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HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA CATHARINE LOUISE MELO ARAÚJO QUESTIONÁRIOS DE AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO SEXUAL EM MULHERES: REVISÃO INTEGRATIVA FORTALEZA – CEARÁ 2018 CATHARINE LOUISE MELO ARAÚJO QUESTIONÁRIOS DE AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO SEXUAL EM MULHERES: REVISÃO INTEGRATIVA Monografia de Conclusão do Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia apresentado ao Hospital Geral de Fortaleza como pré-requisito para obtenção de Título de Especialista. Orientador: Dr. José Ananias Vasconcelos Neto. FORTALEZA – CEARÁ 2018 CATHARINE LOUISE MELO ARAÚJO QUESTIONÁRIOS DE AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO SEXUAL EM MULHERES: REVISÃO INTEGRATIVA Monografia de Conclusão do Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia apresentado ao Hospital Geral de Fortaleza como pré-requisito parcial para obtenção de Título de Especialista orientada por Dr. José Ananias Vasconcelos Neto. FORTALEZA, 19/02/2018 Banca Examinadora _________________________________________________ Prof(a). Sara Arcanjo Lino Karbage _________________________________________________ Prof(a). Camila Teixeira Moreira Vasconcelos _________________________________________________ Orientador. José Ananias Vasconcelos Neto “À Deus, dono do meu coração e Senhor da minha vida, a minha mais profunda gratidão. Sem Ele, nada seria possível.” “Dedico este trabalho á minha família, minha maior riqueza”. AGRADECIMENTOS Hospital Geral de Fortaleza, minha segunda casa nesses últimos três anos, palco da concretização de mais um sonho. Lugar onde tive muitas alegrias, vitórias, aprendizado, frustrações, tristezas e, principalmente, onde cresci e amadureci infinitamente. Seus corredores e pacientes estarão eternizados em meu coração. Ao meu mestre e orientador, Dr. José Ananias Vasconcelos Neto, minha eterna gratidão por todos os ensinamentos e por ter sido sempre o meu exemplo maior. Muito mais que um profissional exemplar. Alguém que transborda competência, dedicação e amor pelo que faz. O senhor foi fundamental para que todo esse sonho ‘ganhasse vida’. Obrigada por sempre ter confiado em mim, ter me apoiado incondicionalmente e, mais importante, por jamais ter desistido de mim. A todos que tornaram possível a realização do Curso Teórico-Prático voltado para a Pesquisa Clínica em Uroginecologia, que foi peça fundamental na construção deste trabalho. Em especial à pessoa da Professora Camila Teixeira Moreira Vasconcelos, por quem eu tenho uma admiração enorme, que sempre transmitiu, com tanta atenção e carinho, seus conhecimentos para todos nós. Tenho certeza que este foi apenas um dos muitos frutos deste curso. À Carla Jéssica da Silva Fernandes, minha infinita gratidão por ter se doado a esse trabalho tanto quanto eu, tornando possível a sua realização. Obrigada por toda ajuda e apoio que sempre recebi. Seu futuro na Medicina será brilhante. À estimada Dra. Sara Arcanjo Lino Karbage pela honra em tê-la como componente da minha banca examinadora, minha profunda admiração pelo seu profissionalismo e sua dedicação às pacientes e ao ensino. Por fim, queria agradecer a todos que, apesar de não citados pelo nome, tornaram possível a concretização deste sonho. “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo coração como para o Senhor e não para os homens”. (COLOSSENSES 3:23) RESUMO A síntese de evidências relativas aos questionários para avaliação da função sexual feminina validados para o português do Brasil pode favorecer a escolha do ginecologista por uma forma válida e confiável de investigar a função sexual de suas pacientes. Baseado no pressuposto, este trabalho tem com objetivo identificar, descrever e realizar análise crítica e comparativa dos questionários de avaliação da função sexual feminina validados para o português do Brasil. Trata-se de uma revisão integrativa realizada no dia 6 de Janeiro de 2018, obedecendo as recomendações do PRISMA Statement (2015). Os descritores “validation studies”, “questionnaire”, “questionnaires”, “sexual dysfunction”, “sexual dysfunctions, psychological” e “sexual dysfunction, psychological” foram pesquisados nas bases de dados Pubmed, BVS e Cochrane Library. Dois pesquisadores extraíram os dados primários, que foram totalmente analisados e submetidos aos critérios de inclusão / exclusão. A pesquisa encontrou 68 artigos, dos quais, apenas quatro atenderam aos critérios estabelecidos. Três dos artigos selecionados se tratavam de estudos de validação do questionário Female Sexual Function Index (FSFI) e um consistia em um estudo de validação do Quociente Sexual- versão feminina (QS-F). Foi realizada análise descritiva e comparativa dos estudos realizados, incluindo avaliação geral e psicométrica dos instrumentos selecionados. Concluímos que, até o presente momento, existem na literatura poucos questionários validados para o português do Brasil com o objetivo de avaliar a função sexual feminina. Apesar das divergências encontradas entre os estudos, todos apresentaram uma boa confiabilidade, consistência interna e validade, revelando-se instrumentos de qualidade. Palavras-chave: Estudos de validação; questionários; disfunção sexual feminina. ABSTRACT The synthesis of evidence regarding questionnaires for female sexual function validated in Brazilian Portuguese may favor the selection of the gynecologist by a valid and reliable way of investigating the sexual function of their patients. Based on that assumption, this study aims to identify, describe and perform a critical and comparative analysis of questionnaires of female sexual function validated for Brazilian Portuguese. This is a integrative review carried out in January 2018, following the recommendations of the PRISMA Statement (2015). The descriptors "validation studies", "questionnaire", "questionnaires", "sexual dysfunction", "sexual dysfunctions, psychological" and "sexual dysfunction, psychological" were searched in the databases Pubmed, BVS and Cochrane Library. Two researchers extracted the primary data, which were fully analyzed and submitted to the inclusion / exclusion criteria. The research found 68 articles, of which only four met the established criteria. Three of the selected articles were validation studies of the Female Sexual Function Index (FSFI) questionnaire and one consisted of a validation study of the Female Sexual Aspect Ratio (QS-F). A descriptive and comparative analysis of the studies performed, including general and psychometric evaluation of the selected instruments, was performed. We conclude that until the present moment there are few validated questionnaires in Brazilian literature with the objective of evaluating female sexual function. Despite the divergences found among the studies, all presented a good reliability, internal consistency and validity, revealing quality instruments. Keywords: Validation studies; questionnaires; female sexual dysfunction. LISTA DE TABELAS Tabela 1: Escala de Consistência interna do Coeficiente de alfa de Cronbach ...............41 Tabela 2 – Definição dos componentes da estrutura PICO deste trabalho ......................46 Tabela 3 : O Quociente Sexual – Versão Feminina (QS – F).........................................51 Tabela 4: Pontuação QS-F................................................................................................53 Tabela 5: Confiabilidade QS-F.........................................................................................55Tabela 6: Female Sexual Function Index (FSFI)..............................................................57 Tabela 7: Confiabilidade FSFI de HENTSCHEL et al. 2007...........................................60 Tabela 8: Confiabilidade FSFI de THIEL et al. 2008.......................................................64 Tabela 9: Confiabilidade FSFI de PACAGNELLA et al. 2009.........................................67 Tabela 10: Resumo Revisão Sistemática.......................................................................... 69 Tabela 11: Análise Comparativa entre os estudos ............................................................ 70 Tabela 12: Comparação da Confiabilidade do FSFI ..........................................................71 LISTA DE FLUXOGRAMAS Fluxograma 1: Processo de tradução e adaptação cultural do questionário (normalmente envolve cinco etapas) .............................................................................................................38 Fluxograma 2 : Variáveis da Confiabilidade .........................................................................40 Fluxograma 3 – Desenho de busca no PubMed, BVS e e Cochrane Library ......................49 Fluxograma 4: Etapas de elaboração do QS-F.......................................................................52 Fluxograma 5 :Tradução de HENTSCHEL et al. 2007..........................................................58 Fluxograma 6 : Tradução de THIEL et al. 2008....................................................................61 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Distribuição das pacientes do estudo de HENTSCHEL et. al ............................59 Gráfico 2 : Mulheres da Amostra de THIEL et al.................................................................63 LISTA DE FIGURAS Figura 1: O Quociente Sexual – Versão Feminina (QS – F)...............................................53 Figura 2 : Female Sexual Function Index (FSFI) .................................................................57 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACOG do inglês, American Congress of Obstetricians and Gynecologists BVS do português, Biblioteca Virtual em Saúde. DMS IV e V do português, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais EUA do português, Estados Unidos da América OMS do português, Organização Mundial da Saúde POP do português, Prolapso de Órgãos Pélvicos PRISMA do inglês, Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses QV do português, Qualidade de Vida. QS-F do português, Quociente Sexual – Versão Feminina RNM do português, Ressonância magnética SP do português, São Paulo SF - 36 do inglês, short form 36 http://www.acog.org/ https://www.saraiva.com.br/manual-diagnostico-e-estatistico-de-transtornos-mentais-dsm-v-5-ed-2014-7536763.html SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. OBJETIVOS .............................................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 2.1 OBJETIVO GERAL .......................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. REVISÃO DE LITERATURA ................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 3.1. FISIOLOGIA DA RESPOSTA SEXUAL HUMANAERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 3.2. DEFINIÇÃO ..................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 3.3. CLASSIFICAÇÃO ........................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 3.4. SUBCLASSIFICAÇÕES ................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 3.5. EPIDEMIOLOGIA ........................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 3.6. FATORES DE RISCO ..................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 3.7. QUADRO CLÍNICO ........................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 3.8. DIAGNÓSTICO ............................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 3.9. QUESTIONÁRIOS DE AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO SEXUALERRO! INDICADOR NÃO DEFIN 3.10. PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DOS QUESTIONÁRIOS DE AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO SEXUAL ............................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 3.11. TRATAMENTO ............................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. METODOLOGIA ...................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 4.1. TIPO DE ESTUDO .......................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 4.2 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE ................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 4.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO .......................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 4.4 BUSCA NA LITERATURA ............................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 4.4.1 Buscas no PubMed .................................................... Erro! Indicador não definido. 4.4.2 Buscas no BVS ......................................................... Erro! Indicador não definido. 4.4.2 Buscas na Cochrane Library .................................... Erro! Indicador não definido. RESULTADOS .......................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 5.1 RESULTADOS DAS BUSCAS ........................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 5.1.1. Pesquisa PubMed ..................................................... Erro! Indicador não definido. 5.1 .2. Pesquisa BVS .......................................................... Erro! Indicador não definido. 5.1 .3. Pesquisa na Cochrane Library ................................. Erro! Indicador não definido. 5.1 .4. Artigos selecionados em referências bibliográficas Erro! Indicador não definido. 5.2. ANÁLISE DESCRITIVA E QUALITATIVA DOS ARTIGOS SELECIONADOSERRO! INDICAD ABDO ET AL. 2006 .................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 5.2.1.1 O quociente sexual – versão feminina (qs – f)ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 5.2.1.3 Aspectos sociodemográficos ....................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 5.2.1.4 Confiabilidade ............................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. FEMALE SEXUAL FUNCTION INDEX (FSFI) ... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. HENTSCHEL ET AL. 2007 .................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 5.5.5.1.1. Tradução ............................................................. Erro! Indicador não definido. 5.2.2.1.2. População ........................................................... Erro! Indicador não definido. 5.2.2.1.3. Aspectos sociodemográficos .............................. Erro! Indicador não definido. 5.2.2.1.4. Confiabilidade .................................................... Erro! Indicador não definido. THIEL ET AL. 2008 .............................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 5.2.2.2..1 Tradução ............................................................. Erro! Indicador não definido. 5.2.2.2.2 População ............................................................ Erro! Indicador não definido. 5.2.2.2.3 Aspectos clínicos e sociodemográficos ............... Erro! Indicador não definido. 5.2.2.2.4 Análise estatística ................................................ Erro! Indicador não definido. 5.2.2.2.4 Confiabilidade ..................................................... Erro! Indicador não definido. 5.2.2.2.5 Reprodutibilidade ................................................ Erro! Indicador não definido. 5.2.2.2.6. Validade concorrente.......................................... Erro! Indicador não definido. 4.2.2.3. PACAGNELLA ET AL. 2009 .................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 4.2.2.3.1 Tradução e adaptação transcultural. .................... Erro! Indicador não definido. 4.2.2.3.3 População......................................................... Erro! Indicador não definido. 4.2.2.3.3 Aspectos sociodemográficos .............................. Erro! Indicador não definido. 4.2.2.3.4 Confiabilidade .................................................... Erro! Indicador não definido. DISCUSSÃO ............................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. CONCLUSÃO ............................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ANEXOS ..................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. APÊNDICES .............................................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1. INTRODUÇÃO A sexualidade é componente essencial e integral da vida; sendo a função sexual adequada fator importante na construção da auto-estima e na determinação da qualidade de vida geral do indivíduo. (BANCROFT J, et al.2003). Segundo a Revisão Sistemática de WOLPE et al., publicada em 2017, a disfunção sexual feminina no Brasil apresenta elevada prevalência, estando presente em até 67,7% das mulheres brasileiras. (WOLPE, et al.2017). Apesar da sua elevada prevalência, ainda contamos com relativa escassez de dados epidemiológicos sobre a disfunção sexual feminina. (LAUMANN EO et al. 1999 ). Segundo, a quinta Edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-V, as disfunções sexuais são um grupo de distúrbios tipicamente caracterizados por uma perturbação clinicamente significativa na sua resposta sexual ou incapacidade de obter prazer sexual, causando angústia e dificuldades interpessoais. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) É cada vez mais reconhecida a importância da saúde sexual para a longevidade das relações afetivas e como parte da saúde global e bem-estar do indivíduo, onde, independente do gênero, o aspecto prazeroso do sexo tem demonstrado maior importância do que a sua finalidade reprodutiva. (LARA et al., 2008). Evidências atuais mostram que mesmo a disfunção de curta duração pode criar frustração e angústia. Quando crônica, pode levar à ansiedade e depressão, prejudicar os relacionamentos e causar problemas em outros aspectos da vida. (BANCROFT J, et al.2003). Constituindo, portanto, um relevante problema de saúde pública, com prejuízo da qualidade de vida da população mundial. (ABDO, et al.2006). O interesse na avaliação das disfunções sexuais femininas é crescente. Isso se deu principalmente após a realização do National Health and Social Life Survey (NHSLS), estudo americano que propôs analisar comportamento sexual das mulheres dos Estados Unidos, que incluiu 1.749 mulheres e detectou o uma prevalência de queixas sexuais em 43% das mulheres americanas. (LAUMANN et al. 1999) Em 2005 foi realizado um estudo internacional, englobando 13882 mulheres, com idades entre 40 e 80 anos, de 29 países do mundo. As queixas sexuais foram relatadas por aproximadamente 40% das mulheres em todo o mundo. Os tipos mais comumente relatados de disfunção foram baixo desejo sexual (26 a 43%) e incapacidade de atingir o orgasmo (18 a 41 %). (LAUMANN et al. 2005) Shifren et al, realizaram o maior estudo dos Estados Unidos sobre a disfunção sexual feminina que levou em consideração o sofrimento pessoal, um requisito fundamental para o diagnóstico da disfunção sexual feminina, e incluiu mulheres que não estavam atualmente em um relacionamento sexual. Esse estudo avaliou 31.581 mulheres americanas, evidenciando uma prevalência de apresentação de qualquer disfunção sexual de 44,2%. (SHIFREN et al. 2008) No Brasil, como em outros países, a disfunção sexual é considerada um problema de saúde pública pela alta prevalência e por estar relacionada com prejuízos na qualidade de vida dos indivíduos. (BEDONE, et al. 2013). O Estudo do Comportamento Sexual do Brasileiro (ECOS) foi o primeiro grande estudo que avaliou as disfunções sexuais na população brasileira. Este estudo mostrou uma incidência de 30% de dificuldade sexual entre as mulheres, cujas principais queixas foram falta de desejo (34,6%) e ausência de orgasmo (29,3%) (ABDO, et al.2002). No Estudo da Vida Sexual dos Brasileiros (EVSB), realizado entre novembro de 2002 e fevereiro de 2003, com 7.103 indivíduos de 13 Estados brasileiros, observou-se freqüência de disfunções sexuais de 48,1% para os homens e de 50,9% para as mulheres. (ABDO, et al.2004). Em 2017, foi realizada a primeira revisão sistemática com o objetivo de analisar os resultados de estudos destinados a investigar a prevalência da disfunção sexual feminina na população brasileira. Esse estudo concluiu que a disfunção sexual feminina no Brasil apresenta elevada prevalência, podendo variar de 13,3% - 79,3%; acometendo principalmente mulheres de meia idade, com alguma doença de base e baixo nível educacional. (WOLPE, et al.2017). A avaliação da função sexual feminina resulta na interação de aspectos subjetivos tornando a sua investigação extremamente complexa. (BERNHARD, et al.2002.). Apesar da sua alta incidência em qualquer faixa etária, as disfunções sexuais ainda são bastante subdiagnosticadas; ou porque as pacientes não se queixam devido à inibição ou porque o médico não investiga por constrangimento ou por desconhecimento da resposta sexual humana. (LARA et al. 2008) Com o aumento no interesse pelo estudo da sexualidade e da necessidade de dados confiáveis, os questionários começaram a desempenhar um grande papel na avaliação de mulheres com disfunção sexual. (LIMA et. al., 2013). Nesse contexto, este instrumento parece ser uma ferramenta mais suscetível a capturar os aspectos subjetivos e complexos da função sexual feminina por sua habilidade em avaliar os múltiplos componentes da resposta sexual (ROSEN, et. al., 2002) Inicialmente, foram desenvolvidos para uso em estudos clínicos ou para obtenção de dados epidemiológicos. Hoje, são instrumentos de avaliação utilizados com excelência não só em estudos, mas também como método pré-diagnóstico na prática clínica (LIMA et. al., 2013). Os questionários validados obedecem a regras rígidas de tradução e confiabilidade, favorecendo estudos multicêntricos e funcionando como grande facilitador internacional para o avanço das pesquisas (PASQUALOTTO et al. 2005). Em virtude da alta prevalência das disfunções sexuais na população feminina e sua frequente associação ao desconforto pessoal e piora na qualidade de vida, impõe-se aos profissionais de saúde, a utilização de questionários validados a fim de se traçar um correto diagnóstico levando a um tratamento eficaz. Assim, torna-se imperioso o conhecimento dos questionários validados para o português do Brasil que avaliam a função sexual feminina. 2. OBJETIVOS 2.1.Objetivo Geral Analisar os questionários de avaliação da função sexual em mulheres validados para o português do Brasil. 2.2. Objetivos Específicos Comparar os critérios de validação e qualidade dos instrumentos de avaliação da função sexual feminina, através da análise de suas propriedades psicométricas 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1. FISIOLOGIA DA RESPOSTA SEXUAL HUMANA A Sexualidade é um dos componentes mais complexos e básicos do comportamento humano. As expressões da sexualidade e da intimidade mantêm-se importantes ao longo de toda a vida. A expressão da sexualidade feminina é única em cada mulher e provavelmente se modifica com o tempo. (Ginecologia de Williams – 2ª edição – 2014) O processo de saúde sexual envolve bem-estar geral, qualidade de vida, identidade sexual estabilizada, função sexualnormal e uma relação sexual satisfatória. (Lima, et al. 2010) Embora o impulso sexual básico seja biológico, sua expressão é determinada por uma variedade de fatores: psicológico, social, ambiental, espiritual, aprendizagem. Por isso, a satisfação sexual, para as mulheres, em geral é menos dependente dos componentes físicos do sexo e mais da qualidade do relacionamento e do contexto em que o comportamento sexual está inserido. (Ginecologia de Williams – 2ª edição – 2014) É cada vez mais reconhecida a importância da saúde sexual para a longevidade das relações afetivas e como parte da saúde global e bem-estar do indivíduo. Atualmente, independente do gênero, o aspecto prazeroso do sexo tem demonstrado maior importância do que a sua finalidade reprodutiva. (LARA et al., 2008) A resposta sexual tem uma base biológica essencial, embora, em geral, seja vivenciada em um contexto intrapessoal, interpessoal e cultural. Portanto, a função sexual envolve uma interação complexa entre fatores biológicos, socioculturais e psicológicos. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) A sexualidade humana, diferentemente da encontrada em outros mamíferos, transcende o mero componente biológico, pois gera prazer independentemente do ciclo reprodutivo. Pode-se então pensar a resposta sexual humana em três dimensões: a biológica, a psicológica e a social, todas elas entrelaçadas entre si. Segundo, Gerson Lopes, a Resposta Sexual Humana constitui um “conjunto de modificações fisiológicas que ocorrem após estímulo sexual positivo”. (MARQUES et al. 2012) Como define a Organização Mundial de Saúde, saúde sexual é a integração dos elementos somáticos, emocionais, intelectuais e sociais do ser sexual, por meios que sejam positivamente enriquecedores e que potencializem a personalidade, a comunicação e o amor. (MARQUES et al. 2012) A vida sexual de pessoas sadias, ou seja, com “saúde sexual”, é coordenada pela inter- relação de três sistemas: o neurológico, o vascular e o endocrinológico. Qualquer alteração em algum destes sistemas pode, potencialmente, gerar descompassos na resposta sexual. (MARQUES et al. 2012) A sexualidade do ser humano se organiza na forma de uma sequência complexa de ocorrências hormonais e fisiológicas, dependente de fatores vasculogênicos, neurogênicos, hormonais e psicológicos. A compreensão da resposta sexual normal é útil na avaliação e tratamento das disfunções sexuais. (MARQUES et al. 2012) A partir da década de sessenta, após definição e descrição das principais modificações físicas desenvolvidas durante os ciclos de resposta sexual masculina e feminina em estudos observacionais desenvolvidos em laboratório. Masters e Johnson, em 1966, estabeleceram um modelo linear de resposta sexual humana, composto por quatro fases: excitação, platô, orgasmo e resolução (MASTERS E JOHNSON et al., 1966) Excitação: duração de minutos a horas. É a estimulação psicológica e/ou fisiológica para o ato. Corresponde à lubrificação vaginal na mulher e à ereção peniana no homem. Caracteriza-se basicamente por dois fenômenos: vasocongestão e miotonia, culminando na formação da plataforma orgástica. (MASTERS E JOHNSON et al., 1966) Platô: excitação contínua; prolonga-se de 30 segundos a vários minutos. (MASTERS E JOHNSON et al., 1966) Orgasmo (orge, do Latim, significa agitação, irritação): É uma descarga de imenso prazer, representada no homem pela ejaculação peniana estimulação psicológica e/ou fisiológica para o ato. É a fase de excitação máxima, com grande vasocongestão e miotonia rítmica da região pélvica, acompanhada de grande sensação de prazer, seguida de relaxamento e involução da resposta (resolução). É o clímax da resposta sexual e constitui uma série de contrações rítmicas (3 a 15) da plataforma orgástica, com intervalo de 0,8 segundos. (MASTERS E JOHNSON et al., 1966) Resolução: Também chamada fase de detumescência, é um estado subjetivo de bem- estar que se segue ao orgasmo, no qual predomina o relaxamento muscular, a lassidão e certo torpor. Tem duração de minutos a horas. Nos homens, caracteriza-se por um período refratário no qual o organismo necessita estar em repouso, não aceitando mais estimulação. (MASTERS E JOHNSON et al., 1966) Alguns anos após, em 1977, Helen Kaplan modificou o modelo de Masters e Johnson ao acrescentar a fase de desejo ou apetência, que corresponderia à vontade de estabelecer uma relação sexual, a partir de algum estímulo sensorial (audição, visão, olfato etc.), assim como pela memória de vivências eróticas e de fantasias. O novo esquema considerava o ciclo de resposta sexual trifásico, composto por 3 fases distintas interligadas fisiologicamente e regidas por sistemas neurofisiológicos independentes; desejo, excitação e orgasmo (KAPLAN, et al. 1977) Finalmente, a associação entre os modelos de resposta sexual de Masters e Johnsons e Kaplan originou a última versão do modelo linear da do ciclo de resposta sexual, adotado pela Organização Mundial de Saúde e composto por desejo, excitação, orgasmo e resolução. (OMS, 1993) 3.1.1 Desejo / Impulso Sinônimo de Libido corresponde ao desejo de ter interação sexual, incluindo pensamentos sexuais, imagens e desejos. As bases fisiológicas do desejo são pouco entendidas, mas parecem envolver interações entre múltiplos neurotransmissores, hormônios sexuais e ambiente. A libido varia e é considerada o componente cerebral da sexualidade. Vários fatores estão intimamente relacionados à satisfação sexual e a libido da mulher, incluindo a saúde mental passada e atual estável, bem-estar emocional e autoimagem positivos, experiências sexuais passadas gratificantes, sentimentos positivos para com o parceiro e expectativas positivos em relação ao relacionamento. (Ginecologia de Williams – 2ª edição – 2014) 3.1.2 Excitação Sensação subjetiva de prazer sexual que mantém relação positivo com o estímulo sexual e seu contexto emocional de prazer sexual acompanhada de alterações fisiológicas. É uma resposta reflexa organizada pelo sistema nervoso autônomo e processada pelo sistema límbico em resposta aos estímulos mentais ou físicos reconhecidos como sexuais. . (Ginecologia de Williams – 2ª edição – 2014) Entre as alterações fisiológicas da excitação sexual estão congestão vaginal e vulvar, aumento da lubrificação vaginal e alterações somáticas em pressão arterial, frequência cardíaca, tônus muscular, frequência respiratória e temperatura. . (Ginecologia de Williams – 2ª edição – 2014) No estado basal, os músculos do corpo clitoriano e da vagina estão tonicamente contraídos. Com o estímulo sexual, a liberação neurogênica e endotelial de óxido nítrico leva a relaxamento da artéria cavernosa clitoriana. Ocorre, então, influxo arterial, com aumento da pressão intracavernosa e intumescimento clitoriano. Como resultado há extrusão da glande do clitóris com aumento da sensibilidade. (CELLEK S, MONCADA S. et al. 1998) No estado basal, o epitélio vaginal reabsorve sódio do transudato plasmático capilar submucoso. No entanto, com a estimulação sexual, vários neurotransmissores, inclusive o óxido nítrico e o peptídeo intestinal vasoativo, são liberados. Esses neurotransmissores modulam o relaxamento da musculatura lisa vascular e não vascular da vagina. Segue-se aumento acentuado no fluxo capilar submucoso que se sobrepõe à reabsorção de sódio. Como consequência, são produzidos 3 a 5ml de transudato vaginal. O relaxamento do músculo liso vaginal aumenta o comprimento da vagina e o diâmetro do lúmen, em especial nos dois terços distais da vagina. (Ginecologia de Williams – 2ª edição – 2014) 3.1.3 Orgasmo Pico de prazer sexual e liberação de tensão sexual. É uma resposta do tipo reflexo que ocorre quando um platô de excitação é alcançadoou excedido. Os indicadores fisiológicos e comportamentais do orgasmo envolvem todo o corpo, expressões faciais, miotonia generalizada, espasmo carpopedal e contrações dos músculos glúteos e abdominais. Nas mulheres, observa-se contrações rítmicas do útero, vagina e esfíncter anal. Essas contrações aos poucos diminuem de intensidade, duração e regularidade após o orgasmo. A experiência subjetiva do orgasmo inclui sensação de prazer intenso com pico rápido seguido de liberação prazerosa. .(Ginecologia de Williams – 2ª edição – 2014). 3.1.4 Resolução Após o orgasmo, as alterações anatômicas e fisiológicas da excitação são revertidas. A vasocongestão genital se reduz e a vagina sofre encurtamento e estreitamento. Se houver orgasmo, há relaxamentos psicológico e físico concomitantes. Se não houver orgasmo, ocorre um processo fisiológico similar, mas com velocidade menor. . (Ginecologia de Williams – 2ª edição – 2014) Este é um quadro geral para o ciclo de resposta sexual; No entanto, para muitas mulheres, as fases podem variar em sequência, sobreposição, repetir ou estar ausente durante todos ou alguns encontros sexuais. Como exemplo, para a maioria das mulheres em relacionamentos de longo prazo, o desejo pode não estar presente inicialmente, mas pode aumentar em resposta a atividade prazerosa. Embora seja útil saber onde no ciclo de resposta sexual um problema ocorre, muitas mulheres têm preocupações que se relacionam com vários aspectos da resposta sexual. . (Ginecologia de Williams – 2ª edição – 2014) O ciclo de resposta sexual também deve ser entendido dentro de um contexto interpessoal. Enquanto o desejo pode ser um fator iniciador para a atividade sexual, as mulheres são muitas vezes motivadas por outras razões, incluindo um desejo de proximidade emocional e para fortalecer um relacionamento com um parceiro . Além disso, a satisfação subjetiva com a experiência sexual pode não exigir a realização de todas as fases de resposta, incluindo o orgasmo. (VIERHOUT, et al. 1993) Ao longo dos anos, na descrição do ciclo de repostas sexuais, o pressuposto de vários pesquisadores foi que as respostas sexuais seguiriam uma sequência de eventos previsíveis e lineares, desde a excitação e a resolução. O número de etapas varia; foram descritos ciclos com duas a quatro etapas. A visão tradicional do ciclo de resposta sexual descreve a evolução em etapas sequenciais isoladas passando por desejo, excitação, orgasmo e resolução. Entretanto, a partir de 2002, tem-se mostrado que essas fases se sobrepõem e que sua sequencia pode variar. (BASSOn, et al. 2000) A psiquiatra canadense Rosemarie Basson descreveu o “Modelo Circular da Resposta Sexual Feminina”, no qual, nos relacionamentos de longo prazo, a mulher iniciaria a relação a partir da “neutralidade sexual”, ou seja, quando estimulada pelo parceiro, atingiria graus crescentes de excitação, motivada pela intimidade, pelo ganho secundário do vínculo afetivo, ou por outras razões não sexuais, antepondo a excitação ao desejo. O desejo se desenvolveria posteriormente, sendo uma consequência e não a causa do ato sexual. Este modelo valoriza a resposta e a receptividade femininas, postulando que, para muitas mulheres, é o desejo de intimidade, ao invés de um impulso biológico, o desencadeador do ciclo de resposta sexual. Este conceito está de acordo com novo modelo circular de resposta sexual feminina, no qual a motivação para o sexo se baseia em recompensas não necessariamente sexuais. (BASSON, et al. 2000) Esse modelo pode ser didaticamente dividido em cinco fases: • Início da atividade sexual, por motivo não necessariamente sexual, com ou sem consciência do desejo. • Excitação subjetiva com respectiva resposta física, desencadeadas pela receptividade ao estímulo erótico, em contexto adequado. Sensação de excitação subjetiva, desencadeando a consciência do desejo. • Aumento gradativo da excitação e do desejo, atingindo ou não alívio orgástico. • Satisfação física e emocional, resultando em receptividade para futuros atos. Assim, com base no modelo circular para o ciclo de resposta sexual da mulher, a ausência de desejo sexual espontâneo (no início do ciclo) não significa disfunção sexual, o que exclui muitas mulheres da categoria de disfuncionais. (ABDO et al. 2006) 3.2. DEFINIÇÃO A Organização Mundial de Saúde define a disfunção sexual como a incapacidade do indivíduo de participar do ato sexual com satisfação, por interrupção total ou parcial do ciclo de resposta sexual. (OMS, 1993) Segundo, a quinta Edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-V, as disfunções sexuais são um grupo heterogêneo de transtornos que, em geral, se caracterizam por uma perturbação clinicamente significativa na capacidade de uma pessoa responder sexualmente ou de experimentar prazer sexual. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) Incluem ejaculação retardada, transtorno erétil, transtorno do orgasmo feminino, transtorno do interesse/excitação sexual feminino, transtorno da dor gênito- - pélvica/penetração, transtorno do desejo sexual masculino hipoativo, ejaculação prematura (precoce), disfunção sexual induzida por substância/medicamento, outra disfunção sexual especificada e disfunção sexual não especificada. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) Um mesmo indivíduo poderá ter várias disfunções sexuais ao mesmo tempo. Nesses casos, todas as disfunções deverão ser diagnosticadas. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) 3.3. CLASSIFICAÇÃO Mais recentemente foi publicado o DSM V, que alterou a classificação das Disfunções Sexuais em: • Interesse sexual feminino • Desejo sexual hipoativo e Transtorno de excitação sexual feminina • Distúrbio orgásmico feminino • Distúrbio genito-pélvico de dor • Dispareunia e Vaginismo • Disfunção sexual induzida por medicação • Outras disfunções sexuais não especificadas (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) 3.4. SUBCLASSIFICAÇÕES Os subtipos são usados para designar o início da dificuldade. Em muitos indivíduos com disfunções sexuais, o momento de início do quadro poderá indicar etiologias e intervenções diferentes. • Ao longo da vida: Refere-se a um problema sexual que está presente desde as primeiras experiências sexuais • Adquirido: Aplica-se aos transtornos sexuais que se desenvolvem após um período de função sexual relativamente normal. • Generalizado: Refere-se a dificuldades sexuais que não se limitam a certos tipos de estimulação, situações ou parceiros. • Situacional : Aplica-se a dificuldades sexuais que ocorrem somente com determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros. • Quanto à gravidade atual, podem ser subclassificadas em: • Leve: Evidência de sofrimento leve em relação aos sintomas. • Moderada: Evidência de sofrimento moderado em relação aos sintomas. • Grave: Evidência de sofrimento grave ou extremo em relação aos sintomas. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) 3.5. EPIDEMIOLOGIA As disfunções sexuais femininas alcançam alta incidência em qualquer faixa etária são subdiagnosticadas, ou porque as pacientes não se queixam devido à inibição ou porque o médico não investiga por constrangimento ou por desconhecimento da resposta sexual humana. (LARA et al. 2008) Apesardo impacto potencial desses transtornos nas relações interpessoais e na qualidade de vida, até as últimas décadas, dados epidemiológicos eram relativamente escassos. É crescente o interesse na avaliação das disfunções sexuais femininas, principalmente após a realização do National Health and Social Life Survey (NHSLS). Este foi um estudo realizado em 1992 que se propôs analisar comportamento sexual adulto nos Estados Unidos. Incluiu 1.749 mulheres entre as idades de 18 e 59 anos e detectou prevalência de queixas sexuais em 43% destas.O uso de dados do NHSLS permitiu calcular estimativas nacionais de prevalência de problemas sexuais em mulheres e homens adultos. Embora os dados do NHSLS sobre sintomas críticos não conotassem uma definição clínica de disfunção sexual, sua prevalência fornece informações importantes sobre sua extensão e distribuição diferencial entre a população dos EUA. (LAUMANN et al. 1999 ) Posteriormente, em 2005 foi realizado um estudo internacional, englobando 13882 mulheres, com idades entre 40 e 80 anos, de 29 países do mundo. Este estudo foi um estudo transversal, onde as participantes respondiam a um questionário pessoalmente ou por telefone. As queixas sexuais são relatadas por aproximadamente 40% das mulheres em todo o mundo. Os tipos mais comumente relatados de disfunção foram baixo desejo sexual (26 a 43 por cento) e incapacidade de atingir o orgasmo (18 a 41 por cento). Para todas as categorias de problemas sexuais, a prevalência foi maior no sudeste da Ásia (Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura e Tailândia) e menor no norte da Europa (Áustria, Bélgica, Alemanha, Suécia e Reino Unido). (LAUMANN et al. 2005) A maioria dos estudos não avaliou se as questões sexuais estão associadas à angústia pessoal, um requisito fundamental para o diagnóstico da disfunção sexual feminina. Apenas o Estudo Internacional de Mulheres sobre Saúde e Sexualidade (WISHeS) publicou estatísticas de prevalência Para os Estados Unidos por problemas sexuais combinados com angústia, mas este estudo limitou-se à problemas de desejo. (SHIFREN JL et al. 2008) Além disso, alguns estudos ainda excluem as mulheres que não estão em relações sexuais, de modo que as mulheres para quem a disfunção sexual é uma barreira para a formação de relações sexuais não são avaliados. Então, foi realizado o maior estudo dos Estados Unidos sobre a disfunção sexual feminina, Prevalência de Problemas Sexuais Femininos Associados a Distúrbios e Determinantes do Tratamento Procurando (PRESIDE), mediu o sofrimento pessoal e incluiu mulheres que não estavam atualmente em um relacionamento sexual. (SHIFREN JL et al. 2008) Foi um estudo transversal que avaliou 31581 mulheres, através de postcards com o questionário CSFQ - 14. Foi encontrada incidência de 43% de mulheres com problemas sexuais. Destas, 22% relatavam angústia relacionada à essa disfunção. Disfunção do Desejo foi encontrada em 39% dos casos, disfunção de Excitação em 26%; e do Orgasmo em 21% das mulheres. (SHIFREN JL et al. 2008 ) No Brasil, como em outros países, a disfunção sexual é considerada um problema de saúde pública pela alta prevalência e por estar relacionada com prejuízos na qualidade de vida dos indivíduos. (BEDONE, et al. 2013) O Estudo do Comportamento Sexual do Brasileiro (ECOS) foi o primeiro grande estudo que avaliou as Dinsfunções Sexuais na população brasileira. Este estudo mostrou uma incidência de 30% de dificuldade sexual entre as mulheres. Destas, 34,6% apresentavam disfunção relacionada ao Desejo e 29,3% relacionada ao orgasmo. (ABDO, et al. 2002) O Estudo da Vida Sexual dos Brasileiros (EVSB) realizado entre 2002 e 2003, em 13 estados brasileiros, perfazendo uma amostra total de 7103 indivíduos adultos ( 54,6% homens e 45,4% mulheres) que responderam a um questionário de 87 questões de múltipla escolha, constatou a prevalência total de disfunções sexuais em mulheres e em homens de respectivamente 50,69% e 48,1%. Uma amostra de 1219 mulheres brasileiras, com idade acima de 18ª, mostrou que a prevalência de disfunção sexual feminina aumenta com a idade, com o menor nível educacional e coma incidência de doenças crônicas/degenerativas, como depressão, cardiopatias e diabetes. (ABDO , et al. 2004) As taxas de prevalência relatadas de problemas orgásmicos em mulheres variam amplamente, de 10 a 42%, dependendo de vários fatores (p. ex., idade, cultura, duração e gravidade dos sintomas); entretanto, essas estimativas não levam em conta a presença de sofrimento. Apenas parte das mulheres que experimentam dificuldades orgásmicas relata também sofrimento associado. A variação na forma como os sintomas são avaliados (p. ex., duração dos sintomas e período lembrado das dificuldades) também exerce influência nas taxas de prevalência. Aproximadamente 10% das mulheres não têm orgasmo durante suas vidas. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) O grau em que a ausência de orgasmo feminino é considerada um problema que precisa de tratamento pode variar de acordo com o contexto cultural. Além disso, as mulheres diferem quanto à importância do orgasmo em sua satisfação sexual. Pode haver grandes diferenças socioculturais e geracionais na capacidade orgásmica feminina. Por exemplo, a prevalência de incapacidade para atingir o orgasmo variou de 17,7% (no Norte Europeu) a 42,2% (no Sudeste Asiático). (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) A prevalência de baixo desejo sexual e de problemas de excitação sexual (com e sem sofrimento associado), conforme a definição do DSM-IV ou da CID-10, pode variar substancialmente em relação a idade, ambiente cultural, duração dos sintomas e presença de sofrimento. No que diz respeito à duração dos sintomas, há diferenças marcantes nas estimativas de prevalência entre problemas de curto prazo e persistentes relacionados à falta de interesse sexual. Nas situações em que o sofrimento envolvendo o funcionamento sexual é um requisito importante, as estimativas de prevalência são significativamente mais baixas. Embora o desejo sexual possa diminuir com a idade, algumas mulheres mais velhas relatam menos sofrimento relacionado ao desejo sexual do que mulheres mais jovens. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) A prevalência do transtorno da dor gênito-pélvica/penetração é desconhecida. No entanto, aproximadamente 15% das mulheres norte-americanas relatam a presença de dor recorrente durante a relação sexual. Dificuldades com a relação sexual parecem ser motivo freqüente de encaminhamento para clínicas de disfunção sexual e médicos especialistas. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) A prevalência e a incidência de disfunção sexual induzida por substância/medicamento não são muito claras, provavelmente em razão da falta de informações sobre os efeitos colaterais sexuais dos tratamentos. Em geral, os dados sobre a disfunção sexual induzida por substância/medicamento referem-se aos efeitos de medicamentos antidepressivos. A prevalência de disfunção sexual induzida por antidepressivos varia em parte de acordo com o agente específico. Aproximadamente 25 a 80% dos indivíduos que tomam inibidores da monoaminoxidase, antidepressivos tricíclicos, antidepressivos serotonérgicos e antidepressivos com efeitos serotonérgicos-adrenérgicos combinados relatam efeitos colaterais sexuais. Há diferenças na incidência de efeitos colaterais sexuais entre alguns antidepressivosserotonérgicos e serotonérgicos-adrenérgicos combinados, embora não esteja claro se essas diferenças são clinicamente significativas. Cerca de 50% dos indivíduos que usam medicamentos antipsicóticos vão experimentar efeitos colaterais sexuais, incluindo problemas com desejo sexual, ereção, lubrificação, ejaculação ou orgasmo. A incidência desses efeitos colaterais entre diferentes agentes antipsicóticos não é clara. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) A prevalência e a incidência exata de disfunções sexuais entre usuários de medicamentos não psiquiátricos, como os agentes cardiovasculares, citotóxicos, gastrintestinais e hormonais, são desconhecidas. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) 3.6. FATORES DE RISCO Os fatores de risco mais conhecidos para disfunção sexual feminina apontados em estudos anteriores são: idade avançada, menopausa, depressão, drogas antipsicóticas, níveis educacionais mais baixos e baixa frequência mensal de relações sexuais. A disfunção sexual feminina é influenciada por fatores biológicos, psicológicos e socioculturais. Assim, é necessário investigar as disfunções sexuais femininas em diferentes populações e analisar continuamente a evolução do padrão de prevalência de FSD e os fatores de risco associados a esses distúrbios ao longo do tempo (SHIN et al., 2016). 3.6.1 Fatores biológicos Mulheres com a saúde geral excelente são mais propensas a não apresentar disfunção sexual. Já aquelas que afirmam ter uma saúde comprometida são as que mais apresentam redução do desejo sexual e dispareunia. A auto-relato de saúde e os níveis de atividade física mostraram-se correlatos importante da função sexual, pois mais problemas do orgasmo foram encontrados em mulheres sedentárias e níveis mais altos de desejo sexual foram encontrados para aqueles que relataram maior auto-percepção de boa saúde e maiores taxas de exercício físico. A percepção de má saúde também foi um preditor para a falta de desejo sexual das mulheres, assim como de excitação, orgasmo e dispareunia (MC CABE et al., 2016). Drogas também têm demonstrado ter um impacto negativo na função orgásmica e no interesse sexual. Várias doenças crônicas, síndrome metabólica e obesidade também podem estar associadas à disfunção sexual. Além disso, a incontinência urinária de esforço e sintomas do trato urinário têm influência negativa no interesse sexual das mulheres, desejo, excitação, lubrificação, orgasmo, dispareunia e vaginismo (MC CABE et al., 2016). A histerectomia também afeta a sexualidade das mulheres, com redução do desejo sexual, excitação e orgasmo. Estudos apontam que cerca de 16% das mulheres com menopausa induzida apresentam baixo desejo sexual em comparação com 7% de mulheres que ainda menstruam. A terapia de reposição hormonal pode melhorar o desejo, mas não altera a angústia (MC CABE et al.., 2016). 3.6.2. Fatores psicológicos Problemas emocionais, estresse, depressão e ansiedade comprometem diretamente a função sexual. Além disso, algumas doenças psiquiátricas, como a esquizofrenia também foram descritas por estarem associadas à disfunção sexual (MC CABE et al.., 2016). 3.6.3. Fatores socioculturais Estudos mostram que mulheres vítimas de violência sexual apresentam maior chance de desenvolver algum tipo de disfunção sexual comparadas às mulheres sem história de abuso sexual. Dispareunia, baixos níveis de interesse sexual, excitação, orgasmo são significativamente mais comuns em mulheres solteiras e em mulheres com dificuldades conjugais. Existe uma estreita relação entre a manifestação de disfunções sexuais femininas e as disfunções sexuais apresentadas pelo seu parceiro (MC CABE et al.., 2016). Além dos fatores avaliados, mulheres mais velhas na idade da primeira relação sexual, com número elevado de parceiros sexuais ou em uso de contraceptivos orais apresentam menor risco para disfunção sexual ao contrário daqueles que praticam masturbação, que foi avaliada como um fator protetor para disfunção sexual em estudos anteriores. Mulheres com mais parceiros sexuais são sexualmente mais experientes, tornando-as menos suscetíveis a disfunção sexual. Como a disfunção também é influenciada por fatores psicológicos, mulheres que estão menos preocupadas em engravidar têm menor risco de apresenta-la. (SHIN et al.., 2016). Dispareunia, baixos níveis de interesse sexual, excitação, orgasmo são significativamente mais comuns em mulheres solteiras e em mulheres com dificuldades conjugais. Existe uma estreita relação entre a manifestação de disfunções sexuais femininas e as disfunções sexuais apresentadas pelo seu parceiro (MC CABE et al., 2016). Mulheres com relacionamentos estáveis e com maior satisfação com o relacionamento foram associadas a melhor satisfação sexual, menos problemas sexuais e menor risco de disfunção sexual. Mulheres que querem engravidar são motivadas a serem sexualmente ativas (maior desejo e excitação), mas o prazer sexual é reduzido pelo estresse de tentar engravidar (menor lubrificação e orgasmo) (DU et al., 2016). Mulheres em relacionamentos de longa duração têm mais queixas sobre diminuição da libido por causa de conflitos gerados ao longo de muitos anos de casamento. Com o passar do tempo, mesmo em relacionamentos amorosos, a diminuição do interesse pelo sexo e a perda de interação sexual podem ocorrer motivadas pela rotina (DOMBEK et al., 2016). Dessa forma, os fatores que influenciam o surgimento de disfunções sexuais em geral estão relacionados a sintomas de depressão e ansiedade, qualidade das relações sexuais, menopausa, desequilíbrio hormonal, histerectomia, ooforectomia, abuso sexual, atitude sexual negativa, imagem corporal negativa, abuso de drogas e álcool, orientação sexual, parto e seus resultados, número de partos, modo de entrega, aleitamento materno e temores de gravidez ou de transmissão sexual de doenças (KHAJEHEI et al., 2015). 3.7. QUADRO CLÍNICO O Conselho de Saúde da Função Sexual do Conselho Fundação da Doença Urológica criou em 1998 o primeiro consenso de definição para disfunção sexual feminina, dividindo o diagnóstico em quatro categorias principais: desordem de desejo sexual hipoativo, distúrbio de excitação, distúrbio orgásmico e transtorno de dor sexual (HOUMAN et al., 2016). O distúrbio do desejo sexual hipoativo é definido pela ausência crônica de desejo sexual para a atividade sexual. Essa deficiência é um julgamento subjetivo do médico ou terapeuta que implica auto-imagem negativa, depressão e relações pobres com parceiros. O distúrbio de excitação é marcado por prejudicada ou ausente resposta fisiológica à estimulação sexual, tais como lubrificação vaginal e inchaço. Como as outras categorias de disfunção sexual feminina, o distúrbio de excitação é uma definição subjetiva que pode resultar em abstinência sexual. O distúrbio orgásmico é caracterizado pela ausência crônica de orgasmo. Finalmente, a desordem de dor sexual é a categoria abrangente de dispareunia antes, durante ou após atividade sexual que não pode ser atribuída às outras categorias de disfunção sexual feminina acima mencionada (HOUMAN et al., 2016). 3.7.1. Distúrbio orgásmico O transtorno do orgasmo feminino se caracteriza pela dificuldade de atingir o orgasmo e/ou pela intensidade muito reduzida das sensações orgásmicas. As mulheres apresentam ampla variabilidade no tipo ou na intensidade da estimulação que produz o orgasmo. Para o diagnóstico de transtorno do orgasmo feminino, os sintomas devem ser experimentados em quase todas ou em todas as ocasiões de atividade sexual e devem ter duração mínima de aproximadamente seis meses (AmericanPsychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) A aplicação dos critérios de gravidade e duração mínimas tem como objetivo distinguir as dificuldades transitórias de orgasmo da disfunção orgásmica mais persistente. Em muitos casos de problemas de orgasmo, as causas são multifatoriais ou não podem ser determinadas. Se o transtorno do orgasmo feminino for mais bem explicado por outro transtorno mental, pelos efeitos de uma substância/medicamento ou por uma condição médica, não se aplica o diagnóstico de transtorno do orgasmo feminino. Por fim, na presença de fatores interpessoais ou estressores significativos, não cabe fazer o diagnóstico de transtorno do orgasmo feminino. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) Muitas mulheres precisam de estimulação clitoridiana para atingir o orgasmo, enquanto uma proporção relativamente pequena delas afirma que sempre tiveram orgasmo durante a relação peniana-vaginal. Consequentemente, uma mulher que atinge o orgasmo por meio de estimulação clitoridiana, mas não durante a relação sexual, não preenche os critérios para o diagnóstico clínico de transtorno do orgasmo feminino. É importante observar também se as dificuldades para atingir o orgasmo são resultado de estimulação sexual inadequada; nesses casos, ainda pode haver necessidade de tratamento, embora o diagnóstico de transtorno do orgasmo feminino não seja aplicável. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) 3.7.2. Transtorno do interesse/excitação sexual Uma "discrepância de desejo", em que a mulher sente menos desejo para a atividade sexual que seu parceiro, não é suficiente para o diagnóstico de transtorno do interesse/excitação sexual feminino. Para que os critérios do transtorno sejam atendidos, deve haver ausência ou frequência ou intensidade reduzida de pelo menos três entre os seis indicadores por um período mínimo de aproximadamente seis meses. Pode haver diferentes perfis de sintomas entre as mulheres, assim como variabilidade na forma de expressão do interesse e da excitação sexual . (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) Pode haver frequência ou intensidade ausente ou reduzida no interesse pela atividade sexual, denominada previamente transtorno do desejo sexual hipoativo. A frequência ou intensidade de pensamentos ou fantasias sexuais e eróticas pode estar ausente ou reduzida. A expressão das fantasias varia amplamente entre as mulheres e pode incluir lembranças de experiências sexuais passadas. A ausência ou redução da frequência de iniciar a atividade sexual e da receptividade aos convites sexuais do parceiro é um critério com foco comportamental. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) 3.7.3. Dispareunia Transtorno da dor gênito-pélvica/penetração refere-se a quatro dimensões de sintomas comórbidos comuns: 1) dificuldade para ter relações sexuais; 2) dor gênito-pélvica; 3) medo de dor ou de penetração vaginal; e 4) tensão dos músculos do assoalho pélvico. Considerando que uma dificuldade relevante em qualquer uma dessas dimensões de sintomas costuma ser suficiente para provocar sofrimento clinicamente significativo, é possível estabelecer um diagnóstico com base em uma dificuldade acentuada em apenas uma dimensão de sintomas. No entanto, todas as quatro dimensões devem ser avaliadas, mesmo que seja possível obter um diagnóstico com respaldo em apenas uma delas. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) Dificuldade marcante para ter relações/penetrações vaginais pode variar desde incapacidade total para experimentar penetração vaginal em qualquer situação até a capacidade para experimentar facilmente a penetração em uma situação, porém não em outra. Embora a situação clínica mais comum seja aquela em que a mulher é incapaz de experimentar relação sexual ou penetração com um parceiro, pode também estar presente a dificuldade para fazer exames ginecológicos necessários. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) Dor vulvovaginal ou pélvica intensa durante a relação sexual ou nas tentativas de penetração sexual refere-se à dor que acomete locais diferentes na área gênito-pélvica. A localização da dor, bem como sua intensidade, deve ser avaliada. A dor poderá persistir por algum tempo depois da relação sexual, podendo ocorrer também ao urinar. Em geral, a dor experimentada durante a relação sexual poderá ser reproduzida nos exames ginecológicos. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) Medo ou ansiedade intensa de dor vulvovaginal ou pélvica em antecipação a, durante ou como resultado de penetração vaginal é um relato comum de mulheres que sentem dor regularmente durante a relação sexual. Essa reação "normal" pode levar a mulher a evitar situações sexuais/íntimas. Em outros casos, esse medo perturbador não parece ter uma relação íntima com a experiência de dor, mas leva a uma atitude de evitação da relação e da penetração vaginal. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) 3.8. DIAGNÓSTICO As disfunções sexuais caracterizam-se por falta, excesso, desconforto e/ou dor na expressão e no desenvolvimento do ciclo de resposta sexual, podendo afetar uma ou mais das fases deste, ou dor associada ao ato, o que se manifesta de forma persistente ou recorrente.. Quanto mais precocemente incidir o comprometimento desse ciclo, mais prejuízo acarretará à resposta sexual e mais complexos serão o quadro clínico e respectivos prognóstico e tratamento (ABDO, et al. 2006) O diagnóstico das disfunções sexuais é eminentemente clínico. A queixa da paciente, aliada à presença de alguns elementos de anamnese, é fundamental. Deve-se considerar que um mínimo de seis meses de sintomatologia é critério indispensável para a caracterização da disfunção. (ABDO, et al. 2006) Um mesmo indivíduo poderá ter várias disfunções sexuais ao mesmo tempo. Nesses casos, todas as disfunções deverão ser diagnosticadas. O julgamento clínico deve ser utilizado para determinar se as dificuldades sexuais são resultado de estimulação sexual inadequada; mesmo nessas situações ainda pode haver necessidade de tratamento, embora o diagnóstico de disfunção sexual não seja aplicável. Esses casos incluem, mas não se limitam a, condições nas quais a falta de conhecimento sobre estimulação eficaz impede a experiência de excitação ou de orgasmo. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) Devem-se investigar as condições do(a) parceiro(a), para se afastar possíveis equívocos de interpretação ante o quadro referido pela paciente. Assim, um homem com ejaculação precoce pode conduzir sua parceira a se considerar anorgásmica, quando, de fato, a precocidade dele a impede de concluir o ciclo de resposta sexual com êxito. Estimulação inadequada em foco, intensidade ou duração exclui o diagnóstico de disfunção de excitação ouorgasmo. (ABDo, et al. 2006) Outra relevante consideração para diagnóstico, tratamento e prognóstico é a distinção entre disfunção primária (ao longo da vida) e secundária (adquirida), bem como entre disfunção generalizada (presente com qualquer parceria) e situacional (presente em determinadas circunstâncias e/ou parcerias). (ABDO, et al. 2006) Determinar se a disfunção é generalizado (não se limita a determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros) ou situacional (ocorre somente com determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros). Especificar a gravidade atual do sofrimento experimentado pelo paciente em decorrência da disfunção em leve,moderada e grave; também é essencial para o diagnóstico e abordagem terapêutica. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) Devem-se considerar, ainda, a idade da mulher e a sua experiência sexual. Mulheres jovens e/ou principiantes costumam apresentar dificuldade para relaxamento/lubrificação, o que é bastante compreensível e não significa disfunção, enquanto não houver experiência sexual suficiente. (ABDO, et al. 2006) Um mesmo indivíduo poderá ter várias disfunções sexuais ao mesmo tempo. Nesses casos, todas as disfunções deverão ser diagnosticadas. O julgamento clínico deve ser utilizado para determinar se as dificuldades sexuais são resultado de estimulação sexual inadequada; mesmo nessas situações ainda pode haver necessidade de tratamento, embora o diagnóstico de disfunção sexual não seja aplicável. Esses casos incluem, mas não se limitam a, condições nas quais a falta de conhecimento sobre estimulação eficaz impede a experiência de excitação ou de orgasmo. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) Além dos subtipos ao longo da vida/adquirido e generalizado/situacional, inúmeros fatores devem ser considerados durante a avaliação de uma disfunção sexual, tendo em vista que poderão ser relevantes para a etiologia e/ou tratamento e contribuir, em maior ou menor grau, para a disfunção nos indivíduos: • Fatores relacionados ao parceiro (p. ex., problemas sexuais; estado de saúde); • Fatores associados ao relacionamento (p. ex., falta de comunicação; discrepâncias no desejo para atividade sexual); • Fatores relacionados a vulnerabilidade individual (p. ex., má imagem corporal; história de abuso sexual ou emocional), comorbidade psiquiátrica (p. ex., depressão, ansiedade) ou estressores (p. ex., perda de emprego, luto); • Fatores culturais ou religiosos (inibições relacionadas a proibições de atividade sexual ou prazer; atitudes em relação à sexualidade); • Fatores médicos relevantes para prognóstico, curso ou tratamento. O julgamento clínico sobre o diagnóstico de disfunção sexual deve levar em consideração fatores culturais que possam influenciar expectativas ou criar proibições sobre a experiência do prazer sexual. O envelhecimento pode estar associado a redução na resposta sexual normal para o período. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) Em muitos contextos clínicos, não se conhece com exatidão a etiologia de um determinado problema sexual. Não obstante, o diagnóstico de uma disfunção sexual requer a exclusão de problemas que são mais bem explicados por algum transtorno mental não sexual, pelos efeitos de uma substância (p. ex., droga ou medicamento), por uma condição médica (p. ex., devido a alguma lesão no nervo pélvico) ou por perturbação grave no relacionamento, violência do parceiro ou outros estressores. Nos casos em que a essência da disfunção sexual for explicável por outro transtorno mental não sexual (p. ex., transtorno depressivo ou transtorno bipolar, transtorno psicótico), deve-se, então, diagnosticar apenas o outro transtorno mental. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) Problemas que forem mais bem explicados pelo uso, abuso ou descontinuação de um medicamento ou substância devem ser diagnosticados como disfunção sexual induzida por substância/medicamento. Nos casos em que a disfunção for atribuível a outra condição médica (p. ex., neuropatia periférica), o indivíduo não deve receber um diagnóstico psiquiátrico. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) Se perturbação grave do relacionamento, violência do parceiro ou outros estressores significativos explicarem melhor as dificuldades sexuais, não se aplica o diagnóstico de uma disfunção. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.) Dada a multiplicidade de fatores envolvidos, recomenda-se avaliação psicossocial, de preferência por equipe multidisciplinar, principalmente naqueles casos em que a disfunção ocorre desde o início da vida sexual ou sofre influência de condições psicológicas e relacionais, tais como: condições de vida estressantes, mudanças na parceria, conflitos no vínculo conjugal e disfunção sexual do parceiro. (ABDO, et al. 2006) 3.9. QUESTIONÁRIOS DE AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO SEXUAL O ciclo da resposta sexual vem sendo estudado em diversos trabalhos da atualidade e os instrumentos de avaliação das disfunções sexuais femininas multiplicaram-se nos últimos anos, incentivados pelo desenvolvimento de novos tratamentos destes distúrbios. As avaliações dessas disfunções podem ser objetivas e subjetivas (LIMA et al.., 2010). As avaliações objetivas, como medição do fluxo sanguíneo vaginal e clitoridiano (Fotopletismografia e ultra-sonografia com doppler) e ressonância magnética pélvica desenvolveram importante papel em pesquisas, entretanto são métodos não muito usados, não padronizados e com resultados ainda sem real aplicação clínica (LIMA et al., 2010). Os métodos subjetivos vêm demonstrando atualmente elevado grau de credibilidade e validade. Baseiam-se em questionários, agenda diária ou registro de eventos sexuais, geralmente auto-avaliáveis e auto-aplicáveis. A agenda diária e o registro de eventos foram idealizados para serem completados após cada episódio de atividade sexual, com o objetivo de avaliar a função e a satisfação. No entanto, os questionários parecem ser mais fidedignos para coletar os aspectos subjetivos e complexos da função sexual feminina por sua habilidade em avaliar os múltiplos componentes da resposta e do ciclo sexual (LIMA et al., 2010). Os questionários vêm desempenhando um papel cada vez mais importante na avaliação de mulheres com disfunção sexual e foram, com o passar dos anos, bastante utilizados em estudos psicológicos e sociológicos do comportamento sexual. No início, não foram desenvolvidos como instrumento diagnóstico, mas para uso em estudos clínicos ou para obtenção de dados epidemiológicos (LIMA et al., 2010). Todos esses questionários foram criados no sentido de propiciar avaliações de caráter populacional, facilitar e complementar a consulta medica. O ideal procurado em todos os questionários é a facilidade e a rapidez de administração assim como a capacidade de avaliar multidimensionalmente a função sexual feminina (LIMA et al., 2010). Dentre os principais questionários utilizados na avaliação inicial da função sexual feminina, temos: Quociente Sexual – Versão Feminina (QS–F), Estudo do Comportamento Sexual no Brasil (ECOS), Brief Sexual Functioning Index for Women (BSFI-W) – Breve Índice do Funcionamento Sexual paraas Mulheres, Female Sexual Function Index (FSFI) – Índice da Função Sexual Feminina, Modified McCoy Sexual Scale - Escala Sexual Modificada de McCoy, Profile of Female Sexual Function (PSFS) - Perfil da Função Sexual Feminina, Female Sexual Distress Scale (FSDS) - Escala de Distúrbio Sexual Feminino (LIMA et al., 2010). Outros questionários incluem: Changes in Sexual Functioning Questionnaire (CSFQ) – Questionário de mudanças na função sexual, Derogatis Interview for Sexual Functioning (DISF/DISF-SR) – A entrevista de Derogatis para função sexual, Golombok Rust Inventory of Sexual Satisfaction (GRISS) (MESTON et al., 2002). As duas principais características da medição científica são a confiabilidade e validade. Confiabilidade refere-se à consistência ou replicação de medidas e pode ser pensado como o inverso do erro de medição. A confiabilidade teste-reteste envolve administração repetida do questionário (geralmente em intervalos de duas a quatro semanas) à mesma população e serve como um indicador da estabilidade da medida “tempo”. Validade do teste refere-se ao grau em que o instrumento mede o que pretende medir (MESTON et al., 2002). 3.10. PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DOS QUESTIONÁRIOS DE AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO SEXUAL Para se avaliar a qualidade da validação de um questionário é importante conhecer os procedimentos que qualificam um instrumento de coleta, evitando possíveis erros no levantamento de dados que podem comprometer a fidedignidade do questionário e produzir estudos com resultados distorcidos. Estes serão descritos detalhadamente abaixo. (PILATTI et al. 2010). 3.10.1. Tradução e adaptação cultural. A prática de tradução de instrumentos estrangeiros vem crescendo nos últimos anos. Entretanto, para a realização de uma tradução e a adaptação de um questionário estrangeiro é imprescindível que seja cumprido um processo criterioso e cuidadoso, uma vez que a tradução e a adaptação são tão importantes quanto à construção de um novo instrumento. A busca pelo máximo de equivalência entre o instrumento original e sua versão traduzida deve guiar todo o processo, de maneira a evitar formas, muitas vezes sutis, de distorção do instrumento. (FALCÃO et. al. 2003) Fluxograma 1: Processo de tradução e adaptação cultural do questionário (normalmente envolve cinco etapas) Fonte: (FALCÃO et. al. 2003) Tradução Retrotradução Apreciação formal de equivalência semântica Crítica final por especialistas com avaliação de outros aspectos além da questão semântica Pré-teste com incorporação de pequenas modificações É importante destacar que vai além da tradução, é necessário um rigoroso processo de adaptação cultural do instrumento para que ele possa reproduzir suas características em uma cultura diferente. Ainda que seja possível argumentar que o questionário apresente conceitos genuinamente universais para a sociedade ocidental, há nuances e características peculiares a cada população que devem ser respeitadas. Nesse sentido, existe grande discussão na literatura sobre os métodos apropriados para se realizar adaptações transculturais de instrumentos de avaliação da qualidade de vida. (GUILLEMIN et al. 1993) 3.10.2. Confiabilidade Dentre as propriedades psicométricas que determinam a qualidade de um instrumento de avaliação, destaca-se a confiabilidade. Definida por Contandriopoulos et al. 1999 como a capacidade de um instrumento em reproduzir um resultado de forma consistente no tempo e no espaço, ou com observadores diferentes quando for utilizado corretamente. Segundo Belasco et al. 2006 a confiabilidade é capacidade de mostrar que indivíduos estáveis apresentem resultados semelhantes em administrações repetidas do mesmo instrumento. Em outras palavras, é a capacidade de um instrumento medir fielmente um fenômeno. Esta é analisada através da repetição das medidas e da comparação de seus resultados. Existem 3 abordagens para avaliar a confiabilidade de um instrumento (PILATTI et al.. 2010): • Avaliando sua estabilidade, ou seja, se os resultados da utilização de um mesmo teste serão homogêneos mesmo sendo aplicados em momentos diferentes. • Se os resultados serão equivalentes quando o mesmo fenômeno medido por examinadores diferentes ao mesmo tempo. • Se o resultado dos diferentes itens do questionário são homogêneos entre si. A confiabilidade pode ser estimada pelo Coeficiente de correlação de Pearson; Coeficiente alfa de Cronbach; Coeficiente de correlação intraclasse ou Coeficiente Kappa de Cohen. (PILATTI et al. 2010). Fluxograma 2 : Variáveis da Confiabilidade 3.10.3. Consistência interna Definida como a correlação dos itens de um mesmo construto entre si e na correlação de cada item com o escore total desse construto. (FREITAS; RODRIGUES, 2005). Esta reflete a confiabilidade de um instrumento e é avaliada por uma ferramenta estatística chamada de Coeficiente alfa de Cronbach. Este pode ser influenciado pelo número de itens do questionário, tempo de aplicação, amostrada de avaliado. (SOUZA et al.2017). Considera-se satisfatório um instrumento de pesquisa que obtenha alfa=0,7. Cabendo, entretando, ao pesquisador decidir qual o valor mínimo de consistência interna será aceitável para seu respectivo instrumento. (CRONBACH;MEEHL, et al. 1955) Freitas e Rodrigues (2005) propõem a seguinte escala para análise: Tabela 2: Escala de Consistência interna do Coeficiente de alfa de Cronbach Confiabilidade Coeficiente alfa de Cronbach Coeficient e de correlação de Pearson Coeficient e Kappa de Cohen Coeficiente de correlação intraclasse Valor de alfa de Cronbach Consistência Menor que 0,30 Muito baixa Entre 0,30 e 0,60 Baixa Entre 0,60 e 0,75 Moderada Entre 0,75 e 0,90 Alta Maior que 0,90 Muito alta Fonte: PILATTI et al., 2010. 3.10.4. Validade Segundo belasco e sesso 2006, a validação consiste em analisar se um instrumento de avaliação é capaz de medir ou avaliar aquilo a que se propõe medir/avaliar. Em outras palavras é a a adequação existente entre as variáveis escolhidas e o conceito teórico a ser medido. (PILATTI et al. 2010). Existem inúmeros tipos de validade (PILATTI et al. 2010): • Validade de conteúdo (juízes, membros da população-alvo); avaliam a adequação aparente entre o instrumento proposto e a construção a se medida, ou seja, a formulação das questões, sendo de fácil entendimento. • Validade de critério: capacidade do instrumento em medir elementos relacionados com um critério de interesse e avaliar se há correlação significativa entre si. • Validade concorrente (Comparação com outro instrumento existente); aplicada quando já existe um instrumento conhecido e validado para se mensura a variável em exame. Deve-se aplicar simultaneamente o instrumento já validado e o que se deseja validar, esperando correlação significativa entre si. • Validade de construto: relação entre os conceitos teóricos e sua operacionalização. (Comparação entre dois grupos diferentes em relação a variável pesquisada buscando encontrar uma diferença estatística entre os resultados de ambos os grupos). 3.11. TRATAMENTO Historicamente, a disfunção sexual feminina tem sido um desafio em relação ao seu tratamento. O principal problema reside no fato de ser uma condição multifatorial resultante de uma combinação de elementos biológicos e psicossociais. Dados mostram que apesar de cerca de 40% das mulheres terem preocupações sexuais e 12% reclamarem de problemas sexuais angustiantes, o estudo das disfunções sexuais femininas e seu tratamento é recente e está em ascensão atualmente (HOUMAN et al., 2016). 3.11.1. Dispositivos mecânicos Os dispositivos mecânicos funcionam de várias formas para tratar a disfunção sexual e os sintomas dos distúrbios da excitação, principalmente através de estimulação vibratória
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