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Continuidades do Brutalismo Paulista: Análise de uma Residência Contemporânea Construída em São Paulo (1990-2018) I Monografia Final - TC Defesa

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1 
CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO ASSIS GURGACZ 
JOÃO PEZZINI MOTTA JUNIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTINUIDADES DO BRUTALISMO PAULISTA: ANÁLISE DE UMA RESIDÊNCIA 
CONTEMPORÂNEA CONSTRUÍDA EM SÃO PAULO (1990-2018) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASCAVEL 
2018
2 
JOÃO PEZZINI MOTTA JUNIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTINUIDADES DO BRUTALISMO PAULISTA: ANÁLISE DE UMA RESIDÊNCIA 
CONTEMPORÂNEA CONSTRUÍDA EM SÃO PAULO (1990-2018) 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão do Curso de Arquitetura 
e Urbanismo, da Fundação Assis Gurgcaz, 
apresentado na modalidade Teórico-Conceitual, 
como requisito parcial para a aprovação na 
disciplina: Trabalho de Curso: Defesa. 
 
Professora Orientadora: Tainã Lopes Simoni. 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASCAVEL 
2018
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JOÃO PEZZINI MOTTA JUNIOR 
 
 
 
 
CONTINUIDADES DO BRUTALISMO PAULISTA: ANÁLISE DE UMA RESIDÊNCIA 
CONTEMPORÂNEA CONSTRUÍDA EM SÃO PAULO (1990-2018) 
 
 
 
 
 
DECLARAÇÃO 
 
 
Declaro que realizei em Outubro de 2018 a revisão linguístico textual, ortográfica e 
gramatical da monografia e artigo científico de Trabalho de Curso denominado: Continuidades 
do Brutalismo Paulista: Análise de uma Residência Contemporânea Construída em São Paulo 
(1990-2018), de autoria de João Pezzini Motta Junior, discente do Curso de Arquitetura e 
Urbanismo – FAG e orientado por Tainã Lopes Simoni. 
Tal declaração contará das encadernações e arquivo magnético da versão final do TC 
acima identificado. 
 
Cascavel, 23 de Outubro de 2018. 
 
 
 
 
 
 
Nome completo 
Bacharel ou Licenciado em Letras/sigla instituição/ano de graduação 
RG nº (inserir nº do RG, e órgão de expedição). 
4 
CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO ASSIS GURGACZ 
JOÃO PEZZINI MOTTA JUNIOR 
 
 
 
CONTINUIDADES DO BRUTALISMO PAULISTA: ANÁLISE DE UMA RESIDÊNCIA 
CONTEMPORÂNEA CONSTRUÍDA EM SÃO PAULO (1990-2018) 
 
 
Trabalho apresentado no Curso de Arquitetura e Urbanismo, do Centro Universitário 
Assis Gurgacz, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e 
Urbanismo, sob a orientação da Professora: Tainã Lopes Simoni. 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
______________________________________________________________________ 
Professora Orientadora 
Centro Universitário Fundação Assis Gurgacz 
Tainã Lopes Simoni 
Arquiteta e Docente 
 
 
______________________________________________________________________ 
Professor Avaliador 
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo 
Marcelo França dos Anjos 
Arquiteto, Mestre e Docente 
 
 
 
 
 
Cascavel/PR, 23 de Outubro de 2018.
5 
RESUMO 
 
Esta monografia busca apresentar as características de uma série de residências brasileiras 
contemporâneas construídas nos últimos vinte e nove anos, em São Paulo, com base na análise 
da Residência Mariante (2001/2002), do escritório MMBB Arquitetos. O objetivo foi identificar 
a existência de características semelhantes relacionadas com as obras do Brutalismo Paulista, 
das décadas de 1950/70, particularmente, com a Residência Butantã (1964/1966), de Paulo 
Mendes da Rocha. A problemática de pesquisa, procurou saber quais são as características em 
comum entre as casas Mariante e Butantã, que convergem para a construção de uma linguagem 
própria dos projetos construídos entre os anos de 1990 e hoje? Para responder a pergunta, são 
aplicadas duas metodologias principais: a primeira, corresponde as pesquisas bibliográficas e 
documentais, para levantar informações acerca do assunto/tema, e coletar imagens dos 
documentos arquitetônicos das obras estudadas. A segunda, deu-se através da elaboração de 
desenhos gráficos, realizados à mão livre, para identificar as características do Brutalismo 
Paulista e do modelo de Francis Ching (2008). 
 
Palavras-Chave: Arquitetura Contemporânea Brasileira. Brutalismo Paulista. Residências 
Brasileiras Unifamiliares. Análise Arquitetônica. 
 
6 
ABSTRACT 
 
This monograph seeks to present the characteristics of a series of contemporary Brazilian 
residences built in the last twenty-nine years, in São Paulo, based on the analysis of the Mariante 
Residence (2001/2002), from the MMBB Architects office. The objective was to identify the 
existence of similar characteristics related to the works of Brutalismo Paulista, from the 1950s 
and 1970s, particularly with the Butantã’ Residence (1964/1966), by Paulo Mendes da Rocha. 
The research problem, sought to know what are the characteristics in common between the 
houses Mariante and Butantã that converge to the construction of a language own of the projects 
constructed between the years of 1990 and today? To answer the question, two main 
methodologies are applied: the first one corresponds to bibliographical and documentary 
research, to gather information about the subject / theme, and to collect images of the 
architectural documents of the works studied. The second was the development of freehand 
graphic designs to identify the characteristics of Paulista’s Brutalism and the model of Francis 
Ching (2008). 
 
Keyswords: Brazilian Contemporary Architecture. Paulista’s Brutalism. Brazilian Residences 
Single Family. Architectural Analysis. 
 
7 
LISTAS DE FIGURAS 
 
Figura 1. Residência Ivo Viterito - 1962 (à esquerda) e Residência Ariosto Martirani - 1970 (à 
direita), de Vilanova Artigas. ................................................................................................... 19 
Figura 2. Linha do Cronológica do Tempo das Principais Residências Brasileiras 
Contemporâneas Construídas em São Paulo. ........................................................................... 26 
Figura 3. Residência em Ribeirão Preto – 2000/2001, de SPBR Arquitetos + MMBB 
Arquitetos, Ribeirão Preto, São Paulo. ..................................................................................... 27 
Figura 4. Residência no City Boaçava – 2004/2008, de MMBB Arquitetos, City Boaçava, São 
Paulo. ........................................................................................................................................ 28 
Figura 5. Residência na Vila Romana – 2004/2006, de MMBB Arquitetos, Vila Romana, São 
Paulo. ........................................................................................................................................ 29 
Figura 6. Residência T.R. – 2011/2016, de Andrade Morettin Arquitetos, Carapicuíba, São 
Paulo. ........................................................................................................................................ 30 
As direitas, planta arquitetônica da mesma. ............................................................................. 37 
Figura 7. Residência Mariante, 2001/2002, de MMBB Arquitetos, Aldeia da Serra, São Paulo.
 .................................................................................................................................................. 39 
Figura 8. Espaços da Residência Mariante, 2001/2002, de MMBB Arquitetos, Aldeia da Serra, 
São Paulo. ................................................................................................................................. 40 
Figura 9. Princípios de Sólidos Primários. .............................................................................. 44 
Figura 10. Principais Transformações Dimensionais da Forma. ............................................. 45 
Figura 11. Elementos Horizontais do Plano de Base, Plano de Base Elevado e Plano Superior.
 .................................................................................................................................................. 46 
Figura 12. Elementos Verticais dos Planos Verticais Únicos e Planos Paralelos. .................. 47 
Figura 13. Relações Espaciais de Espaços dentro de um Espaço e Espaços Adjacentes. ....... 48 
Figura 14. Axonométrica Explodida do Sistema Compositivo da Residência
Butantã 
(1964/1966). ............................................................................................................................. 50 
Figura 15. Axonométrica Explodida do Sistema de Delimitação da Residência Butantã 
(1964/1966). ............................................................................................................................. 52 
Figura 16. Axonométrica Explodida do Sistema Espacial da Residência Butantã (1964/1966).
 .................................................................................................................................................. 54 
Figura 17. Axonométrica Explodida do Sistema Compositivo da Residência Mariante 
(2001/2002). ............................................................................................................................. 56 
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8 
Figura 18. Axonométrica Explodida do Sistema de Delimitação da Residência Mariante 
(2001/2002). ............................................................................................................................. 58 
Figura 19. Axonométrica Explodida do Sistema Espacial da Residência Mariante (2001/2002).
 .................................................................................................................................................. 60 
 
 
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9 
LISTAS DE QUADROS 
 
Quadro 1. Residência PA - 2003, METRO Arquitetos (à cima) e Residência Mario Masetti – 
1968/1970, Paulo Mendes (à baixo). As direitas, plantas arquitetônicas das mesmas. ............ 23 
Quadro 2. Residências “Gêmeas” – 1964/1966, de Paulo Mendes da Rocha, Butantã, São 
Paulo. ........................................................................................................................................ 35 
Quadro 3. Estruturas da Residência Butantã, 1964/1966, de Paulo Mendes da Rocha, Butantã, 
São Paulo. ................................................................................................................................. 36 
Quadro 4. Espaços da Residência Butantã, 1964/1966, de Paulo Mendes da Rocha, Butantã, 
São Paulo. ................................................................................................................................. 37 
As direitas, planta arquitetônica da mesma. ............................................................................. 37 
 
 
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10 
LISTAS DE SIGLAS 
 
FAAP Fundação Armando Alvares Penteado. 
FAUUSP Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. 
USP Universidade de São Paulo. 
 
10 
SUMÁRIO 
 
Resumo ....................................................................................................................................... 5 
Abstract ....................................................................................................................................... 6 
Listas de Figuras ......................................................................................................................... 7 
Listas de Quadros ....................................................................................................................... 9 
Listas de Siglas ......................................................................................................................... 10 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 
 
2 FUNDAMENTOS ARQUITETÔNICOS DIRECIONADOS ......................................... 16 
2.1 1950-1970: A ARQUITETURA MODERNA DE SÃO PAULO ..................................... 16
2.1.1 O Cenário da Arquitetura Moderna Brasileira: O Brutalismo Paulista ........................... 16 
2.2 1990-2018: A ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA DE SÃO PAULO ...................... 20 
2.2.1 O Cenário da Arquitetura Contemporânea Brasileira: A Arquitetura Paulista ............... 20 
 
3 OS PROJETOS CORRELATOS DAS CASAS BRASILEIRAS UNIFAMILIARES 
COMO ABORDAGENS DO TEMA .................................................................................... 25 
3.1 O Universo de Delimitação das Residências Unifamiliares Paulistas ................................ 25 
3.2 As Características das Residências Contemporâneas ......................................................... 26 
3.2.1 2000-2001: Residência em Ribeirão Preto / SPBR Arquitetos + MMBB Arquitetos ..... 26 
3.2.2 2004-2008: Residência no City Boaçava / MMBB Arquitetos ....................................... 28 
3.2.3 2004-2006: Residência na Vila Romana / MMBB Arquitetos ........................................ 29 
3.2.4 2011-2016: Residência T.R. / Andrade Morettin Arquitetos .......................................... 30 
3.3 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO ........................................................................................ 30 
 
4 AS APLICAÇÕES DELIMITADAS PELA PESQUISA ................................................ 32 
4.1 Seleção e Apresentação das Residências Paulistas Analisadas .......................................... 32 
4.1.1 1964-1966: Residência Butantã / Paulo Mendes da Rocha ............................................. 34 
4.1.2 2001-2002: Residência Mariante / MMBB Arquitetos ................................................... 38 
11 
4.2 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO ........................................................................................ 40 
 
5 AS ANÁLISES APLICADAS PELA PESQUISA ............................................................ 42 
5.1 Definição do Universo de Metodologia das Análises ........................................................ 42 
5.1.1 Sistema Compositivo ....................................................................................................... 43 
5.1.1.1 Sólidos Primários .......................................................................................................... 44 
5.1.1.2 Transformação da Forma .............................................................................................. 44 
5.1.2 Sistema de Delimitação ................................................................................................... 45 
5.1.2.1 Elementos Horizontais Definindo Espaço .................................................................... 45 
5.1.2.2 Elementos Verticais Definindo Espaço ........................................................................ 46 
5.1.3 Sistema Espacial .............................................................................................................. 47 
5.1.3.1 Relações Espaciais ........................................................................................................ 47 
5.2 Análise das Residências Paulistanas................................................................................... 48 
5.2.1 RESIDÊNCIA BUTANTÃ (1964/1966) / PAULO MENDES DA ROCHA ................. 48 
5.2.1.1 Sistema Compositivo .................................................................................................... 48 
5.2.1.2 Sistema de Delimitação ................................................................................................ 51 
5.2.1.3 Sistema Espacial ........................................................................................................... 53 
5.2.2 RESIDÊNCIA MARIANTE (2001/2002) / MMBB ARQUITETOS ............................. 55 
5.2.2.1 Sistema Compositivo .................................................................................................... 55 
5.2.2.2 Sistema de Delimitação ................................................................................................ 57 
5.2.2.4 Sistema Espacial ........................................................................................................... 59 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 61 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 62 
12 
1 INTRODUÇÃO 
 
Houve em inícios dos anos de 1950, no Brasil, o agrupamento de uma série de edificações 
construídas com características de uma arquitetura que ficou conhecida como Brutalista 
Paulista. Tornando-se a cidade-berço destas obras brutalistas, São Paulo foi uma das mais 
importantes regiões brasileiras que, na metade do Século XX, condescendeu com as vontades 
de um dos movimentos modernistas das vanguardas arquitetônicas brasileiras da época. O 
Brutalismo Paulista, portanto, é uma arquitetura que, inicialmente, limitou-se as atividades 
profissionais de alguns arquitetos de São Paulo, e que só ganharam notoriedade nos finais dos 
anos de 1950. 
Com o agrupamento de todas as edificações construídas pelo Brutalismo Paulista, e sua 
reconhecida aceitação apenas nos inícios das décadas de 1960, é, somente por volta das décadas 
lá de 1970/80, que elas começaram a tomar, nos meios em que estavam inseridas, um senso de 
amadurecimento das suas construções. De acordo com Zein (2001), as ideias que têm-se da 
Arquitetura Paulista Brutalista, irá adquirir as características de “um movimento, uma ‘escola’, 
inicialmente [...], e posteriormente, um ‘estilo’, a face à sua divulgação e sua ampla e vasta 
influência em outras regiões brasileiras” (ZEIN, 2001, p. 38). 
Mas, se realmente poder-se a acreditar na existência de um movimento e na conformação 
de um estilo arquitetônico, propriamente e, exclusivamente, reduzido as formas das construções 
do Brutalismo Paulista, não é possível predizer que isto estejas prestes a acontecer após os finais 
das décadas de 1970 e, início dos anos de 1980: 
Entretanto, embora não exista mais uma arquitetura “de modelo”, nem se possa falar 
de uma escola paulista após meados dos anos 1980, isso não significa que suas 
características espaciais e construtivas não tenham sobrevivido, nem que ela tenha, 
enquanto estilo, esgotados suas possibilidades formais (ZEIN, 2001, p. 39). 
Por isto, foi nas décadas anteriores aos anos de 1980, que uma parcela dos arquitetos da 
Escola Paulista propuseram a criação de novas linguagens arquitetônicas aos modos paulistanos 
de projetar, que fosse ao mesmo tempo autênticos, extensivos e articulados. Em vista disto, uma 
parte das arquiteturas brasileiras idealizadas nos finais dos anos de 1980 e início das décadas 
de 1990, foram construídas numa linha de suma continuidade sendo influenciadas pelas 
arquiteturas modernas brasileiras: 
Essa produção, no entanto, não pode mais ser enquadrada numa postura única e nem 
comunga o mesmo discurso ideológico que respaldava a arquitetura moderna 
13 
brasileira até os anos de 1970. Mais que norteada por um pensamento teórico 
claramente identificável, é fruto do caminho pessoal de alguns arquitetos (BASTOS, 
2003, p. 205). 
Visando tais fatores, a produção das obras contemporâneas de São Paulo, principalmente, 
aquelas realizadas nos inícios dos anos de 1990, são construídas com bases nas reinterpretações 
das características estético-formais do Brutalismo Paulista (GONÇALVES, 2013). Com noções 
nestes panoramas iniciais, as abordagens do trabalho procura - através da análise da Residência 
Mariante -, apresentar as características de uma série de outras residências brasileiras 
unifamiliares idealizadas entre os períodos de 1990 à 2018, no território da cidade de São Paulo. 
Com isto, o objetivo geral buscou identificar a existência de características semelhantes 
relacionadas com as obras do Brutalismo Paulista, principalmente, com a Residência Butantã 
(1964/1966), de Paulo Mendes
da Rocha. Estabelecido o foco, é delineado em seguida, alguns 
objetivos específicos, procurando dar corpo ao procedimento das análises. São eles: a) pesquisar 
uma série de bibliografias relacionadas com o assunto/tema, intencionando a pesquisa à sempre 
manter um contato direto com o universo de estudos da Arquitetura da Escola Paulista 
Brutalista; b) realizar as análises e as comparações dos projetos unifamiliares estudados, a partir 
de conceitos/aspectos que estão presentes no modelo de análise de Francis Ching (2008); c) 
elaborar uma série de desenhos gráficos representados à mão livre, proporcionando uma análise 
mais fácil de entender sobre os aspectos analisados. 
Entre as décadas de 1990 e 2000, a produção das edificações arquitetônicas que até então 
eram realizadas no Brasil, recebeu uma série de influências modernistas. De acordo com Braga 
& Amorim (2009), estas influências são levadas a cabo pelas próximas gerações dos arquitetos 
brasileiros, que usaram-nas como fonte de referência para os modos de projetar atualmente, 
através das buscas de novos contextos e tecnologias (BRAGA e AMORIM, 2009). Mediante a 
esta breve contextualização e, por intermédio das posturas metodológicas adotadas, abre-se 
espaço para a problemática. Contudo, a problematização da pesquisa girou em torno de procurar 
saber quais são as características em comum entre as casas Butantã e Mariante, que convergem 
para a construção de uma linguagem própria dos projetos construídos entre os anos de 1990 e 
hoje? 
Para responder a pergunta, encontrou-se um referencial teórico à altura, norteando assim, 
os raciocínios adotados nas análises. Portanto, elas foram embasadas nos conceitos do modelo 
de análise de Francis Ching (2008). Na realidade, este modelo está apoiado em uma aprimorada 
análise de alguns dos conceitos empregados por detrás dos elementos, sistemas e organizações 
arquitetônicas, que lhes são característicos das edificações enquanto manifestação física do 
14 
espaço. Investigando os aspectos dos elementos arquitetônicos até as relações conceituais das 
edificações, o modelo utiliza-se de uma estrutura da decomposição do edifício em suas partes. 
Estas partes, portanto, podem ser classificadas e agrupadas em torno de uma série de temáticas 
abordados pelo modelo de Francis Ching, que dentre eles estão: os “elementos primários, forma, 
forma e espaço, organização, circulação, proporção e escala e princípios” (CHING, 1999 apud 
CORDOVIL, 2003, p. 51). Através disto, os usos das técnicas de desenhos diagramáticos e 
ilustrações dá espaço à luz das análises destas temáticas e, para que também, possa ser 
conhecido sobre as diferentes formas de manipulação dos elementos arquitetônicos construídos 
(BELTRAMIN & MOREIRA, 2013). 
Na porção em que o trabalho é desenvolvido, foram utilizadas duas metodologias. Na 
primeira, abordou-se as pesquisas bibliográficas e documentais, aonde coletou-se e fichou-se 
uma série de leituras feitas através da seleção de livros bibliográficos, artigos, dissertações e 
teses correspondentes ao assunto/tema norteadores da pesquisa. Seguindo com as metodologias, 
as de ordens documentais, visou levantar e coletar dados por viés de documentos escritos ou 
não, e outros, a título de exemplos como fotografias (MARCONI & LAKATOS, 2003). 
Baseado em fotos ilustrativas, encontrou-se uma série de imagens internas e externas, assim 
como de detalhes construtivos e documentos de plantas arquitetônicas, que estavam 
disponibilizados, principalmente, nos sites relacionados as casas Butantã e Mariante. Na 
segunda, utilizou-se a técnica de análise apoiadas na elaboração de desenhos gráficos, 
representados à mão livre. 
Por fim, a organização da lógica dos conteúdos do trabalho, em síntese, é estruturado em 
cinco capítulos: na Introdução (1.), abordou-se os enquadramentos do assunto/tema de 
pesquisa, bem como dos objetivos norteadores da mesma, das metodologias aplicadas, assim 
como da problemática levantada e do corpo do referencial teórico das análises. No 2° capítulo, 
contemplou-se o levantamento de algumas literaturas mais contextualizadas e, aprofundadas, 
sobre o universo da Arquitetura Moderna e Contemporânea de São Paulo, expostos através de 
conteúdos que formou as bases do problema de pesquisa. No 3° capítulo, apresentou-se o 
universo de delimitação das residências unifamiliares paulistanas, a partir da montagem de uma 
linha cronológica do tempo e suas respectivas explicações. Foi também, dado ênfase à este 
capítulo, apresentar as características de uma série de quatro casas brasileiras contemporâneos. 
No 4° capítulo, expõe-se algumas explicações sobre a seleção da Residência Butantã 
(1964/1966) e da Residência Mariante (2001/2002), que sequencialmente, são apresentadas 
mais a fundo, as característica de cada uma, respectivamente. No 5° capítulo, explicou-se quais 
foram os processos de raciocínio adotado nas metodologias das análises e, por último, nas 
15 
Considerações Finais, reviu-se alguns dos pontos abordados no trabalho, e respondeu-se a 
pergunta da problemática. 
 
16 
2 FUNDAMENTOS ARQUITETÔNICOS DIRECIONADOS 
 
Este capítulo é divido em dois itens estruturantes, e que compreende o direcionamento e 
o levantamento do universo das literaturas bibliográficas relacionadas com o assunto/tema e, 
com a pergunta do problema investigado pelo trabalho. No primeiro item, portanto, apresenta-
se os acontecimentos históricos da Arquitetura Moderna em São Paulo, abrangendo, 
temporalmente, as décadas de 1950/70 – períodos estes, representativos do surgimento da 
Arquitetura Paulista Brutalista e suas repercussões. Identifica-se também, quais as principais 
características derivadas destas edificações modernas paulistas. Já, o segundo item, destina-se 
a elucidar o cenário contemporâneo das arquiteturas realizadas no Brasil, após as décadas de 
1980 e que, cronologicamente, marca o início do que irá acontecer nos anos de 1990, com a 
produção das novas arquiteturas de São Paulo. 
 
2.1 1950-1970: A ARQUITETURA MODERNA DE SÃO PAULO 
 
Os objetivos desta primeira parte, como explicados anteriormente, traz algumas breves 
reflexões sobre os acontecimentos históricos das arquiteturas que, entre as décadas de 1950/70, 
surgi no Brasil, juntamente, com a produção de uma série de projetos construídos em São Paulo. 
Estas arquiteturas brasileiras, historicamente falando, são reconhecidas como obras referências 
da Arquitetura da Escola Paulista Brutalista, ou também chamadas pelo nome do Brutalismo 
Paulista. Também é explicado, sobretudo, quais as principais características arquitetônicas de 
uma construção do gênero. 
 
2.1.1 O Cenário da Arquitetura Moderna Brasileira: O Brutalismo Paulista 
 
Uma grande parte das obras construídas em São Paulo, classificadas com o rótulo da 
Escola Paulista, e, sendo geralmente chamadas de Brutalista Paulista, representam um dos mais 
autênticos movimentos de vanguardas brasileiras da arquitetura em meados do século XX, “[...] 
cuja afirmação principia a fermentar entre arquitetos de São Paulo nos anos ‘50, consolidando-
se localmente nos anos ‘60 e expandindo nacionalmente sua influência formal nos anos ’70” 
(ZEIN, 2001, p. 10). 
Este movimento começa, mesmo não possuindo um completo reconhecimento, a tomar 
forma, principalmente, em um dos momentos em que à Arquitetura Brasileira buscava dar início 
a aquisição de novas alternativas, mostrando aos arquitetos modernistas que o país poderia, sim, 
17 
alcançar outros caminhos a serem percorridos (BASTOS, 2003). Portanto, a cidade de Brasília, 
construída no Brasil, é considerada um símbolo para a Arquitetura Brasileira. Muitas mudanças 
ocorrerá no campo de atuação dos arquitetos após a sua construção, provocando uma forte 
influência nas edificações que até então vinham sendo produzidas. Voltando duas décadas 
anteriores aos anos ’70, é possivel perceber, nos finais dos anos de
1940, que ainda há existência 
de uma visão quase incontestável - até pelo menos o momento de idealização e construção de 
Brasília -, de uma “[...] predominância e liderança da Escola Carioca, bem como de sua 
identificação como ‘a’ arquitetura brasileira” (ZEIN, 2005, p. 52) da época. 
De acordo com Bastos (2003), o fenômeno de Brasília veio a fomentar a alteração na 
expressão da forma em arquitetura, e que, coincidentemente, enquadrou-se com o surgimento 
das tendências do Brutalismo na cidade de São Paulo. Neste panorama têm-se até aqui, o 
contraponto entre duas arquiteturas, a da Escola Carioca (1920/40) e o da Escola Paulista 
(1950/70). O ponto de transição entre estas duas Escolas de Arquitetura, associa-se ao evento 
que ficou conhecido como o fenômeno do pós-construção de Brasília (BASTOS, 2003). 
Nas palavras da autora, estas alterações formais vieram a ocorrer, portanto, só lá na 
metade da década de 1950, afirmando o momento em que a Arquitetura Paulistana formou uma 
linguagem própria, que tornou-se autônoma e, diferentes daquelas da Escola Carioca: 
[...] ao contrário da arquitetura da Escola Carioca, caracterizada pela 
leveza e elegância, a arquitetura paulista explorava o peso, a 
horizontalidade. Sua forma não procurava mascarar uma realidade, mas 
antes, denunciar, não se importando de ser tosca, rude (BASTOS, 2003, 
p. 6, 7). 
Isto, foi o que lhes acabou conferindo uma identidade, unicamente, e exclusivamente, 
próprias dos arquitetos da Escola Paulista e que, rapidamente, foram influenciados pelos modos 
de projetar Brutalistas do Brasil, durante as décadas de 1960. Em face destes acontecimentos, 
as obras do Brutalismo Paulista serviram de modelos para as construções modernistas da época, 
principalmente, pelo viés de suas novas formas de expressão: 
O Brutalismo Paulista foi uma tendência que partia de um discurso defendendo uma 
postura ética para a sociedade. Foi messiânica e salvadora na medida em que propagou 
novas ideias em busca de um mundo melhor. Acreditava na verdade, na correção, na 
virtude e na igualdade dos homens. Esta ideologia conduzia soluções arquitetônicas 
nas quais nada havia a esconder. Sugeria a vida comunitária decorrente da utilização 
do espaço único. As segregações não eram bem aceitas, assim como as 
compartimentações evitadas (SANVITTO, 2013, p. 11). 
18 
Através da postura ética do Brutalismo Paulista, Bastos (2003) alega dizendo, que, 
[...] surgia a ideia de uma nova sociedade, tanto da parte de um arquiteto como Artigas, 
[...] como, por exemplo, da parte de Paulo Mendes da Rocha, que por meio dos seus 
programas residenciais procurava soluções que valorizavam os espaços comuns, [...] 
procurando levar a um uso mais comunitário da casa (BASTOS, 2003, p. 6). 
Em consequência destas ideias, as arquiteturas de São Paulo são, portanto, um dos 
resultados do amadurecimento de novas argumentações arquitetônicas impregnadas pelo 
discurso ético, e que em muitos dos casos, eram defendidos pelo usos de volumes arquitetônicos 
criados numa série de modelos de construções: 
O Brutalismo Paulista trabalhou com um conjunto de regras compositivas que 
ordenava as partes da edificação. Princípios como univolumetria, utilização de um 
núcleo ordenador, unificação espacial interna, continuidade interior-exterior e 
configuração de espaços por volumes fechados assim o demonstram. Por outro lado, 
as questões de caráter ficaram vinculadas à expressão de uma arquitetura própria de 
São Paulo, em que a partir das residências os arquitetos procuraram criar um jeito 
paulistano de morar (ACAYABA, 1986, p. 429 apud SANVITTO, 2013, p. 14). 
Decerto, estes conjuntos de regras são vistos como as principais características 
encontradas nas arquiteturas de São Paulo das décadas de 1950/70. A competência para 
compreender claramente as características das construções idealizadas entre estes períodos, é, 
segundo Zein (2000), apenas possibilitado pelo auxílio de um exaustivo levantamento de 
pesquisa, catalogando e agrupando-as a partir de algumas temáticas projetuais e através de uma 
linha cronologicamente datada de suas décadas de produção (ZEIN, 2000). 
Exemplos, são as influências criadas pelos partidos formais/volumétricos das residências 
paulistanas Ivo Viterito (1962) (Figura 1, à esquerda) e Ariosto Martirani (1970) (Figura 1, à 
direita), ambos projetos de Vilanova Artigas. As regras compositivas estabelecidas nos 
desenhos da Residência Ivo Viterito, irá determinar como a concepção da forma arquitetônica 
acomoda as atividades domesticas dos ambientes internos, e ainda, como o próprio arquiteto, 
no caso de Artigas, vêm a explorar as empenas de concreto das paredes cegas laterais. Na Figura 
1, observa-se como os formatos dos volumes de ambas as residências construídas em São Paulo, 
influencia na percepção de quem está caminhando pelas calçadas. 
 
 
 
 
19 
 
 
 
 
 
Em razão disto, uma ‘caixa volumétrica’ abriga e acomoda todos os espaços internos dos 
cômodos. Isto ocorre, pois, de acordo com Petrosino (2009), toda a estrutura, até mesmo, à da 
‘caixa’, é executado em concreto armado mostrados aparentes. A cobertura, portanto, parte que 
compõe a ‘caixa’, é construída com lajes de ranhuras nervuradas, e acaba por descarregar as 
forças exercidas pelo volume, diretamente, para os quatro pilares de sustentação das vigas e das 
empenas laterais cegas, que fluem até as fundações da casa (PETROSINO, 2009). 
Um outro exemplo, é também usado pelo próprio Artigas, só que agora na Residência 
Ariosto Martirani, construída oito anos após as conclusões das obras da Ivo Viterito, explorando 
a mesma temática da “[...] utilização de um caixa estrutural que cobrisse o invólucro da 
construção” (RAMOS, 2013, p. 12). Uma série de pesquisas voltadas para a exploração da 
‘caixa única’, como solução para proteger os espaços arquitetônicos, é, se não uma das 
principais características das residências desenhadas pelo Vilanova Artigas. 
Uma das características mais marcantes destas arquiteturas paulistas, é a sua capacidade 
de solucionar os problemas da construção através da criação de uma volumetria única, 
possibilitando assim, abrigar todas as atividades ocorridas nos espaços internos das condições 
impostas pelo tempo e pelo clima. Estes espaços internos são organizados com uma maior 
flexibilidade de usos e, geralmente, trabalhados com uma série de vazios internos, variando as 
alturas de seus pés-direitos entre pavimentos - chamados de meio-níveis -, para que deste modo, 
possa ser destacado alguns visuais e percursos, estrategicamente posicionados. As estruturas 
são executadas com materiais construtivos de concreto armado e são tidos como aparentes, e 
em muitos dos casos, construídos com sistemas de lajes nervuradas unidirecionais – em uma 
direção - ou bidirecionais – nas duas direções. Estes lances de pilares, vãos livres, balanços são 
também construídos com concreto armado concebidos in loco, porém, o excesso de aplicação 
Figura 1. Residência Ivo Viterito - 1962 (à esquerda) e Residência Ariosto Martirani - 1970 (à direita), de 
Vilanova Artigas. 
Fontes: ensaiosfragmentados.com (à esquerda) e joaoalvimcortes.tumblr.com (à direita). Editado pelo Autor. 
20 
deles, eventualmente, são aproveitados nas estruturas das paredes e das divisórias internas 
(BASTOS & ZEIN, 2010). 
Dispensando o ponto de que estas, e entre outras características, encontram-se presentes 
em grandes partes das obras construídas pelos arquitetos de São Paulo, Bastos e Zein (2010) 
consideram que a existência das mesmas e, consequentemente, das arquiteturas construídas 
“tampouco é exclusiva do brutalismo brasileiro ou paulista” (BASTOS & ZEIN, 2010, p. 78), 
e, em muitas das situações, pode até estar presentes em outras obras não associadas aos gostos 
brutalistas. 
 
2.2 1990-2018: A ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA DE SÃO PAULO 
 
Os objetivos desta segunda parte, expõe os acontecimentos
advindos após as décadas de 
1980, com o campo da produção contemporânea das arquiteturas brasileiras. O início dos anos 
1990, no entanto, é marcado por uma série de mudanças significativas e, uma delas, se refletirá 
por intermédio de uma recém-chegada tendência que ganha peso, até hoje, nas obras dos novos 
arquitetos, principalmente, daqueles situados em São Paulo. Em consideração à isto, apresenta-
se também, o levantamento de literaturas sobre os trabalhos realizados pela presente geração de 
arquitetos, especialmente, dos encarregados pela construção do cenário contemporâneo das 
arquiteturas paulistanas. Sequencialmente ao corpo do texto, expõe-se ainda, como a presente 
geração destes arquitetos está aplicando o uso da linguagem que foi deixada pelos arquitetos 
modernistas da época. 
 
2.2.1 O Cenário da Arquitetura Contemporânea Brasileira: A Arquitetura Paulista 
 
Conhecida como uma das cidades-berços da produção arquitetônica brasileira idealizadas 
entre as décadas de 1950, 1960 e 1970, São Paulo é uma das regiões brasileiras consagradas 
como espetáculo do cenário moderno daquela época. No entanto, a cidade como palco para da 
Arquitetura Moderna Brasileira, começará a exercer, pós as décadas de 1980/90, uma série de 
referências que contribuiu para os modos de fazer arquitetura contemporânea em São Paulo. 
Portanto, não mais havendo pronuncias da sobrevivência de que, as obras da Escola Paulista 
Brutalista tenhas continuado sua produção após as décadas de 1980, uma coisa é, sem sombras 
de dúvidas, certa em alegar: que o conhecimento destas arquiteturas vieram das datas de 
1950/70 – períodos de maiores reconhecimentos do Brutalismo Paulista -, a conformar um 
21 
movimento brasileiro e, posteriormente, um estilo arquitetônico, em razão das influências dos 
seus projetos terem sofridos nas outras cidades brasileiras (ZEIN, 2001). 
Um grande número de obras construídas em São Paulo, em inícios da década de 1990, 
começaram a apresentar uma série de mudanças significativas, geralmente, relacionadas aos 
aspectos plásticos e construtivos de suas arquiteturas. Assim sendo, isto deu-se através de 
algumas reconquistas de certas características e influências estético-formais, daquelas obras que 
ficaram reconhecidas com os rótulos do Brutalismo Paulista (GONÇALVES, 2013). 
As residências hoje projetadas, diversas vezes apontam um discurso relevante de 
organicidade, fluxos, tecnologias, porém é preciso um estudo analítico desta 
arquitetura e suas influências, para discorrer sobre outros aspectos elevados pela 
Arquitetura Moderna, mais especificamente, a Paulista de residências. [...] E 
atualmente, podemos observar um alastramento de projetos de residências em outras 
regiões, que apresentam certas similaridades com obras modernistas (LIMA, 2015, p. 
2). 
De acordo com Montaner (1994), os retornos dos aspectos estético-formais, baseados 
nestas arquiteturas modernas, são tomados como referências para as próximas gerações de 
arquitetos. Porém, isto não significa que, atualmente, os arquitetos contemporâneos as tenham 
copiados das mesmas maneiras. Em consequência disto, os anos de 1990 terá a consciência por 
uma série de novas linguagens projetuais, divulgadas através de projetos idealizados pelos 
jovens arquitetos brasileiros da nova geração contemporânea. Estas linguagens, portanto, estão 
voltadas para as tendências de uma arquitetura com toques minimalistas (MONTANER, 1994 
apud FILHO, 2014). 
O conceito da ideia de Minimalismo em arquitetura, segundo Montaner (2001), é baseado 
nas arquiteturas aonde são predominantes os usos de um número delimitado e articulado de 
elementos, materiais construtivos e linguagens simplificadas, e preservadas, 
[...] pela busca de um sentido comum tectônico presente no uso rigoroso e asséptico 
dos materiais, na recriação de espaços diretos e puros, na utilização de formas 
volumétricas e geométricas simples, na austera utilização de repertórios significativos, 
na economia de materiais e energias, e na integração com o entorno (MONTANER, 
2001, p. 260). 
Segundo Bastos & Zein (2010), as características dos projetos contemporâneos paulistas, 
dos anos posteriores de 1990/2000, são evidenciadas e divulgadas, 
[...] pelo emprego da abstração em sólidos regulares [...], pelo eventual uso de 
camadas sobrepostas de vedação, pela exploração dos materiais de acabamento na 
22 
confecção de texturas, pelos anteparos que filtram a luz, com o uso de materiais que 
permitem ampla gama de variação entre o transparente e o opaco, por lançar mão de 
contrastes [...], por vezes na relação com o existente (BASTOS e ZEIN, 2010, p. 379). 
Até aqui, pôde-se perceber que os arquitetos contemporâneos buscaram aplicar uma série 
de conceitos minimalistas, sem perder as características estético-formais das construções do 
Brutalismo Paulista daquela época de 1950/70. Logo, e entendidos pelo viés de retomada das 
mesmas, Gonçalves (2013), entende que a construção destas novas arquiteturas, não são 
consideradas uma continuidade dos projetos modernistas produzidos durante o século XX 
(GONÇALVES, 2013). Já, para Zein (2012), elas muito menos possam “ser consideradas ‘uma 
reafirmação de prestígio’ da chamada arquitetura paulista brutalista” (ZEIN, 2012, p. 118), 
estando nesta sua última definição, as diferenças impostas pelos jovens arquitetos paulistanos. 
Ao contrário do que pensa-se sobre estas questões, os arquitetos contemporâneos de São 
Paulo sempre buscaram reconquistar algumas relações compreendias através das linguagens 
arquitetônicas do Brutalismo Paulista. Portanto, o que expõe-se aqui, é que estes, os arquitetos, 
estão sendo responsáveis por apresentar, delicadamente, algumas diferenças e alguns novos 
caminhos, “cujas raízes e tradições [...], está na forte influência da estética brutalista” (FILHO, 
2014, p. 94, 95). 
Nos inícios da década de 1990, as arquiteturas brasileiras encontram-se, portanto, 
[...] diante da produção de um grupo, e de um grupo que define a si próprio em parte 
por uma afinidade de geração, em parte pelo peso que seus integrantes atribuem à sua 
formação universitária. No panorama contemporâneo da arquitetura no Brasil isto não 
é apenas significativo: é admirável (NOBRE; MILHEIRO & WISNIK, 2006, p. 18). 
Contemporâneos aos arquitetos modernistas da Escola Paulista, a definição deste grupo é 
compreendida pela aceitação de uma série de profissionais-arquitetos recém saídos da 
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAUUSP, que em 
partes, se formaram entre os anos de 1986 e 1996. Atualmente, eles compõem a estrutura de 
alguns dos principais escritórios atuantes de arquitetura contemporânea, sediados na própria 
cidade de São Paulo (NOBRE, MILHEIRO & WISNIK, 2006). 
Para demonstrar isto, têm-se como exemplo, as relações mantidas em comum entre o 
grupo do escritório paulistano METRO Arquitetos Associados, e suas muitas parcerias com os 
trabalhos do arquiteto modernista Paulo Mendes da Rocha1. Pode-se perceber em uma série de 
 
1 O escritório METRO Arquitetos Associados, foi fundado em meados dos anos de 2000, em São Paulo. 
Seus integrantes constituem-se pela formação dos arquitetos Martin Corullon, Gustavo Cedroni e Marina 
23 
obras construídas pelo grupo, principalmente, as de cunhos residenciais, o emprego de uma 
linguagem estética e construtiva aproximadas com relação das características do brutalismo da 
Escola Paulista, das décadas de 1950/70, assim como também, das obras do próprio Paulo 
Mendes da Rocha (SAMURIO, 2015). 
 
 
 
 
 
 
No Quadro 1 ilustrado à cima, é apresentando dois exemplos projetuais sobre como 
realizou-se a construção das linguagens arquitetônicas entre os contemporâneos e os modernos. 
Na porção superior, vê-se uma das fachadas laterais da Residência PA (2003) - de METRO 
Arquitetos Associados -, seguidas
dos desenhos de sua planta arquitetônica. Já, na porção 
inferior da mesma ilustração, o mesmo é mostrado, só que agora com relação as da Residência 
Mário Masetti (1968/1970), construída por Paulo Mendes da Rocha. 
 
Ioshi, graduados pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo - FAUUSP, apenas sendo 
Gustavo Cedroni, graduado pela Fundação Armando Alvares Penteado - FAAP. 
Quadro 1. Residência PA - 2003, METRO Arquitetos (à cima) e Residência Mario Masetti – 1968/1970, Paulo 
Mendes (à baixo). As direitas, plantas arquitetônicas das mesmas. 
Fontes: metroo.com.br (à cima) e leonardofinotti.com (à baixo). Editado pelo Autor. 
24 
As proximidades da casa construída pelos arquitetos do METRO, idealizadas décadas 
depois da finalização das obras da Mário Masetti (1968/70), apresentou uma variedade de 
soluções adotadas também nos projetos residenciais de Paulo Mendes da Rocha, “quer por seus 
partidos compactos, quer pela concentração e internalização dos elementos de composição 
irregulares” (COSTA e SAMURIO, 2016, p. 9). 
Criando certas conexões formais e construtivas com a casa de Paulo, a composição 
volumétrica da Residência PA (2003), é definida pela idealização de um retângulo prismático 
levantado do chão, e apoiado, diretamente, em uma estrutura de seis pilares de concreto armado. 
Associado as maneiras como as superfícies das fachadas são tratadas na casa de Mendes da 
Rocha, a PA apresenta “empenas longitudinais mais fechadas, [...] contrapostas a superfícies 
transversais mais envidraçadas” (COSTA e SAMURIO, 2016, p. 10). 
Até aqui, pode-se perceber, por intermédio dos projetos mostrados acima, que as 
arquiteturas realizadas pela geração dos grupos de arquitetos contemporâneos, busca utilizar-se 
das influências dos obras construídas pelos arquitetos do Brutalismo Paulista, assim como 
também de muitos dos conceitos do minimalismo. Sem perder as relações estéticas das obras 
modernistas, observou-se que os pilares da casa do grupo METRO, são mais delicados e finos 
e que a sua composição volumétrica é ditada pelas referências da casa de Paulo Mendes da 
Rocha. Concentrados em torno das soluções projetuais criadas por Paulo, principalmente, na 
Residência Mario Masetti (1968/70), os projetos construídos pelos arquitetos do escritório 
paulistano apresentou uma forte influência das “reverberações e derivações da produção 
moderna na produção contemporânea brasileira (BASTOS & ZEIN, 2010 apud COSTA & 
SAMURIO, 2016, p. 13). 
 
 
25 
3 OS PROJETOS CORRELATOS DAS CASAS BRASILEIRAS UNIFAMILIARES 
COMO ABORDAGENS DO TEMA 
 
Este capítulo está divido em dois itens organizadores, e compreende breves reflexões 
sobre o recorte cronológico das residências brasileiras contemporâneas construídas entre os 
períodos de 1990 à 2018: a Ribeirão Preto (2000/2001), City Boaçava (2004/2008), Vila 
Romana (2004/2006) e a T.R. (2011/2016). Além destas reflexões, o capítulo ainda abrange o 
fundamento dos objetivos da pesquisa, lhes atribuindo características ao assunto e a temática 
do trabalho. 
Portanto, no primeiro item é exposto algumas questões e alguns atributos que auxiliou no 
universo de delimitação do recorte cronológico dos projetos contemporâneos construídos, com 
base nos principais escritórios de arquitetura paulista. Sequencialmente a leitura, apresenta-se 
então uma série de quatro residências unifamiliares brasileiras, aonde foram enfatizados as suas 
principais características arquitetônicas. 
 
3.1 O Universo de Delimitação das Residências Unifamiliares Paulistas 
 
Atendendo ao enunciado dos objetivos do trabalho, foi feito um levantamento das 
principais casas brasileiras contemporâneas construídas, com foco, principalmente, naquelas 
paulistanas. Tendo isto em vista, o sentido do levantamento destas casas é de criar uma pequena 
listagem cronológica de modo a identificar as casas que podem ser enquadradas no cenário da 
produção Contemporânea Brasileira. Portanto, atribuiu-se como critério básico de levantamento 
destas casas, a delimitação das datas históricas e definidas pelo início das décadas de 1990 até 
a presença de meados dos anos de 2018. 
Ilustrando a delimitação do recorte, é mostrado na Figura 2, como foi montado a estrutura 
desta linha do tempo cronológica, contempladas pelos últimos vinte e nove anos da produção 
das residências contemporâneas construídas nas regiões de São Paulo. Por intermédio do recorte 
entre as datas de 1990 à 2018, foi possivel saber quais são as casas unifamiliares que 
construíram-se até o momento. Partindo deste posicionamento, realizou-se uma seleção 
daquelas que apresentaram-se mais próximas com algumas das características das obras do 
Brutalismo Paulista, construídas entre as décadas de 1950/70. 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
3.2 As Características das Residências Contemporâneas 
 
Após a finalização da linha do tempo cronológico das casas contemporâneas paulistas, é 
apresentado em seguida, as características de cada projeto a partir das exposições dos conceitos 
de alguns dos principais escritórios de arquitetura de São Paulo. Lembrando que, todas estas 
casas selecionadas e ilustradas na figura 2 à cima, foi considerada pela sua relevância e 
influencia dentro do cenário das arquiteturas brasileiras, pois, cada uma delas demonstrou certas 
semelhanças e relações com os modos de projetar e/ou com as características daquelas obras do 
Brutalismo Paulista, das décadas de 1950/70. Mais à baixo, elas são explicadas, rapidamente, 
com o apoio de textos relativos as características de cada um dos quatro projetos, seguidos das 
ilustrações de algumas imagens fotográficas dos mesmos. 
 
3.2.1 2000-2001: Residência em Ribeirão Preto / SPBR Arquitetos + MMBB Arquitetos 
 
Situada em um dos municípios brasileiros do Estado de São Paulo, a região de Ribeirão 
Preto - que aliás, dá origem ao nome da casa -, é composto por uma das cidades localizadas à 
Figura 2. Linha do Cronológica do Tempo das Principais Residências Brasileiras Contemporâneas Construídas 
em São Paulo. 
Fontes: Própria do Autor. 
27 
Noroeste da metrópole paulista. Com bases na linha cronológica mostrada anteriormente, o 
primeiro projeto apresentado é o da Residência em Ribeirão Preto (2001/2002). Construída 
entre os inícios dos anos de 2000 e concluídas em meados de 2001, todos os seus desenhos 
foram elaborados com as colaborações dos escritórios de arquitetura SPBR Arquitetos, 
juntamente, com o grupo MMBB Arquitetos. 
A geometria de sua planta, imprime em si, o formato da letra “U”. Nas duas pernas 
verticais da letra, estão distribuídos todos os espaços sociais, íntimos e de serviços. Já, no miolo 
da mesma, há a existência de um pátio externo. Vale explicar, que a distribuição dos 
compartimentos internos de cada um dos cômodos, destacam-se acima do nível do terreno, 
através de uma primeira laje construída em concreto armado, aonde perfura-se uma série de 
quatro pilares distribuídos, estrategicamente, ocasionando na sustentação de sua estrutura 
(SERAPIÃO, 2012). 
 
 
 
 
 
Sobre a estrutura da Residência em Ribeirão Preto (2001/2002), nota-se, primeiro, a 
existência de uma primeira laje de pavimento, caracterizada por não apresentar o que é 
chamado, de acordo com os termos técnicos, de vigas de sustentação, pois, sua carga está sendo 
apenas apoiada através da própria espessura da mesma. A segunda laje, é ocupada por uma de 
superfície de cobertura. Esta estrutura, ao contrário da primeira, possui duas grandes vigas 
dispostas paralelamente entre as extremidades de maiores comprimentos da cobertura, aonde 
estende-se quatro tirantes produzidos em aço. Estes, transfere o papel de sustentação do peso 
exercido pelo primeiro pavimento da residência (SERAPIÃO, 2012). 
 
Figura 3. Residência em Ribeirão Preto – 2000/2001, de SPBR Arquitetos + MMBB Arquitetos, Ribeirão Preto, 
São Paulo. 
Fontes:
arcoweb.com.br/projetodesign. Editado pelo Autor. 
28 
3.2.2 2004-2008: Residência no City Boaçava / MMBB Arquitetos 
 
Construída entre os períodos de 2004 e 2008, três anos após a conclusão das obras da 
Residência em Ribeirão Preto (2001/2002), o segundo projeto apresentado e selecionado com 
bases na linha cronológica, é o da Residência no City Boaçava (2004/2008). De autoria, desta 
vez, somente do escritório MMBB Arquitetos, esta casa é situada em dos bairros localizados na 
região Oeste de São Paulo, conhecidos como City Boaçava, que também origina no nome da 
mesma. Com aspectos singulares, o volume é composto por uma única estrutura de concreto 
armado, que, portanto, apresenta uma leve alteração de partido: a casa é apoiada em uma série 
de quatro pilares redondos, elevando-se para cima do terreno, que apoiam os pesos de duas 
empenas paralelas, também de concreto armado (FERNANDES, 2011). 
Segundo Grunow (2009), a ideia que têm-se de todo o projeto, não está no volume que 
ele conforma, mas sim, na estrutura de suas empenas cegas laterais. Logo, estas empenas não 
se prolonga até tocar o chão, pois, em partes, elas estão encostadas apenas nas colunas destes 
quatro pilares com formatos redondos, distribuídos em número de dois em cada uma das 
empenas (GRUNOW, 2009). 
 
 
 
 
Logo, estas empenas laterais não prolongam-se até encostar no chão, mas em partes, até 
que suportariam serem apoiadas, porém de acordo com as questões funcionais do projeto, estas 
são encostadas apenas na estrutura de quatro pilares com formatos redondos, sendo distribuídos 
dois em cada uma delas. Portanto, esta característica é revelada pela consequência dos dois 
pilares frontais estarem distantes das áreas sociais: “parece, então, que todo o volume 
construído se apoia apenas em dois pontos estruturais” (GRUNOW, 2009, sp.), porque os 
mesmos estão posicionados no nível inferior da residência, aonde está a garagem e as dispensas 
de serviços. 
Figura 4. Residência no City Boaçava – 2004/2008, de MMBB Arquitetos, City Boaçava, São Paulo. 
Fontes: arcoweb.com.br/projetodesign. Editado pelo Autor. 
29 
 
3.2.3 2004-2006: Residência na Vila Romana / MMBB Arquitetos 
 
O terceiro projeto contemporâneo apresentado é também de responsabilidade exclusiva 
do escritório paulistano MMBB Arquitetos. É o projeto da Residência na Vila Romana (Figura 
6), construída entre 2004-2006, mesmo ano de início das obras da Residência no City Boaçava 
(2004-2008), e está implantada em um dos bairros da região oeste de São Paulo. Como ocorre 
na Residência em Ribeirão Preto (2000-2001), construída em parceria com o escritório SPBR 
Arquitetos, a solução adotada para organizar grande parte dos ambientes atendidos pelo 
programa de necessidades deste projeto, também estão elevados do chão através da distribuição 
estratégica e do apoio de quatro pilares equidistantes. 
 
 
 
 
 
O programa solicitava uma dupla função: teria que conter ao mesmo tempo as 
necessidades de uma residência e de um estúdio de artes, e que ainda deveriam ser acomodados 
“espacialmente juntos e funcionalmente separados” (SAMBIASI, 2011, sp.). Na parte elevada 
do chão, encontram-se os ambientes da residência, ou seja, as áreas sociais, a cozinha e áreas 
de serviços e os dormitórios, todos resolvidos dentro deste volume independente do programa. 
Todo o perímetro deste volume é envidraçado com janelas intercaladas tanto corrediças como 
basculantes, posicionadas com a intenção de proporcionar a contemplação da paisagem urbana 
periférica. Já, a parte requerida pelas atividades do estúdio, encontram-se resolvidas dentro de 
um volume fechado, sem aberturas e semienterrado na porção inferior do volume da própria 
residência. Configurado para responder as atividades que exigem graus de concentração 
maiores, este volume semienterrado apenas possui uma generosa porta pivotantes toda 
envidraça, proporcionado a integração deste espaço com relação a área verde situado em frente 
ao estúdio (MACEDO, 2009, sp.). 
Figura 5. Residência na Vila Romana – 2004/2006, de MMBB Arquitetos, Vila Romana, São Paulo. 
Fontes: archdaily.com.br. Editado pelo Autor. 
30 
 
3.2.4 2011-2016: Residência T.R. / Andrade Morettin Arquitetos 
 
O quarto e último projeto contemporâneo apresentado é o da Residência T.R., construída 
entre 2011-2016, sete anos após o início da construção da Residência na Vila Romana (2004-
2006), de MMBB Arquitetos. Este projeto é de autoria da equipe Andrade Morettin Arquitetos, 
e está implantada em um das cidades da região oeste da metrópole paulistana, chamada de 
Carapicuíba. 
 
 
 
 
 
Como ocorre na Residência no City Boaçava (2004-2008), construída pela equipe do 
MMBB Arquitetos, a solução adotada para organizar grande parte dos ambientes atendidos pelo 
programa de necessidades deste projeto, também é delimitado pelo posicionamento de dois 
planos verticais construídos em estruturas metálicas, que definem a volume da cobertura desta 
residência. 
Segundo Farias (sa.), os arquitetos responsáveis pelo projeto explicam que sobre está 
cobertura, existe uma segunda estrutura com aspectos de caixa, abrigando as funções das 
atividades mais residenciais: “O espaço intersticial, propiciado pelo afastamento entre essas 
duas estruturas, funciona como uma área de transição entre as áreas internas e o amplo jardim 
externo” (FARIAS, sa., sp.), abrangendo as áreas impostas pelos limites do terreno. 
 
3.3 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO 
 
Concluindo com as reflexões do capítulo, foi apresentado nesta etapa, a estruturação de 
uma linha cronológica mostrando as principais residências brasileiras construídas dos períodos 
Figura 6. Residência T.R. – 2011/2016, de Andrade Morettin Arquitetos, Carapicuíba, São Paulo. 
Fontes: galeriadaarquitetura.com.br. Editado pelo Autor. 
https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projetos/referencias-ambientes-c/117/jardins-externos/
https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projetos/referencias-ambientes-c/117/jardins-externos/
31 
entre as décadas após os anos de 1990, até meados dos anos de 2018. Além disto, é explicado 
depois de montado e delimitado o universo das casas da linha do tempo, quais as características 
de cada um dos quatro projetos contemporâneos selecionados. 
Sendo esta última parte, afinal, o objetivo das conclusões deste capítulo, é importante 
explicar que, o universo de amostragem de cada uma das quatro casas brasileiras descritas à 
cima, por mais que ainda não sejam as únicas, chegando a existência mesma, de um número 
muito mais superior de exemplares construídos tanto em São Paulo, como nas outras regiões 
do Brasil, mantiveram-se de acordo com alguns conhecimentos e esforços envolvidos até esta 
etapa da pesquisa. 
Portanto, considerou-se que possui sim, a existência de uma certa quantidade de obras 
relativamente delimitadas, temporalmente como geograficamente no Brasil, que pode-se chegar 
mesmo a identificar um universo muito mais completo e extenso sobre as arquiteturas 
brasileiras construídas entre os anos de 1990/2018. Segundamente, que todas elas faziam parte 
integrante do panorama vivenciado pela produção arquitetônica dos períodos pós anos ’90, 
realizadas pela geração dos contemporâneos e jovens arquitetos brasileiros e, finalmente, que 
toda elas, também contou com uma série de influências e referências projetuais das obras do 
arquiteto Paulo Mendes da Rocha, particularmente, pelas semelhanças apresentadas com a 
Residência Butantã (1964/66). Esta última é claro, ficou por conta das pesquisas de literaturas 
feitas sobre quais dentre as casas brasileiras contemporâneas possuíam mais proximidades com 
a casa unifamiliar de Paulo. 
 
 
32 
4 AS APLICAÇÕES DELIMITADAS PELA PESQUISA 
 
Este capítulo é organizado em dois itens sucessivos, de maneira que o segundo fosse uma 
continuidade das leituras do primeiro. Após apresentar nas etapas realizadas anteriormente, 
quais
os critérios do universo de delimitação, a montagem da estrutura da linha cronológica, e 
as características arquitetônicas das quatro residências brasileiras unifamiliares construídas 
entre os períodos das décadas de 1990/2018, em São Paulo, é no presente capítulo que vêm a 
ser feito a discriminação, ou melhor, as especificações sobre qual é, e para que verdadeiramente, 
serviu os propósitos do recorte da temática de pesquisa. 
Este capítulo, também cria uma relação com os conteúdos apresentados, anteriormente, 
no capítulo três: Os Projetos Correlatos das Casas Brasileiras Unifamiliares como Abordagens 
do Tema. Portanto, no primeiro item foi justificado quais os motivos de ter-se selecionado as 
duas residências paulistanas, à Mariante (2001/2002), do grupo MMBB Arquitetos e a Butantã 
(1964/1966), do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, ambas servindo como um objeto à serviço 
das análises. Já, no segundo item, apresenta-se algumas informações mais aprofundadas e 
completas à respeito das casas paulistanas estudadas. Primeiro, expõe-se algumas breves 
contextualizações sobre as implantações de ambas as casas, seguidos das explicações sobre suas 
características formais/volumétricas, estruturais e espaciais, ilustradas através de imagens 
ilustrativas sobre cada um dos aspectos comentados. 
 
4.1 Seleção e Apresentação das Residências Paulistas Analisadas 
 
A partir de 1963/64 não há propriamente ‘fases’ no desenvolvimento dos projetos 
residenciais de Paulo Mendes da Rocha, verificando-se sua plena maturidade conceitual e 
construtiva, que de resto já ocorrera desde há algum tempo, muito precocemente em sua 
carreira. E sem dúvida o tema por excelência, que percorre a grande maioria de sua obra 
residencial é a ideia de casa-apartamento, geralmente elevada sobre pilotis, em propostas de 
caráter mais prototípico ou mais circunstancial, mesclando-se, em cada caso, a diferentes 
aproximações estruturais e volumétricas (ZEIN, 2000, p. 220). 
A obra de Paulo Mendes da Rocha “refinou” a linguagem da arquitetura paulista e a 
integrou mais com o ambiente urbano à sua volta – espaços internos e externos 
relacionando-se em permanente continuidade e por isso mesmo proporcionando 
grande integração socioambiental, inspiração que julga fundamental para todos os 
33 
arquitetos1 (CICCACCIO, 2006). 
As Casas do Butantã se tornaram verdadeiros ícones da arquitetura brasileira, obras-
primas de Paulo Mendes da Rocha que expressaram com clareza a sensibilidade do artista com 
relação aos problemas sociais enfrentados pelo país, ao mesmo tempo sua preocupação com a 
adequação da arquitetura brasileira ao novo quadro de industrialização no qual o Brasil se 
encontrava. Enquadrada à realidade brasileira, as obras de Mendes da Rocha são a reflexão do 
que acontecia na época. Seu concreto solidificava sua ideologia e trazia autenticidade a suas 
obras, o tornando um dos maiores e mais geniais arquitetos da história (COSTA, 2015, sp.). 
De acordo com a rápida exposição da linha cronológica delimitada pelas casas brasileiras 
contemporâneas construídas nos últimos vinte e nove anos, é importante explicar que dentre 
todos os quatro projetos lá enunciados, obteve-se a aptidão de selecionar apenas o modelo 
construído de uma delas. Com vista nisto, e com bases em todas aquelas quatro casas, o trabalho 
esbarrou-se com o modelo da Residência Mariante (2001/2002), desenhadas pelo escritório 
paulistano MMBB Arquitetos, e construída em Aldeia da Serra, região Oeste de São Paulo. 
Conforme Samurio (2015), ela é considerada uma das mais notórias residências 
unifamiliares construídas nos moldes dos tempos atuais do contemporâneo, chegando ela 
mesma, a conservar e resgatar em seus princípios compositivos, construtivos e espaciais, “à 
tradição da Escola Paulista” (SAMURIO, 2015, p. 1). 
Porém, justificou-se sua seleção, porque ela foi a que mais aproximou-se das relações 
criadas com os universos projetuais das obras de Paulo Mendes da Rocha, em específico, com 
as da Residência Butantã (1964/66). Na proporção em que a Mariante (2001/2002), é apontada 
como uma das principais obras construídas atualmente, ela, em si só, ainda justifica-se por 
apresentar características fundamentais, se comparadas com os modos de projetar de Paulo. 
Exemplificando isto, têm-se como fator, os modelos das casas-apartamentos erguidas e 
repousadas sobre a estrutura de quatro pilares de concreto, com ambientes organizados através 
de uma solução espacial que é típico da distribuição de grande parte do programa de 
necessidades em um único plano solto do chão (ZEIN, 2005). 
Como pronunciados anteriormente, portanto, é apresentado em seguida, as características 
individuais das duas residências unifamiliares paulistanas introduzidas anteriormente, uma 
sendo idealizada nas décadas de 1960, e a outra nos anos de 2000/2001, na cidade de São Paulo. 
 
1 Depoimento de Cândido Malta Filho – professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da 
Universidade de São Paulo (FAUUSP) – retirado de uma parte do artigo escrito pela autora Ana Maria 
Ciccaccio, e redigido na seção de Arquitetura da Revista Nossa América. 
34 
 
4.1.1 1964-1966: Residência Butantã / Paulo Mendes da Rocha 
 
Os assuntos que estavam sendo discutidos no período em que deram-se início as obras da 
residência idealizada pelo arquiteto paulistano - datadas dos anos de ‘64/66 -, rigorosamente, 
era apoiado pelas questões que giravam em torno de ordens políticas. Neste tempo, os processos 
originados pela industrialização das construções habitacionais, resultantes do alargamento das 
obras de Brasília, do crescimento desordenado do território urbano brasileiro e das demandas 
de uma nova política de desenvolvimento para o país, tornaram-se, entre os arquitetos 
modernistas, um dos principais temas centrais marcados pelo início das décadas de ‘60: 
Dentre os problemas que então se colocavam para os arquitetos brasileiros estava o 
desafio de testar soluções projetuais capazes de permitir um salto decisivo para a 
construção em massa de uma arquitetura de qualidade. Daí o investimento em 
pesquisas tecnológicas, a busca de soluções econômicas, a ênfase na organização do 
canteiro e a preocupação política e programática com a habitação de baixa renda, 
temas centrais de um debate que [...], conduziu a um repertório significativo de 
experiências arquitetônicas com as quais a residência Paulo Mendes da Rocha à 
princípio se alinha (NOBRE, 2007, sp.). 
Após inícios da década de ’60, Paulo Mendes da Rocha, um dos arquitetos mais 
reconhecidos por aceitar as influências do Brutalismo Paulista, que além do mais, é 
característica marcada em uma série de residências unifamiliares construídas, é encarregado 
por desenhar a Residência Butantã (1964/1966) - construída em um dos bairros de mesmo 
nome, situado à oeste da metrópole paulistana -, é uma das casas mais significativas e 
importantes idealizadas pelo arquiteto. 
Na realidade, este projeto é consequência da estruturação de duas casas unifamiliares, 
concebidas próximas umas das outras. No Quadro 2, é mostrado uma perspectiva do ponto de 
vista do passeio público, sendo ilustrada no canto esquerdo da imagem. Nos cantos da direita à 
cima, corresponde aos fundos do terreno, e à baixo, os das esquina do mesmo. 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
 
 
Logo no primeiro contato feito por intermédio da visão, percebe-se que as duas casas 
possuem muitos traços semelhantes, causando ao mesmo tempo um contraste se comparada 
com as moradias à sua volta. O curioso, é que o fato delas possuírem as mesmas características, 
ou ao menos é o que pode-se dizer, “contribuiu para que as duas obras fossem designadas, na 
literatura especializada, como as ‘as Casas Gêmeas’ do Butantã” (FIORINI, 2014, p. 142). 
Parando para observar as características de sua forma/volume, pode-se perceber que a sua 
composição
é univolumétrica, definida através da superposição de um retângulo prismático de 
concreto. O volume do prisma é levantado do chão através da disposição de quatro pilares 
quadrados, permitindo que a todos os ambientes internos da casa pudessem ser transferidos para 
o primeiro pavimento. Este aspecto – o do prisma elevado -, é considerado um dos agentes 
fundamentais de toda a ideia geradora do partido volumétrico desta residência paulistana 
(SANVITTO, 1994). 
Uma das sensações transmitidas pela emprego desta estratégia, está associado a uma série 
de experiências visuais e volumétricas causadas pelo motivo do mesmo estar levantado do chão, 
ou seja, quem está caminhando pelas calçadas, aparentemente, é tocado pela impressão de que 
esta residência é conformada por apenas um único pavimento térreo. Segundo Zein (2000), de 
acordo com as palavras do arquiteto: 
Essa suspensão da casa em relação ao solo também se refere a uma questão de 
implantação, de espacialidade em relação a própria cidade. Aquilo era uma 
colinazinha na beira do rio, mas a rua principal que passa na frente já tinha sido cortada 
e, portanto, descaracterizada. Suspendi a casa nesses quatro pilares e cortei o território 
Quadro 2. Residências “Gêmeas” – 1964/1966, de Paulo Mendes da Rocha, Butantã, São Paulo. 
Fontes: arquiteturabrutalista.com.br (à esquerda e à direta em cima); ABE, 2009, p. 60 (à direita em baixo). 
Editado pelo Autor. 
36 
da colina só por baixo da casa, criando um patiozinho estrategicamente protegido de 
modo que não aparecesse como uma ofensa àquela colina e ao traçado da rua existente 
(ZEIN, 2000, p. 235 apud ABE, 2009, p. 63). 
Sobre a estrutura, nota-se, primeiro, a existência de quatro pilares de concreto armado, 
posicionados ao ponto de formar um perímetro quadrado instruídos na parte centralizada da 
planta, das quais estão apoiadas duas vigas mestras orientadas nos sentidos transversais e que, 
ao mesmo tempo, permite que duas lajes de ranhuras nervuradas encontrem-se engastadas 
nestas mesmas vigas, só que em seus sentidos longitudinais. Por segundo, pode-se observar a 
maneira como estão montadas e penduradas as duas empenas verticais que delimita o perímetro, 
tanto da estrutura, como da forma/volume e do espaço arquitetônico. Paralelas umas das outras, 
estas empenas encontram-se encostadas nas porções superiores da última laje da cobertura de 
concreto (SANVITTO, 1994). 
Duas vigas chamadas de vigas de bordo alcançam o comprimento de toda a extensão da 
cobertura, que responde ao último elemento da estrutura. Estas vigas, cumprem a função de dar 
apoio à estas empenas laterais, ocasionando na impressão de estarem apenas penduradas pela 
sua borda superior. Totalizando os valores de 2m22cm de dimensão, estas vigas de bordo 
afastam-se à 0.20cm com relação da última viga nervurada da cobertura (ZEIN, 2000). 
No Quadro 3 á baixo, é ilustrado como estes elementos se relaciona com a estrutura 
existente. Nos cantos da esquerda, mostra-se um dos quatro pilares distribuídos no pavimento 
térreo, correspondendo ao nível do terreno, e ao lado, um dos pilares do pavimento superior da 
residência. 
 
 
 
 
 
Quadro 3. Estruturas da Residência Butantã, 1964/1966, de Paulo Mendes da Rocha, Butantã, São Paulo. 
Fontes: leonardofinotti.com. Editado pelo Autor. 
37 
O espaço interno arquitetônico é, geometricamente e, espacialmente, entendido pelo viés 
da configuração de três porções, ou partes que tendem a dividir e, subdividir os ambientes 
existentes do programa. Observa-se, portanto, que a divisão destes espaços domésticos acontece 
através da “distribuição racional e quase simétrica dos ambientes [...], tendo como eixo de 
simetria à faixa central dos dormitórios e serviços” (FIORINI, 2014, p. 155). 
 
 
 
 
 
Na primeira porção, situa-se um corredor de passagem, que logo adquire características 
de um espaço de permanência e, ao mesmo tempo, de transição para os outros ambientes, que 
neste caso, são formados pelos dormitórios. Na segunda porção, que é a parte mais centralizada 
da planta, subdivide-se todos os cinco dormitórios. Estes, juntamente com as quatro áreas dos 
banheiros, encontram-se arranjados uns aos lados dos outros, e delimitados pela ocupação de 
uma série de paredes situadas paralelamente entre si. Ainda na porção centralizada está à 
cozinha da casa, que é apenas afastada das áreas dos dormitórios e banheiros, por intermédio 
de uma estreita passagem de circulação. Na terceira e, última parte, agrupa-se os ambientes das 
três áreas sociais: uma delas é a sala de refeições, a outra é a de convivência e por último um 
escritório, todos compartilhando assim, o mesmo espaço de ocupação (ABE, 2009). 
 
Quadro 4. Espaços da Residência Butantã, 1964/1966, de Paulo Mendes da Rocha, Butantã, São Paulo. 
As direitas, planta arquitetônica da mesma. 
Fontes: arquiteturabrutalista.com.br (à esquerda à cima e à baixo); ABE, 2009, p. 60 (à direita). Editado pelo 
Autor. 
38 
4.1.2 2001-2002: Residência Mariante / MMBB Arquitetos 
 
O cenário urbano de São Paulo é conhecido pela aglomeração caótica de prédios 
disputando espaços em meio aos 17 milhões de habitantes residentes, convivendo, juntamente, 
com o crime, a poluição emitida e os congestionamentos causados durante o trânsito. Por conta 
destes fatores, uma grande porção dos habitantes instalados nas regiões centrais da cidade, 
começaram a se dispersar para alguns locais mais afastados desta confusão urbana que é o morar 
em São Paulo (GUERRA, 2004). 
Entre os municípios de Santana de Parnaíba e a região de Barueri, nas proximidades oeste 
da cidade paulista, situa-se como refúgio deste cenário urbano, um condomínio chamado como 
Morada dos Pássaros, localizado na região de Aldeia da Serra. De características bucólicas, o 
condomínio é uma dispersão em meio a natureza, um modo de vida não tanto comum para quem 
compartilhava o visual com as construções de concreto. No entanto, uma das casas, ou melhor 
dizendo, uma caixa executada em concreto e vidros é uma visão não muito comum para as 
pessoas em que lá vivem (GUERRA, 2004). 
Resgatando os estilos da Escola Paulista, o desenho da Residência Mariante (2001/2002), 
carrega em suas linhas, uma série de referências próximas de algumas das casas materializadas 
pelo Brutalismo Paulista, das década de 1950/70. Porém, se olharmos com uma visão um pouco 
mais crítica, poder-se à notar que muitas de suas características são encontradas, também, nos 
projetos das residências Gerassi (1988/1991) e Butantã (1964/1966), ambas desenhadas pelo 
arquiteto Paulo Mendes da Rocha. 
Parando para observar as características de sua forma/volume, pode-se perceber que a sua 
composição é univolumétrica, definida através da composição de uma caixa geométrica, 
idealizadas em concreto armado. O volume da caixa, portanto, é erguido do chão através da 
disposição de quatro pilares quadrados, e recuados para dentro dos perímetros da planta, 
também de aspectos quadrados (GONÇALVES, 2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
 
Sobre a estrutura, percebe-se que a estrutura geradora da residência é composta pela 
sobreposição de duas lajes de concreto com nervuras. Cada uma das lajes possui 16m20 em 
ambos os lados, subdivididas em uma série alinhada de 18 alvéolos, que são cavidades com 
dimensões de 90cm x 90cm. A vantagem deste tipo de sistema permite a construção de vãos 
mais largos, liberando consequentemente a ocupação de maiores espaços. Por isso, sua estrutura 
é elevada do terreno apenas pela sustentação de quatro pilares de concreto armado, distribuídos 
igualmente com a relação dos outros, à uma distância de 9m90 a partir do eixo central da planta 
(GUERRA, 2004, 2005). 
A equipe de profissionais optou pelo sistema de construção racionalizado e moldado 
in loco. Foram alugadas fôrmas plásticas que possibilitam a construção racional de 
lajes nervuradas, com a eliminação do uso de compensado,

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