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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO ASSIS GURGACZ JOÃO PEZZINI MOTTA JUNIOR CONTINUIDADES DO BRUTALISMO PAULISTA: ANÁLISE DE UMA RESIDÊNCIA CONTEMPORÂNEA CONSTRUÍDA EM SÃO PAULO (1990-2018) CASCAVEL 2018 2 JOÃO PEZZINI MOTTA JUNIOR CONTINUIDADES DO BRUTALISMO PAULISTA: ANÁLISE DE UMA RESIDÊNCIA CONTEMPORÂNEA CONSTRUÍDA EM SÃO PAULO (1990-2018) Trabalho de Conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Fundação Assis Gurgcaz, apresentado na modalidade Teórico-Conceitual, como requisito parcial para a aprovação na disciplina: Trabalho de Curso: Defesa. Professora Orientadora: Tainã Lopes Simoni. CASCAVEL 2018 3 JOÃO PEZZINI MOTTA JUNIOR CONTINUIDADES DO BRUTALISMO PAULISTA: ANÁLISE DE UMA RESIDÊNCIA CONTEMPORÂNEA CONSTRUÍDA EM SÃO PAULO (1990-2018) DECLARAÇÃO Declaro que realizei em Outubro de 2018 a revisão linguístico textual, ortográfica e gramatical da monografia e artigo científico de Trabalho de Curso denominado: Continuidades do Brutalismo Paulista: Análise de uma Residência Contemporânea Construída em São Paulo (1990-2018), de autoria de João Pezzini Motta Junior, discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo – FAG e orientado por Tainã Lopes Simoni. Tal declaração contará das encadernações e arquivo magnético da versão final do TC acima identificado. Cascavel, 23 de Outubro de 2018. Nome completo Bacharel ou Licenciado em Letras/sigla instituição/ano de graduação RG nº (inserir nº do RG, e órgão de expedição). 4 CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO ASSIS GURGACZ JOÃO PEZZINI MOTTA JUNIOR CONTINUIDADES DO BRUTALISMO PAULISTA: ANÁLISE DE UMA RESIDÊNCIA CONTEMPORÂNEA CONSTRUÍDA EM SÃO PAULO (1990-2018) Trabalho apresentado no Curso de Arquitetura e Urbanismo, do Centro Universitário Assis Gurgacz, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação da Professora: Tainã Lopes Simoni. BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________________________ Professora Orientadora Centro Universitário Fundação Assis Gurgacz Tainã Lopes Simoni Arquiteta e Docente ______________________________________________________________________ Professor Avaliador Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Marcelo França dos Anjos Arquiteto, Mestre e Docente Cascavel/PR, 23 de Outubro de 2018. 5 RESUMO Esta monografia busca apresentar as características de uma série de residências brasileiras contemporâneas construídas nos últimos vinte e nove anos, em São Paulo, com base na análise da Residência Mariante (2001/2002), do escritório MMBB Arquitetos. O objetivo foi identificar a existência de características semelhantes relacionadas com as obras do Brutalismo Paulista, das décadas de 1950/70, particularmente, com a Residência Butantã (1964/1966), de Paulo Mendes da Rocha. A problemática de pesquisa, procurou saber quais são as características em comum entre as casas Mariante e Butantã, que convergem para a construção de uma linguagem própria dos projetos construídos entre os anos de 1990 e hoje? Para responder a pergunta, são aplicadas duas metodologias principais: a primeira, corresponde as pesquisas bibliográficas e documentais, para levantar informações acerca do assunto/tema, e coletar imagens dos documentos arquitetônicos das obras estudadas. A segunda, deu-se através da elaboração de desenhos gráficos, realizados à mão livre, para identificar as características do Brutalismo Paulista e do modelo de Francis Ching (2008). Palavras-Chave: Arquitetura Contemporânea Brasileira. Brutalismo Paulista. Residências Brasileiras Unifamiliares. Análise Arquitetônica. 6 ABSTRACT This monograph seeks to present the characteristics of a series of contemporary Brazilian residences built in the last twenty-nine years, in São Paulo, based on the analysis of the Mariante Residence (2001/2002), from the MMBB Architects office. The objective was to identify the existence of similar characteristics related to the works of Brutalismo Paulista, from the 1950s and 1970s, particularly with the Butantã’ Residence (1964/1966), by Paulo Mendes da Rocha. The research problem, sought to know what are the characteristics in common between the houses Mariante and Butantã that converge to the construction of a language own of the projects constructed between the years of 1990 and today? To answer the question, two main methodologies are applied: the first one corresponds to bibliographical and documentary research, to gather information about the subject / theme, and to collect images of the architectural documents of the works studied. The second was the development of freehand graphic designs to identify the characteristics of Paulista’s Brutalism and the model of Francis Ching (2008). Keyswords: Brazilian Contemporary Architecture. Paulista’s Brutalism. Brazilian Residences Single Family. Architectural Analysis. 7 LISTAS DE FIGURAS Figura 1. Residência Ivo Viterito - 1962 (à esquerda) e Residência Ariosto Martirani - 1970 (à direita), de Vilanova Artigas. ................................................................................................... 19 Figura 2. Linha do Cronológica do Tempo das Principais Residências Brasileiras Contemporâneas Construídas em São Paulo. ........................................................................... 26 Figura 3. Residência em Ribeirão Preto – 2000/2001, de SPBR Arquitetos + MMBB Arquitetos, Ribeirão Preto, São Paulo. ..................................................................................... 27 Figura 4. Residência no City Boaçava – 2004/2008, de MMBB Arquitetos, City Boaçava, São Paulo. ........................................................................................................................................ 28 Figura 5. Residência na Vila Romana – 2004/2006, de MMBB Arquitetos, Vila Romana, São Paulo. ........................................................................................................................................ 29 Figura 6. Residência T.R. – 2011/2016, de Andrade Morettin Arquitetos, Carapicuíba, São Paulo. ........................................................................................................................................ 30 As direitas, planta arquitetônica da mesma. ............................................................................. 37 Figura 7. Residência Mariante, 2001/2002, de MMBB Arquitetos, Aldeia da Serra, São Paulo. .................................................................................................................................................. 39 Figura 8. Espaços da Residência Mariante, 2001/2002, de MMBB Arquitetos, Aldeia da Serra, São Paulo. ................................................................................................................................. 40 Figura 9. Princípios de Sólidos Primários. .............................................................................. 44 Figura 10. Principais Transformações Dimensionais da Forma. ............................................. 45 Figura 11. Elementos Horizontais do Plano de Base, Plano de Base Elevado e Plano Superior. .................................................................................................................................................. 46 Figura 12. Elementos Verticais dos Planos Verticais Únicos e Planos Paralelos. .................. 47 Figura 13. Relações Espaciais de Espaços dentro de um Espaço e Espaços Adjacentes. ....... 48 Figura 14. Axonométrica Explodida do Sistema Compositivo da Residência Butantã (1964/1966). ............................................................................................................................. 50 Figura 15. Axonométrica Explodida do Sistema de Delimitação da Residência Butantã (1964/1966). ............................................................................................................................. 52 Figura 16. Axonométrica Explodida do Sistema Espacial da Residência Butantã (1964/1966). .................................................................................................................................................. 54 Figura 17. Axonométrica Explodida do Sistema Compositivo da Residência Mariante (2001/2002). ............................................................................................................................. 56 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059321 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059321 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059323 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059323 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059324 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059324 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059325 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059325 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059326 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059326 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059327 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059327 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059331 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059332 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059332 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059333 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059333 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059334 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059335 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059336 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059336 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059337 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059338 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059339 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059339 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059340 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059340 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059341 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059341 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059342 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059342 8 Figura 18. Axonométrica Explodida do Sistema de Delimitação da Residência Mariante (2001/2002). ............................................................................................................................. 58 Figura 19. Axonométrica Explodida do Sistema Espacial da Residência Mariante (2001/2002). .................................................................................................................................................. 60 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059343 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059343 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059344 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059344 9 LISTAS DE QUADROS Quadro 1. Residência PA - 2003, METRO Arquitetos (à cima) e Residência Mario Masetti – 1968/1970, Paulo Mendes (à baixo). As direitas, plantas arquitetônicas das mesmas. ............ 23 Quadro 2. Residências “Gêmeas” – 1964/1966, de Paulo Mendes da Rocha, Butantã, São Paulo. ........................................................................................................................................ 35 Quadro 3. Estruturas da Residência Butantã, 1964/1966, de Paulo Mendes da Rocha, Butantã, São Paulo. ................................................................................................................................. 36 Quadro 4. Espaços da Residência Butantã, 1964/1966, de Paulo Mendes da Rocha, Butantã, São Paulo. ................................................................................................................................. 37 As direitas, planta arquitetônica da mesma. ............................................................................. 37 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059322 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059322 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059328 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059328 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059329 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059329 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059330 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059330 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059331 file:///C:/Users/junio/Desktop/Monografia%20Final%20-%20TC.Defesa%202018.2.docx%23_Toc528059331 10 LISTAS DE SIGLAS FAAP Fundação Armando Alvares Penteado. FAUUSP Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. USP Universidade de São Paulo. 10 SUMÁRIO Resumo ....................................................................................................................................... 5 Abstract ....................................................................................................................................... 6 Listas de Figuras ......................................................................................................................... 7 Listas de Quadros ....................................................................................................................... 9 Listas de Siglas ......................................................................................................................... 10 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 2 FUNDAMENTOS ARQUITETÔNICOS DIRECIONADOS ......................................... 16 2.1 1950-1970: A ARQUITETURA MODERNA DE SÃO PAULO ..................................... 16 2.1.1 O Cenário da Arquitetura Moderna Brasileira: O Brutalismo Paulista ........................... 16 2.2 1990-2018: A ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA DE SÃO PAULO ...................... 20 2.2.1 O Cenário da Arquitetura Contemporânea Brasileira: A Arquitetura Paulista ............... 20 3 OS PROJETOS CORRELATOS DAS CASAS BRASILEIRAS UNIFAMILIARES COMO ABORDAGENS DO TEMA .................................................................................... 25 3.1 O Universo de Delimitação das Residências Unifamiliares Paulistas ................................ 25 3.2 As Características das Residências Contemporâneas ......................................................... 26 3.2.1 2000-2001: Residência em Ribeirão Preto / SPBR Arquitetos + MMBB Arquitetos ..... 26 3.2.2 2004-2008: Residência no City Boaçava / MMBB Arquitetos ....................................... 28 3.2.3 2004-2006: Residência na Vila Romana / MMBB Arquitetos ........................................ 29 3.2.4 2011-2016: Residência T.R. / Andrade Morettin Arquitetos .......................................... 30 3.3 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO ........................................................................................ 30 4 AS APLICAÇÕES DELIMITADAS PELA PESQUISA ................................................ 32 4.1 Seleção e Apresentação das Residências Paulistas Analisadas .......................................... 32 4.1.1 1964-1966: Residência Butantã / Paulo Mendes da Rocha ............................................. 34 4.1.2 2001-2002: Residência Mariante / MMBB Arquitetos ................................................... 38 11 4.2 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO ........................................................................................ 40 5 AS ANÁLISES APLICADAS PELA PESQUISA ............................................................ 42 5.1 Definição do Universo de Metodologia das Análises ........................................................ 42 5.1.1 Sistema Compositivo ....................................................................................................... 43 5.1.1.1 Sólidos Primários .......................................................................................................... 44 5.1.1.2 Transformação da Forma .............................................................................................. 44 5.1.2 Sistema de Delimitação ................................................................................................... 45 5.1.2.1 Elementos Horizontais Definindo Espaço .................................................................... 45 5.1.2.2 Elementos Verticais Definindo Espaço ........................................................................ 46 5.1.3 Sistema Espacial .............................................................................................................. 47 5.1.3.1 Relações Espaciais ........................................................................................................ 47 5.2 Análise das Residências Paulistanas................................................................................... 48 5.2.1 RESIDÊNCIA BUTANTÃ (1964/1966) / PAULO MENDES DA ROCHA ................. 48 5.2.1.1 Sistema Compositivo .................................................................................................... 48 5.2.1.2 Sistema de Delimitação ................................................................................................ 51 5.2.1.3 Sistema Espacial ........................................................................................................... 53 5.2.2 RESIDÊNCIA MARIANTE (2001/2002) / MMBB ARQUITETOS ............................. 55 5.2.2.1 Sistema Compositivo .................................................................................................... 55 5.2.2.2 Sistema de Delimitação ................................................................................................ 57 5.2.2.4 Sistema Espacial ........................................................................................................... 59 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 62 12 1 INTRODUÇÃO Houve em inícios dos anos de 1950, no Brasil, o agrupamento de uma série de edificações construídas com características de uma arquitetura que ficou conhecida como Brutalista Paulista. Tornando-se a cidade-berço destas obras brutalistas, São Paulo foi uma das mais importantes regiões brasileiras que, na metade do Século XX, condescendeu com as vontades de um dos movimentos modernistas das vanguardas arquitetônicas brasileiras da época. O Brutalismo Paulista, portanto, é uma arquitetura que, inicialmente, limitou-se as atividades profissionais de alguns arquitetos de São Paulo, e que só ganharam notoriedade nos finais dos anos de 1950. Com o agrupamento de todas as edificações construídas pelo Brutalismo Paulista, e sua reconhecida aceitação apenas nos inícios das décadas de 1960, é, somente por volta das décadas lá de 1970/80, que elas começaram a tomar, nos meios em que estavam inseridas, um senso de amadurecimento das suas construções. De acordo com Zein (2001), as ideias que têm-se da Arquitetura Paulista Brutalista, irá adquirir as características de “um movimento, uma ‘escola’, inicialmente [...], e posteriormente, um ‘estilo’, a face à sua divulgação e sua ampla e vasta influência em outras regiões brasileiras” (ZEIN, 2001, p. 38). Mas, se realmente poder-se a acreditar na existência de um movimento e na conformação de um estilo arquitetônico, propriamente e, exclusivamente, reduzido as formas das construções do Brutalismo Paulista, não é possível predizer que isto estejas prestes a acontecer após os finais das décadas de 1970 e, início dos anos de 1980: Entretanto, embora não exista mais uma arquitetura “de modelo”, nem se possa falar de uma escola paulista após meados dos anos 1980, isso não significa que suas características espaciais e construtivas não tenham sobrevivido, nem que ela tenha, enquanto estilo, esgotados suas possibilidades formais (ZEIN, 2001, p. 39). Por isto, foi nas décadas anteriores aos anos de 1980, que uma parcela dos arquitetos da Escola Paulista propuseram a criação de novas linguagens arquitetônicas aos modos paulistanos de projetar, que fosse ao mesmo tempo autênticos, extensivos e articulados. Em vista disto, uma parte das arquiteturas brasileiras idealizadas nos finais dos anos de 1980 e início das décadas de 1990, foram construídas numa linha de suma continuidade sendo influenciadas pelas arquiteturas modernas brasileiras: Essa produção, no entanto, não pode mais ser enquadrada numa postura única e nem comunga o mesmo discurso ideológico que respaldava a arquitetura moderna 13 brasileira até os anos de 1970. Mais que norteada por um pensamento teórico claramente identificável, é fruto do caminho pessoal de alguns arquitetos (BASTOS, 2003, p. 205). Visando tais fatores, a produção das obras contemporâneas de São Paulo, principalmente, aquelas realizadas nos inícios dos anos de 1990, são construídas com bases nas reinterpretações das características estético-formais do Brutalismo Paulista (GONÇALVES, 2013). Com noções nestes panoramas iniciais, as abordagens do trabalho procura - através da análise da Residência Mariante -, apresentar as características de uma série de outras residências brasileiras unifamiliares idealizadas entre os períodos de 1990 à 2018, no território da cidade de São Paulo. Com isto, o objetivo geral buscou identificar a existência de características semelhantes relacionadas com as obras do Brutalismo Paulista, principalmente, com a Residência Butantã (1964/1966), de Paulo Mendes da Rocha. Estabelecido o foco, é delineado em seguida, alguns objetivos específicos, procurando dar corpo ao procedimento das análises. São eles: a) pesquisar uma série de bibliografias relacionadas com o assunto/tema, intencionando a pesquisa à sempre manter um contato direto com o universo de estudos da Arquitetura da Escola Paulista Brutalista; b) realizar as análises e as comparações dos projetos unifamiliares estudados, a partir de conceitos/aspectos que estão presentes no modelo de análise de Francis Ching (2008); c) elaborar uma série de desenhos gráficos representados à mão livre, proporcionando uma análise mais fácil de entender sobre os aspectos analisados. Entre as décadas de 1990 e 2000, a produção das edificações arquitetônicas que até então eram realizadas no Brasil, recebeu uma série de influências modernistas. De acordo com Braga & Amorim (2009), estas influências são levadas a cabo pelas próximas gerações dos arquitetos brasileiros, que usaram-nas como fonte de referência para os modos de projetar atualmente, através das buscas de novos contextos e tecnologias (BRAGA e AMORIM, 2009). Mediante a esta breve contextualização e, por intermédio das posturas metodológicas adotadas, abre-se espaço para a problemática. Contudo, a problematização da pesquisa girou em torno de procurar saber quais são as características em comum entre as casas Butantã e Mariante, que convergem para a construção de uma linguagem própria dos projetos construídos entre os anos de 1990 e hoje? Para responder a pergunta, encontrou-se um referencial teórico à altura, norteando assim, os raciocínios adotados nas análises. Portanto, elas foram embasadas nos conceitos do modelo de análise de Francis Ching (2008). Na realidade, este modelo está apoiado em uma aprimorada análise de alguns dos conceitos empregados por detrás dos elementos, sistemas e organizações arquitetônicas, que lhes são característicos das edificações enquanto manifestação física do 14 espaço. Investigando os aspectos dos elementos arquitetônicos até as relações conceituais das edificações, o modelo utiliza-se de uma estrutura da decomposição do edifício em suas partes. Estas partes, portanto, podem ser classificadas e agrupadas em torno de uma série de temáticas abordados pelo modelo de Francis Ching, que dentre eles estão: os “elementos primários, forma, forma e espaço, organização, circulação, proporção e escala e princípios” (CHING, 1999 apud CORDOVIL, 2003, p. 51). Através disto, os usos das técnicas de desenhos diagramáticos e ilustrações dá espaço à luz das análises destas temáticas e, para que também, possa ser conhecido sobre as diferentes formas de manipulação dos elementos arquitetônicos construídos (BELTRAMIN & MOREIRA, 2013). Na porção em que o trabalho é desenvolvido, foram utilizadas duas metodologias. Na primeira, abordou-se as pesquisas bibliográficas e documentais, aonde coletou-se e fichou-se uma série de leituras feitas através da seleção de livros bibliográficos, artigos, dissertações e teses correspondentes ao assunto/tema norteadores da pesquisa. Seguindo com as metodologias, as de ordens documentais, visou levantar e coletar dados por viés de documentos escritos ou não, e outros, a título de exemplos como fotografias (MARCONI & LAKATOS, 2003). Baseado em fotos ilustrativas, encontrou-se uma série de imagens internas e externas, assim como de detalhes construtivos e documentos de plantas arquitetônicas, que estavam disponibilizados, principalmente, nos sites relacionados as casas Butantã e Mariante. Na segunda, utilizou-se a técnica de análise apoiadas na elaboração de desenhos gráficos, representados à mão livre. Por fim, a organização da lógica dos conteúdos do trabalho, em síntese, é estruturado em cinco capítulos: na Introdução (1.), abordou-se os enquadramentos do assunto/tema de pesquisa, bem como dos objetivos norteadores da mesma, das metodologias aplicadas, assim como da problemática levantada e do corpo do referencial teórico das análises. No 2° capítulo, contemplou-se o levantamento de algumas literaturas mais contextualizadas e, aprofundadas, sobre o universo da Arquitetura Moderna e Contemporânea de São Paulo, expostos através de conteúdos que formou as bases do problema de pesquisa. No 3° capítulo, apresentou-se o universo de delimitação das residências unifamiliares paulistanas, a partir da montagem de uma linha cronológica do tempo e suas respectivas explicações. Foi também, dado ênfase à este capítulo, apresentar as características de uma série de quatro casas brasileiras contemporâneos. No 4° capítulo, expõe-se algumas explicações sobre a seleção da Residência Butantã (1964/1966) e da Residência Mariante (2001/2002), que sequencialmente, são apresentadas mais a fundo, as característica de cada uma, respectivamente. No 5° capítulo, explicou-se quais foram os processos de raciocínio adotado nas metodologias das análises e, por último, nas 15 Considerações Finais, reviu-se alguns dos pontos abordados no trabalho, e respondeu-se a pergunta da problemática. 16 2 FUNDAMENTOS ARQUITETÔNICOS DIRECIONADOS Este capítulo é divido em dois itens estruturantes, e que compreende o direcionamento e o levantamento do universo das literaturas bibliográficas relacionadas com o assunto/tema e, com a pergunta do problema investigado pelo trabalho. No primeiro item, portanto, apresenta- se os acontecimentos históricos da Arquitetura Moderna em São Paulo, abrangendo, temporalmente, as décadas de 1950/70 – períodos estes, representativos do surgimento da Arquitetura Paulista Brutalista e suas repercussões. Identifica-se também, quais as principais características derivadas destas edificações modernas paulistas. Já, o segundo item, destina-se a elucidar o cenário contemporâneo das arquiteturas realizadas no Brasil, após as décadas de 1980 e que, cronologicamente, marca o início do que irá acontecer nos anos de 1990, com a produção das novas arquiteturas de São Paulo. 2.1 1950-1970: A ARQUITETURA MODERNA DE SÃO PAULO Os objetivos desta primeira parte, como explicados anteriormente, traz algumas breves reflexões sobre os acontecimentos históricos das arquiteturas que, entre as décadas de 1950/70, surgi no Brasil, juntamente, com a produção de uma série de projetos construídos em São Paulo. Estas arquiteturas brasileiras, historicamente falando, são reconhecidas como obras referências da Arquitetura da Escola Paulista Brutalista, ou também chamadas pelo nome do Brutalismo Paulista. Também é explicado, sobretudo, quais as principais características arquitetônicas de uma construção do gênero. 2.1.1 O Cenário da Arquitetura Moderna Brasileira: O Brutalismo Paulista Uma grande parte das obras construídas em São Paulo, classificadas com o rótulo da Escola Paulista, e, sendo geralmente chamadas de Brutalista Paulista, representam um dos mais autênticos movimentos de vanguardas brasileiras da arquitetura em meados do século XX, “[...] cuja afirmação principia a fermentar entre arquitetos de São Paulo nos anos ‘50, consolidando- se localmente nos anos ‘60 e expandindo nacionalmente sua influência formal nos anos ’70” (ZEIN, 2001, p. 10). Este movimento começa, mesmo não possuindo um completo reconhecimento, a tomar forma, principalmente, em um dos momentos em que à Arquitetura Brasileira buscava dar início a aquisição de novas alternativas, mostrando aos arquitetos modernistas que o país poderia, sim, 17 alcançar outros caminhos a serem percorridos (BASTOS, 2003). Portanto, a cidade de Brasília, construída no Brasil, é considerada um símbolo para a Arquitetura Brasileira. Muitas mudanças ocorrerá no campo de atuação dos arquitetos após a sua construção, provocando uma forte influência nas edificações que até então vinham sendo produzidas. Voltando duas décadas anteriores aos anos ’70, é possivel perceber, nos finais dos anos de 1940, que ainda há existência de uma visão quase incontestável - até pelo menos o momento de idealização e construção de Brasília -, de uma “[...] predominância e liderança da Escola Carioca, bem como de sua identificação como ‘a’ arquitetura brasileira” (ZEIN, 2005, p. 52) da época. De acordo com Bastos (2003), o fenômeno de Brasília veio a fomentar a alteração na expressão da forma em arquitetura, e que, coincidentemente, enquadrou-se com o surgimento das tendências do Brutalismo na cidade de São Paulo. Neste panorama têm-se até aqui, o contraponto entre duas arquiteturas, a da Escola Carioca (1920/40) e o da Escola Paulista (1950/70). O ponto de transição entre estas duas Escolas de Arquitetura, associa-se ao evento que ficou conhecido como o fenômeno do pós-construção de Brasília (BASTOS, 2003). Nas palavras da autora, estas alterações formais vieram a ocorrer, portanto, só lá na metade da década de 1950, afirmando o momento em que a Arquitetura Paulistana formou uma linguagem própria, que tornou-se autônoma e, diferentes daquelas da Escola Carioca: [...] ao contrário da arquitetura da Escola Carioca, caracterizada pela leveza e elegância, a arquitetura paulista explorava o peso, a horizontalidade. Sua forma não procurava mascarar uma realidade, mas antes, denunciar, não se importando de ser tosca, rude (BASTOS, 2003, p. 6, 7). Isto, foi o que lhes acabou conferindo uma identidade, unicamente, e exclusivamente, próprias dos arquitetos da Escola Paulista e que, rapidamente, foram influenciados pelos modos de projetar Brutalistas do Brasil, durante as décadas de 1960. Em face destes acontecimentos, as obras do Brutalismo Paulista serviram de modelos para as construções modernistas da época, principalmente, pelo viés de suas novas formas de expressão: O Brutalismo Paulista foi uma tendência que partia de um discurso defendendo uma postura ética para a sociedade. Foi messiânica e salvadora na medida em que propagou novas ideias em busca de um mundo melhor. Acreditava na verdade, na correção, na virtude e na igualdade dos homens. Esta ideologia conduzia soluções arquitetônicas nas quais nada havia a esconder. Sugeria a vida comunitária decorrente da utilização do espaço único. As segregações não eram bem aceitas, assim como as compartimentações evitadas (SANVITTO, 2013, p. 11). 18 Através da postura ética do Brutalismo Paulista, Bastos (2003) alega dizendo, que, [...] surgia a ideia de uma nova sociedade, tanto da parte de um arquiteto como Artigas, [...] como, por exemplo, da parte de Paulo Mendes da Rocha, que por meio dos seus programas residenciais procurava soluções que valorizavam os espaços comuns, [...] procurando levar a um uso mais comunitário da casa (BASTOS, 2003, p. 6). Em consequência destas ideias, as arquiteturas de São Paulo são, portanto, um dos resultados do amadurecimento de novas argumentações arquitetônicas impregnadas pelo discurso ético, e que em muitos dos casos, eram defendidos pelo usos de volumes arquitetônicos criados numa série de modelos de construções: O Brutalismo Paulista trabalhou com um conjunto de regras compositivas que ordenava as partes da edificação. Princípios como univolumetria, utilização de um núcleo ordenador, unificação espacial interna, continuidade interior-exterior e configuração de espaços por volumes fechados assim o demonstram. Por outro lado, as questões de caráter ficaram vinculadas à expressão de uma arquitetura própria de São Paulo, em que a partir das residências os arquitetos procuraram criar um jeito paulistano de morar (ACAYABA, 1986, p. 429 apud SANVITTO, 2013, p. 14). Decerto, estes conjuntos de regras são vistos como as principais características encontradas nas arquiteturas de São Paulo das décadas de 1950/70. A competência para compreender claramente as características das construções idealizadas entre estes períodos, é, segundo Zein (2000), apenas possibilitado pelo auxílio de um exaustivo levantamento de pesquisa, catalogando e agrupando-as a partir de algumas temáticas projetuais e através de uma linha cronologicamente datada de suas décadas de produção (ZEIN, 2000). Exemplos, são as influências criadas pelos partidos formais/volumétricos das residências paulistanas Ivo Viterito (1962) (Figura 1, à esquerda) e Ariosto Martirani (1970) (Figura 1, à direita), ambos projetos de Vilanova Artigas. As regras compositivas estabelecidas nos desenhos da Residência Ivo Viterito, irá determinar como a concepção da forma arquitetônica acomoda as atividades domesticas dos ambientes internos, e ainda, como o próprio arquiteto, no caso de Artigas, vêm a explorar as empenas de concreto das paredes cegas laterais. Na Figura 1, observa-se como os formatos dos volumes de ambas as residências construídas em São Paulo, influencia na percepção de quem está caminhando pelas calçadas. 19 Em razão disto, uma ‘caixa volumétrica’ abriga e acomoda todos os espaços internos dos cômodos. Isto ocorre, pois, de acordo com Petrosino (2009), toda a estrutura, até mesmo, à da ‘caixa’, é executado em concreto armado mostrados aparentes. A cobertura, portanto, parte que compõe a ‘caixa’, é construída com lajes de ranhuras nervuradas, e acaba por descarregar as forças exercidas pelo volume, diretamente, para os quatro pilares de sustentação das vigas e das empenas laterais cegas, que fluem até as fundações da casa (PETROSINO, 2009). Um outro exemplo, é também usado pelo próprio Artigas, só que agora na Residência Ariosto Martirani, construída oito anos após as conclusões das obras da Ivo Viterito, explorando a mesma temática da “[...] utilização de um caixa estrutural que cobrisse o invólucro da construção” (RAMOS, 2013, p. 12). Uma série de pesquisas voltadas para a exploração da ‘caixa única’, como solução para proteger os espaços arquitetônicos, é, se não uma das principais características das residências desenhadas pelo Vilanova Artigas. Uma das características mais marcantes destas arquiteturas paulistas, é a sua capacidade de solucionar os problemas da construção através da criação de uma volumetria única, possibilitando assim, abrigar todas as atividades ocorridas nos espaços internos das condições impostas pelo tempo e pelo clima. Estes espaços internos são organizados com uma maior flexibilidade de usos e, geralmente, trabalhados com uma série de vazios internos, variando as alturas de seus pés-direitos entre pavimentos - chamados de meio-níveis -, para que deste modo, possa ser destacado alguns visuais e percursos, estrategicamente posicionados. As estruturas são executadas com materiais construtivos de concreto armado e são tidos como aparentes, e em muitos dos casos, construídos com sistemas de lajes nervuradas unidirecionais – em uma direção - ou bidirecionais – nas duas direções. Estes lances de pilares, vãos livres, balanços são também construídos com concreto armado concebidos in loco, porém, o excesso de aplicação Figura 1. Residência Ivo Viterito - 1962 (à esquerda) e Residência Ariosto Martirani - 1970 (à direita), de Vilanova Artigas. Fontes: ensaiosfragmentados.com (à esquerda) e joaoalvimcortes.tumblr.com (à direita). Editado pelo Autor. 20 deles, eventualmente, são aproveitados nas estruturas das paredes e das divisórias internas (BASTOS & ZEIN, 2010). Dispensando o ponto de que estas, e entre outras características, encontram-se presentes em grandes partes das obras construídas pelos arquitetos de São Paulo, Bastos e Zein (2010) consideram que a existência das mesmas e, consequentemente, das arquiteturas construídas “tampouco é exclusiva do brutalismo brasileiro ou paulista” (BASTOS & ZEIN, 2010, p. 78), e, em muitas das situações, pode até estar presentes em outras obras não associadas aos gostos brutalistas. 2.2 1990-2018: A ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA DE SÃO PAULO Os objetivos desta segunda parte, expõe os acontecimentos advindos após as décadas de 1980, com o campo da produção contemporânea das arquiteturas brasileiras. O início dos anos 1990, no entanto, é marcado por uma série de mudanças significativas e, uma delas, se refletirá por intermédio de uma recém-chegada tendência que ganha peso, até hoje, nas obras dos novos arquitetos, principalmente, daqueles situados em São Paulo. Em consideração à isto, apresenta- se também, o levantamento de literaturas sobre os trabalhos realizados pela presente geração de arquitetos, especialmente, dos encarregados pela construção do cenário contemporâneo das arquiteturas paulistanas. Sequencialmente ao corpo do texto, expõe-se ainda, como a presente geração destes arquitetos está aplicando o uso da linguagem que foi deixada pelos arquitetos modernistas da época. 2.2.1 O Cenário da Arquitetura Contemporânea Brasileira: A Arquitetura Paulista Conhecida como uma das cidades-berços da produção arquitetônica brasileira idealizadas entre as décadas de 1950, 1960 e 1970, São Paulo é uma das regiões brasileiras consagradas como espetáculo do cenário moderno daquela época. No entanto, a cidade como palco para da Arquitetura Moderna Brasileira, começará a exercer, pós as décadas de 1980/90, uma série de referências que contribuiu para os modos de fazer arquitetura contemporânea em São Paulo. Portanto, não mais havendo pronuncias da sobrevivência de que, as obras da Escola Paulista Brutalista tenhas continuado sua produção após as décadas de 1980, uma coisa é, sem sombras de dúvidas, certa em alegar: que o conhecimento destas arquiteturas vieram das datas de 1950/70 – períodos de maiores reconhecimentos do Brutalismo Paulista -, a conformar um 21 movimento brasileiro e, posteriormente, um estilo arquitetônico, em razão das influências dos seus projetos terem sofridos nas outras cidades brasileiras (ZEIN, 2001). Um grande número de obras construídas em São Paulo, em inícios da década de 1990, começaram a apresentar uma série de mudanças significativas, geralmente, relacionadas aos aspectos plásticos e construtivos de suas arquiteturas. Assim sendo, isto deu-se através de algumas reconquistas de certas características e influências estético-formais, daquelas obras que ficaram reconhecidas com os rótulos do Brutalismo Paulista (GONÇALVES, 2013). As residências hoje projetadas, diversas vezes apontam um discurso relevante de organicidade, fluxos, tecnologias, porém é preciso um estudo analítico desta arquitetura e suas influências, para discorrer sobre outros aspectos elevados pela Arquitetura Moderna, mais especificamente, a Paulista de residências. [...] E atualmente, podemos observar um alastramento de projetos de residências em outras regiões, que apresentam certas similaridades com obras modernistas (LIMA, 2015, p. 2). De acordo com Montaner (1994), os retornos dos aspectos estético-formais, baseados nestas arquiteturas modernas, são tomados como referências para as próximas gerações de arquitetos. Porém, isto não significa que, atualmente, os arquitetos contemporâneos as tenham copiados das mesmas maneiras. Em consequência disto, os anos de 1990 terá a consciência por uma série de novas linguagens projetuais, divulgadas através de projetos idealizados pelos jovens arquitetos brasileiros da nova geração contemporânea. Estas linguagens, portanto, estão voltadas para as tendências de uma arquitetura com toques minimalistas (MONTANER, 1994 apud FILHO, 2014). O conceito da ideia de Minimalismo em arquitetura, segundo Montaner (2001), é baseado nas arquiteturas aonde são predominantes os usos de um número delimitado e articulado de elementos, materiais construtivos e linguagens simplificadas, e preservadas, [...] pela busca de um sentido comum tectônico presente no uso rigoroso e asséptico dos materiais, na recriação de espaços diretos e puros, na utilização de formas volumétricas e geométricas simples, na austera utilização de repertórios significativos, na economia de materiais e energias, e na integração com o entorno (MONTANER, 2001, p. 260). Segundo Bastos & Zein (2010), as características dos projetos contemporâneos paulistas, dos anos posteriores de 1990/2000, são evidenciadas e divulgadas, [...] pelo emprego da abstração em sólidos regulares [...], pelo eventual uso de camadas sobrepostas de vedação, pela exploração dos materiais de acabamento na 22 confecção de texturas, pelos anteparos que filtram a luz, com o uso de materiais que permitem ampla gama de variação entre o transparente e o opaco, por lançar mão de contrastes [...], por vezes na relação com o existente (BASTOS e ZEIN, 2010, p. 379). Até aqui, pôde-se perceber que os arquitetos contemporâneos buscaram aplicar uma série de conceitos minimalistas, sem perder as características estético-formais das construções do Brutalismo Paulista daquela época de 1950/70. Logo, e entendidos pelo viés de retomada das mesmas, Gonçalves (2013), entende que a construção destas novas arquiteturas, não são consideradas uma continuidade dos projetos modernistas produzidos durante o século XX (GONÇALVES, 2013). Já, para Zein (2012), elas muito menos possam “ser consideradas ‘uma reafirmação de prestígio’ da chamada arquitetura paulista brutalista” (ZEIN, 2012, p. 118), estando nesta sua última definição, as diferenças impostas pelos jovens arquitetos paulistanos. Ao contrário do que pensa-se sobre estas questões, os arquitetos contemporâneos de São Paulo sempre buscaram reconquistar algumas relações compreendias através das linguagens arquitetônicas do Brutalismo Paulista. Portanto, o que expõe-se aqui, é que estes, os arquitetos, estão sendo responsáveis por apresentar, delicadamente, algumas diferenças e alguns novos caminhos, “cujas raízes e tradições [...], está na forte influência da estética brutalista” (FILHO, 2014, p. 94, 95). Nos inícios da década de 1990, as arquiteturas brasileiras encontram-se, portanto, [...] diante da produção de um grupo, e de um grupo que define a si próprio em parte por uma afinidade de geração, em parte pelo peso que seus integrantes atribuem à sua formação universitária. No panorama contemporâneo da arquitetura no Brasil isto não é apenas significativo: é admirável (NOBRE; MILHEIRO & WISNIK, 2006, p. 18). Contemporâneos aos arquitetos modernistas da Escola Paulista, a definição deste grupo é compreendida pela aceitação de uma série de profissionais-arquitetos recém saídos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAUUSP, que em partes, se formaram entre os anos de 1986 e 1996. Atualmente, eles compõem a estrutura de alguns dos principais escritórios atuantes de arquitetura contemporânea, sediados na própria cidade de São Paulo (NOBRE, MILHEIRO & WISNIK, 2006). Para demonstrar isto, têm-se como exemplo, as relações mantidas em comum entre o grupo do escritório paulistano METRO Arquitetos Associados, e suas muitas parcerias com os trabalhos do arquiteto modernista Paulo Mendes da Rocha1. Pode-se perceber em uma série de 1 O escritório METRO Arquitetos Associados, foi fundado em meados dos anos de 2000, em São Paulo. Seus integrantes constituem-se pela formação dos arquitetos Martin Corullon, Gustavo Cedroni e Marina 23 obras construídas pelo grupo, principalmente, as de cunhos residenciais, o emprego de uma linguagem estética e construtiva aproximadas com relação das características do brutalismo da Escola Paulista, das décadas de 1950/70, assim como também, das obras do próprio Paulo Mendes da Rocha (SAMURIO, 2015). No Quadro 1 ilustrado à cima, é apresentando dois exemplos projetuais sobre como realizou-se a construção das linguagens arquitetônicas entre os contemporâneos e os modernos. Na porção superior, vê-se uma das fachadas laterais da Residência PA (2003) - de METRO Arquitetos Associados -, seguidas dos desenhos de sua planta arquitetônica. Já, na porção inferior da mesma ilustração, o mesmo é mostrado, só que agora com relação as da Residência Mário Masetti (1968/1970), construída por Paulo Mendes da Rocha. Ioshi, graduados pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo - FAUUSP, apenas sendo Gustavo Cedroni, graduado pela Fundação Armando Alvares Penteado - FAAP. Quadro 1. Residência PA - 2003, METRO Arquitetos (à cima) e Residência Mario Masetti – 1968/1970, Paulo Mendes (à baixo). As direitas, plantas arquitetônicas das mesmas. Fontes: metroo.com.br (à cima) e leonardofinotti.com (à baixo). Editado pelo Autor. 24 As proximidades da casa construída pelos arquitetos do METRO, idealizadas décadas depois da finalização das obras da Mário Masetti (1968/70), apresentou uma variedade de soluções adotadas também nos projetos residenciais de Paulo Mendes da Rocha, “quer por seus partidos compactos, quer pela concentração e internalização dos elementos de composição irregulares” (COSTA e SAMURIO, 2016, p. 9). Criando certas conexões formais e construtivas com a casa de Paulo, a composição volumétrica da Residência PA (2003), é definida pela idealização de um retângulo prismático levantado do chão, e apoiado, diretamente, em uma estrutura de seis pilares de concreto armado. Associado as maneiras como as superfícies das fachadas são tratadas na casa de Mendes da Rocha, a PA apresenta “empenas longitudinais mais fechadas, [...] contrapostas a superfícies transversais mais envidraçadas” (COSTA e SAMURIO, 2016, p. 10). Até aqui, pode-se perceber, por intermédio dos projetos mostrados acima, que as arquiteturas realizadas pela geração dos grupos de arquitetos contemporâneos, busca utilizar-se das influências dos obras construídas pelos arquitetos do Brutalismo Paulista, assim como também de muitos dos conceitos do minimalismo. Sem perder as relações estéticas das obras modernistas, observou-se que os pilares da casa do grupo METRO, são mais delicados e finos e que a sua composição volumétrica é ditada pelas referências da casa de Paulo Mendes da Rocha. Concentrados em torno das soluções projetuais criadas por Paulo, principalmente, na Residência Mario Masetti (1968/70), os projetos construídos pelos arquitetos do escritório paulistano apresentou uma forte influência das “reverberações e derivações da produção moderna na produção contemporânea brasileira (BASTOS & ZEIN, 2010 apud COSTA & SAMURIO, 2016, p. 13). 25 3 OS PROJETOS CORRELATOS DAS CASAS BRASILEIRAS UNIFAMILIARES COMO ABORDAGENS DO TEMA Este capítulo está divido em dois itens organizadores, e compreende breves reflexões sobre o recorte cronológico das residências brasileiras contemporâneas construídas entre os períodos de 1990 à 2018: a Ribeirão Preto (2000/2001), City Boaçava (2004/2008), Vila Romana (2004/2006) e a T.R. (2011/2016). Além destas reflexões, o capítulo ainda abrange o fundamento dos objetivos da pesquisa, lhes atribuindo características ao assunto e a temática do trabalho. Portanto, no primeiro item é exposto algumas questões e alguns atributos que auxiliou no universo de delimitação do recorte cronológico dos projetos contemporâneos construídos, com base nos principais escritórios de arquitetura paulista. Sequencialmente a leitura, apresenta-se então uma série de quatro residências unifamiliares brasileiras, aonde foram enfatizados as suas principais características arquitetônicas. 3.1 O Universo de Delimitação das Residências Unifamiliares Paulistas Atendendo ao enunciado dos objetivos do trabalho, foi feito um levantamento das principais casas brasileiras contemporâneas construídas, com foco, principalmente, naquelas paulistanas. Tendo isto em vista, o sentido do levantamento destas casas é de criar uma pequena listagem cronológica de modo a identificar as casas que podem ser enquadradas no cenário da produção Contemporânea Brasileira. Portanto, atribuiu-se como critério básico de levantamento destas casas, a delimitação das datas históricas e definidas pelo início das décadas de 1990 até a presença de meados dos anos de 2018. Ilustrando a delimitação do recorte, é mostrado na Figura 2, como foi montado a estrutura desta linha do tempo cronológica, contempladas pelos últimos vinte e nove anos da produção das residências contemporâneas construídas nas regiões de São Paulo. Por intermédio do recorte entre as datas de 1990 à 2018, foi possivel saber quais são as casas unifamiliares que construíram-se até o momento. Partindo deste posicionamento, realizou-se uma seleção daquelas que apresentaram-se mais próximas com algumas das características das obras do Brutalismo Paulista, construídas entre as décadas de 1950/70. 26 3.2 As Características das Residências Contemporâneas Após a finalização da linha do tempo cronológico das casas contemporâneas paulistas, é apresentado em seguida, as características de cada projeto a partir das exposições dos conceitos de alguns dos principais escritórios de arquitetura de São Paulo. Lembrando que, todas estas casas selecionadas e ilustradas na figura 2 à cima, foi considerada pela sua relevância e influencia dentro do cenário das arquiteturas brasileiras, pois, cada uma delas demonstrou certas semelhanças e relações com os modos de projetar e/ou com as características daquelas obras do Brutalismo Paulista, das décadas de 1950/70. Mais à baixo, elas são explicadas, rapidamente, com o apoio de textos relativos as características de cada um dos quatro projetos, seguidos das ilustrações de algumas imagens fotográficas dos mesmos. 3.2.1 2000-2001: Residência em Ribeirão Preto / SPBR Arquitetos + MMBB Arquitetos Situada em um dos municípios brasileiros do Estado de São Paulo, a região de Ribeirão Preto - que aliás, dá origem ao nome da casa -, é composto por uma das cidades localizadas à Figura 2. Linha do Cronológica do Tempo das Principais Residências Brasileiras Contemporâneas Construídas em São Paulo. Fontes: Própria do Autor. 27 Noroeste da metrópole paulista. Com bases na linha cronológica mostrada anteriormente, o primeiro projeto apresentado é o da Residência em Ribeirão Preto (2001/2002). Construída entre os inícios dos anos de 2000 e concluídas em meados de 2001, todos os seus desenhos foram elaborados com as colaborações dos escritórios de arquitetura SPBR Arquitetos, juntamente, com o grupo MMBB Arquitetos. A geometria de sua planta, imprime em si, o formato da letra “U”. Nas duas pernas verticais da letra, estão distribuídos todos os espaços sociais, íntimos e de serviços. Já, no miolo da mesma, há a existência de um pátio externo. Vale explicar, que a distribuição dos compartimentos internos de cada um dos cômodos, destacam-se acima do nível do terreno, através de uma primeira laje construída em concreto armado, aonde perfura-se uma série de quatro pilares distribuídos, estrategicamente, ocasionando na sustentação de sua estrutura (SERAPIÃO, 2012). Sobre a estrutura da Residência em Ribeirão Preto (2001/2002), nota-se, primeiro, a existência de uma primeira laje de pavimento, caracterizada por não apresentar o que é chamado, de acordo com os termos técnicos, de vigas de sustentação, pois, sua carga está sendo apenas apoiada através da própria espessura da mesma. A segunda laje, é ocupada por uma de superfície de cobertura. Esta estrutura, ao contrário da primeira, possui duas grandes vigas dispostas paralelamente entre as extremidades de maiores comprimentos da cobertura, aonde estende-se quatro tirantes produzidos em aço. Estes, transfere o papel de sustentação do peso exercido pelo primeiro pavimento da residência (SERAPIÃO, 2012). Figura 3. Residência em Ribeirão Preto – 2000/2001, de SPBR Arquitetos + MMBB Arquitetos, Ribeirão Preto, São Paulo. Fontes: arcoweb.com.br/projetodesign. Editado pelo Autor. 28 3.2.2 2004-2008: Residência no City Boaçava / MMBB Arquitetos Construída entre os períodos de 2004 e 2008, três anos após a conclusão das obras da Residência em Ribeirão Preto (2001/2002), o segundo projeto apresentado e selecionado com bases na linha cronológica, é o da Residência no City Boaçava (2004/2008). De autoria, desta vez, somente do escritório MMBB Arquitetos, esta casa é situada em dos bairros localizados na região Oeste de São Paulo, conhecidos como City Boaçava, que também origina no nome da mesma. Com aspectos singulares, o volume é composto por uma única estrutura de concreto armado, que, portanto, apresenta uma leve alteração de partido: a casa é apoiada em uma série de quatro pilares redondos, elevando-se para cima do terreno, que apoiam os pesos de duas empenas paralelas, também de concreto armado (FERNANDES, 2011). Segundo Grunow (2009), a ideia que têm-se de todo o projeto, não está no volume que ele conforma, mas sim, na estrutura de suas empenas cegas laterais. Logo, estas empenas não se prolonga até tocar o chão, pois, em partes, elas estão encostadas apenas nas colunas destes quatro pilares com formatos redondos, distribuídos em número de dois em cada uma das empenas (GRUNOW, 2009). Logo, estas empenas laterais não prolongam-se até encostar no chão, mas em partes, até que suportariam serem apoiadas, porém de acordo com as questões funcionais do projeto, estas são encostadas apenas na estrutura de quatro pilares com formatos redondos, sendo distribuídos dois em cada uma delas. Portanto, esta característica é revelada pela consequência dos dois pilares frontais estarem distantes das áreas sociais: “parece, então, que todo o volume construído se apoia apenas em dois pontos estruturais” (GRUNOW, 2009, sp.), porque os mesmos estão posicionados no nível inferior da residência, aonde está a garagem e as dispensas de serviços. Figura 4. Residência no City Boaçava – 2004/2008, de MMBB Arquitetos, City Boaçava, São Paulo. Fontes: arcoweb.com.br/projetodesign. Editado pelo Autor. 29 3.2.3 2004-2006: Residência na Vila Romana / MMBB Arquitetos O terceiro projeto contemporâneo apresentado é também de responsabilidade exclusiva do escritório paulistano MMBB Arquitetos. É o projeto da Residência na Vila Romana (Figura 6), construída entre 2004-2006, mesmo ano de início das obras da Residência no City Boaçava (2004-2008), e está implantada em um dos bairros da região oeste de São Paulo. Como ocorre na Residência em Ribeirão Preto (2000-2001), construída em parceria com o escritório SPBR Arquitetos, a solução adotada para organizar grande parte dos ambientes atendidos pelo programa de necessidades deste projeto, também estão elevados do chão através da distribuição estratégica e do apoio de quatro pilares equidistantes. O programa solicitava uma dupla função: teria que conter ao mesmo tempo as necessidades de uma residência e de um estúdio de artes, e que ainda deveriam ser acomodados “espacialmente juntos e funcionalmente separados” (SAMBIASI, 2011, sp.). Na parte elevada do chão, encontram-se os ambientes da residência, ou seja, as áreas sociais, a cozinha e áreas de serviços e os dormitórios, todos resolvidos dentro deste volume independente do programa. Todo o perímetro deste volume é envidraçado com janelas intercaladas tanto corrediças como basculantes, posicionadas com a intenção de proporcionar a contemplação da paisagem urbana periférica. Já, a parte requerida pelas atividades do estúdio, encontram-se resolvidas dentro de um volume fechado, sem aberturas e semienterrado na porção inferior do volume da própria residência. Configurado para responder as atividades que exigem graus de concentração maiores, este volume semienterrado apenas possui uma generosa porta pivotantes toda envidraça, proporcionado a integração deste espaço com relação a área verde situado em frente ao estúdio (MACEDO, 2009, sp.). Figura 5. Residência na Vila Romana – 2004/2006, de MMBB Arquitetos, Vila Romana, São Paulo. Fontes: archdaily.com.br. Editado pelo Autor. 30 3.2.4 2011-2016: Residência T.R. / Andrade Morettin Arquitetos O quarto e último projeto contemporâneo apresentado é o da Residência T.R., construída entre 2011-2016, sete anos após o início da construção da Residência na Vila Romana (2004- 2006), de MMBB Arquitetos. Este projeto é de autoria da equipe Andrade Morettin Arquitetos, e está implantada em um das cidades da região oeste da metrópole paulistana, chamada de Carapicuíba. Como ocorre na Residência no City Boaçava (2004-2008), construída pela equipe do MMBB Arquitetos, a solução adotada para organizar grande parte dos ambientes atendidos pelo programa de necessidades deste projeto, também é delimitado pelo posicionamento de dois planos verticais construídos em estruturas metálicas, que definem a volume da cobertura desta residência. Segundo Farias (sa.), os arquitetos responsáveis pelo projeto explicam que sobre está cobertura, existe uma segunda estrutura com aspectos de caixa, abrigando as funções das atividades mais residenciais: “O espaço intersticial, propiciado pelo afastamento entre essas duas estruturas, funciona como uma área de transição entre as áreas internas e o amplo jardim externo” (FARIAS, sa., sp.), abrangendo as áreas impostas pelos limites do terreno. 3.3 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO Concluindo com as reflexões do capítulo, foi apresentado nesta etapa, a estruturação de uma linha cronológica mostrando as principais residências brasileiras construídas dos períodos Figura 6. Residência T.R. – 2011/2016, de Andrade Morettin Arquitetos, Carapicuíba, São Paulo. Fontes: galeriadaarquitetura.com.br. Editado pelo Autor. https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projetos/referencias-ambientes-c/117/jardins-externos/ https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projetos/referencias-ambientes-c/117/jardins-externos/ 31 entre as décadas após os anos de 1990, até meados dos anos de 2018. Além disto, é explicado depois de montado e delimitado o universo das casas da linha do tempo, quais as características de cada um dos quatro projetos contemporâneos selecionados. Sendo esta última parte, afinal, o objetivo das conclusões deste capítulo, é importante explicar que, o universo de amostragem de cada uma das quatro casas brasileiras descritas à cima, por mais que ainda não sejam as únicas, chegando a existência mesma, de um número muito mais superior de exemplares construídos tanto em São Paulo, como nas outras regiões do Brasil, mantiveram-se de acordo com alguns conhecimentos e esforços envolvidos até esta etapa da pesquisa. Portanto, considerou-se que possui sim, a existência de uma certa quantidade de obras relativamente delimitadas, temporalmente como geograficamente no Brasil, que pode-se chegar mesmo a identificar um universo muito mais completo e extenso sobre as arquiteturas brasileiras construídas entre os anos de 1990/2018. Segundamente, que todas elas faziam parte integrante do panorama vivenciado pela produção arquitetônica dos períodos pós anos ’90, realizadas pela geração dos contemporâneos e jovens arquitetos brasileiros e, finalmente, que toda elas, também contou com uma série de influências e referências projetuais das obras do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, particularmente, pelas semelhanças apresentadas com a Residência Butantã (1964/66). Esta última é claro, ficou por conta das pesquisas de literaturas feitas sobre quais dentre as casas brasileiras contemporâneas possuíam mais proximidades com a casa unifamiliar de Paulo. 32 4 AS APLICAÇÕES DELIMITADAS PELA PESQUISA Este capítulo é organizado em dois itens sucessivos, de maneira que o segundo fosse uma continuidade das leituras do primeiro. Após apresentar nas etapas realizadas anteriormente, quais os critérios do universo de delimitação, a montagem da estrutura da linha cronológica, e as características arquitetônicas das quatro residências brasileiras unifamiliares construídas entre os períodos das décadas de 1990/2018, em São Paulo, é no presente capítulo que vêm a ser feito a discriminação, ou melhor, as especificações sobre qual é, e para que verdadeiramente, serviu os propósitos do recorte da temática de pesquisa. Este capítulo, também cria uma relação com os conteúdos apresentados, anteriormente, no capítulo três: Os Projetos Correlatos das Casas Brasileiras Unifamiliares como Abordagens do Tema. Portanto, no primeiro item foi justificado quais os motivos de ter-se selecionado as duas residências paulistanas, à Mariante (2001/2002), do grupo MMBB Arquitetos e a Butantã (1964/1966), do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, ambas servindo como um objeto à serviço das análises. Já, no segundo item, apresenta-se algumas informações mais aprofundadas e completas à respeito das casas paulistanas estudadas. Primeiro, expõe-se algumas breves contextualizações sobre as implantações de ambas as casas, seguidos das explicações sobre suas características formais/volumétricas, estruturais e espaciais, ilustradas através de imagens ilustrativas sobre cada um dos aspectos comentados. 4.1 Seleção e Apresentação das Residências Paulistas Analisadas A partir de 1963/64 não há propriamente ‘fases’ no desenvolvimento dos projetos residenciais de Paulo Mendes da Rocha, verificando-se sua plena maturidade conceitual e construtiva, que de resto já ocorrera desde há algum tempo, muito precocemente em sua carreira. E sem dúvida o tema por excelência, que percorre a grande maioria de sua obra residencial é a ideia de casa-apartamento, geralmente elevada sobre pilotis, em propostas de caráter mais prototípico ou mais circunstancial, mesclando-se, em cada caso, a diferentes aproximações estruturais e volumétricas (ZEIN, 2000, p. 220). A obra de Paulo Mendes da Rocha “refinou” a linguagem da arquitetura paulista e a integrou mais com o ambiente urbano à sua volta – espaços internos e externos relacionando-se em permanente continuidade e por isso mesmo proporcionando grande integração socioambiental, inspiração que julga fundamental para todos os 33 arquitetos1 (CICCACCIO, 2006). As Casas do Butantã se tornaram verdadeiros ícones da arquitetura brasileira, obras- primas de Paulo Mendes da Rocha que expressaram com clareza a sensibilidade do artista com relação aos problemas sociais enfrentados pelo país, ao mesmo tempo sua preocupação com a adequação da arquitetura brasileira ao novo quadro de industrialização no qual o Brasil se encontrava. Enquadrada à realidade brasileira, as obras de Mendes da Rocha são a reflexão do que acontecia na época. Seu concreto solidificava sua ideologia e trazia autenticidade a suas obras, o tornando um dos maiores e mais geniais arquitetos da história (COSTA, 2015, sp.). De acordo com a rápida exposição da linha cronológica delimitada pelas casas brasileiras contemporâneas construídas nos últimos vinte e nove anos, é importante explicar que dentre todos os quatro projetos lá enunciados, obteve-se a aptidão de selecionar apenas o modelo construído de uma delas. Com vista nisto, e com bases em todas aquelas quatro casas, o trabalho esbarrou-se com o modelo da Residência Mariante (2001/2002), desenhadas pelo escritório paulistano MMBB Arquitetos, e construída em Aldeia da Serra, região Oeste de São Paulo. Conforme Samurio (2015), ela é considerada uma das mais notórias residências unifamiliares construídas nos moldes dos tempos atuais do contemporâneo, chegando ela mesma, a conservar e resgatar em seus princípios compositivos, construtivos e espaciais, “à tradição da Escola Paulista” (SAMURIO, 2015, p. 1). Porém, justificou-se sua seleção, porque ela foi a que mais aproximou-se das relações criadas com os universos projetuais das obras de Paulo Mendes da Rocha, em específico, com as da Residência Butantã (1964/66). Na proporção em que a Mariante (2001/2002), é apontada como uma das principais obras construídas atualmente, ela, em si só, ainda justifica-se por apresentar características fundamentais, se comparadas com os modos de projetar de Paulo. Exemplificando isto, têm-se como fator, os modelos das casas-apartamentos erguidas e repousadas sobre a estrutura de quatro pilares de concreto, com ambientes organizados através de uma solução espacial que é típico da distribuição de grande parte do programa de necessidades em um único plano solto do chão (ZEIN, 2005). Como pronunciados anteriormente, portanto, é apresentado em seguida, as características individuais das duas residências unifamiliares paulistanas introduzidas anteriormente, uma sendo idealizada nas décadas de 1960, e a outra nos anos de 2000/2001, na cidade de São Paulo. 1 Depoimento de Cândido Malta Filho – professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) – retirado de uma parte do artigo escrito pela autora Ana Maria Ciccaccio, e redigido na seção de Arquitetura da Revista Nossa América. 34 4.1.1 1964-1966: Residência Butantã / Paulo Mendes da Rocha Os assuntos que estavam sendo discutidos no período em que deram-se início as obras da residência idealizada pelo arquiteto paulistano - datadas dos anos de ‘64/66 -, rigorosamente, era apoiado pelas questões que giravam em torno de ordens políticas. Neste tempo, os processos originados pela industrialização das construções habitacionais, resultantes do alargamento das obras de Brasília, do crescimento desordenado do território urbano brasileiro e das demandas de uma nova política de desenvolvimento para o país, tornaram-se, entre os arquitetos modernistas, um dos principais temas centrais marcados pelo início das décadas de ‘60: Dentre os problemas que então se colocavam para os arquitetos brasileiros estava o desafio de testar soluções projetuais capazes de permitir um salto decisivo para a construção em massa de uma arquitetura de qualidade. Daí o investimento em pesquisas tecnológicas, a busca de soluções econômicas, a ênfase na organização do canteiro e a preocupação política e programática com a habitação de baixa renda, temas centrais de um debate que [...], conduziu a um repertório significativo de experiências arquitetônicas com as quais a residência Paulo Mendes da Rocha à princípio se alinha (NOBRE, 2007, sp.). Após inícios da década de ’60, Paulo Mendes da Rocha, um dos arquitetos mais reconhecidos por aceitar as influências do Brutalismo Paulista, que além do mais, é característica marcada em uma série de residências unifamiliares construídas, é encarregado por desenhar a Residência Butantã (1964/1966) - construída em um dos bairros de mesmo nome, situado à oeste da metrópole paulistana -, é uma das casas mais significativas e importantes idealizadas pelo arquiteto. Na realidade, este projeto é consequência da estruturação de duas casas unifamiliares, concebidas próximas umas das outras. No Quadro 2, é mostrado uma perspectiva do ponto de vista do passeio público, sendo ilustrada no canto esquerdo da imagem. Nos cantos da direita à cima, corresponde aos fundos do terreno, e à baixo, os das esquina do mesmo. 35 Logo no primeiro contato feito por intermédio da visão, percebe-se que as duas casas possuem muitos traços semelhantes, causando ao mesmo tempo um contraste se comparada com as moradias à sua volta. O curioso, é que o fato delas possuírem as mesmas características, ou ao menos é o que pode-se dizer, “contribuiu para que as duas obras fossem designadas, na literatura especializada, como as ‘as Casas Gêmeas’ do Butantã” (FIORINI, 2014, p. 142). Parando para observar as características de sua forma/volume, pode-se perceber que a sua composição é univolumétrica, definida através da superposição de um retângulo prismático de concreto. O volume do prisma é levantado do chão através da disposição de quatro pilares quadrados, permitindo que a todos os ambientes internos da casa pudessem ser transferidos para o primeiro pavimento. Este aspecto – o do prisma elevado -, é considerado um dos agentes fundamentais de toda a ideia geradora do partido volumétrico desta residência paulistana (SANVITTO, 1994). Uma das sensações transmitidas pela emprego desta estratégia, está associado a uma série de experiências visuais e volumétricas causadas pelo motivo do mesmo estar levantado do chão, ou seja, quem está caminhando pelas calçadas, aparentemente, é tocado pela impressão de que esta residência é conformada por apenas um único pavimento térreo. Segundo Zein (2000), de acordo com as palavras do arquiteto: Essa suspensão da casa em relação ao solo também se refere a uma questão de implantação, de espacialidade em relação a própria cidade. Aquilo era uma colinazinha na beira do rio, mas a rua principal que passa na frente já tinha sido cortada e, portanto, descaracterizada. Suspendi a casa nesses quatro pilares e cortei o território Quadro 2. Residências “Gêmeas” – 1964/1966, de Paulo Mendes da Rocha, Butantã, São Paulo. Fontes: arquiteturabrutalista.com.br (à esquerda e à direta em cima); ABE, 2009, p. 60 (à direita em baixo). Editado pelo Autor. 36 da colina só por baixo da casa, criando um patiozinho estrategicamente protegido de modo que não aparecesse como uma ofensa àquela colina e ao traçado da rua existente (ZEIN, 2000, p. 235 apud ABE, 2009, p. 63). Sobre a estrutura, nota-se, primeiro, a existência de quatro pilares de concreto armado, posicionados ao ponto de formar um perímetro quadrado instruídos na parte centralizada da planta, das quais estão apoiadas duas vigas mestras orientadas nos sentidos transversais e que, ao mesmo tempo, permite que duas lajes de ranhuras nervuradas encontrem-se engastadas nestas mesmas vigas, só que em seus sentidos longitudinais. Por segundo, pode-se observar a maneira como estão montadas e penduradas as duas empenas verticais que delimita o perímetro, tanto da estrutura, como da forma/volume e do espaço arquitetônico. Paralelas umas das outras, estas empenas encontram-se encostadas nas porções superiores da última laje da cobertura de concreto (SANVITTO, 1994). Duas vigas chamadas de vigas de bordo alcançam o comprimento de toda a extensão da cobertura, que responde ao último elemento da estrutura. Estas vigas, cumprem a função de dar apoio à estas empenas laterais, ocasionando na impressão de estarem apenas penduradas pela sua borda superior. Totalizando os valores de 2m22cm de dimensão, estas vigas de bordo afastam-se à 0.20cm com relação da última viga nervurada da cobertura (ZEIN, 2000). No Quadro 3 á baixo, é ilustrado como estes elementos se relaciona com a estrutura existente. Nos cantos da esquerda, mostra-se um dos quatro pilares distribuídos no pavimento térreo, correspondendo ao nível do terreno, e ao lado, um dos pilares do pavimento superior da residência. Quadro 3. Estruturas da Residência Butantã, 1964/1966, de Paulo Mendes da Rocha, Butantã, São Paulo. Fontes: leonardofinotti.com. Editado pelo Autor. 37 O espaço interno arquitetônico é, geometricamente e, espacialmente, entendido pelo viés da configuração de três porções, ou partes que tendem a dividir e, subdividir os ambientes existentes do programa. Observa-se, portanto, que a divisão destes espaços domésticos acontece através da “distribuição racional e quase simétrica dos ambientes [...], tendo como eixo de simetria à faixa central dos dormitórios e serviços” (FIORINI, 2014, p. 155). Na primeira porção, situa-se um corredor de passagem, que logo adquire características de um espaço de permanência e, ao mesmo tempo, de transição para os outros ambientes, que neste caso, são formados pelos dormitórios. Na segunda porção, que é a parte mais centralizada da planta, subdivide-se todos os cinco dormitórios. Estes, juntamente com as quatro áreas dos banheiros, encontram-se arranjados uns aos lados dos outros, e delimitados pela ocupação de uma série de paredes situadas paralelamente entre si. Ainda na porção centralizada está à cozinha da casa, que é apenas afastada das áreas dos dormitórios e banheiros, por intermédio de uma estreita passagem de circulação. Na terceira e, última parte, agrupa-se os ambientes das três áreas sociais: uma delas é a sala de refeições, a outra é a de convivência e por último um escritório, todos compartilhando assim, o mesmo espaço de ocupação (ABE, 2009). Quadro 4. Espaços da Residência Butantã, 1964/1966, de Paulo Mendes da Rocha, Butantã, São Paulo. As direitas, planta arquitetônica da mesma. Fontes: arquiteturabrutalista.com.br (à esquerda à cima e à baixo); ABE, 2009, p. 60 (à direita). Editado pelo Autor. 38 4.1.2 2001-2002: Residência Mariante / MMBB Arquitetos O cenário urbano de São Paulo é conhecido pela aglomeração caótica de prédios disputando espaços em meio aos 17 milhões de habitantes residentes, convivendo, juntamente, com o crime, a poluição emitida e os congestionamentos causados durante o trânsito. Por conta destes fatores, uma grande porção dos habitantes instalados nas regiões centrais da cidade, começaram a se dispersar para alguns locais mais afastados desta confusão urbana que é o morar em São Paulo (GUERRA, 2004). Entre os municípios de Santana de Parnaíba e a região de Barueri, nas proximidades oeste da cidade paulista, situa-se como refúgio deste cenário urbano, um condomínio chamado como Morada dos Pássaros, localizado na região de Aldeia da Serra. De características bucólicas, o condomínio é uma dispersão em meio a natureza, um modo de vida não tanto comum para quem compartilhava o visual com as construções de concreto. No entanto, uma das casas, ou melhor dizendo, uma caixa executada em concreto e vidros é uma visão não muito comum para as pessoas em que lá vivem (GUERRA, 2004). Resgatando os estilos da Escola Paulista, o desenho da Residência Mariante (2001/2002), carrega em suas linhas, uma série de referências próximas de algumas das casas materializadas pelo Brutalismo Paulista, das década de 1950/70. Porém, se olharmos com uma visão um pouco mais crítica, poder-se à notar que muitas de suas características são encontradas, também, nos projetos das residências Gerassi (1988/1991) e Butantã (1964/1966), ambas desenhadas pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Parando para observar as características de sua forma/volume, pode-se perceber que a sua composição é univolumétrica, definida através da composição de uma caixa geométrica, idealizadas em concreto armado. O volume da caixa, portanto, é erguido do chão através da disposição de quatro pilares quadrados, e recuados para dentro dos perímetros da planta, também de aspectos quadrados (GONÇALVES, 2013). 39 Sobre a estrutura, percebe-se que a estrutura geradora da residência é composta pela sobreposição de duas lajes de concreto com nervuras. Cada uma das lajes possui 16m20 em ambos os lados, subdivididas em uma série alinhada de 18 alvéolos, que são cavidades com dimensões de 90cm x 90cm. A vantagem deste tipo de sistema permite a construção de vãos mais largos, liberando consequentemente a ocupação de maiores espaços. Por isso, sua estrutura é elevada do terreno apenas pela sustentação de quatro pilares de concreto armado, distribuídos igualmente com a relação dos outros, à uma distância de 9m90 a partir do eixo central da planta (GUERRA, 2004, 2005). A equipe de profissionais optou pelo sistema de construção racionalizado e moldado in loco. Foram alugadas fôrmas plásticas que possibilitam a construção racional de lajes nervuradas, com a eliminação do uso de compensado,
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