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Aula 4 - Sociedade brasileira e instituições de Direito Legislativo

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26/09/2018 Disciplina Portal
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Sociologia Jurídica e
Judiciária
Aula 4: Sociedade brasileira e instituições de
Direito – Legislativo
INTRODUÇÃO
Para compreender como as instituições do Direito foram construídas e como se desenvolveram na sociedade
brasileira, é importante saber que o Brasil viveu diferentes períodos históricos. Essa diversidade originou
características próprias na expectativa e na ação da sociedade em relação aos Direitos.
Além disso, percebemos que cada momento histórico é responsável pela elaboração de normas jurídicas que se
identi�cam com ele. Por isso, nos períodos de democracia, houve uma produção normativa democrática e
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progressista, mas, nos momentos em que regimes ditatoriais foram instalados no Brasil, a produção normativa – como
re�exo desses períodos da história – era conservadora e excludente.
Nesta aula, analisaremos, de forma breve, esse processo histórico sob o prisma sociológico. Conheceremos, também,
o Poder Legislativo – responsável pela elaboração das leis –, identi�cando como se estrutura e se renova através do
mecanismo democrático do voto.
OBJETIVOS
Analisar o Direito como resultado de um processo histórico e dinâmico de lutas por conquistas;
Reconhecer a importância das instituições legislativas nos diferentes níveis governamentais;
Explicar o processo de escolha dos legisladores e a qualidade do sistema eleitoral;
Identi�car criticamente a questão da qualidade e da quantidade da produção legislativa brasileira.
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SISTEMA ELEITORAL
Fonte da Imagem: http://www.tse.jus.br
O sistema eleitoral é baseado no voto direto e secreto. Em outras palavras, o eleitor vota, diretamente e de maneira
sigilosa, no candidato ao cargo a ser preenchido, já que seu voto não pode ser divulgado a terceiros.
Mas há distorções na representação política que atingem os dois atores principais do sistema eleitoral – eleitor e
candidato. Essas distorções podem ser formuladas da seguinte maneira:
1. Uma eleição será ainda mais democrática quanto menores forem as desigualdades no sistema eleitoral, que
atribuem valor diferente ao voto. Sendo assim, os votos de todos e de cada um deverão ter o mesmo valor.
2. Quanto maior a proporcionalidade garantida pela lei das eleições, mais democrático será o sistema eleitoral.
Primeiro, porque haverá igualdade entre os partidos, independentemente de seu tamanho; segundo, porque o sistema
será menos excludente, na medida em que não negará representação política aos eleitores que tiverem optado por
partidos menores.
EVOLUÇÃO DO ORDENAMENTO JURÍDICO
ATÉ OS ANOS 1930
O Estado brasileiro voltava-se estritamente para o atendimento dos interesses das oligarquias e considerava as
questões sociais simplesmente “um caso de polícia”.
APÓS A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
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Surgiu um Estado nacional que assumiu como responsabilidade os direitos sociais relacionados ao trabalho urbano –
direitos trabalhistas.
GOLPE MILITAR DE 1964
Iniciaram na história brasileira mais de duas décadas de ditadura. As instituições de Direito foram frontalmente
atacadas.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Depois de muita resistência de setores mais progressistas da população brasileira, que nunca aceitaram o regime
militar e não desistiram de lutar – apesar das mortes, dos desaparecimentos e dos exílios forçados –, criou-se a
Constituição Federal.
CONSTITUIÇÃO GARANTIA E DIRIGENTE
A atual Constituição Federal possui diversas normas que permitem classi�cá-la como:
CONSTITUIÇÃO GARANTIA
Tipo clássico de constituição que protege as liberdades individuais e coletivas, bem como limita o poder do Estado.
Exemplos
Magna Carta inglesa (1215);
Constituição norte-americana (1787);
Constituição francesa (1791).
CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE
Constituição que possui normas programáticas e diretrizes para seu cumprimento por parte do Poder Público. Tais diretrizes
orientam a utilização do poder, o progresso social e econômico, bem como a política a ser seguida pelos órgãos estatais e pela
sociedade como um todo.
Esse tipo de constituição estabelece um plano diretivo que tem por �nalidade a evolução política.
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO REPUBLICANO, DEMOCRÁTICO E
REPRESENTATIVO
A Constituição Federal estabelece o seguinte:
“Art. 1º A República Federativa do Brasil [...] constitui-se em Estado Democrático de Direito [...]”.
Isso signi�ca que, inspirando-se na moderna doutrina jurídica e democrática, os constituintes brasileiros concordam
com o princípio de que a atuação do Estado deve se pautar pela estrita observância das normas legais, e não pelo
capricho ou pela vontade circunstancial de seus dirigentes.
O conceito de Estado moderno está estreitamente vinculado à noção de poder institucionalizado, que enuncia: o
Estado se forma quando o poder se assenta em uma instituição, e não em um indivíduo. Dessa forma, podemos dizer
que, no Estado moderno, não há poder absoluto, pois mesmo os governantes devem se sujeitar ao que está
estabelecido na lei.
Além disso, no Estado Democrático de Direito, também é fundamental que a Lei seja a expressão da vontade popular,
exercida por meio de seus representantes eleitos de forma direta. Portanto, duas noções importantes estão
relacionadas ao conceito de Estado republicano: a democracia e a representação política. (glossário)
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Atualmente, em função da complexidade das sociedades e do expressivo número de cidadãos habilitados a participar
do processo democrático, a experiência da democracia direta não é mais possível. No Estado moderno, a democracia é
representativa, isto é, os cidadãos escolhem, por meio do voto, os representantes que decidirão os assuntos públicos
nos âmbitos dos Poderes:
Executivo – presidente da República, governador de Estado e prefeito;
Legislativo – senador, deputado federal, deputado estadual e vereador.
Apesar da escolha periódica dos representantes, a fonte de todo poder legítimo permanece nas mãos dos cidadãos,
conforme indica o Artigo 1º da Constituição Federal, Parágrafo único:
Fonte: Julinzy / Shutterstock
“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente [...]”.
ATRIBUIÇÕES DOS TRÊS PODERES
Outra característica do Estado constitucional moderno é o estabelecimento da separação entre os Poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário por meio de um sistema de freios e contrapesos que evita a predominância de um Poder sobre
os demais.
De acordo com a célebre formulação de Montesquieu (glossário):
“Tudo estaria perdido se uma só pessoa ou um só corpo de notáveis, de nobres ou do povo, exercesse estes três
poderes: o de fazer as leis, o de executar as decisões públicas e o de punir os delitos ou as contendas entre os
particulares”.
Avançando em relação a essa concepção, mais do que designar pessoas diferentes para essas funções diversas, o
Estado constitucional moderno determinou papéis institucionais diferenciados para os Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário. Conforme o Artigo 2º da Constituição Brasileira estabelece, estes são os “Poderes da União, independentes
e harmônicos entre si [...]”.
Vamos estudá-los a seguir...
PODER EXECUTIVO
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Fonte da Imagem: Arthimedes / Shutterstock
No caso do sistema presidencialista de governo adotado pela Constituição Brasileira de 1988, ao Poder Executivo –
exercido pelo presidente da República com o auxílio dos ministros de Estado – cabe a função de praticar os atos de
che�a de Estado – representar a nação –, de governo e de administração.
PODER LEGISLATIVO
Fonte da Imagem: NotarYES / Shutterstock
No contexto da divisão de Poderes estabelecida pelo constitucionalismo moderno, o papel do Poder Legislativo é
fundamental, pois a este cabe, entre outras funções, a elaboração das leis e a �scalização dos atos dos demais
Poderes da União.
As leis são elaboradas de forma abstrata, geral e impessoal, pois são feitas para todas as pessoas e não devem
atender a interesses ou a casos individuais.
ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL
As atribuições do Congresso Nacional estão estabelecidas nos Artigos 48 e 49 da Constituição Federal. Além dessas, o
Artigo 51 de�ne mais algumas que são privativas apenas da Câmara dos Deputados, e o Artigo 52, aquelas que são
somente do Senado Federal.
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O Congresso Nacional exerce sua atribuição legislativa sobre todas as matérias de competência da União,
especialmente sobre:
As questões tributárias – arrecadação e distribuição de recursos públicos;
O planejamento das ações de governo – por meio das leis orçamentárias e de planejamento, que de�nem como os
recursos públicos federais serão gastos;
Organização do território nacional – particularmente com relação às áreas dos Estados, ouvidas as Assembleias
Legislativas;
Criação de órgãos públicos, cargos e empregos públicos federais;
Telecomunicações e radiodifusão;
Questões monetárias etc.
Entre as demais e variadas matérias sobre as quais compete ao Congresso Nacional legislar, estão, por exemplo:
Todos os ramos do Direito;
A desapropriação;
As águas, a energia e a informática;
O serviço postal;
O comércio exterior e interestadual;
As jazidas minerais;
A emigração e a imigração;
A nacionalidade, a cidadania e a naturalização;
As diretrizes e as bases da educação;
Os registros públicos;
A licitação e os contratos na administração pública;
A defesa nacional;
A propaganda comercial.
SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO
Originalmente, o sistema eleitoral brasileiro era censitário, ou seja, baseado na renda ou na escolaridade. Além disso, o
voto era:
Indireto – os eleitores municipais indicavam os eleitores da província;
A descoberto – não secreto.
Isso facilitava a fraude e legitimava a exclusão social (glossário). Hoje, de acordo com a Constituição Federal:
“Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
todos [...]”.
VOCÊ SABIA?
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Sufrágio, voto e escrutínio NÃO têm o mesmo signi�cado!
Embora, por vezes, empregados como sinônimos, esses termos apresentam sentidos distintos.
Sufrágio é o direito que alguém tem de votar e de ser votado.
Voto é o instrumento que possibilita o exercício do direito ao sufrágio por alguém.
Escrutínio é o procedimento, o modo pelo qual alguém pratica o voto.
PROCESSO DE ESCOLHA DOS LEGISLADORES
Os representantes de todos os níveis dos Poderes Legislativo e Executivo são escolhidos diretamente através do voto.
São considerados válidos os votos nominais aos candidatos – por nome escolhido – e os votos nas legendas –
partidos –, nas eleições proporcionais e majoritárias. Os votos nulos e em branco são descartados.
QUADRO ATUAL DO SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO
QUALIDADE DO SISTEMA ELEITORAL
Fonte da Imagem:
No Brasil, o Poder Legislativo é composto por duas casas: o Senado e a Câmara dos Deputados. Ambas constituem o
Congresso Nacional. Mas, embora façam parte do mesmo Poder, senadores e deputados são escolhidos por sistemas
eleitorais diferentes. A justi�cativa para isso está baseada na representatividade das casas. No entanto, há quem
critique essa distinção e, até mesmo, proponha a extinção do Senado.
O QUE É REFORMA POLÍTICA?
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Há muito tempo, re�etimos sobre a necessidade de uma reforma política no Brasil. O tema é alvo constante de debates
entre especialistas e pessoas que discutem sobre os destinos da política partidária do País. Na verdade, este é um
assunto importante para todos os brasileiros – especialistas ou não – e, em particular, para os estudiosos do Direito.
Com as manifestações populares ocorridas em junho de 2013, a temática ainda ganhou maior destaque após o
discurso da presidenta da República. Nas rádios, nos canais de TV, nos sites e nas redes sociais, a questão foi
propagada e bastante debatida.
MAS, AFINAL, O QUE VEM A SER UMA REFORMA POLÍTICA?
Fonte da Imagem:
Trata-se de um conjunto de propostas para a reorganização do sistema político brasileiro que não foi modi�cado na
Assembleia Nacional Constituinte (1987/1988).
Só no �nal da década de 1990, o debate sobre a reforma política con�gurou-se em torno de alguns pontos. São eles:
A reorganização ampla das regras do sistema político e da forma de �nanciamento de campanha;
A criação de novas instituições capazes de aumentar a participação e os diferentes padrões de interação entre
instituições representativas e participativas.
Isso signi�ca que, desde o �nal do século passado, discute-se sobre a necessidade de haver modi�cações no modelo
político nacional. Mas, até hoje, não existe um consenso entre os especialistas sobre quais são as reformas
necessárias para o sistema político brasileiro.
Atualmente, estes são os principais tópicos de discussão sobre a reforma política no Brasil:
FINANCIAMENTO PÚBLICO DE CAMPANHAS
Destinação de recursos públicos a campanhas eleitorais e a partidos políticos, proporcionalmente à representatividade desses
partidos no parlamento.
LISTA FECHADA
Sistema de votação de representação proporcional, no qual os eleitores votam apenas em partidos, e não nos candidatos.
CLÁUSULA DE BARREIRA
Também conhecida como cláusula de exclusão ou de desempenho, trata-se de um dispositivo que restringe ou impede a atuação
parlamentar de um partido que não alcança um percentual de votos determinado.
PROPOSTA DE UM SISTEMA NACIONAL DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL
O Decreto nº 8.243/2014 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Decreto/D8243.htm) instituiu a Política
Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). O texto estabelece objetivos e
diretrizes relativos ao conjunto de mecanismos criados para compartilhar com a sociedade civil decisões sobre programas e
políticas públicas.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Decreto/D8243.htm
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De acordo com o governo, o objetivo é fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo, bem como a
atuação conjunta entre a administração pública federal e a sociedade civil.
ATIVIDADE PROPOSTA
Considerando o sistema eleitoral brasileiro e a condição dos eleitores e dos candidatos, responda:
a) Como ocorre o processo de seleção dos legisladores no Brasil? Quais são as principais distorções que esse
processo apresenta?
Resposta Correta
b) De que maneira a justiça eleitoral brasileira tem contribuído para aprimorar o sistema político vigente no País?
Resposta Correta
Glossário
DEMOCRACIA
Palavra de origem grega composta da seguinte forma: demos = povo + cratos = poder → poder do povo.
Em Atenas, na Grécia Clássica – século IV a.C. –, o poderera exercido por uma assembleia de cidadãos, a quem competia
elaborar as principais normas da vida em comunidade e decidir as questões de interesse comum. Contudo, nem todos os
membros da sociedade podiam participar: estavam excluídos as mulheres, os escravos e os estrangeiros, que, em conjunto, eram
a maioria da população.
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MONTESQUIEU
Filósofo, jurista e político francês do século XVIII.
EXCLUSÃO SOCIAL
Expressão de origem francesa pautada pelo modo de classi�cação social da França, que está relacionada, especi�camente, a
pessoas ou a grupos desfavorecidos.
CONJUNTO DE MECANISMOS
Dentro deste conjunto, estão:
Conselhos;
Conferências;
Ouvidorias;
Mesas de diálogo;
Consultas públicas;
Audiências públicas;
Ambientes virtuais de participação social.

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