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Terceiro Setor
Módulo 1 – Conceito de Organizações Sociais. A Construção do Terceiro Setor para o Desenvolvimento Sustentado do País. Entidades Filantrópicas e Contribuição Social. Compromisso Social das Empresas: Formação de Organizações Não Governamentais – ONGs.
 
1 - Conceito de Organizações Sociais
 
Há inúmeros entes com situação peculiar, dotados de características que não se enquadram exatamente nos moldes previstos legalmente para identificar as entidades componentes da Administração indireta, nem permitem situá-los como órgãos da Administração direta. Tais entes não integram a Administração indireta.
 
Em geral, têm personalidade jurídica própria. Os vínculos que mantêm com o poder público apresentam-se diversificados. Uns desempenham algumas atribuições típicas do poder público; outros recebem recursos públicos; outros colaboram, realizando atividades que beneficiam a população; outros cooperam com entidades do poder público.
 
A Lei Federal nº 9.637, de 15 de maio de 1998, institutiu e regulamentou o modelo jurídico-normativo das organizações sociais no âmbito federal, dispondo no seu artigo 1º, que “o Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei”.
 
Daí extrai-se o conceito de organizações sociais, que são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, assim qualificadas pelo Poder Público, às quais são outorgados poderes para o exercício de atividades direcionadas ao ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde.
 
A criação da figura das organizações sociais possibilitou encontrar um instrumento que permitisse a transferência para as mesmas de certas atividades ou serviços, nas áreas de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde, que vinham sendo exercidas pelo Poder Público, como executor direto, e que melhor o seriam pelo setor privado, sem necessidade de concessão ou permissão. Trata-se de uma nova forma de parceria, com a valorização do chamado terceiro setor, ou seja, serviços de interesse público, mas que não são prestados pelos órgãos e entidades governamentais, que agora passam a ser incentivador, fornecedor de recursos e fiscal da execução.
 
Características das organizações sociais, previstas na Lei 9.637/98, a seguir:
 
· Pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos.
 
· Deve proceder à habilitação perante a Administração Pública, para a obtenção de qualificação de organização social, entidades de interesse social e de utilidade pública para todos os efeitos legais.
 
· A outorga de qualificação é discricionária, eis que resultante de juízo de conveniência e oportunidade do Ministro ou titular do órgão supervisor ou regulador da correspondente área de atividade, e do então Ministro de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado (art. 2º, II).
 
· Possibilidade de atuação nas áreas de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde.
 
· Deve possuir um órgão de deliberação máxima, Conselho de Administração, integrada por representantes do Poder Público e de membros da comunidade, de notória capacidade profissional e idoneidade moral.
 
· Para o estabelecimento de parcerias entre o Poder Público e a Organização Social deve ser firmado um instrumento específico denominado Contrato de Gestão.
 
· A entidade qualificada como organização social celebra Contrato de Gestão com o poder público, para a formação de parceria no fomento e execução das atvidades relativas às áreas acima indicadas, deixando o poder público de executar diretamente as atividades ou serviços naquelas áreas, para ser incentivador, fornecedor de recursos e fiscal da execução.
 
· As atribuições, responsabilidades e obrigações do Poder Público e da organização social são definidas por meio de contrato de gestão, que deve especificar o programa de trabalho proposto pela organização social, estipular as metas a serem atingidas, os respectivos prazos de execução, bem como os critérios objetivos de avaliação de desempenho, inclusive mediante indicadores de qualidade e produtividade (Lei nº 9.637/98, arts. 3º e 6º).
 
· Supervisão do contrato de gestão por órgão ou entidade supervisora da área de atuação correspondente à atividade fomentada, através da apresentação de relatório pertinente à execução do referido contrato, contendo comparativo específico das metas propostas com os resultados alcançados, acompanhados da prestação de contas do correspondente exercício financeiro (Lei nº 9.637/98, art. 8º e § 1º).
 
· Poder Público deve fomentar a destinação de recursos orçamentários e bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão, mediante permissão de uso, com dispensa de licitação; cessão de servidores públicos, com ônus para a origem; dispensa de licitação nos contratos de prestação de serviços celebrados entre a Administração Pública e a organização social (Lei nº 9.637/98, arts. 11 e 12).
 
· Desqualificação poderá ocorrer no descumprimento das disposições e normas do contrato de gestão, que importará na reversão dos bens permitidos e dos valores entregues, sem prejuízo de outras sanções cabíveis (Lei nº 9.637/98, art. 16).
 
· Os dirigentes da organização social respondem individual e solidariamente pelos danos ou prejuízos decorrentes de sua ação ou omissão.
 
As organizações sociais encontram-se na esteira da Emenda Constituição nº 19, de 05 de junho de 1998, que se dedicou à reforma administrativa, proposta sob a ótica do neoliberalismo que almeja o Estado “mínimo”, entendendo que atividades típicas do Estado, como saúde e educação, poderiam passar para o controle da iniciativa privada. A regulamentação das organizações sociais está contida na Lei 9.637/98, já referida anteriormente.
 
Logo após a regulamentação das organizações sociais, órgãos e entidades públicas que executavam diretamente as atividades públicas elencadas no art. 1º da Lei nº 9.637/98, foram extintas e recriadas, sem vínculo com a Administração Pública de origem.
 
Duas instituições federais foram as primeiras a serem extintas e transformadas em organizações sociais: extinção da Fundação Roquette Pinto (entidade vinculada à Presidência da República) e do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (integrante da estrutura do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq) e recriadas respectivamente como Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (ACERP) e Associação Brasileira de Tecnologia Síncrotron (ABTLuS), ambas qualificadas como organizações sociais (Lei nº 9.637/98, art. 21, § 3º). Tais contratos inicialmente foram ajustados com prazo de duração de 2 (dois) anos, e vêm sendo renovados desde então.
 
A configuração das organizações sociais também fomentou a atividade associativa na sociedade civil, incentivando a criação de entidades privadas não lucrativas no formato preconizado pela Lei nº 9.637/98, e para desenvolver atividades às áreas enumeradas no artigo 1º.
 
As pessoas jurídicas de direito privado são aquelas previstas no Código Civil, sociedades civis, religiosas, científicas, literárias e até mesmo as fundações (art. 44 e incisos). Podem já existir ou serem criadas para o fim específico de receberem o título de organização social e prestarem os serviços desejados pelo Poder Público. O que importa é que se ajustem aos requisitos da lei.
 
Nos termos da Lei Federal n. 9.637, de 18.5.1998, é competência do Poder Executivo qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sociais sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à culturae à saúde, atendidos os requisitos previstos nesse mesmo diploma.
 
Assim, as entidades qualificadas como organizações sociais, são declaradas entidades de interesse social e utilidade pública para todos os efeitos legais, bem como regidas por um regime jurídico híbrido, que apesar de constituídas como pessoas jurídicas de direito privado, celebram contrato de gestão, para a prestação de serviços públicos, com direito ao recebimento de auxílio material e financeiro do Poder Público.
 
Preocupações e críticas existem com relação às organizações sociais, principalmente, quanto ao patrimônio público e com a gratuidade e universalidade de acesso a serviços públicos nas áreas acima indicadas, principalmente por não se submeter a um processo licitatório, com base, portanto, no poder discricionário da Administração Pública.
 
2 – A Construção do Terceiro Setor para o Desenvolvimento Sustentado do País
 
A expressão Terceiro Setor adveio do termo inglês Third Sector. Em 1970, foi empregada pela primeira vez por pesquisadores americanos, e posteriormente em 1980, por pesquisadores europeus.
 
No Brasil, a expressão Terceiro Setor serviu para referir a organizações formadas pela sociedade civil que não se enquadravam, nem no Primeiro Setor, representado pelo Estado, nem ao Segundo Setor, representado pelas entidades privadas com finalidade lucrativa.
 
Em decorrência da crise do Estado, gerada pelo pensamento neoliberal do Estado mínimo, agravada a partir da Constituição de 1988, considerada fonte de burocracia e ineficiência, pelo enrijecimento da administração pública brasileira, se faz imprescindível a reconstrução do aparelhamento do Estado, para reforçar seu papel complementar ao mercado na coordenação da economia e na busca da redução das desiguladades sociais, tão almejada pela sociedade.
 
Durante os anos 90, houve a chamada “Reforma Administrativa”, com o fito de promover a prestação de serviços de interesse coletivo pela sociedade civil, desincumbindo a Administração de algumas atividades.
 
Em razão disso, as organizações não governamentais tiveram um grande crescimento, passando a ser identificadas como “terceiro setor”, como complementar ao primeiro (Estado) e segundo setores (mercado).
 
Também conhecidas como entidades paraestatais, essas instituições privadas têm como características comuns a ausência de finalidade lucrativa, o exercício de atividade de interesse estatal e a possibilidade de receber alguma forma de incentivo público.
 
São, portanto, pessoas jurídicas de direito privado que não pertencem à Administração Indireta, mas apenas colaboram com o Estado em atividades de seu interesse.
 
A existência do terceiro setor é fundamentada no princípio da subsidiariedade, de acordo com o qual o Poder Público não deve prestar serviços que a sociedade civil tem condições de entregar.
 
O Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado, de 1995, elaborado pelo Ministro da Administração e Reforma do Estado (MARE), na época Luiz Carlos Bresser Pereira, procedeu à reforma do aparelho do Estado, com o intuito de obter maior capacidade de governar, maior condição de implementar as leis e políticas públicas.
 
Assim, o Estado brasileiro abandonou o modelo de Administração Pública burocrática, para adotar o modelo gerencial de Administração, que visa atingir valores de eficiência e qualidade na prestação dos serviços públicos.
 
O objetivo da reforma do aparelho do Estado foi tornar mais eficientes as atividades exclusivas do Estado, por meio da transformação de autarquias em agências autônomas e também mais eficientes os serviços sociais competitivos, ao transformá-los em organizações públicas não estatais de um tipo especial, que são as organizações sociais.
 
Os principais objetivos práticos do referido plano de reforma:
 
· No plano econômico: a diminuição do deficit público e ampliação da capacidade financeira do Estado, para concentrar recursos em áreas que exigem a indispensável intervenção direta;
 
· No plano social: o aumento da eficiência dos serviços oferecidos ou financiados pelo Estado, atendendo melhor o cidadão, chamado de cidadão-cliente ou cidadão-usuário;
 
· No plano político: a ampliação da participação dos cidadãos na gestão da coisa pública.
 
Como isso se dá a descentralização para o setor público não estatal a execução de serviços que não envolvem o exercício do poder do Estado, mas subsidiados por ele. O programa de publicização se encarrega de transformar as fundações e associações em organizações sociais.
 
A publicização de serviços passa a financiar atividades praticadas pelo terceiro setor através da celebração de termo de parceria entre o Estado e as organizações da sociedade civil de interesse público e de contratos de gestão entre o Estado e as organizações sociais.
 
O financiamento do terceiro setor está fundamentado na redução de gastos sociais, uma vez que é mais barata a execução de serviços sociais pelas organizações sociais do que pelo Estado, e na transferência de responsabilidade do Estado para o terceiro setor, supostamente mais eficiente.
 
Críticas existem quanto às consequências do desenvolvimento do terceiro setor e do processo de desarticulação da responsabilidade social do Estado, como disputas para a negociação de parcerias; a concessão de direitos por serviços sociais prestados pela atividade voluntária e filantrópica; solidariedade social compulsória para a solidariedade voluntária; do âmbito público para o privado; etc.
 
As formas de financiamento estatal para as atividades desenvolvidas pelo terceiro setor são:
 
· Auxílios e contribuições: os auxílios derivam da Lei de Orçamento; as contribuições definem-se por lei específica.
 
· Subvenções sociais: destinadas a cobrir despesas de custeio de entidades públicas ou privadas, sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência social, médica ou educacional.
 
· Convênios, acordos ou ajustes: meio jurídico adequado para a execução, em regime de mútua cooperação, de serviços de interesse recíproco.
 
· Benefícios fiscais: meio da imunidade tributária e isenções fiscais.
 
· Contratos de gestão: recursos do Estado destinados às organizações sociais, sem licitação, para execução de atividades públicas.
 
· Termos de parceria: transferência de recursos públicos do Estado para as organizações da sociedade civil de interesse público.
 
Há potencial de crescimento do Terceiro Setor no País, justificado pelo seguinte:
 
· Possibilidade de ser um setor gerador de empregos.
 
· Atuação permanente e imediata na melhoria geral da vida.
 
· Possibilidade de aglutinação de setores, como Estado e mercado, em causas de interesse comum.
 
· Possibilidade de atuação política com o envolvimento de atores sociais, envolvendo trabalhadores, empresários e comunidade em geral aos problemas sociais, da violência e das drogas.
 
· Mobilização em temas que reforçam a democracia e inclusão social, como: vida comunitária, harmonia social, segurança, desenvolvimento humano, melhoria da vida cultural.
 
· Mobilização de ativismo político, para melhoria das condições de vida na sociedade.
 
· Atuação do terceiro setor como parceiro do Estado na implementação de políticas públicas.
 
· O terceiro setor complementa a ação do Estado.
 
· Instrumento para alcançar o bem estar social.
 
Como já dito anteriormente, diante da incapacidade do Estado brasileiro de propor e desempenhar estratégias, programas e metas para superar as desigualdades sociais, outra alternativa não houve se não o desenvolvimento e credibilidade do terceiro setor, na participação e implementação de políticas públicas.
 
Em 1999, foi publicada a Lei nº 9.790, de 23 de março, denominada “Marco Legal do Terceiro Setor”, criada graças ao empenho e à experiência acumulada pelo Conselho da Comunidade Solidária. Essa lei disciplina, dentre outros aspectos, os requisitos para que uma entidade sem fins lucrativos (associação ou fundação) possa receber do governo federal a qualificação de organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP), bem comoa possibilidade dessas organizações celebrarem termos de parceria com o Poder Público para a execução de determinados projetos.
 
Integram o Terceiro Setor entidades privadas, sem fins lucrativos, que realizam atividades complementares às atividades públicas, visando à satisfação do bem comum.
 
Conceitua-se Terceiro Setor como o conjunto de organismos, organizações ou instituições dotadas de autonomia e administração própria que desempenham atividades voluntárias, desenvolvidas por organizações privadas não-governamentais e sem ânimo de lucro (associação ou fundação), realizadas em prol da sociedade, independentemente dos demais setores (Estado e mercado), embora com eles possa firmar parcerias e deles possa receber investimentos (públicos ou privados).
 
O desafio da sustentabilidade não envolve apenas a questão financeira, mas também o capital humano do setor, bem como apoio da mídia para obter a credibilidade de muitas entidades.
 
Dentre as entidades integrantes do terceiro setor, temos as Organizações Sociais (OS) e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs).
 
3 – Entidades Filantrópicas e Contribuição Social
 
Filantropia significa amor à humanidade.
 
Entidade Filantrópica é uma pessoa jurídica que presta serviços à sociedade, principalmente às pessoas mais carentes, e que não possui como finalidade a obtenção de lucro.
 
A Constituição Federal prevê a atuação da iniciativa privada no campo dos direitos sociais, colaborando na efetivação da Ordem Social.
 
Ao tratar dos direitos e garantias fundamentais, a Constituição Federal destaca, no artigo 5º, os direitos e deveres individuais e coletivos; e, no artigo 6º, os direitos sociais: a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.
 
À luz ainda da norma constitucional, "a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social" (art. 170); e a "ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais" (art. 193).
 
Portanto, o particular está presente nas atividades inerentes à ordem social, como saúde, ensino, educação, cultura, assistência aos excluídos, setor esses em que o Estado deveria atuar. A iniciativa privada, ao atuar nesse campo, presta serviços de relevância para a comunidade e sociedade, sem interesse de lucro ou especulativo.
 
Ao examinar as normas constitucionais concernentes à Ordem Social (arts. 193 a 232), destaca-se:
 
· referência à seguridade social, no sentido de assegurar direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social;
 
· saúde é direito de todos e dever do Estado;
 
· educação é direito de todos e dever do Estado e da família, com colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho;
 
· Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional;
 
· Estado deve promover e incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas;
 
· a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida;
 
· a família, a sociedade e o Estado devem assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, colocando-os a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
 
Para que as entidades filantrópicas possam gozar de certos incentivos fiscais oferecidos pela Constituição, Legislação tributária, bem como, previdenciária é necessário o cumprimento de certas obrigações acessórias ou mesmo o preenchimento de requisitos para sua caracterização.
 
As entidades filantrópicas, no texto constitucional concernente à Ordem Social (arts. 193 e 232), são destinatárias das seguintes referências:
 
· estão isentas da contribuição para a seguridade social, as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências fixadas em lei (art. 195, § 7º);
 
· assistência à saúde é livre à iniciativa privada; entidades privadas podem participar de forma complementar do sistema único de saúde, tendo preferência entidades filantrópicas e entidades sem fins lucrativos; é vedada destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às entidades privadas com fins lucrativos (art. 199, § 1º) ;
 
· entidades de previdência privada, com fins lucrativos, não podem receber subvenção ou auxílio do Poder Público (art. 201, § 8º);
 
· entidades beneficentes e de assistência social podem participar da execução dos programas governamentais no campo da assistência social (art. 204 e I);
 
· o ensino é livre à iniciativa privada; recursos públicos destinam-se a escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação; assegurem destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades (art. 213).
 
As entidades que podem ser caracterizadas como filantrópicas são fundações, templos de qualquer culto, partidos políticos, Entidades Sindicais, associações, entidades culturais, de proteção à saúde, instituições de ensino dentre outras. É necessário que a Entidade tenha o certificado de Utilidade Pública Federal, Estadual e Municipal, além de ter o Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos.
 
4 – Compromisso Social das Empresas: Formação de Organização Não-Governamentais - ONGs
 
As Organizações não governamentais (ONGs) atualmente significam um grupo social organizado, sem fins lucrativos, constituído formal e autonomamente, formada no seio da sociedade civil, caracterizado por ações de solidariedade no campo das políticas públicas e pelo legítimo exercício de pressões políticas em proveito de populações excluídas das condições da cidadania.
 
Essas entidades funcionam como intermediárias nas relações entre o Estado, sociedade civil e indivíduos, razão pela qual fazem parte do chamado Terceiro setor.
 
As ONGs surgiram da falência ou da inoperância do Estado no provimento de serviços assistenciais e básicos para a parcela mais carente da população, e tomou corpo e importância pelo aumento da conscientização sobre a necessidade de proteção de recursos escassos como a água, o meio ambiente, direitos humanos, etc.
 
Como reflexo da globalização, muitas das ONGs mais influentes e atuantes hoje no Brasil são braços de entidades internacionais, como o CARE Brasil, que atua na prestação de serviços comunitários no combate à pobreza (encerradas as atividades em 2015); o Greenpeace, para proteção de direitos difusos e coletivos; o Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS (GAPA), para campanhas de conscientização da população; etc.  
 
É importante ressaltar que ONG não tem valor jurídico, pois não está definido na legislação brasileira. O novo Código Civil dispõe existir apenas duas formas de entidades revestidas de personalidade jurídica sem fins lucrativos: associação civil e fundação. Assim, toda a ONG existe ou sob a forma de uma associação ou sob a forma de uma fundação.
 
Portanto, para as ONGs adquirirem personalidade jurídica deve assumir ou a forma de associação civil ou a forma de fundação. Adquirida uma das personalidades jurídicas e preenchidos os requisitos, a entidade poderá receber do Estado, por meio de ato oficial, a Declaração de Utilidade Pública ou de Interesse Público, o que a credenciará para o recebimento de verbas públicas para seus programas.
Módulo 2 – Organização da Sociedade Civil: Associações,Fundações e Sociedades Sem Fins Lucrativos. Legislação Brasileira. Estrutura. Funcionamento.
 
1 - Organização da Sociedade Civil: Sociedades Sem Fins Lucrativos.
 
Organizações da Sociedade Civil (OSC) são entidades de direito privado e fins públicos, mais conhecidas no Brasil sob a classificação de Terceiro Setor. Essa classificação só se mantém se estiverem sempre voltadas a questão de interesse público, ainda que em defesa de minorias.
 
As organizações sem fins lucrativos são organizações de natureza jurídica sem fins de acumulação de capital para o lucro dos seus diretores. Todo seu lucro deve ser reinvestido em estrutura ou outras áreas da pessoa jurídica.
 
O Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (Lei nº 13.019/2014), publicada em 1º de agosto de 2014, no seu art. 1º, define organização da sociedade civil, como “pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos que não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecução do respectivo objeto social, de forma imediata ou por meio da constituição de fundo patrimonial ou fundo de reserva”.
 
2 – Associações e Fundações
 
As associações e as fundações são pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, integrantes do Terceiro Setor, regidas pela Lei nº 9.867, de 10 de novembro de 1999.
 
A grande maioria das ONGs e OSCIPs é constituída na forma de associação.
 
2.1 - Associações
 
A associação é pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, constituída pela união de pessoas que se organizam para finalidade determinadas, como culturais, sociais, pias, religiosas, recreativas etc., sem o intuito de distribuir lucro. É constituída e regida por um estatuto social. Regulada pelo Código Civil.
 
As entidades do Terceiro Setor, por não possuírem finalidade lucrativa, constituem-se predominantemente sob a forma de associação.
 
Características das Associações:
 
· Têm fins altruísticos, científicos, artísticos, beneficentes, educativos, religiosos, morais, culturais, assistenciais, políticos, desportivos ou recreativos.
 
· Constituída por meio de assembleia descrita em ata na qual é registrada a aprovação dos estatutos e a eleição de seus dirigentes, e levados a registro no Cartório competente. Ato este lhe confere personalidade jurídica.
 
· Não há entre os associados direitos nem obrigações recíprocas, nem intenção de dividir resultados.
 
· Não visa lucro, aspecto fundamental que diferencia a associação das sociedades.
 
· Caso obtenha resultados financeiros positivos em suas atividades, estes não serão distribuídos aos associados na forma de lucro.
 
· Associados têm direitos iguais, mas o estatuto pode instituir categorias com vantagens especiais (CC, art. 55).
 
· A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser em contrário.
 
· Exclusão de associado em caso de justa causa, que exige demonstração fática, admitindo o contraditório (CC, art. 57).
 
· Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de efetuadas as deduções cabíveis, será destinado a entidade de fins não econômicos eventualmente designada no estatuto da associação em dissolução, ou, caso seja omisso o estatuto, o saldo patrimonial remanescente será destinado a instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes, a ser escolhida mediante deliberação dos associados.
 
A associação, para ser constituída legalmente deve satisfazer as seguintes exigências mínimas:
 
· Ser formada por um grupo de pessoas com maioridade civil;
 
· Ser formada por pessoas unidas a partir de determinado ideal lícito e preferencialmente já terem refletido e decidido sobre sua forma de organização e atuação.
 
· Realizar assembléia geral que deverá ser convocada por meio de edital específico constando pauta, data, horário e local para a criação do estatuto da associação, registrando em ata;
 
· A ata de criação da associação deve conter tudo o que foi discutido e decidido pelos sócios fundadores na assembléia de constituição, devendo ser assinada por todos os sócios fundadores, além de quem secretariou e presidiu a reunião.
 
· A ata de criação da associação, bem como o estatuto deverá ser registrada em cartório de títulos e documentos.
 
2.2 - Fundações
 
A fundação privada é pessoa jurídica sem fins lucrativos, constituída a partir de um acervo de bens, que recebe personalidade jurídica para a realização de um fim social e determinado, de interesse público, que decorrem da vontade de uma pessoa, o instituidor (pessoa física ou jurídica), mediante escritura pública ou testamento.
 
A fundação privada é também regulada pelo Código Civil (arts. 62 a 69), dispondo que sua criação se deve ao instituidor que faz uma dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
 
Características das fundações:
 
· Elementos das fundações:
 
· Patrimônio
· Fim: definido pelo instituidor e não pode ter fins lucrativos.
 
· Somente podem se constituir para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência social (CC, art. 62).
 
· Característica essencial: sua constituição se dá exclusivamente a partir do patrimônio que lhe é atribuído no ato instituidor (escritura pública ou testamento), de modo que possa perseguir seus fins estatutários, que não serão lucrativos.
 
· Não há distribuição financeira alguma, ainda que o resultado tenha sido positivo.
 
· O Ministério Público do Estado (MP) em que estiver situada a fundação atuará com curador, devendo acompanhar e aprovar o seu ato constitutivo e todos os atos jurídicos posteriores de sua existência.
 
· A atuação e o patrimônio das fundações estão sujeitos à fiscalização do respectivo Ministério Público de cada Estado, ainda que instituídas em outro, que tem a atribuição legal de zelar pelo interesse público nessas organizações, assegurando a efetiva utilização do patrimônio para o cumprimento de sua finalidade.
 
· Hipóteses de extinção da fundação:
 
· Tornar-se ilícita (nociva, através de criminoso desvio), impossível (problemas financeiros) ou inútil a sua finalidade (quando o fim colimado já foi alcançado, como a erradicação de moléstia que visava combater).
 
· Vencido o prazo de sua existência (quando previsto estatutariamente), deve o MP ou qualquer interessado promover à sua extinção, incorporando-se o seu patrimônio ao de outra fundação, designada judicialmente, que se proponha a fim igual ou semelhante (CC, art. 69).
 
2.3 – Diferença entre Associações Civis e Fundações
 
	Associações Civis
	Fundações
	Predomina o elemento pessoa.
	Predomina o elemento patrimônio.
	Constituída por meio de um agrupamento de pessoas físicas, que através de assembleia descrita em ata é registrada a aprovação dos estatutos e dirigentes.
	A pessoa jurídica é constituída em torno de um patrimônio destinado à consecução dos fins sociais.
	Agrega pessoas com um fim não econômico, sendo uma pequena organização social, com administração independe de seus fundadores.
	O fundador tem maior poder de controle sobre a entidade, uma vez que estabelece seus estatutos e a diretoria da entidade, consubstanciada na escritura pública de dotação livre de bens e à vontade do fundador.
	Há maior flexibilidade e menor ingerência estatal.
	Há menor flexibilidade e maior ingerência estatal.
 
3 - Organização da Sociedade Civil. Legislação Brasileira. Estrutura. Funcionamento.
 
A nova Lei nº 13.019, publicada em 1º de agosto de 2014, chamada de “Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil”, institui diretrizes mais rígidas para balizar a relação entre o governo e organizações da sociedade civil, seja por meio de parcerias voluntárias ou por transferências de recursos. Essas novas regras entraram em vigor 90 dias após a publicaçãoda lei, portanto em final de outubro de 2014.
 
O projeto de lei teve como autor o senador Aloysio Nunes Ferreira, diante da necessidade de uma nova lei em decorrência de inúmeros casos de corrupção envolvendo ONGs e Ministérios, a qual ainda precisa ser regulamentada. Em março de 2014, a Controladoria Geral da União anunciou que 28 ONGs que firmaram convênios com o Ministério do Trabalho tinham graves indícios de irregularidades e 18 foram consideradas inadimplentes.
 
Essa nova lei beneficiará as organizações, que passam a ter segurança jurídica em relação aos contratos firmados com órgãos públicos. As ações desenvolvidas pelas entidades ajudam a administração pública a viabilizar programas sociais e o governo a complementar as políticas públicas.
 
A nova legislação determina que as ONGs devem participar de um processo seletivo, por meio de Chamada Pública, para serem contratadas e firmar contratos com a administração pública nas esferas federal, estadual, municipal ou distrital e respectivas autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviço público, e suas subsidiárias.
 
Chamamento público é procedimento destinado a selecionar organização da sociedade civil para firmar parceria por meio de Termo de Colaboração ou de Fomento, no qual se garante a observância dos princípios da isonomia, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
 
O edital deverá especificar o objeto da parceria, datas e prazos para a seleção, além da apresentação de propostas e valores previstos, bem como ser amplamente divulgado em página do sítio oficial do órgão ou entidade na internet. A parceria poderá corresponder a qualquer modalidade que envolva ou não transferências voluntárias de recursos financeiros, entre administração pública e organizações da sociedade civil para ações de interesse recíproco em regime de mútua cooperação.
 
As organizações terão que cumprir requisitos formais para celebrar os contratos, a seguir:
 
· As organizações devem ter, no mínimo, 3 anos de existência antes de poder celebrar parcerias com o poder público.
 
· As organizações devem comprovar experiência prévia na área em que pretedam atuar.
 
· As organizações devem comprovar capacidade técnica e operacional para o desenvolvimento das atividades previstas e o cumprimento das metas estabelecidas.
 
Para que seja possível participar do processo de seleção, as organizações da sociedade civil e seus dirigentes, que são pessoas que detenham poderes de administração, gestão ou controle da organização, devem ser considerados “ficha limpa”.
 
A ONG, movimentos sociais ou até mesmo um cidadão poderá apresentar uma proposta por meio do “Procedimento de Manifestação de Interesse Social” ao poder público para que este avalie a possibilidade de realização de um chamamento público, objetivando a celebração de parceria. A proposta deverá conter os seguintes requisitos:
 
· Identificação do subscritor;
 
· Indicação do “interesse público envolvido”;
 
· Diagnóstico da realidade que se deseja modificar, aprimorar ou desenvolver, bem como os custos, prazos e benefícios da ação pretendida.
 
A administração deverá publicar em seu sítio eletrônico a proposta, com o intuito de tornar pública, e verificar a conveniência e oportunidade para a realização do “Procedimento de Manifestação de Interesse Social”, que instaurará para oitiva da sociedade sobre o tema, o que não implicará necessariamente na execução do chamamento público, que poderá ocorrer conforme o interesse da administração. A realização do referido Procedimento não dispensa a convocação por meio de chamamento público para a celebração de parceria.
 
O plano de trabalho deverá conter:
 
· Diagnóstico da realidade que será objeto das atividades da parceria, devendo ser demonstrado o nexo entre essa realidade e as atividades ou metas a serem atingidas;
 
· Descrição permenorizada de metas quantitativas e mensuráveis a serem atingidas e de atividades a serem executadas, devendo estar claro, preciso e detalhado o que se pretende realizar ou obter, bem como quais serão os meios utilizados para tanto;
 
· Prazo para a execução das atividades e cumprimento das metas;
 
· Definição dos indicadores, qualitativos e quantitativos, a serem utilizados para a aferição do cumprimento das metas;
 
· Elementos que demonstrem a compatibilidade dos custos com os preços praticados no mercado ou com outras parcerias da mesma natureza, devendo existir elementos indicativos da mensuração desses custos, tais como: cotações, tabelas de preços de associações profissionais, publicações especializadas ou quaisquer outras fontes de informação disponíveis ao público.
 
· Plano de aplicação dos recursos a serem desembolsados pela administração pública;
 
· Estimativa de valores a serem recolhidos para pagamento de encargos previdenciários e trabalhistas das pessoas envolvidas diretamente na consecução do objeto, durante o período de vigência proposto;
 
· Valores a serem repassados, mediante cronograma de desembolso compatível com os gastos das etapas vinculadas às metas do cronograma físico;
 
· Modo e periodicidade das prestações de contas, compatíveis com o período de realização das etapas vinculadas às metas e com o período de vigência da parceria, não se admitindo periodicidade superior a 1 ano ou que dificulte a verificação física do cumprimento do objeto;
 
· Prazos de análise da prestação de contas pela administração pública responsável pela parceria.
 
As propostas serão julgadas por uma comissão de seleção previamente designada e que não tenha como integrante pessoa com relação jurídica nos últimos 5 anos com alguma das entidades concorrentes.
 
Comissão de seleção é órgão colegiado da administração pública destinado a processar e julgar chamamentos públicos, composto por agentes públicos, designados por ato publicado em meio oficial de comunicação, sendo, pelo menos, 2/3 de seus membros servidores ocupantes de cargos permanentes do quadro de pessoal da administração pública realizadora do chamento público.
 
Após a seleção da melhor proposta, a administração pública procederá à verificação dos documentos da organização da sociedade civil, que se não atender aos requisitos, a organização imediatamente mais bem classificada será convidada a aceitar a celebração de parceria.
 
Além do processo seletivo, quando a administração pública propuser um plano de trabalho na parceria, o chamamento dará origem à assinatura do termo de colaboração, em regime de mútua colaboração com as organizações. Se uma organização tiver o interesse de propor o plano de trabalho, ainda assim deverá ocorrer o chamamento público, do qual decorrerá um Termo de Fomento.
 
Termo de colaboração é instrumento pelo qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil, selecionadas por meio de chamamento público, para a consecução de finalidades de interesse público propostas pela administração pública, sem prejuízo das definições atinentes ao contrato de gestão e ao termo de parceria, respectivamente.
 
Termo de fomento é instrumento pelo qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil, selecionadas por meio de chamamento público, para a consecução de finalidades de interesse público propostas pelas organizações, sem prejuízo das definições atinentes ao contrato de gestão e ao termo de parceria, respectivamente.
 
Os órgãos públicos deverão planejar previamente a realização das parcerias e deverão priorizar o controle de resultados e avaliação das parcerias. Ficam ampliadas as exigências de transferências e controle.
 
A União, em coordenação com os Estados, Distrito Federal, Municípios e organizações da sociedade civil, instituirá programas de capacitação para gestores, representantes de organizações da sociedade civil e conselheirosdos conselhos de políticas públicas, não constituindo a participação nos referidos programas condição para o exercício da função.
 
Gestor é agente público responsável pela gestão da parceria, designado por ato publicado em meio oficial de comunicação, com poderes de controle e fiscalização.
 
No início de cada ano civil, os órgãos públicos terão que publicar em seus meios oficiais o orçamento total, aprovado na lei orçamentária, para o ano destinado à execução de programas e ações que poderão ser executadas por meio de parcerias previstas na lei. Os órgãos também terão que publicar na internet toda a relação de parcerias celebradas, em ordem alfabética, pelo nome da organização, por até 5 anos a partir da prestação de contas final da parceria, contendo no mínimo as seguintes informações:
 
· Data de assinatura e identificação do instrumento de parceria e do órgão da administração pública responsável;
 
· Nome da organização da sociedade civil e número de seu CNPJ;
 
· Descrição do objeto da parceria;
 
· Valor total da parceria e valores liberados;
 
· Situação da prestação de contas da parceria, que deverá informar a data prevista para a sua apresentação, a data em que foi apresentada, o prazo para a sua análise e o resultado conclusivo.
 
As ONGs também deverão manter em seus sites a lista de órgãos com quem mantém parceria e os meios para apresentação de denúncia sobre a aplicação irregular dos recursos transferidos.
 
As regras não se aplicam para parcerias com recursos advindos de:
 
· organismos internacionais, que terão de observar os termos de acordo ou convenção da qual o Brasil seja signatário, como transferências de recursos homologadas pelo Congresso Nacional ou autorizadas pelo Senado Federal naquilo em que as disposições dos tratados, acordos e convenções internacionais específicas conflitarem com a referida lei, quando os recursos envolvidos forem integralmente oriundos de fonte externa de financiamento. As exigências só serão dispensadas se a ONG atuar na proteção de pessoas ameaçadas ou em situação que possa comprometer a sua segurança;
 
· transferências voluntárias regidas por lei específica, naquilo em que houver disposição expressa em contrário;
 
· contratos de gestão celebrados com organizações sociais, na forma estabelecida pela Lei nº 9.637/98.
 
A administração pública poderá dispensar a realização do chamamento público, desde que detalhadamente justificada tal ausência pelo administrador público e publicado no site oficial do respectivo órgão público na internet, sob pena de nulidade do ato de formalização de parceria, nos seguintes casos:
 
· no caso de urgência decorrente de paralisação ou iminência de paralisação de atividades de relevante interesse público realizadas no âmbito de parceria já celebrada, limitada a vigência da nova parceria ao prazo do termo original, desde que atendida a ordem de classificação do chamamento público, mantidas e aceitas as mesmas condições oferecidas pela organização da sociedade civil vencedora do certame;
 
· nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem pública, para firmar parceria com organizações da sociedade civil que desenvolvam atividades de natureza continuada nas áreas de assistência social, saúde ou educação, que prestem atendimento direto ao público e que tenham certificação de entidade beneficente de assistência social;
 
· quando se tratar da realização de programa de proteção a pessoas ameaçadas ou em situação que possa comprometer a sua segurança.
 
Será considerado inexigível o chamamento público se for inviável a competição entre as organizações.
 
Os requisitos para celebração do termo de colaboração e do termo de fomento:
 
· objetivos voltados à promoção de atividades e finalidades de relevância pública e social;
 
· a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, para opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil e sobre as operações patrimoniais realizadas;
 
· a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o respetivo patrimônio líquido seja transferido a outra pessoa jurídica de igual natureza que preencha os requisitos da lei e cujo objeto social seja, preferencialmente, o mesmo da entidade extinta; e
 
· normas de prestação de contas sociais, a observar:
 
· os princípios fundamentais da contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade;
 
· publicidade por meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal, ao relatório de atividade e demonstrações financeiras da entidade, incluídas as certidões negativas de débitos com a Previdência Social e com o FGTS.
 
Para a celebração das parcerias, as organizações da sociedade civil deverão apresentar comprovante de propriedade ou posse legítima de imóvel; certidões de regularidade fiscal, previdenciária, tributária, de contribuições e de dívida ativa; certidão de pessoa jurídica devidamente registrada em cartório de registro civil ou cópia do estatuto registrado e eventuais alterações; comprovante de instalações e materiais específicos para a atividade; cópia da ata de eleição do quadro de dirigente atual, com a qualificação completa; e comprovante de endereço; regulamento de compras e contratações, próprio ou de terceiros.
 
O termo de colaboração e termo de fomento somente serão celebrados:
 
· após o chamamento público;
 
· comprovação de existência de prévia dotação orçamentária para execução da parceria;
 
· avaliação dos objetivos, finalidades e capacidade técnica e operacional da organização;
 
· aprovação do plano de trabalho;
 
· emissão de parecer de órgão técnico sobre a proposta, interesse das partes em mútua cooperação, viabilidade de sua execução compatível com os preços de mercado, cronograma de desembolso, descrição dos meios de fiscalização da execução da parceria e procedimentos de avaliação, elementos da prestação de contas, gestor da parceria, designação da comissão de monitoriamento e avaliação da parceria, aprovação do regulamento de compras e contratações, e parecer jurídico sobre a celebração da parceria.
 
O termo de colaboração e termo de fomento somente produzirão efeitos jurídicos após a publicação dos respectivos extratos no meio oficial de publicidade da administração pública.
 
Está impedida de celebrar qualquer modalidade de parceria, a organização da sociedade civil que:
 
· não esteja regulamente constituída ou, se estrangeira, não esteja autorizada a funcionar no país;
 
· esteja omissa no dever de prestar contas de parceria anteriormente celebrada;
 
· tenha como dirigente agente político de Poder ou do Ministério Público, dirigente de órgão ou entidade da administração pública de qualquer esfera governamental, ou respectivo cônjuge ou companheiro, bem como parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o segundo grau;
 
· tenha tido contas rejeitadas pela administração pública nos últimos 5 anos, enquanto não seja sanada a irregularidade e quitados os débitos;
 
· punida por sanções:
 
· suspensão de participação em licitação e impedimento de contratar com administração pública;
 
· declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a administração pública;
 
· suspensão temporária da participação em chamamento público e impedimento de celebrar termos de fomento, termos de colaboração e contratos com órgões e entidades do governo;
 
· declaração de inidoneidade para participar em chamamento público ou celebrar termos de fomento, termos de colaboração e contratos com órgãos e entidades de todas as esferas de governo;
 
· contas de parceira julgadas irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou Conselho de Contas de qualquer esfera da Federação, em decisão irrecorrível, nós últimos 8 anos;
 
· tenha dirigente pessoa com contas julgadas irregular ou rejeitadas por Tribunal ou Conselho de Contas de qualquer esfera da Federação, em decisão irrecorrível, nós últimos 8 anos; julgada responsável por falta grave e inabilitada para o exercício do cargo, enquanto durar a inabilidade; e responsável por ato de improbidade.
 
Fica determinado que as despesas de custeio podem ser financiadas(reembolsadas) com os recursos provenientes de convênios com o governo federal, desde que estejam previstas no plano de trabalho e sejam necessárias para a execução do convênio.
 
Com relação ao pagamento das equipes de trabalho contratadas, em vez de salário fixo mensal, os contratados por essas organizações devem receber por hora trabalhada valores proporcionais à atividade que exercem. No entanto, os vencimentos não poderão exceder 70% do teto constitucional de remuneração no serviço público.
 
As parcerias terão responsabilidade exclusiva pelo gerenciamento administrativo e financeiro dos recursos recebidos, inclusive no que diz respeito às despesas de custeio de investimento e de pessoal, e pelo pagamento de encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais relativos ao funcionamento da instituição e ao adimplemento do termo de colaboração ou de fomento, não se caracterizando responsabilidade solidária ou subsidiária da administração pública pelos respectivos pagamentos, qualquer oneração do objeto da parceria ou restrição à sua execução.
 
As contratações de bens e serviços pelas organizações da sociedade civil, feitas com recursos transferidos pela administração pública, deverão observar os princípios da legalidade, da moralidade, da boa-fé, da probidade, da impessoalidade, da economicidade, da eficiência, da isonomia, da publicidade, da razoabilidade e do julgamento objetivo e a busca permanente de qualidade e durabilidade, podendo ser efetuado por meio de sistema eletrônico disponibilizado pela administração pública, aberto ao público via internet, que permita aos interessados formular propostas.
 
As parcelas dos recursos transferidos no âmbito da parceria serão liberadas em estrita conformidade com o cronograma de desembolso aprovado, exceto em alguns casos previstas na lei. A administração pública deverá viabilizar o acompanhamento pela internet dos processos de liberação de recurso referentes às parcerias celebradas.
 
Os recursos recebidos em decorrência da parceria serão depositados e geridos em conta bancária específica, em instituição financeira indicada pela administração pública, e, enquanto não empregado na sua finalidade, serão obrigatoriamente aplicados em cadernetas de poupança, se a previsão de seu uso for igual ou superior a 1 mês, ou em fundo de aplicação financeira de curto prazo ou operação de mercado aberto lastreada em títulos da dívida pública, quando prazo previsto para sua utilização for igual ou inferior a 1 mês.
 
Na conclusão, denúncia, rescisão ou extinção da parceria, os saldos financeiros remanescentes, inclusive as receitas obtidas das aplicações financeiras, serão devolvidas à entidade ou órgão repassador dos recursos, no prazo improrrogável de 30 dias do evento, sob pena de imediata instauração de tomada de contas especial do responsável.
 
Ficará a cargo da administração pública fiscalizar as parcerias celebradas antes do término da sua vigência, inclusive por meio de visitas “in loco”, para fins de monitoramento e avaliação do cumprimento do objeto, na forma do regulamento. Poderá ser contratos terceiros para tal atividade.
 
Nas parcerias com vigência superior a 1 ano, a administração pública realizará pesquisa de satisfação para avaliação da parceria e do cumprimento dos objetivos pactuados.
 
A administração pública emitirá relatório técnico de monitoramento e avaliação da parceria e o submeterá à comissão de monitoramento e avaliação designada, que o homologará, independentemente da prestação de contas.
 
A comissão de monitoramento e avaliação é órgão colegiado da administração pública destinado a monitorar e avaliar as parcerias celebradas com organizações da sociedade civil, composto por agentes públicos, designados por ato publicado em meio oficial de comunicação, sendo pelo menos 2/3 de seus membros servidores ocupantes de cargos permanentes do quadro de pessoal da administração pública realizadora do chamamento público.
 
O relatório técnico de monitoramento e avaliação deverá conter:
 
· descrição sumária das atividades e metas estabelecidas;
 
· análise das atividades realizadas, do cumprimento das metas e do impacto do benefício social;
 
· valores efetivamente transferidos pela administração pública e valores comprovadamente utilizados;
 
· valores pagos com o plano de trabalho e custos indiretos, remanesjamentos, sobras de recursos financeiros, e eventuais valores devolvidos aos cofres públicos;
 
· documentos comprobatórios das despesas;
 
· análise de auditorias realizadas pelos controles interno e externo, no âmbito da fiscalização preventiva, bem como de suas conclusões e das medidas que tomaram em decorrência dessas auditorias.
 
Além da fiscalização pela administração pública e pelos órgãos de controle, também poderá ser fiscalizada pelos conselhos de políticas públicas das áreas correspondentes de atuação existentes, em cada esfera de governo. O Conselho de Política Pública é órgão criado pelo poder público para atuar com instância consultiva, na respectiva área de atuação, na formulação, implementação, acompanhamento, monitoramento e avaliação de políticas públicas.
 
O gestor está obrigado a acompanhar e fiscalizar a execução da parceria, informar seu superior sobre fatos que comprometam as atividades ou o atingimento das metas, irregularidade na gestão dos recursos, bem como as providências adotadas ou que serão adotadas para sanar os problemas; emitir parecer técnico sobre prestação de contas, disponibilizar materiais e equipamento para o monitoramento e avaliação.
 
Com esta lei cria-se um sistema de prestação de contas dos convênios, através de instrumentos jurídicos próprios e estabelece regras para cada etapa do processo de execução, monitoramento e avaliação das parcerias.
 
As organizações de sociedade civil deverão proceder à prestação de contas, que deverá ser feita ao longo da execução do convênio, de forma sistemática, por um prazo definido no plano de trabalho aprovado, que dependerá do tipo de convênio e do seu edital, e normas de elaboração constantes do instrumento de parceria e do plano de trabalho. O dever de prestar contas surge no momento da liberação da primeira parcela dos recursos financeiros.
 
A prestação de contas apresentada pela organização deverá conter elementos que permitam ao gestor da parceria avaliar o andamento ou concluir que o seu objeto foi executado conforme pactuado, com a descrição pormenorizada das atividades realizadas e a comprovação do alcance das metas e dos resultados esperados, até o período de que trata a prestação de contas.
 
Haverá um escalonamento das prestações de contas de acordo com os valores repassados às organizações da sociedade civil, que quanto maior o recurso, mais rigorosa será a fiscalização. As quantias mais vultosas estarão sujeitas à inspeção obrigatória no local e à realização de uma auditoria externa independente.
 
As organizações da sociedade civil estão obrigadas a prestar as contas finais da boa e regular aplicação dos recursos recebidos no prazo de até 90 dias a partir do término da vigência da parceria. A fixação do prazo para a prestação final de contas será estabelecida de acordo com a complexidade do objeto da parceria e integra a etapa de análise técnica da proposição e celebração do instrumento. Esse prazo pode ser prorrogado por até 30 dias, desde que devidamente justificado.
 
Constatada irregularidade ou omissão na prestação de contas, será concedido prazo de até 45 dias por notificação, prorrogável no máximo por igual período, para a organização sanar a irregularidade ou cumprir a obrigação.
 
Transcorrido o prazo para saneamento da irregularidade ou da omissão, não havendo o saneamento, a autoridade competente, sob pena de responsabilidade solidária, deve adotar as providências para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis, quantificação do dano e obtenção do ressarcimento.
 
A administração pública terá prazo de 90 a 150 dias para apreciar a prestação final de contas, contado da data de seu recebimento, o qual poderá serprorrogado, no máximo, por igual período, desde que devidamente justificado.
 
Poderá ser aplicada sanção à organização de sociedade civil pela execução da parceria em desacordo com o plano de trabalho e em em caso de descumprimento da lei. As sanções podem ser:
 
· advertência;
 
· suspensão temporária da participação em chamamento público e impedimento de celebrar termos de fomento, termos de colaboração e contratos com órgãos e entidades públicas, por prazo não superior a 2 anos.
 
· Declaração de inidoneidade para participar em chamamento público ou celebrar termos de fomento, termos de colaboração e contratos com órgãos públicos, enquanto durarem os motivos da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a autoridade que aplicou a pena.
Módulo 3 – Organizações Não-Governamentais – ONGs. Organização Estatutária. Registros Obrigatórios. Cadastros Fiscais. Fiscalização. Relações com Instituições do Governo. Benefícios Governamentais. Operação com Organismos Estrangeiros e Multilaterais. Subvenções, Doações e Lobby junto ao Legislativo.
 
1 - Organizações Não-Governamentais – ONGs.
 
Há muito o Estado tem se mostrado impotente para atender a demandas na área social.
 
A expressão Organização Não-Governamental (ONG) apareceu pelo primeira vez em 1950, sendo usada pela Organização das Nações Unidas, para designar as instituições da sociedade civil que não tivessem vinculadas a um governo. Hoje, elas são definidas como entidades privadas sem fins lucrativos e com uma finalidade pública.
 
No Brasil, as Organizações Não-Governamentais (ONGs) começaram a existir na década de 60, em tempos de autoritarismo, em anos de regime militar. Inicialmente, surgiram com uma atuação discreta, próximas às igrejas cristãs, ligados a movimentos comunitários, de bairros, de periferia e sindicais.
 
A partir dos anos 70, essas organizações se fortaleceram através das associações civis. Nas décadas de 80 e 90, continuaram em franca expansão e expressão, impulsionadas pelos novos tempos de democratização, engajando-se na luta pela redemocratização do país, o que proporcionou uma projeção regional ou nacional ou até internacional, sem deixar de atuar em âmbito mais localizado.
 
Nos princípio dos anos 90, ganharam maior visibilidade em função da ECO 92, Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, também chamada de Cúpula da Terra, e o Movimento pela Ética na Política, de 1993, que desencadeou a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, liderada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho.
 
Em geral, as ONGs estão vinculadas a causas como direitos humanos, meio ambiente, saúde, educação popular, etc.
 
A atual Constituição Federal em 1988 veio restabelecer a democracia no país, valorizando e fortalecendo a cidadania e os direitos humanos. A partir daí, tem-se um período propício para o maior desenvolvimento do Terceiro Setor, como um mercado social formado por ONGs e outras organizações congêneres.
 
Nesse cenário, as ONGs tiveram oportunidade de desempenhar sua competência em diversos setores da área social, elaborando e implementando projetos correspondentes a ações sociais.
 
É importante salientar que o termo Organização Não-Governamental (ONG) não está definido na legislação brasileira, assim toda a ONG existe ou sob a forma de uma associação ou de uma fundação.
 
As ONGs são entidades de natureza privada (não pública) sem fins lucrativos, juridicamente são caracterizadas como associações civis ou fundações privadas, já visto anteriormente. Nesse tipo de organização enquadram-se, também, as Organizações da Sociedade Civil (OSC), Organizações Sociais (OSs), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs).
 
O público atingido pelos trabalhos das ONGs é muito diversificado, incluindo como beneficiários: associações, sindicatos, grupos religiosos, crianças “de rua”, “trabalhadoras”, “moradores de rua”, “portadores de deficiência física”, etc.
 
Segundo Takeshy Tachizawa, a “Organização Não Governamental (ONG) não é termo definido em lei, mas uma categoria que vem sendo socialmente construída e usada para designar um conjunto de entidades com características peculiares, reconhecidas por seus agentes, pelo senso comum ou para opinião pública”.
 
As ONGs podem ter como finalidade:
 
· Educação;
 
· Saúde;
 
· Cultura;
 
· Comunidade;
 
· Apoio à criança e ao adolescente;
 
· Voluntariado;
 
· Meio ambiente;
 
· Apoio a portadores de deficiência;
 
· Parcerias com o governo.
 
A grande maioria das ONGs, por serem entidades civis sem fins lucrativos, assume a forma jurídica de associação civil, mas também pode constituir-se como fundação privada (CC, art. 62). Além de ONG, podem ter outras denominações como, Instituto, Pacto, Movimento, Confraria etc.
 
A Constituição Federal de 1988 dispõe ser direito fundamental a liberdade de associação para fins lícitos (art. 5º, XVII), o que remete no respeito outros direitos também fundamentais como a igualdade e a não discriminação. Logo, é direito a liberade de associação com quem quer que seja e da forma como quiser, desde que em prol dos direitos fundamentais.
 
A legislação é insuficiente quanto à regulamentação de associações civis, apesar do novo Código Civil trazer um regime legal específico. Em decorrência do terceiro setor onde atuam as ONGs, cada vez mais, reclamam por uma disciplina legislativa mais completa e adequada.
 
Luciano Benetti Timm entende que, por assumir as ONGs a forma jurídica de associação civil, que é um agrupamento de pessoas para atingir fins não lucrativos, pode assumir finalidade lucrativa, através do exercício da atividade econômica com obtenção de lucro para seu próprio sustento, mas jamais distribui-lo direta ou indiretamente para seus associados.
 
Assim, Takeshy Tachizawa define associação como o “conjunto de pessoas, dotadas de personalidade jurídica própria, de direito privado, que se unem para atingir determinadas finalidades (culturais, sociais, pias, religiosas, recreativas etc.) sem intuito de distribuição de lucro”.
 
1.1 – Organização Estatutária
 
A criação de uma ONG se dá através de reunião de pessoas interessadas em constituir uma entidade sem fins lucrativos, com a finalidade desenvolver atividades de interesse público, nas áreas ambiental, social, cultural, entre outras. Geralmente, constituída na forma jurídica de associação civil.
 
A constituição de uma ONG se dá pela Assembleia Geral de fundação da entidade, onde se discute e aprova o estatuto, devendo conter o seguinte:
 
· Nome e sigla da entidade;
 
· Sede e foro;
 
· Finalidades e objetivos;
 
· Se os sócios respondem pelas obrigações da sociedade;
 
· Quem responde pela entidade;
 
· Os sócios e seus tipos, entrada e saída, direitos e deveres;
 
· Poderes, tais como assembleias, diretoria, conselho fiscal;
 
· Tempo de duração;
 
· Como os estatutos são modificados;
 
· Como a entidade é dissolvida;
 
· Qual o destino do patrimônio, em caso de dissolução.
 
A eleição da diretoria deve observar o que foi aprovado no Estatuto; após a eleição, deve ser dada posse aos eleitos ao cargo de diretor.
 
A referida entidade passa a ter personalidade jurídica com o registro em Cartório Registro Civil de Pessoas Jurídicas, do estatuto, ata de fundação, relação de sócios fundadores e demais documentos necessários, além dos pagamentos das respectivas taxas. Também é necessário que a entidade obtenha CNPJ junto a Secretaria da Receita Federal, para realização de operações financeiras e bancárias.
 
As ONGs possuem uma estrutura interna, obrigatória, com órgão de natureza deliberativa (Assembleia Geral) e órgão de natureza decisória (Diretoria ou Conselho de Administrativo), bem como o Conselho Fiscal, em certos casos. A constituição do Conselho Consultivo é facultativa.
 
A Assembleia Geral é a reunião obrigatória e periódica dos membros da ONG, para fins de deliberação sobre os objetivos, diretrizes, procedimentos e práticas a serem adotados pela organização. É onde se formula e aprova o estatuto,elege a diretoria e se tomam as grandes decisões estratégicas da organização.
 
A Diretoria pode ser composta por uma única pessoa ou na forma colegiada, dependendo de que constar no estatuto social, que também dispõe se os membros da diretoria são eleitos ou designados.
 
O Conselho Fiscal é um órgão não obrigatório, mas recomendável nas ONGs. Entretanto, sua existência é obrigatória nas OSCIPs legalmente previsto pela Lei das Sociedades por Ações, que dispõe sobre sua criação e funcionamento.  
 
1.2 - Registros Obrigatórios e Cadastros Fiscais
 
Para constituir uma ONG (associação ou fundação) são necessários quatro registros obrigatórios, nos três níveis de governo:
 
· Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (Lei 6015/73 – Lei de Registros Públicos) sendo que o Estatuto e demais atos constitutivos devem atender também ao disposto no Código Civil. Se constituída na forma de Fundação é também necessária aprovação prévia do estatuto social pelo Ministério Público;
 
· Receita Federal: deverá se inscrever no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ);
 
· Prefeitura: requerer sua condição de Imune e/ou Isenta e o Alvará de Localização e Funcionamento; mesmo que não tenha empregados. Quanto à regularização trabalhista, a Organização, mesmo que não tenha empregados deverá apresentar Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e Guia do Fundo de Garantia e Informações à Previdência (GFIP).
 
· Secretaria da Fazenda Estadual como contribuinte do ICMS: caso venha a praticar atos de comércio (compra e venda de produtos e mercadorias), deverá também fazer a sua inscrição requerendo também a sua condição de Imune/Isenta.
 
1.3 – Benefícios Governamentais
 
Nem todas as entidades do Terceiro Setor, mesmo as que pratiquem ações sociais e filantrópicas, têm isenção ou imunidade tributária.
 
A espécie de imunidade tributária de que trata este tópico é de natureza subjetiva, vez que refere-se à pessoa específica, qual seja pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos.
 
A atual Constituição de 1988 recepcionou imunidade tributária anteriormente prevista para entidades sem fins lucrativos, alcançando as instituições dedicadas à assistência social e à educação, desde que mantenha a finalidade não lucrativa (arts. 150, VI, “c”, e 195, § 7º).
 
Logo, os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) não têm competência legislativa para instituir impostos sobre a renda, patrimônio e serviços, e contribuições sociais sobre tais entidades de direito privado.
 
A imunidade tributária abrange os seguintes tributos:
 
· Imposto sobre a Renda (IR);
 
· Imposto sobre Serviços (ISS);
 
· Imposto Predial e Territorial (IPTU);
 
· Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotivos (IPVA);
 
· Imposto Territorial Rural;
 
· Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) imune quando a entidade adqurir imóvel.
 
O Supremo Tribunal Federal (STF), em recentes decisões, considerou que as entidades de assistência social têm direito à imunidade em relação ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto de Importação e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na importação.
 
No tocante às contribuições sociais das referidas entidades, a imunidade alcança as contribuições patronais sobre a receita bruta mensal (PIS e COFINS), sobre a Folha de Pagamento (Contribuição Previdenciária), sobre o lucro (CSLL) e a incidente sobre despedida sem justa causa e sobre a remuneração paga ao empregado (Contribuição Social sobre o FGTS). Não há imunidade para a cota da contribuição social da pessoa jurídica.
 
Cabe ressaltar que, a atuação da entidade sem finalidade lucrativa não significa que esta deva sofrer prejuízo em suas atividades, mas sim que o lucro auferido não seja distribuído entre os sócios, devendo ser reinvestido no próprio negócio assistencial ou educacional.
 
Para a manutenção da imunidade, é fundamental que a instituição assistencial ou de educação sem fins lucrativos não desvirtue dos requisitos previstos na lei (Lei nº 9.532/97), sob pena da perda do direito à imunidade, inclusive podendo sofrer sanções tributárias.
 
É importante salientar que, a imunidade ou a isenção tributária não abrange os rendimentos e os ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa e variável.
 
Para a obtenção da classificação de instituição assistencial e concessão do benefício tributário, se faz necessário o registro no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).
 
1.4 - Fiscalização
 
A fiscalização das entidades do Terceiro Setor beneficiadas pela imunidade ou isenção tributária se dá através da Secretaria da Receita Federal do Brasil, conhecida como Super Receita, que centralizou no mesmo órgão as funções de fiscalização e cobrança da Receita Federal e as Contribuições Sociais (Lei nº 11.457/2007). 
 
1.5 - Relações com Instituições do Governo e Operação com Organismos Estrangeiros e Multilaterais
 
As parcerias das organizações do Terceiro Setor com o governo não é tema recente, uma vez que no Brasil existem desde a época da colonização, celebradas entre o Estado e a Igreja Católica, para esta executar atribuições como o registro civil, manutenção de escolas, assistência médica e social.
 
Com o passar do tempo, outros também se tornaram parceiros do Estado, o que vem ocorrendo até os dias de hoje.
 
A atual Constituição de 1988 prevê a participação da sociedade civil na promoção de políticas sociais, abrindo novos espaços de atuação para as organizações.
 
Através da realização de parcerias entre o Estado e as organizações o Terceiro Setor, estas passaram a prestar serviços àquele nas áreas sociais.
 
A parceria tem sido um termo bastante utilizado e difundido, e busca caracterizar o que seria um novo modelo de relação entre as várias organizações da sociedade: ONGs, governos, agências multilaterais, fundações, igrejas, sindicatos, empresas, entidades assistenciais.
 
O pressuposto fundamental da parceria é o encontro de organizações autônomas, com identidades e posições claras, adotando um comportamento com igual poder na relação, tanto para estabelecer os objetivos como para definir os recursos necessários, os papéis e as responsabilidades. Parceria é o oposto de subordinação.
 
A captação de recursos é um dos maiores desafios das organizações do Terceiro Setor na atualidade.
 
São fontes de recursos financeiros das organizações do Terceiro Setor:
 
· Agência Internacional de Cooperação Não Governamental;
 
· Venda de produtos/serviços;
 
· Agência de Cooperação Multilateral;
 
· Agência de Cooperação Bilateral;
 
· Órgãos brasileiros de governo;
 
· Doações individuais;
 
· Empresas;
 
· Fundações nacionais; etc.
 
A relação jurídica entre o Estado e uma entidade de direito privado se dá através de convênio para a consecução de objetivos comuns, pois ambas as partes desejam o mesmo, como convênio para prestação de serviços hospitalares, em que as partes querem atingir os mesmos fins: atender pessoas doentes.
 
Há duas modalidades de convênios: contrato de gestão com Organização Social (OS) e termo de parceria com Organização Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), previstos, respectivamente, na Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998, e na Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999.
 
Nos convênios, há previsão de transferência de valor a entidade sem fins lucrativos, que é feito previamente e como requisito para que ela possa exercer a atividade supostamente de interesse comum das partes.
 
A análise da legislação em vigor no que se refere às relações entre o Poder Público e as ONGs revela a existência de diversas lacunas ou normas excessivamente permissivas, que podem levar a uma atitude de favorecimento de repasses de recursos financeiros públicos a determinadas organizações que, sob qualquer aspecto, tenha algum tipo de ligação com o administrador público.
 
1.6 – Subvenções, Doações e Lobby junto ao Legislativo
 
Subvenção social é recurso financeiro repassado pelo Estado a instituições públicas ou entidades privadas sem fins lucrativos nas áreasde assistência social, médica, educacional e cultural, para cobrir exclusivamente despesas de custeio, como forma de suplementação e incentivo a suas atividades. As despesas de custeio envolvem gastos com manutenção e pessoal em geral.
 
A entidade interessada deve solicitar a concessão de subvenção social e do auxílio, mediante apresentação do plano de aplicação dos recursos pretendidos. Esta somente será concedida se comprovada que a operação da entidade solicitante é mais econômica do que a do Estado.
 
No orçamento do Ente Político deve haver previsão da subvenção e a entidade deve comprovar que dispõe de patrimônio próprio ou renda regular, mas que não possui recursos suficientes à sua manutenção e ampliação de seus serviços.
 
Cabe às entidades prestar contas da aplicação da subvenção social mediante relatório de atividades e demonstração contábil das origens e aplicações dos recursos.
 
Doações é ato de liberalidade por meio do qual pessoa física ou jurírica transfere à outra pessoa jurídica bens ou vantagens de seu próprio patrimônio, mediante a concordância do beneficiário.
 
Doações de bens imóveis dependem de escritura pública e as demais são realizadas verbalmente ou por instrumento particular.
 
Lobby é:
 
· Monitoramento do cenário legislativo e administrativo sobre assuntos de interesse;
 
· Fornecimento de pareceres técnicos e sugestões às autoridades;
 
· Orientação do cliente sobre visitas de tomadores de decisões públicas;
 
· Conquista de aliados e adversários para convencê-los a colaborar em seus objetivos;
 
· Uso da mídia para divulgar posicionamento.
Módulo 4 – Organizações de Utilidade Pública. Entidades Beneficentes de Assistência Social.
 
A assistência social compreende direitos sociais como, a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, e assistência aos desemparados, conforme previsto no artigo 6º da Constituição de 1988.
 
A mesma Carta Constitucional, nos artigos 203 e 204, II, estabelece sobre a participação da sociedade na execução da assistência social, através de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.
 
As organizações sem fins lucrativos juridicamente constituídas podem pleitear alguns títulos e qualificações junto ao Poder Público, cumpridos alguns requisitos exigidos por lei. Essas certificações conferem algunas benefícios fiscais às organizações e aos doadores.
 
Existem três títulos e qualificações que podem ser requeridos pelas organizações sem fins lucrativos, que exigem o cumprimento de requisitos e possibilitam o gozo de benefícios e incentivos fiscais no âmbito federal, são eles:
 
· Título de utilidade pública federal;
 
· Certificado de entidade beneficente de assistência social (CEBAS); e
 
· Organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP).
 
1 - Organizações de Utilidade Pública
 
As organizações de utilidade pública envolvem a prestação de serviços de natureza social ou assistencial de forma desinteressada à coletividade, suprindo-lhe determinadas necessidades (Lei 91/1935, regulamentada pelo Decreto 50.517/1961, arts. 1 e 2).
 
A atuação da entidade é voltada para a sociedade ou determinado setor dela e não para a obtenção de lucro ou de vantagens pessoais.
 
A solicitação deve ser feita ao Ministério da Justiça, na divisão de Outorgas e Títulos. Caso o pedido seja deferido, será publicado decreto no Diário Oficial da União. Além do federal, o Título de Utilidade Pública também é concedido nos âmbitos estadual e municipal, podendo uma organização sem fins lucrativos pleiteá-lo nas três esferas.
 
Podem requerer o Título de Utilidade Pública Federal as sociedades civis, as associações e as fundações, que não remunerem seus dirigentes, sejam constituídas no país e que tenham o fim exclusivo de servir desinteressadamente à coletividade.
 
Requisitos para obtenção do Título de Utilidade Pública Federal à organização:
 
· ter personalidade jurídica;
 
· ser constituída no país;
 
· estar em efetivo e contínuo funcionamento por pelo menos 3 anos;
 
· não remunerar seus dirigentes;
 
· não distribuir lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma;
 
· promover a educação ou exercer atividades de pesquisa científica, de cultura, rtística ou filantrópicas;
 
· comprovar idoneidade dos diretores;
 
· publicar anualmente a demonstração de receitas e despesas do período anterior.
 
Ao conceder os certificados de utilidade pública, o Estado reconhece os benefícios proporcionados pelas entidades e a importância de sua atuação na sociedade.
 
O Título de Utilidade Pública Federal confere as seguintes vantagens à organização:
 
· possibilidade de receber doações de pessoas jurídicas, dedutíveis até o limite de 2% do lucro operacional;
 
· possibilidade de receber bens apreendidos, abandonados ou disponíveis, administrados pela Secretaria da Receita Federal;
 
· acesso a subvenções e auxílios da União Federal e suas autarquias;
 
· autorização para realizar sorteios;
 
· possibilidade de receber receitas das Loterias Federais;
 
· juntamente com o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) e outros documentos, possibilita a isenção da cota patronal ao INSS e de outras contribuições sociais (CPMF, CSL, PIS, Cofins).
 
A imunidade fiscal é o benefício conferido a entidades privadas que deixam de dedicar-se a atividades lucrativas ou de interesse pessoal para desempenhar atividades de interesse público e de cunho altruístico (sem fins lucrativos), como forma de incentivo a sociedades destinadas a suprir a deficiências do organizamo estatal (CF, arts. 150, VI, “c”, e 195, parágrafo 7º).
 
2 - Entidades Beneficentes de Assistência Social
 
Assistência social é o conjunto de atividades patrocinadas pelo Poder Público e pela sociedade em geral que visam atender as pessoas necessitadas, ou hipossuficientes, em suas necessidades básicas, por meio da concessão de determinados benefícios sociais, independentemente da contribuição por parte dos beneficiários.
 
Entidades beneficentes de assistência social, anteriormente chamada de entidade de fins filantrópicos, são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que atuam em benefício de outros que não o da própria entidade ou de seus integrantes, podendo ou não estabelecer contrapartida.
 
Como beneficência enquadram-se todas as entidades que têm seu patrimônio e finalidade inteiramente dedicados a interesses altruísticos (sem fins lucrativos), visando complementar ou substituir funções próprias do Estado. Os serviços são prestados a título de caridade, aos que não podem pagar, ainda que suas atividades não sejam exercidas de forma exclusivamente gratuita em relação a todas as pessoas.
 
A certificação é concedida pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) para entidades que tenham atuação preponderante na área de assistência social, e pelo Ministério da Educação e pelo Ministério da Saúde, para entidades com atuação preponderante nas áreas de educação e saúde. A validade da certificação é de três anos e, após a primeira concessão, a entidade deve solicitar a renovação seis meses antes do vencimento da certificação anterior.
 
A certificação de entidades beneficentes de assistência social (CEBAS), antigo Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos (CEFF), pode ser requerida pelas entidades que atuem nas seguintes áreas:
 
· promoção da proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
 
· amparo a crianças e adolescentes carentes;
 
· promoção de ações de prevenção, habilitação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiências;
 
· promoção gratuita da assistência educacional ou de saúde;
 
· promoção da integração ao mercado de trabalho;
 
· promoção do desenvolvimento da cultura;
 
· promoção do atendimento e do assessoramento aos benefícios da Lei Orgânica da
Assistência Social e a defesa dos seus

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