Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 5 – Governança Corporativa 5.1 Introdução O que é Governança Corporativa? A expressão Governança Corporativa, de acordo com Chagas (2007), originou-se da expressão inglesa corporate governance, significando o sistema pelo qual os acionistas tomam conta de sua empresa. De acordo com Carneiro (2000, p. 8), existe um desvio conceitual e também uma apropriação indevida, no Brasil, da expressão original inglesa. Segundo ele, “escolheu-se utilizar por aqui o anglicismo canhestro advindo da palavra governance, quando na verdade, para sermos claros, estamos nos referindo à administração corporativa [...]”. Na definição de Monteiro (2003, p. 2), Governança Corporativa trata-se do “conjunto de práticas adotadas na gestão de uma empresa que afetam as relações entre acionistas (majoritários e minoritários), diretoria e conselho de administração”. 5.2 Principais utilidades da governança e evidenciar as razões pelas quais investir na otimização da Governança Corporativa: 1ª. Redução dos conflitos: · Empresa menos refém de líderes narcisistas. · Direcionamento estratégico que o Conselho pode dar em relação à gestão da empresa. · Preservar os objetivos de longo prazo da empresa. 2ª. Benefícios: · Externos: facilidade na captação de recursos. · Internos: processo de decisão na alta gestão; separação de papeis entre acionistas, conselheiros e gestores; aprimoramento no processo decisório desde o planejamento até o controle da organização; diminuição de fraudes em decorrência do melhor gerenciamento das informações, melhor independência das pessoas e transparência dos stakeholders. Obs.: atenção maior às empresas familiares. 5.3 Principal mudança: as empresas passaram a ter uma estrutura de propriedade e uma estrutura de gestão. 5.4 Princípios da governança corporativa No entendimento do IBGC (2007), os princípios básicos de Governança Corporativa são: – Transparência: a administração deve cultivar o desejo de informar, pois a comunicação interna e externa deve ser sempre da melhor qualidade. Quando a comunicação é espontânea, clara e rápida ela gera um clima de confiança, tanto internamente como externamente. A comunicação deve ocorrer em todos os setores da empresa, desde o econômico-financeiro até os fatores intangíveis que conduzem à criação de valor; – Eqüidade: o significado dessa palavra é igualdade. Logo, é o tratamento justo e igualitário dos grupos minoritários, sejam de capital ou das demais partes interessadas, como colaboradores, clientes, fornecedores ou credores. Atitudes ou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são inaceitáveis; – Prestação de contas (accountability): é o princípio segundo o qual todos os agentes da governança corporativa devem prestar contas de sua atuação a quem os elegeu e respondem integralmente por todos os atos que praticarem no exercício de seus mandatos; – Responsabilidade corporativa: os conselheiros e os executivos devem zelar pela perenidade das organizações e incorporar considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações. Ela é uma visão mais ampla da estratégia empresarial, contemplando todos os relacionamentos com a comunidade em que a sociedade atua. A “função social” da empresa deve incluir a criação de riquezas e de oportunidades de emprego, qualificação e diversidade da força de trabalho, estimular o desenvolvimento científico por intermédio de tecnologia e melhoria de qualidade de vida por meio de ações educativas, culturais, assistenciais e de defesa do meio ambiente. Inclui-se, nesse princípio, a contratação preferencial de recursos (trabalho e insumos) oferecidos pela própria comunidade. Sendo assim, infere-se que a diretoria executiva deve informar os acionistas e as demais partes interessadas de suas atividades administrativas e econômico-financeiras, que deve haver a eqüidade de direitos para os grupos minoritários e também as demais partes interessadas (clientes, fornecedores etc.) e que os diretores e os conselheiros devem zelar pela perenidade das organizações. O IBGC (2007) expõe, ainda, os princípios da Governança Corporativa de acordo com a OCDE, sendo eles os seguintes: – Direitos dos acionistas: a estrutura da Governança Corporativa deve proteger os direitos dos acionistas de participar das decisões, bem como ser suficientemente informados sobre mudanças corporativas fundamentais. Os acionistas devem ter a oportunidade de participar efetivamente e votar nas assembleias gerais ordinárias, bem como ser informados sobre regulamentos, inclusive procedimentos de votação. Devem ser divulgadas estruturas de capital e medidas que permitam a alguns acionistas obter um nível de controle desproporcional à sua participação no capital da empresa; – Tratamento equânime aos acionistas: deve ser assegurado tratamento igualitário a todos os acionistas, inclusive os minoritários e os estrangeiros. Todos os acionistas deverão ter a oportunidade de obter efetiva reparação por violação de seus direitos. Práticas baseadas em informações privilegiadas e negociações abusivas deverão ser proibidas. Os conselheiros e a diretoria executiva devem ser obrigados a divulgar quaisquer fatos relevantes de transações ou assuntos que digam respeito à empresa; – O papel das partes interessadas (stakeholders) na governança corporativa: devem ser reconhecidos e assegurados os direitos das partes interessadas (stakeholders), conforme previsto em lei, e deve ser garantida a oportunidade de obter reparação efetiva pela violação de seus direitos, além de ser incentivada a cooperação ativa entre empresas e partes interessadas (stakeholders) na criação de riquezas, empregos e na sustentação de empresas economicamente sólidas; – Divulgação e transparência: deverá ser assegurada a divulgação oportuna e precisa de todos os fatos relevantes referentes à empresa, inclusive situação financeira, desempenho, participação acionária e governança da empresa. As informações devem ser preparadas, auditadas e divulgadas segundo os mais altos critérios contábeis, auditoria, divulgação financeira e não-financeira. Deverá ser realizada uma auditoria anual por um auditor independente, a fim de proporcionar uma garantia externa e objetiva sobre a maneira pela qual os demonstrativos financeiros foram preparados e apresentados. Os canais para a disseminação das informações devem permitir aos usuários acesso justo, oportuno e de custo aceitável às informações relevantes; 5.5 Lei Sarbanes-Oxley Como preventiva aos fatos relevantes ocorridos no início do século XXI em grandes empresas americanas, foi aprovado nos EUA a lei denominada Sarbanes-Oxley, a SOX, esta lei é aplicada a todas as empresas que negociam títulos com as bolsas de valores nos EUA, subsidiárias no Brasil de empresas com essas características. Um grupo de profissionais nos EUA, elaborou uma lista-resumo com princípios destinados à proteção dos interesses dos acionistas e demais interessados. São eles: · Objetivos da alta administração (Conselho) · Responsabilidades da alta administração · Interação · Independência · Experiência e integridade · Segregação de funções · Comitês · Informações e reuniões · Auditoria interna · Compensação · Apresentação da informação · Seleção · Avaliação 5.6 Exercícios 1. na sua opinião, quais são os elementos-chave de um bom ambiente de controle? Dê exemplos da atuação desses atributos na organização. 2. O que uma empresa familiar deve fazer para se manter competitiva de acordo com Sara Hughes (p. 20 do material complementar)?
Compartilhar