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04 - Uma Garota Feliz - Série Garota GG - Manuh Costa

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Copyright	©	2018,	Manuh	Costa
	
Capa:	Taty	Lima
Diagramação:	Greyce	Kelly
Revisão:	Hellen	Caroline
	
	
Dados	internacionais	de	catalogação	(CIP)
Costa,	Manuh
Garota	GG	IV
1ª	Ed
Minas	Gerais,	2018
1.Literatura	Brasileira.	1.	Titulo.
	
	
	
É	proibida	a	reprodução	total	e	parcial	desta	obra,	de	qualquer	forma	ou	por	qualquer	meio	eletrônico,
mecânico,	inclusive	por	meio	de	processos	xerográficos,	incluindo	ainda	o	uso	da	internet,	sem	permissão
de	seu	editor	(Lei	9.610	de	19/02/1998).
esta	é	uma	obra	de	ficção.	Nomes,	personagens,	lugares	e	acontecimentos	descritos	são	produtos	da
imaginação	do	autor	qualquer	semelhança	com	acontecimentos	reais	é	mera	coincidência.
todos	os	direitos	desta	edição	reservados	pela	autora.
	
	
	
	
	
Dedicatória
Para	Felipe	My	Dear	Prince
	
Chegamos	ontem.
Mosés	 estacionou	 o	 carro	 diante	 de	 nossa	 nova	 casa	 e	 tudo	 o	 que	 eu
queria	 era	 pular	 para	 dentro	 do	meu	 novo	 lar,	mas	mamãe	 estava	 tagarelando
sobre	eu	tomar	cuidado	e	não	correr,	por	conta	dos	bebês.
A	 mudança	 ocorreu	 semana	 passada.	 Lupe	 veio	 em	 alguns	 dias	 da
semana	 para	 organizar	 as	 coisas	 com	 mamãe.	 Como	 eu	 estava	 correndo	 na
empresa	com	Mosés,	apenas	pude	ajudar	a	encaixar	tudo	com	ele	à	noite	quando
chegávamos,	e	nos	últimos	fins	de	semana.
Fomos	ao	Central	Park	semana	passada	e	tudo	não	poderia	estar	melhor
entre	ele	e	eu.	Claro,	Mosés	está	super	tenso	com	a	chegada	de	Safira	e	sua	nova
vida,	o	recomeço	dela.	A	recuperação	de	Safira	preocupa	muito	meu	esposo,	mas
eu	 estou	 bem	mais	 preocupada	 com	 a	 forma	 que	 Safira	 irá	 reagir	 comigo	 por
perto	e	vice	e	versa.	Só	quero	que	ela	se	sinta	bem	em	casa.
Phill	 e	mamãe	 vieram	 juntos.	Mamãe	 não	me	 falou	mais	 nada	 sobre	 o
assunto,	mas	 precisa	 ser	 cego	 para	 não	 perceber	 que	 ela	 e	 Phill	 estão	mesmo
tendo	algum	tipo	de	envolvimento	a	mais,	que	vai	bem	além	da	amizade.
Percebe-se	 de	 longe	 que	 eles	 estão	 inseparáveis.	Daquele	 tipo	 de	 casal
que	possui	uma	cumplicidade	imensa.
Mas	então	me	vi	adentrando	minha	nova	casa,	em	Hamptons,	vendo	um
lago	 nos	 fundos	 e	 um	 jardim	maravilhoso.	Mike	 corria	 para	 todos	 os	 lados	 e
Mosés	tentava	pegá-lo.	Ele	morre	de	medo	que	Mike	se	afogue	ou	se	perca	na
propriedade,	contudo,	nosso	filhote	é	bem	obediente.
Mike	reconhece	quando	seu	dono	fica	bravo.	Ele	baixa	as	orelhinhas	e	se
esconde	 em	 algum	 lugar	 do	 nosso	 apartamento.	 Quando	 eu	 fico	 brava	 sou
claramente	ignorada.	Ele	obedece	muito	mais	o	Mosés	do	que	a	mim.
Nem	ligo!
Mike	é	o	meu	depósito	de	amor	e	carinho,	bem	como	sou	o	mesmo	para
ele.
Sinto-me	emotiva	com	a	chegada	do	sexto	mês,	embora	bastante	ansiosa
para	conhecer	o	sexo	dos	meus	bebês.
Meu	 marido	 dorme	 toda	 noite	 conversando	 com	 eles,	 acreditando
piamente	 que	 serão	 dois	 casais,	 mas	 não	 sei,	 sinto	 dentro	 de	 mim	 que	 são
meninas.	Ao	menos	três	meninas.	Às	vezes	acho	que	estou	pirando.
Minha	barriga	vem	crescendo,	está	maior	esse	mês.	Os	bebês	estão	bem	e
seguros.	Claro,	Aila	me	disse	que	a	partir	do	sétimo	mês	eu	já	me	sentirei	mais
fadigada	 com	 frequência,	 e	 que	 a	 gravidez	 é	 de	 risco	 no	 final,	 mas	 estamos
confiantes.
Desde	 que	 os	 bebês	 estejam	 bem	 e	 saudáveis,	 eu	 e	 Mosés	 estamos
felizes.
—	Bom	dia,	minha	princesa.
Ele	toca	minha	barriga	com	zelo,	beija	meu	ombro	e	se	aconchega	mais.
Disfarço	o	sorriso	e	coloco	a	mão	sobre	a	dele,	sentindo	os	bebês	começarem	a
chutar	com	força.
—	Bom	dia,	 bebezinhos	 do	 papai.	—	Com	 isso	 eles	 chutam	mais	 uma
vez.
Me	deito	de	costas	e	ele	se	ergue,	cobrindo	a	minha	barriga	de	beijinhos.
Os	bebês	se	mexem	mais	uma	vez.
—	O	papai	já	acordou.	O	que	querem	hoje?
—	Panquecas!	—	respondo	com	empolgação.	—	Com	mel	e	tudo	mais.
—	Mas	que	mamãe	mais	exigente.
—	São	seus	filhos	que	querem.	Vai	negar	isso	para	eles?
—	Claro	que	não,	minha	princesa	linda.	Vem	cá,	me	dá	um	beijinho	de
bom	dia	—	ele	pede,	me	puxando	com	delicadeza.
Eu	o	beijo,	apalpando	sua	bundinha.	Mosés	e	eu	costumamos	dormir	nus.
Gosto	 muito	 disso,	 pois	 temos	 cada	 dia	 mais	 confiança	 e	 intimidade.	 Ambos
aprendemos	muito	com	o	casamento	em	todos	os	momentos.
Sei	que	ele	adora	o	meu	corpo	e	eu	não	preciso	me	esconder	dele.	Não
preciso	 imaginar	 que	 estou	 sendo	 julgada	 pelo	meu	 peso,	 nem	 de	 ter	 receio	 a
respeito	de	sua	atração	por	mim	como	mulher.
Mosés	Handerson	é	meu	marido,	meu	confidente	e	amigo,	e	eu	sei	que
jamais	me	julgará	pela	minha	aparência,	pois	ele	me	aceita	assim	como	sou,	e	eu
me	amo	suficientemente	para	me	permitir	amá-lo	também,	sem	que	isso	pareça
desproporcional	em	minha	vida;	sem	que	me	sinta	minimizada.
Aprendi	a	me	amar,	a	me	respeitar,	e	nada	se	compara	a	não	ter	vergonha
do	meu	próprio	corpo	perto	do	meu	esposo.	Não	por	costume	nem	por	hábito,
mas	porque	eu	quero.	É	confortável	e	me	sinto	leve.	Não	é	como	antes,	quando
eu	morria	de	vergonha	de	ficar	pelada	para	ele.
—	Você	bem	que	poderia	me	dar	o	que	eu	gosto	hoje	à	noite.
—	O	senhor	só	pensa	em	comer	as	coisas.
—	Claro.	É	gostoso,	Bê.	Custa	me	dar	o	que	eu	gosto	de	vez	em	quando?
Pisco	e	Mosés	 sorri,	 com	uma	cara	de	 safado	que	 já	 conheço	há	muito
tempo.
—	Como	se	eu	não	tivesse	dado	na	semana	passada.
—	Não	gosta?
Adoro.
—	Claro	que	gosto.	Mas	eu	quero	algo	em	troca.
—	Um	carro	novo?
—	Não!
—	Uma	bike?
—	Ainda	não.
Enquanto	 falava,	 seguia	 beijando	 meus	 seios.	 Mosés	 gosta	 de	 me
provocar.	 Ele	 faz	 isso	 para	 conseguir	 um	 "sim"	muito	 fácil.	 Sabe	 que	 eu	 não
nego	quando	me	pede	o	que	ele	quer.	Nos	agradamos	muito	na	cama	e	tem	sido
uma	descoberta	maravilhosa	ao	seu	lado.
—	O	que	quer,	minha	deusa?	—	voltou	a	perguntar.
Adoro	 quando	me	 chama	 de	 deusa,	 princesa...	Adoro	 ser	mimada	 pelo
meu	marido.
—	Massagem	nos	pés.
—	Seu	pedido	é	uma	ordem,	minha	princesa	linda.
Tenho	 usado	mais	 saltos	 depois	 que	mudei	minha	 forma	 de	me	 vestir.
Não	 variei	 muito,	 pois	 minhas	 roupas	 já	 estavam	 aqui	 quando	 decidi	 mudar,
porém,	uso	mais	saltinhos,	sapatos	fechados.	Na	empresa	algo	mais	formal.
—	Safira	chega	na	terça.
Daqui	a	dois	dias.
—	Não	precisa	ter	medo,	amor.
—	Eu	não	tenho	medo.	Phill	está	aqui,	também,	e	ele	irá	nos	ajudar	com
ela.
—	Mamãe	também.	E	a	enfermeira?
—	Foi	indicação	do	hospital.	O	senhor	Carsson	a	indicou.
Carsson?	Jack?
—	Mas	ele	não	era	um	novo	investidor?
—	 Não.	 Jack	 e	 sim	 seu	 primo	 dono	 do	 hospital	 onde	 Safira	 está
internada.	 Seu	 nome	 é	 Richard	 Carsson.	 Ele	 ficou	 sabendo	 que	 Jack	 é	 um
conhecido	meu,	então	fez	questão	de	me	indicar	uma	boa	enfermeira.
—	Eu	nem	sabia	que	eram	donos	do	hospital.
—	 Parece	 que	 era	 do	 pai	 de	 Jack,	 mas	 ele	 se	 aposentou	 e	 passou	 o
hospital	para	os	dois	sobrinhos.	Não	sei	ao	certo.	Ele	me	ligou	e	disse	que	está	à
disposição.
Poxa,	que	legal!
—	Por	falar	nisso,	nem	ele	ou	a	menina	"surplesa"	deram	mais	as	caras.
—	Ao	que	me	parece,	a	esposa	dele	está	prestes	a	dar	a	luz.	Ele	mandou
um	e-mail	 falando	que	virá	 a	 empresa	 para	 conversarmos	 logo	que	 ela	 tiver	 o
bebê.
—	Ele	parece	muito	jovem.
—	E	é	só	o	dono	da	metade	das	ações	na	bolsa.	Imagina	quando	estiver
velho.
—	Alguém	mais	rico	que	você	—	comentei.
—	Jack	Carsson	é	mais	 rico	que	qualquer	outra	pessoa	que	eu	conheço
nesse	meio.	Ele	é	um	homem	muito	próspero,	ajuda	muitas	pessoas.	Fiquei	bem
surpreso	pelo	 interesse	 dele	 na	Handerson,	mas	 como	 ele	 sempre	 busca	 novos
investimentos,	imagino	que	para	ele	seja	apenas	mais	uma	forma	de	lucrar	de	um
jeito	fácil.
—	Você	vai	vender	ações	para	ele?
—	Acredito	que	sim.
—	É	muito?
—	Só	 quarenta	 por	 cento.	 Jack	 quer	 dar	 as	 ações	 de	 presente	 para	 seu
filho	mais	novo.
—	Ele	tem	mais	filhos?
—	 Apenas	 8.	 Quer	 dizer,	 9	 com	 este	 que	 está	 por	 vir	 —	 diz	 ele,
ironizando	o	número	de	filhos	do	homem.
Arregalo	os	olhos,	mais	que	incrédula.
—	Se	espantaria	se	soubesse	que	ele	já	tem	até	um	neto?
—	Poxa,	mas	ele	é	muito	jovem	—	repeti.
—	Ele	 se	 casou	muito	 cedo,	 eu	 acho.	Mas	Lupe	me	 disse	 que	 ele	 temdois	pares	de	gêmeos,	por	isso	tantos	filhos.
—	Então	a	esposa	dele	é	fértil	como	eu.
—	Provavelmente.	Parece	que	ela	já	entrou	na	casa	dos	quarenta.
—	Como	a	Lupe	sabe	tanto	deles?
—	 Lupe	 é	 uma	 super	 espiã	 do	 governo,	 que	 trabalha	 para	 mim.	 Nos
momentos	em	que	eu	não	 tenho	 tempo	para	pesquisar	sobre	meus	arquirrivais,
ela	dá	o	jeito	dela	de	descobrir.
Gargalho	com	essa	resposta.	Mosés	tem	um	sorriso	preguiçoso,	divertido.
—	Ou	seja,	ela	pesquisa	no	Google	—	conclui	e	rio	ainda	mais.	—	E	ela
tem	contatos	com	Nova	Jersey.
—	Coitada	da	Lupe,	amor!
—	Coitado	de	mim,	sem	ela	para	cuidar	dessas	coisas	—	rebate	ele.	—
Agora	ela	terá	uma	folga,	pois	você	será	minha	espiã	do	governo.
—	É	mesmo?
—	Com	certeza!	Afinal	de	contas,	 é	a	 senhora	Handerson.	É	 seu	dever
cuidar	dos	meus	interesses.
—	Não	algo	tão	banal,	amor.
—	Não	é	banal.	De	fato,	nem	sempre	conto	com	tempo	para	essas	coisas.
Preciso	 sempre	 achar	 bons	 investidores,	 a	 empresa	 está	 crescendo	 e	 a	 minha
família	também,	então	um	sócio	não	é	uma	má	ideia.
—	Então...	quer	dizer	que	irá	vender	metade	da	Handerson	só	porque	nos
casamos?
—	Não	da	rede,	mas	apenas	de	uma	filial.	A	que	me	sobrecarrega	mais.
—	Nova	York!
—	 Sim	—	 concorda.	—	 Tendo	 um	 sócio	 de	 confiança	 lá	 tomando	 de
conta	de	tudo,	eu	poderei	ficar	mais	em	casa	com	você	e	as	crianças.
Poxa.
—	Amor,	não...
—	Ana,	não	me	diga	que	foi	uma	péssima	escolha.	Claro	que	você	e	eu
iríamos	 trabalhar	 todos	 os	 dias	 e	 a	 distância	 não	 seria	 um	 obstáculo,	 mas
acontece	 que	 agora	 teremos	 outras	 prioridades.	 Eu	 nunca	 tive	 uma	 família	 de
verdade.	 Quero	 criar	 os	 meus	 filhos	 de	 perto,	 acompanhar	 a	 infância	 deles...
Quero	que	eles	sejam	muito	felizes.
Não	tenho	o	que	falar.
—	Quero	acompanhar	desde	a	primeira	papinha	até	os	primeiros	passos
—	ele	continuou.	—	Quero	 ir	às	peças	da	escola	e	a	 tudo	 isso	o	que	eu	nunca
tive.	E	com	a	empresa	em	expansão,	tudo	o	que	terão	é	a	minha	ausência.	Nossos
bebês	precisaram	muito	de	você,	mas	eu	quero	ser	um	bom	pai.
Realmente,	quatro	bebês	é	muito!
—	Com	Safira	precisando	de	nós,	 as	coisas	 serão	mais	puxadas	e	você
ficará	cansada.	Por	isso	quero	meu	escritório	aqui	em	casa,	para	ter	mais	tempo
para	vocês	 e	 ela.	Nos	 casos	 em	que	 teremos	que	viajar	 agora	no	 começo,	 não
colocarei	 três	diretores	para	viajar	no	meu	 lugar	em	nome	da	empresa.	Depois
que	eles	estiverem	bem	maiores	e	Safira	mais	recuperada,	aí	sim	pensarei	nisso.
Mosés	quer	fazer	tudo	de	forma	que	me	ajude	e	que	nossos	bebês	fiquem
bem,	assim	como	Safira.
—	Você	é	um	excelente	pai,	Mosés.
Seus	olhos	azuis	me	analisam	em	silêncio.	Ele	deita	ao	meu	lado	com	a
mão	pousada	em	minha	barriga	e	olha	para	o	formato	mais	arredondado	de	meu
ventre.	O	lugar	onde	nossos	bebês	estão	guardadinhos	e	seguros.
—	Eu	quero	mais	quatro	—	fala	assim,	do	nada.
Fixo	 o	 olhar	 nele	 e	 acerto	 o	 travesseiro	 bem	 no	 rosto.	Meu	marido	 dá
uma	risada	alta	e	gostosa	com	isso.
—	Ora,	mas	isso	é	uma	afronta.
—	Moisés,	não	me	provoque	em	pleno	domingo.
—	Mas...	Você	disse	cinco,	Bê.
—	Você	tem	cada	ideia.
—	 Poxa!	 —	 lamenta-se	 de	 brincadeira.	 —	 Achei	 que	 ganharia	 de
Carsson.
—	Sente-se	e	espere,	Handerson.
Me	ergo,	ele	vem	beijando	as	minhas	costas	e	pescoço.	Não	estou	brava	e
também	 sorrio	 por	 essa	 conversa.	 Nem	 sei	 como	 faríamos	 com	 mais	 bebês,
quatro	já	é	demais	para	mim.
—	Poxa,	mas	que	esposa	brava	que	eu	tenho.
—	Tem	mesmo!	—	confirmo.
—	Que	bico	mais	manhoso,	Bêzinha.
—	Quero	minhas	panquecas.
—	Sem	açúcar.
—	Que	seja.
Saímos	da	cama,	Mosés	vai	até	a	mala	e	a	pega.	Abro	a	porta	que	dá	para
a	 sacada	e	 respiro	 fundo,	admirando	pela	milésima	vez	a	vista	maravilhosa	do
verde	 diante	 dos	meus	 olhos.	O	 lago	mais	 adiante,	 árvores...	E	 assim	o	 dia	 se
inicia	lindamente.
Nada	como	acordar	longe	do	barulho,	num	lugar	só	nosso.
—	Tudo	vai	dar	certo,	amor	—	digo	ao	sentir	seus	braços	me	envolverem
com	carinho.	—	Nossos	bebês	nascerão	saudáveis	e	Safira	ficará	bem.
—	Eu	sei	que	sim.
—	Tenho	certeza	disso.
	
Toco	minha	barriga	e	a	observo	em	silêncio.
É,	ela	cresceu	muito.
Mosés	foi	buscar	Safira,	mamãe	e	Phill	estão	na	sala	vendo	Tv.
Chegou	o	grande	dia.
Acordei	fadigada	hoje	e	um	pouco	enjoada.	Nas	últimas	semanas	eu	não
vinha	sentindo	tanto	enjoo,	mas	culpo	minha	ansiedade	quanto	a	isso.	Acredito
que	é	a	expectativa	da	chegada	de	Safira.	Uma	ambulância	já	está	a	caminho	e
Ali	acompanhou	meu	marido.
Estou	 bem	 nervosa,	 pois	 me	 preocupo	 com	 o	 bem	 estar	 de	 Safira.	 O
quarto	dela	será	o	primeiro	do	corredor,	ela	 terá	uma	cama	específica	e	 toda	a
assistência	 necessária,	 mas	 graças	 a	 Deus	 ela	 não	 precisará	 ficar	 ligada	 a
nenhuma	 máquina.	 Ela	 terá	 que	 contar	 com	 a	 ajuda	 de	 uma	 enfermeira	 que
cuidará	 de	 suas	 necessidades	 básicas,	 um	 fisioterapeuta,	 uma	 fonoaudióloga	 e
terá	um	acompanhamento	quinzenal	com	médicos	do	hospital,	que	virão	atendê-
la	em	casa.
Mosés	tomou	todas	as	devidas	providências	e	o	próprio	Richard	Carsson
se	dispôs	 a	 arrumar	 esses	 funcionários	do	hospital	 para	Safira.	Mosés	mandou
milhares	 de	 agradecimentos	 durante	 a	 semana,	 mas	 ainda	 não	 nos	 parece	 o
suficiente.
Ainda	 não	 o	 conheço	 pessoalmente,	 porém,	 só	 de	 nos	 ajudar	 e	 ser	 tão
prestativo,	 já	 sinto-me	grata	 imensamente.	Descobri	 o	 endereço	 dele	 em	Nova
Jersey	-	ele	é	de	lá	-	e	enviei	flores	direcionadas	à	sua	família.
Mosés	me	mandou	uma	mensagem	falando	que	já	estavam	na	metade	do
caminho.	Ele	saiu	logo	após	o	almoço	para	buscar	Safira	e	eu	estou	estou	deitada
desde	 então.	 Acordamos	 um	 pouco	 agitados	 hoje	 e	 devido	 a	 isso	 não	 fomos
trabalhar.	 Percebia	 que	 durante	 todo	 o	 tempo	 meu	 esposo	 estava	 um	 tanto
ansioso.	Eu	também	estou	e	por	isso	preferimos	que	apenas	ele	fosse	buscá-la.
Mosés	quer	que	os	bebês	e	eu	 fiquemos	bem.	Ele	 tem	receio	que,	pelo
fato	da	gravidez	estar	próxima	do	fim,	esses	acontecimentos	me	causem	algum
impacto.	 Concordei	 porque	 sinto-me	 um	 pouco	 mais	 cansada	 esses	 dias.	 A
mudança	acabou	comigo.
Verifico	as	minhas	mensagens	 e	 logo	vejo	 as	notificações	no	chat	 irem
aparecendo,	uma	embaixo	da	outra.	Sêmora.
"Ela	já	chegou?"
"Ei!	Jammie	e	eu	também	somos	da	família"
É	 evidente	 que	 eles	 estão	 juntos,	 parece	 que	 só	 os	 dois	 não	 percebem.
Sêmora	faz	tudo	com	ele.	Vão	ao	cinema	juntos,	ao	shopping.	De	um	mês	para
cá,	desde	que	ele	se	mudou,	Sêmora	tem	sido	a	melhor	amiga	dele.	Alguém	que
o	 ajuda	 com	 os	 meninos,	 e	 nos	 fins	 de	 semana	 está	 com	 ele,	 Júnior	 e	 Lion,
passeando	pelo	shopping.
"Queremos	vê-la"
"Bea,	responde.	A	Safira	já	chegou?"
Respondo-a	de	uma	vez,	enviando	também	uma	mensagem.
"Ainda	não.	Como	está	o	marido?"
Ela	 detesta	 quando	 me	 refiro	 a	 Jammie	 assim.	 Sêmora	 realmente	 o
considera	 um	 amigão	 de	 verdade.	 Às	 vezes	me	 sinto	 até	 jogada	 de	 escanteio,
pois	desde	a	mudança	dele,	ela	 tem	 ido	ficar	mais	em	seu	apartamento	do	que
vem	ao	meu.	Ela	não	me	ajudou	com	a	minha	mudança	tanto	quanto	eu	gostaria,
e	 como	 estamos	 trabalhando	 bastante	 na	 empresa,	 não	 temos	 tido	 tempo	 para
conversar	nos	horários	de	almoço.
"Estamos	curiosos.	Fala	logo"
"Ai!	Ela	não	chegou	ainda.	Não	me	deixa	ainda	mais	ansiosa"
"Ok,	desculpe!	E	os	meus	afilhados?"
"São	meninas"
"Me	deixa"
Sorrio.	Ela	e	o	Mosés	insistem	demais	que	são	casais.	Chega	a	ser	chato
ficar	discutindo	com	ambos	sobre	isso.	Eu	sei	que	são	quatro	meninas.	Sinto	que
sim.
"Elas	estão	bem,	titia	Sêmora"
"Ai,	Rainha	Bê.	Não	vejo	a	hora	de	ver	os	rostinhos	deles"
"Eu	também"
Fico	 me	 derretendo	 em	 pensar	 nos	 meus	 bebês.	 Acho	 que	 esse	 mês
conseguiremos	ver	os	sexos.	Ayla	disse	que	eles	estavam	em	posições	difíceis	de
ver,	no	último	ultrassom,	então	semana	que	vem	retorno.	Também	teremos	que	ir
à	 Beth,	 que	 tem	 sido	 maravilhosa	 conosco,	 bem	 como	 na	 semana	 seguinte	 à
nutricionista.
"Podemos	visitar	vocês?"
Ela	pergunta.
"Claro.	Podem	vir	amanhã"
"Júnior	está	com	saudades"
"A	mãedeles	não	deu	notícias?"
"Não.	 Jammie	 me	 disse	 que	 ela	 não	 atendeu	 às	 chamadas	 quando	 os
meninos	queriam	falar	com	ela,	mas	eles	estão	se	conformando"
"Claro.	Encontraram	uma	nova	mãe"
"Eu	já	lhe	disse	que	o	corno	manso	e	eu	somos	apenas	AMIGOS"
"Amigos	não	dormem	juntos"
"Os	meninos	estavam	lá"
Ela	apela	sempre.
Não	consigo	não	rir	quando	Sêmora	apela.
"O	corno	sabe	que	eu	o	respeito	como	amigo"
"Mas	ele	tentou	beijá-la	que	eu	sei"
"Quem	lhe	disse	isso?"
"O	melhor	amigo	dele"
Mosés	 e	 Jammie	 vêm	 conversando	 bastante.	Meu	marido	 às	 vezes	me
fala	das	conversas	que	tem	com	o	"quase	amigo"	de	Sêmora.	Jammie	é	bem	mais
aberto	 que	 meu	 esposo	 para	 essas	 coisas,	 contudo,	 Mosés	 me	 disse	 semana
passada	que	Jammie	havia	contado	que	quase	beijou	Sêmora.	Ela	fica	se	fazendo
de	sonsa,	mas	imagino	que	a	amizade	é	verdadeira	a	ponto	de	ela	talvez	ter	medo
de	se	envolver.
"Jammie	e	eu	somos	amigos"
"Está	bem,	Sêmora.	E	quando	ela	chegar	eu	aviso"
Prometo	para	tranquilizá-la.
"Tá!	Cuida	bem	dos	meus	afilhados"
"Pode	deixar.	Te	amo"
"Também	te	amo,	amiga"
Bloqueio	o	celular	e	desço	para	o	andar	de	baixo.	Vou	de	fininho	e	pego
mamãe	e	Phill	de	mãos	dadas	vendo	tv.	Ela	não	comentou	mais	comigo,	mas	sei
que	 estão	 juntos.	Acho	que	mamãe	 está	 esperando	Phill	 fazer	 um	comunicado
formal,	e	que	ele	só	está	aguardando	que	Safira	fique	melhor	para	falar.
Suspiro.	Vê-los	 juntos	 é	 tão	 bom.	Mamãe	 está	mais	 feliz,	 assim	 como
Phill.	Ela	está	mais	tranquila,	revigorada,	longe	da	sobrecarga	e	do	estresse	que
as	minhas	irmãs	geram	em	sua	vida	há	anos.	Isso	meio	que	foi	culpa	dela,	pois
não	 soube	 impor	 limites.	 	Contudo,	Bree	 e	 Fiance	 não	 querem	 crescer	 porque
sabem	que	é	mais	fácil	para	elas	contarem	com	mamãe	do	que	encararem	a	vida
adulta	de	frente,	coisa	que	fiz	desde	que	papai	morreu.
—	Eles	formam	um	casal	muito	bonito,	não	é	mesmo,	menina	Ana?
Não	me	assusto	com	a	voz	mansa	de	Lupe.	Ela	me	estende	uma	xícara	de
chá	 quentinha,	 sorrio	 e	 agradeço.	 Lupe	 tem	 sido	 maravilhosa	 conosco	 e	 nos
ajuda	em	tudo	desde	que	nos	mudamos.	Ainda	não	tive	nem	tempo	de	arrumar
meu	guarda-roupas	direito,	mas	Lupe	já	está	organizando	as	coisas	aos	poucos.
—	Sim,	eles	combinam	muito	—	cochicho	de	volta.
Lupe	vai	para	o	rumo	da	cozinha	e	eu	observo	em	volta.	Desde	que	me
mudei	para	cá,	não	tenho	tido	muito	tempo	para	ficar	em	casa.	Mosés	e	eu	temos
ido	para	a	empresa	 todos	os	dias.	Claro	que	não	é	 tão	rápido	de	chegar	quanto
quando	eu	morava	em	Nova	York,	mas	apesar	do	tempo	que	levamos	de	carro,
temos	tido	idas	e	voltas	bem	tranquilas.	Ali	nos	leva	e	nos	traz	todos	os	dias.
Bebo	meu	chá	e	sinto	os	bebês	chutando	em	meu	ventre.	Eu	o	toco	com
cuidado	e	vou	para	a	sala.	Mamãe	não	se	afasta	de	Phill,	nem	ele	dela.	Ele	usa
um	terno	cinza	simples	e	mamãe	um	vestido	comprido	estampado.	Ela	até	está
maquiada.	Ambos	estão	muito	entusiasmados	pela	chegada	de	Safira,	aliás,	Phill
ainda	não	a	viu	desde	que	tudo	aconteceu.
Me	sento	na	chaise	e	arrumo	minha	blusa	no	corpo.	Tomei	um	banho	e
vesti	uma	calça	 leve	de	moletom,	uma	blusa	 folgada	e	deixei	meus	cabelos	de
lado.	 Sinto-me	 mais	 a	 vontade	 que	 nunca,	 aqui.	 A	 casa	 é	 maior	 e	 longe	 do
barulho	da	cidade	grande,	e	é	um	privilégio	acordar	 todos	os	dias	e	olhar	para
uma	visão	tão	perfeita	quanto	um	lago.
—	Você	está	meio	pálida,	B.
—	Enjoo	—	digo	simplesmente.
Bebo	 um	pouco	mais	 de	 chá,	me	 acomodo	 entre	 as	 almofadas,	mamãe
chega	mais	perto	e	dá	tapinhas	em	minhas	pernas.	Reviro	os	olhos	e	tomo	o	resto
do	chá.	Deixo	a	xícara	no	centro	e	me	estico	no	sofá	espaçoso,	coloco	a	cabeça
em	sua	coxa	e	ela	me	beija	a	testa.
Entendo	porque	as	minhas	 irmãs	gostam	 tanto	de	 ter	mamãe	por	perto.
Ela	foi	carinhosa	comigo	em	certa	época	de	minha	infância,	mas	isso	acabou.	Já
com	 as	 minhas	 irmãs	 ela	 sempre	 foi	 bem	 afetuosa.	 Agora	 ela	 está	 fazendo	 o
mesmo	por	mim.
—	Como	eles	estão?
—	Chutando	cada	dia	mais.
Mamãe	toca	minha	barriga	e	sorri,	toda	orgulhosa.
—	Suas	irmãs	ganham	em	dois	meses.
—	A	senhora	tem	que	ir	para	lá.
—	Eu	irei	mais	pra	frente.
—	Conversou	com	elas?	—	questiono	com	curiosidade.
—	Sim	—	responde	ela.	—	Bree	e	Fiance	entendem	que	tenho	que	viver
a	minha	vida.
—	É	mesmo?	Com	o	Phill?
Bocejo.
—	Perto	 de	 você,	 que	 também	 é	 a	minha	 filha	 e	merece	 um	pouco	 de
atenção.
—	Mas	elas	são	mais	novas	e	adotivas...
Enquanto	argumento,	meus	olhos	se	fecham.	Tenho	a	 impressão	de	que
logo	vou	adormecer.
—	Você	é	minha	filha	também,	B.
Chá	de	camomila,	enjoo,	cansaço...	Hora	da	soneca.
Acho	que	eles	me	chamam	logo	que	Safira	chegar.
	
	
Acordo	com	um	beijinho	leve.
Pisco	e	olho	em	volta,	bem	surpresa	pelo	fato	de	a	sala	estar	parcialmente
escura.	Mosés	está	agachado	diante	de	mim,	usando	uma	camisa	social	e	calça
jeans,	 a	 mesma	 roupa	 que	 colocou	mais	 cedo	 para	 ir	 buscar	 a	 irmã.	 Ele	 toca
minha	barriga	e	me	dá	outro	beijinho,	que	retribuo	ainda	sonolenta.	Toco-lhe	a
face	e	nosso	beijo	é	lento,	o	carinho	estampado	em	seus	gestos,	em	seu	toque.
—	Ocorreu	tudo	bem?	—	pergunto,	fitando-o.	—	Ela	está	bem?
—	Sim.	Chegamos	 há	 algumas	 horas,	mas	 não	 quis	 que	 a	 acordassem,
você	 dormia	 feito	 um	 anjo,	 minha	 Bêzinha	 —	 fala	 baixinho.	 —	 E	 essa
barriguinha	de	fora,	hein?!
—	Acho	que	mamãe	estava	aqui	quando	adormeci.	Onde	ela	está?
—	 Papai	 e	 ela	 ficaram	 com	 Safira	 o	 resto	 da	 tarde.	Minha	 irmã	 ficou
muito	emocionada	ao	ver	meu	pai.
—	Deveria	ter	me	acordado,	meu	amor.
—	Foi	um	momento	deles.	Deixei	sua	mãe	no	quarto	e	saí.	Fiquei	com
medo	de	ele	passar	mal.
—	E	como	foi?
—	 Ele	 chorou	 bastante	 e	 pediu	 desculpas.	 Segundo	 sua	 mãe,	 ele	 está
bem.	Safira	já	tem	sua	enfermeira	e	começará	com	a	fisioterapeuta	amanhã.
—	Mas	ela	está	bem?
—	Sim.	Você	sabe	que	ela	ainda	não	fala,	mas	faz	pequenos	gestos	com	o
olhar	e	com	os	dedos	das	mãos,	às	vezes.
—	Ela	vai	ficar	bem,	meu	amor.
—	Também	acredito	muito	nisso.	Eu	via	seu	olhar	de	felicidade	quando
fomos	buscá-la	no	hospital,	Bê.	Safira	ficou	muito	feliz	em	ver	papai.
—	Que	bom	que	Phill	está	bem,	amor.
—	Lupe	já	serviu	o	jantar	para	os	dois.	A	enfermeira	que	cuida	de	Safira
é	uma	mulher	bem	experiente	na	área.	Ela	se	chama	Polônia.
—	Bom.
—	Vem.	Vamos	jantar?
—	Ai,	amor	eu	não	estou	com	fome.	Meu	estômago	está	péssimo...
—	Vem	logo	—	ele	insiste.
Mosés	 está	 confiante.	Levanto	 sem	 reclamar	 e	 suspiro.	Ele	me	olha	 de
cima	abaixo,	então	sorri.
—	O	que	foi,	hein?
—	Observando	a	mamãe	mais	gostosa	do	mundo.
—	Ai,	vem	cá.	Me	beija,	vai!
Envolvo-o	pelo	pescoço	e	nos	beijamos.	Não	resisto	e	toco	sua	bundinha
por	cima	do	jeans.	Mosés	acaricia	minha	barriga	com	cuidado.
—	Está	cansadinha,	meu	amor?
—	Um	pouco.
Ele	me	beija	o	pescoço	e	o	ombro,	puxando	a	gola	da	blusa	para	longe.
Fecho	os	olhos	e	arrepios	bons	se	espalham	por	meu	corpo.	Mosés	me	fita.
—	Estou	feliz,	amor	—	confessa.	—	Enfim	as	coisas	estão	se	acertando.
—	Semana	que	vem	saberemos	o	sexo	dos	bebês,	papai.
Seu	sorriso	é	aberto	e	vivo.
—	Confirmar,	a	senhora	quer	dizer,	certo?!
—	Aham!	Que	são	menininhas	—	provoco	e	ele	não	deixa	de	sorrir.
—	 Sabe	 que	 eu	 pensei	 muito	 nisso,	 minha	 princesa?!	 Eu	 literalmente
teria	 que	 mandar	 colocar	 cercas	 de	 espinhos	 na	 propriedade	 até	 elas
completarem	 oitenta	 anos.	 Não	 quero	 ninguém	 se	 aproximando	 das	 minhas
filhinhas	—	diz,	pensativo.
—	Seu	ciumento.
Mordo-lhe	a	boca	e	Mosés	faz	cara	de	safado.
—	Podemos	resolver	isso	na	cama	mais	tarde,	senhora	Handerson.
—	Claro,	claro.	Mas	eu	quero	que	faça	o	que	eu	gosto.
Aperto	sua	bundinha	e	me	afasto,	é	quando	escuto	o	som	de	um	estalo	e
logo	em	seguida	minha	própria	bunda	arde,	mas	não	dou	a	mínima.	Eu	o	olho
cheia	de	malícia.
—	Bate	nela,	Handerson.	Mais	tarde	não	vai	ter!
Ele	para	de	sorrir	e	se	aproxima,	mas	lhe	dou	as	costas	e	saio	andando.
—	Bêeeeeee!
Adoro	quando	ele	fica	choramingando.
—	Vamos	jantar	—	falo,	sorrindo.
—	Você	vai	reconsiderar,	não	é	mesmo?
—	Vou	pensar!
—	Não	tem	o	que	pensar.	Mais	tarde	ela	é	minha.
—	Veremos!Entro	no	quarto	de	Safira.
Mamãe	abriu	as	cortinas	e	a	enfermeira	dela	já	cuidou	de	colocar	a	sonda
e	de	banhá-la.	É	uma	senhora	de	uns	cinquenta	anos,	com	olhos	claros	e	cabelos
loiros,	 também	 claros.	 Baixinha,	 porém	 parece	 ser	 dessas	 mulheres	 bem
dedicadas.
O	olhar	verde	me	atinge	em	cheio.	Sorrio	e	me	aproximo	da	cama,	Mosés
vem	 atrás,	 carregando	 as	 flores	 que	 pediu	 para	 ela.	 Mamãe	 e	 Phill	 estão	 na
cozinha	com	Lupe,	conversando	sobre	o	almoço.	Esta	é	a	primeira	vez	em	dias,
que	vejo	Safira.	A	visitei	quase	um	mês	atrás	e	desde	então	não	 tive	 tempo	de
retornar	ao	hospital.
Mostro	 os	 balões	 da	Minnie	 e	 do	Mickey	que	 eu	 comprei	 para	 dar	 pra
ela,	encho	uns	outros	balões	cor	de	rosa	e	noto	que	Safira	ainda	está	bem	pálida,
a	aparência	continua	de	alguém	debilitada,	mas	 tiraram	a	faixa	da	cabeça	dela,
que	 agora	 está	 raspada	 e	 tem	 pontos.	 Como	 teve	 traumatismo	 craniano,	 ela
passou	 por	 diversas	 cirurgias.	 As	 pernas	 nós	 sabemos	 que	 ela	 não	 conseguirá
mover,	mas	já	não	é	tão	dependente	de	medicamentos.	Agora	ela	terá	que	lutar
para	conseguir	se	adaptar	à	sua	nova	vida.
—	Bem	vinda,	Safi!	—	digo	e	me	aproximo	da	cama.
—	Bom	dia!	—	Mosés	exibe	as	flores	que	comprou	para	a	irmã,	que	Ali
trouxe	da	cidade	hoje	cedo.	—	Para	você,	Safi.
Safira	 não	 responde,	mas	 não	me	 sinto	 frustrada.	Nós	 já	 sabíamos	 que
seria	assim	até	que	ela	comece	a	reagir	ao	tratamento	com	a	fonoaudióloga.
—	Vou	amarrar	na	cabeceira	da	sua	cama	nova.	Tenho	certeza	que	gostou
do	quarto.
Decoramos	 o	 quarto	 de	Safira	 em	 tons	 de	 branco	 e	 rosa,	 que	 tem	uma
sacada	com	vista	para	o	 lago	bem	como	o	nosso	quarto	e	é	bastante	espaçoso.
Como	ela	passará	todos	os	dias	daqui	em	diante	no	cômodo,	queremos	que	ela	se
sinta	bem.	Amarro	os	balões	na	cabeceira	da	cama	e	me	sento	na	cadeira	ao	lado.
Mosés	 fica	 em	pé	 ao	meu	 lado,	 segurando	o	buquê.	Ele	 sorri	 enquanto
olha	para	a	irmã.
—	Acho	 que	 já	 percebeu	 que	 a	Ana	 está	 grávida,	 não	 é	mesmo,	 Safi?
Queremos	que	você	 fique	boa	 logo	para	 que	possa	 brincar	 com	os	 bebês.	São
quatro.
Ele	toca	a	mão	dela	e	depois	a	ergue,	beijando	o	dorso.	Eu	sei	o	quanto
tem	 sido	difícil	 para	 ele	 lidar	 com	 tudo	o	 que	houve.	Com	o	 acidente	 e	 agora
com	a	recuperação	dela.	Tudo	aconteceu	muito	rápido,	mas	graças	a	Deus,	tanto
ela	quanto	Phill	estão	bem.	Dentro	do	possível,	claro.
Ela	pisca	e	me	olha.	Estendo	a	mão	e	seguro	a	dela.	Os	bebês	chutam	e
coloco	sua	mão	sobre	meu	ventre.
—	 São	 seus	 sobrinhos	 falando	 "oi",	 Safi.	 Eles	 querem	 que	 fique	 bem
logo.
—	Ela	ficará	bem	—	garante	a	enfermeira.	—	Safira	já	consegue	mexer
as	mãos.	É	questão	de	tempo	para	ela	reaprender	a	fazer	tudo.
Polônia.	Este	é	o	nome	dela.
—	Obrigada,	Polônia,	por	todo	auxílio.	Sinta-se	em	casa.
Ela	ficará	a	semana	toda	por	conta	de	Safira	e	aos	fins	de	semana	mamãe
cuidará	dela.	Ela	mesma	se	ofereceu,	já	que	é	enfermeira.	Nestes	dois	dias	Safira
ficará	sob	os	cuidados	de	mamãe,	mas	eu,	Mosés,	Phill	e	Lupe,	todos	queremos
que	ela	se	recupere	com	nossa	ajuda.
—	Eu	que	agradeço,	senhora	Handerson.
Coloco	sua	mão	no	mesmo	lugar	da	cama	e	no	mesmo	instante	sinto	um
aperto	muito	suave	entre	os	meus	dedos.	Eu	a	fito,	bem	mais	que	surpresa.
—	Ela	 está	mexendo	 a	mão	 na	minha	—	digo,	 feliz.	—Amor,	 ela	 está
apertando	meus	dedos.
—	 Isso	 é	muito	 bom.	—	Mosés	 sorri	 para	 Safira.	—	Logo	 ficará	 boa,
Safi.
Sorrio,	incrédula,	me	inclino	e	beijo	a	testa	dela.
—	Você	vai	ficar	bem	logo,	logo.
Estou	feliz	por	Safira.	Sei	que	aos	poucos	ela	irá	se	recuperar	e	mal	vejo
a	hora	de	vê-la	boa	para	que	possamos	conversar.	Quero	explicar	para	ela	sobre
como	tudo	aconteceu.	Tenho	certeza	de	que	até	lá	ela	perceberá	que	eu	não	sou
nada	do	que	Viviane	lhe	disse.
	
	
Desperto	 com	 um	 toque	 suave	 na	 barriga.	 Ele	 beija	 o	meu	 ombro	 e	 a
curva	 do	 meu	 pescoço,	 seus	 beijos	 são	 quentes,	 úmidos,	 minha	 pele	 toda	 se
arrepia	com	sua	respiração.	Me	viro	na	cama	e	me	deito	de	costas,	meu	esposo
enfia	a	mão	dentro	da	minha	calcinha	e	me	acaricia	com	cuidado.	Ele	tem	sido
mais	carinhoso	comigo	ultimamente.
Minhas	mãos	se	enfiam	em	seus	cabelos,	nossas	bocas	se	encontram	num
beijo	gostoso.	Adoro	quando	ele	me	acorda	no	meio	da	noite	para	 fazer	amor.
Toco	seus	ombros	e	suas	costas,	busco	sua	língua	devagar	e	sem	pressa.	Ele	puxa
minha	calcinha	para	baixo	e	ergo	as	pernas	para	que	ele	a	tire.
Sua	boca	desce	até	meus	seio	e	ele	os	chupa,	a	língua	se	enroscando	em
cada	 biquinho	 e	me	 provocando	mais	 e	mais.	Mosés	me	 excita	muito	 quando
brinca	com	meus	seios.	Abro	um	sorriso	bobo	quando	o	puxo	para	minha	boca	e
o	beijo.
Toco	sua	face	e	meu	corpo	sobe	quando	ele	me	penetra.	Mosés	entra	bem
devagar	e	beija	meu	pescoço	enquanto	o	 faz.	Minha	pele	 se	ouriça	ainda	mais
quando	ele	se	ergue	e	se	move	dentro	de	mim,	enquanto	eu	deslizo	as	mãos	por
suas	costas	e	aperto	sua	bundinha	com	força.
—	Gosta	da	minha	bunda?	—	pergunta	baixinho.
—	Sim.	—	Minha	voz	possui	um	tom	baixo,	também.	—	Muito.
—	Toque	onde	gosta,	querida	—	pede	num	sussurro.
—	Você	faz	muito	gostoso	—	digo,	me	abrindo	mais	para	ele	e	aperto	sua
bunda	com	mais	firmeza.	—	Adoro	quando	faz	assim	comigo,	amor.
—	Gosto	de	te	sentir	—	fala	e	me	beija,	entrando	mais.	—	Ah,	Bê,	que
vontade	de	fazer	um	estrago.
—	Faça	—	peço.
—	Nada	de	barulho!
Não	estamos	mais	sozinhos.
Faço	 que	 sim	 com	 a	 cabeça	 e	 o	 beijo.	 Mesmo	 ele	 me	 tomando
lentamente,	acho	ótimo.	Estou	sensível	e	posso	sentir	sua	firmeza	por	completo
quando	me	preenche.	Minhas	mãos	sobem	e	descem	por	suas	costas,	assim	posso
sentir	cada	músculo	de	seu	corpo	com	a	ponta	dos	dedos.
Conheço	muito	bem	o	corpo	do	meu	marido	e	adoro	cada	parte	dele.	Ele
não	 é	 dos	mais	musculosos,	mas	 tem	 tudo	 no	 lugar.	 Engordou	 um	 pouquinho
desde	que	nos	casamos,	mas	está	ótimo	assim.
Aperto	 os	 olhos	 oprimindo	 o	 gemido	 que	 se	 forma	 na	minha	 garganta,
mordo	 a	 boca	 dele	 e	 Mosés	 geme	 baixinho,	 despertando	 em	 mim	 um	 desejo
ainda	mais	 intenso.	Eu	o	 empurro	 e	monto	 em	cima	dele,	 abrindo	 as	 pernas	 e
colocando-o	 dentro	 de	mim	novamente.	 Sento,	 colocando	 a	mão	 na	 boca	 para
não	fazer	besteira.	
Me	apoio	nos	joelhos	e	escuto	o	som	do	abajur	sendo	ligado.	Ele	gosta	de
ver.	Puxo	sua	mão	e	a	coloco	em	meu	seio,	enquanto	me	movo	devagar.	Subo	e
desço	 rebolando	 em	 cima	 dele,	Mosés	 se	 acomoda	 entre	 os	 travesseiros	 e	me
olha,	 seu	 olhar	 se	 prendendo	 em	 cada	mínimo	detalhe	 do	 nosso	 sexo,	 do	meu
corpo.
—	Isso	é	muito	bom	—	fala	e	 suas	mãos	apertam	os	 lados	das	minhas
coxas.	—	Você	é	muito	gostosa.
Seguro	em	seus	antebraços	e	me	movo	mais	rápido,	ele	fecha	os	olhos	e
afunda	 a	 cabeça	 entre	 os	 travesseiros.	 Suas	 mãos	 apertam	 minha	 cintura,	 me
enchendo	 de	 tesão.	 Mosés	 está	 mordendo	 os	 lábios	 e	 fazendo	 um	 biquinho
sacana	que	me	deixa	louca.
A	 cama	 começa	 a	 fazer	 barulho,	 o	 som	do	 nosso	 sexo	 se	 espalha	 pelo
nosso	quarto,	mas	não	me	importo,	meu	corpo	todo	se	treme	com	a	aproximação
do	 orgasmo.	 Ele	 me	 segura	 pelos	 quadris	 e	 me	 acoco	 sobre	 ele,	 que	 depois
começa	a	meter	com	força	dentro	de	mim.	Meu	corpo	pula	com	as	estocadas.
Porra!
Seus	lábios	gesticulam	e	me	seguro	nos	joelhos,	recebendo	mais	e	mais
metidas.
—	Bê...	—	sussurra,	torturado.
Me	 encolho	 e	me	movo	mais	 rápido,	meus	 quadris	 dançando	nos	 dele.
Mosés	aperta	a	minha	bunda	por	baixo	do	meu	corpo,	então	ele	a	arranha	com
tanta	 força	que	solto	um	gemido.	Paro,	mas	ele	não.	Continua	metendo	mais	e
mais	em	mim.
—	Isso.	Faz	em	mim,	bebê,	goza	em	mim!
Meus	orgasmos	se	 intensificam	e	oprimo	o	grito,	 arfando.	Não	consigo
controlar	o	gemido,	me	movo	com	ele,	encontrando	seu	prazer,	que	se	propaga
por	cada	centímetro	da	minha	pele.
Estremeço	e	 fico	 recebendo	 seu	prazer	 em	meu	corpo,	quente,	gostoso.
Meus	 quadris	 ainda	 se	 movem	 bem	 devagar	 enquanto	 gozo,	 as	 mãos	 dele
apertam	meus	seios	e	ele	me	olha	totalmente	vermelho	e	suado.
Fico	assim	por	alguns	momentos,fitando-o,	e	me	sinto	um	pouco	boba
por	querer	sorrir,	por	ver	em	seu	olhar	o	quanto	está	 feliz	e	satisfeito	como	eu
estou.	Fazer	amor	com	ele	sempre	é	excitante	e	maravilhoso.
Vou	para	o	 lado	e	me	deito	de	costas.	Ele	se	aconchega,	deitando-se	de
lado	e	me	abraçando,	então	toca	a	minha	barriga.
—	Não	fizemos	tanto	barulho,	afinal.	—	Ele	me	olha	e	acaricia	a	minha
face.	—	Tudo	bem,	meu	amor?
—	Muito	bem.	—	Sorrio	e	o	abraço.	—	Te	amo.
—	 Eu	 também	 te	 amo,	 Ana.	 —	Meu	 marido	 beija	 a	 minha	 cabeça	 e
pergunta.	—	Quer	tomar	um	banho?
—	Acho	que	não.	—	Me	estico.	—	Poxa,	foi	tão	bom.
—	Foi?	A	senhora	não	sabe	fazer	um	amorzinho	lento	sem	me	atiçar,	não
é	verdade?
—	Mas	eu	nem	fiz	nada!	—	defendo-me,	fingindo	inocência.
Ele	sorri.
—	Basta	que	faça	aquela	cara	de	safada	que	eu	não	consigo	resistir.
—	Amor,	eu	sou	um	anjo.
—	Verdade...	Minha	anjinha	que	cuida	de	mim	e	me	tolera.
—	Estou	feliz	que	tudo	enfim	esteja	ficando	bem.
—	Eu	 também.	Não	 tenho	 nem	mais	 palavras	 para	 agradecer	 por	 todo
carinho	que	você	vem	tendo	com	a	Safira.
Seus	lábios	me	roubam	um	beijo	suave.
—	 Adoro	 isso	 em	 você,	 Ana.	 Você	 sempre	 é	 uma	 mulher	 de	 coração
enorme.
—	Acho	que	já	viu	o	meu	tamanho,	não	é	verdade?
—	Adoro	o	seu	tamanho,	principalmente	da	minha	rosadinha.
—	Gosta	de	ver!
—	Sim,	vai	ficando	vermelhinha...
—	Mosés,	pare	de	falar	da	minha	genitália	como	se	ela	fosse	um	desenho
animado!
—	Ela	é	uma	obra	de	arte.
Rio.	Ele	tem	cada	ideia	às	vezes.
Mosés	e	eu	estamos	aprendendo	muito	um	sobre	o	outro,	assim	como	os
costumes.	 Descubro	 sempre	 mais	 e	 mais	 várias	 coisas	 sobre	 ele,	 que	 vão	 me
fazendo	 rever	meus	 conceitos.	Ele	 é	 engraçado,	 gentil,	 educado,	 bem	como	às
vezes	é	meio	frio,	distante,	sério	demais,	mas	nunca	pensei	-	de	verdade	-	que	ele
fosse	 ser	 um	 cara	 tão	 legal	 como	 tem	 sido.	 Defeitos?	 Ele	 tem	 demais,	 assim
como	 eu	 também	 tenho.	Mas	 ele	 é	 tão	mais	 carinhoso	 e	 atencioso	 que	 eu	 no
nosso	 relacionamento,	 um	 aspecto	 que	 venho	 tentando	 melhorar.	 Dar	 mais
carinho	e	atenção	para	ele	é	o	que	tenho	tentado	fazer,	a	cada	dia.
Ele	trata	Phill	com	muito	respeito,	daqueles	tipos	de	filho	que	o	pai	adora
ter	por	perto.	Em	relação	a	mamãe,	está	sempre	disposto	a	agradá-la	em	tudo,	se
mostrando	muito	atencioso	e	bom	para	ela.
Também	vejo	muito	disso	em	mamãe.	Ela	gosta	dele	e	vice	e	versa,	diria
até	que	o	admira	muito.
Esses	meses	tem	sido	um	laboratório	para	mim	em	todos	os	sentidos.
—	Eu	gosto	da	nossa	intimidade,	Ana	—	diz,	sem	graça.	—	Eu	nunca	fui
brincalhão	nem	nada...	Bem,	teve	a	fase	da	faculdade,	mas	não	é	a	mesma	coisa.
Me	sinto	bem	em	brincar	com	você.	É	a	minha	 forma	de	 fazê-la	 sorrir,	 já	que
desde	que	nos	conhecemos	temos	vivido	de	altos	e	baixos.
—	Vivemos	muito	 bem	—	me	 pronuncio.	—	Eu	 prefiro	 que	 tenhamos
passado	por	tudo	aquilo	do	que	você	não	ser	você	mesmo,	mentir	ou	omitir	algo.
Odiaria	que	fosse	diferente.	Tudo	bem,	temos	problemas,	mas	o	importante	é	que
sempre	 estamos	 tentando	 resolver.	 E	 sobre	 brincar,	 pode	 sempre	 brincar,	 meu
amor.	Eu	falo	assim	porque	fico	meio	constrangida.
—	Não	deve	ter	vergonha.
—	Não	é	bem	vergonha,	mas	é	meio	controverso.
—	Por	quê?
				Olho	para	o	teto.
—	Tudo	em	mim	é	bem	maior,	e	eu	sempre	me	senti	enorme,	mas	com
você	eu	me	sinto	tão	bem,	parece	que	me	leva	para	longe	de	tantas	coisas,	que
meu	peso	se	torna	algo	irrelevante.
—	Porque	é	—	garante.	—	Seu	peso	nunca	irá	te	limitar,	Ana.	Sabe	por
quê?
—	 Porque	 eu	 sou	 linda	 e	 super	 gostosa,	 casada	 com	 um	 cara	 legal,
educado	e	rico?
Mosés	ri	da	rapidez	na	qual	respondo	e	nego	com	a	cabeça.
—	Não	é	isso	—	digo.	—	Ainda	não	é.	Eu	apenas	me	sentia	tão	pesada,
mas	hoje	vejo	que	não	era	exatamente	pelo	meu	tamanho	e	isso	é	tão	louco.
—	Por	que	se	sentia	pesada?
—	 Porque	 eu	 me	 lotava	 das	 coisas	 pesadas	 que	 as	 pessoas	 falavam	 a
respeito	do	meu	peso	 e	 ia	me	 enchendo	desse	pré	 conceito,	 dessas	opiniões,	 e
aquilo	me	 tornava	 alguém	cheia	 de	 dor,	 rancor	 e	mágoa.	Aquela	 carga	que	 eu
carregava	era	mais	pesada	do	que	o	meu	peso	em	si.	Sentia-me	enojada	de	mim
mesma,	Mosés.
—	Ainda	bem	que	isso	acabou,	amor.
—	Sim,	hoje	eu	estou	 tentando	muito	filtrar.	Chego	a	conclusão	de	que
não	me	importa	o	que	as	outras	pessoas	pensem	ou	falem	sobre	o	meu	peso,	eu
sou	feliz	assim.	Sabe	que	eu	até	pensei	em	fazer	dieta	e...
—	Ana,	não	começa!	Se	você	emagrecer	eu	te	dou	um	pé	na	bunda	bem
servido.
Franzo	a	 testa,	 incrédula	 em	ouvir	 esse	 revoltado	 falando	ao	meu	 lado.
Mosés	tem	o	semblante	irritado.
—	Olha,	eu	não	quero	que	você	perca	peso	demais	depois	da	gestação.
Gosto	muito	do	seu	corpo.	Você	pode	perder	os	quilinhos	que	ganhar	por	conta
dos	bebês,	mas	não	quero	que	emagreça	demais.
—	Você	é	muito	controverso!	—	acuso.
—	Por	quê?	Eu	não	 tenho	o	direito	 de	gostar	 do	 seu	 corpo?	Acho	que
você	está	sendo	preconceituosa!
Contrariada,	sorrio.
—	Ah,	é?	E	por	que	o	senhor	namorou	com	super	modelos	a	vida	toda?
—	Porque	elas	eram	para	mim,	ora.
—	E	por	mim	o	senhor	se	sente	só	atraído?
—	Eu	quero	a	minha	gordinha	desse	jeito,	por	dentro	e	por	fora!
—	Eu	posso	gravar	isso?
Mosés	Handerson	falando	que	quer	uma	gordinha	abertamente	e	que	não
deseja	que	ela	emagreça!
—	Ana,	já	não	havíamos	falado	sobre	isso?	Amor...
—	Amor,	eu	sei.	Poxa,	foi	apenas	uma	pergunta.	Entendo	que	você	viveu
o	que	 tinha	que	viver	no	passado,	e	me	sinto	super	 lisonjeada	com	o	que	você
falou,	mas	eu	ia	falar	que	estava	pensando	em	fazer	uma	dieta	recomendada	por
Ayla	depois	que	eles	nascerem,	assim,	não	vou	mentir	que	se	eu	perder	alguns
quilinhos,	 ficarei	 bem	 feliz,	 mas	 se	 não	 perder,	 tudo	 bem.	 Não	 vou	 me
preocupar,	pois	minha	prioridade	serão	os	nossos	bebês	e	você.
—	 É	 bom	mesmo	—	 resmunga	 e	 desliga	 o	 abajur.	—	Vem	 cá,	 minha
princesa.	Me	dá	uns	beijinhos.
Manhoso.
—	Carente.
—	Carente	da	minha	Bêzinha!
Me	aconchego	e	nos	beijamos.
Eu	não	me	preocupo	mais	com	o	meu	peso	nem	o	que	ele	representa	para
mais	ninguém.	Comentei	apenas	por	comentar,	mas	é	muito	bom	saber	mais	uma
vez	-	e	confirmar	-,	que	Mosés	me	quer	desse	jeitinho,	sem	tirar	nem	pôr.
Sou	uma	garota	GG,	amada,	aceita	e	desejada.
Primeiramente	por	mim,	depois	pelo	meu	esposo	e	pelas	pessoas	que	me
cercam	em	minha	casa.
E	Estou	muito	feliz	com	isso.
—	Prontos?
Mosés	aperta	a	minha	mão	e	fazemos	que	sim	com	a	cabeça	para	Ayla.
Entrelaço	os	dedos	nos	dele,	nossos	olhares	estão	no	monitor.	Mesmo	que	eu	não
entenda,	quero	estar	olhando	para	lá	quando	Ayla	começar	a	falar	os	sexos	dos
bebês.
—	Bebê	1...	menina!
—	 Isso!	 —	 comemoro	 com	 um	 movimento	 com	 o	 braço	 e	 Mosés	 se
endireita	na	cadeira.
—	Bebê	2...	menina,	é	óbvio.	Mesma	placenta	—	Ayla	fala,	oprimindo	a
risada.
—	 Calma.	 Ainda	 faltam	 mais	 dois	 —	 Mosés	 reclama,	 mas	 está
visivelmente	emocionado.	—	O	papai	já	ama	as	duas.
Me	mantenho	quieta,	Ayla	mexe	o	aparelhinho	na	minha	barriga	e	depois
começa	a	rir,	então	Mosés	suspira,	derrotado.
—	Nenhum?	—	questiona.
Ayla	faz	não	com	a	cabeça.
Sabia!
—	 Eu	 sou	 muito	 boa	—	 digo,	 toda	 feliz.	—	 Te	 disse	 que	 eram	 todas
meninas.
—	 Eu	 poderia	 sonhar	 um	 pouco	 —	 resmunga,	 mas	 sei	 que	 não	 está
bravo.	Ele	sorri.	—	Poxa!
—	Quatro	menininhas	para	o	papai	morrer	de	ciúmes	—	brinco,	alegre.
Meu	marido	beija	a	minha	mão	e	Ayla	continua	o	ultrassom,	enquanto	eu
continuo	a	sorrir,	toda	contente.	A	todo	instante	ouvindo-a	falar	das	bebês	3	e	4,
ela	 mostra	 o	 desenvolvimento	 das	 gêmeas	 e	 em	 cada	 placenta.	 No	 final	 do
ultrassom	eu	estou	muito	aliviada	por	elas	estarem	com	o	peso	certo	e	tamanho
certo	para	a	idade.
Ela	puxa	minha	orelha	por	não	praticar	exercícios	e	prometo	que	desse
mês	não	passa.	Segundo	Ayla,	parto	de	múltiplos	 costuma	 ser	mais	 cedo.	Eles
nascem	prematuros	 e	 isso	 é	 um	 risco	 e	 tanto	 para	 a	mãe,	 assim	 como	para	 os
bebês.	Por	isso	devo	me	cuidar	e	tratar	de	fazer	exercícios	para	que	no	momento
do	parto,	esteja	fisicamente	bem.
Já	 sabemos	 que	 nascerãode	 cesariana.	 Se	 fossem	 gêmeas	 até	 que
tentaríamos	normal,	mas	parto	de	quatro	 é	 complicado.	Temos	nosso	plano	de
parto	montado	e	se	der	tudo	certo,	eu	as	terei	saudáveis	e	bem	em	casa,	no	tempo
e	na	hora	certa.
Mosés	me	pega	pela	cintura	quando	saímos	do	consultório	e	me	dá	um
beijo	 quente.	 Ainda	 continuo	 demonstrando	 o	 quanto	 estou	 radiante.	 Sempre
soube	 que	 eram	 meninas,	 mas	 confirmar	 é	 maravilho.	 Com	 isso,	 toco	 minha
barriga.
—	Talvez	 eu	 as	 deixe	 namorar	 depois	 que	 elas	 estiverem	 completando
50.
Ele	 morre	 de	 ciúmes,	 não	 tem	 jeito.	 Mas	 está	 muito	 feliz,	 embora
torcesse	para	ter	um	menino.	No	entanto,	o	que	importa	para	nós	dois	é	que	eles
venham	com	saúde.	Ambos	estamos	muito	felizes.
Andamos	 de	 mãos	 dados	 até	 Ali,	 que	 nos	 espera	 no	 estacionamento.
Iremos	 para	 a	 empresa,	mas	 ficaremos	 só	 por	meio	 período.	 Estamos	 ficando
mais	 em	 casa	 por	 conta	 de	 Safira	 e	 Phill.	 Não	 por	 preocupação,	 mas	 porque
queremos	acompanhar	esse	começo	de	perto.	A	nova	assistente	está	ajudando	as
meninas	 e	 o	 diretor	 de	 confiança	 cuidando	 de	 algumas	 reuniões	 no	 lugar	 de
Mosés.
Vesti	uma	calça	de	malhar	e	uma	bata	mais	folgada	-	minha	barriga	está
deixando	todas	as	minhas	calças	justas	demais	-,	também	um	casaco	por	cima	da
bata.	Ali	abre	a	porta	logo	que	nos	aproximamos	e	entro.
—	São	meninas,	Ali.
—	Que	sorte,	chefe.
Mosés	não	deixa	de	sorrir	ao	ganhar	um	curto	abraço	de	seu	motorista.
Ele	entra	no	carro	e	coloca	a	mão	em	meu	ventre,	sorrio	e	lhe	dou	um	beijinho.
Sei	que	ele	está	feliz	mas...
—	Quem	sabe	numa	próxima,	amor?!
Ele	me	encara,	bem	surpreso.
—	Sério?
—	É...	—	respondo.	—	daqui	a	uns	seis	anos,	talvez.
Meu	 esposo	 sorri	 com	 esperança.	 Eu	 sei	 que	Mosés	 quer	 uma	 grande
família	e	que	seu	sonho	se	constrói	a	cada	dia	ao	meu	lado,	se	 tornando	nosso
sonho.	 Mas	 acho	 que	 temos	 que	 ir	 com	 calma,	 afinal,	 quatro	 bebês	 darão
trabalho	demais	para	nós	dois,	ainda	mais	quatro	meninas.
—	Mas	 estou	muito	 feliz,	meu	 amor	—	 ele	 argumenta	 e	me	 beija.	—
Quatro	menininhas,	lindas	como	você.
—	 Elas	 serão	 bem	 recebidas	 pelo	 papai	 mais	 babão	 do	 mundo	 —
respondo,	abraçando-o.
Ganho	um	beijinho	no	pescoço	e	ele	puxa	o	cinto,	colocando	em	mim.
Deixo	minha	bolsa	de	lado	e	me	acomodo,	então	Mosés	prende	o	cinto	em	sua
cintura	e	segura	a	minha	mão,	entrelaçando	os	dedos	nos	meus.
—	Então...	Rosa.	Certo,	senhora	Handerson?
Penso	por	alguns	instantes.
—	E	lilás	—	completo.
	
	
Chegamos	e	Mosés	mal	vê	a	hora	de	contar	para	mamãe	e	Phill.	Estamos
entusiasmados	com	o	 fato	de	 sabermos	os	 sexos	das	nossas	bebês	 e	depois	de
sairmos	da	empresa,	vamos	direto	para	casa.	Tive	a	ideia	de	passar	numa	doceria
e	comprar	um	bolo	cor	de	rosa	para	surpreender	os	dois.
—	É	como	eu	te	disse,	mamãe...
Entro	 na	 sala	 ao	 lado	 do	meu	 esposo	 e	meu	 sorriso	 vai	 desaparecendo
quando	reconheço	as	silhuetas	das	minhas	duas	irmãs	e	meus	cunhados.	Não	os
vejo	 há	 meses,	 desde	 o	 dia	 do	 meu	 casamento.	 Mosés	 também	 está	 bem
surpreso.	Bree	 e	Fiance	 estão	 usando	vestidos	 de	 estampas	 diferentes	 e	 ambas
não	parecem	ter	engordado.	A	barriga	de	cada	uma	delas	está	bem	volumosa,	o
que	faz	eu	me	dar	conta	de	que	nem	sei	o	sexo	dos	bebês	das	minhas	irmãs.
Phill	levanta	logo	que	nos	vê	e	percebo	uma	ponta	de	nervosismo	em	seu
olhar.	Levo	a	caixinha	com	o	bolo	para	eles,	notando	que	Bree	e	Fiance	estão
maquiadas	e	belas	-	pra	variar	 -	mas	 isso	nada	 tem	a	ver	com	inveja	da	minha
parte	ou	se	me	sinto	inferiorizada,	porque	eu	não	estou	tão	maquiada,	mas	sinto-
me	linda.
—	Ana!	—	Brood	fala	e	se	aproxima.	—	Poxa,	que	barrigão!
—	Pois	é.	—	Sorrio	e	lhe	dou	um	meio	abraço.	—	Que	surpresa!
Não	sei	se	é	desagradável...	ainda.
—	Suas	 irmãs	queriam	muito	ver	sua	mãe	antes	de	ganharem	os	bebês.
Você	roubou	a	Helena	da	gente.
Sorrio,	cumprimento	Peter	com	dois	beijinhos	e	Mosés	aperta	a	mão	de
cada	um	com	firmesa.	Lupe	já	serviu	café,	pelo	visto,	e	até	que	não	me	sinto	tão
mal	assim	em	revê-las.	Ao	menos	parecem	bem.
—	E	então?	—	mamãe	pergunta,	super	ansiosa.
—	Toma.	—	Estendo	a	caixinha	de	papel.	—	Abra.
Mamãe	 se	 senta	 no	 sofá,	 ao	 lado	 de	 Phill,	 e	 ambos	 nã	 deixam	 de
expressar	que	estão	curiosos.	Mosés	me	puxa	e	me	sento	em	seu	colo.	Ele	coloca
a	mão	na	minha	barriga	e	a	beija	com	carinho.
—	Quer	abrir?	—	mamãe	pergunta	para	Phill.
—	Abra	você,	Helena	—	Phill	aconselha,	incerto.
Eu	disse	para	Phill	que	eram	todas	meninas.	Ele	acha	que	são	dois	casais,
assim	como	meu	esposo,	já	mamãe	preferiu	não	arriscar.
Ela	 coloca	 a	 caixinha	 sobre	 as	 pernas	 que	 estão	 unidas,	 e	 a	 abre	 com
cuidado.	O	bolo	cor	de	rosa	aparece	com	a	mensagem	de:
"Vovô	e	Vovó,	somos	meninhinas!"
Mamãe	abre	um	largo	sorriso	e	seus	olhos	se	enchem	de	lágrimas.	Phill
suspira,	enternecido.
—	São	quatro	meninas.
—	Elas	serão	lindas,	querida.	—	Mamãe	se	inclina	e	me	dá	um	beijinho
na	testa.	—	Meus	parabéns,	B.
—	Obrigada,	mamãe.
Phill	se	ergue	e	me	levanto.	Nos	abraçamos	e	depois	ele	abraça	Mosés,
todo	feliz.
—	Parabéns,	filho.
—	Obrigado,	papai.
Mosés	não	poderia	estar	mais	feliz.
—	Estamos	grávidas	de	meninos	—	Bree	 fala,	mas	 seu	 tom	demonstra
apenas	educação.	—	Parabéns,	Ana.
—	Obrigada	—	digo	e	volto	a	me	sentar.
Mamãe	se	ergue	e	vai	até	a	cozinha,	com	certeza	para	buscar	pratinhos.
—	Soube	que	sua	cunhada	se	acidentou.	Parece	que	vocês	andam	numa
maré	de	azar	—	Fiance	comenta,	porém,	não	vejo	isso	como	uma	crítica	ou	algo
assim.
—	Não	diria	 isso.	Safira	 está	 se	 recuperando	devagar	—	digo.	—	Phill
está	bem,	então	acho	que	temos	sido	muito	abençoados,	ultimamente.
—	Vocês	planejaram?	—	Bree	questiona.	—	Desculpe	perguntar,	mas	é
que	falam	tantas	coisas	nessas	revistas	que	não	sabemos	em	quem	acreditar.
—	Não	 temos	 revistas	 aqui	 em	 casa	—	diz	Mosés.	—	E	 não,	 nós	 não
planejamos.
—	Quer	 dizer	 que	 quando	 se	 casaram	 ela	 já	 estava	 grávida	—	 insinua
Bree.
—	Sim,	e	não	vejo	problema	algum	nisso	—	confirmo,	mas	não	me	irrito.
O	que	esperar	das	minhas	irmãs?
Elas	nunca	conseguirão	 ficar	 realmente	 felizes	por	mim.	Pelo	visto	não
mudaram	nada.
—	Desculpe.	Só	foi	uma	pergunta.
—	Que	foi	respondida	—	esclareço.	—	Acontece	que	eu	não	me	importo
com	o	que	falam	nas	revistas.
—	Acho	um	pouco	absurdas	as	 ideias	desses	colunistas.	—	Fiance	não
parece	ter	maldade	nas	palavras.	—	Disseram	que	você	é	uma	barriga	de	aluguel
e	tal.
Olho	 para	 Phill	 e	 sinto-me	 constrangida	 com	 o	 comportamento	 das
minhas	 irmãs.	 Isso	 não	 é	 assunto	 para	 se	 comentar	 perto	 do	meu	 sogro,	 ainda
mais	depois	de	tudo	o	que	ele	passou.	Me	envergonho.
—	Falam	que	os	bebês	são	de	proveta	e	que	o	casamento	é	de	fachada	—
Fiance	continua.	—	Você	deveria	se	pronunciar,	Ana.
—	Não	devo	satisfações	da	minha	vida	a	ninguém	—	rebato.	—	Mosés	e
eu	sabemos	que	não	é	verdade.
—	São	coisas	bem	reais	—	Bree	mantém	o	seu	tom	arrogante.
—	 Pessoas	 que	 dão	 credibilidade	 a	 esse	 tipo	 de	 coisa	 não	 possuem
conteúdo	 para	 acrescentar	 em	 nada	 na	 vida	—	Mosés	 diz.	—	 E	 algo	 curioso
sobre	esses	colunistas	é	que	eles	são	um	bando	de	vermes	que	buscam	saciar	a
curiosidade	de	pessoas	tolas	e	sem	noção.
—	Eu	não	sou	tola...
—	Sua	 irmã	 acaba	 de	 explicar	 que	 é	mentira	 e	 ainda	 assim	 insiste	 em
ofendê-la	com	perguntas	sem	nexo,	Bree.	Nos	polpe	de	sua	hipocrisia.
—	Fiance	 comentou,	 ainda	 que	 seja	 sem	noção.	Mas	 você	 sempre	 tem
uma	ponta	de	crítica	em	tudo	o	que	fala.
—	Não	foi	minha	intenção.
—	Pois	tome	cuidado	com	as	suas	intenções.
Mosés	a	encara	bastante	irritado	e	ela	não	responde.
Mas	já	sei	que	a	minha	tarde	será	bem	cheia.
	
—	Bree	e	Fiance	pediram	para	ficarem	hospedadas	aqui...
—	Ah,	não,	mãe!	—	nego	logo.
—	Só	por	esses	dias,	querida.	Elas	também	sentem	a	minha	falta.
—	Compreendo,	mamãe,	mas	não	quero	me	sujeitar	a	isso.
Rapidamente	penso	em	algo.
—	Elas	podem	ficar	no	chalé.
—	Sei	que	elas	não	avisaram,	mas	também	são	minhas	filhas,	Ana.
—	 Eu	 mais	 que	 todo	 mundo	 seidisso.	 Passei	 a	 minha	 vida	 toda
presenciando	 a	 senhora	 tratando-as	 como	 filhas	 e	 a	 mim	 dando	 desprezo	 —
cuspo	as	palavras,	porque	é	a	mais	pura	verdade.
Não	 sinto-me	 capaz	 de	 julgar	 mamãe	 pelo	 que	 se	 passou.	 Nos
aproximamos	muito	nesses	meses	que	está	aqui.	Ela	tem	me	dado	a	maior	força
quanto	a	Phill	e	Safira,	e	eu	só	me	sinto	grata.
—	Estamos	passando	por	um	momento	delicado	—	argumento	e	penso
por	alguns	instantes.	—	Não	quero	Bree	e	Fiance	mandando	indiretas	em	minha
casa,	nem	fazendo	insinuações.
—	Elas	só	estão	com	ciúmes.
—	Como	se	elas	fossem	crianças	pequenas,	não	é	mesmo,	mamãe?	Pare
de	defendê-las	como	se	fossem	inocentes.
Mamãe	 fica	calada,	 apenas	me	encarando.	Não	está	magoada,	mas	está
receosa.	A	conheço	o	suficiente	para	saber.
—	Vou	conversar	com	ambas	—	diz	ela.	—	Acho	que	terei	mesmo	que
voltar	 para	 ajudar	 as	 duas	 com	 os	 bebês.	—	E	 suspira	 infeliz.	—	 Phill	 ficará
bravo!
—	Converse	com	ele,	mamãe.
—	Acha	que	ele	entenderá?
—	Claro	que	sim.	Melhor	—	Tenho	uma	ideia	—	Por	que	não	o	chama
para	ir	com	a	senhora?
—	Ah,	filha,	acho	que	ele	não	iria.
—	Pergunte	 para	 ele	—	 aconselho,	 dando	 de	 ombros.	—	Logo	 que	 as
gêmeas	chegarem	podem	voltar.	Só	não	sei	se	elas	virão	depois	dos	bebês	delas
duas.
—	Ah,	B...	Estou	tão	feliz	que	sejam	meninas.
Eu	também.
Mamãe	toca	minha	barriga	e	sinto-me	feliz	demais	com	isso.
—	As	rapazes	vão	ficar?
—	Acho	que	sim.
—	Dois	pamonhas	—	comento.
Não	me	conformo	que	elas	duas	tenham	vindo	sem	avisar.	Muita	falta	de
noção	 e	 educação,	mas	 tenho	 certeza	de	que	 fizeram	 isso	de	propósito	 porque
sabiam	que	eu	não	aceitaria	de	cara	a	estadia	de	todas	juntas.
—	Lá	 vem	o	Mosés.	Vou	 conversar	 com	 elas.	Explique	 para	 ele,	B	—
pede.	—	E	não	se	estresse.
Faço	que	sim	com	a	cabeça.
Viemos	 para	 o	 terraço	 falar	 sobre	 tal	 assunto.	 Deixei	minhas	 irmãs	 na
companhia	de	Mosés	e	aposto	que	ele	não	as	deixou	sem	belas	respostas.	Mamãe
se	afasta	e	toco	minha	barriga,	pensando:	justo	hoje	que	soubessmos	o	sexo	das
nossas	meninas	elas	tinham	que	aparecer?
Mosés	 já	 tirou	 a	 gravata	 e	 o	 terno,	 e	 trajava	 apenas	 camisa	 social	 azul
clara	e	a	calça	social.	Sapatos?	Nada	disso!	Trocou	por	chinelos.	Ele	é	bem	mais
tranquilo	quando	estamos	em	casa.	Também	tirei	o	casaco	e	as	sandálias,	ficando
descalça.	Ele	se	aproxima	e	se	senta	ao	meu	lado	no	sofá.
—	Quantos	dias?
—	Não	sei.	Elas	te	disseram?
—	Petter	me	pediu	para	passarem	uns	dias	aqui.	Segundo	ele,	suas	irmãs
estão	tirando	a	paz	dele	e	de	Brood.
—	São	dois	pamonhas	incapazes.
—	Enfim,	não	gostei.
Me	sinto	envergonhada.
—	Desculpe,	amor.
—	Não	precisa	se	desculpar,	minha	princesa.	Só	estou	comentando.	Esta
casa	é	tão	minha	quanto	sua.
—	Pedi	para	mamãe	conversar	com	ambas.
—	Sinto	que	suas	irmãs	a	invejam.
—	Eu	nunca	entendi	o	porquê,	sabe?!
—	Porque	você	é	uma	mulher	independente,	forte	e	linda!	—	afirma	ele.
Empurro	 seu	 ombro	 e	 minhas	 bochechas	 queimam.	 Mosés	 segura	 a
minha	mão	e	a	beija,	todo	carinhoso.
—	É	a	verdade,	meu	amor.	Suas	irmãs	têm	inveja	de	você	porque	sabem
que	você	 não	 tem	medo	de	 enfrentar	 a	 vida	 e	 prosseguir,	 por	 isso	 elas	 tentam
atingi-la	com	essas	piadas.	Mas	já	conversei	com	Brood	e	Petter	sobre	isso.	Na
nossa	casa	isso	é	inadmissível!
Tão	direto.	Adoro	meu	marido	por	isso.
Antes	 tinha	 tanto	 receio	 e	 achava	 que	 era	 um	defeito	 da	 parte	 dele	 ser
direto,	agora	vejo	que	isso	é	uma	qualidade.
—	Já	fui	ver	a	Safi.	Não	quer	ir	lá	vê-la?
—	Ai,	essa	conversa	irritante	da	Bree	me	tirou	do	sério.	Até	me	esqueci
de	ir	até	o	quarto	dela.
—	Ignore	sua	irmã.	Ela	merece	somente	isso.
—	Tem	hora	que	não	dá,	meu	amor.
—	Eu	sei.	Nunca	tive	um	relacionamento	assim	com	a	Safi.
—	Bree	e	Fiance	são	duas	cobras	que	não	se	conformam	de	eu	ser	feliz
assim.
—	Já	se	perguntou	o	porquê	de	elas	agirem	assim?	Talvez	tenham	inveja
da	sua	beleza.
Nunca,	jamais,	em	momento	algum	pensei	isso.
Minhas	irmãs	com	inveja	do	meu	corpo?
—	Acho	que	não	—	discordo	dele.
—	Ana,	você	é	linda.
—	 Eu	 sei,	 amor.	 Só	 que	 seria	 muito	 controverso	 que	 vivessem	 me
criticando	pelo	meu	peso	e	isso	fosse	alvo	que	invejassem	em	mim.
Ele	 estende	 a	mão	e	me	puxa,	 então	me	ergo	e	 sento	 em	seu	 colo.	Ele
toca	a	minha	barriga	e	eu	o	enlaço	pelo	pescoço,	num	meio	abraço,	beijando-o
com	carinho	em	seguida.
—	Você	é	maravilhosa,	minha	Bêzinha.
—	Você	também	é,	meu	Mômozinho.
Nos	beijamos	novamente,	minha	mão	se	enfia	em	seus	cabelos	e	Mosés
acaricia	minha	barriga	com	carinho.
—	Eu	 quero	 que	 vocês	 cinco	 fiquem	 bem,	 portanto,	 não	 se	 irrite	 com
suas	irmãs.
—	Farei	isso,	meu	amor.	Pedi	que	mamãe	conversasse	com	as	duas	para
que	a	estadia	seja	aceiável	o	mínimo	possível.
—	Que	bom,	Bê.
Lhe	dou	um	sorriso.
—	Estou	muito	feliz	que	sabemos	os	sexos.	Agora	temos	que	cuidar	do
enxoval	delas.
Mosés	quer	participar	de	tudo	e	eu	fico	imensamente	feliz	com	isso.
—	Sim,	amor,	com	certeza.
—	Podemos	escolher	em	qual	quarto	elas	ficarão.
—	Ainda	não	escolhemos	o	nome	de	todas.
—	Uma	se	chamará	Ana	Sophi.
Suspiro.	 E	 nós	 que	 pensavamos	 que	 só	 teríamos	 um,	 agora	 teremos
quatro	de	uma	vez.
—	Posso	sugerir	que	uma	se	chame	Ana	Beatrice?
Reviro	os	olhos.	Mosés	me	espreme	e	acabo	rindo	da	sugestão.
—	Eu	disse,	 lembra,	que	se	me	desse	uma	filha	o	nome	dela	seria	Ana
Beatrice?
—	Lembro.
Isso	foi	bem	no	começo	do	nosso	namoro.
—	Escolha	mais	dois,	Bêzinha.
—	Não	faço	a	menor	ideia,	amor.
—	Então	até	agora	já	escolhemos	os	nomes	de	duas.
—	Amor,	Ana	Beatrice	não,	né?!	Já	tem	Ana	Sophi.	Vamos	confundir	os
nomes.
Meu	esposo	fecha	a	cara.
—	Ai,	amor,	deixa	disso!
—	Eu	quero	Ana	Beatrice.
—	Mô,	esse	é	o	meu	nome.
—	Você	escolhe	o	nome	das	outras	duas.	A	do	bebê	1	será	Ana	Sophi,	a
do	bebê	2,	Ana	Beatrice.
Suspiro,	derrotada.	Não	consigo	pensar	em	nenhum	nome.
—	Desisto	de	pensar	—	digo.
—	Posso	sugerir?
—	Claro,	claro,	rei	dos	nomes	compostos,	furtados	e	próprios.
Mosés	ri	e	olha	fixamente	para	minha	barriga.
—	Bebê	3,	seu	nome	será	Laisa	—	dclara.	—	Era	o	nome	da	avó	do	Phill.
Ele	me	contava	muitas	histórias	sobre	ela.
—	É	um	belo	nome.
Gostei.
—	E	o	bebê	4,	amor?
Mosés	pondera	por	alguns	instantes.
—	É	surpresa,	Bê.
Lupe	Acomodou	minhas	 irmãs	 no	 chalé	 e	me	 senti	 mais	 tranquila	 em
saber	que	elas	e	meus	cunhados	ficariam	bem	longe	de	mim	enquanto	estiverem
aqui.	Mosés	e	eu	 jantamos	e	compartilhamos	de	uma	noite	a	dois.	Já	mamãe	e
Phill	foram	para	o	chalé,	a	fim	de	acompanharem	minhas	irmãs	no	jantar.
Tirei	o	resto	da	tarde	para	ficar	com	Safira,	troquei	a	água	de	seu	vaso	e	li
para	 ela.	 Comecei	 hoje	 essa	 prática	 e	 iniciamos	 com	 o	 livro	 “O	 Pequeno
Príncipe”.	Mosés	colocou	uma	poltrona	bem	confortável	ao	lado	da	cama	dela,
para	que	quem	lhe	fizesse	companhia	se	sentisse	confortável.
Sua	enfermeira,	Polônia,	estava	a	todo	momento	lendo	uma	revista,	mas
eu	via	o	 entusiasmo	em	seu	olhar	quando	comecei	 a	 ler	 a	história.	O	olhar	de
Safira	não	saía	de	mim,	contudo,	eu	estava	-	e	ainda	estou	–	convicta	de	que	aos
poucos	ela	iria	permitir	que	eu	me	aproximasse.
Mosés	me	trouxe	um	chá	no	fim	da	 tarde,	 lembrando-me	que	estava	na
hora	de	deixar	Safira	quieta.	Deixei-a	com	Polônia	e	seu	silêncio,	e	em	momento
nenhum	senti-me	penalizada	por	ela.
Sei	que	Safira	precisará	de	força	e	apoio,	e	estou	disposta	a	ajudá-la	no
que	precisar.	Ainda	mais	porque	ela	será	muito	dependente	de	nós	dois.
Lupe	deixou	nosso	jantar	pronto,	mas	queríamos	tomar	banho	antes.	Fui
primeiro	e	meu	marido	em	seguida.	Mosés	recebeu	uma	ligação	de	última	hora
da	 empresa	 e	 quando	 ele	 entrou	 no	 quarto	 eu	 já	 estava	 colocando	 um	pijama.
Meu	 esposo	 fez	 até	 cara	 feia	 por	 eu	 não	 tê-lo	 esperado,	 mas	 preferi	 assim
mesmo,	pois	tinha	que	colocar	a	comida	para	esquentar.
Hoje	 temos	suco	natural	e	sem	açúcar	de	morango,	 lasanha	vegetariana
com	soja	e	salada.	Lupe	deixou	gelatina	de	sobremesa.	Ela	sabe	que	tenho	que
seguir	a	dieta	de	forma	regrada,	por	conta	das	minhas	bebês.
—	Eu	ainda	estou	bravo.
Com	 a	mesa	 posta,Mosés	me	 abraça	 por	 trás	 e	 beija	 a	 curva	 do	meu
pescoço.
—	Amor...
—	Você	sabe	que	eu	adoro	tomar	banho	com	você.	Sem	desculpas.
—	Está	bem.
—	Poxa,	é	estranho	quando	você	não	toma	banho	comigo,	minha	Bê.
Me	 viro,	 enlaço-o	 pelo	 pescoço	 e	 Mosés	 aperta	 a	 minha	 bunda,
suspirando.	 Ele	 usa	 uma	 calça	 de	 pijama	 e	 só.	 Os	 cabelos	 úmidos	 e
desarrumados	o	deixam...	realmente	delicioso.
	
—	O	que	foi?
—	É	que...	estou	casada	com	um	homem	super	gostoso	e	lindo.
Mosés	olha	para	os	lados	e	me	encara.
—	Onde?
—	Bobo!
Eu	o	puxo	para	baixo	e	lhe	dou	um	beijo	quente.	Ele	me	leva	de	encontro
ao	seu	corpo	e	aperta	minha	bunda	com	mais	força.
—	Adoro	esse	rabo,	sabia?!
Fico	vermelha	e	me	afasto	um	pouco.
—	Podemos	ver	um	filme	juntinhos?
—	Claro,	querida.
—	Quero	aproveitar	essa	noite	só	nossa.
—	Eu	também.
Ele	sorri,	algo	cheio	de	malícia,	e	eu	já	sei	o	que	Mosés	quer	dizer	com
isso.
—	Fala	de	mim,	mas	gosta	de	uma	bundinha,	não	é	mesmo?
—	 É	 verdade	 —	 confesso	 —	 Acontece	 que	 sua	 bundinha	 é	 gostosa
demais.
Vou	até	a	geladeira	e	retiro	a	salada	já	pronta.	Mosés	pega	a	jarra	de	suco
e	coloca	na	mesa,	nos	sentamos	lado	a	lado	e	eu	o	sirvo.	Ele	coloca	o	suco	para
nós	dois	e	faz	o	gesto	que	virou	um	hábito,	tocar	minha	barriga.
—	Elas	devem	estar	famintas.
—	Eu	belisquei	uns	biscoitos	mais	cedo	—	digo,	dando	de	ombros.	—
Lupe	foi	cozinhar	no	chalé.	Nem	sei	como	agradecer,	mas	acho	que	mamãe	dirá
para	as	minhas	irmãs	sobre	ela	e	Phil,	hoje.
—	Coitado	do	meu	pai.
Mosés	pega	os	talheres	e	começa	a	comer.	Adoro	as	saladas	da	Lupe.	São
temperadas	com	manga	e	maçã,	e	eu	adoro	a	mistura	agridoce.
—	Elas	 acabarão	 aceitando	—	 concluo	 depois	 da	 primeira	 garfada.	—
Mamãe	precisa	de	alguém	para	acompanhá-la	na	velhice.
—	Papai	precisa	de	alguém	para	cuidar	dele.
—	Mamãe	gosta	do	seu	pai.
—	É	recíproco.
Me	estico	e	 lhe	dou	um	beijinho,	Mosés	segura	a	minha	 face	e	me	 fita
pensativo.
—	Quero	que	me	diga	uma	coisa,	meu	amor	—	meu	marido	começa.
—	Claro.
—	Realmente	não	se	ofende	com	o	que	as	revistas	falam?
—	Eu	não	leio	essas	revistas,	Mosés.
—	Temo	que	se	ofenda	muito	com	isso.
Tento	 não	 ler	 as	 notícias,	 nem	 os	 tabloides.	Até	 os	 sites	 tenho	 evitado
entrar,	 ainda	 que	 eu	 saiba	 que	 na	 mídia	 tem	 fotos	 minhas	 com	 Mosés	 me
cobrindo	de	críticas	sobre	meu	peso	e	tamanho.
—	Sabemos	o	que	 temos,	Mosés.	Eu	sei	que	para	as	outras	pessoas	do
mundo	eu	não	me	encaixo	na	sua	vida...
—	Mas	você	se	encaixa,	Ana	—	fala,	me	interrompendo.
—	Eu	sei,	poxa.	Pensei	que	você	não	se	importasse.
—	Eu	não	me	 importo,	mas	as	palavras	de	 sua	 irmã	colocaram	 isso	na
minha	cabeça.	Que	ideia	absurda	insinuar	que	nossas	bebês	são	de	proveta.
Também	 odiei	 ouvir	 isso,	 ainda	 mais	 das	 minhas	 irmãs,	 que	 arrumam
motivos	para	ficarem	me	difamando	sempre	que	têm	a	oportunidade.
—	Pensei	—	Mosés	continuou.	—	Porra,	não	quero	que	a	Ana	leia	algo
assim!	Tive	que	ligar	de	novo	para	o	meu	advogado,	mas	as	coisas	não	são	tão
simples.
—	Eu	entendo,	amor.	Esquece	isso.
—	Não	quero	que	você	se	magoe,	Ana.
—	Eu	 não	 estou	magoada	—	 tranquilizo-o.	—	 Só	me	 sinto	 um	 pouco
triste,	às	vezes,	quando	penso	no	preconceito	das	pessoas.
—	Não	quero	que	você	abra	uma	dessas	revistas	e	sinta-se	inferior...
—	 Mosés,	 ouça.	 —	 É	 a	 minha	 vez	 de	 interrompê-lo.	 —	 Eu	 não	 me
importo,	está	bem?	Sei	o	que	temos,	estamos	casados	e	eu	estou	grávida,	então
este	é	o	menor	dos	problemas	neste	momento.
—	Eu	 farei	o	possível	para	que	eles	 retirem	o	que	 falaram	sobre	nosso
casamento.
—	Imagino	que	sim,	meu	amor.
Eu	o	beijo,	Mosés	levanta	e	vai	pegar	a	lasanha.
—	Acho	que	o	importante	é	que	somos	felizes,	amor.
—	Também	penso	dessa	forma,	querida.
—	Agora	temos	que	nos	preocupar	com	a	Safi	e	as	nossas	filhas.
—	Sim.
É	 o	 melhor	 que	 podemos	 fazer.	 O	 que	 as	 outras	 pessoas	 do	 mundo
pensam	não	importa	nem	um	pouco.
	
	
—	Não	entendo	o	porquê	de	as	pessoas	agirem	dessa	forma.
Mosés	diz	enquanto	 traça	o	contorno	do	meu	seio	com	o	 indicador.	Ele
me	olha	de	cima	abaixo,	depois	de	ter	me	obrigado	a	me	despir	logo	que	viemos
para	a	cama.	Ligamos	a	tv	do	nosso	quarto	e	estamos	vendo	um	filme	juntos.
—	Por	que	não	entende,	senhor	Handerson?
—	 Elas	 não	 respeitam	 o	 direito	 das	 pessoas	 de	 serem	 felizes.	 Nunca
pensei	 que	 ao	me	 casar	 com	 você	 teria	 esse	 tipo	 de	 problema	 com	 relação	 às
outras	pessoas.
—	É	um	problema?
Mosés	me	encara,	sinceramente	surpreso.
—	Mosés,	você	está	se	preocupando	com	uma	besteira.
—	Não	quero	que	ninguém	fale	de	você.
—	Eu	não	me	importo	mais,	sabe?!
—	Não	mesmo?	—	Ele	precisa	ter	certeza.
—	Não.
Lhe	dou	um	sorriso.
—	É	que	quando	nos	conhecemos	você	sofria	muito	pelo	peso,	Bê.
—	Eu	sei.	Ainda	meio	que	sofro	com	isso,	mas	eu	entendi	uma	coisa.
—	Posso	saber	o	quê?
—	Não	 importa	 o	 que	 as	 outras	 pessoas	 pensam	 sobre	mim	—	digo	 e
reflito	 por	 alguns	 momentos.	 —	 Uma	 pessoa	 uma	 vez	 me	 disse	 que	 se	 eu
quisesse	mudar	 a	 forma	 como	 as	 pessoas	me	viam,	 eu	deveria	mudar	 a	 forma
como	 vejo	 a	 mim	mesma.	 Esse	 foi	 o	 melhor	 conselho	 que	 ganhei	 em	 toda	 a
minha	vida.
Tem	um	orgulho	fora	do	comum	no	olhar	do	meu	esposo.
—	 É	 tão	 difícil	 ter	 amor	 próprio,	 Mosés	 —	 continuo.	 —	 É	 tão
complicado.	Me	odiei	por	muitos	anos.	Meu	corpo,	meus	"defeitos"	físicos...	E
isso	me	impediu	de	ser	e	fazer	muitas	coisas.	Agora	tudo	o	que	quero	é	você	e
nossa	família.
—	É	muito	bom	ouvir	isso,	minha	princesa.
—	Eu	sei.	Digo	isso	para	mim	mesma	todos	os	dias	desde	que	decidi	que
o	meu	peso	não	me	limitaria	mais.	Se	as	pessoas	me	acham	gorda	ou	feia	para
você,	 que	 culpa	 eu	 tenho?	 Esse	 não	 é	 um	 problema	 ou	 conceito	 meu,	 pelo
contrário,	me	sinto	bem	em	me	ver	uma	mulher	digna	do	seu	amor	e	atenção.
—	Você	é	a	pessoa	certa	para	mim,	Ana.	Deus	me	disse	isso	quando	eu
esbarrei	em	você	naquele	dia.
Ele	se	inclina	e	me	beija	com	cuidado.
—	Te	amo,	Ana.	Te	amo	tanto.	Não	quero	que	sofra	com	isso,	nem	que
duvide	de	si	mesma.
—	Eu	não	farei	isso,	Mosés	—	finalizo.
Me	deito	de	lado,	subo	minha	mão	e	toco-lhe	a	face	com	carinho.
—	Você	me	ajudou	muito	a	mudar	tantos	conceitos	que	tenho	sobre	mim,
sobre	meu	corpo.	Não	sei	o	que	faria	sem	seu	apoio,	Mosés,	sem	que	estivesse	lá
para	me	fazer	olhar	no	espelho	e	deixar	aquela	mulher	triste	para	trás.
—	Só	quero	que	você	se	enxergue	como	é,	Ana.
—	Linda!	—	digo,	com	um	tom	zombeteiro.
—	Ok,	agora	está	sendo	convencida.
Rio,	mas	 quero	 chorar,	 sabendo	 que	 esse	 homem	 lindo	 e	 nu	 diante	 de
mim	transparece	algo	no	olhar	que	diz	claramente,	que	também	quer	chorar.
Mosés	é	um	chorão,	coração	mole.	Por	detrás	da	imagem	de	homem	duro
nos	negócios,	ele	esconde	um	homem	frágil,	sensível	e	gentil.	Poucas	pessoas	o
conhecem	como	ele	realmente	é.
—	Eu	me	enxergo	como	sou,	Mosés.	E	você?	Como	me	enxerga?
—	Gostosa.
—	Exceto	gostosa	e	rosadinha.
—	Bem,	eu	te	enxergo	como	a	mulher	da	minha	vida.
Fico	calada,	meu	coração	se	enchendo	de	felicidade	e	amor.	Tantas	coisas
ao	mesmo	tempo.
—	A	mãe	das	minhas	quatro	filhas.	A	mulher	que	me	ajuda	todos	os	dias
no	 meu	 trabalho	 e	 que	 no	 final	 do	 dia	 tem	 paciência	 de	 correr	 atrás	 do	 meu
cachorro	pela	casa	—	Mosés	complementa.
—	Ele	está	embaixo	da	cama	—	concluo	quando	Mike	se	enfia	lá	não	sai
por	nada.
—	Eu	a	enxergo	como	a	mulher	com	quem	quero	estar	por	todos	os	meus
dias	na	terra	—	ele	continua.	—		Alguém	que	me	faz	sentir	um	homem	melhor,
feliz.
Nego	 com	 a	 cabeça.	 Ele	 sabe	 que	 estou	 sensível	 devido	 à	 gravidez	 e
ainda	 assim,	 fica	 tocando	 nesses	 assuntos.	 Isso	mexe	 comigo,	mas	 não	 de	 um
jeito	ruim.
—	Alguém	pelo	qual	me	orgulho	pela	imensa	bondade	que	possui	em	ler
“O	Pequeno	Príncipe”	para	minha	irmã.	—	Sorrio	e	as	 lágrimas	caem	devagar.
—	A	mulher	que	está	ao	meu	lado,	mesmo	sabendo	que	eu	não	sou	perfeito.	Que
diz	que	me	ama	mais	pelos	meus	defeitos	do	que	pelas	minhas	qualidades.
Lhe	disse	isso	há	alguns	dias.
—	Então	 acho	 que	 te	 enxergo	 de	 várias	 formas.	—	 finaliza.—	Ele	 se
aconchega	 e	me	beija,	 os	 olhos	 embargados	por	 lágrimas.	—	E	você,	 querida,
como	se	enxerga?
Sorrio	entre	lágrimas,	mais	uma	vez.
—	Como	a	mulher	que	vai	te	amar	até	os	últimos	dias	dela	na	Terra,	hoje
e	sempre.
—	Sempre,	minha	Bêzinha.
—	Sempre,	meu	amor!
Tenho	certeza	absoluta	disso.
Sempre	serei	de	Mosés.
Me	reviro	na	cama.
Mosés	 se	 aconchega,	 mas	 não	 encontro	 uma	 posição	 confortável	 para
ficar	quieta.
—	O	que	foi,	amor?	—	ele	pergunta.
—	Estou	desconfortável.
vem	 nos	 ajudando	 em	 tudo	 na	 empresa.	 Com	 uma	 terceira	 pessoa	Me
ergo	e	ligo	o	abajur.	Mosés	olha	para	mim,	sonolento,	me	sento	e	toco	as	minhas
costas.	Ainda	estou	no	sétimo	mês,	faltam	dois.
Já	 faz	 uma	 semana	 que	 as	 inconvenientes	 das	 minhas	 irmãs	 estão
hospedadas	 no	 meu	 chalé.	 Aproveitamos	 essa	 semana	 para	 encomendar	 os
móveis	do	quarto	das	gêmeas	e	para	chamar	a	decoradora,	que	veio	ontem.
Foi	uma	semana	mais	tranquila,	admito,	apesar	de	ser	chato	ter	Fiance	e
Bree	em	todos	os	nossos	jantares.	Elas	não	fizeram	nenhum	comentário	maldoso
a	respeito	de	revistas	ou	do	meu	peso.	Acredito	que	tenham	entendido	o	recado,
mas	já	até	sei	que	só	irão	embora	se	arrastarem	mamãe	junto.
Safira	começou	a	fisioterapia	há	dois	dias.	O	médico	é	bem	experiente	na
área,	mas	como	vem	pela	manhã,	não	tive	a	oportunidade	de	conhecê-lo	ainda.
Polônia	nos	contou	tudo	logo	que	chegamos.
Não	lembro	o	nome,	mas	é	latino.	Mosés	esteve	em	algumas	reuniões	e
Sêmora,	 juntamente	 com	 Marcy,tudo	 fica	 um	 pouco	 mais	 fácil.	 Temos	 mais
flexibilidade,	também.
Sinto-me	 fadigada,	cansada	demais.	Ayla	disse	que	com	a	aproximação
do	 oitavo	 mês	 é	 assim	 mesmo	 e	 que	 devo	 me	 exercitar.	 Procurei	 tirar	 um
tempinho	pela	tarde	para	fazer	alongamento.	Pratiquei	sozinha,	seguindo	vídeo-
aulas	 em	 sites	 para	mamães	 de	 primeira	 viagem.	Mosés	 e	 eu	 lemos	 um	 livro,
também,	que	ajuda	muito,	sobre	a	chegada	de	múltiplos.
—	Sente	muita	dor?
—	Nas	costas.
Os	bebês	se	movem	muito	à	noite,	entã	 fico	caçando	uma	posição	para
dormir	e	não	acho.	Parece	que	de	uma	semana	pra	cá	minha	barriga	está	mais
redonda	e	baixa.
—	Posso	fazer	uma	massagem	—	meu	marido	sugere.
—	Não	é	isso,	amor.	Volte	a	dormir.	Vou	beber	uma	água.
—	Tem	certeza	que	está	bem?
—	Sim.
Lhe	dou	um	beijinho	leve	e	levanto.	Como	estou	nua,	vou	até	o	armário	e
pego	 uma	 blusa	 confortável	 de	 ficar	 em	 casa,	 notando	 que	 ainda	 tem	 muitas
caixas	para	a	pobre	Lupe	guardar.	Martina	enviou	mais	roupas	de	gestante	essa
semana,	 mas	 minha	 gravidez	 está	 passando	 tão	 rápido	 que	 duvido	 que	 vá
conseguir	usar	a	maioria	das	peças.	Confesso	que	são	roupas	bem	confortáveis,
como	camisões,	 calças	com	elástico,	blusas	 folgadas.	Quanto	às	peças	do	meu
guarda	roupa,	Lupe	está	conseguindo	organizar	aos	poucos.
Foram	tantas	coisas	ao	mesmo	tempo	que	isso	nos	lotou.	Os	acidentes,	a
mudança,	agora	a	adaptação	de	Phill	e	Safira.
Mosés	 abraça	 o	 meu	 travesseiro	 enquanto	 saio	 do	 quarto.	 Ele	 está
cansado,	 também.	 Sorrio	 logo	 que	 fecho	 a	 porta.	 Nos	 tornamos	 inseparáveis
durante	esse	tempo	em	que	estamos	juntos	e	eu	gosto	muito	disso.
Desço	sem	fazer	barulho.
Vou	para	 a	 cozinha,	 ligo	 o	 fogo	 e	 coloco	 a	 chaleira	 no	 fogão.	É	muito
bom	morar	aqui.	A	casa	é	super	espaçosa	e	eu	gosto	muito	do	silêncio	que	tem
na	localidade.	Por	ser	afastado	da	cidade,	tudo	é	mais	tranquilo	e	quieto.	Tenho
certeza	que	é	um	lugar	muito	bom	pra	criar	nossas	meninas.
Deixei	a	blusa	aberta,	Sabendo	que	Polônia	não	costuma	andar	pela	casa
a	essa	hora,	tampouco	Lupe.	Segundo	ela,	Safira	dorme	bem	à	noite.	Claro	que
não	 teremos	 descrição	 nem	 tão	 cedo,	mas	 eu	 entendo	 que	 Safira	 precisa	 estar
perto.
Às	 vezes	 sinto	 uma	 fome	 absurda.	 Agora	 com	 o	 crescimento	 delas	 na
minha	barriga,	sinto-me	um	pouco	mais	ansiosa.	Ainda	que	siga	a	dieta,	não	vou
mentir,	 fome	 é	 algo	 que	 sinto	 o	 dia	 todo,	mas	 não	 quero	me	 prejudicar,	 nem
prejudicar	 minhas	 filhas	 e	 acabar	 ocasionando	 uma	 espécie	 de	 diabetes
gestacional.	Estou	no	peso	certo,	elas	também.													
Só	quero	ver	seus	rostinhos	logo.	Quero	poder	segurá-las	no	colo	e	cobri-
las	de	beijos.
Toco	minha	barriga	enorme.
Ela	é	bem	maior	do	que	a	barriga	de	uma	gestação	de	sete	meses	normal.
De	 uns	 dois	 meses	 pra	 cá	 está	 imensa,	 arredondada,	 tem	 várias	 estrias
avermelhadas	nos	lados	e	na	parte	baixa.	Sempre	que	olho	meu	corpo,	sinto-me
diferente,	 contudo	 já	 não	 vejo	 isso	 de	 uma	 forma	 negativa.	Meus	 seios	 estão
gigantes	e	os	bicos	mais	escuros.	Com	a	aproximação	do	oitavo	mês,	estou	mais
inchada.	Meus	pés,	então...
Tudo	cresceu.
Ainda	mais	do	que	já	era,	mas...
Realmente	devo	me	importar	com	isso?	Eu	nunca	amei	tanto	meu	corpo
quanto	 agora;	 nunca	 adorei	 me	 olhar	 no	 espelho,	 porém,	 agora	 sinto-me
diferente	de	 tudo	o	que	 fui	no	passado.	Antes	de	Mosés	e	da	gestação.	 Já	não
penso	 como	 antes.	 A	 gravidez	 é	 um	 sacrifício	 muito	 pequeno,	 em	 vista	 da
recompensa	que	terei.
	
—	O	que	querem	comer,	minhas	princesas?
Olho	a	geladeira	cheia	de	folhas,	frutas,	tantas	coisas	saudáveis	que	nem
sei.	Lupe	é	um	anjo.	Muito	organizada,	deixa	as	frutas	separadas	por	vasilhinhas,
já	 prontas	 para	 o	 consumo,	 mas	 acho	 que	 irei	 ficar	 com	 os	 biscoitinhos	 sem
glútem,	mesmo.
Fecho	a	geladeira	e	preparo	meu	chá.	Pego	os	biscoitos	e	vou	para	a	sala.
Ligo	a	tv,	seleciono	um	canal	sobre	ecologia	e	fico	assistindo	a	um	documentário
sobre	baleias.
Que	ironia.
Acabo	sorrindo.
Bebo	o	chá	e	como	os	biscoitinhos	em	silêncio.	Pelo	blindex	da	parede
lateral,	 vejo	 que	 ainda	 está	 tudo	 escuro	 lá	 fora.	 A	 nossa	 casa	 é	 bem	 segura.
Mosés	disse	que	o	condomínio	é	protegido	por	vigilantes	pagos.
Tento	 relaxar	 entre	 as	 almofadas,	 mas	 o	 documentário	 me	 deixa
facilmente	entediada.	Mudo	de	canal,	tento	me	acomodar,	mas	as	minhas	costas
doem	e	as	bebês	começam	a	se	mexer	na	minha	barriga.
Ok,	a	mamãe	já	entendeu!
Me	estico,	tentando	encontrar	uma	posição	confortável.
—	Amor!
Dou	um	pulo,	meu	coração	disparado.	Mosés	 se	aproxima	com	cara	de
sono,	usando	a	calça	do	pijama	e	carregando	um	cobertor.
—	Ai,	amor,	não	me	assusta	—	digo	a	ele,	contolando	a	respiração	que
ficou	irregular	com	o	susto.
—	Desculpe,	Bêzinha.	Não	quero	dormir	sozinho.
Fecho	a	cara,	Mosés	se	senta	ao	meu	lado	e	toca	a	minha	barriga.	Nossas
meninas	chutam	bastante.
—	O	papai	chegou,	queridas.
Então	me	lembro	de	algo.
—	Você	não	me	disse	que	nome	dará	a	bebê	4.
—	Você	saberá	no	momento	certo.
—	 Está	 bem,	 meu	 amor.	 Mas	 espero	 que	 não	 seja	 um	 nome	 muito
diferente.
—	Não	será	—	afirma.
Mosés	 beija	 a	 minha	 barriga	 e	 em	 seguida	 me	 beija,	 puxando	 os
cobertores.	Tento	me	acomodar	e	ele	segue	salpicando	beijos	pelo	pescoço	e	vai
descendo	para	os	seios.	Fecho	os	olhos,	arrepiando-me	por	inteiro.
—	Faz	sete	dias,	Bê.	—	Sabia!	—	Eu	vou	ter	paciência.
—	Amor,	não	é	isso.	É	que	eu	ando	meio	indisposta.
—		Eu	entendo.	Mas	é	que	quero	muito	fazer	amor	com	você.
Eu	só	não	imaginei	que	o	meu	marido	fosse	me	cobrar	sexo	eu	estando
nove	 quilos	 mais	 gorda	 e	 inchada.	 Nem	 mesmo	 minha	 aliança	 de	 casamento
cabe	no	meu	dedo.	Ela	 está	 espremendo	meu	anelar	 esquerdo	de	 tanto	 líquido
que	estou	retendo.
—	Mesmo	 eu	 estando	 inchada	 e	 com	 a	 cara	 parecendo	 uma	 bolacha,
hein?!
—	Adoro	você	assim,	minha	princesa.	Deixa	disso.
Não	tenho	tanto	receio,	nem	vergonha.	Realmente	só	venho	me	sentindo
bem	cansada.
Mosés	segura	a	minha	face	e	me	beija.	Ele	vem	se	inclinando	na	minha
direção	e	toco	suas	costas,	sua	bundinha,	então	desce	para	o	meu	pescoço	e	abre
minha	blusa,	tomando	meus	seios,	um	de	cada	vez,	com	carinho.
—	Fica	de	lado,	amor.
De	frente	é	impossível,	penso.
Me	estico	no	sofá	e	fico	de	lado.	Mosés	puxa	a	minha	camisa	para	cima	e
se	acomoda	atrás	de	mim.	Ele	me	beija	o	ombro	e	puxa	minha	perna	para	cima,
tocando	o	meio	das	minhas	coxas.	Me	arrepio	de	cima	abaixo	com	seu	toque.	Ele
é	cuidadoso	comigo	e	é	muito	bom	fazeramor	com	alguém	que	sabe	entender
meu	corpo,	que	me	toca	com	carinho	e	tem	zelo	ao	fazer	isso.
Mosés	 se	 conduz	 para	 minha	 entrada	 e	 lá	 encaixa	 seu	 membro.	 A
sensação	de	ser	penetrada	é	tão	gostosa	que	afundo	um	pouco	no	sofá.	Ele	beija
meu	 pescoço	 e	 me	 preenche,	 procurando	 minha	 boca.	 Me	 toca,	 deixando-me
toda	úmida.
—	Assim	é	bom,	minha	Bêzinha?
—	Sim	—	respondo	simplesmente.
Estamos	sussurando.	Tento	me	mover,	me	entregando	ao	seu	toque,	aos
seus	beijos.
—	Fica	de	quatro	para	mim,	querida.	Por	favor.
—	Aqui?
—	Eu	tranquei	a	porta	que	dá	para	a	outra	sala.
—	Esperto.
Ele	me	ajuda	a	me	erguer,	me	seguro	no	encosto	do	sofá	e	me	apoio	nos
joelhos.	Mosés	tira	a	blusa	do	meu	corpo	e	apalpa	os	meus	seios,	voltando	a	me
penetrar	devagar.	Esquento-me	toda.	Beijo-o	com	suavidade,	nosso	amor	é	lento
e	quente.
Fazemos	bem	devagar,	 sem	pressa.	Meu	corpo	vai	 ficando	mais	e	mais
sensível	 ao	 seu	 toque,	minha	 pele	 quente	 enquanto	 ele	me	beija	 as	 costas,	me
tremo,	 toda	desejosa.	Sinto-me	mais	 tensa	conforme	me	aproximo	do	primeiro
orgasmo.
—	Goza	para	mim,	Bê.
Eu	adoro	quando	ele	pede.
Arfo	e	Mosés	morde	as	minhas	costas,	gemendo.	Sorrio,	me	entregando
ao	prazer	que	me	proporciona.	Ele	me	segura	e	me	beija	com	força.	Sei	que	se
esforça	para	ter	paciência.	Ele	tem	medo	de	machucar	nossas	filhas.
Aperto	as	mãos	no	encosto	do	sofá	e	meu	corpo	sobe	e	desce,	ele	rebola
dentro	 de	mim,	 tão	 gostoso	 que	 sinto	 vontade	 de	 gritar.	Me	 encolho,	 abrindo
mais	as	pernas	e	lhe	dando	acesso	para	que	faça	melhor.	Inclino-me	para	frente	e
ele	vem	entrando	e	saíndo,	fazendo	meu	corpo	dançar	num	ritmo	lento,	de	frente
para	trás,	enquanto	me	possui.
Sua	mão	toca	a	minha	sensibilidade	vagarsamente,	de	um	jeito	delicioso.
Mosés	me	 segura,	 as	minhas	pernas	 tremem	e	desfruto	de	um	orgasmo
lento	 e	 maravilhoso.	 Ele	 aperta	 os	 meus	 seios	 e	 me	 acompanha,	 gozando
comigo.	Me	agarra	com	cuidado,	geme	baixinho	e	sinto	sua	respiração	forte	na
minha	nuca.	Meus	gemidos	também	são	baixos.
Ele	fica	me	abraçando	por	mais	alguns	instantes,	até	que	suas	mãos	me
puxam	e	me	deito	no	sofá.	Ele	nos	cobre	e	tira	a	calça,	o	que	me	faz	sorrir.
—	Impossível	dormir	de	roupa,	senhor	Handerson?
—	Quero	sentir	você	juntinha	a	mim.
Me	viro	para	ele.	O	sofá	é	bem	espaçoso	e	largo,	uma	chaise.	Ele	puxa	a
minha	perna	para	cima	de	seu	quadril	e	se	aconchega,	mas	a	barriga	não	ajuda	e
sorrimos	um	para	o	outro.
—	Suas	filhas	adoram	espaço.
—	Puxaram	ao	pai.
Eu	o	beijo,	Mosés	toca	minha	nádega	e	sua	mão	sobe	para	minha	barriga.
—	Melhorou	da	fadiga?	Aposto	que	sim!
Ele	me	faz	rir,	mas	tem	razão.	Estou	bem	mais	relaxada.
—	Sim,	bastante.
—	Sexo	ajuda	—	comenta.
—	Claro,	claro...	Sexo	ajuda	muito.
—	Ayla	 disse,	 lembra?	 Podemos	 ter	 relações	 normais	 até	 quando	 você
não	aguentar	mais.
—	Logo	eu	entrarei	no	resguardo.	Um	mês	sem	sexo!
—	Acho	 que	 estaremos	 ocupados	 demais,	 preocupados	 com	 as	 nossas
quatro	filhinhas	chorando	e	berrando	à	noite.
Seu	sorriso	é	calmo,	porém	feliz.
—	Sabe...	Eu	quero	poder	niná-las.	Acha	que	elas	não	vão	me	estranhar,
amor?
—	Claro	que	não.	Elas	já	conhecem	o	papai	pela	voz.
—	Você	não	escolheu	o	enxoval.
—	Lupe	me	sugeriu	uma	loja	no	shopping.	Podemos	ir	na	terça	que	vem.
Olhei	sua	agenda,	está	menos	apertada.
—	Por	que	não	amanhã?	É	domingo!	—	ele	indaga,	parecendo	animado.
—	Tem	razão.
—	Peço	para	Ali	deixar	o	carro	pronto.	Amanhã	vamos	comprar	as	coisas
das	nossas	filhas.
E	 que	 Deus	 me	 dê	 paciência	 e	 calma	 para	 entrar	 num	 shopping,	 mas
preciso	mesmo	fazer	a	unha,	arrumar	a	sobrancelha	e	o	cabelo.
—	No	final	do	dia	podemos	ir	ao	salão?
—	Claro,	 querida	—	 concorda,	 solícito.	—	 Eu	 te	 levo.	 Vai	 ficar	 mais
linda	para	mim,	minha	princesa?
—	Com	certeza!	—	afirmo,	satisfeita.
—	Você	pegou	a	minha	carteira,	amor?	—	pergunto	ao	meu	marido.
—	Sim.
Mosés	coloca	os	óculos	escuros	enquanto	Ali	estaciona	o	carro	na	vaga.
Mexo	 na	 minha	 bolsa,	 procurando	 por	 meu	 celular,	 e	 ele	 me	 estende	 minha
carteira.	Tinha	esquecido	onde	havia	colocado.
Ir	 no	 banco	 da	 frente	 é	 mais	 cômodo	 para	 mim.	 Mosés	 sai	 do	 carro
primeiro	e	logo	em	seguida	abre	a	minha	porta.
Coloquei	um	vestido	cor	de	rosa	estampado,	com	laço	na	cintura.	É	bem
confortável	 e	 bonito,	 um	dos	 que	Martina	mandou	para	mim.	Calcei	 sandálias
abertas,	pois	meus	pés	estão	inchados	a	ponto	de	os	sapatos	não	entrarem.
Mosés	veio	com	uma	camisa	social	comum,	calça	jeans	e	tênis.	Quando
acordamos	hoje	cedo,	ele	me	pediu	que	escolhesse	a	roupa	que	ele	usaria.	Foi	a
primeira	vez	desde	que	nos	casamos,	que	mexi	em	seus	armários.	Me	espantei
com	 a	 quantidade	 de	 ternos	 e	 camisas	 que	 ele	 tem,	 e	 não	 fazia	 ideia	 do	 que
escolher.	 Tive	 que	 chamar	 a	 Lupe.	 Enquanto	 demorei	 meia	 hora	 tentando
escolher,	ela	só	entrou	no	closet	e	separou	rapidamente	uma	para	ele.
—	Levo	sua	bolsa.
Lhe	entrego	minha	bolsa	e	ele	fecha	a	porta	do	quarto.
Depois	 de	 ontem	 à	 noite,	 me	 sinto	 um	 pouco	 menos	 fadigada	 e	 mais
relaxada.	Dormi	muito	bem	no	sofá	com	o	meu	esposinho.
—	Obrigada,	amor.
Ele	me	dá	um	selinho	e	passa	o	braço	em	volta	da	minha	cintura.
—	Quando	precisar	eu	ligo,	Ali.	Muito	obrigado.
—	De	nada,	senhor.	Estou	à	disposição.
Nos	afastamos	pelo	estacionamento	e	vamos	até	a	escada	rolante.	Mosés
volta	 a	 me	 dar	 um	 beijo,	 dessa	 vez	 na	 bochecha,	 e	 posso	 perceber	 a	 sua
felicidade	em	termos	vindo	comprar	as	coisinhas	das	gêmeas.
Mosés	é	muito	diferente	do	que	eu	pensei	a	princípio.	No	começo	tudo	o
que	eu	lhe	oferecia	era	um	bocado	de	incertezas	e	um	tanto	de	medo,	e	 tudo	o
que	ele	queria	era	o	meu	amor,	uma	família	e	um	lar,	coisa	que	ele	nunca	teve	de
verdade.
Acho	que	Phill	se	esforçou	muito	para	se	aproximar	dele,	mas	ele	estava
tão	machucado	por	conta	de	Bonnie,	que	não	deixou	ninguém	se	aproximar;	não
deixou	que	ninguém	o	conhecesse	por	quem	ele	é.	Claro,	Mosés	é	muito	na	dele.
Mas	 percebo	 que	 a	 cada	 dia	 que	 passa,	 ele	 se	mostra	 um	homem	 com	muitas
qualidades.	Tem	seus	defeitos,	a	 ignorância	é	uma	delas.	Em	alguns	momentos
me	 dá	 respostas	 atravessadas,	 mas	 eu	 compreendo	 que	 não	 posso	 pedir	 um
homem	perfeito.
Pessoas	 têm	 defeitos	 e	Mosés	 é	 de	 carne	 e	 osso,	 como	 qualquer	 outra
pessoa	na	face	da	Terra.
—	Onde	fica	essa	loja,	Bê?
—	No	segundo	piso.
Saímos	 da	 escada	 rolante,	Mosés	 segura	 a	minha	mão	 e	 andamos	 pelo
shopping.
—	Gostei	muito	do	vestido,	meu	amor	—	ele	elogia.
—	Minha	barriga	está	imensa.
—	Claro.	Cada	uma	delas	está	com	quase	um	quilo.
—	Elas	serão	pequenas.
—	E	fortes.	Sadias	como	você,	minha	princesa.
Coro,	ele	sorri	e	tira	os	óculos,	colocando-os	na	gola	da	camisa.
Pegamos	 outra	 escada	 rolante	 e	 tenho	 a	 impressão	 de	 que	 somos
observados,	mas	 ignoro	 completamente.	Mosés	 e	 eu	 vamos	 logo	 para	 a	 loja	 e
logo	 na	 vitrine	 da	 vejo	 vários	macacões	 infantis	 e	 ursinhos,	 tanto	 cor	 de	 rosa
quanto	 azul.	 Entramos	 e	 uma	 atendente	 super	 sorridente	 vem	nos	 atender.	 Ela
usa	um	macacão	azul	e	coque	comportado.	Primeiro	olha	para	mim	e	depois	se
demora	olhando	fixamente	para	Mosés.
Ok,	eu	sei	que	ele	é	lindo.	Ok,	ele	chama	atenção.	Mas	podia	ao	menos
disfarçar,	né?
—	Bom	dia	—	Mosés	fala,	educado.	—	Estamos	procurando	coisas	para
meninas.
A	moça	sacode	a	cabeça,	parecendo	sair	de	um	transe,	então	ela	se	volta
para	mim,	toda	constrangida.
—	Bom	dia,	meu	nome	é	Bianca.	É	uma	menina?
—	Quatro	—	respondo.
Bianca	arregala	os	olhos	e	quase	sorrio.
—	Queremos	berços,	carrinhos...	Tudo	para	bebês,	nas	cores	 lilás	e	cor
de	rosa	—	explico.	—	Ainda	não	compramos	o	enxoval.
—	Quatro...	ok!	—	ela	repete,	espantada.	—	Vou	chamar	reforços.
—	Está	bem.
—	Queiram	se	sentar	por	favor,	senhora...
—	Handerson.
Bianca	se	afasta	e	nos	sentamos	no	sofá	que	fica	mais	adiante.	Vejo	que	a
loja	 é	 de	 departamento	 infantil,	 enorme,	 mas	 bem	 aconchegante.	 Bianca	 vai
conversar	com	outra	 funcionária,	que	usa	um	macacão	como	o	seu,	mas	esta	é
ruiva.	A	moça	faz	que

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