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Aula 04 Curso: Direito Constitucional – Curso regular Professor: Jonathas de Oliveira Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 2 de 110 www.exponencialconcursos.com.br Sumário 1- Organização político-administrativa ................................................ 3 2- Bens da União e dos Estados ......................................................... 12 3- Repartição de competências .......................................................... 15 4- Simetria constitucional .................................................................. 17 5- Competências constitucionais: União, Estados, Distrito Federal e Municípios ......................................................................................... 20 6- Outros aspectos: Estados federados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.......................................................................................... 40 7- Intervenção nos Estados, DF e Municípios ..................................... 56 8- Questões Comentadas ................................................................... 66 9- Lista de Exercícios ......................................................................... 86 10- Gabarito .................................................................................... 109 11- Referencial Bibliográfico ............................................................ 110 Salve guerreiros e guerreiras! Após uma aula light como a anterior, todos estão mais que dispostos para os próximos artigos da CF, confere? Para o candidato de primeira viagem: já estamos quase na metade do curso. Em breve virá aquela sensação de “matéria fechada” e é só partir para as revisões! Para os que já tiveram algum contato com o Direito Constitucional: teremos mais uma oportunidade de revisar um conteúdo que sempre é cobrado em diversos concursos. É aquela hora: “opa matéria, volta para a superfície da memória e fica aí que eu vou precisar de você!” Aos trabalhos que o sucesso se aproxima! Aula 04 – Organização político-administrativa. Repartição de competências. Competências constitucionais: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Outros aspectos: Estados federados, Municípios, Distrito Federal e Territórios. Intervenção nos Estados, DF e Municípios. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 3 de 110 www.exponencialconcursos.com.br Começamos nossos estudos com o art. 18 da CF/88. Aqui, nossa Carta Magna inicia seu Título III com a apresentação dos componentes do Estado Federal. Neste ponto, retomaremos implicitamente alguns conceitos que já vimos, como o de federalismo cooperativo, especialmente ao analisarmos a repartição de competências entre os entes. Importante também aqui resgatar o conceito de federalismo por agregação e desagregação. Costuma-se afirmar que, no que diz com seu modo de formação, no federalismo por agregação a formação da Federação ocorre por aglutinação dos entes soberanos (que abrem mão de sua soberania e tornam-se entidades autônomas) em um movimento centrípeto (de fora para dentro). Já no federalismo por desagregação a federação se formata a partir de um processo de segregação do ente unitário em um movimento centrífugo (de dentro para fora). E por que manter tais conceitos em mente? O federalismo centrípeto é aquele que converge para o centro, assim, progressivamente há uma predominância de atribuições para o ente central (no nosso caso, a União). Já o federalismo centrífugo é aquele que foge do centro, deste modo, viabiliza que os entes tenham maior autonomia. Sobre este aspecto nos ensina Dirley da Cunha Junior (2011): Quanto à maior ou menor concentração de poder, temos o Federalismo centrípeto, o centrifugo e o de equilíbrio. O centrípeto é o Federalismo que proporciona uma maior concentração de poder no governo central (foi o que ocorreu no Brasil, com a carta de 1967); o centrifugo implica numa maior descentralização, com redução dos poderes centrais e ampliação dos poderes regionais (EUA); e o de equilíbrio, que visa instaurar uma equilibrada e equitativa repartição de poderes entre o governo central e regionais (tendência da constituição brasileira de 1988). No trato do tema, identificamos outro aspecto. Conforme nos ensinam Mendes e Branco (2010), no modelo federal a Constituição Federal atua como fundamento de validade das ordens jurídicas central e dos entes subnacionais. Ela, assim, confere unidade ao Estado Federal, traçando “um compromisso entre as aspirações de cada região e os interesses comuns às esferas locais em conjunto. A Federação gira em 1- Organização político-administrativa Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 4 de 110 www.exponencialconcursos.com.br torno da Constituição Federal, que é o seu fundamento jurídico e instrumento regulador”. Além disso, a Constituição Federal deve ser rígida e ter o princípio federalista como cláusula pétrea, para prevenir que a União possa transformar a Federação em Estado unitário, ao mesmo tempo em que evita o separatismo dos demais entes. É o que temos expresso hoje no art. 60, §4º, I da CF/88. Deve também possuir mecanismos de solução das crises, como a possibilidade de intervenção descritas nos artigos 34 e 35. Por fim, deve-se destacar que, ao passo em que a Constituição Federal atribui a cada ente uma matéria – privativa, exclusiva, comum ou concorrente –, prevê também competências tributárias exclusivas de cada qual, além da repartição de rendas, a fim de viabilizar o desempenho de tais competências que, obviamente, demandam recursos financeiros. É sob tal prisma que devemos estudar esta parte da Constituição. TÍTULO III Da Organização do Estado CAPÍTULO I DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. (1) Lembramos que a soberania é atributo da República Federativa do Brasil, ao passo que os entes federados são dotados de autonomia. É lugar comum dizer que os entes detêm autonomia OLGA (organizativa, legislativa, governamental e administrativa). Como nos explica Bastos (1999), soberania é atributo que se confere ao poder do Estado juridicamente ilimitado. Por exemplo, o Estado brasileiro não deve obediência jurídica a nenhum outro Estado. Já a autonomia é a margem de atuação sempre delimitada pelo próprio direito. Por isso se diz que a União, os Estados-Membros, o Distrito Federal o os municípios são pessoas jurídicas de direito público interno autônomas: Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 5 de 110 www.exponencialconcursos.com.br todos atuam dentro de uma moldura jurídica previamente definida pela Constituição Federal. (2) A União é ente autônomo e não se confunde com a República Federativa do Brasil. A União é o ente federativo central. Ao mesmo tempo em que temos a coexistência dos Estados, Distrito Federal e Municípios, temos um ente que aglutina os demais, a União. § 1º - Brasília éa Capital Federal. (1) Brasília é a Capital Federal e não o Distrito Federal. Cuidado com as pegadinhas. A Capital Federal é o centro político de toda a federação. Já o Distrito Federal é um dos entes autônomos da nossa federação. 1- (FGV / Técnico da Defensoria Pública Estadual – RO / 2015) A Constituição da República Federativa do Brasil adotou, como forma de Estado, a federação. A existência dessa federação é caracterizada pela: a) subordinação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios à União, nos termos da Constituição da República Federativa do Brasil; b) autonomia política da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, nos termos da Constituição da República Federativa do Brasil; c) subordinação dos Municípios aos Estados e ao Distrito Federal, nos termos da Constituição da República Federativa do Brasil; d) concentração da autonomia política na União, que representa o Poder Público nas relações internas e internacionais; e) autonomia política da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos da Constituição da República Federativa do Brasil. Resolução: Alternativa E. O problema dos itens “A”, “C” e “D” é que não há hierarquia ou subordinação entre os entes federados, sendo estes autônomos. Quanto ao item “B”, cumpre destacar que os Territórios não possuem autonomia política. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 6 de 110 www.exponencialconcursos.com.br § 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. (1) Para diversos constitucionalistas, como José Afonso da Silva (2005), os Territórios Federais são espécie de autarquia da União, vale dizer, um pessoa jurídica descentralizada. (2) Atenção para o instrumento idôneo (lei complementar) aos referidos processos de criação, transformação e reintegração. 2- (FGV / Auditor Fiscal da Receita Estadual – RJ / 2007) Os territórios federais integram a União, e sua reintegração ao Estado de origem será regulada em lei: a) complementar. b) ordinária. c) delegada. d) complexa. e) mista. Resolução: Alternativa A. Ficamos avisados? § 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar- se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. Reorganização territorial dos Estados Incorporar-se entre si Fusão Subdividir-se Cisão Desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais Formação e/ou anexação Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 7 de 110 www.exponencialconcursos.com.br Apesar de os conceitos acima serem bem intuitivos, veja-se alguns exemplos ilustrativos: Fusão Após a fusão os Estados primitivos “A” e “B” não existem mais, surgindo um novo Estado “C”. Cisão Após a cisão o Estado primitivo “X” não existe mais, surgindo dois ou mais novos Estados. No nosso exemplo “Y” e “Z”. Desmembramento (formação) Após o Estado “A” perder parte de seu território, a parte perdida (desmembrada) forma um novo Estado, “B”. Estado A Estado B Estado C Estado Y Estado Z Estado X Estado A Estado B (Parte perdida) Estado B E Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 8 de 110 www.exponencialconcursos.com.br Desmembramento (anexação) Após o Estado “A” perder parte de seu território, outro Estado, “B”, a incorpora (na ilustração, antes da incorporação, o território de “B” não contemplava todo o círculo, mas apenas até a parte pontilhada). O processo de reorganização territorial está regulamentado pela Lei 9.709/98 e pode ser dividido em até quatro fases: Ressalte-se que tanto a aprovação da lei complementar pelo Congresso Nacional como a sanção presidencial não estão vinculadas ao resultado plebiscitário. A medida que a princípio soa bastante antidemocrática foi estabelecida pelo próprio constituinte originário. § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estado A Estado B Plebiscito Condição indispensável à fase seguinte Proposição do projeto de LC a qualquer Casa do Congresso Nacional Audiência das Assembleias Legislativas Não vincula o andamento da LC, mesmo havendo parecer desfavorável Aprovação da LC pelo Congresso Nacional É decisão discricionária, o CN não está obrigado a aprová-lo e nem o Presidente a sancioná-lo Parte perdida Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 9 de 110 www.exponencialconcursos.com.br Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei (1) Vamos distinguir alguns aspectos. Reorganização territorial de Estado-membro Reorganização territorial de Município Lei complementar federal Independe de Estudo de Viabilidade Demanda plebiscito Lei estadual dentro de período determinado por Lei complementar federal Depende de Estudo de Viabilidade Demanda plebiscito Inobstante o exposto, no caso dos Municípios, a supracitada lei complementar federal até hoje não foi editada. “Mas professor, desde a promulgação da Constituição Federal dezenas e dezenas de Municípios foram criados! Como isso é possível?” Pois bem. Juridicamente não seria. Atento a isso, em 2008 o Congresso Nacional promulgou uma emenda à Constituição (EC nº 57/2008), inserindo um dispositivo no ADCT com o seguinte teor: Art. 96. Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação. Assim, e evitando-se maiores ações e discussões que poderiam gerar gravíssima insegurança jurídica, buscou-se dar certo verniz de constitucionalidade às criações de Municípios já efetuadas e convalidá-las, muito embora tal solução até hoje seja por vezes questionada. 3- (FCC / Defensor Público Estadual – MA / 2015) Tramita perante as Casas do Congresso Nacional um projeto de decreto legislativo que visa à convocação de plebiscito para que o eleitorado de todo o Estado do Maranhão se manifeste sobre a criação, a partir do desmembramento de determinados Municípios de seu território, do chamado Estado do Maranhão do Sul. A proposição em questão é: a) compatível com a Constituição da República, que exige, para a formação de novo Estado, além da realização de plebiscito, aprovação do Congresso Nacional, por lei complementar. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria,Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 10 de 110 www.exponencialconcursos.com.br b) incompatível com a Constituição da República, pois a criação de ente político, nos moldes propostos, constituiria exercício de direito à secessão, em violação à forma federativa de Estado, assegurada como cláusula pétrea no texto constitucional. c) incompatível com a Constituição da República, pois o Congresso Nacional não possui competência para convocar plebiscito de âmbito regional, sob pena de ofensa à autonomia do Estado a ser atingido com a medida pretendida. d) incompatível com a Constituição da República, no que se refere à população a ser consultada em plebiscito, posto que deve se restringir à dos Municípios a serem desmembrados do Estado. e) compatível com a Constituição da República, que exige, para a formação de novo Estado, além da realização de plebiscito, a divulgação de estudos de viabilidade, apresentados e publicados na forma da lei. Resolução: Alternativa A. Literalidade do disposto no §3º do art. 18. Basta fixarmos determinadas palavras-chave: população diretamente interessada + plebiscito + Congresso Nacional + Lei complementar. 4- (CESPE / Advogado da União / 2015) Julgue o item seguinte, que se refere ao Estado federal, à Federação brasileira e à intervenção federal. Entre as características do Estado federal, inclui-se a possibilidade de formação de novos estados-membros e de modificação dos já existentes conforme as regras estabelecidas na CF. Resolução: Correto. Os Estados-membros podem se fundir, serem cindidos ou, ainda, serem desmembrados. Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; II - recusar fé aos documentos públicos; III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. (1) Os incisos I e II são absolutos. Vale dizer, a CF/88 não estabelece qualquer via de exceção ao texto acima posto. Lembremos aqui que o Estado é laico, mantendo uma postura neutra quanto às religiões. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 11 de 110 www.exponencialconcursos.com.br Quanto ao inciso II, destaque-se que o documento ao qual a lei de determinado ente confere fé pública (presunção de fidedignidade), como uma carteira de identidade, não pode ser recusado injustificadamente por órgão de outro ente. Já o inciso III apresenta certas particularidades. Isso porque o constituinte, na busca por isonomia, foi sensível à existência de diferenças socioeconômicas entre os entes federados subnacionais (Estados-membros, DF e Municípios). Assim, viabilizou certos mecanismos de tratamento diferenciado em relação a estes. Por exemplo: Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: [...] III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais. § 1º Lei complementar disporá sobre: I - as condições para integração de regiões em desenvolvimento; II - a composição dos organismos regionais que executarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente com estes. § 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, na forma da lei: I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos e preços de responsabilidade do Poder Público; II - juros favorecidos para financiamento de atividades prioritárias; III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas. § 3º Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos e médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas glebas, de fontes de água e de pequena irrigação. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 12 de 110 www.exponencialconcursos.com.br [Art. 165] § 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II [fiscal e de investimento, no âmbito da União], deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional. Antes de partirmos para a análise da delimitação constitucional de competências, vejamos este tema que sempre costuma incidir em concursos. Nos termos do art. 98 do Código Civil, são públicos os bens do domínio nacional pertencentes à União, aos Estados, DF e Municípios; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa física ou jurídica a que pertencerem. Das lições de Direito Administrativo, lembremos que os bens públicos podem ser: a) de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; b) os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, ou municipal, inclusive os de suas autarquias; c) os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Nos artigos 20 e 26, a Constituição Federal os tratou indistintamente. Bens da União (art. 20) Bens dos Estados (art. 26) os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em as terras devolutas não compreendidas entre as da União 2- Bens da União e dos Estados Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 13 de 110 www.exponencialconcursos.com.br lei os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios (ex.: Florianópolis/SC e Vitória/ES), exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União + as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios outerceiros os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva o mar territorial - os terrenos de marinha e seus acrescidos - os potenciais de energia hidráulica - os recursos minerais, inclusive os do subsolo - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré- históricos - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios - Observem que, ressalvado o caso das terras devolutas (terras que nunca integraram legitimamente o patrimônio de particular), os bens dos Estados são sempre residuais aos da União. Este é o grande macete aqui, memorizar por exclusão. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 14 de 110 www.exponencialconcursos.com.br 5- (CESPE / TCE – RN – Conhecimentos básicos / 2015) No que concerne à organização político-administrativa, julgue o item a seguir. São bens dos estados-membros da Federação as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. Resolução: Errado. Trata-se de bens da União. 6- (FCC / Técnico Judiciário do TRE – PB / 2015) Dentre as hipóteses elencadas, não constitui, como regra, bem da União: a) O rio que sirva de fronteira entre Estados-membros. b) O recurso mineral concentrado em um único Estado-membro. c) A cavidade natural subterrânea situada na área de um único Estado- membro. d) O sítio arqueológico situado em determinado Município. e) A ilha costeira que seja sede de Município. Resolução: Alternativa E. Não está incluso no conceito de ilha costeira que seja sede de Município aquela que apenas esteja dentro do território deste. Por exemplo, no território do Município de Vitória, temos, além da ilha principal (Vitória), a pequena ilha do Frade. Uma vez que a sede do Município encontra-se em Vitória, apenas esta não é bem da União. [Art. 20] § 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. § 2º - A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. (1) O parágrafo primeiro versa sobre a garantia de royalties e outras participações na exploração de recursos energéticos, minerais e hidrogeológicos. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 15 de 110 www.exponencialconcursos.com.br Tratam-se de compensações financeiras pagas aos entes pela exploração de tais recursos em seus territórios, afinal, essa atividade pode neles gerar uma série de impactos socioeconômicos e ambientais. (2) Por sua vez, o parágrafo segundo é bastante intuitivo. A “faixa de fronteira” ou “zona de fronteira”, é ponto sensível para a defesa e soberania nacionais e exige uma regulação diferenciada em face de sua distribuição física pelo território, perpassando as fronteiras de diversos entes subnacionais. O capítulo II da Constituição Federal discrimina dois grandes grupos de modalidades de repartição de competências legislativas e materiais (administrativas) entre os entes federados. Vale dizer, nosso federalismo cooperativo é estruturado de acordo com determinados critérios que lhe preservem o equilíbrio e a adequada articulação entre seus membros. E que critérios são esses? No Brasil, prevalece o princípio do predomínio do interesse. Ou seja, o nosso constituinte entendeu que determinadas matérias apresentam, por sua natureza, interesse geral (nacional) devendo ser cuidadas (ao menos em termos de normas gerais) pela União. Outras repercutem em âmbito eminentemente regional, sendo distribuídas aos Estados-Membros e ao DF (que, ainda, acumula o interesse local). Por fim, determinadas questões são mais pontuais, locais, estando seu cuidado a cargo dos Municípios e ao DF (no acúmulo de competências municipais). Destaque-se que o critério de repartição de competências adotado pela Constituição não permite que se fale em superioridade hierárquica das leis federais sobre as leis estaduais, distritais ou municipais, de forma que haverá inconstitucionalidade tanto na invasão da competência da União pelo Estado- membro, pelo Município ou pelo Distrito Federal, como na hipótese inversa. Assim, ao contrário do que pensa o senso comum, não há, a princípio, hierarquia da União sobre os Estados ou, em outro exemplo, dos Estados sobre os Municípios. Segundo José Afonso da Silva (2005), podemos classificar as competências em: 3- Repartição de competências ê Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 16 de 110 www.exponencialconcursos.com.br A competência material (ou administrativa) é aquela que impõe ao(s) respectivo(s) ente(s) o dever de estabelecer ações e políticas públicas e de Estado a respeito de determinadas matérias. Por exemplo, nos termos do art. 21, III, compete privativamente à União assegurar a defesa nacional. Pois bem. O comando constitucional aqui dirige-se predominantemente à necessidade de aquele ente compor programas, ações e atividades em prol da proteção do nosso território e do nosso povo, em especial no contexto geopolítico internacional. Já a competência legislativa dirige-se sobretudo à aptidão de determinado ente editar leis e outros atos normativos para disciplinar determinadas matérias. Normalmente, o ente ao qual a Constituição Federal estabelece competência material, também detém competência legislativa sobre determinado conteúdo. Competência Material (Adminis- trativa) Exclusiva (art. 21) Competência indelegável. Somente a União pode exercê- la, sem qualquer participação, mesmo subsidiária, dos demais entes. Comum (art. 23) Todos os entes podem exercê-la, sem qualquer preferência de ordem. Legislativa Exclusiva (art. 25, §§1º e 2º) Competência indelegável. Somente os Estados podem exercê-la, sem qualquer participação, mesmo subsidiária, dos demais entes. Privativa (art. 22) Competência parcialmente delegável. A União prevalece ao legislar sobre as matérias. No entanto, pode, por Lei Complementar, autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas. Concorrente (art. 24) Todos os entes podem exercê-la, havendo a seguinte preferência de ordem: a União limita-se a legislar sobre normas gerais Suplementar (art. 24, §§2º e 3º) suplementar complementar –existe lei federal sobre a matéria, os Estados e DF simplesmente as completam suplementar supletiva – inexiste lei federal; os Estados e o DF passam a dispor, temporariamente, de competência plena sobre a matéria Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 17 de 110 www.exponencialconcursos.com.br Seguindo nosso exemplo acima (art. 21, III), nos termosdo art. 22, compete privativamente à União legislar sobre direito aeronáutico, espacial, jazidas, minas, emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros, atividades nucleares de qualquer natureza, dentre outros, que certamente são pontos afetos à defesa nacional. Tendo essa distinção e o princípio da predominância do interesse em mente, podemos melhor compreender o texto “seco” da Constituição Federal. Podemos sintetizar diversos aspectos concernentes ao denominado “princípio” da simetria constitucional. Tal conceito, muito embora não seja um princípio constitucional formal – nem mesmo hermenêutico formal –, encontra forte resguardo na jurisprudência do nosso Supremo Tribunal Federal e dos demais Tribunais. A razão principal é sua eficácia como ferramenta resolutiva de questões que envolvam nosso federalismo e não tenham solução constitucional explícita ou evidente. Grosso modo, o princípio da simetria constitucional traduz a ideia que os Estados-membros, o DF e os Municípios, no exercício de sua capacidade de auto organização (que se reflete em suas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas), devem observância aos limites e diretrizes estabelecidos na Constituição Federal, guardando correspondência (simetria) com os institutos jurídicos nela expressos. Por exemplo, o art. 83, da CF/88 dispõe que o Presidente da República e o Vice não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a 15 dias, sob pena de perda do cargo. “Ok, e os Governadores e Prefeitos?” A CF/88 nada fala. É silente. Todavia a jurisprudência entende que, por simetria, a regra do art. 83 também deve ser reproduzida nos Estados-membros, DF e Municípios. Assim, os Governadores e seus Vices são poderão se ausentar por mais de quinze dias sem autorização da Assembleia Legislativa e os Prefeitos e seus Vices também não o poderão fazer sem autorização das respectivas Câmaras Municipais/Legislativas. A simetria é utilizada como solução nas questões federativas sem determinação constitucional clara. 4- Simetria constitucional Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 18 de 110 www.exponencialconcursos.com.br É uma tendência crescente nos últimos anos nos depararmos com perguntas envolvendo aplicação simétrica de normas constitucionais aos entes subnacionais (Estados, DF e Municípios). No presente trecho da Constituição Federal veremos que a Carta Magna estabelece que os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios da Constituição Federal (art. 25) e que os Municípios e o DF reger-se-ão por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal/Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal (arts. 29 e 32). Assim, havendo eventuais questionamentos a respeito da operacionalização das competências (que não esteja disposta na CF/88) e da forma de organização dos entes subnacionais, uma das soluções possíveis é buscar a resposta na aplicação da simetria. No estudo da organização político-administrativa é de suma importância manter os dois conceitos a seguir em mente: Princípios constitucionais Extensíveis São as regras de organização que a CF/88 desenhou no âmbito da União, porém, aplicam-se ("estendem-se") também aos demais entes. Exemplos: as eleições para Chefe do Poder Executivo, as regras gerais do processo legislativo federal, as regras gerais do organização dos Poderes e outros. Estabelecidos São as regras de organização que a CF/88 desenhou direta e indistintamente para todos os entes. Exemplos: as competências e limitações ao poder de tributar, as regras sobre a administração pública, as disposições sobre as forças armadas e a segurança pública e outros. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 19 de 110 www.exponencialconcursos.com.br Na aplicação do princípio da simetria, os entes subnacionais não podem se distanciar do eixo constitucional, devendo ser considerados tanto os princípios extensíveis como, evidentemente, os estabelecidos. 7- (CESPE / Procurador do Ministério Público junto ao TCU / 2015 / Adaptada) Segundo a jurisprudência predominante do STF, determinadas normas da CF/88 voltadas à União são consideradas de observância obrigatória para os demais entes da Federação, independentemente de previsão constitucional expressa para essa extensão, ao passo que outras, ao contrário, são tidas como não obrigatórias e até mesmo vedadas a esses mesmos entes. Diante de tais circunstâncias julgue o item abaixo. Embora não previsto expressamente, o princípio da simetria determina que todas as normas da CF voltadas à União devem, sem exceção, ser aplicadas também aos demais entes federativos, especialmente nos casos em que o texto constitucional for silente sobre tal extensão. Resolução: Errado. Por exemplo, a CF/88 prevê em seu art. 86, §4.º, que o Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções, assim, possui irresponsabilidade penal relativa. Ou seja, em caso de crimes comuns, o Chefe do Executivo Federal, enquanto não cesse a investidura na presidência, apenas pode ser responsabilizado caso a infração tenha correlação com o exercício das funções presidenciais. Por exemplo, se o Presidente da República resolve agredir fisicamente um desafeto de infância, sem nenhum motivo, não poderá ser responsabilizado penalmente durante seu mandato. “Ok, entendi professor. Então, por simetria, os Governadores e Prefeitos também têm essa prerrogativa.” Errado. A irresponsabilidade penal relativa é um exemplo de norma não simétrica. Outro exemplo mais explícito de norma não totalmente simétrica é a estrutura do Poder Legislativo. Em âmbito federal, ele é bicameral (duas Casas, vale dizer, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal). Já no âmbito dos Estados, DF e Municípios, ele é composto por apenas uma Casa (Assembleia Legislativa, Câmara Legislativa e Câmara Municipal, respectivamente). Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 20 de 110 www.exponencialconcursos.com.br Deste modo, ao contrário do que aduz o enunciado, não são todas as normas da CF voltadas à União que devem, sem exceção, ser aplicadas também aos demais entes federativos. A Constituição Federal construiu a seguinte arquitetura geral na discriminação de competências: Ente Discriminação União Enumerada Estados Remanescente (residual) Distrito Federal Enumerada + remanescente (residual) Municípios Enumerada 8- (CESPE / Analista Judiciário do TJ – SE / 2014) A respeito da organização político-administrativa da República Federativa do Brasil, julgue os próximos itens. A repartição de competências entre os entes federativos atribui à União competência ampla e, aos estados, competência residual, motivo por que lei federal é hierarquicamente superior a lei estadual. Resolução: Errado. Não existe uma hierarquia nesse sentido. De acordo com a matéria, a competência pode ser privativa, exclusiva,comum ou concorrente, e, cada qual, pode ou não acarretar “influências” de um ente sobre o outro. 9- (FGV / Auditor Fiscal da Receita Estadual – RJ / 2008) A técnica utilizada para a repartição de competências na Federação Brasileira é a que discrimina poderes: a) especificados para as unidades menores. b) indicados para os Municípios. c) enumerados para a União. d) remanescentes para a União. e) implícitos para os Estados-Membros. Resolução: Alternativa C. 5- Competências constitucionais: União, Estados, Distrito Federal e Municípios ê Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 21 de 110 www.exponencialconcursos.com.br Vejamos agora na prática. Art. 21. Compete [EXCLUSIVAMENTE] à União: I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais; II - declarar a guerra e celebrar a paz; III - assegurar a defesa nacional; IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal; VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico; VII - emitir moeda; VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada; IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária; d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território; e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 22 de 110 www.exponencialconcursos.com.br XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; (1) Incisos comumente cobrados, principalmente o XIII: União organiza e mantém No Distrito Federal Nos Territórios Poder Judiciário Poder Judiciário Ministério Público Ministério Público - Defensoria Pública XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional; XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão; XVII - conceder anistia; XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações; XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação; XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional; Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 23 de 110 www.exponencialconcursos.com.br b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa. 10- (CESPE/ Juiz Substituto TJ – DFT / 2014 / Adaptada) Julgue o item abaixo acerca da distribuição de competências aos entes federados. Compete ao DF organizar a sua polícia civil, sua polícia militar e seu corpo de bombeiros militar, competindo à União prestar assistência financeira ao DF para a execução de serviços públicos por meio de fundo próprio. Resolução: Errado. Compete exclusivamente à União organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio. 11- (ESAF / Analista de Informações – Ministério da Integração / 2012 / Adaptada) Julgue o item a seguir: Compete aos Estados e ao Distrito Federal planejar a defesa permanente contra as calamidades públicas e legislar sobre a correlata defesa civil e mobilização nacional. Resolução: Errado. Trata-se de competência EXCLUSIVA da União. Art. 22. Compete PRIVATIVAMENTE à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; Vamos esquematizar o que é mais comumente cobrado para evitar posteriores confusões. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 24 de 110 www.exponencialconcursos.com.br Vejamos um exemplo prático que demonstra a sutileza na interpretação de tais pontos. Legislar sobre as relações contratuais compete privativamente à União (Direito Civil) ou concorrentemente com os Estados e DF (Direito Econômico e produção e consumo)? Compete privativamente à União! Contratos e negócios jurídicos como um todo são matérias afetas ao Direito Civil. Apenas residualmente a matéria resvala sobre Direito Econômico e consumo, o que, todavia, não autoriza os Estados-membros e o DF a editarem normas acerca de relações contratuais (ADI 1.807/MT)! 12- (FGV / Analista Judiciário do TJ - RJ / 2014) Determinado Estado,com o objetivo de zelar pela infância e pela juventude, bem como por inexistir lei federal que trate da matéria, decide editar lei Art. 22, I Competência privativa da União D. Civil D. Comercial D. Penal D. Processual D. Eleitoral D. Agrário D. Marítimo D. Aeronáutico D. Espacial D. Trabalho Art. 24, I e XI Competência concorrente (União, Estados e DF) D. Tributário D. Financeiro Direito Penitenciário Direito Econômico Produção e consumo Procedimentos em matéria processual Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 25 de 110 www.exponencialconcursos.com.br disciplinando a data de vencimento das mensalidades escolares, dispondo que estas deveriam ser estabelecidas entre o dia 5 e o dia 10 de cada mês. Com isso, haveria tempo hábil para que os responsáveis recebessem seus salários, o que costuma ocorrer na referida época do mês, e efetuassem o respectivo pagamento. É correto afirmar que essa lei estadual é: a) inconstitucional, pois a data de vencimento das mensalidades escolares é matéria afeta ao direito civil, de competência privativa da União. b) constitucional, pois os Estados têm competência concorrente com a União para legislar sobre proteção à infância e à juventude. c) inconstitucional, pois a data de vencimento das mensalidades escolares deve observar as peculiaridades locais, indicativo de que a competência legislativa é dos Municípios. d) constitucional, pois é competência comum de todos os entes da Federação proporcionar os meios de acesso à educação e à cultura. e) inconstitucional, pois a data de vencimento das mensalidades escolares não é matéria afeta à lei, submetendo-se, portanto, à livre vontade dos contratantes. Resolução: Alternativa A. Muito embora a questão se escore em jurisprudência específica (abaixo transcrita), é plenamente possível respondê- la com base no art. 22, I, da CF/88. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 10.989/93 DO ESTADO DE PERNAMBUCO. EDUCAÇÃO: SERVIÇO PÚBLICO NÃO PRIVATIVO. MENSALIDADES ESCOLARES. FIXAÇÃO DA DATA DE VENCIMENTO. MATÉRIA DE DIREITO CONTRATUAL. VÍCIO DE INICIATIVA. 1. Os serviços de educação, seja os prestados pelo Estado, seja os prestados por particulares, configuram serviço público não privativo, podendo ser desenvolvidos pelo setor privado independentemente de concessão, permissão ou autorização. 2. Nos termos do artigo 22, inciso I, da Constituição do Brasil, compete à União legislar sobre direito civil. 3. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado procedente. (STF - ADI: 1007 PE , Relator: EROS GRAU, Data de Julgamento: 31/08/2005, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 24-02-2006 PP-00005 EMENT VOL-02222-01 PP-00007). II - desapropriação; III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; V - serviço postal; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 26 de 110 www.exponencialconcursos.com.br VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; VIII - comércio exterior e interestadual; IX - diretrizes da política nacional de transportes; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; XI - trânsito e transporte; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; XIV - populações indígenas; XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões; XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes; XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais; XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; XX - sistemas de consórcios e sorteios; XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares; XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais; XXIII - seguridade social; (1) Pausa para respirar e fazer alguns apontamentos. Os incisos acima são bastante intuitivos (não é necessário que o candidato os tenha 100% na ponta da língua, e sim que saiba identificá-los nas alternativas da questão), sempre tendo em mente que a CF/88 privilegia que a União legisle sobre temas que exigem certa uniformização e repercutem diretamente sobre todos os entes. Em relação ao inciso XXIII em particular, é válido observar que a seguridade social pode ser subdividida em três ramos: Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 27 de 110 www.exponencialconcursos.com.br Ou seja, a CF/88 delega à União a competência para legislar sobre o sistema maior que é a seguridade. Contudo, o art. 24, logo adiante, apresenta uma especificidade: Novamente temos aplicação da lógica que à União concede-se a prerrogativa de tratar do que é mais abrangente, vale dizer, sobre um sistema de normas mais extenso. Já os entes subnacionais (Estados, DF e Municípios) terão atuação mais pontual ou suplementar. XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; XXV - registros públicos; Seguridade Social Previdência Social Assistência Social Saúde Art. 22, XXIII Competência privativa da União Seguridade Social Art. 24, XII Competência concorrente (União, Estados e DF) Previdência Social e defesa da Saúde Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 28 de 110 www.exponencialconcursos.com.br XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional; XXIX - propaganda comercial. Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. (1) Embora o parágrafo único não cite explicitamente o DF, subtende-se que este também pode ser polo passivo de delegação das competências do artigo. (2) Por fim, uma observação: as bancas costumam cobrar bastante o rol de competências privativas da União. Considerem isso durante as revisões! 13- (CESPE/ Auditor – FUB / 2015) No que se refere à organização político-administrativa do Estado brasileiro, julgue o item seguinte. O constituinte brasileiro proibiu que a União delegasse aos estados e ao Distrito Federal a competência para legislar sobre matérias de sua competência privativa. Art. 22, XXV Competência privativada União Registros públicos Art. 24, III Competência concorrente (União, Estados e DF) Juntas comerciais Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 29 de 110 www.exponencialconcursos.com.br Resolução: Errado. Diferentemente das competências exclusivas (que excluem as ações dos demais entes), o trato específico de questões relacionadas às competências privativas pode ser “delegado” aos Estados (e ao DF) mediante lei complementar. 14- (CESPE/ Técnico Judiciário do TRE – GO / 2015) Julgue o item subsecutivo, referentes aos direitos políticos e à organização político-administrativa do Estado brasileiro. É competência privativa da União legislar acerca do direito eleitoral. Resolução: Correto. Para além de memorizar mnemônicos, podemos pensar da seguinte maneira. A princípio, o direito eleitoral precisa da coordenação de uma instância nacional, assim, a competência privativa é da União. Porém, as eleições também acontecem nos entes subnacionais. Deste modo, os Estados e o DF também podem, mediante autorização de lei complementar da União, tratar a respeito de algumas especificidades dessa matéria. 15- (FCC / Analista Judiciário do TRF da 2ª Região / Área Administrativa / 2007) Compete privativamente à União legislar sobre: a) educação, cultura, ensino e desporto. b) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais. c) águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão. d) responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico. e) direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico. Resolução: Alternativa C. Todas as demais opções apresentam competências CONCORRENTES! Ou seja, como regra, a União estabelece normas gerais e os Estados e o Distrito Federal (os Municípios não detêm tal prerrogativa) suplementam a normatização da matéria. 16- (FCC / Agente Fiscal de Rendas – SP / Área de Gestão Tributária / 2009) Lei estadual que versasse sobre questões específicas das condições para o exercício da enfermagem no âmbito do Estado seria: a) inconstitucional, uma vez que a Constituição da República assegura o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, independentemente do atendimento a qualificações profissionais estabelecidas em lei. Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 30 de 110 www.exponencialconcursos.com.br b) compatível com a Constituição da República, desde que houvesse lei complementar que autorizasse os Estados a legislar sobre questões específicas da matéria. c) incompatível com a Constituição da República, que não reconhece aos Estados a competência para legislar em caráter suplementar, em se tratando de competência legislativa concorrente. d) constitucional, por se inserir dentro da competência legislativa residual inerente aos Estados-membros da federação brasileira. e) suspensa em sua eficácia, naquilo em que fosse contrária à lei federal superveniente sobre a matéria. Resolução: Alternativa B. Legislar sobre condições para o exercício de profissões é competência privativa da União, admitindo que lei complementar autorize os Estados (e o DF) a lapidar a matéria em pontos específicos. Art. 23. É competência COMUM da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência; VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar; IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios; Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 31 de 110 www.exponencialconcursos.com.br XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito. Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (1) O rol supracitado é de fácil assimilação, uma vez que envolve basicamente interesses sociais gerais, mais facilmente coordenáveis, podendo mesmo todos os entes as exercerem de forma autônoma e em condições de igualdade. 17- (FGV / Agente de Fiscalização de Paulínia – SP / 2016) Sobre as competências administrativas do Município em comum com a União e o Estado, analise as afirmativas a seguir. I. Cuidar da saúde e da assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência. II. Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, exceto os sítios arqueológicos, de competência exclusiva da União. III. Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, inclusive os bens de valor artístico ou cultural. Está correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I e II, apenas. e) I e III, apenas. Resolução: Alternativa E. O único problema com o item II é que a proteção dos sítios arqueológicos também é competência comum do Município com o respectivo Estado e a União. 18- (FGV / Analista Judiciário do TJ – BA / 2015) Em matéria de repartição de competências não legislativas (administrativas ou materiais) no plano federativo, a Constituição da República de 1988 estabelece que é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 32 de 110 www.exponencialconcursos.com.br a) proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas. b) organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local. c) explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações. d) autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico e seus acessórios. e) explorar, diretamente ou mediante delegação, os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens. Resolução: Alternativa A. O problema da alternativa “B”, é que os itens listados tratam-se de competências privativas dos Municípios. Por sua vez, as opções “C”, “D”e “E”, tratam de competências da União. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar CONCORRENTEMENTE sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; II - orçamento; III - juntas comerciais; IV - custas dos serviços forenses; V - produção e consumo; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em matéria processual; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; XV - proteção à infância e à juventude; Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 33 de 110 www.exponencialconcursos.com.br XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (1) Um detalhe importante: o art. 24, §4º não fala em revogação das disposições que forem contrárias e sim suspensão. Desta forma, estas continuarão em vigor, tendo apenas sua eficácia mitigada. 19- (FCC / Analista Judiciário do TRF da 3ª Região / 2016) A União, os Estados e o Distrito Federal possuem competência legislativa concorrente sobre todas as seguintes matérias: a) Direito agrário, financeiro, econômico e urbanístico; trânsito, transporte, custas de serviços forenses, produção e consumo. b) Direito do trabalho, tributário, financeiro, econômico e urbanístico; orçamento e juntas comerciais. Legislação concorrente REGRA União estabelece normas gerais Estados suplementam as normas gerais EXCEÇÃO (inexistência de lei federal de normas gerais) Estados legislam plenamente Superveniência de lei federal (normas gerais) Suspende a eficácia da lei estadual no que lhe for contrário Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 34 de 110 www.exponencialconcursos.com.br c) Direito ambiental, do trabalho e econômico; desapropriação, trânsito e transporte. d) Direito agrário, financeiro, ambiental; seguridade social, proteção do patrimônio cultural e sistema de poupança popular. e) Direito tributário, financeiro, penitenciário, ambiental e econômico; proteção ao patrimônio cultural e à infância e juventude. Resolução: Alternativa E. Vejamos as incorreções: Direito agrário, do trabalho, trânsito e transporte, seguridade social, sistema de poupança Competência privativa da União 20- (FCC / Analista Judiciário do TRT da 9ª Região / 2015) A competência legislativa em matéria ambiental é concorrente entre a União e os Estados-membros. Isso significa dizer que: a) os Municípios não podem, em nenhuma circunstância, legislar acerca da matéria. b) cabe à União editar a lei geral acerca da matéria, podendo os Estados- membros editar normas próprias, que prevalecerão sobre aquela nos limites espaciais de seu território. c) a edição de lei federal acerca do tema limita a liberdade legislativa dos Estados-membros, que deverão respeitar os contornos traçados por aquela norma. d) enquanto não for editada a lei federal, os Estados-membros têm plena liberdade legislativa, sendo certo que, sobrevindo aquela, caso algum dispositivo se mostre incompatível com regra traçada pela lei estadual esta última será considerada automaticamente revogada. e) ocorrendo divergência entre o teor da lei federal e da lei estadual, a preponderância de uma ou outra dependerá da natureza do interesse tutelado no caso concreto. Resolução: Alternativa C. Vejamos as demais. a) os Municípios não podem, em nenhuma circunstância, legislar acerca da matéria. O município é competente para legislar concorrentemente sobre meio ambiente com a União e o Estado no limite do seu interesse local e desde que tal regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados. b) cabe à União editar a lei geral acerca da matéria, podendo os Estados- membros editar normas próprias, que prevalecerão sobre aquela nos limites espaciais de seu território suplementares. d) enquanto não for editada a lei federal, os Estados-membros têm plena liberdade legislativa, sendo certo que, sobrevindo aquela, caso algum Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 35 de 110 www.exponencialconcursos.com.br dispositivo se mostre incompatível com regra traçada pela lei estadual esta última será considerada automaticamente revogada suspensa. e) ocorrendo divergência entre o teor da lei federal e da lei estadual, a preponderância de uma ou outra dependerá da natureza do interesse tutelado no caso concreto. Em se tratando de legislação concorrente, a premência será da lei de normas gerais editada pela União. 21- (ESAF / Analista de Informações – Ministério da Integração / 2012) Sobre a repartição de competências comuns e concorrentes entre os entes da federação brasileira (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), é correto afirmar que: a) no âmbito das competências concorrentes, compete aos Municípios a fixação de normas gerais de direito orçamentário. b) é competência constitucional concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar sobre defesa civil e gerenciamento de riscos e desastres. c) no âmbito das competências comuns, compete a todos os entes da federação brasileira legislar sobre sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais. d) é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger o meio ambiente, combatendo os desastres nacionais de qualquer natureza. e) é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios preservar as florestas, a fauna e a flora. Resolução: Alternativa E. a) no âmbito das competências concorrentes, compete aos Municípios à União a fixação de normas gerais de direito orçamentário. b) é competência constitucional concorrente privativa à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar sobre defesa civil e gerenciamento de riscos e desastres. c) no âmbito das competências comuns, compete a todos os entes da federação brasileira é competência privativa da União legislar sobre sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais. d) é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger o meioambiente, combatendo os desastres nacionais de qualquer natureza. 22- (FGV / Auditor Fiscal da Receita Estadual – RJ / 2009) Na esfera das competências legislativas concorrentes, estabelecidas pelo artigo 24 da Constituição Federal, analise as afirmativas a seguir: Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 36 de 110 www.exponencialconcursos.com.br I. A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. II. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. III. A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende integralmente a eficácia da lei estadual. Assinale: a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somente a afirmativa II estiver correta. c) se somente a afirmativa III estiver correta. d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas. Resolução: Alternativa D. III. A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende integralmente no que lhe for contrário, a eficácia da lei estadual. E os Municípios em específico? Tendo em vista o princípio da predominância do interesse, assim estabeleceu a Constituição Federal: Art. 30. Compete aos Municípios: [PRIVATIVAMENTE] I - legislar sobre assuntos de interesse local; [SUPLEMENTARMENTE] II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; [PRIVATIVAMENTE] III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 37 de 110 www.exponencialconcursos.com.br (1) Cabe um adendo em relação ao inciso V. A competência dos Municípios em relação ao tópico abrange apenas a organização e prestação de serviços de transporte coletivo intramunicipal. Os demais pontos correlatos são de competência da União e (residualmente, ou seja, no caso do transporte intermunicipal, dos Estados). REVISANDO Compete exclusivamente à União: Explorar (i) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária; (ii) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território; (iii) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; (iv) os portos marítimos, fluviais e lacustres; Instituir diretrizes para transportes urbanos; Estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação. Compete privativamente à União: Legislar sobre diretrizes da política nacional de transportes e trânsito e transporte. (2) No RE 596.489-AgR/RS, o STF declarou inconstitucional lei municipal que, “atravessando” competência legislativa concorrente, utilize-se do argumento do interesse local para restringir ou ampliar as determinações contidas em texto normativo de âmbito nacional. 23- (FCC / Técnico Judiciário do TRF da 4ª Região / Área Administrativa / 2010) A exploração dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros compete: a) aos Estados. b) aos Estados e aos países estrangeiros. c) aos Municípios. d) ao Distrito Federal. e) à União. Resolução: Alternativa E. Mais do que boa memória, esse é o tipo de questionamento que se resolve com uma dose de bom senso. Afinal, por exemplo, faz sentido que Municípios legislem sobre transporte rodoviário internacional ou criem um emaranhado de leis e regulamentações sobre Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 38 de 110 www.exponencialconcursos.com.br transporte rodoviário interestadual? Claro que não! O que certamente se aplica aos Estados também. Assim, uma vez que a matéria exige uniformidade e coordenação de uma esfera superior a desses entes, ela recai sobre a União. 24- (FCC / Assessor Jurídico do TCE – PI / 2014) No âmbito da autonomia política constitucionalmente assegurada aos Municípios, inclui-se a competência para “criar, organizar e suprimir distritos”. Tal competência: a) somente cabe ser exercida em cidades com mais de vinte mil habitantes, pois veiculada mediante plano diretor. b) requer consulta prévia, mediante plebiscito, às populações das áreas envolvidas, para ser exercida nos casos de criação e supressão. c) tem caráter eminentemente administrativo, não compreendendo exercício de função legislativa, que compete, nessa matéria, apenas aos Estados e à União no âmbito da legislação concorrente sobre direito urbanístico. d) impede que legislação estadual determine a equiparação a distritos das áreas territoriais designadas, no âmbito do ordenamento municipal, como subdistritos. e) afasta legislação estadual voltada a definir princípios e diretrizes gerais sobre a organização dos distritos a serem criados pelos entes municipais. Resolução: Alternativa D. As opções “A” mostra-se incorreta simplesmente posto que a CF/88 não estabelece tal requisito mínimo, qual seja, um quantitativo de habitantes. Já a “B” erra uma vez que a CF/88 dispensa consulta prévia para os casos de supressão de Municípios. A “C”, por sua vez, é incorreta uma vez que tal competência expressa sim exercício de competência legislativa. Apenas devendo-se observar que A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual. Esta noção complementa nosso entendimento de por que a opção “E” também se mostra errada, uma vez que é a lei estadual que definirá princípios e diretrizes a serem observados pelos Municípios na criação de distritos. VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; Curso: Direito Constitucional – Curso regular Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 04 Prof. Jonathas de Oliveira 39 de 110 www.exponencialconcursos.com.br VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. Para fechar a análise deste tópico vejamos como o STF tem se orientado em relação a alguns temas que geraram controvérsia. Matéria É competência... Destinação de armas apreendidas e em situação irregular. Exclusiva da União, com base no art. 21, VI (ADI 3.258). Estabelecimento de prazos máximos, segundo a faixa etária dos usuários, para a autorização de exames pelas operadoras de plano de saúde. Exclusiva e privativa da União, com base nos art. 21, VIII e 22, VII (ADI 4.701). Manutenção de
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