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Aula de gestão, mercado e gestão publica

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Aula 1: Sociedade e Estado: introdução às Finanças Públicas
Quando pagamos impostos, esperamos que o Estado os utilize bem, gerando uma contrapartida em termos de proteção e de prestação de serviços públicos. Contamos com isso porque o Estado, através das ações do Governo e de outras instituições, tem o papel necessário de organizar o funcionamento de uma sociedade.
Os mercados suprem as necessidades econômicas dos indivíduos e das empresas, atendendo a boa parte de suas necessidades, cabendo ao Estado as múltiplas funções reguladoras que garantam seu melhor desempenho. 
Mais ainda, contudo, podemos entender que a ação estatal é também necessária à sociedade como um todo, através das políticas que propiciem as condições de vida ao indivíduo e de desenvolvimento social e econômico ao país.
Ao final desta aula poderemos compreender, em caráter introdutório, como o Estado, para cumprir suas políticas públicas, administra seus recursos financeiros através da política fiscal, atividade abrangida pela área de estudo e ação denominada Finanças Públicas.
Iniciaremos definindo a Sociedade e o Estado e como se estabelece sua inter-relação. Buscaremos, então, entender os termos em que se discute o papel e o tamanho do Estado na sociedade contemporânea.
Vamos examinar, um pouco detalhadamente, quais as funções do Estado e como ele se organiza para cumpri-las, através da burocracia estatal, fazendo a definição de alguns conceitos básicos.
Necessidades Humanas: A maior parte do que uma pessoa necessita na sua vida não é produzida por ela própria, de modo individual. 
Algumas dessas necessidades humanas são satisfeitas no entorno imediato da família – como a educação não formal e a troca de afeto. Outras, tanto materiais quanto espirituais, ou de qualquer natureza, são satisfeitas pelo conjunto de indivíduos organizados em uma Sociedade.
Sociedade: A sociedade humana surge como resultado da interação dos indivíduos, no contexto das suas relações culturalmente estabelecidas em todos os níveis da convivência. 
O ser humano existe como um ser social, já nascido no interior da sociedade, pois ele se define por suas atividades – como fala, como se reproduz, como provê seu sustento, logo sua própria existência – que são atos definidos socialmente, isto é, são atos sociais. (Bottomore, 1993).
O termo sociedade vai ser comumente usado em três sentidos:
Outros empregos para o termo, correspondente a qualquer agrupamento humano, como sociedades civis e políticas diversas, não serão aqui consideradas.
Por qualquer dessas perspectivas, no entanto, a forma como as Instituições sociais são arranjadas para prover e desenvolver a própria sociedade são bastante variadas. Desde uma tribo nômade que atue coletivamente para a caça e a coleta até as sociedades industriais bastante complexas, encontramos, no tempo e no espaço, sociedades com formas específicas de organização das atividades de produção, de convívio e de mando. 
Essas formas distintas de organização surgem como resultado de processos históricos, isto é, de acontecimentos transformadores da existência humana.
Buscar uma definição abrangente de sociedade esbarra nas diversas concepções sobre sua natureza e caráter que os autores têm dela, mas podemos resumir na definição de Del Vecchio, 1979, citado por Matias-Pereira (2010): 
É o “complexo de relações pelo qual vários indivíduos vivem e operam conjuntamente, de modo que formem uma nova e superior unidade”.
Sociedade e Mercado: Uma questão importante, que surge quando examinamos qualquer sociedade, é como ela supre as necessidades materiais de seus membros, ou seja, como ela organiza a produção e a distribuição dos bens e serviços produzidos.
Em sociedades menos complexas, por exemplo, as sociedades tribais, essa organização se faz de modo tradicional pela produção coletiva e pela distribuição mais ou menos igualitária dos bens. Nessas sociedades, embora possamos identificar um local onde eventualmente trocas sejam feitas, o que chamaríamos de mercado, este não ocupa um lugar fundamental na organização econômica.
Mesmo em sociedades onde o comércio assume papel relevante na geração de riquezas, como ocorreu com a civilização fenícia, na antiguidade, a distribuição dos recursos materiais não era inteiramente regulada pelo mercado.
Apenas na sociedade do tipo capitalista, que se desenvolveu a partir do século XVIII, encontraremos uma economia construída em torno do mercado. Uma economia de mercado, conforme Polanyi (2000), significa um sistema auto-regulável de mercados, isto é, uma economia onde os bens, serviços e fatores de produção (terra, trabalho e capital) são distribuídos e alocados, exclusivamente, pela troca. Na verdade isso não se aplica de modo absoluto a nenhuma sociedade, pois existem imperfeições em tal sistema que exigem intervenções externas a ele, como examinaremos mais adiante.
Nação: A ideia de Nação decorre de uma organização social específica, definida por sua origem, seus costumes, sua língua, seu território, decorrendo esses elementos de uma consciência nacional, isto é, de uma nacionalidade. (Matias-Pereira, 2010) e (Lima, 1937). 
Comenta Azambuja (2008) que a idéia de Nação, contudo, não deve confundir-se com a de Povo, pois este é uma entidade jurídica e refere-se à população de um Estado.
Sociedade e Estado: O Estado , considerado a partir de sua manifestação concreta, é um instituto humano que estabelece seu poder a partir da coação, ele detém o monopólio da violência e partir dela, estabelece sua existência. O termo designa formações sociais que, ao abranger as relações de poder entre os indivíduos, isto é, as relações políticas, assumem diversas formas, desde as Cidades-Estado da Mesopotâmia, historicamente, as primeiras formações estatais, até as complexas formações atuais. Podemos definir o Estado como a nação politicamente organizada (Lima, 1937), constituindo-se em um organismo político-administrativo cuja existência se justifica a partir de três elementos essenciais: o povo, o território e o poder político.
O Estado tem sua origem explicada por três perspectivas: 
As teorias naturalistas, ou da origem natural do Estado, que tem em Aristóteles seu marco conceitual, fazem-no surgir da evolução da família, como forma ampliada de organização humana;
O modelo hegelo-marxiano, conforme definido por Bobbio e Bovero (1987) que põe o Estado como resultante de uma configuração específica, historicamente determinada, do jogo de poder que ocorre no interior da sociedade civil.
As teorias contratualistas, iniciadas por Hobbes, que colocam o Estado como resultado de um acordo entre os indivíduos que se submetem ao Estado em troca de proteção, tornando garantir a segurança nacional sua principal função;
Ao examinarmos essas concepções podemos notar que a relação entre Estado e Sociedade consiste na questão central em discussão, englobando a origem e a natureza do Estado. Se pensarmos na concepção jus-naturalista essa determinação caberia ao próprio Estado soberano que, mesmo em um sistema democrático, apontaria em última instância, os objetivos nacionais. Isto porque, nesta concepção, o Estado é onde se realiza, exclusivamente, a dimensão política da sociedade. 
Na concepção hegelo-marxiana o Estado existe como uma formação social, sendo sua natureza política decorrente do arranjo social específico em que se forma.
O Estado é visto, então, como uma relação social de dominação, mas também como um conjunto de organizações com autoridade para tomar decisões que atinjam todos os indivíduos de uma coletividade. Daí pode-se concluir que o Estado se constitui por uma rede de relações sociais de dominação apoiada em um conjunto de instituições, contribuindo para a reprodução da estrutura de classes da sociedade.
O Estado contemporâneo corresponde, na realidade, a uma variedade de representações nacionais, fruto de configurações sociais distintas. Cada país que examinamos possui características políticas, sociais e econômicas únicas, fruto de sua história. Porém, duas funções são comuns a todos e básicas àsua existência: a soberania e o direito, que correspondem respectivamente ao poder político e à ordem jurídica (Matias-Pereira, 2010).
Da soberania emana o poder e deste, as normas organizadoras do Estado. O poder estatal se manifesta como fruto da organização da sociedade.
Assim, devemos entender que a sociedade e a nação, de um lado, e o Estado, de outro, interagem, influenciando-se mutuamente.
Da soberania emana o poder e deste, as normas organizadoras do Estado. O poder estatal se manifesta como fruto da organização da sociedade.
Assim, devemos entender que a sociedade e a nação, de um lado, e o Estado, de outro, interagem, influenciando-se mutuamente.
Finalidade do estado: Podemos entender o Estado como um instrumento para a humanidade alcançar seus objetivos. Dessa perspectiva o Estado não é um fim em si mesmo, mas tem por finalidade última atender as expectativas humanas nas suas realizações, ou seja, o Estado busca o bem comum. Haverá autores, por outro lado, que consideram o Estado a síntese de todas as aspirações do Homem, o que colocaria cada indivíduo como meio de o Estado atingir seus objetivos. 
No entanto, para simplificar, podemos separar os fins do Estado e a sua competência, buscando esclarecer a questão de a quem serve o Estado (Azambuja, 2008, p. 144). É competência do Estado exercer seu poder sobre os negócios e as pessoas, sendo sua finalidade o objetivo que busca alcançar. Esse objetivo é o bem público, ou o bem comum, que não pode ser entendido como a soma do bem de cada indivíduo, o que seria impossível realizar.
A Segurança diz respeito à ordem interna, garantida pela Justiça, pela polícia, entre outros e a externa, garantida pelas forças armadas e pela diplomacia. Quanto a isso, há uma aceitação entre os pensadores da matéria.
Já as ações demandadas para o desenvolvimento da sociedade – o progresso – têm uma interpretação variada, que podemos resumir em três correntes (Azambuja, 2008):
Assim, mesmo quando o Estado privatiza uma determinada atividade, abrindo mão de executá-la e, assim, restringindo sua própria competência, ele o faz buscando o bem público. Mas em que medida ele deve fazer isso é a discussão que se impõe e, embora não aprofundemos essa questão deixemos claro seu caráter central na relação entre o Público e o Privado.
Nação: A ideia de Nação decorre de uma organização social específica, definida por sua origem, seus costumes, sua língua, seu território, decorrendo esses elementos de uma consciência nacional, isto é, de uma nacionalidade. (Matias-Pereira, 2010) e (Lima, 1937). 
Comenta Azambuja (2008) que a idéia de Nação, contudo, não deve confundir-se com a de Povo, pois este é uma entidade jurídica e refere-se à população de um Estado.
Funções do Estado: Segurança interna e externa e Administração da justiça
Essas funções incluem uma ampla gama de atividades e dizem respeito a diversos aspectos da proteção ao indivíduo e à sociedade, como, por exemplo, a segurança das fronteiras, os direitos do consumidor, o policiamento, entre outros. 
Uma outra função importante, que funciona como um meio para o Estado atingir seus objetivos é a função administrativa, o conjunto das atividades que o estado desempenha para sua própria organização, executada por um corpo de funcionários cujo objetivo é servir ao interesse público: a burocracia estatal.
Além disso, para atingir os objetivos de desenvolvimento nacional, poderíamos acrescentar, de acordo com Stigitz (1999) (apud (Matias-Pereira, 2010):
Algumas dessas funções eventualmente são cumpridas por empresas privadas. Depende, na verdade, das características de cada país, a distribuição das atividades entre o setor público e o privado. Isso nos traz uma função de crescente importância para o Estado contemporâneo, que trataremos ao final do curso: a sua função reguladora, estabelecendo os parâmetros de atuação da iniciativa privada.
A burocracia é “caracterizada por uma hierarquia formal de autoridade, na qual existem regras definidas, para a classificação e solução de problemas, que deve ser estendido às comissões e organismos coletivos de decisão e formas escritas de comunicação” , peculiar das repartições e instituições estatais (Matias-Pereira, 2010). O Estado realiza suas funções através de funcionários cujas atividades são estabelecidas na forma da lei, organizados em um corpo burocrático. Tal organização apóia-se no princípio da racionalidade, isto é, na adequação entre os meios e o fim.  
A organização político-administrativa do Brasil, conforme estabelece o artigo 1º da Constituição Federal, é assim definida: 
“a administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.
Governo: Ao exercício do poder ou da autoridade no Estado chamamos Governo. 
O modo como o poder se organiza e se exerce “explica-nos a situação jurídica e social dos indivíduos em relação à autoridade”, são “a forma de vida do Estado” (Azambuja, 2008, p. 233). 
Assim, encontramos Estados organizados em regimes bastante autoritários, ditatoriais, centrados em uma pessoa, outros se constituem em democracias, buscando exprimir a vontade popular, outros, ainda adotam o sistema monárquico. Todos, no entanto, não importando sua configuração ou a fonte de seu poder, devem implementar políticas públicas que permitam exercer as funções estatais.
Políticas de Estado e Políticas de Governo: O Governo, então, age sobre a sociedade buscando, dessa forma, atingir seus objetivos através de políticas que definam direções, distribuição de recursos e ações concretas a serem desempenhadas sobre as diversas esferas sócio-econômicas da sociedade.
A distinção entre Políticas de Estado e Políticas de Governo é importante para entendermos o caráter das ações governamentais quanto à vontade do governante e sua obrigação como chefe de Estado.
Políticas de Estado são aquelas definidas por lei que estabelecem as premissas e objetivos do Estado, possuindo por isso um sentido de permanência e estabilidade, resultantes de um diálogo da sociedade através das instituições políticas nacionais, em dado momento histórico. 
Assim, por exemplo, a Constituição de 1988 estabeleceu uma série de princípios de defesa do cidadão e da cidadania que se tornaram a própria doutrina do Estado brasileiro.
As Políticas de Governo, por seu turno, correspondem às orientações e ações concretas do governante no cumprimento do seu programa de governo, submetendo-se, naturalmente, às Políticas de Estado. 
A Constituição Federal brasileira separa claramente as funções de Estado e as funções de governo, quando, por exemplo, estabelece como obrigação do Estado brasileiro a promoção da saúde e da educação, tornando mandatório aos Governos orientarem suas ações para o atendimento dessas áreas.
Sociedade e Estado: As políticas públicas correspondem àquelas ações “estabelecidas no espaço governamental, conjugando os objetivos e princípios das políticas de Estado (...) com as metas e orientações de políticas governamentais” (Matias-Pereira, 2010, p. 89).
Buscam estabelecer diretrizes, através de metas, programas, princípios e objetivos, estabelecidos politicamente, que orientem, articulem e coordenem a atuação dos agentes públicos e privados e a correspondente alocação dos recursos.
As políticas públicas abrangem a uma diversidade de doutrinas e ações necessárias ao desenvolvimento da sociedade. Por exemplo, políticas de saúde, de educação, de desenvolvimento econômico e tecnológico, de cultura, entre tantas outras.
Economia e Finanças Públicas
Finanças Públicas
A partir desse modelo, surge um campo específico de estudo denominado política fiscal, que tem por objetivo neutralizar as tendências cíclicas da economia através da função fiscal do governo: a tributação, os gastos públicos e a dívida pública.
Surge, nas palavras de Matias-Pereira (2010, p. 52): 
“uma teoria geral da economia do setor público, definindo um referencial para o uso eficientedos recurso governamentais, dando ao orçamento uma abordagem macroeconômica”. 
As Finanças Públicas passam a definir-se, então, distanciando-se da sua definição original, por não compreender apenas as contas do Estado, mas compor um instrumento de política econômica, como:
 “... a disciplina que, pela investigação dos fatos, procura explicar os fenômenos ligados à obtenção e dispêndio do dinheiro necessário ao funcionamento dos serviços a cargo do Estado, ou de outras pessoas de direito público, assim como os efeitos outros resultantes dessa atividade governamental”.
Aula 2: A teoria das finanças públicas
Entendia-se, a partir do pensamento liberal de Adam Smith e de outros autores que o seguiram, que a economia deveria sofrer a mínima intervenção do Estado, pois a iniciativa privada seria capaz de sempre gerar, do modo mais eficiente possível, a maximização do produto. 
Construiu-se em torno dessa doutrina um arcabouço conceitual bastante rígido ao circunscrever a ação do governo àquelas chamadas funções clássicas do Estado: a segurança e a justiça.No século XIX, quando fundavam-se as bases da economia de mercado, a doutrina econômica vigente reservava um papel bastante restrito à ação do Estado. 
O comportamento da economia, no entanto, não confirmava essa concepção. Sucessivas depressões na atividade econômica que iriam culminar com a crise, já no século XX, de 1929, pareciam demonstrar que a iniciativa privada não era capaz de gerar períodos continuados de crescimento.  
A longa recessão registrada a partir de 29, que gerou legiões de desempregados nas principais economias do mundo, obrigou os governos a buscar políticas que revertessem esse quadro, tendo em vista que a iniciativa privada não mostrava sinais de ser capaz de retomar sua dinâmica de crescimento.
John M. Keynes, economista inglês, elaborou uma nova forma de lidar com o equilíbrio da economia. Construindo um modelo de curto prazo, mostrou a influência das decisões governamentais, quanto a seus gastos e tributos, sobre a economia. 
A partir daí, o governo assume a função de promoção e fomento do crescimento econômico, surgindo o campo de estudos e de ação governamental chamado Finanças Públicas.
Teoria das finanças públicas: De um modo geral, as necessidades do conjunto da sociedade são satisfeitas pelas empresas privadas, posto que sob determinadas condições, de acordo com tese corrente, o setor privado é mais eficiente que o governo. 
Assim, mercados competitivos, sob certas condições específicas, promovem uma melhor alocação dos recursos, o que resulta na maximização das satisfações individuais, isto é, em uma situação de equilíbrio teórico nenhum indivíduo conseguiria melhorar seu grau de satisfação sem piorar o de outro indivíduo.
Ótimo de Pareto: É denominada quando tal condição de alocação de recursos é estabelecida pelo livre jogo de mercado.
Para atingir esse nível ótimo de alocação é dispensável a atuação de uma entidade reguladora, de um planejador central.
Na verdade, de acordo com essa teoria, apenas as empresas operando em um mercado competitivo, buscando a maximização de seu lucro, permitiria essa maximização individual do produto, logo da maior eficiência alocativa dos recursos. A não existência de progresso técnico.
A existência de um mercado operando em concorrência perfeita.
Falhas de mercado: Essas condições não se realizam, na prática, de forma generalizada. Circunstâncias específicas, chamadas de “falhas de mercado” impedem que se verifique esse equilíbrio automático no jogo de forças do mercado. São elas:
A existência de bens públicos
 A existência de monopólios naturais
 As externalidades
 Os mercados incompletos
 As falhas de informação
 A ocorrência de desemprego e inflação
Bens públicos: Bens públicos são aqueles cujo consumo por um indivíduo não afeta o consumo do mesmo bem por outro indivíduo.
Resultado disso é que toda a sociedade se beneficia da produção de bens públicos, mesmo que alguns se beneficiem mais do que outros.
Exemplos de bens públicos: ruas, iluminação pública, justiça, segurança pública e defesa nacional.
O consumo desses bens, é fácil constatar, não é afetado pela quantidade consumida por cada indivíduo, todos podem indistintamente usufruir dos benefícios gerados. É claro que, se muitas pessoas transitarem por uma determinada rua a uma determinada hora, haverá engarrafamentos e lentidão no trânsito, mas esse efeito afetará igualmente todos os usuários.
INDIVISIBILIDADE: Pelos exemplos vistos, é fácil perceber que esses bens não podem ser utilizados parcialmente e de forma identificável por cada indivíduo.
NÃO ESCLUSAO: De um modo geral todos podem usufruir do bem público, sendo praticamente impossível vedar seu acesso a um indivíduo em particular. Isso implica na não rivalidade do consumo, ao contrário do que ocorre com os bens privados, quando seu uso por uma pessoa implica da exclusão de uso por outra pessoa. 
Exemplificando: todos beneficiam-se igualmente da administração da justiça, direito assegurado constitucionalmente à cada cidadão, e o fato de um cidadão recorrer à justiça não implica na diminuição do direito e do uso por outro cidadão.
Por outro lado, se adquiro qualquer bem ou serviço privado excluo, automaticamente, a possibilidade de outro consumidor adquiri-los, isto é, são consumos “rivais”.
Por conta da sua indivisibilidade, é impossível determinar o efetivo benefício que cada cidadão terá com seu consumo. Os cidadãos não poderiam ser chamados a atribuir preços no montante de sua utilização, pois tenderiam a minimizar o valor dos benefícios gerados para reduzir o valor de suas contribuições.
Além disso, alguns, Giambiagi e Além chamam de “caronas”, poderiam alegar que não precisam daquele bem ou serviço, recusando-se a pagar por eles, o que seria possível pelo princípio da não-exclusão.
Por conta disso, o mercado não tem como suprir esse tipo de bens. Um sistema de mercado só pode funcionar quando o princípio da exclusão pode ser inteiramente aplicado, pois o comércio só pode ocorrer quando é garantido o direito à propriedade, isto significa que há a determinação do consumo individual. Decorre daí que apenas o Estado pode prover os bens públicos, pois tem a capacidade de financiar-se com impostos, cobrindo, assim, os custos do fornecimento sem atribuir um preço específico ao consumo.
Monopólios naturais: São definidos por aqueles setores onde os ganhos de escala são relevantes no âmbito da produção, isto é, quanto maior o produto gerado menor será o custo unitário de produção.
Esse fenômeno ocorre em setores que possuem caracteristicamente um elevado custo fixo, implicando na queda do custo unitário conforme a produção aumente. (Krugman & Wells, 2007). Por exemplo, as companhias de gás possuem um elevado custo fixo, resultante do custo de implantar uma rede de tubulação para distribuição do gás, fazendo que apenas grandes distribuidores sejam economicamente viáveis. O mesmo é válido para o setor elétrico, na produção e distribuição de energia. São chamados monopólios naturais porque se formam como decorrência das características de operação de determinados setores, não necessitando, teoricamente, de nenhuma ação específica empresarial ou governamental que leve à concentração da oferta. Considerando a melhor eficiência alocativa resultante da livre competição, o monopólio não trará os melhores resultados para a sociedade, tendo em vista que ofertará uma quantidade menor de produto a um preço maior. O conflito de interesses que se estabelece aí, entre a empresa monopolista e a sociedade, é evidente, podendo exigir uma ação governamental.
PROPRIEDADE PUBLICA: O próprio Estado passa a se responsabilizar pela oferta do bem. 
Estamos falando aqui da atuação do Estado frente à existência de um monopólio natural. 
De uma forma ou de outra, no entanto, alguns economistas irão dizer que a atuação do Estado trará um prejuízo à sociedade maior ainda do que causaria o próprio monopólio, pois aspectos políticos interferindo na produção poderiam levar à escassez e à corrupção, o quenos levaria à segunda forma de intervenção.
REGULAÇÃO: Dessa forma, o Governo deixa o setor em mãos da iniciativa privada e apenas controla a fixação dos preços e a qualidade da oferta. O controle de preços em um mercado monopolista não levará, necessariamente, a uma situação de escassez, pois desde que o nível dos preços estabelecidos fique acima do custo de produção de uma unidade adicional, a empresa estará disposta a atender a demanda àquele preço.
Externalidades: positivas e negativas.
O Estado passa a ter um papel importante na redistribuição desses efeitos, tanto positivos quanto negativos, para toda a sociedade. Assim, o Estado pode conceder subsídios para estimular ou retribuir a geração de externalidades positivas ou cobrar impostos ou multas para desestimular externalidades negativas.
Uma rede de saneamento para uma comunidade carente, sem dúvida nenhuma, gera efeitos positivos não só para aquela comunidade, mas para toda a sociedade, na medida em que, por exemplo, diminui as doenças e, por consequência, a demanda por serviços sociais de saúde. O governo pode, alternativamente, assumir o encargo pelo investimento ou conceder subsídios para que o setor privado o faça. A cobrança de multas ou a fixação de tetos quantitativos para a emissão de gases na atmosfera é outro exemplo da atuação governamental.
Mercados incompletos: Define-se que um mercado é incompleto “quando um bem ou serviço não é ofertado mesmo que seu custo de produção esteja abaixo do preço que os potenciais consumidores estariam dispostos a pagar” (Giambiagi & Além, 2011).
Essa noção aplica-se principalmente a economias em desenvolvimento, quando o mercado não é capaz de atender às demandas da economia, mesmo que estas se refiram a atividades típicas de mercado. Isto porque nem sempre o setor privado está disposto a assumir certos riscos, ou mesmo não possui a capacidade organizadora da produção necessária à produção. Nos processos de industrialização, a coordenação entre os diversos agentes produtivos demanda a ação de Governo, posto que a iniciativa privada não possui, normalmente, essa capacidade de ação integradora.
Falhas de informação: Falhas de informação ocorrem porque o mercado não fornece por si todas as informações necessárias às tomadas de decisão dos consumidores e das empresas.
O Estado pode, então, induzir essa transparência, uma legislação adequada que mediante obrigue a divulgação de determinadas informações.
A obrigatoriedade de publicação dos demonstrativos contábeis das empresas, ou de informações sobre a composição dos produtos nas embalagens, são exemplos da ação do Estado para garantir um fluxo de informações eficiente.
Desemprego e inflação: O funcionamento normal do mercado não garante, por sua dinâmica de operação, a manutenção dos níveis de emprego do nível dos preços nos patamares mais próximos possíveis do desejado pela sociedade. 
Somente o Estado pode estabelecer políticas que conduzam a economia a operar dentro de limites que maximizem a geração do produto.
Falhas de mercado e governo
Essas condições não ocorrem isoladamente, mas combinam-se muitas vezes de forma variada, gerando benefícios, ou malefícios, para a sociedade como um todo. Essas condições não ocorrem isoladamente, mas combinam-se muitas vezes de forma variada, gerando benefícios, ou malefícios, para a sociedade como um todo. Podemos, enfim, estabelecer a necessidade da ação do Governo sobre a economia pelos seguintes motivos:
O sistema de mercado necessita de uma série de contratos, isto é, de uma estrutura legal que os definam e os tornem efetivos. Assim, na compra de um bem, em que o vendedor dá uma garantia quanto a defeitos de fabricação, o sistema jurídico existente garante ao consumidor a obrigatoriedade do cumprimento daquele contrato de compra e venda. O sistema de mercado é imperfeito. Os monopólios naturais, as externalidades, positivas ou negativas, a existência de bens públicos, por exemplo, tornam necessária a ação do Estado para sua correção. A manutenção das taxas de crescimento e dos níveis de desenvolvimento desejados pela sociedade não são garantidos, necessariamente, pelo sistema de mercado. Os níveis de emprego e a estabilidade de preços, por exemplo, requerem, muitas vezes, a intervenção do governo na economia. A promoção do desenvolvimento social requerido pela sociedade é outra dimensão que não é necessária e automaticamente atingida pelo livre funcionamento do mercado.
A política fiscal e funções do governo: Função alocativa, Função distributiva: Função estabilizadora
cumpre três funções básicas: Função alocativa: refere-se ao fornecimento de bens públicos, bens não oferecidos adequadamente pelo sistema de mercado. Acontece, ainda, que em determinados estágios de desenvolvimento econômico de um país a iniciativa privada, via o sistema de mercado, é incapaz de fornecer todos os bens necessários, especialmente aqueles de infraestrutura, que demandam investimentos de grande porte. Função distributiva: relacionada à distribuição de renda, já o sistema de preços nem sempre leva a uma distribuição de renda desejável pela sociedade como um todo. A distribuição de renda resultante do livre jogo do mercado nem sempre é a desejada pela sociedade. Uma série de fatores estruturais, e às vezes conjunturais, produzem efeitos na remuneração dos fatores de produção, nem sempre adequados à manutenção do crescimento econômico e do desenvolvimento social. Cabe ao Governo intervir, transferindo a renda de uma parcela da população para outra através dos seguintes instrumentos:
 Função estabilizadora: busca alterar o comportamento dos preços e emprego, uma vez que nem a estabilidade de preços, nem o pleno emprego ocorrem de modo automático. Como vimos na aula anterior, o Estado tem um papel importante na manutenção dos níveis de emprego na economia, pois o montante de seus gastos e dos impostos aplicados pode gerar um efeito positivo ou negativo no crescimento econômico. O modelo keynesiano, brevemente apresentado na aula anterior, estabelece as bases conceituais para essa ação. 
A principal contribuição desse modelo foi, exatamente, mostrar que o mercado por si só não teria as condições de manter a economia nos níveis de pleno emprego, cabendo ao Estado, através da política fiscal.
Além da política fiscal, o governo dispõe, para esse fim, das políticas monetárias, o conjunto de ações sobre a moeda e os juros. Suponha que a demanda agregada esteja em declínio, por exemplo, por conta de um aumento dos impostos. Os empresários, prevendo uma redução nas suas vendas, deixam de contratar novos empregados, ou mesmo reduzem o quadro dos funcionários contratados, fazendo demissões.
Aula 03: A organização das finanças públicas: o processo orçamentário
O Estado tem necessidade de criar uma organização capaz de auferir, controlar e aplicar os recursos necessários ao cumprimento de suas funções, em especial no que concerne às suas atividades fiscais. Pelas características do Estado contemporâneo, fundado nas bases do Direito, essa organização se dá por meio da implantação de uma estrutura racional, que, de forma sistemática e com base na lei, desempenhe essas atividades. Ela se estabelece em dois conjuntos de diretrizes: a Política Tributária e a Política Orçamentária. O primeiro refere-se à realização da receita e o segundo, à sistematização e ao controle dos ingressos e dos dispêndios financeiros do Estado. O orçamento é o instrumento de planejamento que representa o fluxo previsto de ingressos e de aplicação de recursos financeiros em determinado período. 
Toda e qualquer movimentação financeira verificada nos cofres públicos está no âmbito das Finanças Públicas, no entanto, em um sentido estrito, apenas aquelas constantes no orçamento são consideradas como tais. Obedecendo aos princípios legais, o orçamento na sua tramitação, desde a apresentação da proposta orçamentária até a sua aprovação, gerará seus efeitos com força de lei. Constituindo-se, dessa forma, no instrumento executivo de ação do Estado.
Organização das finanças públicasAs Finanças Públicas, como atividade de Estado, têm a sua organização estabelecida por leis que a definem. No Brasil, a matéria é disciplinada em especial pela Constituição Federal, pela Lei 4320/64 e pela lei Complementar nº 101/2000, que estruturam as linhas de atuação dos governos federal, estadual e municipal.
O objetivo final das Finanças Públicas é desempenhar a atividade fiscal, isto é, aquela atividade “desempenhada pelos poderes públicos com o propósito de obter e aplicar recursos para o custeio dos serviços públicos” (Matias-Pereira, 2010). Ela se estabelece em dois conjuntos de diretrizes:
POLITICA TRIBUTARIA: Correspondente à captação de recursos.
POLITICA ORÇAMENTARIA: Refere-se à orientação e à sistematização das receitas e dos gastos governamentais.
Na realidade, é a função orçamentária que conjuga todas, ou quase todas, as ações governamentais, estabelecendo, de forma sistemática, todos os ingressos e dispêndios financeiros do Estado. O orçamento é, então, o instrumento de planejamento que representa e condiciona o fluxo previsto de ingressos e de aplicação de recursos financeiros em determinado período. Toda e qualquer movimentação financeira verificada nos cofres públicos está no âmbito das Finanças Públicas, no entanto, em um sentido estrito, apenas aquelas constantes no Orçamento são consideradas como tais, tanto no que diz respeito à receita quanto à despesa.
A elaboração do orçamento do Estado é um processo longo e formal, envolvendo todas as esferas do poder público, cumprindo as etapas de planejamento, elaboração, discussão e aprovação. Vamos, agora, entender um pouco como o orçamento do estado se organiza e como se dá sua elaboração.
O Orçamento Geral da União (OGU) é formado pelo Orçamento Fiscal, da Seguridade e pelo Orçamento de Investimento das empresas estatais federais. A Constituição Federal de 1988 atribui ao Poder Executivo a responsabilidade pelo sistema de Planejamento e Orçamento que irá, então, gerir o processo orçamentário público, que compreende duas fases: as de elaboração e as de execução das leis orçamentárias. Isso significa que o orçamento expressa uma decisão coletiva, estabelecida em um processo político de negociação entre as esferas de poder estatal e a sociedade civil. Ao mesmo tempo em que o processo orçamentário cumpre um ritual estabelecido por lei, o próprio orçamento deverá se tornar, a cada exercício, em lei, para que resulte efetivamente no instrumento de execução da ação pública.
Receitas públicas: O Governo precisa de recursos para cumprir suas funções. O conjunto desses recursos arrecadados pelo Governo constitui as receitas públicas, definidas como “todos os ingressos de caráter não devolutivo auferidas pelo poder público, em qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura das despesas públicas. Dessa forma, todo o ingresso orçamentário constitui uma receita pública, pois tem como finalidade atender às despesas públicas” (BRASIL M. d.-S., 2007).
Na realidade, todo o recebimento de recursos financeiros pelo Estado denomina-se Receitas Públicas, seja registrado como orçamentário ou como extraorçamentário, mas, em um sentido estrito, apenas as despesas orçamentárias são referidas com receitas públicas, conforme figura (BRASIL M. d.-S., 2010):
Ingressos extraorçamentários: Os ingressos extraorçamentários são recursos financeiros de caráter temporário, sendo o Estado mero depositário desses recursos, que constituem passivos exigíveis e cujas restituições não se sujeitam à autorização legislativa. Exemplos: depósitos em caução, fianças, operações de crédito por antecipação de receita orçamentária, emissão de moeda e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros. São os recursos financeiros que ingressam durante o exercício orçamentário e constituem-se em acréscimo ao patrimônio público. Elas são resultantes da cobrança de tributos ou da venda de produtos ou serviços colocados à disposição dos usuários. A partir desses recursos se viabiliza a execução das políticas públicas, isto é, a execução de programas e ações cuja finalidade é atender às necessidades públicas e demandas da sociedade.
As receitas orçamentárias podem ser classificadas como receitas correntes e de capital.
RECEITAS CORRENTES: 
1. Receita Tributária: são os ingressos provenientes da arrecadação de impostos, taxas e contribuições de melhoria.
2. Receita de Contribuições: é o ingresso proveniente de contribuições sociais, destinadas ao custeio da seguridade social, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de intervenção nas respectivas áreas. 
3. Receita Patrimonial: é o ingresso proveniente de rendimentos sobre investimentos do ativo permanente, de aplicações de disponibilidades em operações de mercado e outros rendimentos oriundos de renda de ativos permanentes.
4. Receita Agropecuária: é o ingresso proveniente da atividade ou da exploração agropecuária de origem vegetal ou animal.
5. Receita Industrial: o ingresso proveniente da atividade industrial de extração mineral, de transformação, de construção e outras, provenientes das atividades industriais, conforme definidas pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
6. Receita de Serviços: é o ingresso proveniente da prestação de serviços de transporte, saúde, comunicação, portuário, armazenagem, de inspeção e fiscalização, judiciário, processamento de dados, vendas de mercadorias e produtos inerentes à atividade da entidade e outros serviços.
7. Transferências Correntes: ingresso proveniente de outros entes ou entidades.
8. Outras Receitas Correntes: ingressos provenientes de outras origens não classificáveis nas subcategorias econômicas anteriores.
RECEITA DE CAPITAL: 
1. Operações de Crédito: ingressos provenientes da colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos e financiamentos obtidos junto a entidades estatais ou privadas.
2. Alienação de Bens: ingresso proveniente da alienação de componentes do ativo permanente.
3. Amortização de Empréstimos: ingresso referente a parcelas de empréstimos ou financiamentos concedidos em títulos ou contratos.
4. Transferências de Capital: ingresso, proveniente de outros entes ou entidades, cujo objetivo seja a aplicação em despesas de capital.
5. Outras Receitas de Capital: ingressos provenientes de outras origens não classificáveis nas subcategorias econômicas anteriores.
RECEITA ORIGINARIA: Você deve ter notado que, dos tipos de receita descritos, alguns se referem a atividades normalmente desempenhadas pelo setor privado, como as receitas provenientes da indústria ou da agricultura. Isso ocorre porque Estado pode desempenhar, como vimos, atividades produtivas identificadas com o setor privado. A essas receitas chamamos Receita Originária, proveniente das rendas produzidas pelos ativos do Poder Público, pela cessão remunerada de bens e valores ou aplicação em atividades econômicas (Matias-Pereira, 2010).
RECEITAS DERIVADAS: As outras receitas são aquelas que derivam “da prevalência do estado sobre o particular” (Matias-Pereira, 2010) são aquelas decorrentes da ação de natureza estatal e, por isso, compulsórias. Os tributos, as penalidades, as indenizações e as restituições constituem, daí, a chamada Receita Derivada.
Classificação das receitas
	Aula 04: Receitas públicas e tributos
Nesta aula, estudamos como se constitui a receita tributária e do lugar especial ocupado pelo imposto no quadro geral de arrecadação do Estado.
Entendemos, ainda, como o governo pode organizar seu sistema tributário, a partir da combinação de diversos tipos de impostos e considerando seus efeitos diferenciados sobre a economia.
As receitas públicas constituem-se por ingressos de diversas naturezas e servem para o Estado fazer frente a seus gastos. Dentre essas receitas, os impostos ocupam um lugar especial, por constituírem-se em uma fonte de arrecadação de caráter eminentemente estatal.  A função dos tributos e, em especial, dos impostos, dentro do quadro de políticaspúblicas governamentais, não se limita à cobertura dessas despesas, mas constituem-se em efetivo instrumento de intervenção estatal na economia. Afetam diretamente as decisões dos agentes econômicos quanto à alocação de recursos e geram efeitos decisivos no quadro de distribuição de renda.
Esses efeitos não se concretizam apenas no montante da carga tributária lançada sobre a sociedade, mas pela própria sistemática operacional de cada tipo de imposto, o que determina sobre quem incidirá, em última instância, o ônus do seu pagamento.
Receitas públicas e tributos: Vimos que o Estado tem a necessidade de gerar recursos financeiros que permitam o desempenho de suas funções. Esses recursos podem provir de uma variedade de fontes, como a prestação de um serviço, ou a venda de um bem, ou, ainda, como resultado de uma operação de capital, contudo, a realização de receita pelo Estado se dá por meio da arrecadação tributária. O art. 3o do Código Tributário Nacional (CTN, 1966) define tributo da seguinte forma: 
"Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada". Cria-se, então, a partir do estabelecido pela Constituição brasileira, um conjunto de regras, instrumentos e procedimentos que tem por objetivo instituir, efetuar fiscalizar a arrecadação tributária: o Sistema Tributário Nacional.
Características de um sistema tributário: No desenho de um sistema tributário algumas características devem ser observadas de forma a garantir os princípios constitucionais gerais estabelecidos. Assim, devem ser respeitados, (Giambiagi & Além,
O conceito da equidade estabelece que cada contribuinte deva contribuir com uma parcela justa para cobrir os custos do governo, por sua vez definida por duas abordagens (Giambiagi & Além, 2011):
   O princípio do benefício .
   O princípio da capacidade de pagamento .
O conceito da progressividade estabelece que a proporção paga deve variar com a capacidade de pagamento do indivíduo, de tal forma que o tributo incida mais sobre quem pode pagar mais. O melhor exemplo disso é a própria tabela do imposto de renda, parcialmente reproduzida, que estabelece faixas de renda e as respectivas alíquotas progressivas a serem aplicadas.
O conceito da neutralidade estabelece que um sistema tributário não deve distorcer a alocação dos recursos de modo a afetar a eficiência do sistema econômico. O imposto de renda, por exemplo, produz uma redução uniforme na capacidade de consumo dos indivíduos (embora, pela progressividade, os que ganham mais, paguem mais), não afetando, por isso, as decisões sobre alocação de recursos para o consumo e a produção de bens e serviços. Ao contrário, impostos seletivos sobre o consumo não atuam de forma neutra sobre a alocação de recursos, podendo inibir a demanda e, por extensão a produção de dado bem. Stiglitz (1999, citado por Giambiagi & Além, 2011) conta que a incidência de um imposto sobre janelas na Inglaterra, teria levado à construção de casa sem janelas.
O conceito da simplicidade refere-se à facilidade de operacionalização da cobrança de um tributo. A forma de aplicação deve ser de fácil entendimento pelo contribuinte, assim como a cobrança, a arrecadação e o processo de fiscalização não devem representar grandes gastos para o governo. Quem já fez a declaração de imposto de renda, no entanto, sabe que esse conceito pode ter uma interpretação bastante elástica, pois, embora seja fácil o entendimento de seu princípio e aplicação, o cálculo das deduções para apuração do imposto final pode ser bem complicado.
Limite da cobrança de imposto: Pode-se pensar que o governo tem capacidade de financiamento quase infinita, pois qualquer aumento na despesa poderá ser custeado pelo aumento de impostos. Na verdade, existe um limite a cobrança de impostos, dado pela disposição decrescente dos contribuintes em entregar uma parte de seus rendimentos, fruto de seu esforço, ao fisco. Nem todo aumento nas alíquotas dos impostos corresponderá a um aumento da receita do governo. A relação entre o aumento das alíquotas e a receita total foi expressa por Arthur Lafer na chamada “curva de Lafer”.
Curva de Laffer: Segundo esse modelo, a partir de um determinado nível de carga tributária, haverá uma redução e não um aumento da receita para qualquer aumento da alíquota do imposto. A partir desse ponto, os agentes econômicos não estarão dispostos a produzir mais ou sonegarão impostos.
Com uma alíquota nula, a receita é nula.
Com uma alíquota de 100%, a receita também é nula, pois ninguém estará disposto a trabalhar para ver toda a sua renda ser apropriada pelo governo.
A receita governamental, então, irá crescendo, a partir da alíquota zero, até o ponto a partir do qual a atividade econômica geradora do imposto deixará de ser interessante ao indivíduo, pois sua renda seria crescentemente destinada ao pagamento de impostos.
Entre esses dois pontos, então, haveria uma alíquota que maximizaria a receita do governo, conforme demonstra o gráfico.
Esse ponto de maximização da receita governamental corresponderia, então, ao limite da capacidade de cobrança de impostos: qualquer aumento da alíquota do imposto, nesse ponto, corresponderia a uma efetiva diminuição na receita tributária.
Classificação dos tributos: Para que tenhamos uma visão clara dos efeitos gerados pelos impostos sobre a sociedade e sobre o contribuinte, seja pessoa física ou jurídica, podemos classificá-los de diversas maneiras que, embora superpostas, realçam suas características específicas, melhorando nosso entendimento sobre eles. 
Em termos gerais os impostos são classificados como: Os impostos diretos incidem sobre a renda e o patrimônio dos indivíduos e empresas, exemplos são o imposto de renda e o imposto sobre herança. O pagamento, nesse caso, é feito diretamente pelo contribuinte. Exemplos: IR, IPTU, IPVA e ITR. O imposto indireto é aquele que incide sobre as transações de mercadorias e serviços, isto é, sobre o consumo ou a venda de bens. O valor do tributo está incluso no preço da mercadoria ou serviço adquirido pelo consumidor final, cabendo ao vendedor (comerciante, industrial ou prestador de serviço) repassar o valor do imposto aos cofres públicos. Afetam de modo igual a todos os contribuintes, pois seu encargo independe da renda ou da riqueza do indivíduo. Quanto à forma de calculo, o imposto pode ser ad valorem, um valor percentual aplicado sobre o valor da mercadoria ou serviço, ou específico, correspondente a um valor fixo aplicado sobre uma medida do produto (unidades, peso, volume etc.). Exemplos: ISS, ICMS e COFINS.
Classificação dos tributos
REGRESSIVO: São aqueles em que a alíquota do imposto não é proporcional ao nível de renda, fazendo com que o peso relativo do imposto seja maior para os menores níveis de renda. É o caso dos impostos sobre o consumo, pois são calculados tendo por base o preço do produto e não a renda do consumidor /contribuinte. Por exemplo, o ICMS incidente sobre as mercadorias é fixo, fazendo com que a população de menor poder aquisitivo tenha uma proporção maior de sua renda destinada ao pagamento do imposto. Fazendo numericamente, para ilustrar:
   Preço da mercadoria: R$ 100,00
   Alíquota do imposto: 19%
   Valor do imposto: R$ 19,00
   Proporção do imposto em uma renda de R$ 2.000,00: 19,00 / 2000,00 = 0,95% (menos de 1%) da renda.
   Proporção do imposto em uma renda de R$ 600,00: 19,00 / 600,00 = 3,2% da renda.
Isso demonstra que esse tipo de imposto incide mais fortemente sobre a população com menor poder aquisitivo.
PROPORCINAIS E NEUTROS: São aqueles em que o aumento do imposto pago é proporcional ao aumento na renda. Não aplicado no Brasil.
PROGRESSIVO: Correspondem àqueles em que o aumento da contribuição é proporcional ao aumento da renda, recaindo mais fortemente sobre o contribuinte com maior poder aquisitivo. É o caso do imposto de renda, conforme mostra a tabela apresentada quando discutimoso conceito de progressividade.
Finalmente, podemos classificar os impostos em impostos sobre usos e impostos sobre fontes. Os impostos sobre usos são aqueles aplicados sobre alguma destinação específica das transações econômicas, como o imposto sobre o consumo (o caso visto do ICMS). Os impostos sobre fontes referem-se aos diversos tipos de rendimentos auferidos pelo contribuinte, como salário, lucro, renda de aluguel etc., cujo exemplo típico é o imposto de renda.
Bases legais da tributação: A cobrança de um tributo ocorre a partir de um fato gerador, um evento que, a partir de sua ocorrência, gera a obrigação de se pagar o tributo. O cálculo do imposto a ser pago é feito a partir da aplicação da alíquota definida sobre a base de cálculo do imposto, ambos definidos em lei. Exemplos de fato gerador: a venda de uma mercadoria, o recebimento de uma renda, a venda de um imóvel. De acordo com a Constituição de 1988, a criação de um tributo se dá por meio de leis ordinárias e devem subordinar-se a alguns princípios, conforme consta, também no CNT (Matias-Pereira, 2010), são eles:
1. Legalidade: um tributo só pode ser pago ao amparo da lei.
2. Irretroatividade: a lei só pode ter seus efeitos aplicáveis sobre fatos que ocorram após a sua promulgação. Só pode retroagir se for em benefício do contribuinte.
3. Anterioridade: a lei não pode ser aplicada no mesmo exercício em que foi aprovada.
4. Isonomia: deve-se dar o mesmo tratamento respectivo a cada faixa de renda.
5. Uniformidade da tributação: não são permitidos privilégios tributários, salvo no caso de incentivos fiscais para o desenvolvimento de uma região do país ou um setor em especial.
6. Capacidade contributiva: o tributo deve ser proporcional à renda do indivíduo.
7. Proibição de confisco.
8. Não cumulatividade: um imposto já pago pode ser compensado no cálculo do mesmo imposto devido.
9. Imunidade recíproca: um tributador não pode tributar outro, como no caso da relação entre União, Estados e Municípios.
Aula 5: Despesas públicas e orçamento
O Governo, no cumprimento das suas finalidades, realiza gastos que atendem às suas necessidades de custeio e de investimento, cobrindo as operações rotineiras e o aumento do patrimônio do Estado. As atividades resultantes constituem o conjunto das políticas públicas através das quais são atendidas as necessidades da sociedade e da manutenção do próprio aparelho estatal. Na realidade, a execução dessas ações cumprem um duplo papel: o de gerar os bens e serviços públicos necessários à sociedade e o de gerar um efeito de estímulo ao crescimento, decorrente da injeção de recursos na economia. A peça fundamental no detalhamento e na distribuição das ações de governo, obedecendo a uma lógica política na sua elaboração, é o orçamento público. Nele, na sua constituição, são definidas a alocação dos recursos nas diversas áreas e as prioridades na sua execução.
Nesta aula, analisaremos o gasto governamental, um dos principais, instrumentos, se não o principal, de política
Despesas Pública: As Despesas Públicas ocorrem na realização, pelo Governo, dos gastos necessários ao cumprimento de suas funções, conforme vimos nas aulas 1 e 2, atingindo um duplo objetivo:
Por um lado, quando o governo executa suas ações, injeta dinheiro na economia, seja pagando salários aos funcionários públicos, que irão gastá-lo adquirindo bens no mercado, seja contratando empresas para alguma prestação de serviços ou para o fornecimento de bens necessários às operações do Estado. 
O resultado desse gasto é o aumento do consumo e do investimento, resultando no aumento da renda. A equação vista, Y = I + C + G – T, mostra exatamente que um aumento nos gastos do governo (G) leva a um aumento na renda (Y), gerando, por sua vez, aumentos no consumo e no investimento, no que se chama de efeito multiplicador dos gastos do governo. 
Resulta daí a célebre recomendação, atribuída a Keynes, de que seria benéfico à economia que o governo pagasse operários para enterrar e desenterrar latas, o que seria uma atividade inútil por si, mas que, pelos salários pagos, elevaria o nível de renda. Assim, a política fiscal, no contexto do conjunto das políticas econômicas, servirá como instrumento de estímulo ao crescimento econômico, o que corresponderia ao cumprimento de sua função estabilizadora,sem contar os efeitos sociais obtidos por aquela despesa.
No entanto, felizmente, os gastos governamentais não são utilizados de forma inútil (embora alguns possam discordar, e veremos, adiante, o porquê dessa opinião); servem para que o governo cumpra suas funções alocativa e distributiva. Os gastos do governo servirão aos objetivos, do governo e da sociedade, de desenvolvimento social e econômico.
Por exemplo: um programa de prevenção à dengue geraria um duplo efeito:
 (1) haveria a injeção de mais recursos na economia através dos gastos que o governo fará na execução desse fim, a contratação de pessoal, a compra de equipamentos e, se o programa for bem feito (o que seria uma externalidade do programa).
(2) provavelmente teríamos a redução da dengue e todos os benefícios decorrentes.
Uniformes e equipamentos de segurança utilizados pelo Agente de Saúde 
ESTABILIZADORA - Porque aumenta a compra desses equipamentos, aumenta a produção e o investimento no setor. Se você respondeu ALOCATIVA, pensando na proteção que isso daria ao trabalhador, não se esqueça de que isso é apenas o cumprimento de uma determinação trabalhista. Como vimos, seria uma externalidade do programa.
Qualidade do meio ambiente 
ALOCATIVA - Embora os efeitos de tais ações não sejam muito percebidos, podemos dizer que há uma melhora no cuidado com o ambiente, principalmente por conta das campanhas educativas. Esta seria uma condição para o objetivo do programa: melhora no ambiente, eliminação do mosquito, redução da dengue.
Despesas Públicas: “A despesa pública é o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para o funcionamento e manutenção dos serviços públicos prestados à sociedade” (BRASIL, Ministério da Fazenda - Secretaria do Tesouro Nacional, 2011). No contexto de sua realização, conforme visto na aula 3, os dispêndios também são tipificados em orçamentários e extraorçamentários (BRASIL, Ministério da Fazenda - Secretaria do Tesouro Nacional, 2011).
As despesas orçamentárias correspondem àquelas realizadas pelo Estado para o funcionamento e a manutenção dos serviços públicos e que são previstas na Lei Orçamentária. 
Serão classificadas, por categoria econômica, em:
Despesas correntes: as chamadas despesas de custeio, referentes ao gasto habitual para a aquisição de bens e serviços utilizados pelo Estado no cumprimento de suas funções.
Despesas de capital: corresponderiam aos investimentos feitos pelo Estado, necessários ao exercício de suas atividades; são aquelas despesas que contribuem diretamente para a formação ou aquisição de bens de capital.
Orçamentariamente, as despesas são agregadas por suas características, quanto ao objeto de gasto, em seis grupos:
Pessoal e Encargos Sociais - Despesas com pessoal ativo e inativo e pensionistas.
Juros e Encargos da Dívida - Pagamento de juros e encargos de operações de crédito internas e externas.
Outras Despesas Correntes - Despesas com aquisição de bens e serviços.
Investimentos - Aquisição de material permanente, equipamentos e execução de obras.
Inversões Financeiras - Aquisição de imóveis e bens de capital em uso e de títulos representativos de capital.
Amortização da Dívida - Despesas com pagamentos da dívida pública.
As despesas consolidadas desdobram-se em elementos de despesas que detalham as saídas em nível de registro contábil. Dois outros grupos de conta, a Reserva de Contingência e a Reserva do Regime Próprio de Previdência Social - RPPS, constituem-se por obrigações contingenciais ou imprevistas, dispondo de uma classificação independente das outras despesas.
Quando vemos no jornal as acaloradas discussões sobre quanto o governo gasta com a educação, com a saúde ou com os juros da dívida pública, estamos assistindo a uma discussãode natureza política sobre que setores da sociedade estão sendo beneficiados pelos gastos governamentais. 
Isto quer dizer que o cumprimento das funções do Estado pressupõe uma decisão sobre como serão distribuídos os recursos entre as atividades a serem desempenhadas. Assim, estamos falando na distribuição dos recursos entre os órgãos do Estado que executarão esses gastos para o atendimento dessas funções.
As despesas EXTRAorçamentárias São aquelas que não constam da lei orçamentária anual, abrangendo aos dispêndios referentes a restos a pagar (despesas de outros exercícios não pagas), resgate de operações de crédito por antecipação de receita e saída de recursos transitórios.
Programas de Governo: A realização dos objetivos estratégicos do Governo é feita através de Programas definidos no Plano Plurianual – PPA para o período de quatro anos. Busca-se, dessa forma, maior racionalidade, eficiência e transparência na administração pública, ampliando a visibilidade dos resultados e benefícios gerados para a sociedade.   (BRASIL, Ministério da Fazenda, Tesouro Nacional, 2008).
O Programa é peça fundamental na organização da administração pública, articulando um conjunto de ações voltadas para um objetivo comum, visando à solução de um problema ou ao atendimento de determinada necessidade ou demanda da sociedade. O Manual de Despesa do Tesouro Nacional estabelece que:
O programa é o módulo comum integrador entre o plano e o orçamento. O plano termina no programa e o orçamento começa no programa, o que confere a esses instrumentos uma integração desde a origem. O programa, como módulo integrador, e as ações, como instrumentos de realização dos programas. 
(BRASIL, Ministério da Fazenda, Tesouro Nacional, 2008).
 
Aula 06: Despesas públicas e orçamento
No cumprimento de suas funções, o Estado vê-se diante de demandas, por parte da sociedade, que o pressionam na direção da realização de gastos crescentes. Os limites ao atendimento a essas demandas são dados pela receita pública e pela capacidade de endividamento do governo, pois os efeitos macroeconômicos gerados pelo acúmulo de déficits nas contas públicas podem ser devastadores. A política fiscal, no entanto, conforme visto, é um dos instrumentos de política econômica utilizados para alavancar o crescimento econômico e o desenvolvimento social, combinando-se, para esse fim, com a política monetária. Torna-se importante, então, neste nosso estudo, entender como administrar o déficit público, como ele é medido e como é financiado, posto que o equilíbrio fiscal e o controle da inflação são duas diretrizes básicas na condução das políticas econômicas.
Na execução da política fiscal, isto é, na execução das políticas de arrecadação e de gastos do governo, interessa-nos especialmente entender o impacto líquido sobre a sociedade. Este é o significado das políticas fiscais.
Orçamentariamente, e de forma bem simples, quando a arrecadação do governo é maior do que seus gastos, temos uma condição de superávit; ao contrário, quando os gastos superam as receitas governamentais, temos uma condição de déficit.
Déficit público e economia: 
1: Como é função do governo, entre outras, estimular o crescimento econômico, e como, no desempenho de suas funções, ele é chamado a gastar cada vez mais, entender e administrar o déficit público é um ponto central nas discussões sobre as finanças públicas. As ações imediatas de Política Fiscal em caso de déficit são o aumento de impostos ou o corte nos gastos. No entanto, pelo impacto que tais medidas podem ter sobre a economia, pode-se considerar financiá-lo com recursos extrafiscais, obtendo os recursos necessários no Banco Central ou no setor privado. O impacto dessas duas formas sobre a economia é diferenciado pelo efeito que provocam na quantidade de moeda em circulação e sobre o grau de endividamento do governo.  
2: Na primeira forma, o Tesouro Nacional obtém o recurso do Banco Central, que, por sua vez, emite moeda para compensação do déficit. Essa forma é, por isso, inflacionária, pois eleva a quantidade de moeda em circulação, criando o que se chama de imposto inflacionário, isto é, uma diminuição do poder aquisitivo da população pela defasagem verificada em um ambiente inflacionário, entre os preços e os salários, pois estes são normalmente corrigidos após a elevação dos preços. Isso é uma decorrência do monopólio de emissão do Banco Central e da sua capacidade de emitir quase indefinidamente, fazendo que a moeda, pelo aumento da quantidade em circulação, perca seu valor frente aos bens e serviços ofertados.
3: Na primeira forma, o Tesouro Nacional obtém o recurso do Banco Central, que, por sua vez, emite moeda para compensação do déficit. Essa forma é, por isso, inflacionária, pois eleva a quantidade de moeda em circulação, criando o que se chama de imposto inflacionário, isto é, uma diminuição do poder aquisitivo da população pela defasagem verificada em um ambiente inflacionário, entre os preços e os salários, pois estes são normalmente corrigidos após a elevação dos preços. Isso é uma decorrência do monopólio de emissão do Banco Central e da sua capacidade de emitir quase indefinidamente, fazendo que a moeda, pelo aumento da quantidade em circulação, perca seu valor frente aos bens e serviços ofertados.
4: A obtenção dos recursos com o setor privado, a segunda forma, é feita com a emissão de títulos da dívida pública, trocados por moeda em circulação, o que não traria, de imediato, efeitos inflacionários, mas elevaria o montante da dívida pública. Eventualmente, a depender das condições de crescimento da dívida, o governo poderia ser obrigado a elevar as taxas de juros oferecidas de modo a atrair investidores, internos e externos. Uma consequência disso seria a diminuição dos investimentos no setor produtivo, que seriam voltados para os empréstimos ao governo.  O aumento da dívida, considerada como uma proporção do PIB, poderia, enfim, aumentar o risco percebido pelos emprestadores e forçar uma escalada nos juros.
5: Este é, na verdade, um ponto importante: o nível dos juros é, em parte, função do risco percebido pelo emprestador: quanto maior o risco de uma operação, maiores os juros a partir dos quais os investidores estariam dispostos a aplicar seu capital. Em se tratando de empréstimos a governos, o risco associado resulta da capacidade percebida de pagamento. Assim, países desenvolvidos, como os Estados Unidos, pelo tamanho de sua economia e da força de seu Estado, são avaliados como de risco baixo para o investidor, isto é, supõe-se que eles sempre honrarão os títulos emitidos. Seus governos podem, então, mesmo com um elevado nível de endividamento, trabalhar não só com níveis baixíssimos de juros, mas, principalmente, oferecer títulos de longo prazo, com vencimento para mais de 10 anos.
6: Situações como essa, normalmente aplicáveis a países desenvolvidos, podem, no entanto, ser revertidas, por conta de um continuado crescimento da dívida pública ou de fatores externos que se combinem para forçar uma diminuição no grau de confiança na capacidade de um país gerenciar sua dívida. Recentemente, vários países desenvolvidos, como a França, bem avaliados pelas Agências de Risco, tiveram suas notas reduzidas em função da perda de confiança resultante dos níveis de endividamento de alguns países europeus.  
Títulos públicos
São títulos financeiros emitidos pelo governo com a finalidade de captar recursos, visando:
1: Financiar o déficit orçamentário
2: Realizar operações para fins específicos, definidos em lei.
3: Refinanciar a dívida pública.
Esses ativos são ofertados considerando um prazo de resgate e uma remuneração que pode incluir, além dos juros, a correção monetária e a correção cambial. Podem ser oferecidos internamente ou internacionalmente, buscando captar recursos externos.
Os títulos são emitidos no mercado interno sob as formas de:
1: Ofertas públicas para instituições financeiras (leilões)
2: Ofertas públicas para pessoas físicas.
3: Emissões diretas para finalidades específicas definidas em leis.O órgão responsável pela emissão dos títulos da dívida é o Tesouro Nacional. O Banco Central, além de funcionar como braço operacional do Tesouro, nas operações com os títulos, utiliza-os para realizar política monetária, por meio de operações de compra e venda no mercado secundário.
A Taxa Selic
O Banco Central mantém o Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, que é um sistema informatizado que se destina à custódia de títulos escriturais de emissão do Tesouro Nacional, bem como ao registro e à liquidação de operações com esses títulos. Esse sistema apura a chamada taxa Selic, obtida mediante o cálculo da taxa média ponderada e ajustada das operações de financiamento, lastreadas em títulos públicos federais e cursadas no referido sistema ou em câmaras de compensação e liquidação de ativos.
As fontes de dados para as contas públicas
A apuração das contas públicas, isto é, o registro e a consolidação de todas as despesas e receitas do governo que sirvam para a tomada de decisões sobre a política fiscal, é um processo bastante complexo, já que envolve uma diversidade de órgãos governamentais distribuídos pelas diversas esferas de governo. Giambiagi e Além (2011) informam que até a década de 80 não era possível se conhecer com precisão qual o montante do déficit público, situação já superada, com a evolução da qualidade dos indicadores sobre a situação fiscal.
No Brasil, o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – é o órgão encarregado de fazer a apuração das contas nacionais, mas, devido à defasagem na publicação dos dados e a questões de ordem metodológica , não é mais uma referência para o debate fiscal.
Atualmente, o Banco Central – BC faz a apuração do resultado fiscal. Na página  do BC na internet podem ser encontrados indicadores econômicos diversos, inclusive, sob o título Capítulo IV – Finanças públicas, e informações sobre as contas do governo.
O déficit público
A consequência dessa complexidade é que ocorrem discrepâncias na apuração das contas públicas, quando comparamos o detalhamento dos gastos com as necessidades de financiamento, impondo a necessidade de cálculos distintos (Giambiagi & Além, 2011):
• Acima da Linha. O método ¿acima da linha¿ mede o déficit a partir da variação do endividamento público.
• Abaixo da linha.
A utilização desses dois métodos explica-se pela impossibilidade de se calcular exatamente o montante das receitas e despesas governamentais, fazendo com que o resultado apurado (déficit ou superávit) não represente a realidade das contas, resultado de erros ou omissões na apuração. Para contornar-se esse obstáculo, utiliza-se o segundo método, pois certamente a variação do endividamento espelhará o resultado fiscal, embora não o faça de forma detalhada, quer dizer, não explica o resultado pelo detalhamento das receitas e despesas. .
Conceitos de déficit público
Na realidade, podemos falar de vários déficits, de acordo com o conceito que se aplique, conforme abaixo (Pinho, Vasconcellos, & Toneto Jr, 2011):
Déficit Nominal ou total: Necessidades de Financiamento Líquido do Setor Público não Financeiro – NFSP – conceito nominal é o déficit total de todas as esferas de governo (união, governos federal, estaduais e municipais, empresas estatais e previdência social). Incluem-se nele os juros, a correção monetária e a correção cambial da dívida passada.
Déficit Primário ou Fiscal: é o déficit nominal, excluídos os juros, a correção monetária e a correção cambial da dívida anterior. Corresponde, na prática, à diferença entre a arrecadação tributária e os gastos públicos no exercício.
Déficit Operacional corresponde ao déficit primário acrescido dos juros reais da dívida passada, excluídas as correções monetária e cambial, também chamado de necessidades de financiamento do setor público – conceito operacional.
Déficit de caixa: Este conceito considera apenas a parcela do déficit público financiado pelas autoridades monetárias (basicamente o banco central, excluindo todos os outros financiamentos, como o concedido pelos fornecedores de bens e serviços.
Giambiagi&Além (2011) mostram que o resultado nominal, embora adequado para medir o resultado fiscal, não se mostrou acurado, no entanto, para situações de alta inflação, como a verificada no Brasil no período do final da década de 70 até  meados da década de 90. Isto porque o déficit público pode ser interpretado como causa da inflação, mas também é resultado de uma inflação elevada, considerando a influência dos juros e da correção monetária – mais altos em uma situação de inflação. Assim, a maioria dos analistas passou a utilizar o conceito de resultado operacional, que, ao expurgar o componente inflacionário do cálculo, dá uma melhor medida do impacto do resultado fiscal sobre a demanda agregada.
As Necessidades de Financiamento do Setor Público, pelo conceito de acima e abaixo da linha são definidas, então, pela variação do endividamento do setor público não financeiro junto ao sistema financeiro e ao setor privado, nacional ou estrangeiro, conforme os critérios estabelecidos pelo Fundo Monetário Internacional. Deve-se, finalmente, levar em conta que das NFSP devem-se descontar os ativos financeiros em poder do governo (como créditos junto ao setor privado ou as reservas internacionais em poder do BC), constituindo-se, dessa forma, na Dívida Líquida do Setor Público.
O caráter regressivo do sistema tributário brasileiro
Para aprofundarmos um pouco a questão sobre o caráter do sistema tributário brasileiro,  vamos retomar o assunto.
Uma indústria vende no seu “show room” diretamente para o consumidor. Como a indústria recolhe o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e supondo que a alíquota do imposto seja 10%, acrescenta-se ao preço da mercadoria de R$ 100,00 os 10 % referentes ao imposto, repassando-o ao consumidor:
Preço R$ 110,00
ImpostoIPI R$ 10,00
Preço s/ Imp.R$ 100,00
R$ 210,00 preço
R$ 10,00 de imposto
R$ 200,00 pelo produto
Suponha que a alíquota do imposto aumentasse, passando de 10% para 15%. O que aconteceria? A nova alíquota incidiria sobre o preço final:
• Preço R$ 215,00
• Imposto IPI: R$ 15,00
• Preço do produto sem imposto: R$ 200,00
Você poderia argumentar que todos os custos de uma mercadoria são pagos pelo consumidor, pois estão incluídos no preço. Mas isso é verdade apenas para os impostos indiretos, que são calculados a partir do preço da mercadoria. Para os impostos diretos, que referem-se ao imposto não pode ser repassado ao consumidor. Vejamos o caso do imposto de renda.
Aula 07: Finanças públicas e desenvolvimento
A partir da compreensão de como o governo estimula o crescimento econômico e de como organiza o desenvolvimento social, cabe uma reflexão sobre como, objetivamente, pode-se medir a efetividade da ação do Estado. Índices diversos são construídos com esse objetivo, porém são parciais nessa avaliação, pois revelam apenas aspectos parciais da realidade, não medindo, ao final, algo que se torna difícil mesmo de definir: o grau de acesso aos benefícios do desenvolvimento. Faremos, nessa aula, uma breve discussão sobre o assunto. Como os tributos tem o papel de suprir os recursos para o Estado realizar suas políticas desenvolvimentistas e, ao mesmo tempo, tem um efeito depressivo sobre a atividade econômica, cabe discutir os efeitos específicos do sistema tributário brasileiro sobre o nosso desenvolvimento. Discutiremos, em continuação, o debate em torno da reforma tributária.
Indicadores sociais e econômicos
O Estado, para aferir a efetividade de suas ações, utiliza-se de indicadores específicos aplicados a seus programas. Isto porque os objetivos buscados pelo Estado têm um caráter variado, não buscam apenas resultados econômicos, mas, de forma ampla, resultados de caráter social, demandando a construção de índices específicos a cada tipo de projeto. Assim, por exemplo, ao desenhar um programa de alfabetização, mediremos os resultados alcançados através do índice de analfabetismo. 
Para avaliar o resultado da ação do Estado sobre a sociedade como um todo, nosutilizaremos, igualmente, de índices específicos construídos para esse fim. Esses indicadores servem para medir e comparar, em nível doméstico e internacional, o grau de crescimento econômico e de desenvolvimento social, resultantes do conjunto de políticas públicas implementadas.
PIB
Os indicadores do produto nacional são utilizados habitualmente para aferirmos a atividade econômica. O Produto Interno Bruto, por exemplo, mede o total da produção no país, independentemente da origem dos fatores de produção utilizados, e pode ser representado pela equação Y = C + I + G + E - M. Significa que, partindo-se do que é consumido pela sociedade, deduz-se a importação, isto é, o que foi produzido fora da economia local, soma-se a exportação, pois foi produzida, embora não consumida, internamente e acrescenta-se, por fim, a parcela da produção interna destinada à produção de bens de capital (máquinas, equipamentos e imóveis). Temos então uma medida da produção dentro de um país independentemente da origem dos fatores de produção. O PIB nos serve, então, para medir o nível de atividade econômica no país , analisando seu comportamento no tempo, seu crescimento e a velocidade desse crescimento. No entanto, não nos fornece uma série de informações sobre a qualidade desse crescimento, em termos dos bens produzidos e dos efeitos ambientais gerados, nem sobre os benefícios gerados para a população, em termos de distribuição de renda, por exemplo.
PIB per capita
O PIB per capita nos dá uma melhor informação sobre o nível da atividade econômica, considerando o tamanho da população. Na verdade, o PIB simplesmente nos informa o tamanho absoluto da produção da economia, mas, cabe perguntar, quantos concorreram a essa produção e quantos foram por ela beneficiados.
O PIB per capita ao medir a produção em relação ao tamanho da população nos dá uma melhor informação sobre o grau de desenvolvimento de um país, ao relacionar tamanho do produto e população.
Embora qualifique um pouco mais a informação sobre o tamanho da economia, o PIB per capita não resolve as críticas apontadas para o PIB e, principalmente, é um indicador do produto médio, não nos informa sobre a distribuição da renda entre a população.
Índice de Gini
A medida da distribuição (ou da concentração) da renda pode ser obtida pelo índice de Gini. Varia de zero – igualdade perfeita a um – desigualdade perfeita. Este índice, por nos informar sobre a distribuição da riqueza, parece mais indicado para medir o grau de desenvolvimento de uma sociedade, assumindo-se como pressuposto a correlação entre a distribuição de renda e o acesso aos bens e serviços necessários a nossa existência.
Índice de Desenvolvimento Humano – IDH
O IDH objetiva estabelecer um índice que expresse a qualidade de vida de uma população não apenas de um ponto de vista econômico, mas também considerando as dimensões sociais, culturais e políticas.
Os Relatórios de Desenvolvimento Humano, publicados desde 1990 pelo PNUD, propõem uma agenda sobre temas relevantes ligados ao desenvolvimento humano e reúnem tabelas estatísticas e informações que compõem o índice. As tabelas abrangem os seguintes indicadores: Características do Município, Saúde, Educação, Renda, Moradia e População.
Indicadores econômicos e sociais
Tributos e desenvolvimento
A arrecadação e a destinação dos tributos desempenham, como vimos, um importante papel na promoção do desenvolvimento nacional. Parte dessa ação se dá através dos estados e municípios, executores, por si, das políticas de desenvolvimento locais. Nesse sentido, o sistema tributário brasileiro prevê a distribuição dos recursos provenientes dos tributos da esfera federal para as esferas estaduais e municipais, assim como entre o estado e o município.
A reforma tributária
As características marcantes do sistema tributário brasileiro – a carga tributária pesada, sua falta de equidade e seus efeitos sobre a competitividade – além da sua complexidade e das transformações ocorridas no ambiente econômico nacional e internacional, principalmente no acirramento da competição -, fizeram surgir a necessidade de uma nova reforma tributária – RF.
Essa reforma, nos seus objetivos de atualização, simplificação e eliminação de distorções do sistema, deve buscar (Giambiagi & Além, 2011):
1. Minimizar os efeitos negativos sobre a competitividade;
2. Reduzir autonomia dos níveis subnacionais (estados e municípios), buscando uma maior integração entre eles;
3. Simplificar o sistema de impostos, reduzindo a variedade de bases existentes e concentrando-as em torno das três 
4. principais bases: o consumo, a renda e a propriedade;
5. Reduzir os impostos de natureza cumulativa, considerando, em especial, seus efeitos sobre a competitividade das exportações; As contribuições sobre salários e patrimônio, embora a tendência mundial de redução das alíquotas incidentes sobre salários permitem um grau de progressividade adequado;
6. A tributação sobre o fluxo de bens e serviços deve buscar a harmonização dos sistemas tributários domésticos, centralizando mais seu controle. A atual legislação sobre o ICMS permite um grau de autonomia aos estados que o torna um imposto complexo e confuso, favorecendo ainda a “guerras fiscais”;
7. A alteração nas regras de tributação dos fluxos interestaduais, que define se a tributação se dá na origem ou no destino da operação;
8. A harmonização da tributação de mercadorias e serviços por um imposto sobre o valor agregado.
A discussão em torno da reforma é complexa porque, embora não se busque o aumento da carga tributária, haverá uma redistribuição dos recursos entre os agentes que compões a sociedade, tanto entre as esferas de poder, como entre os setores produtivos e a população, considerada pela perspectiva das classes de renda. 
Giambiagi e Além (2001) apresentam os termos dessa discussão, cujos pontos focais estão no aperfeiçoamento da taxação sobre o valor agregado (especificamente a unificação do ICMS), na eliminação da cumulatividade dos impostos e na adoção do princípio do destino.
Princípio do destino é aquele em que o imposto é repassado ao Estado onde a mercadoria é consumida.
Vamos examinar, a partir de agora, as finanças públicas do Estado brasileiro ao longo dos últimos anos. Ao fazermos isso, iremos rever os conceitos que estudamos até aqui e aprenderemos algumas noções novas, específicas ao momento examinado, o que nos permitirá, ao final, termos um quadro razoavelmente completo das relações entre Estado e Sociedade.
Aula 08: As finanças públicas no Brasil
À medida que o Brasil busca, em um movimento conjunto da sociedade e do governo, desenvolver-se em termos econômicos e sociais, cresce a necessidade de instrumentos de políticas econômicas, em especial de políticas fiscais, mais sofisticados, capazes de gerir uma sociedade em transformação. O objetivo desta aula é traçar um quadro com as principais transformações ocorridas dentro do aparelho estatal, especialmente na segunda metade do século XX, no seu esforço desenvolvimentista. Buscaremos também entender, em termos gerais, como o país enfrentou os principais momentos críticos no cenário internacional.
Estado e Sociedade
Como vimos, o Estado desempenha um papel fundamental para a promoção do desenvolvimento econômico e social, seja estimulando as atividades desejadas, seja desempenhando-as diretamente.
A forma como busca obter esses resultados é definida pela inter-relação das circunstancias do ambiente nacional e internacional e pelas doutrinas prevalecentes para a condução dos negócios do Estado.
Desde a noção do Estado mínimo, com uma participação restrita às funções essenciais (a definição dessas funções faz parte da discussão), até o Estado intervencionista, dos sistemas centralmente planejados, temos uma variedade de doutrinas a definir essa atuação.
A discussão assume caráter filosófico, na medida em que busca estabelecer a própria forma de organização e destino de cada sociedade e, por extensão, da humanidade. Para entendermos a atuação do Estado brasileiro de uma perspectiva histórica

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