della lingua madre nei primi anni scolastici. L’uso della lingua madre utilizzata dai bambini all’interno delle famiglie o 25 dei villaggi di provenienza (vs lingua ufficiale del paese) nelle interazioni scolastiche, soprattutto nei primi anni di scolarizza- zione, si rivela un processo di particolare significatività, per dare modo di acquisire le conoscenze di base, la cui appropriazione assicura una successiva positiva progressione lungo i succes- sivi gradi d’istruzione4. Non si tratta, secondo Paran e Williams (2007), solo di un problema linguistico, ma anche socio-cultu- rale. Permettere ai bambini di leggere, scrivere, comunicare nella propria lingua (usata in famiglia o a livello locale), signi- fica proporre attività e concetti a loro familiari, maggiormente comprensibili e quindi “manipolabili”, rispetto a quelli veicolati in una lingua diversa (ad esempio la lingua nazionale). • Strutture o persone? Come spiega Smillie (2013) nel suo libro dedicato all’analisi dell’esperienza dell’organizzazione BRAC (Bangladesh Rural Advancement Committee) in Bangladesh, lo sviluppo e l’apprendimento non dipendono tanto dagli edifici e dalle caratteristiche delle strutture dove sviluppo e appren- dimento avvengono, ma piuttosto discendono da quello che succede dentro agli edifici, e dalle modalità di essere e di agire delle persone che si trovano all’interno di questi stessi edifici. L’autore dimostra che, al di là degli aspetti strutturali e archi- tettonici, e delle specificità locali, sono le persone, con il loro entusiasmo, la loro volontà, capacità di leadership e organiz- zazione a produrre i risultati educativi: persistenza, profondità d’impegno, capacità d’iniziativa, ottimismo, buon senso e valori sono variabili che determinano l’apprendimento molto più pro- fondamente che le strutture in cui questi processi avvengono. • Accountability. Un sistema dove non vi sia un costante e fre- quente processo valutativo, mirato, da una parte a verificare 4 Cfr. ad esempio: School for Life Annual Report (2008); UNICEF (2012); Eisemon et al. (1993) 26 per rendere conto dei risultati (ottenuti o non ottenuti), dall’al- tra a rilevare punti forti e punti deboli, per mettere in atto le successive azioni di riforma e progresso, rischia di “camminare nel buio” e fallire la propria missione. La valutazione come strumento di empowerement “We have learned that democracy is not an event, it is an ongoing process. It is not just about casting votes and changing governments; it is about social justice, accou- ntability and empowerment of the people” (Fakhruddin Ahmed, 2007). Facendo particolare riferimento all’ultimo dei fattori considerati importanti per l’avanzamento dei livelli d’apprendimento degli alunni delle zone più povere del mondo, vorrei proporre un’ultima rifles- sione conclusiva riguardante proprio l’accountability e, in generale, la valutazione. Va rilevato infatti che le considerazioni qui presentate emergono soprattutto da una lettura critica e trasversale dei risultati di processi valutativi quali quelli OCSE PISA e altri messi in atto da organismi quali il CfBT. Ciò a dimostrazione di come tali processi possano costituire fat- tori determinanti nella comprensione dei fenomeni e nella conseguente elaborazione di percorsi a sostegno del miglioramento dei contesti e dei soggetti valutati, così come per lo sviluppo di teorie generali di empowerement. Considerazione, quest’ultima, che potrebbe sembrare scontata, se non fosse che nei sistemi scolastici, soprattutto in alcuni paesi - e cito l’Italia come contesto a me familiare - la valutazione di sis- tema, quale quella messa in atto ad esempio da OCSE PISA o INVALSI, viene spesso osteggiata e per niente o scarsamente considerata, in relazione ai processi di miglioramento del sistema scolastico. Sono invece profondamente convinta, come ricercatrice che da anni si occupa di valutazione scolastica, che i processi valutativi rappre- sentino qualcosa di indispensabile e irrinunciabile in relazione alla possibilità di progredire e migliorare: come singoli insegnanti, come 27 struttura scolastica, come sistema. Al contrario, nella scuola e, in generale, nei sistemi formativi, una scarsa o distorta cultura valutativa, conduce a intendere questo processo esclusivamente come momento di accertamento e giudizio, spesso con conseguenze punitive. La tendenza dell’attuale ricerca sulla valutazione è invece quella di mettere in luce le potenzialità di quell’approccio che concepisce la valu- tazione come una dinamica attraverso cui non limitarsi a controllare, ma piuttosto a perseguire sviluppo, apprendimento, miglioramento. E’ in tal senso che oggi, in ambito di ricerca educativa, tanto suc- cesso riscuotono approcci come quello dell’Assessment for Learning (Brown, 2014; Sambell, McDowel, Montgomery, 2013) o del’ Intelligent Accountability (Cowie, Taylor & Croxford, 2007): la valutazione è per l’apprendimento e l’empowerement, e deve focalizzarsi e avere lo scopo di supportare l’apprendimento e produrre miglioramenti. E’ in quest’ultima funzione che i processi valutativi si dovrebbero ritenere indispensabili ai fini dell’avanzamento dell’apprendimento e d’innalzamento della qualità della scuola. E’ in tal senso che la valutazione dovrebbe essere considerata un “elemento interno” all’educazione e un fattore indispensabile per il suo continuo progresso. References: Barber M. (2013). The good news from Pakistan. Reform Research Trust. In http://www.reform.uk/wp-content/uploads/2014/10/The_good_ news_from_Pakistan_final.pdf/ [15.10.15]. Brown, S. (2014). Learning, Teaching and Assessment in Higher Education. Global Perspectives. Palgrave Macmillan. Center for Global Development (2015). The Pivot from Schooling to Education. Research On Improving Systems Of Education (Rise). Vision Document 1. In http://www.ukcds.org.uk/sites/default/files/content/ resources/RISE%20Vision%20document%201.pdf 28 Claxton, G. (2001). Wise-up: The challenge of life-long Learning. Stafford: Network Educational Press.Cowie, M., Taylor, D. & Croxford, L. 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(Paulo Freire) A avaliação no Ensino Básico é um dos pontos nevrálgicos da educação no Brasil. Em muitos casos, em outros países com menos recursos que o Brasil e por processos diversos, minimizaram seus resultados negativos na qualidade da educacão e obtiveram melhores desempenhos. Tais resultados, aparecem tanto nas avaliações inter- nas quanto externas. Nesta direção aumentam as apreensões entre professores, gestores, pesquisadores e políticos da área da Educação sobre o significado que se dá ao termo qualidade quando se trata da responsabilização de pessoas diretamente envolvidas no processo - professores e alunos (ALAVARSE; BRAVO; MACHADO, 2013; OLIVEIRA, 2011; BONAMINO; FRANCO, 1999). Essa apreensão permeia os discursos das escolas a partir dos anos 1990 e se consolidam nos dias atuais como uma das principais inquietações das escolas na medida em que as atividades escolares e as vidas de alunos e professores tornam-se atreladas, aos processos avaliativos estranhos às suas práticas cotidianas. As mudanças expres- sivas no ingresso ao curso superior com a substituição/associação do Vestibular pelo/ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) assustam 33 alunos oriundos das escolas públicas e assombram os alunos de esco- las privadas, ou, ainda, o sistema de remunerações compensatórias prometida a professores e gestores com as elevações das notas dos alunos nos resultados de Provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), da Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e da Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Prova Brasil) dentre os diversos mecanismos políticos externos à vida escolar. Neste contexto, com o intuito de ouvir os protagonistas dos cenários da avaliação na Escola Básica no país e de se ampliar esse panorama incluindo atores de outros países, reeditou-se o IV Colóquio Internacional Educação Cidadania e Exclusão: Didática e Avaliação (IV CEDUCE) no âmbito da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É a partir de algumas discus- sões resultantes desse evento que se apresenta este artigo. Primeiro serão recapitulados aspectos que permeiam os processos de ensino e aprendizagem e que implicam diretamente na avaliação. A seguir serão sintetizados encaminhamentos resultantes dos trabalhos e discussões apresentadas durante o IV CEDUCE. Por último, serão delineadas ten- dências em avaliação na contemporaneidade oferecendo subsídios para mudanças possíveis no campo educacional. Aspectos sociológicos, psicológicos e pedagógicos na avaliação Alertando para o fato de que os aspectos sociológicos, psicológi- cos e pedagógicos são indissociáveis, pressupõe-se que a avaliação se dá no âmbito da escola, de suas salas de aula e em interações entre professor-aluno, aluno-aluno, conteúdo-vida mediados pelos contextos didáticos. Na tentativa de orientar a discussão que se deu no âmbito do IV CEDUCE e ainda tendo como apoio as pesquisas do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) que ouviram, descreve- ram e interpretaram as vozes dos alunos participantes numa postura etnográfica (MATTOS, 2015; MATTOS; CASTRO, 2010, 2011; GRION, 2014) passa-se a levantar algumas representações da escola que tem 34 reflexo na contemporaneidade situando esses três aspectos como eixos centrais para os estudos do tema. Aspectos sociológicos Nos anos de 1970, os aspectos sociológicos mais destacados em pesquisas da área da Educação eram aqueles originários do questionamento sobre a origem familiar e social dos alunos. Assim, professores passaram a justificar os resultados escolares de seus alunos através das análises dos aspectos sociais, geográficos e fami- liares. Neste período surge a corrente sociológica associada à prática educacional que questionava tanto os fatores imanentes ao sujeito (aluno) como inteligência, raciocínio e memória que eram valorizados pela Escola Tradicional, além dos fatores comportamentais como: téc- nica, habilidades e adequação, valorizados pela Escola Tecnicista. Nos anos subsequentes, a sociologia passa a desempenhar um papel determinante nos estudos sobre os processos educativos. A teoria da reprodução (BOURDIEU; PASSERON, 1970), dentre muitas, domina- ram o cenário de processos autoritários em avaliação. A teoria da reprodução, por ser crítica à memorização do conteúdo e a primazia do domínio de técnicas e habilidades que permeavam os processos de avaliação predominantes na Escola Tradicional, tem um valor inestimável para o desenvolvimento de uma pedagogia e uma avaliação mais centrada no contexto do que no sujeito. A grande con- tribuição das teorias sociológicas para os processos avaliativos é a revelação de que a natureza do indivíduo não é responsável sozinha pelo seu sucesso ou fracasso na escola. Os dados do Censo demográfico de 1980 apontavam que umaem cada três crianças não conseguia ingressar na escola (IBGE, 1983). Nas áreas rurais metade das crianças não frequentavam as escolas e no Nordeste do Brasil a situação era ainda mais aguçada. O problema vai além, pois grande parte daqueles que ingressavam na escola nunca conseguiam dela sair com aproveitamento e os índices de reprovação e repetência eram alarmantes. A maior crítica às teorias sociológicas 35 foi que elas transferiram a culpabilidade pelo fracasso da natureza intelectual do aluno para o natureza social dele. Entretanto muitos estudos e pesquisas apontam que, na prática, os fatores sociológicos contribuíram para que na sala de aula, o aluno fosse percebido numa dimensão mais ampla, isto é, sem desvinculá-lo do contexto social em que vive, de sua realidade (MATTOS; CASTRO, 2005). No Brasil, destacamos os estudos sobre currículo publicados por Silva (1995, 2003), os inúmeros trabalhos influenciados por Giroux (1984, 1986) e Bourdieu (1986), assim como as reflexões sobre avalia- ção nos trabalhos de Luckesi (2005, 1990), Brandão (1982), que muito contribuem para as mudanças ocorridas na época. Aspectos psicológicos Mudando de contorno do social para o individual ao final dos anos de 1990, as pesquisas retomam a valorização dos aspectos psicoló- gicos inerentes a avaliação. Nesta corrente, Piaget (1956) e Vygotsky (1993) foram os que mais contribuíram para os estudos da avaliação dos processos educacionais, em especial destacamos aspectos rela- cionados ao ensino da leitura e da escrita no início do processo de escolarização da criança. Podemos destacar que a epistemologia genética de Piaget (1956) e sua teoria de desenvolvimento passam a nortear as práticas pedagógicas de modo a questionar a adequação dos conteúdos curriculares às práticas de alfabetização, assim como os estudos a ele associados como os de Ferreiro e Teberoski (1986). Inciam-se nas escolas as práticas de relatórios individuais não somente elencando as notas dos resultados escolares dos alunos, mas ainda os comportamentos a elas associados como forma de mapear o rendi- mento de cada aluno. Os processos avaliativos que perpassam aspectos psicológicos como a construção coletiva entre professores e alunos, exige destes um questionamento diante o conhecimento a ser avaliado, isto é, do como se aprende. A maior contribuição neste sentido veio de Vygotsky (1994) com a teoria sobre a zona de desenvolvimento proximal, onde 36 o professor passou a ser entendido como um agente mediador do conhecimento a ser assimilado pelo aluno, e o aluno passou a ser visto como um portador de saberes que, embora distante dos saberes do professor, se aproximaria do conhecimento deste face a interação em sala de aula. Quem melhor capta esta ideia embora não se refira ao autor é Paulo Freire (1989) quando faz uso da metáfora da ‘rua’ para falar sobre ensinar e aprender. Dizia ele que ensinar e aprender é como atravessar uma rua. O professor conhece a rua e leva o aluno a atravessá-la, ao atravessar a rua o aluno passa a conhecê-la, daí em diante não precisará mais do professor para fazer o percurso, pois a rua já será conhecida. Dos fatores psicológicos, podemos destacar ainda a importância dos estudos sobre cognição para a área de avaliação. Esses são res- ponsáveis pelo melhor entendimento da natureza dos processos de aquisição do conhecimento, mas que por terem sido embrulhadas sob o rótulo de teorias, ficaram distantes do entendimento do professor. O que se vê na prática (PATTO, 1997; BRANDÃO, 1982; GATTI, 1977) é que os estudos sobre o fracasso escolar apontam para um retorno às causas psicológicas substituindo às sociológicas como justificativas para a situação de alunos e alunas multirepetentes e excluídos por um processo que ficou conhecido com a ideologia da profecia autorealiza- dora com ênfase na psicologização do fracasso escolar. A avaliação escolar continua a ser uma questão intrincada no domí- nio dos aspectos psicológicos, as contribuições de Patto (1991) são importantes marcos neste percurso, entretanto não conseguiu abalar até hoje os processos de psicologização nas avaliações e seus resul- tados que culminam com a medicalização dos alunos e alunas que persiste ainda com vigor na escola contemporânea (CASTRO, 2006). Aspectos pedagógicos Para analisar os aspectos pedagógicos que influenciam a avaliação dos processos de ensino-aprendizagem não se pode evitar a questão política que eles envolvem, como: educação pública de qualidade; 37 maiores investimentos em prédios escolares; melhor formação para professor em cursos universitários, remuneração digna para profis- sionais da educação (professores, orientadores, diretores, pessoal de apoio); políticas curriculares sensíveis às práticas pedagógicas, medições mais justas quanto a qualidade do ensino. Além disso, vale destacar as diferentes forma de organização escolar (tempo integral, educacão infantil, programas compensatórios, escolas de aplicação, ranqueamento e seleção das turmas, ampliação do atendimento em mais anos escolares, dentre outros). Os diferentes contornos exis- tentes nas escolas públicas pós-modernas e que são amplamente conhecidos. Neste sentido o caráter político-pedagógico da escola se fragiliza cada vez mais e quase que se destitui de sua função educativa, tor- nando-se cada vez mais burocrática e procedural. Ao deitar-se o olhar para a escola, vê-se que ela sofre: da falência, da burocracia em dema- sia, do descaso político, dos imperativos do poder exacerbado dos sistemas de governo, da falácia sobre teorias alimentadas pela bana- lização das práticas e pelo despreparo técnico de seus profissionais. O fator pedagógico que mais se evidencia como problema para a avaliação é a formação inadequada do professor que, com devidas considerações de culpabilidade, da academia que os forma, são os responsáveis efetivos pelo empreendimento educacional e cultural que constituem a profissão (CONNELL, at al., 1982). O professor, tenta sem êxito, entender os mecanismos governamentais e propostas teó- ricas impostas às escolas pelos sistemas de ensino, pelas leis, pelos parâmetros nacionais de currículo, pelas normas e regulações fede- rais, estaduais, municipais e extra escolares como os conselhos de escola. Connell (2010), continua a investigar o significado de ser um bom professor junto a professores australianos e conclui apontando para as dificuldades que os mesmos tem na busca de entendimento sobre transposição das teorias pedagógicas para a prática de sala de aula. Nas teias burocráticas e procedurais da escola o professor se encontra diante de um aluno que não foi aquele descrito pelas teorias 38 (FAGUNDES, 2013) e sim o seu vizinho, o estranho, o menino que pode a qualquer momento ser também o seu algoz, nas ruas violentas dos arredores das escolas brasileiras. Somente para falar sobre um dos nós mais bem atados nós dos aspectos pedagógicos se pode citar os sistemas de avaliações nacio- nais, estaduais e municipais que chegaram as escolas a partir dos anos 1980 e que a engessam (SÁ BARRETTO; ZÁKIA, 2005). O exacerbado poder central em busca por melhor desempenho das escolas nas esta- tísticas, utilizam a avaliação como moeda de troca com promessas de melhorias das condições de trabalho e de bônus sobre produtividade para professores e dirigentes e, ainda, da avalanche de bolsas de incentivo docente que maquia a remuneração com insumos que podem ser retirados sem aviso e sem compromisso político dos governos. Neste contexto uma das faces do pedagógico da avaliação está nos diferentes arranjos de sala de aula e dos alunos tanto, entre os diferentes anos escolares, quanto no interior deles. Os alunos em seus espaços/tempos são manipulados com as justificativas da adequação idade-série, ou da superação da assimetria das competências entre eles, em especial nas classes iniciais. Na resolução desses problemas e na solução de seus arranjos,os gestores e professores esbarram com a valorização dada pelo professor à avaliação meritocrática, assim como com a avaliação baseada na medição do desempenho desenvol- vida por organismos externos à escola e na aquiescência do professor a essa manipulação na busca de facilitar seu trabalho com a ilusão de classes mais homogêneas. Tendências em avaliação na contemporaneidade . No sentido oposto, vemos que houve avanços nas políticas pedagó- gicas com a ampliação do acesso de quase totalidade das crianças às escolas no final dos anos 1990 e na adoção de teorias interacionistas, que muito contribuíram para a solução dos problemas educacionais relativos a avaliação. As salas de aula, neste contexto, passam a serem entendidas como um espaço de construção e a avaliação dos 39 processos educacionais passa a ser encarada pelo professor como uma rotina, sem um momento especial, aliviando a tensão existente entre - processo e produto educacional, onde o aluno é resultado de um teste, uma prova ou outro instrumento avaliativo, dado num deter- minado momento da aprendizagem. Na contramão das teorias e de sua vivência pelos professores chegam com muita força as avaliações externas que se institucionalizam e passam a comandar as práticas pedagógicas. Dito que a realidade é opaca (GINZBURG, 1989) é preciso que seja revelada através de indícios e pistas imbricadas nos contextos de sua origem. Assim, ao se voltar o olhar para a avaliação dos processos edu- cacionais e sobre as medições do aprender nos deparamos com seus acessórios mais visíveis como: exames; provas; trabalhos individuais e em grupo, exercícios a serem realizados em sala em casa valendo nota, além de muitos outros aparatos pedagógicos avaliativos que se passa em sala de aula e na escola. Entretanto, esses procedimentos tem uma característica comum que é contar como aferição da aprendi- zagem ou do aproveitamento do aluno. Em geral eles aferem apenas o conteúdo previsto para a série/ano escolar, ou dado em aula; e estão associados à clareza – se foi realizado como foi solicitado; limpeza – se a apresentação foi esmerada; objetividade – se foi conciso e obje- tivo, dentre inúmeros valores que se atribuem a cada tarefa e a todas elas. Esses aparatos pedagógicos servem ainda como motivação para que o aluno permaneça na tarefa de aula, ou motivado a caminhar nos conteúdos de acordo com as aulas dadas pelo professor, visto que de um modo geral os professores utilizam-os como forma de convencer os alunos a prestarem atenção nas aulas, ou a permanecerem quietos. Não raro, alunos e alunas são alertados que o conteúdo tratado vai cair na prova, portanto eles servem não somente como motivadores, mas como uma forma de intimidação ao aluno desatento. No tocante às provas, propagam-se de modo alarmante as diferen- tes formas de avaliações externas às atividades de sala de aula com as provas nacionais e internacionais que visam a medir a qualidade do ensino em determinados conteúdos que se pretendem universais. 40 Assim, temos o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) que surge oficialmente com o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, por meio do Decreto n. 6.074, de 24 de abril de 2007 (BRASIL, 2007). O Ideb, sob a responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), é um indicador de qualidade educacional que combina informações de desempenho em exames padronizados (Prova Brasil ou Saeb) – obtido pelos estudantes ao final das etapas de ensino (5ª e 9ª anos do ensino fundamental e 3ª ano do ensino médio) – com informações sobre ren- dimento escolar (taxa média de aprovação dos estudantes na etapa de ensino). No Art. 3, do Decreto n. 6.094, de 2007 é apresentada uma visão extremamente objetiva do potencial do Ideb como indicador da quali- dade da escola: Art. 3. A qualidade da educação básica será aferida, objetivamente, com base no Ideb, calculado e divulgado periodicamente pelo Inep, com base nos dados sobre rendimento escolar, combinados com o desempenho dos alunos, constantes do censo escolar e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), composto pela Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Prova Brasil) (BRASIL, 2007). A avaliação é marcada pela reestruturação das formas usuais de arranjos da sala de aula e por alguns procedimentos como: ordenações e diferenciações da salas de aulas, avaliação da organização curricu- lar através dos livros e de procedimentos burocráticos como diários de frequência de alunos e relatórios de aproveitamento; os processos e programas compensatórios que visam a reorganização das classes, superação da defasagem idade-série e dificuldades escolares como: Bloco Único; Ciclos de Aproveitamento; Classes de Progressão; Mais Educação; Amigos da Escola, Acelera, Correção de fluxo, dentre mui- tos que se tem visto no dia-a-dia da escola. 41 Existe ainda um Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, um programa do MEC, que se configura como um compromisso assu- mido entre o governo federal, estadual e municipal que pretende alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental, instituído pela portaria nº 867 de 4 de julho de 2012 (BRASIL, 2012). Esses rearranjos da sala de aula se dão, de certa forma, na tentativa frustrada de que se formem classes homogêneas e assim adequarem os alunos a idade/série e ainda por rendimento dos alunos nas classes anteriormente cursadas, recurso este largamente utilizado nas politi- cas públicas, nacionais e internacionais, com maior destaque para as escolas dos Estados Unidos da América com a Lei intitulada ‘No Child Left Behind’ [Nenhuma criança deixada para trás]1, que tinha como uma das normas que todos os professores da rede estariam em uma determinada página de um determinado livro a cada dia. Portanto, engessava o processo de ensino não somente focando no livro e no conteúdo, como também, demolindo as teorias de desenvolvimento cognitivo da criança e a autonomia pedagógica dos professores. Este período entre 2002 e 2010 marca um dos maiores retrocessos dessas escolas nos últimos anos. No Brasil, o autoritarismo dos governos sobre as escola marca o movimentos liderado pelos pais e responsáveis pelos alunos que opta- ram por demonstrar publicamente a luta pela retenção de seus filhos nas escolas, depois da adoção da promoção automática determinada pelo dirigente do Sistema de Ensino (RIO DE JANEIRO, 2007). Contraditória, a decisão dos pais era clara de que se com a retenção escolar os alunos não estavam aprendendo nas escolas, sem retenção chegariam ao final da escola básica sem saberem sequer ler e escrever. O que, em muitos casos, ainda é verdadeiro. Embora se saiba que a repetência influência negativamente o progresso dos alunos (UNESCO, 2015). 1 Presidente George W. Bush assinou a Lei 107–110 de 8 de Janeiro de 2002 No Child Left Behind (NCLB) que foi reformulada pelo President Obama em 2010. 42 Neste ponto a questão da relação entre a meritocracia e o desem- penho acadêmico aparece neste texto como mais um viés pelo qual a avaliação e suas mazelas tem sido justificada. Em conclusão, citando o sociólogo e filósofo alemão Theodor Adorno (1995), na sociedade, que tudo administra, tudo controla, tudo planeja para a reprodutibilidade da lógica mercadológica resta ao pesquisador estudar essa lógica e dela depreender o que se quer na realidade com o que se tem feito com a escola. Ao discorrer sobre o ajuste do indivíduo Adorno disse: A educação seria impotente e ideológica se ignorasse o objetivo de adaptação e não preparasse os homens para se orientarem no mundo. Porém ela seria igual- mente questionável se ficasse nisto, produzindo nada além de well adjusted people, pessoas bem ajustadas, em consequência do que a situação existente se impõe precisamente no que tem de pior. Nestes termos, desdeo início existe no conceito de educação para a consci- ência e para a racionalidade uma ambiguidade. Talvez não seja possível superá-la no existente, mas certa- mente não podemos nos desviar dela (ADORNO, 1995 p. 143-144). Tendo em mente o valor dos processos adaptativos que à educação se impõe, a negação da subordinação às mudanças alheias a sua von- tade que caracteriza a luta constante da humanidade e ainda o dever da consciência crítica de que deve se impor as mudanças na educação passamos a considerar os indicadores que orientaram esse momento de reflexão sobre as práticas avaliativas que vem se imponto como característica da escola neste início de século. Em síntese, na primeira parte deste artigo apontou-se a influência dos fatores sociológicos, psicológicos e pedagógicos numa aborda- gem histórico-conceitual. Como já anunciado, a seguir apresenta-se os resultados do IV Colóquio Internacional Educação Cidadania e Exclusão: Didática e Avaliação (IV CEDUCE) com destaque para o tema avaliação. 43 Contribuições do IV CEDUCE A quarta edição do Colóquio Internacional Educação Cidadania e Exclusão: Didática e Avaliação, realizou-se nos dias 29 e 30 de junho de 2015 nas dependências da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, compareceram mais de 1600 partici- pantes entre alunos de graduação e de pós-graduação, professores, pesquisadores e especialistas em Educação de todo o Brasil e do Exterior. Foram apresentadas 29 conferências e 9 minicursos, além de duas sessões especiais e 22 entrevistas com os especialistas que compareceram ao evento. No evento, 798 trabalhos resultantes de pesquisas foram apro- vados, nestes predominaram os temas gerais contando com 466 trabalhos sobre Educação Cidadania e Exclusão e nos tema especí- ficos contou-se com 166 trabalhos em avaliação e 105 em Didática. Portanto, 23% dos textos apresentados versavam sobre avaliação. Espera-se que, ao delinear os pontos que emergiram dos trabalhos, conferências e discussões floreçam encaminhamentos para pesquisas no campo da avaliação. Com um número expressivo de participantes o IV CEDUCE con- tou com a presença de pessoas oriundas de vários Estados do Brasil (Amazonas, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Acre, São Paulo, Minas Gerais, dentre outros), da América do Sul (Argentina, Bolívia, Peru, Colômbia, etc.) da África (Moçambique Angola, Guiné-Bissau, etc.) da Europa (Itália, Portugal, Espanha etc.) e também do Paquistão. Esta multiplicidade de pertencimento geográfico dos participantes foi de vital importância para certificar que o tema do evento teve um apelo intercultural na área da Educação. A escolha do temas centrais – Didática e Avaliação - demonstrou ter pertinência na medida em que empresta valor a preocupação geral com as avaliações externas de caráter nacional e internacional que tem produzido contrastantes entre países apelando para uma compe- tição desleal em termos econômicos, culturais e acadêmicos. 44 Esse amalgamo de pessoas demonstra ainda a apreensão com o imperativo mercadológico que envolve o ensino, visto que na interação socioeducacional não se pode desprezar a importância das tecnologia digitais que permeiam as escolas e os sistemas escolares, com especial destaque dado aos cursos a distância cujo alvo principal é a formação dos professores ao longo da vida num processo contínuo. Ilustra também a dimensão da globalização que afeta a Educação pela sua diversidade inter-multidisciplinar. Esses participantes ori- ginários de diferentes área do conhecimento que convergem para a Educação advertem para o fato de que existe uma visão dicotômica entre os conteúdos nas diferentes disciplinas ministradas pela escola ao mesmo tempo que uma apreensão quase que generalizada com a baixa qualidade do ensino. Portanto, da diversidade de participantes apreendeu-se que existe um interesse comum pelo tema do evento, em especial sobre avaliação e uma preocupação genuína com aspectos da realidade digital que permeia a escola assim como o compartilhamento de interesses entre os agentes de diferentes área do conhecimento com a Educação, em especial de iniciativa pública com a qualidade do ensino e suas formas de medida. Um segundo ponto que aparece nos textos do IV CEDUCE é a dificuldade expressa nos trabalhos sobre o que vem a ser avaliação institucional num paradigma meritocrático. Confunde-se a função das menções e bônus como forma de recompensa às escolas e aos pro- fessores com base em avaliações externas com as formas procedurais de medidas do aproveitamento escolar dentro do processo de esco- larização. Por um lado entende-se que no paradigma meritocrático o aluno passa a ser cliente e não parceiro no processo de ensino e aprendizagem provocando a desconstrução de modelos de avaliação construtivistas e sobrepujando o modelo de recompensas por acerto e erro. Por outro, considera-se que a academia tem um papel funda- mental que é o de esclarecer ao jovem professor como se opera os níveis formais e informais que confere valor nos diferentes processos avaliativos e suas fundamentações teórico-conceituais. 45 Assim se faz premente que o compartilhamento entre pesquisa- dores, jovens e sêniores, na promoção de pesquisas com as escolas e não somente sobre elas, com os alunos e não sobre os alunos, com o professor e não sobre ele. De modo que na transposição das teorias para a prática pedagógica, a pesquisa possa servir de base efetiva para a produção do saber docente. Aqui se destacam as pesquisa que visam a melhoria das escolas e a questão da Didática na prática do professor. O terceiro item que se destaca nos textos é a necessidade de enfren- tar as diversidades das minorias socioeducacionais como um desafio para todas as escolas, evitando assim que velhas formas de subordi- nação das minorias se perpetuem como novas formas de avaliação. Em especial, notou-se a preocupação genuína com as especificidades das populações rurais e indígena, assim como a necessidade de estudos sobre as escolas problemáticas e seus alunos desfavorecidos. Em seguida um grande número de trabalhos revelou a existência de imposições neoliberais de medidas avaliativas ao sistema educa- cional, com destaque para as avaliações externas e seus efeitos na organização da escola, assim como a preocupação com a alfabetização que é vista como um nó da escola básica. Neste ponto permanece o apelo dos estudiosos desta área sobre a importância de se enfatizar as contribuições de Paulo Freire para o processo de ensino aprendiza- gem e avaliação na escola. Cresce ainda a indicação das necessidades de se estabelecer uma relação efetiva entre a escola e o mundo do trabalho. Assim com a necessidade de reformulação do papel do livro didático na relação entre a escola e o conhecimento. Finalmente, neste sentido, é crescente o interesse para que em avaliação se considere tanto os aspectos formais quanto informais de construção do conheci- mento pelo aluno. Em conclusão, os pontos que emergiram dos trabalhos apontam para uma apreensão com a banalização das violências da/na escola e entre alunos das escolas. Esse clima escolar é marcado pelo que foi des- crito como o fim das certezas, os tempos de caos, as desconsiderações de valores que representavam a escola e o saber acadêmico. Temor 46 de que as formulações e reformulações não mais se assentem em leis e princípios, mas sim em demandas econômicas e panfletárias sobre o que é Educação. Entretanto, em contradição a essa sensação de incer- teza surge uma voz que se nutre das probabilidades e das certezas não construídas e que podem ser construídas a partir da Educação. Avaliação: - caminhar para onde? Nos textos que se apresentaram no IV CEDUCE, nota-se uma ten- dência a valorização da avaliação significativa emancipatória que remonta a década de 1980 (SAUL, 1988), a qual se aproxima da noção de processos avaliativos em rede (MACHADO, 1998), se distanciando das noções lineares
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