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Noções básicas de direito processual constitucional e a proteção dos direitos fundamentais

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Universidade regional do noroeste do estado do rio grande do sUl – UnijUí 
vice-reitoria de gradUação – vrg 
coordenadoria de edUcação a distância – cead 
coleção educação a distância
série livro-texto
Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil
2013
elenise Felzke schonardie
noções básicas de direito 
processUal constitUcional e a proteção 
dos direitos FUndamentais
 2013, Editora Unijuí
 Rua do Comércio, 1364
 98700-000 - Ijuí - RS - Brasil 
 Fone: (0__55) 3332-0217
 Fax: (0__55) 3332-0216
 E-mail: editora@unijui.edu.br
 Http://www.editoraunijui.com.br
Editor: Gilmar Antonio Bedin
Editor-adjunto: Joel Corso
Capa: Elias Ricardo Schüssler
Designer Educacional: Jociane Dal Molin Berbaum
Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa: 
Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste 
do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil)
Catalogação na Publicação: 
Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí
S363n Schonardie, Elenise Felzke.
 Noções básicas de direito processual constitucional e a proteção 
dos direitos fundamentais / Elenise Felzke Schonardie. – Ijuí : Ed. 
Unijuí, 2013. – 62 p. – (Coleção educação a distância. Série livro-
texto).
 ISBN 978-85-419-0062-1 
 1. Direito. 2. Direito processual constitucional. 3. Direitos fun-
damentais. I. Título. II. Série. 
 CDU : 34 
 347.9
Sumário
ABREVIATURAS .............................................................................................................................5
CONHECENDO A PROFESSORA ................................................................................................7
APRESENTAÇÃO ...........................................................................................................................9
UNIDADE 1 – A JURISDIÇÃO E JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL ....................................11
Seção 1.1 – Breves Apontamentos ................................................................................................11
UNIDADE 2 – O CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE ................................................15
Seção 2.1 – O Sistema Brasileiro de Controle da Constitucionalidade das Leis .......................15
Seção 2.2 – Do Controle Concentrado da Constitucionalidade ..................................................22
Seção 2.3 – Da Intervenção do Amicus Curiae ...........................................................................32
UNIDADE 3 – A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DOS DIREITOS 
 FUNDAMENTAIS DO HOMEM .......................................................................35
Seção 3.1 – Dos Direitos e Garantias Fundamentais ..................................................................35
UNIDADE 4 – OS PROCEDIMENTOS CONSTITUCIONAIS EM ESPÉCIES ......................39
Seção 4.1 – Ação Civil Pública .....................................................................................................40
Seção 4.2 – Ação Popular ..............................................................................................................41
Seção 4.3 – Habeas Corpus ...........................................................................................................42
Seção 4.4 – Habeas Data ..............................................................................................................44
Seção 4.5 – Mandado de Segurança (individual e coletivo) – lei n. 12.016/09 .........................45
Seção 4.6 – Mandado de Injunção ...............................................................................................48
Seção 4.7 – Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) .................................................49
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................51
ANEXO 1 – LEI N. 9.868/99 .........................................................................................................53
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noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentaisAbreviaturas
ADC ou Adecon ................................................ Ação Direta de Constitucionalidade 
ADI ou ADIn ..................................................... Ação Direta de Inconstitucionalidade
ADInO................................................................ Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão
ADPF ........................................................................ Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
Aime .................................................................. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo 
AP ...................................................................... Administração Pública
CE ..................................................................... Constituição Estadual
CF ...................................................................... Constituição Federal
CP ...................................................................... Código Penal
CPC ................................................................... Código de Processo Civil
CPP ................................................................... Código de Processo Penal
EC ..................................................................... Emenda Constitucional
HC ..................................................................... Habeas Corpus
HD..................................................................... Habeas Data
MI ..................................................................... Mandado de Injunção
MIC ................................................................... Mandado de Injunção Coletivo 
MS .................................................................... Mandado de Segurança
MSC .................................................................. Mandado de Segurança Coletivo
PGR ................................................................... Procurador Geral da República
PGJ .................................................................... Procurador Geral de Justiça 
RE ...................................................................... Recurso Extraordinário
RESP ................................................................. Recurso Especial
RGS ................................................................... Rio Grande do Sul
RISTF ................................................................ Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal
RO ..................................................................... Recurso Ordinário
STF .................................................................... Supremo Tribunal Federal
STJ .................................................................... Superior Tribunal de Justiça
STM .................................................................. Superior Tribunal Militar
TSE ................................................................... Tribunal Superior Eleitoral
TST .................................................................... Tribunal Superior do Trabalho
TRE ................................................................... Tribunal Regional Eleitoral
TRF .................................................................... Tribunal Regional Federal
TRT .................................................................... Tribunal Regional do Trabalho
TJ ...................................................................... Tribunal de Justiça
EaD
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noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentaisConhecendo a Professora
elenise Felzke schonardie
Natural de Ijuí, RS, é doutora em Ciências Sociais pela Unisinos 
(2010). Formou-se em Direito pela Universidade Regional do Noroeste 
do Estado do RS – Unijuí (1997) e possui Mestrado em Direito pela Uni-
versidade de Santa Cruz do Sul (2001). Atualmente exerce a advocacia,é professora do Programa de Mestrado em Direitos Humanos da Unijuí, 
vinculada à linha de pesquisa “Direitos Humanos, Meio Ambiente 
e Novos Direitos” e professora da Graduação do curso de Direito da 
Unijuí e da Universidade de Passo Fundo – UPF. Tem experiência na 
área de Direito e Ciências Sociais, com ênfase em Direito Ambiental, 
Constitucional, Econômico e Empresarial, atuando principalmente nos 
seguintes temas: direito penal ambiental, dano ambiental, instrumentos 
processuais de proteção ambiental, agentes públicos e responsabilida-
de ambiental, sustentabilidade, desigualdades sociais, meio ambiente 
urbano, direito econômico e controle de constitucionalidade. É autora 
de várias obras jurídicas, dentre elas: Dano ambiental: a omissão dos 
agentes públicos; Ambiente e Justiça Ambiental; e inúmeros artigos e 
capítulos de livros.
EaD
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noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentaisApresentação
O Direito Processual Constitucional, como disciplina específica, tem por escopo o estudo 
dos instrumentos necessários para efetivar os preceitos estabelecidos na Constituição Federal e 
compreende o rol de normas e princípios processuais que tem por finalidade regular a jurisdi-
ção constitucional. De um lado, abrange a tutela constitucional dos princípios fundamentais da 
organização judiciária e do processo; de outro, a jurisdição constitucional. 
Para doutrinadores processualistas constitucionais “O processo constitucional visa a tutelar 
o princípio da supremacia da Constituição, protegendo os direitos fundamentais. Várias ações e 
recursos estão compreendidos nessa esfera protecionista e garantista” (Baracho, 2008, p. 45). E 
mais, há que se compreender que o processo constitucional não é apenas um direito instrumental, 
mas uma metodologia de garantia dos direitos fundamentais, preceituados na Carta Magna.
O professor Baracho (2008), utilizando-se das lições de Chivenda, refere que a relação 
processual é de movimento, pois trata-se de ação (atuação, batalha, combate), enquanto as par-
tes e o juiz se ocuparem da relação substancial que é o objeto do juízo, vivem eles mesmos uma 
atuação que desenvolve em razão das suas atitudes (do procedere). Inicialmente é necessário 
observar, no que se refere às partes e ao juiz, se a relação está validamente constituída, pelo que, 
preliminarmente, examina-se se estão presentes as condições para proceder essa operação. 
Por intermédio da relação processual que se estabelece, apreende-se a condição de litigante/
demandante de quem solicita a atuação judicial, bem como o interesse que serve de base para a 
obtenção da intervenção judicial pleiteada. O sujeito que recorre à jurisdição adota uma postura 
que exige a pretensão. Assim, deve demonstrar a solidez, com fundamentação. O conteúdo da 
pretensão é o direito material que se faz valer em juízo. Na pretensão, “o direito material e o di-
reito subjetivo de ação consolidam-se na demanda, que é o ato processual específico” (Baracho, 
2008, p. 47).
É importante lembrar que o processo judicial é o conjunto de atos dirigidos para cumprir 
uma finalidade: aplicação da norma, investigação de um fato, solução de um conflito, etc. E que 
o procedimento é a sequência de atos coordenados, a maneira como o processo se exterioriza e 
se materializa no mundo jurídico. Ou seja, o procedimento é a expressão visível do processo. 
Considerando que o Direito Processual é o conjunto de princípios e normas que disciplinam 
a aplicação, ao caso concreto, das normas de Direito material, pode-se afirmar que o processo tem 
uma finalidade instrumental, garantista e sociopolítica, na medida em que os institutos de Direito 
Processual Constitucional podem atingir sua finalidade, que é investigar a verdade e distribuir 
justiça (Siqueira Júnior, 2011). Dessa forma, o processo constitucional assegura a vontade da 
Constituição e consagra o bem comum do Estado Democrático e Social de Direito. 
EaD
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noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentaisUnidade 1
a jUrisdição e jUrisdição constitUcional
objetivos desta Unidade
Compreender o que significa a jurisdição, em especial a jurisdição constitucional, a im-
portância acerca da independência e separação dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário 
para o Estado Democrático de Direito.
a seção desta Unidade
Seção 1.1 – Breves Apontamentos
seção 1.1 
breves apontamentos
1A função jurisdicional exercida pelo poder Judiciário tem 
por objetivo aplicar o Direito aos casos concretos a fim de dirimir 
conflitos de interesses. O poder de aplicar a lei ao caso concreto, 
com a autoridade da coisa julgada, o que torna as decisões judiciais 
imutáveis, é tarefa afeta ao poder Judiciário, que o faz por intermé-
dio de seus membros – juízes, desembargadores e ministros. 
1 Disponível em: <http://www.jornalcidadeaberta.com.br/noticias/geral/geral/inaugurado-centro-judiciario-de-solucao-
de-conflitos-e-cidadania-em-osvaldo-cruz/>. Acesso em: 14 abr. 2013.
(Footnotes)
1 2 Disponível em: <http://www.concursospublicos.pro.
br/ultima-palavra-da-jurisprudencia/concursos-publicos-jurispru-
dencia-stf-constitucional-controle-constitucionalidade-lei-estadual-
atuacao-agu-vacancia-cargo-governador-escolha-ministro-quinto-
porte-municao-tipicidade-regime-tributario>. Acesso em: 14 abr. 
2013.
3 Disponível em: <http://lucileyma.blogspot.com.br/2011/04/
direitos-fundamentais-assedio-moral-no.html>. Acesso em: 14 abr. 
2013.
4 Disponível em: <http://artur-moritz.blogspot.com.
br/2010/07/stf-limita-recebimento-de-habeas-corpus.html>. Acesso 
em: 14 abr. 2013.
EaD
elenise Felzke schonardie
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Assim, a jurisdição realiza-se por meio de um processo judicial e encontra seu limite tanto 
na legitimidade quanto na competência.2 Os juízes realizam o exercício de sua judicatura dentro 
de seus âmbitos de competência, pois este é o limite da jurisdição.3 De modo objetivo, podemos 
afirmar que a jurisdição é a função do Estado destinada a resolver conflitos de interesses que 
ocorrem com o objetivo de resguardar a ordem jurídica e social.
O artigo 1º da Constituição estatui que a República Federativa do Brasil formada pela união 
indissolúvel dos Estados e municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático 
de Direito. O parágrafo único do referido artigo esclarece que todo poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos diretamente. O Estado Democrático de Direito é um 
dos conceitos políticos fundamentais do mundo moderno, pois traz, em seu bojo, um padrão 
histórico de relacionamento entre o sistema político e a sociedade civil, institucionalizado por 
meio de ordenamento jurídico-constitucional que se desenvolveu e consolidou-se em torno de 
um conceito de poder público, o qual diferencia a esfera pública da esfera privada, os interesses 
coletivos dos individuais, o sistema político-institucional do sistema econômico, o plano político-
partidário e o político administrativo.4 
No aspecto organizacional dos três poderes estatais – Executivo, Legislativo e Judiciário 
– o próprio texto constitucional determina, de forma expressa, as atribuições e competências de 
cada um. A Constituição Federal prescreve, expressamente, limitações ao governo nacional e 
aos Estados federados, e institucionaliza a separação dos poderes. 
Há, no entanto, mecanismos de controle, mediante os quais cada um dos poderes controla 
o outro, cabendo ao Judiciário uma espécie de salvaguarda para eventuais rupturas. Isso porque 
um ato de governo contrário à Constituição é um ato de poder ilegítimo, ou o exercício de auto-
ridade por parte do governo que vá além dos limites estatuídos no texto constitucional passa a 
ser um exercício de poder ilegítimo. “A Constituição determina a autoridade que o povo atribui 
a seu governo, e, ao fazê-lo, estabelece limites” (Matteuci apud Streck, 2002, p. 97).A Constituição escrita apresenta várias características, dentre as quais a legitimidade e a 
função. Quanto à legitimidade, podemos referir que assegura que o conteúdo de seu texto emana 
da vontade do povo e representa o consenso racional dos cidadãos. No que diz respeito à função, 
2 “Exercendo-se sobre todo o território nacional, por vários motivos deverá a jurisdição ser repartida entre muitos 
órgãos que a exercem. A extensão territorial, a distribuição da população, a natureza das causas, o seu valor, a sua 
complexidade, esses e outros fatores aconselham e tornam necessária, mesmo por elementar respeito ao princípio da 
divisão do trabalho, a distribuição das causas pelos vários órgãos jurisdicionais, conforme suas atribuições, que são 
previamente estabelecidas. (...) Diz-se que um juiz é competente quando, no âmbito de suas atribuições, tem poderes 
jurisdicionais sobre determinada causa” (Santos, 1995, p. 194).
3 Podemos afirmar que o objetivo do Estado no exercício da função jurisdicional é assegurar a paz jurídica pela atuação 
da lei disciplinadora da relação jurídica em que se controvertem as partes.
4 Ver sobre a evolução do constitucionalismo em Streck, Lenio Luiz. Jurisdição constitucional e hermenêutica: uma nova 
crítica do Direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002, p. 95. 
EaD
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noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentais
a Constituição escrita garante os direitos dos cidadãos, impedindo que o Estado os viole e também 
impede a instauração de um governo autoritário e ilimitado; ao contrário, o governo deve observar 
certos limites, impostos no próprio texto constitucional, para ser considerado legítimo.
Segundo Ferrajoli (1995), a Constituição consiste no sistema de regras, substanciais e for-
mais, e que têm como destinatários os cidadãos, titulares do poder. Impondo a todos os poderes 
– Executivo, Legislativo e Judiciário – imperativos negativos e positivos como manancial de sua 
legitimação e, sobretudo, de deslegitimação.
É uma função de limite e de sujeição, na qual os indivíduos (cidadãos) encontram a garantia 
aos direitos fundamentais, cuja titularidade lhes é inerente, constituindo o verdadeiro sentido 
da democracia e da soberania do povo. Em outras palavras, tem-se a Constituição como norma 
diretiva fundamental e garantidora, que dirige os poderes públicos e condiciona os particulares, 
visando à realização dos valores constitucionais, como os direitos sociais.
Ao tratarmos da questão da jurisdição constitucional, no entanto, observamos certa sobres-
saliência do poder Judiciário não apenas em fiscalizar, mas, inclusive, em controlar e anular atos 
dos poderes Legislativo e Executivo – estes legitimamente eleitos pelo voto popular, represen-
tantes da vontade do povo. Neste momento uma questão deve ser levantada: “Como é possível 
que juízes (constitucionais ou não), não eleitos pelo voto popular, possam controlar e anular leis 
elaboradas por um poder eleito para tal e aplicadas por um poder Executivo também eleito?” 
(Streck, 2002, p. 99).
O regime democrático e a realização dos direitos fundamentais são fatores de coexistência 
necessárias para o constitucionalismo contemporâneo. Dessa forma, faz-se necessário ao Esta-
do Democrático de Direito uma Justiça constitucional, como condição de possibilidade deste 
Estado.
Segundo Moreira (1993), a existência de uma jurisdição constitucional tornou-se requisito 
obrigatório de legitimação e de credibilidade política dos regimes constitucionais democráticos. 
Consequentemente, a jurisdição constitucional passou a ser considerada elemento necessário à 
própria definição de Estado Democrático.
Para Streck (2002, p. 101), “é preciso analisar e compreender o papel destinado à Justiça 
Constitucional no confronto com os poderes do Estado, seus limites através da jurisdição cons-
titucional e as condições de possibilidades do exercício da assim denominada ‘liberdade de 
conformação do legislador’”. 
EaD
elenise Felzke schonardie
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Essa liberdade do legislador é tida como variável, conforme a espécie de direitos em 
questão. Por exemplo, quando a questão refere-se a direitos de liberdades individuais há certa 
restrição, limitação, nessa liberdade do legislador. Quando, no entanto, trata-se de questões 
referentes a prestações sociais e/ou liberdades econômicas, a liberdade do legislador adquire 
certa ampliação, elasticidade.
A Justiça constitucional é encarregada de realizar o controle da constitucionalidade do 
ordenamento jurídico do país. O juiz constitucional, no caso brasileiro o ministro membro do Su-
premo Tribunal Federal, aplica o Direito, no entanto o faz com certa carga de valoração política, 
na medida em que sua indicação ao exercício da função ocorre por indicação política.
Há, todavia, que se compreender que de forma indireta, considerando os órgãos encar-
regados de elaboração e os órgãos de fiscalização do cumprimento dessas leis, o Judiciário é, 
sobretudo, o órgão que aprecia e julga o descumprimento da lei, bem como, por intermédio de 
um tribunal que diz ser constitucional, realiza o controle de constitucionalidade das normas 
editadas pelos demais poderes, visando a evitar o descumprimento ou violações dos dispositivos 
legais de proteção aos direitos fundamentais.
síntese da Unidade 1
Nesta Unidade estudamos a jurisdição constitucional e os mecanismos 
de controle e independência dos poderes, por meio dos quais cada po-
der (Legislativo, Executivo e Judiciário) controla o outro. Ao Judiciário, 
porém, cabe uma espécie de salvaguarda para eventuais rupturas da 
independência e equilíbrio entre os mesmos. Isso porque um ato de 
governo contrário à Constituição é um ato de poder ilegítimo.
EaD
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noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentais
o controle da constitUcionalidade
objetivos desta Unidade
Compreender o sistema brasileiro de controle de constitucionalidade das leis, em especial 
o controle concentrado e a possibilidade de intervenção da figura do amicus curiae, nas ações 
de controle de constitucionalidade.
as seções desta Unidade
Seção 2.1 – O Sistema Brasileiro de Controle da Constitucionalidade das Leis
Seção 2.2 – Do Controle Concentrado da Constitucionalidade
Seção 2.3 – Da Intervenção do Amicus Curiae
seção 2.1 
o sistema brasileiro de controle da constitucionalidade das leis
As leis emanadas do processo legislativo de sua criação e submetidas à sanção ou veto 
presidencial (poderes Legislativo e Executivo) podem, de certo modo, ofender a Constituição, seja 
mediante o procedimento de sua criação ou seja pelo conteúdo violador aos direitos e garantias 
constitucionalmente previstos no texto da Carta Maior. Há que se considerar que o órgão legis-
lativo, ao derivar da Constituição sua competência, não pode introduzir no sistema jurídico leis 
contrárias às disposições constitucionais, sob pena de essas serem reputadas nulas, inaplicáveis 
e inconsistentes com a ordem jurídica estabelecida (Bonavides, 2003).
Unidade 2
EaD
elenise Felzke schonardie
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1 O controle de constitucionalidade pode ser formal ou material. O 
controle formal, pelo órgão competente, ocupa-se da verificação de 
conformidade do processo de elaboração da lei, se houve correta ob-
servância das formas estatuídas, se a obra do legislador não infringe 
preceitos constitucionais pertinentes à organização técnica dos pode-
res, tanto em suas relações horizontais quanto verticais, observando-se 
a divisão dos poderes estatuída na Constituição. 
O controle material incide sobre o conteúdo da norma, e é entendido como frágil pelos 
doutrinadores, em razão do seu elevado teor político, que outorga a quem o exerce competência 
para decidir sobre o teor e matéria da regra jurídica em questão. 
Quanto ao órgão que exerce o controle de constitucionalidade, dependendo do Estado em 
questão, pode ser realizado por um órgão político,como o ocorrido na história das instituições 
francesas2 em 1852 e 1946 ou por um órgão jurisdicional, este último objeto de nosso interesse. 
O controle jurisdicional da constitucionalidade da lei é a entrega do exercício dessa com-
petência a um órgão jurisdicional, no entanto, no caso brasileiro, essa determinação emana do 
próprio texto constitucional, como trataremos em seguida. 
Nascido nos Estados Unidos,3 o controle jurisdicional de constitucionalidade resulta da 
reflexão acerca da supremacia da Constituição sobre as leis ordinárias, pois o princípio das Cons-
tituições rígidas impõe, necessariamente, a supremacia desta sobre as leis ordinárias. 
Ademais, os poderes do Legislativo e Executivo são definidos e limitados na Constituição 
escrita, isso porque nenhum ato legislativo ou executivo que contrarie a Constituição pode ter o 
condão de modificá-la, ao contrário, é a Constituição que controla todo ato legislativo e executivo. 
Em poucas palavras: todo ato legislativo ou normativo que contrariar o texto constitucional de 
organização do Estado deve ser declarado inconstitucional. 
O constitucionalismo norte-americano construiu esse mecanismo de verificação de cons-
titucionalidade das leis infraconstitucionais pelo poder Judiciário, por intermédio de inúmeros 
precedentes. Foi, no entanto, por meio da decisão do caso Marbury vs. Madison, relatado pelo juiz 
1 Disponível em: <http://www.concursospublicos.pro.br/ultima-palavra-da-jurisprudencia/concursos-publicos-
jurisprudencia-stf-constitucional-controle-constitucionalidade-lei-estadual-atuacao-agu-vacancia-cargo-governador-
escolha-ministro-quinto-porte-municao-tipicidade-regime-tributario>. Acesso em: 14 abr. 2013.
2 “O controle por um órgão político, na história das instituições francesas, conheceu outras tentativas igualmente 
malsucedidas: a do Senado da Constituição de 14 de janeiro de 1852 e a do Comitê Constitucional da Constituição 
de 27 de outubro de 1946. O primeiro se transformou praticamente numa segunda Câmara Legislativa, enquanto o 
segundo se caracterizou por seu desempenho medíocre e obscuro” (Bonavides, 2003, p. 300).
3 [...] A Constituição federal dos Estados Unidos, de 1787, em seu artigo VI, cláusula 2º, dispunha: “Esta Constituição 
e as leis dos Estados Unidos que se fizerem para aplicá-las serão a lei suprema do país; e os juízes em cada Estado 
a ela se vincularão (...)”, ou no teor do art. III, Seção 2, §1º, que rezava: “O poder Judiciário se estende a todas as 
causas, de direito ou de eqüidade, que terão sua fonte nesta Constituição, ou mais nas leis dos Estados Unidos e nos 
tratados celebrados debaixo de sua autoridade” (Bonavides, 2003, p. 306).
EaD
17
noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentais
presidente da Suprema Corte Norte-Americana, John Marshall, em 1803, que a tese da supre-
macia da lei constitucional sobre a lei ordinária ganhou força, visibilidade e aceitação. Segundo 
a análise de John Marshall, é dever do poder Judiciário declarar o Direito e, caso uma lei venha 
a colidir com a Constituição, ou se ambas se aplicam a uma determinada causa, à Corte compete 
determinar qual das regras antagônicas se aplica ao litígio. Desde então, estabeleceu-se um “sis-
tema americano de controle que consagra a via de exceção, de maneira que todo tribunal federal 
ou estadual, independente do seu grau hierárquico, poderá exercitar esse controle, sentenciando 
numa demanda a inconstitucionalidade da lei” (Bonavides, 2003, p. 311). 
A Europa não seguiu o modelo americano para assegurar a supremacia das normas cons-
titucionais. A partir do século 20, com base nas ideias de Kelsen, desenvolveu-se o controle de 
constitucionalidade em abstrato, exercido por um órgão não pertencente ao poder Judiciário, um 
Tribunal ou Corte Constitucional que examina a lei em questão com efeitos erga omnes (contra 
todos).
O controle jurisdicional de constitucionalidade das leis, entretanto, aplica duas formas 
básicas, a saber: o controle por via de exceção (controle concreto) e o controle por via de ação 
(controle abstrato).
O controle por via de exceção,4 é o controle por via incidental, pois aplica-se às inconstitu-
cionalidades legislativas quando, no curso de uma demanda judiciária, uma das partes arguiu, em 
defesa de sua causa, a objeção de inconstitucionalidade da lei que se lhe quer aplicar. É essencial 
a existência do caso concreto e da provocação de uma das partes para ocorrer a intervenção do 
Judiciário, cujo julgamento se estende unicamente às partes litigantes. Isto é, a sentença que 
liquida a controvérsia constitucional não conduz à anulação da lei, mas tão somente a sua não 
aplicação ao caso particular, objeto da demanda. O efeito da decisão é, somente, inter partes.
O sistema de controle por via de ação é o controle in abstracto da norma, e trata-se de 
um controle direto, na medida em que, por meio de uma ação de inconstitucionalidade prevista 
formalmente no texto constitucional, impugna-se perante determinado tribunal5 uma lei, que 
4 Para Alfredo Buzaid (apud Bonavides, 2003, p. 304), os princípios que regem a declaração de inconstitucionalidade 
pela via da exceção são: a) o tribunal não se pronunciará sobre a constitucionalidade de uma lei, exceto em litígio 
regularmente submetido ao seu conhecimento; b) nenhum tribunal se manifestará sobre a validade de uma lei senão 
quando isso for realmente necessário para a decisão do caso concreto; c) a declaração de inconstitucionalidade da 
lei importa na sua não aplicação ao caso concreto, não tem o condão de revogá-la, fazê-la sumir do ordenamento 
jurídico; d) o exame sobre a inconstitucionalidade representa questão prejudicial, não a questão principal da lide, 
ou seja, não configura como objeto do processo e dispositivo da sentença; e) o tribunal só conhecerá da alegação de 
inconstitucionalidade quando ela emanar de pessoa, cujos direitos tenham sido ofendidos pela lei.
5 O órgão competente para julgar a ação de inconstitucionalidade da lei poderá ser um tribunal ordinário, como uma 
corte especial, a exemplo dos chamados tribunais constitucionais, dotados, para este fim, de jurisdição específica 
(Bonavides, 2003). Nessas condições, questionava-se a devida observância à repartição dos poderes do Estado e o 
distanciamento deste sistema do cidadão.
EaD
elenise Felzke schonardie
18
poderá perder sua validade constitucional. Se a lei em questão for declarada inconstitucional, 
ela será removida da ordem jurídica com a qual se apresenta incompatível, sendo assim anulada 
erga omnes.
Em síntese, pode-se apresentar o seguinte quadro, com relação às formas, órgãos e critérios 
de controle de constitucionalidade:
Formas de controle de constitucionalidade a) Controle preventivo
b) Controle repressivo
Órgãos de controle a) Político 
b) Judicial
Critérios de controle a) Difuso 
b) Concentrado
Quanto aos meios de controle da constitucionalidade, os efeitos e natureza da decisão, 
veja o quadro a seguir:
Meios de controle a) Por via incidental ou de defesa ou indireto
b) Por via principal ou de ação ou direto
Efeitos da decisão a) “Inter partes”
b) “Erga omnes”
Natureza da decisão a) “Ex tunc”
b) “Ex nunc”
seção 2.1 
o sistema brasileiro de controle da constitucionalidade das leis
No Brasil, o sistema constitucional preceitua duas formas de controle de constitucionalidade: 
o controle por via de exceção (indireto), e o controle por via de ação (direto). Esta previsão cons-
titucional revela certa evolução, tanto doutrinária quanto institucional do sistema brasileiro.
Ao longo da história do constitucionalismo brasileiro, nota-se, por exemplo, que desde 
a Constituição de 1891 há instrumentos, como a via de exceção, para a defesa e proteção dos 
direitos individuais. De inspiração liberal, muito próximo ao modelo norte-americano de con-
EaD
19
noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentaistrole da constitucionalidade, desenvolve-se no Brasil, inicialmente, um modelo individualista e 
liberal, de controle jurisdicional. A via de exceção, enquanto via judiciária de controle da consti-
tucionalidade conferiu à Justiça da União e às Justiças dos Estados a competência para recusar 
aplicabilidade a atos inconstitucionais do Executivo e do Legislativo, sendo a decisão adotada a 
cada caso particular, por ação adequada e executável entre as partes.
A arguição por via de ação, por sua vez, surge no sistema brasileiro com certa lentidão, 
mas com traços peculiares, com o mais significativo sendo aquele referente à suspensão da lei, 
que, todavia, não se anula. 
A Constituição de 1934 foi um verdadeiro marco progressivo do Brasil, na direção do con-
trole direto de constitucionalidade. Isso porque o texto constitucional de 1934 introduziu quatro 
modificações que aperfeiçoaram o nosso sistema de controle da constitucionalidade, a saber: 
adotou o sistema da maioria absoluta de votos da totalidade dos juízes como requisito •	
indispensável à declaração, pelos tribunais, da inconstitucionalidade de lei ou ato do 
poder público;
é deferida ao Senado Federal a competência para suspender a execução total ou parcial •	
de qualquer lei ou ato, deliberação ou regulamento, cuja inconstitucionalidade tenha 
sido declarada pelo poder Judiciário;
a instituição do mandado de segurança para a defesa de direito certo e incontroverso, •	
ameaçado ou violado por ato manifestamente inconstitucional ou ilegal de qualquer 
autoridade e
a mudança mais significativa para o nosso sistema de controle de constitucionalidade •	
foi, sem dúvida, a provocação do Procurador-Geral da República para que a Corte Su-
prema tomasse conhecimento da lei federal que houvesse decretado a intervenção da 
União no Estado-membro em caso de inobservância de certos princípios constitucionais, 
e lhe declarasse a constitucionalidade.
A Constituição do Estado-Novo de 1937, porém, significou um verdadeiro retrocesso no 
sistema de controle da constitucionalidade, na medida em que determinou um reexame pelo 
Parlamento da decisão dos tribunais, e por dois terços dos votos de cada uma das Câmaras o órgão 
legislativo poderia invalidar a decisão judiciária, assim tornando eficaz a lei inconstitucional.
Não obstante, a Constituição de 1946 retoma os avanços do texto de 1934 e aduz que a 
intervenção federal, pela violação dos princípios do inciso VII, do artigo 7º, só se decretava após 
o Supremo haver examinado o ato arguido de inconstitucionalidade.
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elenise Felzke schonardie
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Ao longo do período de vigência da Constituição de 1946, a publicação e entrada em vigor 
de dois textos legais foram de suma importância para a disciplina da constitucionalidade esta-
belecida na lei maior. A lei n. 2.271, de 22 de julho de 1954, criou novo instrumento processual, 
a ação direta de declaração de inconstitucionalidade, que veio a se somar à já existente via 
incidental ou de exceção.
Ocorre que esse novo caminho de verificação da constitucionalidade, via Judiciário, era 
por demais estreito, abrangendo somente os atos vinculados a hipóteses de intervenção federal. 
“Escapavam de seu campo de incidência os atos federais em geral e os estaduais que não ofen-
diam os princípios do artigo 7º, inciso VII, da Constituição Federal, bem como os atos locais que 
ofendiam a Constituição estadual, além dos municípios” (J. L. Anhaia Mello apud Bonavides, 
2003, p. 330).
A Emenda Constitucional n. 16, de novembro de 1965, ampliou o âmbito material do con-
trole de constitucionalidade por via da ação, na medida em que deu nova redação à aliena “k” 
do artigo 101, inciso I, da Constituição de 1946. Dentre as competências originárias do Supremo 
Tribunal Federal, inclui-se a competência originária para processar e julgar “a representação 
contra inconstitucionalidade de lei ou ato de natureza normativa, federal ou estadual, encami-
nhada pelo Procurador-Geral da República”.
Artigo 2º As alíneas c , f , i e k do artigo 101, inciso I, passam a ter a seguinte redação: 
c) os Ministros de Estado, os juízes dos Tribunais Superiores Federais, dos Tribunais Regionais do 
Trabalho, dos Tribunais de Justiça dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, os Ministros do 
Tribunal de Contas e os Chefes de missão diplomática de caráter permanente, assim nos crimes co-
muns como nos de responsabilidade, ressalvado, quanto aos Ministros de Estado, o disposto no final 
do artigo 92;
f) os conflitos de jurisdição entre juízes ou tribunais federais de justiças diversas, entre quaisquer juízes 
ou tribunais federais e os dos Estados, entre juízes federais subordinados a tribunal diferente, entre 
juízes ou tribunais de Estados diversos, inclusive os do Distrito Federal e os dos Territórios;
i) os mandados de segurança contra ato do Presidente da República, do Senado e da Câmara dos De-
putados ou das respectivas Mesas, do próprio Supremo Tribunal Federal, de suas Turmas ou de seu 
Presidente do Tribunal Federal de Recursos, do Tribunal de Contas e dos Tribunais Federais de última 
instância (art. 106, art. 109, I, e art. 122, I);
k) a representação contra inconstitucionalidade de lei ou ato de natureza normativa, federal ou estadual, 
encaminhada pelo Procurador-Geral da República (Emenda Constitucional nº 16, de 1965).
A Constituição de 1967 e a Emenda Constitucional n. 1 de 1969 conservaram o instituto 
do controle de constitucionalidade por via de ação, introduzido em nosso sistema pela Emenda 
Constitucional n. 16 de 1965.
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noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentais
Observa-se que a verificação da constitucionalidade da lei ou de ato normativo estava ads-
trita à atribuição do Procurador-Geral da República, sendo este o único legitimado para o exercício 
da ação. O que em 1970 acabou por gerar grande controvérsia em razão de uma representação 
feita pelo Movimento Democrático Brasileiro contra o Procurador-Geral da República, por haver 
este, por meio de despacho, mandado arquivar uma representação que lhe fora encaminhada por 
aquela organização partidária que arguia a inconstitucionalidade do Decreto-lei n. 1.077, de 26 
de janeiro de 1970, que estabelecera a censura prévia na divulgação de livros e periódicos. 
Na época, o STF em decisão de 10 de março de 1971, interpretou de forma restrita, adu-
zindo competência exclusiva do Procurador-Geral da República à iniciativa da ação direta de 
inconstitucionalidade. Em outras palavras, segundo o acórdão do STF, naquela época somente 
o Procurador-Geral da República possuía legitimação ativa para promover a ação direta de in-
constitucionalidade em abstrato.
Com a Constituição Federal de 1988 muitas inovações foram introduzidas, não apenas no 
sistema de controle da constitucionalidade, mas na previsão e garantia dos direitos (individuais 
e coletivos) por meio de normas constitucionais programáticas. 
Com a nova Constituição, não apenas o Procurador-Geral da República possui legitimi-
dade para interpor a Adin, nos termos do artigo 103, mas também acham-se legitimados o pre-
sidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa 
da Assembleia Legislativa ou Câmara Legislativa do Distrito Federal, o governador do Estado 
ou do Distrito Federal, o Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, partido político com 
representação no Congresso Nacional e confederação sindical ou entidade de classe de âmbito 
nacional. Observe:
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constituciona-
lidade (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I – o Presidente da República;
II – a Mesa do Senado Federal;
III – a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V – o Governadorde Estado ou do Distrito Federal (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, 
de 2004)
VI – o Procurador-Geral da República;
VII – o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII – partido político com representação no Congresso Nacional;
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IX – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
§ 1º – O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstituciona-
lidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.
§ 2º – Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitu-
cional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se 
tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
§ 3º – Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal 
ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto 
impugnado (Brasil, 2013).
Destaca-se, ainda, o fato de o texto constitucional de 1988 ter criado, também, a ação direta 
de inconstitucionalidade por omissão. A omissão refere-se a não ação do legislador na criação ou 
demora na criação de medida para tornar efetiva a norma constitucional. Isso porque o silêncio 
(omissão) do legislador em relação às normas constitucionais programáticas poderia desencadear 
diversos problemas em relação aos direitos sociais consagrados pelo texto constitucional. 
No início da seção mencionamos que, atualmente, o sistema brasileiro de controle de cons-
titucionalidade abarca duas modalidades: o controle por via de exceção (indireto) e o controle 
por via de ação (direto). Na seção que segue analisa-se, especificamente, o sistema de controle 
concentrado de constitucionalidade.
seção 2.2 
do controle concentrado da constitucionalidade
O controle concentrado de constitucionalidade, também denominado de controle em abs-
trato ou direto de constitucionalidade, ou via principal ou de ação, é um processo de natureza 
objetiva, no qual é questionada a constitucionalidade ou não de uma lei. Nesse processo não se 
admitem discussões de interesses meramente individuais. Tem como principal objetivo ejetar 
do ordenamento jurídico a lei ou o ato normativo contrários à CF, bem como declarar a omissão 
inconstitucional.
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noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentais
Pela via jurisdicional do controle concentrado de constitucionalidade busca-se obter a decla-
ração de inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em tese, não dependendo da existência 
de um caso concreto, tendendo obter a invalidação da lei, a fim de garantir-se a segurança das 
relações jurídicas, que não podem ser sustentadas por normas que violem a Constituição, ou 
seja, por normas inconstitucionais.
Essa modalidade de controle de constitucionalidade, regulamentada no ordenamento ju-
rídico brasileiro por meio da lei n. 9.868/99, apresenta as seguintes características:
a ação deve ser proposta diretamente perante o STF;•	
o objeto da ação é a própria declaração da constitucionalidade ou inconstitucionalidade •	
do ato legislativo ou normativo;
a decisão produz efeito •	 erga omnes (valendo para todos, produzindo coisa julgada, 
também, para as pessoas e órgãos que não participaram da ação);
quanto à titularidade a ação somente pode ser proposta pelas pessoas mencionadas •	
no artigo 103 da CF;
no caso de declarada a inconstitucionalidade, a lei torna-se imediatamente inaplicável.•	
Apesar da decisão dessa ação ter efeito erga omnes, vinculante e ex tunc, nos termos do 
artigo 102, § 2º da CF, todos os atos processuais e decisões definitivas de mérito, antes da decisão 
do STF acerca da inconstitucionalidade da lei, não serão desfeitos. Isso porque o STF anulará 
a lei e não os atos individuais e coisas julgadas. Todo indivíduo que se sentir prejudicado, no 
entanto, poderá propor ação anulatória ou desconstitutiva ou rescisória, conforme o caso. Os 
efeitos dessa ação encontram-se modulados no artigo 27 da Lei nº 9.868/99.
Um detalhe importante é que a competência originária do STF dá-se quando os parâmetros 
forem as leis federais e as Constituições Estaduais – CE – perante a CF, e quando os parâmetros 
forem as leis locais perante a CE a competência para a ação será do TJ.
No Direito Constitucional brasileiro o Controle Concentrado de Constitucionalidade pode 
ser realizado por uma das cinco modalidades de ações previstas na CF, as quais são: 1) Ação 
Direta de Inconstitucionalidade; 2) Ação Declaratória de Constitucionalidade; 3) Ação de Incons-
titucionalidade por Omissão; 4) Representação Interventiva e 5) Arguição de Descumprimento 
de Preceito Fundamental.
1) Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI ou Adin (genérica): artigo 102, inciso I, alínea 
“a”, CF, e normatizada pela Lei nº 9.868/99. Artigo 95, inciso XII, alínea “d”, da CE do RGS. 
Súmulas STF: 360 e 642:
Esta modalidade de ação visa à declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo 
federal ou estadual ante a CF. A competência para a ação é originária do STF e o procedimento 
a ser observado encontra-se previsto na lei n. 9.868/99. A Suprema Corte não torna a norma 
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inconstitucional, apenas declara uma inconstitucionalidade que já existia. Essa decisão, sobre 
invalidade da lei ou ato normativo, é sempre desconstitutiva. Isso porque a incompatibilidade 
com a Constituição é o defeito, e o juízo de inconstitucionalidade, a sanção. E nessa modalidade 
de controle de constitucionalidade decreta-se a nulidade da lei ou do ato normativo. 
No caso de controle de constitucionalidade de leis municipais, por meio da arguição de 
inconstitucionalidade, em sede de Adi ou Adin, diante da CE, a competência originária será do 
Tribunal de Justiça de cada Estado, não cabendo exame de inconstitucionalidade de Lei Muni-
cipal, por meio da Adin, diante da Constituição Federal. 
Em síntese pode-se apontar como características da lei e ato normativo para Adi ou Adin: 
abstração, generalidade e impessoalidade.
Quatro 1 – Sinopse da legitimidade para a propositura da Adin – artigo 103 do CF.
Legitimados 
(Podem impugnar qualquer matéria, 
independentemente de comprovação de 
interesse)
– Presidente da República 
– Procurador Geral da República
– Mesa do Senado Federal e da Câmara 
– Conselho Federal da OAB
– Partido político com representação no Congresso 
Nacional
Legitimados Especiais
(somente podem impugnar matéria em 
relação a qual comprovem interesse)
– Governador do Estado e do Distrito Federal
– Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara 
Legislativa do DF
– Confederação Sindical ou entidade de classe de 
âmbito nacional
Fonte: Elaboração da autora.
Observações gerais:
a) A EC nº 45, de 31/12/2004 – deu nova redação ao artigo 102, §2º da CF, determinando efeito 
vinculante para as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo STF, também em sede de 
Adin, alterando, assim, a interpretação dada pelo STF ao parágrafo único do artigo 28 da Lei 
9.868/99.
b) O Procurador-Geral da República, nos termos do artigo 103, § 1º, da CF, deverá ser previamente 
ouvido em todas as ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência 
do STF, tendo assim um papel muito relevante na via concentrada, pois, além de poder propor 
tais ações, deve sua opinião ser ouvida antes da tomada de decisão pelo Supremo.
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noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentais
c) Alguns processualistas constitucionais referem que a “ação direta interventiva” é uma moda-
lidade especial de ação concentrada e, possui dupla finalidade, na medida em que pretende 
a declaração de inconstitucionalidade formal ou material da lei ou ato normativo estadual (fi-
nalidade jurídica) e a decretação de intervenção federal no Estado-membro ou DF (finalidadepolítica), constituindo-se, pois, um controle direto, para fins concretos [...] – nas hipóteses do 
artigo 34, V e VII da CF.
d)Se o STF ao julgar a ação, efetivamente, declara a norma parcialmente inconstitucional, as-
severando a inconstitucionalidade em determinadas hipóteses de aplicação, consegue-se a 
manutenção da norma no ordenamento jurídico.
e) A Adin é uma ação constitutiva negativa, pois seu intento é extinguir (desconstituir, aplicar 
a sanção da invalidade) situação jurídica existente de validade (presumida) do ato normativo 
(Barroso, 2004).
2) Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC ou Adecon: artigo 102, inciso I, alínea “a”, 
segunda parte, da CF e normatizada pela Lei 9.868/99:
A ação declaratória de constitucionalidade foi introduzida pela EC nº 3 de 1993, a qual 
tem por objetivo a declaração de constitucionalidade de uma lei ou ato normativo federal. A 
finalidade dessa ação era dar ao governo a oportunidade de obter uma rápida decisão judicial 
definitiva do STF, que produzisse efeitos erga omnes, no intuito de evitar decisões contrárias 
em instâncias inferiores e o não cumprimento da medida legislativa adotada. O interessado 
(legitimado) apenas comparece perante o STF para solicitar que este declare a constituciona-
lidade da lei.
Somente poderá ser objeto de ADC a lei ou ato normativo federal. Não cabe essa moda-
lidade de ação para a declaração de constitucionalidade de lei ou ato normativo estadual em 
virtude de falta de previsão legal. Os pressupostos para seu ajuizamento são, por ocasião da 
petição inicial, a demonstração de existência de séria divergência jurisprudencial que coloque 
em risco a presunção de constitucionalidade do ato normativo sob exame, a fim de permitir ao 
STF o conhecimento das alegações em favor e contra a constitucionalidade, bem como o modo 
pelo qual estão sendo decididas as causas que envolvem a matéria. 
Quanto à legitimidade para a propositura da ADC, observa-se o disposto no artigo 103 
da CF. O artigo 13 da lei n. 9.868/99, contudo, que regulamenta o dispositivo constitucional, 
restringe o rol do artigo 103, na medida em que determina que podem propor a ação declarató-
ria de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal: I – o Presidente da República; II – a 
Mesa da Câmara dos Deputados; III – a Mesa do Senado Federal e IV – o Procurador-Geral da 
República.
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Observações gerais:
a) Por ocasião da propositura da ação a comprovação da controvérsia exige prova de divergência 
judicial, e não somente de entendimentos doutrinários diversos (ADC 8-MC, Rel. Min. Celso 
de Mello, julgamento em 13-10-99, DJ de 4-4-03).
b) Em sede de ADC, o provimento cautelar deferido pelo STF, produz efeitos erga omnes e re-
veste de efeito vinculante em relação ao poder Executivo, nos termos do § 2º, do artigo 102, 
da CF.
c) O procedimento a ser observado por ocasião da propositura e julgamento da ação encontra-se 
disciplinado nos artigos 13 a 21 da lei n. 9.868/99. 
d) Como a própria denominação indica, trata-se de uma ação meramente declaratória, visto que 
tem por objetivo, simplesmente, a certificação da existência de situação jurídica de legitimidade 
(presumida) do ato normativo. 
3) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – AdinO: artigo 103, §2º, da CF, regula-
mentada pela lei n. 9.868/99, com as alterações introduzidas pela lei n. 12.063/09 que criou 
o Capítulo II-A. 
Nos termos do artigo 103, § 2º, da CF, “declarada a inconstitucionalidade por omissão de 
medida para tornar efetiva norma constitucional, será dado ciência ao poder competente para 
a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo 
em trinta dias”. O objeto da ação é suprir a omissão dos poderes constituídos, que deixaram de 
elaborar a norma reguladora que possibilita o exercício de um direito previsto na CF. Ou seja, 
essa ação é supridora de omissão quando a responsabilidade pela edição da norma faltante 
prevista ou pela adoção das necessárias providências for, respectivamente, do legislador ou do 
administrador. Seu papel é debelar a omissão por parte dos poderes competentes que atentem 
contra a CF. 
A omissão pode ser total, quando há falta da norma regulamentadora que possibilite o 
exercício do direito, ou parcial, quando não permitir o integral cumprimento do direito previsto 
na CF.
Quando ao objeto da ação, pode-se afirmar que o mesmo é o vício omissivo. Na decisão 
judicial, no caso de inconstitucionalidade por omissão, o STF dará ciência ao poder competente 
para que sejam tomadas as medidas necessárias à cessação da omissão. Tratando-se de omissão 
administrativa, o órgão competente será cientificado para providenciar a norma regulamentadora 
faltante no prazo de 30 dias. 
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noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentais
Nos casos de omissão legislativa, o Congresso Nacional será comunicado da mora, sem, 
contudo, a estipulação de qualquer prazo para a elaboração da norma infraconstitucional, indis-
pensável para o exercício do direito previsto na CF, porém não autoaplicável.
Quando se tratar de omissão meramente administrativa, a decisão proferida na ação de 
inconstitucionalidade por omissão só possui caráter mandamental. Nesta hipótese o órgão res-
ponsável deverá providenciar a edição da norma faltante, no prazo máximo de 30 dias, sob pena 
de incidência na prática do crime de desobediência, previsto no artigo 330 do CP. 
Tratando-se, entretanto, de inércia total ou de atuação normativa deficiente de qualquer um 
dos poderes constituídos, Executivo, Legislativo ou Judiciário, o STF não pode se substituir ao 
órgão estatal lento, providenciando, por si só, a edição do provimento normativo que falta. Nesta 
hipótese, a decisão da Suprema Corte tem caráter de mera admoestação, isto é, de comunicação 
do não cumprimento do preceito constitucional.
Quanto à legitimidade para a propositura da Adin por Omissão, observa-se, também, o 
disposto no artigo 103, da CF, regulamentada pelo artigo 12-A da lei n. 9.868/99.
Observações gerais:
a) Fixação de parâmetro temporal razoável para cumprimento do disposto no artigo 18, § 4º, da CF 
(ADI 3.682, julgada em 9-5-2007, na qual o STF declarou a omissão legislativa no cumprimento 
do disposto do artigo 18, § 4º, da CF e, estabeleceu o prazo de 18 meses para a elaboração da 
lei faltante, acolhendo o voto do ministro Gilmar Mendes).
b Quanto à legitimação para a propositura da ação, ressalte-se que a afirmação segundo a qual 
os órgãos e entes legitimados para propor a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato 
normativo, nos termos do artigo 103, caput, da CF, estariam igualmente legitimados a propor 
a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, prepara algumas dificuldades. Deve-
se notar que, naquele elenco, dispõem de direito de iniciativa legislativa, no plano federal, 
tanto o presidente da República como os integrantes da Mesa do Senado Federal e da Mesa 
da Câmara dos Deputados (CF, artigo 61). Assim, salvo nos casos de iniciativa privativa de 
órgãos de outros poderes, como é o caso do Supremo Tribunal Federal em relação ao Estatuto 
da Magistratura (artigo 93, caput, CF/88), esses órgãos constitucionais não poderiam propor 
ação de inconstitucionalidade, porque, como responsáveis ou corresponsáveis pelo eventual 
estado de inconstitucionalidade, seriam eles os destinatários primeiros da ordem judicial de 
fazer, em caso de procedência da ação; todavia, “diante da indefinição existente, será inevitável, 
com base no mesmo princípio de hermenêutica que recomenda a adoção da interpretação que 
assegure maior eficácia possível à norma constitucional, que os entes ou órgãos legitimados a 
propor a ação direta contra ato normativo – desde que sejam contempladas as peculiaridades 
e restrições mencionadas – possam instaurar o controle abstrato da omissão.Não há como 
EaD
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28
deixar de reconhecer, portanto, a legitimidade ativa da Assembléia Legislativa do Estado de 
Mato Grosso para propor a presente ação direta de inconstitucionalidade por omissão” (ADI 
3.682, voto do ministro Gilmar Mendes, julgamento em 9-5-07, DJ de 6-9-07).
c) Segundo a jurisprudência do STF, não é possível a conversão da ação direta de inconstitucio-
nalidade, por violação positiva da Constituição, em ação de inconstitucionalidade por omissão 
(violação negativa da Constituição). A jurisprudência da Suprema Corte, fundada nas múltiplas 
distinções que se registram entre o controle abstrato por ação e a fiscalização concentrada 
por omissão, firmou-se no sentido de não considerar admissível a possibilidade de conversão 
da ação direta de inconstitucionalidade, por violação positiva da Constituição, em ação de 
inconstitucionalidade por omissão, decorrente da violação negativa do texto constitucional 
(ADI 1.439-MC, Rel. ministro Celso de Mello, julgamento em 22-5-96, DJ de 30-5-03).
4) Ação de Representação Interventiva – ADI Interventiva: artigos 129, inciso IV; 34 e 36, 
inciso III, da CF 
A ADI Interventiva tem por objetivo o restabelecimento da ordem constitucional no Estado 
ou no município. Existem duas modalidades de ADI Interventiva: a federal e a estadual. Nos 
termos dos artigos 34, 36, inciso III, e 129 da CF, a ação interventiva federal busca promover 
a intervenção da União nos Estados, enquanto que a estadual, a intervenção dos Estados nos 
municípios. Dessa forma, a intervenção federal é competência originária do STF e a estadual, 
dos Tribunais de Justiça.
Há que se levar em consideração que a finalidade dessa ação é política. E que a interven-
ção da União nos Estados e destes nos municípios é medida excepcional, como o próprio caput 
do artigo 34 da CF expressamente refere.
REPRESENTAÇÃO No caso de ofensa aos PGR → STF
INTERVENTIVA princípios sensíveis
(ADIn interventiva)
No caso de descumprimento PGR → STF
de lei federal (Ação de
executoriedade de lei federal)
No âmbito estadual, para o fim → PGJ → TJ
Intervenção em município
EaD
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noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentais
Observações gerais
a) As representações devem ser promovidas pelo PGR, nos casos de intervenção federal e, pelo 
PGJ, nos casos de intervenção estadual.
b) Segundo jurisprudência do STF: “O instituto da intervenção federal, consagrado por todas 
as Constituições republicanas, representa um elemento fundamental na própria formulação 
da doutrina do federalismo, que dele não pode prescindir – inobstante a excepcionalidade 
de sua aplicação –, para efeito de preservação da intangibilidade do vínculo federativo, 
da unidade do Estado Federal e da integridade territorial das unidades federadas. A inva-
são territorial de um Estado por outro constitui um dos pressupostos de admissibilidade 
da intervenção federal. O presidente da República, nesse particular contexto, ao lançar 
mão da extraordinária prerrogativa que lhe defere a ordem constitucional, age mediante 
estrita avaliação discricionária da situação que se lhe apresenta, que se submete ao seu 
exclusivo juízo político, e que se revela, por isso mesmo, insuscetível de subordinação à 
vontade do poder Judiciário, ou de qualquer outra instituição estatal. Inexistindo, desse 
modo, direito do Estado impetrante à decretação, pelo chefe do poder Executivo da União, 
de intervenção federal, não se pode inferir, da abstenção presidencial quanto à concreti-
zação dessa medida, qualquer situação de lesão jurídica passível de correção pela via do 
mandado de segurança” (MS 21.041, Rel. ministro Celso de Mello, julgamento em 12-6-
91, DJ de 13-3-92).
c) RI federal no caso de impossibilidade do Estado-membro assegurar direito fundamental: “Re-
presentação do Procurador-Geral da República pleiteando intervenção federal no Estado de 
Mato Grosso, para assegurar a observância dos ‘direitos da pessoa humana’, em face de fato 
criminoso praticado com extrema crueldade a indicar a inexistência de ‘condição mínima’, no 
Estado, ‘para assegurar o respeito ao primordial direito da pessoa humana, que é o direito à 
vida’. (...) Representação que merece conhecida, por seu fundamento: alegação de inobservância 
pelo Estado-membro do princípio constitucional sensível previsto no art. 34, VII, alínea b, da 
Constituição de 1988, quanto aos ‘direitos da pessoa humana’. (...) Hipótese em que estão em 
causa ‘direitos da pessoa humana’, em sua compreensão mais ampla, revelando-se impotentes 
as autoridades policiais locais para manter a segurança de três presos que acabaram subtraídos 
de sua proteção, por populares revoltados pelo crime que lhes era imputado, sendo mortos 
com requintes de crueldade. Intervenção federal e restrição à autonomia do Estado-membro. 
Princípio federativo. Excepcionalidade da medida interventiva. Autonomia do Estado-membro 
na organização dos serviços de Justiça e segurança, de sua competência (Constituição, artigos 
25, § 1º; 125 e 144, § 4º)” (IF 114, Rel. ministro Néri da Silveira, julgamento em 13-3-91, DJ 
de 27-9-96).
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5) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF: (Artigo 102, §1º, CF e 
normatizada pela Lei 9.882/99
Esse instituto jurídico foi introduzido no ordenamento jurídico brasileiro pela CF de 1988. 
Originalmente essa ação constitucional tinha sua previsão no parágrafo único do artigo 102 da 
CF, mas, em razão da EC 3/93, que eliminou o parágrafo único do referido artigo e introduziu 
dois novos parágrafos ao mesmo, sua previsão legal passou a constar no § 1º, com a seguinte 
redação: “A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, 
será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei”.
Essa ação tem caráter subsidiário, na medida em que somente será admitida quando não 
houver outro meio eficaz de sanar a lesividade, conforme previsão do § 1º, do artigo 4º da lei n. 
9.868/99. Em regra, a ADPF será proposta quando não for cabível a ADI, ADC, AP, AR, RO, RI 
ou qualquer outra medida judicial capaz de sanar, eficazmente, a situação de lesividade, con-
forme jurisprudência do STF. Essa ação pode ser proposta para fins de a) evitar ou reparar lesão 
a preceito fundamental decorrente de ato ou omissão do poder público; b) quando for relevante 
o fundamento da controvérsia constitucional acerca de lei ou ato normativo federal, estadual ou 
municipal, inclusive aos anteriores à CF de 1988.
Há uma grande discussão sobre o que sejam os preceitos fundamentais, em que parte 
respeitável da doutrina entende, em apertada síntese, que se manifestam nos princípios funda-
mentais da CF (Artigos 1º ao 4º), os princípios constitucionais sensíveis (artigo 34, VII), os que 
compõem as cláusulas pétreas (artigo 60, §4º), e outros de mesma natureza, cuja violação possa 
comprometer a ordem e o sistema constitucional.
Observações gerais
a) A legitimidade ativa para a ação é a do rol do artigo 103 da CF.
b) A decisão proferida em sede de ADPF possui eficácia erga omnes e efeito vinculante em re-
lação ao poder público.
c) Recentemente foi objeto de ADPF a lei federal que institui o sistema de cotas raciais para as 
universidades públicas federais – ADPF nº 186/DF.
d) Outra questão, muitas vezes controversa, é a definição do que compreende os chamados 
preceitos fundamentais. Nesse sentido é a jurisprudência do STF: “Argüição de Descum-
primento de Preceito Fundamental – ADPF. Medida Cautelar. Ato regulamentar. Autarquia 
estadual. Instituto de Desenvolvimento Econômico-Social do Pará-Idesp. Remuneração de 
pessoal. Vinculação do quadro de salários ao salário mínimo. Norma não recepcionada pela 
Constituição de 1988. Afronta ao princípio federativo e ao direito social fundamental ao salário 
EaD
31
noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteçãodos direitos FUndamentais
mínimo digno (artigos 7º, inciso IV, 1º e 18 da Constituição). Medida liminar para impedir 
o comprometimento da ordem jurídica e das finanças do Estado. Preceito fundamental: pa-
râmetro de controle a indicar os preceitos fundamentais passíveis de lesão que justifiquem 
o processo e o julgamento da argüição de descumprimento. Direitos e garantias individuais, 
cláusulas pétreas, princípios sensíveis: sua interpretação, vinculação com outros princípios e 
garantia de eternidade. Densidade normativa ou significado específico dos princípios funda-
mentais. Direito pré-constitucional. Cláusulas de recepção da Constituição. Derrogação do 
direito pré-constitucional em virtude de colisão entre este e a Constituição superveniente. 
Direito comparado: desenvolvimento da jurisdição constitucional e tratamento diferenciado 
em cada sistema jurídico. A Lei n. 9.882, de 1999, e a extensão do controle direto de normas 
ao direito pré-constitucional. Cláusula da subsidiariedade ou do exaurimento das instâncias. 
Inexistência de outro meio eficaz para sanar lesão a preceito fundamental de forma ampla, 
geral e imediata. Caráter objetivo do instituto a revelar como meio eficaz aquele apto a sol-
ver a controvérsia constitucional relevante. Compreensão do princípio no contexto da ordem 
constitucional global. Atenuação do significado literal do princípio da subsidiariedade quando 
o prosseguimento de ações nas vias ordinárias não se mostra apto para afastar a lesão a pre-
ceito fundamental.” (ADPF 33-MC, Rel. ministro Gilmar Mendes, julgamento em 29-10-03, 
DJ de 6-8-04).
e) É difícil indicar, a priori, os preceitos fundamentais da Constituição passíveis de lesão tão grave 
que justifique o processo e julgamento da arguição de descumprimento. Não resta dúvida, 
no entanto, de que alguns desses preceitos estão enunciados, de forma explícita, no texto 
constitucional, como no caso dos direitos e garantias individuais (artigo 5º, dentre outros). 
Da mesma forma, não se poderá deixar de atribuir essa qualificação aos demais princípios 
protegidos pela cláusula pétrea do artigo 60, §4º, da CF.
f) O STF tem entendido, em sede de jurisprudência: “Argüição de descumprimento de preceito 
fundamental: distinção da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de 
constitucionalidade. O objeto da argüição de descumprimento de preceito fundamental há 
de ser ‘ato do Poder Público’ federal, estadual, distrital ou municipal, normativo ou não, 
sendo, também, cabível a medida judicial ‘quando for relevante o fundamento da contro-
vérsia sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à 
Constituição’” (ADPF 1-QO, Rel. ministro Néri da Silveira, julgamento em 3-2-00, DJ de 
7-11-03).
EaD
elenise Felzke schonardie
32
seção 2.3
da intervenção do amicus curiae 
Amicus Curiae é expressão latina que tem por significado literal “amigo da corte”. Repre-
senta aquele que pode prestar informações à corte quando algum de seus juízes tem dúvidas ou 
comete equívocos em questões legais.
A intervenção do amicus curiae é garantia nas ações de controle concentrado de constitu-
cionalidade, por meio do § 2º, do artigo 7º, da Lei n. 9.868/99:
[...] 
§ 2º O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, 
por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de 
outros órgãos ou entidades. [...] (Brasil, 2013).
Essa intervenção tem por objetivo pluralizar o debate constitucional, permitindo que o STF 
venha dispor de todos os elementos informativos necessários e possíveis à resolução da contro-
vérsia, buscando superar a grave questão pertinente à legitimidade democrática das decisões 
emanadas da Suprema Corte por ocasião do exercício de seu poder do controle concentrado de 
constitucionalidade.
Segundo o STF, mediante a participação do amicus curiae, o tribunal conta com os bene-
fícios decorrentes dos subsídios técnicos, elementos de repercussão econômica que possam ser 
apresentados e implicações político-jurídicas, dando caráter pluralista e aberto, fundamental 
para o reconhecimento de direitos e a realização de garantias constitucionais, extremamente 
importantes ao Estado Democrático de Direito. Em outras palavras, o amicus curiae promove 
democrática abertura ao rol de intérpretes da Constituição nos processos de controle de consti-
tucionalidade.
A presença dessa figura nas ações de controle de constitucionalidade, encontra-se condicio-
nada à discricionária vontade do relator e sua vontade é irrecorrível, no entanto faz-se necessário 
haver a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes a amicus curiae.
Quanto às formas de manifestação do amicus curiae, inicialmente, era admitida apenas de 
forma escrita, sendo-lhe vedada a sustentação oral. Por ocasião do julgamento da Adin 2.675/PE e 
da Adin 2.777/SP, no entanto, o STF passou a admitir a manifestação oral do amicus curiae. Essa 
permissão ensejou a Emenda Regimental nº 15/2004, que modificou o RISTF e a possibilidade 
de manifestação oral do amicus curiae encontra-se expressa no § 3º do artigo 131 do RISTF. 
EaD
33
noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentais
Quadro 2 – Sinopse das ações concentradas de constitucionalidade
AÇÃO
ADI
102,I , “a”; 
Lei 9868/99
ADC
102, I, “a”;
Lei 9868/99
ADI por Omissão
103, §2º
ADI INTERVEN-
TIVA
34, VII e 36, III
ADPF
102, §1º
Lei 9882/99
Objeto 
da ação
É a declaração 
de inconstitu-
cionalidade da 
lei ou ato nor-
mativo federal 
ou estadual.
É a declaração de 
constitucionali-
dade da lei ou ato 
normativo federal.
É a declaração de 
inconstitucionali-
dade omissiva do 
poder público (le-
gislador ou adminis-
trador).
É a declaração de 
inconstitucionali-
dade de lei ou ato 
normativo contrá-
rio aos princípios 
sensíveis e conse-
quente intervenção 
federal. 
É a declaração do 
descumprimento de 
preceito fundamental.
Pedido Inconstituciona-
lida-de.
Constitucionali-
dade
 Há que se ter 
comprovada a 
controvérsia 
judicial.
Inconstitucionalida-
de Omissiva (vício 
omissivo).
Inconstitucionali-
dade de lei ou ato 
normativo estadual.
Constitucionalidade 
ou Inconstitucionalida-
de: Ofensa a preceito 
fundamental, que nos 
termos legais se exte-
rioriza por evitar ou re-
parar lesão a preceito 
fundamental, resul-
tante do ato do poder 
público e quando for 
relevante o funda-
mento da controvérsia 
constitucional sobre 
lei ou ato normativo 
federal, estadual ou 
municipal, incluídos os 
anteriores à CF/88.
Finali-
dade
Expelir do siste-
ma jurídico lei 
ou ato inconsti-
tucional
Afastar a inse-
gurança jurídica 
ou estado de 
incerteza sobre a 
validade da lei. 
Transforma pre-
sunção relativa da 
constitucionalida-
de em presunção 
absoluta.
Objetivo: trans-
ferir ao STF a 
decisão sobre a 
constitucionalida-
de de um dispo-
sitivo legal que 
esteja ensejando o 
controle difuso.
Garantir a plena 
eficácia da norma 
constitucional.
Reprimir a omissão 
por parte dos pode-
res competentes que 
atentem contra a CF.
Declara a omissão, o 
STF dará ciência ao 
órgão competente 
para tomar as medi-
das necessárias para 
cessar a omissão. Se 
for a AP, esta deverá 
supri-la em 30 dias.
Jurídica: declara-
ção de inconstitu-
cionalidade;
Política: Interven-
ção federal.
Defesa da integridade 
e preservação da CF, 
no que se refere aos 
preceitos fundamen-
tais.
Exigên-
cia de 
compro-
vação de 
contro-
vérsia
NÃO SIM NÃO NÃO SIM para ADPF ajui-
zada com base no arti-
go 1º, parágrafo único, 
I, da Lei 9.882/99 
(ADPF incidental)
NÃO para ADPF 
ajuizada com base no 
caput do artigo 1º da 
Lei 9.882/99 (arguição 
autônoma)
Fonte: Baseado em Paulo; Alexandrino, 2007.
EaD
elenise Felzke schonardie
34
SínteSe da Unidade 2
Nesta Unidade estudamos o sistema brasileiro de controle de constitu-
cionalidade das leis. Nosistema de controle concentrado analisamos 
as modalidades de ações: ADIN; ADC; Adino; ADI Interventiva e 
ADPF; bem como a possibilidade de intervenção da figura do amicus 
curiae, introduzido pela CF de 1988 nas ações de controle de consti-
tucionalidade.
EaD
35
noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentais
a proteção constitUcional 
dos direitos FUndamentais do Homem
objetivo desta Unidade
Compreender as características e historicidade dos direitos fundamentais e sua distinção 
em relação às garantias fundamentais.
a seção desta Unidade
Seção 3.1 – Dos Direitos e Garantias Fundamentais
seção 3.1 
dos direitos e garantias Fundamentais
Os direitos fundamentais do homem são considerados indispensáveis à pessoa humana, 
na medida em que são necessários para assegurar a todos os indivíduos (sejam eles homens ou 
mulheres, crianças ou idosos, portadores de necessidades especiais ou não, etc.) uma existên-
cia digna, em que a liberdade e a igualdade entre os indivíduos devem ser respeitadas. Esses 
direitos, ditos fundamentais, também são reconhecidos como garantias e informam a ideologia 
política de cada ordenamento jurídico. 
1 No patamar do Direito Positivo, os direitos e garantias fun-
damentais do homem tratam de situações jurídicas sem as quais 
a pessoa humana não se realiza, nem mesmo sobrevive, e esses 
direitos não devem ser reconhecidos apenas em âmbito formal, 
faz-se necessário concretizá-los, incorporá-los, no dia a dia dos 
cidadãos.
1 Disponível em: <http://lucileyma.blogspot.com.br/2011/04/direitos-fundamentais-assedio-moral-no.html>. Acesso 
em: 14 abr. 2013.
Unidade 3
EaD
elenise Felzke schonardie
36
 Podem ser entendidos como uma limitação imposta pela soberania popular aos poderes 
constituídos do Estado que dela dependem.
 A República Federativa do Brasil constitui-se em um Estado Democrático de Direito e 
possui dentre os seus fundamentos, nos termos do artigo 1º e incisos da CF, a cidadania e a 
dignidade da pessoa humana. Isso significa que o princípio do Estado Democrático de Direito 
e os direitos fundamentais encontram-se na CF e estes são elementos básicos para a realização 
daquele.
A Constituição confere uma unidade de sentido, de valor e de concordância prática ao sistema dos 
direitos fundamentais. E ela repousa na dignidade da pessoa humana, ou seja, na concepção que faz 
a pessoa fundamento e fim da sociedade e do Estado (Miranda apud Piovesan, 2000, p. 53).
A CF de 1988 dedica o seu Título II aos direitos e garantias fundamentais. Este título é 
dividido em cinco capítulos: I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos; II – Dos Direitos 
Sociais; III – Da Nacionalidade; IV – Dos Direitos Políticos e V – Dos Partidos Políticos. Dessa 
forma nossa Constituição, sob a denominação de “direitos e garantias fundamentais”, abrange 
os direitos individuais, os coletivos, os sociais, os nacionais e os políticos.
Há que se observar ainda que a CF está vinculada à Declaração dos Direitos do Homem 
e do Cidadão, à Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e ratificada pelo Brasil em 
1948 e também à Convenção Americana de Direitos do Homem de 1969 e ratificada pelo Brasil 
apenas em 1992, por exemplo.
Embora a ideia de que os seres humanos tenham direitos e liberdades fundamentais, que lhes são 
inerentes, e há muito tempo tenha surgido o pensamento humano, a concepção de que os direitos 
constituem objeto próprio de regulação internacional, por sua vez, é bastante recente. Isto porque, 
muitos dos direitos que hoje constam do Direito Internacional dos Direitos Humanos, emergiram 
apenas em 1945 [...] (Piovesan 2000, p. 32).
Outro aspecto que merece destaque é o de que a CF de 1988 trouxe inúmeras inovações, 
dentre as quais destacam-se: a) impôs deveres ao lado de direitos individuais e coletivos; b) foi 
a primeira Carta Maior a fixar os direitos fundamentais antes da organização do próprio Estado, 
e c) tutelou novas formas de interesses, denominados coletivos e difusos. 
Quanto aos direitos fundamentais pode-se afirmar que possuem como principais caracte-
rísticas: 1) a historicidade; 2) a inalienabilidade; 3) a imprescritibilidade; 4) a irrenunciabilidade; 
5) a universalidade e 6) a limitabilidade. Os direitos fundamentais, apesar de sua importância 
para o Estado Democrático de Direito, não são absolutos. A própria inevitabilidade de assegurar 
aos outros o exercício desses direitos revela a sua limitação. 
EaD
37
noções básicas de direito processUal constitUcional e a proteção dos direitos FUndamentais
A Constituição, ao referir-se no seu Título II “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, 
mostra que há distinção entre esses. Por direitos entende-se aquelas normas de cunho material, 
substancial e consistem nas disposições declaratórias que imprimem existência legal aos direi-
tos reconhecidos. As garantias, por seu turno, consistem naquelas disposições instrumentais, 
processuais, que servem para defender os direitos. Analisando de forma alinhada, pode-se di-
zer que os direitos seriam as normas principais em relação às garantias, que seriam as normas 
acessórias. Nesse sentido,
[...] os direitos fundamentais propriamente ditos referem-se diretamente aos indivíduos, integrando 
sua esfera jurídica, fazendo parte de seu patrimônio jurídico. A razão de ser de um direito reside no 
indivíduo. O direito é declarado, em atenção à pessoa. As garantias, diferentemente, reportam-se 
aos direitos; só indiretamente elas concernem à esfera jurídica do indivíduo, exatamente na medida 
em que atuam como instrumentos assecuratórios de seus direitos (grifos dos autores). Em nosso or-
denamento constitucional temos tanto remédios judiciais, que são maioria (habeas corpus, mandado 
de segurança, habeas data, mandado de injunção, ação popular), quanto remédios administrativos 
(direito de petição e direito de certidão). Alguns remédios são de índole individual (como o mandado 
de segurança individual) e outros são de índole coletiva (como o mandado de segurança coletivo e a 
ação popular) (Paulo; Alexandrino, 2005, p. 4). 
Ao que se refere à natureza desses direitos, são situações jurídicas, objetivas e subjeti-
vas, definidas no Direito Positivo, a favor da dignidade, da igualdade e da liberdade da pessoa 
humana. Quanto à eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais que contêm os direitos 
fundamentais, dependem de seu enunciado, pois trata-se de tema que está em função do Direito 
Positivo. A CF de 1988, no entanto, é expressa quanto àquelas (eficácia e aplicabilidade), quando 
estatui que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata 
(§ 1º, do artigo 5º).
Algumas normas constitucionais fundamentais têm aplicação plena, de forma que devem 
ser executadas de plano. Outras, porém, têm eficácia contida ou limitada, de forma que vão de-
pender da criação da legislação infraconstitucional. Enquanto não surgir essa norma, o dispositivo 
constitucional não será autoaplicável. 
Quanto ao rol dos direitos individuais básicos do cidadão, expresso no artigo 5º da CF, este 
não é taxativo, pois existem outras normas previstas na própria Constituição, contendo direitos 
e garantias, como é o caso do caput do artigo 225 e artigo 150 da CF (o direito de viver em um 
meio ecologicamente equilibrado e as garantias de ordem tributária, respectivamente). 
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Expressamente previstos no caput do artigo 5º da CF, são cinco os direitos individuais 
básicos do cidadão: o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade. Os 
demais direitos fundamentais reconhecidos ao longo dos incisos do referido artigo 5º são decor-
rências desses direitos básicos.
síntese da Unidade 3
Nesta Unidade estudamos sucintamente os direitos e garantias fun-
damentais previstos na CF em vigor e a distinção doutrinária entre 
direitos e garantias, bem como a

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