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Apostila Patologias em Sistemas Hidráulicos

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PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS E 
DE PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dra Doralice Aparecida Favaro Soares 
Enga. Civil – CREA 17308/D 
1. Sistemas hidráulicos prediais e de prevenção contra 
incêndios 
O abastecimento de água sempre foi uma preocupação para todos os 
povos, porém, a água deve ser fornecida ao usuário em quantidade e com 
qualidade adequadas ao uso a que se destina. 
Desta forma, os sistemas hidráulicos prediais têm o papel fundamental 
de fornecer água às habitações, para dar as condições de saúde e higiene 
requeridas pelo usuário. 
Dos sistemas hidráulicos faz parte o armazenamento e a distribuição de 
água potável, a coleta e destinação dos esgotos e das águas pluviais, o 
sistema de aquecimento de água e o sistema de proteção contra incêndios. 
Conforme Benedicto (2009) inúmeras são as não conformidades nos 
sistemas hidráulicos prediais e sanitários que podem ocorrer quando o usuário 
passa a ocupar e interagir com a edificação. 
1.1 Características e definições importantes relacionadas aos sistemas 
hidráulicos prediais e de prevenção contra incêndio 
Os sistemas prediais de água fria se constituem em um subsistema do 
sistema de abastecimento de água e pode ser considerado como a 
“extremidade” última do sistema público de abastecimento onde estabelece o 
elo de ligação com o usuário final (NBR 5626:1998) 
O sistema predial de água fria tem por objetivo fornecer água ao usuário 
em quantidade e com qualidade adequadas ao uso a que se destina. 
O sistema predial de água quente é o responsável por oferecer ao 
usuário as condições de conforto e higiene em atividades importantes para o 
ser humano como banho e lavagem de louças e roupas. 
O objetivo do sistema predial de esgoto sanitário é coletar e conduzir os 
despejos provenientes do uso adequado dos aparelhos sanitário a um destino 
apropriado e deve ser projetado de forma a evitar a contaminação da água 
potável, permitir o rápido escoamento da água utilizada e dos despejos 
introduzidos evitando vazamentos e depósitos no interior da tubulação, impedir 
a passagem dos gases provenientes da rede para o ambiente e o acesso de 
corpos estranhos ao interior do sistema, conforme NBR 8160:1999. 
Os sistemas prediais de águas pluviais devem coletar e conduzir a 
vazão de projeto até os locais permitidos pelos dispositivos legais, ser 
estanques, resistir aos esforços a que estiverem sujeitos e não devem provocar 
ruídos. 
O sistema predial de prevenção contra incêndios apresenta-se como 
salvaguarda dos bens e da vida humana. Compreende as instalações que têm 
como objetivo detectar, informar onde incêndio se iniciou e debelá-lo tão logo 
se inicie, evitando que se propague. 
Entende-se aqui por sistemas hidráulicos prediais os sistemas 
prediais de água fria e quente, coleta e destinação de esgotos sanitários e 
coleta e destinação das águas pluviais. 
Algumas definições são importantes para o entendimento dos demais 
assuntos deste texto: 
Fecho hídrico: Camada líquida, de nível constante, que em um 
desconector veda a passagem dos gases. 
Altura do fecho hídrico: Profundidade da camada líquida, medida entre 
o nível de saída e o ponto mais baixo da parede ou colo inferior do 
desconector, que separa os compartimentos ou ramos de entrada e saída 
desse dispositivo. 
Antes de se fazer o projeto executivo, deve-se fazer um projeto 
básico. Este estudo deve estabelecer com precisão, através de seus 
elementos constitutivos, todas as características, dimensões, especificações, e 
as quantidades de serviços e de materiais, custos e tempo necessários para 
execução do serviço a ser executado, de forma a evitar alterações e 
adequações durante a elaboração do projeto executivo. 
Conforme IBRAOP (2010), o projeto básico é o conjunto de desenhos, 
memoriais descritivos, especificações técnicas, orçamento, cronograma e 
demais elementos técnicos necessários e suficientes para a precisa 
caracterização dos sistemas hidráulicos prediais referentes à obra a ser 
executada, atendendo às Normas Técnicas e à legislação vigente, elaborado 
com base em estudos anteriores que assegurem a viabilidade e o adequado 
tratamento ambiental do empreendimento. 
Todos os elementos que compõem o projeto básico devem ser 
elaborados por profissional legalmente habilitado, sendo indispensável o 
registro da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), 
identificação do autor e sua assinatura em cada uma das peças gráficas e 
documentos produzidos (IBRAOP, 2010). 
O projeto executivo deverá conter os detalhes executivos do sistema 
referido, já estudados (e resolvidas) todas as questões de compatibilidade com 
os projetos dos demais sistemas prediais para que não tenham que ser 
tomadas decisões de última hora durante a execução da obra. 
A durabilidade pode ser definida como a capacidade de um material 
conservar as suas propriedades ao longo do tempo, ou ainda, propriedade na 
qual o produto resiste, satisfatoriamente, a determinadas condições de 
exposição que venha a ser submetido. Avalia-se um produto durável pela 
resistência que este apresenta frente a fatores de degradação, mantendo a sua 
estrutura acima de limites mínimos estabelecidos para o desempenho, quando 
submetidos a serviços normais de manutenção, durante um período 
determinado de tempo, chamado vida útil. 
A durabilidade de um sistema hidráulico predial está diretamente 
relacionada ao comportamento do todo, sendo eles, a durabilidade dos 
materiais empregados, as condições de exposição e de uso as quais o sistema 
hidráulico será submetido e à realização da manutenção periódica. 
Segundo John (1987) a durabilidade nem sempre é uma propriedade 
intrínseca do material. Pequenas mudanças no projeto podem ser feitas de 
forma que a exposição dos materiais aos agentes degradantes seja amenizada 
tornando assim o produto mais durável. Desta forma, pode-se dizer que a 
durabilidade depende muito mais do conhecimento e sabedoria do projetista e 
construtor do que de recursos. 
A vida útil é o intervalo de tempo ao longo do qual a edificação e suas 
partes constituintes atendem aos requisitos funcionais para os quais foram 
projetadas, obedecidos os planos de operação, uso e manutenção previstos 
(NBR 5674:1999). 
A vida útil de um sistema está relacionada com a vida útil de seus 
componentes. 
Lichtenstein (1985) conceitua desempenho como o comportamento de 
um produto quando em uso. No caso da construção civil, este produto pode ser 
tanto o sistema “edifício”, os vários subsistemas que o compõem (estruturas, 
instalações, vedações, etc.), ou os próprios componentes que formam um 
determinado subsistema. 
Amorim (1989) ressalta que o conceito fundamental da concepção 
sistêmica reside no princípio de que os produtos (projetos, sistemas, 
componentes, etc.) podem ser descritos e o seu desempenho medido, sem que 
seja necessário pensar nas partes que os compõem. 
Por requisito de desempenho compreende-se a formulação qualitativa 
das propriedades a serem alcançadas pelo edifício, ou por suas partes, de 
maneira a atender determinadas necessidades do usuário. Os requisitos de 
desempenho são relativos ao uso propriamente dito da edificação, à resistência 
que esta deverá oferecer aos desgastes que sobre ela atuam e às 
conseqüências que ela produzirá sobre o meio ambiente. 
Desta forma, pode-se afirmar que incorre numa patologia ou numa 
inconformidade, todo sistema ou subsistema que não atende algum requisito 
de desempenho, especialmente aqueles exigidos por legislação específica, 
regulamentação ou normalização técnica. 
A manutenção predial é um conjunto de atividades que, se executadas 
regularmente ao longo de toda a vida útil de um edifício, podem aumentar o 
tempo em que o desempenho é satisfatório (LICHTENSTEIN, 1985). 
O processo de manutenção recomenda procedimentos periódicos, para 
que estes possamser tomados como medidas de conservação e prevenção de 
problemas patológicos e, assim, sejam evitadas atividades corretivas ou 
emergenciais. A manutenção de edificações visa preservar ou recuperar as 
condições ambientais adequadas ao uso previsto para as edificações. 
Por falta de manutenção nas edificações, pequenas manifestações 
patológicas evoluem para situações de desempenho insatisfatório com 
ambientes insalubres e alto custo de recuperação. 
O sistema de manutenção é o conjunto de procedimentos organizado 
para gerenciar os serviços de manutenção. 
O serviço de manutenção é a própria intervenção realizada sobre a 
edificação e suas partes constituintes, com a finalidade de conservar ou 
recuperar a sua capacidade funcional. 
 
2. Manifestações patológicas em sistemas hidráulicos, 
sanitários e de prevenção contra incêndio; 
A preocupação com as manifestações patológicas das edificações e 
suas partes constituintes apareceu juntamente com as primeiras edificações. 
Segundo Lichtenstein (1985), já em 1700 a.C. o código de Hamurabi já 
impunha intimidações aos responsáveis por possíveis colapsos em edificações, 
como por exemplo, se a edificação entrasse em colapso e morresse o dono da 
obra, deveria morrer também o construtor, se morresse seu filho, deveria 
morrer também o filho do construtor. 
Consideram-se patologias da construção as manifestações ocorrentes 
na edificação, que não atendam as exigências dos usuários, quando esta 
passa a operar abaixo dos níveis mínimos de desempenho exigidos por norma. 
A patologia das edificações é, então, a ciência que visa estudar as 
origens, causas, mecanismos de ocorrência, manifestações e conseqüências 
da fase em que o edifício e suas partes têm seus comportamentos ou 
desempenhos atuando abaixo do limite mínimo pré-estabelecido. 
Em uma obra, os processos patológicos podem ser originários de 
qualquer uma das fases, seja ela o projeto, a aquisição dos materiais a 
execução dos sistemas ou até mesmo durante a ocupação e uso e, além disso, 
podem ocorrer devido ao conjunto de vários fatores e não somente os 
decorrentes de uma etapa isolada. 
O controle de qualidade dentro de cada etapa do processo é de 
fundamental importância pois pode levar à prevenção das patologias. 
Apesar de se saber da frequência da incidência de patologias nos 
sistemas hidráulicos prediais, este assunto tem sido pouco estudado, talvez por 
que sejam necessários ensaios e simulações invasivos e às vezes destrutivos 
em edifícios existentes, e com longa duração, para que os dados sejam 
consistentes. 
Com a introdução de inovações tecnológicas e com a vigência do 
Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.087 de 1990), o novo Código Civil (Lei 
10.406 de 2002), os sistemas que compõem os edifícios, como as instalações 
hidrossanitárias, as estruturas, os pisos, fachadas, coberturas e outros, terão 
que atender obrigatoriamente a um nível de desempenho mínimo ao longo de 
uma vida útil. Assim, o estudo das falhas construtivas no campo da Engenharia 
começou a ser tratado de forma mais sistematizada, com base em princípios 
científicos, através da divulgação das ocorrências de patologias construtivas e 
seus reparos. 
A importância do estudo das patologias relativas aos sistemas 
hidráulicos prediais reside na possibilidade da atuação preventiva, 
especialmente quando elas têm por causa falhas no processo de produção dos 
respectivos projetos de engenharia. 
Knipper (2010) afirma que as principais causas das patologias se devem 
as falhas na fase de elaboração do projeto (quase 50% de incidência) e erros 
de execução (quase 30%) e ainda elenca mais de uma dezena de problemas 
que podem surgir e defende o uso incondicional das normas técnicas em vigor 
e da manutenção preventiva. 
Alguns dos principais problemas patológicos encontrados nos sistemas 
hidráulicos prediais são: infiltrações, vazamentos, pressão insuficiente, 
deslocamento de revestimentos, ruídos e vibrações, retorno de odores e 
retorno de espuma. 
Segundo Lichtenstein (1985) as origens dos problemas patológicos 
podem ser apresentadas como no Quadro 1. 
Uma metodologia para a elaboração de diagnósticos e a definição da 
conduta na recuperação de edificações foi proposta por Lichtenstein (1985), a 
qual está dividida em três fases: levantamento de subsídios, diagnóstico da 
situação e definição de conduta. 
No levantamento de subsídios são organizadas as informações com o 
objetivo de se entender o problema. São feitas análises do tipo de 
manifestação da patologia, entrevistas com os usuários, a vistoria do local, a 
anamnese1 do caso, a análise de documentos existentes, exames 
complementares, análises e ensaios em laboratório, etc. 
Quadro 1 – Origens dos problemas patológicos nas edificações. 
Fonte: Adaptado de Lichtenstein (1985) 
1. Falhas de projeto 
1.1 Falhas de compatibilização entre os diversos 
projetos da obra 
1.2 Falhas 
nos 
projetos 
própria-
mente 
ditos 
1.2.1 Baixa qualidade dos materiais 
especificados ou 
especificação inadequada dos 
materiais 
1.2.2 Especificação dos materiais 
inadequada 
1.2.3 Detalhamento insuficiente, 
omitido ou errado 
1.2.4 Detalhe construtivo 
inexequível 
1.2.5 Falta de clareza da informação 
1.2.6 Falta de padronização de nas 
representações gráficas 
1.2.7 Erro de dimensionamento 
2. Falhas de 
gerenciamento e 
execução 
2.1 Falta de procedimento de trabalho 
2.2 Falta de treinamento de mão de obra 
2.3 Processo de aquisição de materiais e serviços 
deficiente 
2.4 Processo de controle de qualidade insuficiente 
ou inexistentes 
2.5Falhas ou falta de planejamento de execução 
3. Falhas de utilização 
3.1 Utilização errôneas dos Sistemas hidráulicos 
prediais 
3.2 Vandalismo 
3.3 Mudança de uso devido a novas necessidade 
impostas à edificação 
4. Deterioração natural 
do sistema 
4.1 Desgastes naturais dos mecanismos de 
vedação dos componentes das instalações 
hidráulicas prediais 
4.2 Desgastes devido ao uso 
4.3 Deterioração dos materiais 
 
 
1
 Anamnese:é uma entrevista realizada pelo profissional ao seu cliente, que tem 
o objetivo de ser um ponto inicial no diagnóstico de um caso. Em outras palavras, é uma 
entrevista que busca relembrar todos fatos que se relacionam com caso em questão. 
Quando ocorre uma manifestação patológica em um sistema hidráulico 
predial, independente da causa ou do sintoma, a coleta de informações se faz 
necessária para o possível entendimento do problema em questão. 
Muitas patologias podem ser rapidamente caracterizadas com um 
exame visual do profissional, porém outras precisam de mais compreensão e aí 
sugere-se a coleta de informações dos usuários a respeito de fenômenos 
atípicos e desempenho insatisfatório, vistoria do local, ensaios in loco, análises 
de laboratório, etc. Com estes dados, o profissional identifica a existência e 
caracteriza a gravidade da patologia. 
O diagnóstico compreende o entendimento e explicação científica das 
causas e dos efeitos dos fenômenos ocorridos, a partir dos subsídios 
levantados. O diagnóstico deve levar em conta o dinamismo das patologias. 
Depois de estabelecido o diagnóstico, define-se a conduta a ser seguida, 
ou seja, a medida a ser adotada para o caso. Antes de se adotar uma dada 
medida, deve-se levar em conta a evolução futura da patologia. 
A NBR 5674:1999 e a NBR 14037:1998 tratam especificamente da 
manutenção de edifícios, com o objetivo de orientar a organização de um 
sistema de manutenção adequado das edificações. 
As normas citadas definem o escopo da manutenção predial onde diz 
que a manutenção visa preservar ou recuperar as condições adequadas ao uso 
previsto para as edificações, incluindo todos os serviços necessários para 
prevenir ou corrigir a perda de desempenho gerada pela deterioração dos 
componentes. Dentro destes serviços estão incluídos os sistemas hidráulicosprediais. São excluídos das funções atribuídas às atividades de manutenção e 
serviços referentes à alteração do uso da edificação. 
Conforme a NBR 5674:1999, a responsabilidade de manutenção é do 
proprietário. Este pode contratar diretamente profissionais para realizar a 
manutenção ou mesmo contratar uma empresa especializada, a qual se 
responsabilizara pela laboração de um plano de manutenção. 
Esta empresa deverá elaborar um sistema de manutenção baseado em 
problemas comuns e em reclamações dos usuários. 
Além disso, para a implantação do sistema de manutenção é necessária 
uma estrutura de documentos e registros de informações, devendo estar 
contido neste: manual de operação, uso e manutenção; registro completo de 
serviços de manutenção realizados; registro de reclamações e solicitações dos 
usuários; relatórios de inspeções; procedimentos, normas vigentes e o 
programa de manutenção. 
3. Patologias causadas por erros de projeto 
Os sistemas hidráulicos prediais devem se prestar a todas as funções as 
quais eles se destinam e para estas devem ser projetados, buscando, assim, 
atender às necessidades de seus usuários e enquadrar-se no contexto da 
região de sua implantação. 
Cada projeto deve ser elaborado conforme exigências e necessidades 
específicas para a localidade de implantação da edificação, uma vez que estas 
variam conforme as características econômicas, culturais e sociais da 
população alvo pois, em qualquer situação, as normas brasileiras devem ser 
sempre respeitadas e, para o caso de não se ter uma referência específica, as 
Normas ISO (International Organization for Standardization) para o caso podem 
ser adotadas a critério do especialista que está julgando o problema. 
Conforme Grunau (1988), uma das principais causas de patologias são 
falhas de projeto uma vez que muitas empresas optam pela elaboração do 
projeto de forma rápida e superficial visando dar início às obras o quanto antes 
possível, levando os profissionais a tomarem decisões imediatas no canteiro de 
obras de forma impensada e emergencial, podendo, com isso, ocasionar 
grandes falhas no processo. Quando elaborados, muitas vezes os projetos são 
fontes de patologias por falta de compatibilidade entre os mesmos ou falta de 
especificação adequada dos materiais a serem empregados. 
Segundo Knipper (2010), o projeto deve oferecer informações técnicas, 
de modo a satisfazer todos os intervenientes que dele farão uso, entre eles, os 
projetistas dos demais sistemas da edificação, durante o processo de 
compatibilização dos projetos; os orçamentistas, durante as fases de 
planejamento da obra e levantamento de custos para execução; analistas, 
durante a fase de aprovação legal em companhias concessionárias e órgãos 
fiscalizadores; e os instaladores hidráulicos na etapa de execução da obra. 
A NRB 5626:1998, no item 5.2.5.3 estabelece que os reservatórios 
devam ser divididos em dois ou mais compartimentos a fim de permitir 
operações de manutenção sem que haja interrupção na distribuição de água, 
porém o descumprimento deste item da norma faz com que os edifícios 
passem por longos períodos de desabastecimento durante operação de 
limpeza dos reservatórios pelo fato de terem câmara única (sem septo 
separador). 
Cada aparelho de utilização tem uma pressão e vazão mínima de 
trabalho, estabelecidas pela NBR 5626:1998. A não verificação da pressão nos 
pontos mais desfavoráveis (pavimentos mais elevados de um edifício, 
pavimento superior de um sobrado ou mesmo uma residência), com a adoção 
correta dos diâmetros dos tubos de água fria e quente faz com que os pontos 
tenham pressão e, consequentemente vazão disponível, inferior a aquela 
requisitada pelo aparelho tornando o seu funcionamento inadequado ao uso. 
São exemplos comuns os filtros de água nos últimos pavimentos dos edifícios, 
os chuveiros que acabam tendo que usar pressurizadores para atender a 
pressão de trabalho, aquecedores de passagem, etc. 
Infiltração de água do lençol freático em reservatórios enterrados: Os 
reservatórios enterrados ou semi enterrados, ou mesmo que tenham apenas o 
fundo em contato com o solo, estão sujeitos à infiltração de água do lençol 
freático através das suas paredes por qualquer falha na impermeabilização ou 
mesmo pequenas fissuras. Para se evitar este tipo de problema, a NBR 
5626:1998, no item 5.2.4.8 diz que: 
“Em princípio um reservatório para água potável 
não deve ser apoiado no solo, ou ser enterrado total ou 
parcialmente, tendo em vista o risco de contaminação 
proveniente do solo, face à permeabilidade das paredes. 
Nos casos em que tal exigência seja impossível de ser 
atendida, o reservatório deve ser executado dentro de 
compartimento próprio, que permita operações de 
inspeção e manutenção, devendo haver um afastamento, 
mínimo, de 60 cm entre as faces externas do reservatório 
(laterais, fundo e cobertura) e as faces internas do 
compartimento. O compartimento deve ser dotado de 
drenagem por gravidade, ou bombeamento, sendo que, 
neste caso, a bomba hidráulica deve ser instalada em 
poço adequado e dotada de sistema elétrico que adverte 
em casos de falha no funcionamento na bomba”. 
Portanto, para atender à NBR5626:1998 os reservatórios, quando 
realmente precisam ser enterrados, devem ser construídos como mostrado na 
Figura 1. 
 
Figura 1 - Planta e corte do reservatório semi enterrado, conforme NBR 
5626:1998 
Desperdício de água por rompimento frequente de engates flexíveis em 
aparelhos sanitários de apartamentos de andares baixos em edifícios de 
múltiplos pavimentos: a NBR 5626:1998 no item 5.5.5 estabelece as pressões 
mínimas e máximas em cada ponto da rede predial e, no subitem 5.3.5.3, 
prevê que a pressão máxima (pressão estática) em qualquer ponto do sistema 
predial de água não deva ser superior a 400kPa. Em muitos edifícios, 
principalmente onde se utiliza válvula redutora de pressão, ou por erro no 
dimensionamento ou por falha da válvula, muitas vezes a pressão atinge 
valores superiores ao previsto na norma. Outro fator é que algumas vezes o 
engate flexível não tem qualidade adequada e acaba se rompendo mesmo 
sujeito a pressões inferiores a 400kPa. 
As tubulações de água fria e de água quente devem ser dimensionadas 
de forma que a pressão na entrada do misturador seja a mesma tanto para a 
água fria como para a água quente pois, caso contrário, a água passa do lado 
de maior pressão para o lado de menor pressão. É o caso da água fria 
penetrando em tubulação de distribuição de água quente, e vice-versa, através 
de misturador de ducha manual com registros abertos e gatilho fechado. 
Cavitação no rotor das bombas centrífugas que atendem sistemas 
prediais de água fria e sistemas de prevenção de incêndios: as bombas 
centrífugas, quando instaladas com seu eixo acima do nível da água, como 
mostra a primeira situação da Figura 2, trabalham com pressões negativas na 
entrada do rotor e na tubulação de sucção. Esta pressão negativa faz com que 
as partículas de ar dissolvidas na água se desprendam formando bolhas que 
vão parar no rotor da bomba. Quando estas bolhas passam para o outro lado 
do rotor, onde a pressão é positiva devido à ação da força centrifuga, elas 
implodem liberando íons que atacam a carcaça do rotor. Ao implodirem, as 
partículas adquirem alta velocidade e se chocam contra a carcaça do rotor 
fazendo cavas neste. Este processo gera um ruído parecido com marteladas 
no rotor e que se chama cavitação, que nada mais é que o processo de 
formação de cavas na carcaça do rotor até seu rompimento. Para se evitar ete 
processo de desgaste do rotor, basta posicionar o eixo da bomba abaixo do 
nível da água no reservatório (bomba afogada). 
 
Figura 2 – Posição da bomba centrifuga em relação ao reservatório 
Obstruções frequentes em tubulações de esgoto: Nos ramais de 
descarga e de esgoto, o escoamento dos efluentes ocorre por gravidade e, 
para tanto,estes devem apresentar declividade constante, como previsto no 
subitem 4.2.3.e da NBR 8160:1999. Esta mesma norma, no próximo subitem, 
4.2.3.2 recomenda que, para tubos com diâmetros iguais ou menores que 
75mm, a declividade deve ser de no mínimo 2% e para diâmetros maiores ou 
iguais a 100mm a declividade mínima deve ser 1%. Ainda recomenda, no 
subitem 4.2.3.3 que as mudanças de direção nos trechos horizontais devem 
ser feitas com peças com ângulo central igual ou inferior a 45° para facilitar o 
escoamento dos efluentes. Porém, verifica-se na prática que nem sempre isto 
acontece gerando pontos de fácil obstrução, como pode ser observado na 
Figura 3. 
 
Figura 3 – Pontos de possível obstrução nos ramais de descarga e de esgoto 
4. Patologias causadas por materiais e componentes e por 
problemas de execução 
Devido à falta de organização e à racionalização da indústria construtiva, 
a indústria de materiais e componentes acaba por condicionar os sistemas 
construtivos e a qualidade final das obras (LICHTENSTEIN, 1985). Fatores 
como durabilidade e a relação custo-benefício acabam sendo deixados de lado 
quando a escolha do material é feita por preço e não pela qualidade do mesmo. 
A não conferência na entrega dos materiais na obra e o seu armazenamento 
inadequado no canteiro de obras também comprometem o desempenho final 
dos mesmos, provocando patologias já no início do processo. A falta de 
controle de qualidade na produção dos componentes também compromete o 
desempenho dos produtos. 
Como na construção civil, nenhum procedimento é exatamente igual ao 
outro (não é uma indústria de processos repetitivos), a mão-de-obra tem baixa 
qualificação e adquire seu conhecimento na própria obra, a rotatividade é alta e 
os salários não são incentivadores, os engenheiros desenvolvem outras 
atividades administrativas e burocráticas, não se consegue manter um controle 
total de todas as fases da obra, ocorrem baixa produtividade e serviços mal 
executados levando e falhas e patologias (ANTONIAZZI, 2008). 
O uso incorreto ou operação inadequada dos sistemas hidráulicos 
prediais podem levar a patologias que poderiam ser evitadas através da 
orientação técnica correta ao usuário. É possível mostrar que o custo da 
reparação de patologias é mais elevado que o custo das manutenções 
periódicas. 
São muitas as manifestações patológicas nos sistemas hidráulicos 
prediais e mesmo depois de identificada a origem da patologia, são vários os 
fatores que podem estar relacionados às causas desta patologia, como por 
exemplo, entupimento das tubulações de esgoto sanitário onde a origem da 
patologia é o entupimento propriamente dito e a causa pode ser mau uso do 
sistema como lançamento de dejetos indesejados, mudança brusca de direção 
com a colocação de um joelho de 90º onde deveria ser uma curva de raio longo 
ou duas de 45º, mudança de declividade da tubulação executada de forma 
inadequada, etc. 
Em vários casos analisados por Antonelli, Carasek e Cascudo (2002), 
obtiveram-se como causa dos problemas, infiltrações na periferia de ralos e 
tubulações, evidenciando falhas nos sistemas de arremates e acabamentos da 
impermeabilização. 
Transmissão de vibração e ruídos na operação de bombas de recalque 
de água potável em edifícios altos: o conjunto motobomba deve ser assentado 
sobre base firme, normalmente de concreto, de forma a absorver as vibrações, 
com dimensões um pouco maiores que a base do conjunto para receber os 
parafusos chumbadores. O interior da base deverá ser preenchido com 
argamassa efetuada com produtos que evitam a retração durante o processo 
de cura, bem como proporcionam fluidez adequada para o total preenchimento 
do interior da base, não permitindo vazios (CARVALHO, 2008). A Figura 4 
mostra como deve ser a base para assentamento da bomba centrifuga. 
 
Figura 4 – Base para assentamento da bomba centrífuga 
Degradação de tubulações de PVC expostas à incidência direta de luz 
solar: com a ação dos raios ultravioletas do sol, além de perder a pigmentação, 
as tubulações de PVC ficam ressecadas e, portanto, mais suscetíveis a 
rompimento por impacto externo. Se realmente for necessário alguma 
tubulação ficar exposta ao sol, esta deve ser protegida com pintura adequada. 
A Figura 5 mostra um tubo de PVC exposto ao sol. 
 
Figura 5 – Tubo de PVC exposto ao sol 
Acúmulo de ar em colos altos de trechos de tubulações de distribuição 
de água fria e quente conformando sifões, conforme mostrado na Figura 6: as 
tubulações deveriam ser executadas de modo a ficarem retilíneas em toda sua 
extensão, porém, muitas vezes são apoiadas em alguns pontos e, dada sua 
flexibilidade, formam colos. Dado a baixa pressão que acontece em alguns 
pontos da linha de água, ocorre o desprendimento das moléculas de ar 
contidas na água e estas vão parar exatamente nestes pontos mais elevados. 
Estas bolhas de ar podem crescer a ponto de obstruir a seção e dificultar o 
escoamento se a pressão reinante neste ponto for baixa. Por este fato, deve-se 
traçar a linha piezométrica ao se fazer o traçado principalmente de trechos 
mais longos, e verificar a pressão em todos os pontos considerados críticos 
para verificar se atendem o item 5.3.5.1 da NBR 5626/98 que estabelece a 
pressão mínima em cada ponto da rede predial de água. 
 
Figura 6 – Representação esquemática da formação de bolsas de ar em colos 
altos das tubulações 
Oscilações nas temperaturas dos aparelhos providos de água quente: 
quando o subramal do chuveiro está ligado ao mesmo ramal que o sub-ramal 
da válvula de descarga, por serem as vazões e diâmetros destes bastante 
diferentes, ao se acionar a válvula de descarga, parte da vazão que alimentava 
o sub-ramal do chuveiro deixa de alimentá-lo e passa a alimentar apenas o 
sub-ramal da válvula de descarga, como pode ser visto na Figura 7. Com a 
conseqüente redução de vazão de água fria no sub-ramal do chuveiro e a 
manutenção da vazão de água quente, ocorre desequilíbrio da temperatura 
anteriormente ajustada para o banho. A mesma oscilação ocorreria caso fosse 
o lavatório quem estivesse em uso. A influência de uma descarga chega a 
atingir até mesmo o chuveiro ou lavatório de outros pavimentos ligados a 
mesma coluna. A NBR 7198/93 não permite nem que as tubulações que 
alimentam a válvula de descarga façam parte do mesmo barrilete que as que 
alimentam os misturadores, como esta no item 5.4.7 “As tubulações de água 
fria, que alimentam misturadores, não podem estar conectadas a barrilete, 
colunas de distribuição e ramais que alimentam válvulas de descarga”. 
 
Figura 7 – Representação esquemática do desvio de água fria do chuveiro para 
a válvula de descarga. 
No sistema predial de água quente há o desperdício permanente de 
energia devido à ausência ou falha de aplicação de isolamento térmico em 
tubulações de água quente. O isolamento térmico também evita o 
descolamento do revestimento das paredes. O tubo deve ser totalmente 
revestido para garantir que haja o isolamento térmico. A Figura 8 mostra como 
deve ser feita a aplicação do isolamento térmico 
. 
Figura 8 – Colocação de isolamento térmico nas tubulações de água quente de 
cobre. Fonte: Nakamura (2010). 
Muitas vezes a água “quente” chega fria ao ponto de utilização: isto pode 
ocorrer quando o reservatório térmico do aquecedor está muito distante do 
ponto de utilização e o sistema não possui recirculação. Também acontece em 
locais onde, em determinados dias do ano, a temperatura da água é muito 
baixa e usa-se aquecedor de passagem. Nesta segunda situação, o acréscimo 
de temperatura dada à água, pelo aquecedor, não é suficiente para atingir a 
temperatura desejada para a finalidade a que se destina. Em ambas as 
situações, o ideal seria utilizar aquecedor de acumulação, dimensionado 
corretamente, de acordo com o volume a ser consumido, com sistema de 
recirculação. 
Entupimentossão frequentes em subcoletores e coletores prediais de 
esgoto. Os subcoletores e coletores prediais não devem ter mudanças bruscas 
de direção sendo que nestas devem ser usados sempre joelhos de 45º se as 
mesmas forem aparentes. Caso sejam enterradas, a recomendação e que 
sejam usadas caixas de inspeção em todas as mudanças de direção, de 
declividade ou de diâmetro pois estes pontos são passíveis de entupimentos e 
com as caixas, a manutenção pode ser feita com maior facilidade ou até 
mesmo não ocorrer o entupimento. 
Retorno de espuma ou refluxo de esgoto em ralos sifonados de 
unidades condominiais de pavimentos baixos em edifícios: esta patologia pode 
ocorrer por erro de projeto ou de execução, uma vez que a NBR 8160:1999 diz, 
no item 4.2.4.2, que os tubos de queda que recebam efluentes de aparelhos 
sanitários como pias, tanques, máquinas de lavar e outros similares, onde são 
utilizados detergentes que provoquem a formação de espuma, em edifícios 
com dois ou mais andares devem ser adotadas soluções no sentido de evitar o 
retorno de espuma e, indicar quais são as regiões de pressão de espuma. Esta 
exigência da norma muitas vezes não é obedecida, onde ocorre o retorno de 
espuma e até refluxo de esgoto. A própria norma sugere algumas soluções de 
como se fazer a ligação para não se ter este problema. A Figura 9 mostra como 
deve e como não deve ser feita a ligação do ramal de esgoto próximo de um 
desvio do tubo de queda, conforme recomendações da NBR 8160:99. 
Mau cheiro proveniente de ralos sifonados: ao decompor os esgotos, as 
bactérias liberam gases e estes aumentam a pressão nas redes de esgotos. 
Para que estes gases não sejam liberados para o ambiente há a necessidade 
de fechos hídricos os quais devem ter uma coluna de água maior que a 
pressão reinante na rede de esgotos. A NBR 8160:99, no item 5.1.1.1 (a) diz 
que todo desconector deve ter fecho hídrico com altura mínima de 0,05m, o 
que impediria a passagem dos gases provenientes da rede para o ambiente. 
Porém, no item. 4.2.2.7 a mesma norma diz que deve ser assegurada a 
manutenção do fecho hídrico dos desconectores mediante as solicitações 
impostas pelo ambiente (evaporação, tiragem térmica e ação do vento, 
variações de pressão no ambiente) e pelo uso propriamente dito (sucção e 
sobrepressão). O próprio uso dos desconectores faz com que a parcela do 
fecho hídrico que foi perdida por evaporação, tiragem térmica, ação do vento 
ou variação de pressão no ambiente, seja reposta, porém, para se evitar a 
perda do fecho hídrico por sucção ou sobrepressão, deve-se ventilar o ramal 
imediatamente após o desconector para que os efeitos da variação de pressão 
sejam aliviados pela coluna de ventilação e não atinja o desconector, 
consequentemente o fecho hídrico. 
A Figura 10 mostra o processo de sifonagem no vaso sanitário. Nesta 
figura pode-se observar que o ramal de descarga do vaso sanitário fica com 
sua seção completamente cheia de líquido formando um pistão de água, o qual 
se arrasta por um longo trecho da tubulação. Durante este escoamento, nas 
seções anteriores ao pistão, a pressão reinante é negativa e, se não houver a 
ventilação adequada, ocorre a sucção do desconector nesta região e, na seção 
posterior ao pistão a pressão é positiva, expulsando o fecho hídrico. 
10 DN
4
0
 D
N
1
0
 D
N
Coluna de 
ventilação
40 DN
Tubo de queda
10 DN
Desvio horizontal
Laje
Tubo de queda
4
0
 D
N
Desvio horizontal
10 DN
Tubo de queda
40 DN
10 DN
4
0
 D
N
Tubo de queda
Laje
Coluna de 
ventilação
4
0
 D
N
1
0
 D
N
 
Figura 9 – Representação esquemática do desvio da coluna de esgoto sujeita à 
pressão de espuma 
Ambas as situações reduzem a lâmina d’água do desconector permitindo a 
passagem dos gases da rede para o ambiente. 
 
Figura 10- Processo de sifonagem do vaso sanitário. Fonte: 
www.valvulahydra.com.br 
A Figura 11 mostra a região de pressão negativa e positiva, antes e 
depois do pistão de água formado, respectivamente. 
 
Figura 11 – Pistão de água formado devido à sifonagem do vaso sanitário e às 
regiões de pressão negativa e positiva no ramal de descarga. 
No sistema de coleta de águas pluviais é comum o empoçamento de 
pátios e áreas descobertas devido à redução da seção útil de ralos planos por 
causa da má colocação da manta de impermeabilização superficial da laje e 
sua proteção mecânica. 
As calhas devem ser projetadas para trabalhar no máximo a meia seção, 
porém com as chuvas intensas de verão ou pela construção de prédios 
vizinhos, como mostra o esquema da Figura 12, a área de contribuição 
aumenta significativamente (o cálculo da área de contribuição deve ser feito 
segundo a Figura 2 da NBR 10844:1989) e as calhas passam a trabalhar a 
seção plena como mostra Figura 13 a e até a extravasar, danificando o imóvel. 
 
(a) 
 
(b) 
Figura 12 – Construção executada ao lado de outra existente 
 
 
Figura 13 – Nível da água na seção transversal das calhas 
 
5. Patologias causadas por falta de manutenção 
Um dos grandes causadores de patologias detectados nos sistemas 
hidráulicos prediais é a falta de uma política de manutenção dos mesmos, seja 
para edifícios públicos, comerciais ou residenciais. O empreendedor vê o 
edifício composto apenas das fases de concepção, projeto e execução, 
esquecendo-se da importância da manutenção durante a vida útil do 
emprendimento. 
A falta de manutenção planejada e programada adequadamente 
inclusive com previsão financeira, leva a manifestações patológicas nas 
edificações que muitas vezes acabam sendo irreversíveis, causando inclusive 
desvalorização patrimonial. 
Algumas das patologias dos sistemas hidráulicos prediais, que ocorrem 
por falta de manutenção são apresentadas a seguir: 
Presença de vazamentos em tubos e componentes: Essas 
manifestações patológicas podem ocorrer tanto devido à idade da edificação e, 
consequentemente das tubulações e componentes, como má utilização e falta 
de manutenção dos sistemas. 
A Figura 14 mostra o vazamento no registro de gaveta, junto a um 
hidrômetro, por falta de manutenção preventiva no mesmo. 
 
Figura 14 – Vazamento no registro de gaveta junto ao hidrômetro. 
Vazamento de torneiras: Ao abrir e fechar as torneiras, o reparo se 
desgasta, permitindo que a água passe livremente da rede de água para o 
ambiente causando grandes desperdícios. Se á água for quente, além da água, 
ainda é desperdiçada a energia utilizada para aquecer a água. A NBR 5626/98, 
no item 5.1.2.1 (a) diz que as instalações prediais de água fria devem ser 
projetadas de modo a promover economia de água e energia durante a vida útil 
do edifício. A manutenção freqüente, com a substituição do reparo evita este 
desperdício e atende o referido item da norma. 
A Figura 15 mostra o caminho percorrido pela água, junto ao reparo da 
torneira, onde se pode verificar que o reparo é o principal responsável pela 
vedação do escoamento e qualquer dano neste, pode provocar vazamento de 
água. 
 
Figura 15 – Torneira de lavatório para água fria ou quente. 
Além das torneiras, acontece também o desgaste dos equipamentos da 
rede de prevenção de incêndios do edifício, como o desgaste do registro globo 
angular mostrado na Figura 16, além do desperdício de água, neste caso 
também ficou comprometida a pintura da parede. 
Envelhecimento das tubulações de ferro fundido: com o passar do 
tempo, vão ocorrendo incrustações nas paredes dos tubos, principalmente 
aqueles de maior rugosidade, aumentando ainda mais a rugosidade inicial do 
tubo, reduzindo a seção do mesmo. O aumento de rugosidade aumenta 
também o atrito do fluido com as paredes, aumentando a turbulência e 
reduzindo a velocidade do escoamento. Como conseqüência, tem-se a redução 
da vazão do escoamento e até a obstrução completa da seção do tubo. 
 
 
Figura 16 - Registro globo angular danificado e encharcamento da parede 
A oxidaçãodas paredes do tubo além de aumentar a sua rugosidade, 
provoca a corrosão desta, levando à formação de cavidades que chegam a 
atravessar a parede do tubo, provocando vazamentos indesejados. 
A falta de manutenção adequada leva à ocorrência de corrosão em 
trechos enterrados de tubulações de aço galvanizado de alimentador predial de 
água fria e da saída da rede de hidrantes para o hidrante de recalque de 
passeio. 
A Figura 17 mostra um tubo de ferro fundido desgastado por 
incrustações e oxidação. 
A Figura 18 mostra o empoçamento de água no vestiário devido à 
infiltração da água no solo por vazamento no revestimento e nas tubulações de 
uma piscina na Escola de Educação Física e Desportos da Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, (ALVES e VASQUEZ, 2009), devido ao 
envelhecimento das tubulações e falta de manutenção destas e do 
revestimento da piscina. 
Outro motivo de vazamento são as trincas principalmente em peças 
como joelhos, que muitas vezes ficam submetidos a esforços para os quais não 
foram projetados. A Figura 19 mostra um joelho trincado encontrado na 
manutenção da instalação hidráulica de um edifício. 
 
 
Figura 17 – Incrustação e oxidação em tubo de ferro fundido Fonte: Leal; 
Mertens (2009). 
 
Figura 18 - Infiltração por capilaridade, devido a vazamento da piscina. Fonte: 
Alves e Vasquez (2009) 
 
Figura 19 – Joelho trincado 
Ruídos, golpes de aríete, dificuldades de acionamento, vazamentos e/ou 
desperdícios de água na operação de válvulas de descarga de bacias 
sanitárias: os ruídos podem ocorrer devido à vazão e, consequentemente 
velocidades excessivas nas tubulações que atendem às válvulas de descarga, 
principalmente nas pavimentos mais baixos, devido à alta pressão e regulagem 
inadequada da válvula de descarga. A regulagem inadequada do registro 
interno da válvula de descarga pode provocar a não sifonagem e desperdícios 
de água na bacia sanitária. Dificuldades de acionamento e vazamentos junto à 
válvula de descarga indicam falta de manutenção na válvula. Quando a água 
escorre pela parede toda vez que se aciona a válvula de descarga há a 
necessidade de substituição do retentor. A Figura 20 mostra um esquema de 
uma válvula de descarga aberta onde é possível se visualizar tanto o retentor 
quanto a chave de regulagem. 
 
Figura 20 – Válvula de descarga. Fonte: www.docol.com.br 
O controle de perdas de água é fundamental para o ser humano, tanto 
do ponto de vista ecológico como econômico e de segurança daí a 
preocupação com as perdas seja nos sistemas de abastecimento, seja na 
instalação predial e por isso a fundamental importância dos investimentos em 
métodos de detecção e controle dessas perdas (LEAL; MERTENS, 2009). 
Todo reservatório deve ter uma bóia a qual controla a entrada de água 
neste. A falta de manutenção na bóia faz com que seu funcionamento deixe a 
desejar fazendo com que haja extravasamento de água continuado a partir de 
tubulação de extravasão de reservatório, desaguando normalmente sobre o 
sistema de coleta de águas pluviais e, quando desprovido de tubulação de 
aviso de extravasão, o desperdício pode ocorrer por um período prolongado. 
O acúmulo de calcário presente na água obstrui as saídas de chuveiros 
e torneiras deixando-os com pressões e vazões insuficientes, causando uso 
deficiente dos mesmos. A Figura 21 mostra um chuveiro com funcionamento 
normal e outro com as saídas obstruídas. 
O acúmulo de sujeira por falta de manutenção ou das calhas e dos 
telhados reduz a seção da calhas e aumenta a sua rugosidade, reduzindo a 
velocidade do escoamento, consequentemente aumentando a lâmina de água 
e causando transbordamento conforme mostra a Figura 22. 
 
 
Figura 21 – Chuveiro com funcionamento normal e chuveiro com as saídas de 
água obstruídas 
 
Figura 22 – Acúmulo de sujeira no fundo das calhas 
 
6. Diretrizes gerais para a redução das patologias e 
manutenção de sistemas hidráulicos prediais e de 
prevenção contra incêndio 
Quanto ao projeto, para se reduzir os erros na hora da execução dos 
mesmos, além do completo delineamento dos sistemas projetados nas plantas 
baixas correspondentes, o projeto deve conter todos os detalhes necessários à 
sua execução, seja através de ampliações em planta dos ambientes sanitários 
e vistas, no caso dos detalhes de esgoto e águas pluviais, ou das perspectivas 
isométricas ou cavaleiras, bem como elevações das paredes com vistas 
frontais das tubulações. 
Além disso, devem fazer parte do projeto, detalhes específicos, 
esquemas verticais dos vários sistemas hidráulicos prediais, corte esquemático 
dos reservatórios, casa de bombas e barrilete mostrando inclusive como serão 
feitas a drenagem e a limpeza dos reservatórios. Devem constar também 
detalhes construtivos padronizados, como caixas de inspeção, caixas de areia, 
caixas de gordura, caixas de passagem e suportes de tubulações. 
As normas devem ser rigorosamente seguidas para se reduzir ao 
máximo as patologias por erros de projeto. 
Cada obra deverá ter um manual de operação, uso e manutenção dos 
sistemas projetados. 
Os sistemas hidráulicos prediais devem atender às peculiaridades de 
cada sistema construtivo, seja ele alvenaria estrutural, drywall, lajes 
protendidas, pré-moldadas, mistas e nervuradas. Em alguns casos, o 
posicionamento das peças deve mudar em função do sistema construtivo. 
Conforme NBR 7198:1993, item 6.2.1, “O executor, de comum acordo 
com o construtor e o projetista, deve cadastrar todas as eventuais modificações 
introduzidas no projeto, durante sua execução, que forem aceitas pelo 
projetista. Com base neste cadastro, o projetista deve elaborar desenhos 
definitivos das instalações, para que sejam entregues ao usuário final.” Com 
estas informações registradas, a manutenção futura fica bastante facilitada. 
7. CONCLUSÕES: 
Toda obra, além do projeto dos sistemas hidráulicos prediais e de 
prevenção de incêndios, deve ter o registro de todas as alterações realizadas 
durante a execução da mesma, um manual de operação dos sistemas e um 
sistema de manutenção preventiva a fim de que as patologias não afetem o 
empreendimento de tal forma que atinja o seu valor patrimonial. 
As normas estabelecem regras claras que, se seguidas, evitam muitas 
das patologias hoje encontradas nos sistemas hidráulicos prediais e de 
prevenção de incêndios. 
A previsão orçamentária para a manutenção periódica é de fundamental 
importância para que não se tenha despesas inesperadas quando da 
ocorrência de uma patologia maior causada pela falta de manutenção 
corriqueira. 
Dependendo do tamanho do edifício, uma empresa especializada pode 
ser contratada para gerenciar o serviço de manutenção dos sistemas 
hidráulicos prediais. 
 
 
 
8. REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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________________. NBR 7198. Projeto e execução de instalações prediais de 
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________________. NBR 8160. Sistemas prediais de esgoto sanitário – 
Projeto e execução. Rio de Janeiro, 1999 
________________. NBR 10844. Instalações prediais de águas pluviais. Rio 
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________________. NBR 14037. Manual de Operação, uso e manutenção das 
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http://www.docol.com.br/
http://www.valvulahydra.com.br/
DORALICE APARECIDA FAVARO SOARES 
 
1. Dados pessoais: 
Endereço: Rua Caracas, 256 – Maringá-PR 
Fone: (44) 9914 6332 
Email: dafsoares@gmail.com 
 
2. Formação acadêmica: 
 
Título: Graduação em Engenharia Civil 
Instituição: Universidade Estadual de Maringá 
Período de realização: 03/1981 a 07/1985 
Área de atuação: Sistemas hidráulicos prediais 
 
Título: Mestre em Engenharia Civil 
Instituição: Escola Politécnica da USP 
Período de realização: 03/1987 a 02/1992 
Área: Engenharia hidráulica 
Título da dissertação: Um bombeamento hidráulico não convencional: 
Elevador Cherepnov 
 
Título: Doutora em Agronomia 
Instituição: Universidade Estadual de Maringá 
Período de realização: 03/2006 a 12/2009 
Área: Reúso de efluentes 
Título da tese: Avaliação da aplicação da água residuária de fecularia 
em cultivo de Brachiaria brizantha cv mg-5 e seu impacto no solo. 
 
 
mailto:dafsoares@gmail.com
3. Experiência profissional: 
 
Instituição: Universidade Estadual de Maringá 
Período: 1986 
Disciplinas lecionadas: Instalações hidráulicas prediais (para o curso de 
Engenharia Civil) 
 
Instituição: Universidade Estadual de Londrina 
Período: 1987-1996 
Disciplinas lecionadas: Instalações hidráulicas prediais e Hidráulica 
(para os cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo) 
 
Instituição: Universidade Estadual de Maringá 
Período: 1994-atual momento 
Disciplinas lecionadas: Instalações hidráulicas prediais (para os cursos 
de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo e Engenharia de 
Produção) 
 
Experiência em projeto de sistemas hidráulicos prediais desde 1985.

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