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1 3 2 2 - Cultura Religiosa - Douglas Moacir Flor

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Cultura Religiosa
Autor
Douglas Moacir Flor
2009
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, 
mais informações www.iesde.com.br
© 2006 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor 
dos direitos autorais.
Todos os direitos reservados.
IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 • Batel 
80730-200 • Curitiba • PR
www.iesde.com.br
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.
F632c Flor, Douglas Moacir. / Cultura Religiosa. / Douglas Moacir 
Flor. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009. 
160 p.
ISBN: 85-7638-421-3
1. Religião. 2. Grandes Religiões do Mundo. 3. Cristianismo. 4. 
Reforma Luterana. 5. Ética Cristã. I. Título. 
CDD 291
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Sumário
Cultura religiosa –um tema controverso ..................................................................................9
Resumo ........................................................................................................................................................9
A palavra religião ......................................................................................................................................10
Conhecimento religioso .............................................................................................................................10
Por que estudar as religiões? ......................................................................................................................12
Tolerância religiosa ....................................................................................................................................13
Sincretismo religioso .................................................................................................................................13
O fenômeno religioso .............................................................................................................17
Religião e Arte ...........................................................................................................................................17
Religião e Moral ........................................................................................................................................22
Religião e Ciência ......................................................................................................................................22
Religião e Filosofia ....................................................................................................................................23
Religião e Economia ..................................................................................................................................23
Religião e Educação ..................................................................................................................................24
As grandes religiões I .............................................................................................................27
Hinduísmo ..................................................................................................................................................27
Budismo .....................................................................................................................................................30
As grandes religiões II ...........................................................................................................35
Confucionismo ...........................................................................................................................................35
Xintoísmo .................................................................................................................................................41
Taoísmo .....................................................................................................................................................42
Conclusão .................................................................................................................................................48
As grandes religiões III ..........................................................................................................51
Judaísmo ....................................................................................................................................................51
Islamismo ...................................................................................................................................................57
Movimentos religiosos no Brasil ..........................................................................................69
Nova espiritualidade ..................................................................................................................................69
Como se caracterizam os movimentos religiosos ......................................................................................70
Religiões africanas ....................................................................................................................................70
Religiões afro-brasileiras ...........................................................................................................................72
Espiritismo .................................................................................................................................................75
O Cristianismo I .....................................................................................................................79
Conhecer Jesus é fundamental ...................................................................................................................79
O amor ágape ............................................................................................................................................79
A história ....................................................................................................................................................80
Jesus – o mestre .........................................................................................................................................81
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O Cristianismo II ....................................................................................................................87
A Bíblia – livro sagrado do Cristianismo .................................................................................................87
A Reforma do século XVI ......................................................................................................97
Introdução ..................................................................................................................................................97
Lutero .........................................................................................................................................................97
A Reforma Luterana – pensamento ......................................................................................103
A base de Lutero ......................................................................................................................................103
Pensamento de Lutero ..............................................................................................................................104
A Igreja tenta silenciar Lutero .................................................................................................................104
A excomunhão de Lutero .........................................................................................................................105A bula papal .............................................................................................................................................107
Declarado herege .....................................................................................................................................108
O exílio ....................................................................................................................................................108
A volta ......................................................................................................................................................109
O casamento de Lutero ............................................................................................................................109
A morte de Lutero ....................................................................................................................................110
A paz de Augsburgo .................................................................................................................................110
A Igreja Luterana e a Educação ...........................................................................................113
Lutero e a Educação .................................................................................................................................113
O Luteranismo pós-reforma .....................................................................................................................116
A Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) ......................................................................................117
Questões fundamentais de Ética ..........................................................................................125
Questões básicas ......................................................................................................................................125
Ética Social e Ética Religiosa ..................................................................................................................127
Princípios de Ética ...............................................................................................................131
Algumas questões ....................................................................................................................................131
Ética – algumas reflexões de ordem geral ..............................................................................................131
Ética e Moral ............................................................................................................................................131
Consciência .............................................................................................................................................134
O direito positivo e o senso de justiça ....................................................................................................135
Responsabilidade .....................................................................................................................................135
O livre-arbítrio .........................................................................................................................................136
Ética – uma perspectiva cristã ..............................................................................................141
Ética – uma abordagem Religiosa e distinção da Social .........................................................................141
Ética – uma perspectiva religiosa cristã ...................................................................................................141
Ética Religiosa cristãe Moral Religiosa – os Dez Mandamentos ............................................................144
Ética Social cristã ....................................................................................................................................145
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Ética – assuntos práticos .....................................................................................................147
A ordem da vida: a Ética nas questões da vida .......................................................................................147
A Ética da corporeidade ...........................................................................................................................149
A ordem familiar: a Ética na família ........................................................................................................151
A ordem de justiça: a Ética nas questões legais ......................................................................................153
A ordem civil: a Ética na política ............................................................................................................154
Referências ...........................................................................................................................157
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Apresentação
Caro amigo
E stamos iniciando uma caminhada. Há mais de 15 anos trabalho com a disciplina de Cultura Religiosa. O começo sempre é difícil. Existe uma resistência natural do aluno em estudar os conteúdos. O “pré-conceito” fica claro quando se define a disciplina como aula de religião. 
Outros ainda pensam em catequese. Mas não será este o nosso objetivo. Apenas quero caminhar com 
vocês no sentido de construir uma reflexão madura sobre a vivência e o comportamento religioso das 
pessoas e a influência que exercem sobre a vida de cada um de nós.
Ao final de cada semestre, fico surpreso com a reação dos alunos. A maioria considera a disci-
plina muito interessante. É claro, que alguns resistentes ficam indiferentes, pois não tiveram a cora-
gem de abrir o coração e aceitar conceitos essenciais para se viver uma boa vida.
Trabalho em uma Universidade Confessional, isso significa que a mesma está ligada a uma 
Instituição Religiosa. Mas nem por isso queremos impor o que pensamos. Vamos apenas debater. Se 
puder ajudá-los com essa reflexão, com certeza o farei. 
Você irá encontrar neste livro um panorama das maiores religiões do mundo. Notará a plurali-
dade religiosa e terá uma idéia da riqueza de pensamento e valores das religiões estudadas. Também 
iremos estudar mais detalhadamente o Cristianismo e a Reforma Luterana, pois são movimentos que 
influenciaram diretamente na existência da Universidade Luterana do Brasil. Por fim, estudaremos 
ética. Particularmente, a ética cristã e os valores que ela pode acrescentar na vida de cada um de nós.
Nesta caminhada, muitos dos textos têm a participação de professores de Cultura Religiosa que 
nesses 15 anos estão ao meu lado. Citamos aqui Ronaldo Steffen, Jonas Dietrich, Valter Kuchenbecker, 
Egon Seibert, Ricardo Rieth, Valter Steyer, Thomas Heimann, Nereu Haag e Bruno Muller. Além desses, 
não podemos deixar de citar o Capelão Geral da Universidade Luterana do Brasil, pastor Gerhard Grasel 
e o Diretor do curso de Teologia da Ulbra, pastor Leopoldo Heimann. São pessoas que têm ajudado não 
somente a construir esta trajetória em Cultura Religiosa, como têm colaborado com o aprofundamento da 
reflexão e ajudado muitas pessoas.
Douglas Moacir Flor
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Cultura religiosa – 
um tema controverso
Douglas Moacir Flor*
Resumo
V ocê já deve ter passado por alguma experiência religiosa. Se não passou,alguém ao seu lado já deve ter contado algo que o levou a refletir sobre o assunto. Aqui, vamos ver que a experiência religiosa é mais rica do que se 
imagina, além de ser universal.
A religião está presente no cotidiano por meio de diferentes manifestações. 
Pode-se, sem entrar em detalhes por ora, mencionar algumas áreas, alguns even-
tos e algumas práticas pessoais e sociais marcadas por idéias, ritos e símbolos 
consagrados ao campo religioso. 
Vamos utilizar alguns pontos trabalhados pelo colega Ronaldo Steffen 
(2003), estudioso do assunto e professor de Cultura Religiosa, publicado no site 
da universidade.
De uma forma bem simples, podemos reportar o leitor a algumas práticas 
familiares ligadas à tradição religiosa como o casamento, batismo, morte e vela-
mento. São cerimônias religiosas tão tradicionais que muitas pessoas, sem que se 
dêem conta, se envolvem. O que dizer de pessoas doentes ou com problemas mais 
sérios que buscam ajuda divina como alternativa para a cura? 
No esporte, estamos acostumados, marcadamente no futebol, com a cena de 
uma oração conjunta antes da entrada no campo. Numa decisão por pênaltis, por 
exemplo, é comum a imagem de jogadores ajoelhados, rezando ou beijando sua 
santinha. 
No campo musical não são raras as menções que se faz a personagens reli-
giosos e até mesmo a sentimentos de ordem religiosa; no campo das artes somos 
conduzidos a milhares de imagens notadamente carregadas de simbolismo reli-
gioso dos mais diversos matizes. A literatura não tem deixado por menos e tem 
sido o mercado que mais cresce em termos de editoria nos últimos anos. O cinema 
tem sido pródigo nas temáticas de ordem religiosa. As novelas, fenômeno brasilei-
ro que ganha o mundo, jamais têm deixado de lado alguma alusão, personagem e 
até mesmo a temática central ligados a fatos eminentemente religiosos.
A nossa alimentação está em grande parte determinada por elementos de or-
dem religiosa; o modo de expressar nossas idéias por meio da linguagem é, igual-
mente, em grande parte determinada por formas religiosas. O turismo religioso é 
hoje um grande filão na arrecadação de divisas para um município. A Educação 
 Mestrando em Educação 
pela Universidade Luterana do 
Brasil. Graduado em Teologia 
pelo Seminário Concórdia – 
Instituição da Igreja Luterana 
do Brasil – e em Jornalismo 
pela Unisinos. Professor de 
Cultura Religio-sa e Jornalis-
mo na Ulbra.
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Cultura Religiosa
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é fortemente marcada pelos valores que ela prega, quase sempre idênticos aos 
de ordem religiosa. A área da saúde, o trato com a dor, a vida e a morte foram e 
ainda são construídos com suporte religioso. Nosso calendário, suas datas festivas 
e grandes eventos têm sua origem no meio eclesiástico. As diversas áreas do co-
nhecimento humano, de uma ou de outra maneira, têm-se ocupado com a temática 
religiosa, como a Filosofia, a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia, a História, 
a Medicina, a Física, a Arqueologia, a Geografia e assim por diante.
A palavra religião
Afinal, o que é religião? No texto a seguir temos uma definição que poderá 
ajudá-lo a entender o sentido.
Etimologicamente, o termo religião surge na história da humanidade através dos autores 
clássicos, como Cícero, Lactânio e Agostinho, respectivamente, nas palavras re-legere, 
que significa reler, re-ligare, que significa religar, e re-eligere, que significa reeleger. To-
dos os conceitos nos dão a idéia de voltar a uma situação anterior, ou seja, ligar novamente 
a criatura com o criador. É exatamente esta tentativa de religar com o Ser Superior, através 
de um conjunto de crenças, normas, ritos ou costumes, que dá origem às diversas religiões 
o fenômeno religioso propriamente dito. (KUCHENBECKER, 2000, p. 18).
Apesar de seguidamente ouvir-se que religião é coisa do passado, as men-
ções acima indicam uma direção contrária. Estão apontando para o fato de que 
o ser humano preocupa-se com o divino, aqui entendido no sentido daquilo que 
ocupa lugar de destaque ou o primeiro lugar na vida. 
Conhecimento religioso
Batismo.
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Peregrinos no rio Ganges.
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Monge budista.
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Celebração judaica.
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Ainda tentando responder o que é religião, podemos dizer que religião é um 
batismo numa igreja cristã. É um ritual sagrado nas águas do rio Ganges. É a ado-
ração num templo budista. Pode ser um muçulmano ajoelhado e orando para Alá. 
Ou os mesmos devotos do Islã peregrinando à Meca. Pode ser um judeu diante do 
Muro das Lamentações em Jerusalém. São tantas as menções que seria impossível 
citar todas.
O que pretendemos fazer é ligar os fatos. As ciências da religião procuram 
responder o que as atividades citadas acima têm em comum. Nós procuramos, 
como pesquisadores, investigar os rituais de uma perspectiva externa. Buscamos 
semelhanças e diferenças. Queremos entender como se dá o processo historica-
mente e o que isso representa para sociedade hoje. 
Por que estudar as religiões?
Dependendo da experiência de cada um, as respostas serão diferentes. Tal-
vez você seja um religioso e não precise de tantas explicações. Mas, com certeza, 
muitas pessoas não se atentaram para a importância do assunto.
Jostein Gaarder, em seu O livro das religiões, nos ajuda a responder à per-
gunta acima:
Um rápido olhar para o mundo ao redor mostra que a religião desempenha um papel bas-
tante significativo na vida social e política de todas as partes do globo. Ouvimos falar de 
católicos e protestantes em conflito na Irlanda do Norte, cristão contra muçulmanos nos 
Bálcãs, atrito entre muçulmanos e hinduístas na Índia, guerra entre hinduístas e budis-
tas no Sri Lanka. Nos Estados Unidos e no Japão há seitas religiosas extremistas que já 
praticaram atos de terrorismo. Ao mesmo tempo, representantes de diversas religiões pro-
movem ajuda humanitária aos pobres e destituídos do Terceiro Mundo. É difícil adquirir 
uma compreensão adequada da política internacional sem que se esteja consciente do fator 
religião. (GAARDER, 2000, p. 14).
Além disso, explica Gaarder, um conhecimento religioso também pode ser 
útil num mundo que se torna cada vez mais multicultural. Ainda mais quando fala-
mos em globalização, apesar de que o termo deva ser usado com cuidado. Muitos 
de nós viajamos pelo Brasil ou mesmo ao exterior, entrando em contato com as 
diversas culturas religiosas. Esses povos têm costumes diferentes que devem ser 
respeitados pelos seus visitantes. Se uma mulher estiver num país muçulmano, por 
exemplo, terá que observar o tipo de roupa que usará nas ruas. É claro que não pre-
cisará andar com uma burca, mas terá que cobrir seu corpo com roupas decentes. 
Finalmente, acreditamos que o estudo das religiões pode ser importante para 
o desenvolvimento pessoal do indivíduo. As religiões podem responder várias das 
perguntas existenciais que fazemos, como: de onde viemos? o que somos? para 
onde iremos?
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Cultura religiosa – um tema controverso
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Tolerância religiosa
Muçulmanas vestidas com a burca.
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Este é um dos pontos mais importantes na nossa caminhada. Tolerância é o 
respeito pelas pessoas que possuem diferentes pontos de vistaem relação à reli-
gião. Não significa que precisamos concordar com tudo o que as outras religiões 
praticam e seguir os mesmos rituais. Cada um tem o direito de seguir aquilo que 
é melhor para si, pode ter uma fé sólida. Mas a tolerância não é compatível com 
atitudes como zombar das opiniões alheias ou se utilizar da força e de ameaças. A 
tolerância não limita o direito de fazer propaganda, mas exige que esta seja feita 
com respeito pela opinião dos outros (GAARDER, 2000, p. 15). 
O respeito pela vida religiosa dos outros, pelas suas opiniões e pontos de 
vista, é um pré-requisito para a nossa aula de Cultura Religiosa. Sem isso, é im-
possível começar, pois:
Com freqüência, a intolerância é resultado do conhecimento insuficiente de um assunto. 
Quem vê de fora uma religião, enxerga apenas as suas manifestações, e não o que elas 
significam para o indivíduo que a professa. (GAARDER, 2000, p. 15).
Sincretismo religioso
No Brasil, é muito interessante falar sobre religião. Isto porque temos aqui 
uma pluralidade religiosa bem interessante. Além disso, encontramos o que cha-
mamos de sincretismo religioso. Isso acontece quando misturamos elementos de 
várias religiões numa só. Sincretismo é o termo que os historiadores denomi-
nam de fusão ou associação de religiões, ritos, crenças e personagens cultuais. 
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Cultura Religiosa
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Os cultos afro-brasileiros são um exemplo comprovado de sincretismo religioso. 
Queremos mostrar como isso acontece através da fala de Riobaldo Tatarana, um 
personagem sertanejo do Grande Sertão: Veredas.
Hem? Hem? O que mais penso, testo e explico: todo-o-mundo é louco. O senhor, eu, as 
pessoas todas. Por isso é que se carece principalmente de religião: para se desendoidecer, 
desdoidar. Reza é que sara da loucura. No geral. Isso é que é a salvação-da-alma... Muita 
religião, seu moço! Eu cá, não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água 
de todo rio... Uma só, para mim é pouca, talvez não me chegue. Rezo cristão, católico, em-
brenho a certo; aceito as preces de compadre meu Quelemém, doutrina dele, de Cardéque. 
Mas, quando posso, vou no Mindubim, onde um Matias é crente, metodista: a gente se 
acusa de pecador, lê alto a Bíblia, e ora, cantando hinos belos deles. Tudo me quieta, me 
suspende. Qualquer sombrinha me refresca. Mas é só muito provisório. Eu queria rezar – o 
tempo todo. Muita gente não me aprova, acham que lei de Deus é privilégios, invariável. 
E eu! Bofe! Detesto! O que sou? – o que faço, que quero, muito curial. E em cara de todos 
faço, executado. Eu? – não tresmalho!
Olhe: tem uma preta, Maria Leôncia, longe daqui não mora, as rezas dela afamam muita 
virtude de poder. Pois a ela pago, todo mês – encomenda de rezar por mim um terço, todo 
santo dia, e, nos domingos, um rosário. Vale, se vale. Minha mulher não vê mal nisso. E 
estou, já mandei recado para uma outra, do Vau-Vau, uma Izina Calanga, para vir aqui, 
ouvi de que reza também com grandes meremerências, vou efetuar com ela trato igual. 
Quero punhado dessas, me defendo em Deus, reunidas de mim em volta... Chagas de 
Cristo! (ROSA, 1985).
Quem sabe você conhece alguém que se identifica com este personagem. 
É comum a gente encontrar situações como esta. Nas aulas de Cultura Religiosa, 
quando perguntamos se nossos alunos têm alguma religião, muitos respondem: 
sou católico apostólico romano, não praticante. Isto significa que eles são católicos 
por tradição, mas não vão à igreja aos domingos. Muitos são católicos, mas não 
deixam de ir ao terreiro ou ao centro espírita. 
É importante ressaltar aqui a questão da tolerância. Religião sem o devido 
respeito perde o sentido. Não é possível pregar algo e praticar outra coisa. Por 
outro lado, a experiência religiosa é importante na vida de todo o ser humano. Se 
você ainda não passou por isso, busque entender um pouco mais do assunto. Leia, 
reflita sempre.
1. Como você analisa a experiência religiosa?
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Cultura religiosa – um tema controverso
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2. Como você vê a religião dos outros?
Busque em jornais e revistas textos que o reporte a algum assunto relacionado à cultura religio-
sa e reflita sobre ele. Se possível, discuta com seus colegas.
Recomendamos a leitura do primeiro capítulo do livro:
KUCHENBECKER, Valter. O homem e o sagrado. Canoas: Editora da Ulbra, 2000.
 Você já passou por alguma experiência religiosa? Relate uma experiência que o tenha reportado 
ao mundo religioso. 
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Cultura Religiosa
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O fenômeno religioso
É possível perceber a religião como um fenômeno religioso. Mesmo que nos dias atuais, a ciência cada vez mais ocupe o lugar da religião, são muitos os fatores que nos reportam à importância da religião na vida dos povos em todo o mundo. No passado, a religião era o centro do universo. 
Assim, é possível concordar que:
[...] apesar desta mudança de prioridade, o homem sempre e em todos os tempos tem demonstrado a sua preocupa-
ção com o divino. Existe no ser humano uma consciência natural que o impulsiona nesta direção. Tal preocupação 
tem se manifestado de formas diferentes através das diferentes culturas e civilizações. Esta busca e necessidade de 
relacionar-se com o Ser Superior, o Eterno e o Divino chamamos de fenômeno religioso. No entanto, este fenômeno 
precisa ser corretamente orientado e conduzido pelo próprio Criador. Caso contrário, levará o homem a falsos deu-
ses. (KUCHENBECKER, 2000, p. 15).
Essa assertiva remete a uma dimensão em que é possível perceber-se a religião como fenômeno 
humano, tais como os classificados abaixo e expostos pelo Professor Martinho Lutero Hoffmann, em 
material não-publicado.
Religião e Arte
A religião, enquanto fenômeno humano, tem provocado as mais belas obras artísticas. Isso pode 
ser observado em qualquer religião desde os tempos mais antigos até os mais modernos. 
No antigo Egito, citamos as pirâmides, o templo de Karnac, a esfinge de Gizé e uma quantidade 
enorme de estátuas. 
C
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Esfinge.
Na Grécia Clássica, o Pathernon, as estátuas de Fídias e toda uma série de mitos que até hoje 
influenciam as artes e até mesmo as ciências. 
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Cultura Religiosa
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Pathernon.
Na Palestina, o templo de Salomão, destruído na conquista babilônica do sé-
culo VI a.C.; o de Herodes, também destruído pelos romanos no ano 70 d.C., mas 
que subsistem na memória do povo judeu como alguns dos grandes marcos da 
sua arte; e os livros sagrados, que levaram Augusto de Campos, um dos maiores 
escritores contemporâneos, a afirmar que Deus é um grande poeta.
Na Idade Média européia, as grandes catedrais, prodígios não só de concep-
ção artística, mas também de engenharia e arquitetura; os vitrais dessas mesmas 
catedrais; a criação da música polifônica; esculturas; e pinturas.
Catedral gótica.
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O fenômeno religioso
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Vitrais.
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Na Renascença italiana, a catedral de Florença; a basílica de São Pedro, em 
Roma. As pinturas sobre os mais variados assuntos religiosos, dentre as quais se 
sobressai o conjunto ímpar da Capela Sistina; as esculturas como a Pietá; a Divina 
Comédia escritapor Dante Alighieri. 
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Basílica de São Pedro.
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Pietá de Michelângelo.
Em Portugal, os conjuntos de azulejos; os sermões de Antônio Vieira; o mo-
numento monolítico erigido em louvor a Deus, mas cujos rescaldos são mais que 
suficientes para fazer da Língua Portuguesa uma língua de primeira grandeza.
No Brasil, o mesmo Vieira, que nacionalizamos com muito amor, devido ao 
fato de aqui ter vivido muitos anos; as igrejas barrocas de Minas Gerais, Bahia e 
Pernambuco; as estátuas e pinturas desse mesmo período; e a catedral de Brasília 
projetada por Niemeyer.
Igreja barroca de Ouro Preto.
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A música alemã, por sua vez, se torna a mais importante por seus inúmeros 
gênios, entre os quais avultam Mozart, Beethoven, Buxtehude, Brahms e, princi-
palmente, os 200 compositores da família Bach, um em especial que deu o supre-
mo nome da história musical: Johann Sebastian Bach (1685-1750).
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Johann Sebastian Bach.
Nos Estados Unidos, a música gospel e o negro spiritual. Outras regiões do 
mundo com outras religiões também contribuíram significativamente para as artes 
em geral, como os pagodes chineses, os jardins japoneses, os templos hindus, entre 
outros. Em suma: todo povo e toda religião forneceram à Arte alguma coisa de 
muito valor que não deve, sob nenhuma hipótese, ser relegada a segundo plano.
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Jardim japonês.
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Cultura Religiosa
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Religião e Moral
A Moral vem a ser, num mundo que se vive em sociedade, um de seus pila-
res imprescindíveis. A convivência de muitas pessoas dentro de um mesmo espa-
ço físico exige regras e leis, deveres e obrigações, direitos e privilégios e, mais que 
tudo, virtudes e valores. A Moral nos diz o que é certo e o que é errado. Mas o que 
diz à Moral se algo é certo ou errado, ou qual a hierarquia dos valores e virtudes, 
é, na maioria das vezes, a religião que as pessoas aceitam. Há, evidentemente, 
religião sem moral e moral sem religião, mas, na grande maioria dos casos, moral 
e religião mantêm um casamento mais do que fechado.
Quando isso acontece, é a religião que dita as normas e ainda fornece toda 
a motivação para que as normas sejam plenamente cumpridas. 
Religião e Ciência
Se Religião, Arte e Moral formam um trio quase perfeito, Reli-
gião e Ciência, há tempos descasados, brigam muito, continuamente. 
A briga realmente esquentou no século XIX. Auguste Comte (1798-
1857), o fundador do positivismo, afirmou, na teoria dos três estágios 
do conhecimento, que a Religião era, dos três, o mais antigo e o mais 
simplório, devendo ceder lugar à Filosofia que, por sua vez, entregaria 
o posto à Ciência. O incrível de tudo isso é o próprio Comte, depois 
de haver levantado essa idéia, criar a religião da humanidade, um 
manual que, a partir da sua filosofia positivista, defende o amor como 
causa, a ordem como meio e o progresso como fim. 
O grande problema, no entanto, surge com Charles Darwin 
(1809-1882) e a Teoria Evolutiva. Até aí não se via nenhuma dificul-
dade com o relato inicial do primeiro livro de Moisés. Acreditava-se, 
com toda a candura, na criação do mundo em seis dias e na idade do 
universo em torno de seis mil anos, como se o relato bíblico fosse 
uma reportagem dos tempos antigos. O universo ficou mais velho, e 
a rápida mão do Criador cedeu lugar à lenta evolução. A imagem e a 
semelhança de Deus atribuída ao homem desmanchou-se em crânios 
simiescos datados de algumas centenas de milhares de anos.
As perguntas que, pois, se impõem são estas: há no big-bang e na 
evolução alguma verdade que pode ser considerada final, ou tudo gira 
no terreno arenoso das hipóteses e da especulação? As narrativas bíbli-
cas têm a pretensão de ser uma afirmativa de caráter científico tal e qual entendemos 
hoje a ciência com seu meticuloso método, ou foram desde o princípio concebidas na 
categoria de mitos, como verdades superiores que só podem ser expressas em lingua-
gem sublime e figurada? Sendo assim, podemos abrir mão da literalidade da Criação 
para injetar nela as categorias da evolução? As respostas a cada uma dessas perguntas 
dependerão da fé e da compreensão ou ausência de fé tanto em relação à religião como 
também em relação à própria ciência, visto que essa, para muitos, constitui uma espé-
cie de religião que, além de plantar certezas, garante safras de soluções.
Auguste Comte.
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Charles Darwin.
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O fenômeno religioso
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Religião e Filosofia
Religião e Filosofia são duas retas paralelas que ora divergem, ora se encon-
tram, ora se complementam, ora se anulam. 
Pode-se afirmar que o surgimento da Filosofia no Ocidente foi um ataque 
aos mitos gregos. Tales de Mileto (625/4-558/6 a.C.) procura uma explicação fora 
deles e diz que a origem de tudo é a água. Anaximandro (610/9 -547/6 a.C.) põe no 
lugar da água o indeterminado, e Anaxímenes (588-528/5 a.C.), o ar. Xenófanes de 
Cólofon (Jônia, Ásia Menor, 570-528 a.C.) critica a antropomorfização de Deus na 
poesia de Homero e Hesíodo. Demócrito de Abdera (Trácia, 460-370 a.C.) é o pai 
do atomismo, afirmando que tudo é formado por substâncias indivisíveis, as quais 
se combinam ou se separam, formando ou desfazendo uma pessoa ou um objeto. 
Os sofistas, primeiros professores profissionais da história, tornam tudo relativo 
segundo a famosa frase de Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas; 
do ser enquanto existe e do não-ser enquanto não existe”. 
Sócrates (470-399 a.C.), reagindo ao relativismo sofista, introduz a teoria 
das idéias inatas, às quais se poderia chegar pela maiêutica (partejamento de 
idéias). Com as idéias inatas, se pressupunha uma vida anterior, abrindo, assim, 
caminho para a religião. Platão (428-347 a.C.), aluno de Sócrates, continua na 
mesma trilha ao propor o mundo das idéias como a autêntica realidade (mito da 
caverna, corpo prisão da alma).
A Idade Média, marcada profundamente pela religião cristã, desenvolve a 
tese de que a Filosofia é a serva da Teologia (ciência da religião). Vale notar que 
os eruditos cristãos primeiramente usaram as categorias platônicas e acabaram 
contaminando-se com um modo platônico de ver as coisas, mas em seguida se 
apropriaram das concepções aristotélicas, sendo igualmente influenciados por 
elas (amor ordenado, provas racionais da existência de Deus etc.).
Por outro lado, há quem visualize religião (ou teologia) e Filosofia não como 
concorrentes, mas como dois métodos diferentes, não opostos, para tratar e com-
preender uma mesma realidade. Martin Heidegger (1889-1976), por exemplo, foi 
sepultado como católico romano. Edmund Husserl (1859-1938), expoente do feno-
menalismo, converteu-se à Igreja Luterana.
Em tempo: não se deve confundir religião e teologia. Embora sejam concei-
tos afins, não são a mesma coisa. Religião é um conjunto de crenças que formam 
um sistema coeso. Teologia é a reflexão crítica e sistemática sobre os dados ofere-
cidos pela religião. Em outras palavras: teologia é a ciência, e religião é o objeto 
ou a matéria dessa ciência. 
Religião e Economia
Toda crença, tão logo se institucionalize, passa a ter uma economia interna. 
Precisa manter suas propriedades (escolas, templos, creches, asilos, seminários 
etc.) e pagar seus funcionários.Para tanto, se utiliza de vários expedientes: co-
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brança de uma taxa, estabelecimento de um percentual dos ganhos do fiel (o dízi-
mo, por exemplo), ofertas livres, doações ou subvenções do governo.
A religião, no entanto, não se limita apenas a isso. Ela, para o bem ou para 
o mal, influencia a economia da comunidade como um todo, embora nem sempre 
seja determinante. Max Weber (1864-1920) tentou mostrar que o surgimento do 
capitalismo se deveu ao protestantismo de cunho calvinista. Sabe-se, porém, que 
muito antes de Calvino já havia banqueiros e que até os papas se utilizavam dos 
seus monetários serviços. Certamente, o que se pode afirmar é isto: certas ênfa-
ses doutrinárias desta ou daquela religião podem motivar seus adeptos a ter uma 
ou outra resposta econômica. Contrastando-se o catolicismo medieval e contra-
reformista com o luteranismo, é possível ver algumas diferenças: no catolicismo 
a forma de se adorar e servir a Deus passava pela veneração dos santos, orações, 
jejuns, penitências, peregrinações e culminava em tornar-se monge ou freira; no 
luteranismo, o servir e adorar a Deus começava pela fé (considerada o supremo 
culto, prosseguia na participação dos cultos, leitura da Bíblia, oração etc., e con-
cretizava-se no trabalho diário, visto como vocação de Deus, razão pela qual todo 
trabalho, fosse ele qual fosse, deveria ser bem feito porque era, além de um culto 
a Deus, um serviço ao próximo).
Partindo-se daí, é possível admitir que o progresso dos países luteranos em 
relação aos católicos tenha uma origem doutrinária. Contudo, pode-se também 
questionar se outros fatores não intervieram com peso igual ou até superior. Um 
deles seria o posicionamento assumido pela nobreza medieval em relação ao tra-
balho, que era de franco desprezo – calcula-se que na Espanha, no século XVI, 
apenas 3% da população efetivamente se dedicava ao trabalho! Por não ter havido 
uma quebra de ordem cultural e social nos países em que a visão medieval perma-
neceu firme, não poderia estar aí também uma resposta? 
Religião e Educação
Por ser a Religião um conjunto de ensinamentos (note-se o termo), segue-se 
que ela, para sobreviver, precisa apelar para a Educação. Não é por outro motivo 
que os primeiros professores foram todos pessoas ligadas a um culto específico. 
No entanto, o que se quer discutir aqui é se a religião consegue lançar os olhos 
para a Educação como um todo. Num primeiro exame, observa-se que a religião 
contribuiu com muito pouco ou mesmo nada nessa direção.
Na China, país de cultura milenar, a Educação esbarrava nos milhares de 
ideogramas que um aluno precisava memorizar, pois era necessário tempo e di-
nheiro. Ao que tudo indica, não havia nenhum plano de Educação abrangente. No 
primeiro projeto educacional conhecido, o confuciano (século VI a.C.), a ênfase 
não era popular, mas elitista, já que Confúcio queria restabelecer o império, o 
transformado quase numa obra de ficção por causa do ínfimo poder exercido pelo 
Confúcio.
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O fenômeno religioso
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imperador. O sistema idealizado pelo mestre visava a preparar os funcionários 
públicos, os mandarins, que seriam a base burocrática do império. Deve-se notar 
que, embora seja atualmente considerado uma religião, o confucionismo tinha 
a princípio uma função muito mais política e pedagógica do que propriamente 
religiosa.
Num certo sentido, é a Reforma que ata o nó bem firme da religião com a 
educação. Lutero achava que ela poderia fazer de alguém um cidadão útil para o 
Estado. Já nos primeiros anos da Reforma, recomendava aos príncipes e gover-
nantes que fundassem escolas e obrigassem os pais a enviar a elas os filhos. Por 
outro lado, a fim de pôr em prática a noção de sacerdócio universal de todos os 
crentes, advogava que todo cristão poderia ler a Bíblia e interpretá-la — não ale-
atoriamente — de modo objetivo, levando em conta as regras da gramática e da 
retórica e todo o contexto geográfico, histórico, social etc.
Pode-se até afirmar, sem nenhum receio, que a educação brasileira não seria 
hoje o que é sem as escolas confessionais, pois são milhares por toda parte.
É interessante analisar a religião no intuito de abrir as lentes para um novo olhar. 
À medida que conseguimos nos despir de preconceitos, avaliamos de outra maneira e 
enriquecemos culturalmente. Você vai perceber isso quando se deparar com notícias 
de jornais e televisão. O assunto “religião” será percebido com mais atenção.
1. Em grupos formados com quatro pessoas, refletir e listar sobre a influência da religião na vida 
diária da sua cidade.
2. Num segundo momento, os grupos apresentam suas respostas e abrem o debate com o grande 
grupo.
 A dica de estudo é prática. Busquem o diálogo. Pesquisem na internet sites que mostrem a rela-
ção entre arte e religião.
 Ouçam músicas que tenham sido inspiradas pela religião. Pode ser música clássica, gospel ou 
mesmo popular. Muitos jovens, das mais diversas religiões, costumam compor músicas e gravá-
las em CD.
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Cultura Religiosa
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 Com quais aspectos desta aula você se identificou? Escreva o relato sobre uma visita a algum 
museu, o ouvir de uma música etc., que o tenha reportado à religião. 
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As grandes religiões I
V amos partir para uma longa viagem. A idéia é dar a volta ao mundo e estudar as grandes re-ligiões. Se fôssemos numerar todas as religiões existentes no mundo, possivelmente teríamos milhares. Portanto, vamos falar das principais, pois a partir dessas é que surgiram todas as 
outras. Cada uma das grandes religiões produziu milhares de seitas ou grupos menores que foram se 
subdividindo durante os séculos. Todas produziram uma grande riqueza cultural e valores fundamen-
tais para a preservação do ser humano.
Hinduísmo
É uma religião intrigante em muitos aspectos. Não tem um fundador, apenas um livro sagrado 
ou regras singulares que nos ajudam a entender facilmente suas crenças e suas tradições. Nasceu 
há cerca de 4 mil anos, na Índia. É difícil falar dela como uma religião só. O Hinduísmo tem uma 
infinidade de ramos e divindades. A religião hindu passou por constantes transformações ao longo 
dos séculos – resultado das sucessivas invasões que marcaram a história deste povo. Apesar da di-
versidade de deuses e formas de encontrar o caminho, um aspecto é comum entre todos: a vida na 
Terra é parte de um ciclo de nascimentos, mortes e renascimentos, do qual é preciso se libertar. A 
reencarnação, determinada pela Lei do Carma, talvez explique a resignação e a satisfação pela vida 
que levam, mesmo diante de costumes tão diferentes dos nossos e da “pobreza” (do nosso ponto de 
vista) em que vivem.
Origem
Não há uma precisão histórica sobre o início do Hinduísmo. Ele é resultado de um processo 
gradual, provém das religiões primitivas tribais da Índia e toma forma com a invasão deste país, por 
volta de 1500 a.C., pelos arianos indo-europeus. Seu sistema religioso está organizado em torno de 
quatro escritos sagrados, conhecidos como Vedas.
As tradições religiosas eram inicialmente transmitidas oralmente. A partir de 800 a.C. é que 
surgem os primeiros escritos. O Rig-Veda é o livro principal. Aos Vedas são acrescentados dois outros 
livros: os Brahmanas e o Upanishads. As três obras contêm todo o Dharma, as obrigações da casta, 
uma espécie de lei. 
A melhor definição é que 
[...] projeta-se como a religiãoeterna e se caracteriza por sua imensa diversidade e pela capacidade excepcional 
que vem demonstrando através da história de abranger novos modos de pensamento e expressão religiosa. (GA-
ARDER, 2000, p. 40).
Por outro lado, encontramos algumas pistas que nos levam a entender o processo de construção 
e consolidação do Hinduísmo:
[...] A invasão dos árias levou à Índia um politeísmo já organizado, como mitos e cultos próprios, de caráter natu-
ralista [...] Para assegurar o predomínio de sua casta, os sacerdotes arianos elaboraram uma doutrina sincretista, 
em que o conceito de brahman, de alguma forma equivalente ao mana dos melanésios, era elevado a uma ordem 
superior, absolutizada, que por vezes se identificava com a própria divindade (donde o deus Brahma, personifica-
do). Desta forma, valorizavam a sua mediação sacerdotal, pois pelos ritos sagrados podiam produzir e manipular 
o brahman (conceito mágico). (PIAZZA, 1991, p. 246).
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Muitos entendem que os arianos usaram o Hinduísmo para exercer o poder 
e governar os hindus sem resistência, mas isso é apenas uma hipótese.
O povo hindu
Precisamos pensar nas pessoas, no povo hindu, e como a religião funciona no 
dia-a-dia. Olhando o Hinduísmo como um todo – sua grande literatura, seus rituais 
complexos, sua difundida cultura popular, sua arte opulenta – podemos resumir 
tudo numa única frase: “Você pode ter aquilo que deseja.” (SMITH, 1991, p. 30).
Pense no que as pessoas buscam na vida: prazer, sucesso mundano (rique-
za, fama e poder), serviço e libertação. Os hindus não proíbem nenhuma dessas 
buscas. Para eles tudo tem o seu momento na vida e se você desejar essas coisas 
deve buscá-las. Por outro lado também sabem que nem todas as buscas vão trazer 
os resultados esperados.
Somos pessoas limitadas
Sabem os hindus que somos pessoas limitadas na alegria, no conhecimento 
e na existência. Na alegria, por exemplo, existem restrições como a dor física, a 
frustração que surge dos impedimentos ao desejo e o tédio com a vida em geral.
A dor física é a menos problemática. Como a intensidade da dor se deve, em 
parte, ao medo que a acompanha, dominar o medo reduzirá a dor. 
A segunda grande limitação da vida humana é a ignorância. Dizem os hin-
dus que ela pode ser removida. Os Upanishads falam de “conhecer aquilo cujo 
conhecimento traz o conhecimento de todas as coisas”.
Quanto à terceira grande limitação, a existência, o Hinduísmo leva essa 
idéia um pouco além, propondo um eu extenso, com vidas sucessivas, assim como 
uma única vida é feita de momentos sucessivos.
A literatura hindu é rica em metáforas e parábolas destinadas a nos desper-
tar para as “minas de ouro” que repousam ocultas nas profundezas do nosso ser. 
Somos como reis que, vítimas de um ataque de amnésia, vagueiam pelo 
reino vestindo andrajos, sem saber quem realmente são. Ou como um filhote de 
leão, separado da mãe, que é criado por ovelhas e se acostuma a pastar e balir, 
acreditando ser também uma ovelha. Somos como o amante que, no sonho, 
corre o mundo, desesperado em busca da amada, esquecido de que ela está 
deitada ao seu lado.
Os quatro estágios da vida
Segundo a tradição hindu, a vida do homem está dividida em quatro está-
gios, denominados asramas:
 Bramacarya – é o estágio da juventude. Fase em que o estudante deve 
aprender os ensinamentos dos Vedas com um professor mais velho ou 
com um sábio;
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As grandes religiões I
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 Grihastha – fase adulta, em que ele assume o papel de chefe de família;
 Vanaprastha – é o estágio do homem idoso. Ele deve gradualmente afas-
tar-se das coisas deste mundo e dedicar-se à reflexão;
 Samnyasin – nesta fase, o indivíduo deve renunciar ao mundo. 
 A vida da mulher não é dividida em etapas.
Divindades
O Hinduísmo possui uma tríade de grandes deuses – Brahma, o criador, 
Shiva, o destruidor, e Vishnu, o conservador. Além desses, os hindus possuem 
milhões de divindades, chamadas de divindades dos lares. É a religião no mundo 
com o maior número de deuses.
A única regra universalmente aceita pelo hindu é a de seguir as normas de 
sua casta, na expectativa de um futuro feliz para si mesmo.
Brahma, o criador
Nascido de uma flor-de-lótus que brotava do umbigo de Vishnu, Brahma é 
o criador, o responsável pela construção do Universo. Ele é casado com Sarasvati, 
a deusa do conhecimento. Embora seja central na mitologia hindu, Brahma não 
é muito cultuado porque já realizou sua tarefa e só voltará na próxima criação do 
mundo.
Shiva, o destruidor
Esse possui dois aspectos principais, aterrorizante e benevolente, aparece 
sob muitas formas e recebe mais de mil nomes. O primeiro é Rudra, um deus 
violento, o deus das tempestades. Durante a dinastia Gupta, Shiva era ao mesmo 
tempo o deus do amor e da destruição. Suas manifestações podem ser divididas 
em cinco categorias: o jovem asceta, o dançarino cósmico, o senhor da destruição, 
o demônio Brairava e o marido amoroso. Ele é representado vestido ou nu, com o 
cabelo longo preso em um coque ou usando uma coroa.
Vishnu, o protetor
Conhecido como deus preservador, Vishnu representa a força criadora que une 
todo o universo e possibilita a luz e a vida. Ele incorpora o amor divino e controla o 
destino humano. Pode ser reconhecido pela sua cor azul-escura e pelos quatro braços, 
que sugerem sua capacidade de alcançar os quatro cantos do mundo. Vishnu é muito 
popular, principalmente sob a forma de avatares – suas diversas encarnações.
Reencarnação
Os hindus acreditam na reencarnação ou transmigração das almas. É um pro-
cesso de infinitas encarnações com o fim de ser absorvido o espírito pelo absoluto 
Brahma. Isto significa que as almas nunca morrem, desde que façam parte do indes-
trutível tudo, Brahma. A alma de um homem de baixa posição social poderá renascer 
como uma cobra ou até como um objeto não pertencente ao plano humano, depen-
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Cultura Religiosa
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dendo da segunda crença, a Lei do Carma. Entendem que o homem é hoje resultado 
de suas ações anteriores a esta vida. 
Os hindus dividem o povo em castas. O grupo de maior valor era formado 
pelos Brâmanes ou líderes religiosos, também chamados de videntes. Logo abaixo 
aparecem os príncipes ou administradores, depois os agricultores ou vassalos se-
guidos dos servos. Fora das castas estão os párias, ou intocáveis, uma espécie de 
mendigos e miseráveis. Desta forma, para eles, é impossível questionar, duvidar 
ou aspirar a qualquer posição social nessa existência.
Uma das explicações para a questão das castas é que os arianos (invasores 
europeus) mantinham ligação com algumas religiões, como a grega, a romana e a 
germânica. Eles davam importância significativa ao sacrifício e faziam diversas 
oferendas a seu panteão de deuses, a fim de conquistar favores e manter sob con-
trole as forças sobrenaturais. As crenças e os ritos, já existentes na região, foram 
incorporados ao sistema religioso dos invasores e originaram novos cultos. Aí está 
um exemplo de sincretismo religioso, como também aconteceu no Brasil com as 
religiões africanas.
Animais sagrados
Ouvimos muitas histórias sobre animais sagrados na Índia, especialmente 
sobre a vaca. Realmente existe o culto aos animais. A vaca é um animal sagra-
do, simbolicamente vista como Alimentadora Sagrada. Não pode ser morta sob 
nehuma circunstância. A pessoa que toca a vaca fica ritualmente limpa, por isso o 
leite e todos os seus derivados, como a manteiga, são utilizados em cerimônias de 
purificação. Até seusexcrementos são sagrados e podem ser usados como agentes 
de purificação. Também são considerados sagrados animais como a cobra, o cro-
codilo e o macaco. Normalmente os hindus não gostam de tirar a vida dos animais 
e muito menos comer sua carne, o que tornou a maioria dos fiéis vegetarianos.
Para concluir, é importante ressaltar que extraímos apenas algumas partes 
importantes que nos dão uma idéia da religião. Mas entender em que os hindus 
acreditam é difícil, como nos conta o historiador:
É difícil descrever o Hinduísmo. É preciso vivenciar. Os sábios hindus parecem mais sá-
bios do que nós; têm mais força, mais alegria. Parecem ser mais livres no sentido de não 
se confinarem à ordem natural. Parecem serenos, até mesmo radiantes. Pacifistas por na-
tureza, seu amor flui para o mundo, para todos sem distinção. O contato com eles fortalece 
e purifica. (SMITH, 1991, p. 41).
Budismo
Um príncipe hindu rico, possuidor de todos os bens necessários para uma 
vida agradável, sem problemas e pertencente a uma das maiores castas. Bem que 
Siddartha Gautama poderia desfrutar tudo isso e viver sua vida com sua esposa, 
sua filha recém-nascida, nos palácios de seu pai. Mas faltava alguma coisa. Os 
problemas existenciais o levaram a abandonar tudo em busca de uma solução para 
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As grandes religiões I
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superar o sofrimento humano. Passou a ser conhecido como Buda ou “Ilumina-
do”. Espalhou suas descobertas por toda a Índia dando origem a uma das religiões 
mais influentes do mundo. Hoje, são mais de 400 milhões de adeptos.
Para se compreender o Budismo é necessário muita leitura. É uma religião 
complexa devido às muitas seitas, escolas e pensamentos existentes, sempre de 
caráter nacionalista regionalizado.
O Budismo começou no século VI a.C. como uma dissidência do Hinduís-
mo, nas proximidades do Himalaia. Siddartha Gautama, o fundador, foi um prín-
cipe que não concordou com o poder salvador dos Vedas, com os rituais e com 
a ascendência dos sacerdotes nas questões religiosas. Deixou tudo o que tinha e 
durante seis anos procurou o verdadeiro caminho da salvação ou o sentido mais 
elevado e permanente da vida. 
Dentre as suas tentativas, buscou experiências que lhe respondessem aos 
anseios da vida. Tentou os caminhos dos sacerdotes e do ascetismo, chegando pró-
ximo à morte por causa do sofrimento ao seu corpo. Não foi nesse momento que 
encontrou a paz de espírito. Como um ascético, testava-se a si mesmo, chegando 
ao extremo de comer suas próprias fezes para testar sua autodisciplina. Depois 
de várias tentativas, veio a resposta: a salvação pode ser conquistada por um ca-
minho intermediário entre o desejo e a mortificação. Assim chegamos à idéia do 
“caminho do meio”. 
As quatro verdades
Buda desenvolveu o seu pensamento em torno de quatro verdades, como 
mostra Steffen (2000, p. 42):
 a primeira verdade é que o sofrimento é universal;
 a segunda identifica a causa do sofrimento (o desejo interno);
 a terceira indica a necessidade de dominar o desejo e aniquilar a ambição;
 a quarta verdade vai mostrar o caminho (os oito caminhos) para aniquilar a ambição. 
Os oito caminhos
 Fé justa
 Resolução justa
 Palavra justa
 Conduta justa
 Ocupação (trabalho) justa
 Esforço justo
 Pensamento justo
 Meditação justa
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Cultura Religiosa
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Com isso, alcança-se nirvana, que é o estado mental livre de paixões.
Assim Gautama anulou todo o sistema de castas1 do Hinduísmo, os rituais 
brâmares e toda a concepção de divindade. Manteve, no entanto, a doutrina do 
carma e da reencarnação.
A filosofia budista pode ser resumida pela afirmação de que há um caminho 
do meio. Buda dizia que os excessos, tanto de prazeres sexuais como de ascetis-
mo, eram evidências externas do desejo latente – desejo de vida material ou desejo 
de glória espiritual futura. 
Os dez preceitos
O Budismo é rico em preceitos, cuidados a serem adotados para uma vida 
equilibrada. Quem seguir determinadas regras vai encontrar benefícios no ca-
minho com a finalidade de chegar à salvação. Os dez preceitos incluem desde 
ordenamentos para não se destruir a vida até a abster-se da promiscuidade, enfa-
tizando a necessidade de só possuir o que for dado como presente, afastar-se da 
mentira, não beber álcool, fazer refeições apenas depois do surgimento da lua, 
além de regulamentar o uso de ornamentos e metais preciosos. Quando Gautama 
morreu, por volta dos 80 anos, o movimento já estava institucionalizado.
No livro O homem e o sagrado, o autor do texto que fala sobre o Budismo, 
Professor Ronaldo Steffen, faz uma referência interessante de Buda. Diz ele:
Buda era um humanista. Embora afirmasse a existência de uma multidão infinita de deu-
ses e espíritos menores, era seu parecer que essas divindades não tornavam os seres huma-
nos melhores, pois eram seres finitos e sujeitos a todas as fraquezas da natureza humana. 
Não acreditava num ser supremo nem em rituais puramente cerimoniais. Também não via 
importância no ato de orar e na existência de sacerdotes. Ensinava seus seguidores a de-
penderem de si mesmos, mas permanecendo benevolentes e amorosos com a humanidade. 
Aceitava, no entanto, a crença da transmigração das almas e a lei do carma. Acreditava 
que os erros do passado poderiam ser superados por uma vida exemplar e que a alma nada 
mais era do que a inter-relação de cinco energias, que se desintegravam quando o ser físico 
morria. (STEFFEN, 2000, p. 43).
O Budismo e suas diversas seitas
O Budismo hoje é formado por diversas seitas. Com o passar do tempo seus 
seguidores foram introduzindo novos ingredientes nos rituais. Por este motivo, o 
Budismo não pode ser totalmente explicado sem uma leitura mais aprofundada. 
O paradoxo é que Gautama, que não acreditava em Deus, tornou-se um para seus 
seguidores. Três séculos após sua morte, já havia pelo menos 16 seitas distintas 
de Budismo. É necessário estudar um pouco da expansão territorial do Budismo 
para entender o surgimento destas seitas. Esta expansão ocorre no século III a.C., 
quando Asoka, talvez o mais importante imperador da Índia, envia missionários às 
nações estrangeiras para convertê-las ao Budismo. Desta forma, encontramos hoje 
o Budismo chinês, com ênfase no culto aos ancestrais; o Budismo japonês, que 
inclui o antigo deus Shinto em sua lista de divindades; e o Budismo tibetano, que 
enfatiza a vida monástica e o princípio da não-quebra do poder eclesiástico.
1Castas: derivam de quatro grandes classes da antiga 
Índia: Brâmares (sacerdotes), 
Kshatriyas (governantes), 
vaisyas (agricultores, comer-
ciantes etc.) e Sudras (escra-
vos, párias), que represen-
tavam a instituição social e 
religiosa da sociedade hindu. 
Cada uma delas é presidida 
por um conselho com poder 
extraordinário. Nas escritu-
ras hindus, o primeiro dever 
religioso é observar as regras 
da casta.
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As grandes religiões I
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Algumas seitas budistas
 Seitas da “Terra Pura”, que seguem tenazmente o objetivo último de atingir o paraíso. 
Ensinam que as obras não têm importância e que, para garantir os resultados desejados na 
vida, basta crer e executar os rituais.
 Seitas dos “Intuitivos”, que perseguem os benefícios da contemplação vivendo vida 
simples e autodisciplina.
 Seitas “Racionalistas”, que se utilizam de processo sincrético, alegando que não há um 
único caminho a ser observado.
 Seitas da “Palavra Pura”, que depositam sua fé em salvadores cuja boa vontade deve 
ser buscada em complexas observações ritualísticas.
 Seitas “Sociopolíticas”,que desenvolvem, como no Japão, um forte sentimento nacio-
nalista como doutrina central. (STEFFEN, 2000, p. 44)
O Budismo pode ser analisado a partir de suas duas maiores escolas de pen-
samento: a Hinayana, predominantemente monástica e não-teísta, e a Mahayana, 
que ensina que o universo é habitado por numerosos espíritos e deuses ansiosos 
por ajudarem os homens em suas necessidades.
As duas religiões têm algumas características bem definidas. Mas é bom 
lembrar que o Hinduísmo é uma dissensão do Budismo. Buda não concordava 
com a situação de resignação, principalmente dos párias. Para ele, a vida não tinha 
sentido se fosse compreendida dessa maneira. Ao mesmo tempo fica claro que 
para Buda não há a necessidade de um deus que supra todas as necessidades do 
homem, pois o ser humano, por suas próprias forças, pode encontrar o caminho e 
chegar ao nirvana.
1. No que o pensamento hinduísta difere do pensamento ocidental?
2. Quais as lições que podemos tirar dos hindus para a nossa vida?
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Cultura Religiosa
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3. Qual a ligação de Sidharta Gautama com o Hinduísmo?
4. Quando falamos em reencarnação, qual religião da atualidade está relacionada a este pensa-
mento e como isso acontece?
Recomendo para estudo a leitura dos capítulos 2 e 3 do livro:
SMITH, Huston. As religiões do mundo. São Paulo: Cultrix, 1991.
 Como você encararia a vida se tivesse que viver como os hindus e eles dissessem que você per-
tencesse aos párias?
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As grandes religiões II
Confucionismo
V amos caminhar por terras orientais. Uma volta pela China é o nosso compromisso neste mo-mento. Vocês já devem ter observado que a China está despontando em todo o mundo pelo seu crescimento econômico e aos poucos vem sendo reconhecida como uma grande potência 
mundial. Talvez, o que você não saiba é que, “até 1911, a China foi uma potência imperial, onde o 
imperador reinava acima de tudo. O imperador era considerado o representante do país diante do su-
premo deus Céu”. (GAARDER, 2000, p. 77).
O que havia por traz de tudo isso era uma ideologia confucionista. O conjunto de pensamentos, 
regras e rituais sociais confucionistas, foi desenvolvido pelo filósofo K’ung-Fu-Tzu (551-479 a.C.). No 
Brasil, o conhecemos como Confúcio. Além disso, Confúcio formulou normas para a vida religiosa, 
para os sacrifícios e os rituais. Segundo Gaarder, 
o confucionismo era, na verdade, uma religião estatal praticada pela elite e pelas classes dominantes, a qual, no 
entanto, nunca se disseminou muito entre as massas, as camadas mais amplas da população. Da mesma forma 
que o imperador, em seu palácio em Pequim, ficava remotamente afastado das pessoas comuns, o Céu era remoto 
e impessoal para a grande massa dos chineses pobres, trabalhadores e camponeses. A religião dos pobres era a 
adoração dos espíritos, particularmente dos antepassados, religiosidade carregada de magia e traços de outras 
religiões. (GAARDER, 2000, p. 77).
Quem foi Confúcio 
Confúcio nasceu em 551 a.C., filho de pessoas pobres, e desde cedo demonstrou um grande in-
teresse no que se referia à vida. Diz a história que “após iniciar sua carreira pública como um oficial 
de segunda classe no estado de Lu, aos 18 anos, tornou-se professor e começou a ensinar História, 
Filosofia, Ética, Música, Poesia e boas maneiras” (STEFFEN, 2000, p. 48). A idéia era mostrar aos 
seus alunos os princípios necessários naquele momento de decadência da ordem feudal chinesa. 
Num outro texto, lemos o seguinte: 
Embora suas lembranças da infância contenham referências nostálgicas à caça, à pesca e ao arco, sugerindo com 
isso que ele foi tudo menos uma traça de livro, Confúcio dedicou-se cedo aos estudos e se saiu bem. Chegando aos 
quinze anos de idade, forcei a minha mente ao aprendizado.” Com vinte e poucos anos, depois de ter ocupado vá-
rios cargos públicos insignificantes, depois de ter feito um casamento não muito bem sucedido, ele se estabeleceu 
como professor particular. Essa era obviamente a sua vocação. A reputação de suas qualidades pessoais e sabedo-
ria prática espalhou-se com rapidez, atraindo um Circulo de discípulos entusiasmados. (SMITH, 1991, p. 156). 
A carreira de Confúcio não foi um sucesso. Sua ambição era bem maior. Alguns biógrafos che-
garam a criar a lenda de que, por volta dos 50 anos, Confúcio realizou uma brilhante administração 
durante cinco anos, avançando rapidamente de ministro de Obras Públicas para ministro da Justiça 
e primeiro-ministro, e fazendo de Lu uma província modelo. “A verdade é que os governantes da 
época tinham medo da franqueza e da integridade de Confúcio, tanto medo que nunca o designariam 
para qualquer posição de poder” (SMITH, 1991, p. 156).
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Cultura Religiosa
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Os escritos 
Confúcio compilou alguns materiais, os quais foram utilizados em sua fi-
losofia de vida. Dentre os materiais, encontramos: Shih Ching (Livro de poesias), 
Li Chi (Livro dos ritos), I Ching (Livro das transformações), Shu Ching (Livro de 
história) e Ch’um Ch’íu (os anais da primavera e do outono). 
A filosofia de Confúcio
A questão central na filosofia de Confúcio está no termo li. Significa cortesia, 
reverência, ritos e cerimônias e o posicionamento ideal na vida pública e privada. 
“O chinês mais moderno entende por ‘li’ uma ordem social ideal, com tudo 
em seu devido lugar e com todas as pessoas prestando respeito e reverência aos 
outros na hierarquia social”. (STEFFEN, 2000, p. 48). 
 De uma certa forma, a idéia era estabelecer a ordem e acabar com a queda 
do respeito desencadeada pela ordem feudal. Confúcio acreditava que, se cada um 
soubesse o seu lugar, poderia haver um comportamento de reciprocidade como 
um guia de vida. É aqui que vai surgir o dito “não faças aos outros o que não 
queres que te façam”. 
Político fracassado, Confúcio foi, sem dúvida, um dos maiores professores 
do mundo. Preparado para ensinar história, poesia, governança, propriedade, ma-
temática, música, adivinhação e esportes, ele foi, à moda de Sócrates, um homem 
Universidade. Seu método de ensino também era socrático. Sempre informal, ele 
não fazia preleções; preferia conversar sobre os problemas propostos pelos seus 
alunos, citando leitura e fazendo perguntas. Ele se apresentava aos alunos como 
um companheiro de viagem, comprometido com a tarefa de se tornar plenamente 
humano, mas modesto. Quanto ao ponto a que chegou no cumprimento dessa ta-
refa, ele mesmo cita: 
Há quatro coisas no Caminho da pessoa profunda, nenhuma das quais fui capaz de 
fazer. Servir ao meu pai, como esperaria que um filho me servisse. Servir ao meu go-
vernante, como esperaria que meus ministros me servissem. Servir ao meu irmão mais 
velho, como esperaria que meus irmãos mais novos os servissem. Ser o primeiro a tratar 
os amigos como esperaria que eles me tratassem. Essas coisas não fui capaz de fazer. 
(CONFÚCIO).
Homem simples e humilde 
Não havia nada de sobrenatural nele. Confúcio gostava de estar com as pes-
soas, de jantar fora, de cantar em coro uma bela canção e de beber, mas não em ex-
cesso. Seus discípulos relataram que, nas horas de folga, o Mestre tinha um com-
portamento informal e alegre. Ele era afável, mas firme; digno, mas agradável. 
Estava sempre pronto para defender a causa das pessoas comuns contra a nobreza 
opressiva de sua época; nas suas relações pessoais, ele rompia escandalosamente 
as linhas de classe impostas pela sociedade e nunca menosprezava os alunos mais 
pobres, mesmo quando não podiam pagar as aulas. Era gentil, mas capaz de sar-
casmos quando achava merecido.Falando daquele que começava a criticar suas 
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As grandes religiões II
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companhias, Confúcio observou: “É evidente que Tzu Kung tornou-se perfeito. 
Ele tem tempo para esse tipo de coisa. Eu não tenho tempo livre”. 
Confúcio nunca lamentou a escolha que fez. Ele dizia que com alimento 
ordinário para comer, água para beber e o braço dobrado como travesseiro, ainda 
existia alegria em meio a isso e a tudo. As riquezas e honrarias adquiridas por 
meios iníquos não significaram para ele mais do que as nuvens flutuantes. 
A glorificação veio após a sua morte. Entre seus discípulos, o gesto foi ime-
diato. Disse Tzu Kung: “Ele é o sol, a luz, aos quais não há meios de se subir. A 
impossibilidade de igualarmos nosso Mestre é como a impossibilidade de alcan-
çarmos o céu subindo por uma escada”. Em poucas gerações, Confúcio era visto 
em toda a China como o “mentor e modelo de dez mil gerações”. O que mais lhe 
teria agradado foi a atenção dada às suas idéias. Durante dois mil anos – até o 
século XX – toda criança chinesa chegou à sala de aula, toda manhã, e lavantou 
as mãozinhas postas na direção de uma mesa que tinha uma placa com o nome de 
Confúcio. Praticamente, todo estudante chinês estudou cuidadosamente os pro-
vérbios de Confúcio, durante horas a fio; o resultado é que eles se tornaram parte 
da mente chinesa, chegando até aos analfabetos na forma de provérbios. O gover-
no chinês também foi influenciado por essas idéias, mais profundamente do que 
qualquer outra pessoa. 
Alguns provérbios 
 Verdadeiro filósofo não será aquele que, mesmo sendo reconhecido, ja-
mais guarda ressentimento? 
 Não faças aos outros o que não queres que te façam. 
 Não me entristece que os outros não me conheçam. Entristece-me não 
conhecer os outros. 
 Não esperes resultados rápidos nem procures pequenas vantagens. Se 
buscares resultados rápidos, não alcançarás a meta final. Se te deixares 
desviar por pequenas vantagens, nunca realizarás grandes feitos. 
 As pessoas mais nobres primeiro praticam o que pregam e depois pregam 
de acordo com a sua prática. Se quando olhas dentro do teu coração não 
vês nada de errado, por que te preocupas? O que há para temeres? 
 Quando conheces uma coisa, reconhecer que tu a conheces; e quando 
não a conheces, saber que tu não sabes – isso é conhecimento. 
 Ir longe demais é tão mau quanto ficar aquém. 
 Quando vês um homem digno, pensa quando poderás emulá-lo. 
 Quando vês um homem desprezível, examina o teu próprio caráter. 
 Riqueza e posição, eis o que as pessoas desejam; mas se não as consegui-
rem da maneira correta, nunca as possuirão. 
 Sê bondoso com todos, mas íntimo apenas dos virtuosos. 
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Pano de fundo 
É claro que os provérbios, por si só, não explicam o sucesso de Confúcio. É 
necessário compreender o que havia de errado na sociedade em que ele vivia. 
A Antiga China não era nem mais nem menos turbulenta do que as outras 
terras. Do oitavo ao terceiro século a.C., porém, a China testemunhou o colapso 
da dinastia Chou, que foi um governo de paz e ordem. Baronatos rivais ficaram 
em liberdade para fazer o que bem entendiam, criando uma situação idêntica à 
da Palestina no período dos juízes: “Naqueles dias não havia rei em Israel; cada 
homem fazia o que parecia certo a seus próprios olhos”. 
A guerra quase contínua desse período começou dentro dos padrões do ca-
valheirismo. O carro de guerra era sua arma, a cortesia era o seu código e os atos 
de generosidade conferiam honra. Diante da invasão, o barão arrogante enviaria 
um comboio de provisões ao exército invasor. Ou, para provar que seus homens 
estavam além do medo e da intimidação, ele enviaria, como mensageiro, soldados 
que cortariam a própria garganta diante do invasor. Tal como na era de Homero, 
guerreiros de exércitos inimigos se reconheciam, trocavam desdenhosos cumpri-
mentos do alto de seus carros de guerra, bebiam juntos e às vezes trocavam armas 
antes de entrar em combate. 
Na época de Confúcio, porém, a guerra interminável degenerava; de cava-
lheiresca, tornara-se o terror desenfreado do período dos Estados combatentes. O 
horror chegou ao auge no século seguinte à morte de Confúcio. Os combatentes 
entre carros de guerra deram lugar à cavalaria, com seus ataques de surpresa e 
reides súbitos. Em vez do ato nobre de manter os prisioneiros até receber o resgate, 
os conquistadores promoviam execuções em massa. Populações inteiras, captura-
das nos azares da guerra, eram decapitadas, incluindo velhos, mulheres e crian-
ças. Lemos descrições de chacinas de 60 mil, 80 mil e até de 400 mil pessoas. 
Há relatos de vencidos atirados em caldeirões de água fervente e seus familiares 
forçados a beber aquela “sopa” humana. 
A pergunta, nessa época, era: por que continuamos nos destruindo? Talvez aí 
esteja a resposta para compreendermos o poder do Confucionismo. Confúcio viveu 
numa época em que a coesão social havia se deteriorado até o ponto crítico. 
Confúcio insistia que o amor ocupa um lugar importante na vida; mas tam-
bém que o amor deve ser apoiado por estruturas sociais e por um etos coleti-
vo. Bater exclusivamente na tecla do amor é o mesmo que pregar os fins sem os 
meios. Quando perguntaram à Confúcio certa vez, “devemos amar nossos inimi-
gos, aqueles que nos causam mal?”. Ele respondeu: “De modo algum. Respondei 
ao ódio com a justiça e ao amor com a benevolência. Caso contrário, estaríeis 
desperdiçando vossa benevolência.” 
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Respeito às tradições 
O que chama a atenção nas religiões orientais é o respeito que todos culti-
vam pelos mais velhos. A idade não é um peso, mas uma bênção. A experiência é 
importante para os mais novos, que a buscam nas pessoas de maior vivência. As-
sim também são conservadas as tradições, transmitidas pelos mais velhos. Sobre 
a socialização, o próprio Confúcio ensinou: 
Deve ser transmitida dos velhos para os jovens, enquanto os hábitos e as idéias devem 
ser conservados como uma teia ininterrupta de memória entre os portadores da tradição, 
geração após geração. [...] Quando a continuidade das tradições de civilidade se rompe, 
a comunidade é ameaçada. A menos que essa ruptura seja consertada, a comunidade se 
esfacelará em [...] guerras de facções. Isso porque, quando a continuidade é interrompida, 
a herança cultural não está sendo transmitida. A nova geração se defronta com a tarefa de 
redescobrir, reinventar e reaprender, por tentativa e erro, a maior parte daquilo que precisa 
saber. [...] Essa não é tarefa para uma única geração (CONFÚCIO).
A tradição deliberada 
A tradição deliberada segue, no esquema de Confúcio, cinco termos chaves: 
 Jen: Etimologicamente uma combinação dos caracteres correspondentes 
a “ser humano” e “dois”, designa o relacionamento ideal que deve existir 
entre as pessoas. Traduzido das mais variadas formas (bondade, fraterni-
dade, benevolência e amor), talvez a melhor maneira de transmitir a idéia 
seja pela expressão: “sensibilidade do coração humano”. Jen envolve 
simultaneamente um sentimento de compaixão pelos outros e de respeito 
por si mesmo, um sentimento indivisível da dignidade da vida humana, 
onde quer que ela apareça. 
 Chun Tzu: Se jen é o relacionamento ideal entre seres humanos, chun tzu 
refere-se ao termo ideal nesses relacionamentos. Esse conceito tem sido 
traduzido como homem superior e o melhor da humanidade. Talvez pessoa 
amadurecida seja uma tradução tão fiel quanto qualquer outra. É o oposto 
de pessoa estreita, da pessoa

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