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Copyright © 2018, Manuh Costa Capa: Taty Lima Diagramação: Greyce Kelly Revisão: Hellen Caroline Dados internacionais de catalogação (CIP) Costa, Manuh Garota GG IV 1ª Ed Minas Gerais, 2018 1.Literatura Brasileira. 1. Titulo. É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem permissão de seu editor (Lei 9.610 de 19/02/1998). esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor qualquer semelhança com acontecimentos reais é mera coincidência. todos os direitos desta edição reservados pela autora. Dedicatória Para Felipe My Dear Prince Chegamos ontem. Mosés estacionou o carro diante de nossa nova casa e tudo o que eu queria era pular para dentro do meu novo lar, mas mamãe estava tagarelando sobre eu tomar cuidado e não correr, por conta dos bebês. A mudança ocorreu semana passada. Lupe veio em alguns dias da semana para organizar as coisas com mamãe. Como eu estava correndo na empresa com Mosés, apenas pude ajudar a encaixar tudo com ele à noite quando chegávamos, e nos últimos fins de semana. Fomos ao Central Park semana passada e tudo não poderia estar melhor entre ele e eu. Claro, Mosés está super tenso com a chegada de Safira e sua nova vida, o recomeço dela. A recuperação de Safira preocupa muito meu esposo, mas eu estou bem mais preocupada com a forma que Safira irá reagir comigo por perto e vice e versa. Só quero que ela se sinta bem em casa. Phill e mamãe vieram juntos. Mamãe não me falou mais nada sobre o assunto, mas precisa ser cego para não perceber que ela e Phill estão mesmo tendo algum tipo de envolvimento a mais, que vai bem além da amizade. Percebe-se de longe que eles estão inseparáveis. Daquele tipo de casal que possui uma cumplicidade imensa. Mas então me vi adentrando minha nova casa, em Hamptons, vendo um lago nos fundos e um jardim maravilhoso. Mike corria para todos os lados e Mosés tentava pegá-lo. Ele morre de medo que Mike se afogue ou se perca na propriedade, contudo, nosso filhote é bem obediente. Mike reconhece quando seu dono fica bravo. Ele baixa as orelhinhas e se esconde em algum lugar do nosso apartamento. Quando eu fico brava sou claramente ignorada. Ele obedece muito mais o Mosés do que a mim. Nem ligo! Mike é o meu depósito de amor e carinho, bem como sou o mesmo para ele. Sinto-me emotiva com a chegada do sexto mês, embora bastante ansiosa para conhecer o sexo dos meus bebês. Meu marido dorme toda noite conversando com eles, acreditando piamente que serão dois casais, mas não sei, sinto dentro de mim que são meninas. Ao menos três meninas. Às vezes acho que estou pirando. Minha barriga vem crescendo, está maior esse mês. Os bebês estão bem e seguros. Claro, Aila me disse que a partir do sétimo mês eu já me sentirei mais fadigada com frequência, e que a gravidez é de risco no final, mas estamos confiantes. Desde que os bebês estejam bem e saudáveis, eu e Mosés estamos felizes. — Bom dia, minha princesa. Ele toca minha barriga com zelo, beija meu ombro e se aconchega mais. Disfarço o sorriso e coloco a mão sobre a dele, sentindo os bebês começarem a chutar com força. — Bom dia, bebezinhos do papai. — Com isso eles chutam mais uma vez. Me deito de costas e ele se ergue, cobrindo a minha barriga de beijinhos. Os bebês se mexem mais uma vez. — O papai já acordou. O que querem hoje? — Panquecas! — respondo com empolgação. — Com mel e tudo mais. — Mas que mamãe mais exigente. — São seus filhos que querem. Vai negar isso para eles? — Claro que não, minha princesa linda. Vem cá, me dá um beijinho de bom dia — ele pede, me puxando com delicadeza. Eu o beijo, apalpando sua bundinha. Mosés e eu costumamos dormir nus. Gosto muito disso, pois temos cada dia mais confiança e intimidade. Ambos aprendemos muito com o casamento em todos os momentos. Sei que ele adora o meu corpo e eu não preciso me esconder dele. Não preciso imaginar que estou sendo julgada pelo meu peso, nem de ter receio a respeito de sua atração por mim como mulher. Mosés Handerson é meu marido, meu confidente e amigo, e eu sei que jamais me julgará pela minha aparência, pois ele me aceita assim como sou, e eu me amo suficientemente para me permitir amá-lo também, sem que isso pareça desproporcional em minha vida; sem que me sinta minimizada. Aprendi a me amar, a me respeitar, e nada se compara a não ter vergonha do meu próprio corpo perto do meu esposo. Não por costume nem por hábito, mas porque eu quero. É confortável e me sinto leve. Não é como antes, quando eu morria de vergonha de ficar pelada para ele. — Você bem que poderia me dar o que eu gosto hoje à noite. — O senhor só pensa em comer as coisas. — Claro. É gostoso, Bê. Custa me dar o que eu gosto de vez em quando? Pisco e Mosés sorri, com uma cara de safado que já conheço há muito tempo. — Como se eu não tivesse dado na semana passada. — Não gosta? Adoro. — Claro que gosto. Mas eu quero algo em troca. — Um carro novo? — Não! — Uma bike? — Ainda não. Enquanto falava, seguia beijando meus seios. Mosés gosta de me provocar. Ele faz isso para conseguir um "sim" muito fácil. Sabe que eu não nego quando me pede o que ele quer. Nos agradamos muito na cama e tem sido uma descoberta maravilhosa ao seu lado. — O que quer, minha deusa? — voltou a perguntar. Adoro quando me chama de deusa, princesa... Adoro ser mimada pelo meu marido. — Massagem nos pés. — Seu pedido é uma ordem, minha princesa linda. Tenho usado mais saltos depois que mudei minha forma de me vestir. Não variei muito, pois minhas roupas já estavam aqui quando decidi mudar, porém, uso mais saltinhos, sapatos fechados. Na empresa algo mais formal. — Safira chega na terça. Daqui a dois dias. — Não precisa ter medo, amor. — Eu não tenho medo. Phill está aqui, também, e ele irá nos ajudar com ela. — Mamãe também. E a enfermeira? — Foi indicação do hospital. O senhor Carsson a indicou. Carsson? Jack? — Mas ele não era um novo investidor? — Não. Jack e sim seu primo dono do hospital onde Safira está internada. Seu nome é Richard Carsson. Ele ficou sabendo que Jack é um conhecido meu, então fez questão de me indicar uma boa enfermeira. — Eu nem sabia que eram donos do hospital. — Parece que era do pai de Jack, mas ele se aposentou e passou o hospital para os dois sobrinhos. Não sei ao certo. Ele me ligou e disse que está à disposição. Poxa, que legal! — Por falar nisso, nem ele ou a menina "surplesa" deram mais as caras. — Ao que me parece, a esposa dele está prestes a dar a luz. Ele mandou um e-mail falando que virá a empresa para conversarmos logo que ela tiver o bebê. — Ele parece muito jovem. — E é só o dono da metade das ações na bolsa. Imagina quando estiver velho. — Alguém mais rico que você — comentei. — Jack Carsson é mais rico que qualquer outra pessoa que eu conheço nesse meio. Ele é um homem muito próspero, ajuda muitas pessoas. Fiquei bem surpreso pelo interesse dele na Handerson, mas como ele sempre busca novos investimentos, imagino que para ele seja apenas mais uma forma de lucrar de um jeito fácil. — Você vai vender ações para ele? — Acredito que sim. — É muito? — Só quarenta por cento. Jack quer dar as ações de presente para seu filho mais novo. — Ele tem mais filhos? — Apenas 8. Quer dizer, 9 com este que está por vir — diz ele, ironizando o número de filhos do homem. Arregalo os olhos, mais que incrédula. — Se espantaria se soubesse que ele já tem até um neto? — Poxa, mas ele é muito jovem — repeti. — Ele se casou muito cedo, eu acho. Mas Lupe me disse que ele temdois pares de gêmeos, por isso tantos filhos. — Então a esposa dele é fértil como eu. — Provavelmente. Parece que ela já entrou na casa dos quarenta. — Como a Lupe sabe tanto deles? — Lupe é uma super espiã do governo, que trabalha para mim. Nos momentos em que eu não tenho tempo para pesquisar sobre meus arquirrivais, ela dá o jeito dela de descobrir. Gargalho com essa resposta. Mosés tem um sorriso preguiçoso, divertido. — Ou seja, ela pesquisa no Google — conclui e rio ainda mais. — E ela tem contatos com Nova Jersey. — Coitada da Lupe, amor! — Coitado de mim, sem ela para cuidar dessas coisas — rebate ele. — Agora ela terá uma folga, pois você será minha espiã do governo. — É mesmo? — Com certeza! Afinal de contas, é a senhora Handerson. É seu dever cuidar dos meus interesses. — Não algo tão banal, amor. — Não é banal. De fato, nem sempre conto com tempo para essas coisas. Preciso sempre achar bons investidores, a empresa está crescendo e a minha família também, então um sócio não é uma má ideia. — Então... quer dizer que irá vender metade da Handerson só porque nos casamos? — Não da rede, mas apenas de uma filial. A que me sobrecarrega mais. — Nova York! — Sim — concorda. — Tendo um sócio de confiança lá tomando de conta de tudo, eu poderei ficar mais em casa com você e as crianças. Poxa. — Amor, não... — Ana, não me diga que foi uma péssima escolha. Claro que você e eu iríamos trabalhar todos os dias e a distância não seria um obstáculo, mas acontece que agora teremos outras prioridades. Eu nunca tive uma família de verdade. Quero criar os meus filhos de perto, acompanhar a infância deles... Quero que eles sejam muito felizes. Não tenho o que falar. — Quero acompanhar desde a primeira papinha até os primeiros passos — ele continuou. — Quero ir às peças da escola e a tudo isso o que eu nunca tive. E com a empresa em expansão, tudo o que terão é a minha ausência. Nossos bebês precisaram muito de você, mas eu quero ser um bom pai. Realmente, quatro bebês é muito! — Com Safira precisando de nós, as coisas serão mais puxadas e você ficará cansada. Por isso quero meu escritório aqui em casa, para ter mais tempo para vocês e ela. Nos casos em que teremos que viajar agora no começo, não colocarei três diretores para viajar no meu lugar em nome da empresa. Depois que eles estiverem bem maiores e Safira mais recuperada, aí sim pensarei nisso. Mosés quer fazer tudo de forma que me ajude e que nossos bebês fiquem bem, assim como Safira. — Você é um excelente pai, Mosés. Seus olhos azuis me analisam em silêncio. Ele deita ao meu lado com a mão pousada em minha barriga e olha para o formato mais arredondado de meu ventre. O lugar onde nossos bebês estão guardadinhos e seguros. — Eu quero mais quatro — fala assim, do nada. Fixo o olhar nele e acerto o travesseiro bem no rosto. Meu marido dá uma risada alta e gostosa com isso. — Ora, mas isso é uma afronta. — Moisés, não me provoque em pleno domingo. — Mas... Você disse cinco, Bê. — Você tem cada ideia. — Poxa! — lamenta-se de brincadeira. — Achei que ganharia de Carsson. — Sente-se e espere, Handerson. Me ergo, ele vem beijando as minhas costas e pescoço. Não estou brava e também sorrio por essa conversa. Nem sei como faríamos com mais bebês, quatro já é demais para mim. — Poxa, mas que esposa brava que eu tenho. — Tem mesmo! — confirmo. — Que bico mais manhoso, Bêzinha. — Quero minhas panquecas. — Sem açúcar. — Que seja. Saímos da cama, Mosés vai até a mala e a pega. Abro a porta que dá para a sacada e respiro fundo, admirando pela milésima vez a vista maravilhosa do verde diante dos meus olhos. O lago mais adiante, árvores... E assim o dia se inicia lindamente. Nada como acordar longe do barulho, num lugar só nosso. — Tudo vai dar certo, amor — digo ao sentir seus braços me envolverem com carinho. — Nossos bebês nascerão saudáveis e Safira ficará bem. — Eu sei que sim. — Tenho certeza disso. Toco minha barriga e a observo em silêncio. É, ela cresceu muito. Mosés foi buscar Safira, mamãe e Phill estão na sala vendo Tv. Chegou o grande dia. Acordei fadigada hoje e um pouco enjoada. Nas últimas semanas eu não vinha sentindo tanto enjoo, mas culpo minha ansiedade quanto a isso. Acredito que é a expectativa da chegada de Safira. Uma ambulância já está a caminho e Ali acompanhou meu marido. Estou bem nervosa, pois me preocupo com o bem estar de Safira. O quarto dela será o primeiro do corredor, ela terá uma cama específica e toda a assistência necessária, mas graças a Deus ela não precisará ficar ligada a nenhuma máquina. Ela terá que contar com a ajuda de uma enfermeira que cuidará de suas necessidades básicas, um fisioterapeuta, uma fonoaudióloga e terá um acompanhamento quinzenal com médicos do hospital, que virão atendê- la em casa. Mosés tomou todas as devidas providências e o próprio Richard Carsson se dispôs a arrumar esses funcionários do hospital para Safira. Mosés mandou milhares de agradecimentos durante a semana, mas ainda não nos parece o suficiente. Ainda não o conheço pessoalmente, porém, só de nos ajudar e ser tão prestativo, já sinto-me grata imensamente. Descobri o endereço dele em Nova Jersey - ele é de lá - e enviei flores direcionadas à sua família. Mosés me mandou uma mensagem falando que já estavam na metade do caminho. Ele saiu logo após o almoço para buscar Safira e eu estou estou deitada desde então. Acordamos um pouco agitados hoje e devido a isso não fomos trabalhar. Percebia que durante todo o tempo meu esposo estava um tanto ansioso. Eu também estou e por isso preferimos que apenas ele fosse buscá-la. Mosés quer que os bebês e eu fiquemos bem. Ele tem receio que, pelo fato da gravidez estar próxima do fim, esses acontecimentos me causem algum impacto. Concordei porque sinto-me um pouco mais cansada esses dias. A mudança acabou comigo. Verifico as minhas mensagens e logo vejo as notificações no chat irem aparecendo, uma embaixo da outra. Sêmora. "Ela já chegou?" "Ei! Jammie e eu também somos da família" É evidente que eles estão juntos, parece que só os dois não percebem. Sêmora faz tudo com ele. Vão ao cinema juntos, ao shopping. De um mês para cá, desde que ele se mudou, Sêmora tem sido a melhor amiga dele. Alguém que o ajuda com os meninos, e nos fins de semana está com ele, Júnior e Lion, passeando pelo shopping. "Queremos vê-la" "Bea, responde. A Safira já chegou?" Respondo-a de uma vez, enviando também uma mensagem. "Ainda não. Como está o marido?" Ela detesta quando me refiro a Jammie assim. Sêmora realmente o considera um amigão de verdade. Às vezes me sinto até jogada de escanteio, pois desde a mudança dele, ela tem ido ficar mais em seu apartamento do que vem ao meu. Ela não me ajudou com a minha mudança tanto quanto eu gostaria, e como estamos trabalhando bastante na empresa, não temos tido tempo para conversar nos horários de almoço. "Estamos curiosos. Fala logo" "Ai! Ela não chegou ainda. Não me deixa ainda mais ansiosa" "Ok, desculpe! E os meus afilhados?" "São meninas" "Me deixa" Sorrio. Ela e o Mosés insistem demais que são casais. Chega a ser chato ficar discutindo com ambos sobre isso. Eu sei que são quatro meninas. Sinto que sim. "Elas estão bem, titia Sêmora" "Ai, Rainha Bê. Não vejo a hora de ver os rostinhos deles" "Eu também" Fico me derretendo em pensar nos meus bebês. Acho que esse mês conseguiremos ver os sexos. Ayla disse que eles estavam em posições difíceis de ver, no último ultrassom, então semana que vem retorno. Também teremos que ir à Beth, que tem sido maravilhosa conosco, bem como na semana seguinte à nutricionista. "Podemos visitar vocês?" Ela pergunta. "Claro. Podem vir amanhã" "Júnior está com saudades" "A mãedeles não deu notícias?" "Não. Jammie me disse que ela não atendeu às chamadas quando os meninos queriam falar com ela, mas eles estão se conformando" "Claro. Encontraram uma nova mãe" "Eu já lhe disse que o corno manso e eu somos apenas AMIGOS" "Amigos não dormem juntos" "Os meninos estavam lá" Ela apela sempre. Não consigo não rir quando Sêmora apela. "O corno sabe que eu o respeito como amigo" "Mas ele tentou beijá-la que eu sei" "Quem lhe disse isso?" "O melhor amigo dele" Mosés e Jammie vêm conversando bastante. Meu marido às vezes me fala das conversas que tem com o "quase amigo" de Sêmora. Jammie é bem mais aberto que meu esposo para essas coisas, contudo, Mosés me disse semana passada que Jammie havia contado que quase beijou Sêmora. Ela fica se fazendo de sonsa, mas imagino que a amizade é verdadeira a ponto de ela talvez ter medo de se envolver. "Jammie e eu somos amigos" "Está bem, Sêmora. E quando ela chegar eu aviso" Prometo para tranquilizá-la. "Tá! Cuida bem dos meus afilhados" "Pode deixar. Te amo" "Também te amo, amiga" Bloqueio o celular e desço para o andar de baixo. Vou de fininho e pego mamãe e Phill de mãos dadas vendo tv. Ela não comentou mais comigo, mas sei que estão juntos. Acho que mamãe está esperando Phill fazer um comunicado formal, e que ele só está aguardando que Safira fique melhor para falar. Suspiro. Vê-los juntos é tão bom. Mamãe está mais feliz, assim como Phill. Ela está mais tranquila, revigorada, longe da sobrecarga e do estresse que as minhas irmãs geram em sua vida há anos. Isso meio que foi culpa dela, pois não soube impor limites. Contudo, Bree e Fiance não querem crescer porque sabem que é mais fácil para elas contarem com mamãe do que encararem a vida adulta de frente, coisa que fiz desde que papai morreu. — Eles formam um casal muito bonito, não é mesmo, menina Ana? Não me assusto com a voz mansa de Lupe. Ela me estende uma xícara de chá quentinha, sorrio e agradeço. Lupe tem sido maravilhosa conosco e nos ajuda em tudo desde que nos mudamos. Ainda não tive nem tempo de arrumar meu guarda-roupas direito, mas Lupe já está organizando as coisas aos poucos. — Sim, eles combinam muito — cochicho de volta. Lupe vai para o rumo da cozinha e eu observo em volta. Desde que me mudei para cá, não tenho tido muito tempo para ficar em casa. Mosés e eu temos ido para a empresa todos os dias. Claro que não é tão rápido de chegar quanto quando eu morava em Nova York, mas apesar do tempo que levamos de carro, temos tido idas e voltas bem tranquilas. Ali nos leva e nos traz todos os dias. Bebo meu chá e sinto os bebês chutando em meu ventre. Eu o toco com cuidado e vou para a sala. Mamãe não se afasta de Phill, nem ele dela. Ele usa um terno cinza simples e mamãe um vestido comprido estampado. Ela até está maquiada. Ambos estão muito entusiasmados pela chegada de Safira, aliás, Phill ainda não a viu desde que tudo aconteceu. Me sento na chaise e arrumo minha blusa no corpo. Tomei um banho e vesti uma calça leve de moletom, uma blusa folgada e deixei meus cabelos de lado. Sinto-me mais a vontade que nunca, aqui. A casa é maior e longe do barulho da cidade grande, e é um privilégio acordar todos os dias e olhar para uma visão tão perfeita quanto um lago. — Você está meio pálida, B. — Enjoo — digo simplesmente. Bebo um pouco mais de chá, me acomodo entre as almofadas, mamãe chega mais perto e dá tapinhas em minhas pernas. Reviro os olhos e tomo o resto do chá. Deixo a xícara no centro e me estico no sofá espaçoso, coloco a cabeça em sua coxa e ela me beija a testa. Entendo porque as minhas irmãs gostam tanto de ter mamãe por perto. Ela foi carinhosa comigo em certa época de minha infância, mas isso acabou. Já com as minhas irmãs ela sempre foi bem afetuosa. Agora ela está fazendo o mesmo por mim. — Como eles estão? — Chutando cada dia mais. Mamãe toca minha barriga e sorri, toda orgulhosa. — Suas irmãs ganham em dois meses. — A senhora tem que ir para lá. — Eu irei mais pra frente. — Conversou com elas? — questiono com curiosidade. — Sim — responde ela. — Bree e Fiance entendem que tenho que viver a minha vida. — É mesmo? Com o Phill? Bocejo. — Perto de você, que também é a minha filha e merece um pouco de atenção. — Mas elas são mais novas e adotivas... Enquanto argumento, meus olhos se fecham. Tenho a impressão de que logo vou adormecer. — Você é minha filha também, B. Chá de camomila, enjoo, cansaço... Hora da soneca. Acho que eles me chamam logo que Safira chegar. Acordo com um beijinho leve. Pisco e olho em volta, bem surpresa pelo fato de a sala estar parcialmente escura. Mosés está agachado diante de mim, usando uma camisa social e calça jeans, a mesma roupa que colocou mais cedo para ir buscar a irmã. Ele toca minha barriga e me dá outro beijinho, que retribuo ainda sonolenta. Toco-lhe a face e nosso beijo é lento, o carinho estampado em seus gestos, em seu toque. — Ocorreu tudo bem? — pergunto, fitando-o. — Ela está bem? — Sim. Chegamos há algumas horas, mas não quis que a acordassem, você dormia feito um anjo, minha Bêzinha — fala baixinho. — E essa barriguinha de fora, hein?! — Acho que mamãe estava aqui quando adormeci. Onde ela está? — Papai e ela ficaram com Safira o resto da tarde. Minha irmã ficou muito emocionada ao ver meu pai. — Deveria ter me acordado, meu amor. — Foi um momento deles. Deixei sua mãe no quarto e saí. Fiquei com medo de ele passar mal. — E como foi? — Ele chorou bastante e pediu desculpas. Segundo sua mãe, ele está bem. Safira já tem sua enfermeira e começará com a fisioterapeuta amanhã. — Mas ela está bem? — Sim. Você sabe que ela ainda não fala, mas faz pequenos gestos com o olhar e com os dedos das mãos, às vezes. — Ela vai ficar bem, meu amor. — Também acredito muito nisso. Eu via seu olhar de felicidade quando fomos buscá-la no hospital, Bê. Safira ficou muito feliz em ver papai. — Que bom que Phill está bem, amor. — Lupe já serviu o jantar para os dois. A enfermeira que cuida de Safira é uma mulher bem experiente na área. Ela se chama Polônia. — Bom. — Vem. Vamos jantar? — Ai, amor eu não estou com fome. Meu estômago está péssimo... — Vem logo — ele insiste. Mosés está confiante. Levanto sem reclamar e suspiro. Ele me olha de cima abaixo, então sorri. — O que foi, hein? — Observando a mamãe mais gostosa do mundo. — Ai, vem cá. Me beija, vai! Envolvo-o pelo pescoço e nos beijamos. Não resisto e toco sua bundinha por cima do jeans. Mosés acaricia minha barriga com cuidado. — Está cansadinha, meu amor? — Um pouco. Ele me beija o pescoço e o ombro, puxando a gola da blusa para longe. Fecho os olhos e arrepios bons se espalham por meu corpo. Mosés me fita. — Estou feliz, amor — confessa. — Enfim as coisas estão se acertando. — Semana que vem saberemos o sexo dos bebês, papai. Seu sorriso é aberto e vivo. — Confirmar, a senhora quer dizer, certo?! — Aham! Que são menininhas — provoco e ele não deixa de sorrir. — Sabe que eu pensei muito nisso, minha princesa?! Eu literalmente teria que mandar colocar cercas de espinhos na propriedade até elas completarem oitenta anos. Não quero ninguém se aproximando das minhas filhinhas — diz, pensativo. — Seu ciumento. Mordo-lhe a boca e Mosés faz cara de safado. — Podemos resolver isso na cama mais tarde, senhora Handerson. — Claro, claro. Mas eu quero que faça o que eu gosto. Aperto sua bundinha e me afasto, é quando escuto o som de um estalo e logo em seguida minha própria bunda arde, mas não dou a mínima. Eu o olho cheia de malícia. — Bate nela, Handerson. Mais tarde não vai ter! Ele para de sorrir e se aproxima, mas lhe dou as costas e saio andando. — Bêeeeeee! Adoro quando ele fica choramingando. — Vamos jantar — falo, sorrindo. — Você vai reconsiderar, não é mesmo? — Vou pensar! — Não tem o que pensar. Mais tarde ela é minha. — Veremos!Entro no quarto de Safira. Mamãe abriu as cortinas e a enfermeira dela já cuidou de colocar a sonda e de banhá-la. É uma senhora de uns cinquenta anos, com olhos claros e cabelos loiros, também claros. Baixinha, porém parece ser dessas mulheres bem dedicadas. O olhar verde me atinge em cheio. Sorrio e me aproximo da cama, Mosés vem atrás, carregando as flores que pediu para ela. Mamãe e Phill estão na cozinha com Lupe, conversando sobre o almoço. Esta é a primeira vez em dias, que vejo Safira. A visitei quase um mês atrás e desde então não tive tempo de retornar ao hospital. Mostro os balões da Minnie e do Mickey que eu comprei para dar pra ela, encho uns outros balões cor de rosa e noto que Safira ainda está bem pálida, a aparência continua de alguém debilitada, mas tiraram a faixa da cabeça dela, que agora está raspada e tem pontos. Como teve traumatismo craniano, ela passou por diversas cirurgias. As pernas nós sabemos que ela não conseguirá mover, mas já não é tão dependente de medicamentos. Agora ela terá que lutar para conseguir se adaptar à sua nova vida. — Bem vinda, Safi! — digo e me aproximo da cama. — Bom dia! — Mosés exibe as flores que comprou para a irmã, que Ali trouxe da cidade hoje cedo. — Para você, Safi. Safira não responde, mas não me sinto frustrada. Nós já sabíamos que seria assim até que ela comece a reagir ao tratamento com a fonoaudióloga. — Vou amarrar na cabeceira da sua cama nova. Tenho certeza que gostou do quarto. Decoramos o quarto de Safira em tons de branco e rosa, que tem uma sacada com vista para o lago bem como o nosso quarto e é bastante espaçoso. Como ela passará todos os dias daqui em diante no cômodo, queremos que ela se sinta bem. Amarro os balões na cabeceira da cama e me sento na cadeira ao lado. Mosés fica em pé ao meu lado, segurando o buquê. Ele sorri enquanto olha para a irmã. — Acho que já percebeu que a Ana está grávida, não é mesmo, Safi? Queremos que você fique boa logo para que possa brincar com os bebês. São quatro. Ele toca a mão dela e depois a ergue, beijando o dorso. Eu sei o quanto tem sido difícil para ele lidar com tudo o que houve. Com o acidente e agora com a recuperação dela. Tudo aconteceu muito rápido, mas graças a Deus, tanto ela quanto Phill estão bem. Dentro do possível, claro. Ela pisca e me olha. Estendo a mão e seguro a dela. Os bebês chutam e coloco sua mão sobre meu ventre. — São seus sobrinhos falando "oi", Safi. Eles querem que fique bem logo. — Ela ficará bem — garante a enfermeira. — Safira já consegue mexer as mãos. É questão de tempo para ela reaprender a fazer tudo. Polônia. Este é o nome dela. — Obrigada, Polônia, por todo auxílio. Sinta-se em casa. Ela ficará a semana toda por conta de Safira e aos fins de semana mamãe cuidará dela. Ela mesma se ofereceu, já que é enfermeira. Nestes dois dias Safira ficará sob os cuidados de mamãe, mas eu, Mosés, Phill e Lupe, todos queremos que ela se recupere com nossa ajuda. — Eu que agradeço, senhora Handerson. Coloco sua mão no mesmo lugar da cama e no mesmo instante sinto um aperto muito suave entre os meus dedos. Eu a fito, bem mais que surpresa. — Ela está mexendo a mão na minha — digo, feliz. —Amor, ela está apertando meus dedos. — Isso é muito bom. — Mosés sorri para Safira. — Logo ficará boa, Safi. Sorrio, incrédula, me inclino e beijo a testa dela. — Você vai ficar bem logo, logo. Estou feliz por Safira. Sei que aos poucos ela irá se recuperar e mal vejo a hora de vê-la boa para que possamos conversar. Quero explicar para ela sobre como tudo aconteceu. Tenho certeza de que até lá ela perceberá que eu não sou nada do que Viviane lhe disse. Desperto com um toque suave na barriga. Ele beija o meu ombro e a curva do meu pescoço, seus beijos são quentes, úmidos, minha pele toda se arrepia com sua respiração. Me viro na cama e me deito de costas, meu esposo enfia a mão dentro da minha calcinha e me acaricia com cuidado. Ele tem sido mais carinhoso comigo ultimamente. Minhas mãos se enfiam em seus cabelos, nossas bocas se encontram num beijo gostoso. Adoro quando ele me acorda no meio da noite para fazer amor. Toco seus ombros e suas costas, busco sua língua devagar e sem pressa. Ele puxa minha calcinha para baixo e ergo as pernas para que ele a tire. Sua boca desce até meus seio e ele os chupa, a língua se enroscando em cada biquinho e me provocando mais e mais. Mosés me excita muito quando brinca com meus seios. Abro um sorriso bobo quando o puxo para minha boca e o beijo. Toco sua face e meu corpo sobe quando ele me penetra. Mosés entra bem devagar e beija meu pescoço enquanto o faz. Minha pele se ouriça ainda mais quando ele se ergue e se move dentro de mim, enquanto eu deslizo as mãos por suas costas e aperto sua bundinha com força. — Gosta da minha bunda? — pergunta baixinho. — Sim. — Minha voz possui um tom baixo, também. — Muito. — Toque onde gosta, querida — pede num sussurro. — Você faz muito gostoso — digo, me abrindo mais para ele e aperto sua bunda com mais firmeza. — Adoro quando faz assim comigo, amor. — Gosto de te sentir — fala e me beija, entrando mais. — Ah, Bê, que vontade de fazer um estrago. — Faça — peço. — Nada de barulho! Não estamos mais sozinhos. Faço que sim com a cabeça e o beijo. Mesmo ele me tomando lentamente, acho ótimo. Estou sensível e posso sentir sua firmeza por completo quando me preenche. Minhas mãos sobem e descem por suas costas, assim posso sentir cada músculo de seu corpo com a ponta dos dedos. Conheço muito bem o corpo do meu marido e adoro cada parte dele. Ele não é dos mais musculosos, mas tem tudo no lugar. Engordou um pouquinho desde que nos casamos, mas está ótimo assim. Aperto os olhos oprimindo o gemido que se forma na minha garganta, mordo a boca dele e Mosés geme baixinho, despertando em mim um desejo ainda mais intenso. Eu o empurro e monto em cima dele, abrindo as pernas e colocando-o dentro de mim novamente. Sento, colocando a mão na boca para não fazer besteira. Me apoio nos joelhos e escuto o som do abajur sendo ligado. Ele gosta de ver. Puxo sua mão e a coloco em meu seio, enquanto me movo devagar. Subo e desço rebolando em cima dele, Mosés se acomoda entre os travesseiros e me olha, seu olhar se prendendo em cada mínimo detalhe do nosso sexo, do meu corpo. — Isso é muito bom — fala e suas mãos apertam os lados das minhas coxas. — Você é muito gostosa. Seguro em seus antebraços e me movo mais rápido, ele fecha os olhos e afunda a cabeça entre os travesseiros. Suas mãos apertam minha cintura, me enchendo de tesão. Mosés está mordendo os lábios e fazendo um biquinho sacana que me deixa louca. A cama começa a fazer barulho, o som do nosso sexo se espalha pelo nosso quarto, mas não me importo, meu corpo todo se treme com a aproximação do orgasmo. Ele me segura pelos quadris e me acoco sobre ele, que depois começa a meter com força dentro de mim. Meu corpo pula com as estocadas. Porra! Seus lábios gesticulam e me seguro nos joelhos, recebendo mais e mais metidas. — Bê... — sussurra, torturado. Me encolho e me movo mais rápido, meus quadris dançando nos dele. Mosés aperta a minha bunda por baixo do meu corpo, então ele a arranha com tanta força que solto um gemido. Paro, mas ele não. Continua metendo mais e mais em mim. — Isso. Faz em mim, bebê, goza em mim! Meus orgasmos se intensificam e oprimo o grito, arfando. Não consigo controlar o gemido, me movo com ele, encontrando seu prazer, que se propaga por cada centímetro da minha pele. Estremeço e fico recebendo seu prazer em meu corpo, quente, gostoso. Meus quadris ainda se movem bem devagar enquanto gozo, as mãos dele apertam meus seios e ele me olha totalmente vermelho e suado. Fico assim por alguns momentos,fitando-o, e me sinto um pouco boba por querer sorrir, por ver em seu olhar o quanto está feliz e satisfeito como eu estou. Fazer amor com ele sempre é excitante e maravilhoso. Vou para o lado e me deito de costas. Ele se aconchega, deitando-se de lado e me abraçando, então toca a minha barriga. — Não fizemos tanto barulho, afinal. — Ele me olha e acaricia a minha face. — Tudo bem, meu amor? — Muito bem. — Sorrio e o abraço. — Te amo. — Eu também te amo, Ana. — Meu marido beija a minha cabeça e pergunta. — Quer tomar um banho? — Acho que não. — Me estico. — Poxa, foi tão bom. — Foi? A senhora não sabe fazer um amorzinho lento sem me atiçar, não é verdade? — Mas eu nem fiz nada! — defendo-me, fingindo inocência. Ele sorri. — Basta que faça aquela cara de safada que eu não consigo resistir. — Amor, eu sou um anjo. — Verdade... Minha anjinha que cuida de mim e me tolera. — Estou feliz que tudo enfim esteja ficando bem. — Eu também. Não tenho nem mais palavras para agradecer por todo carinho que você vem tendo com a Safira. Seus lábios me roubam um beijo suave. — Adoro isso em você, Ana. Você sempre é uma mulher de coração enorme. — Acho que já viu o meu tamanho, não é verdade? — Adoro o seu tamanho, principalmente da minha rosadinha. — Gosta de ver! — Sim, vai ficando vermelhinha... — Mosés, pare de falar da minha genitália como se ela fosse um desenho animado! — Ela é uma obra de arte. Rio. Ele tem cada ideia às vezes. Mosés e eu estamos aprendendo muito um sobre o outro, assim como os costumes. Descubro sempre mais e mais várias coisas sobre ele, que vão me fazendo rever meus conceitos. Ele é engraçado, gentil, educado, bem como às vezes é meio frio, distante, sério demais, mas nunca pensei - de verdade - que ele fosse ser um cara tão legal como tem sido. Defeitos? Ele tem demais, assim como eu também tenho. Mas ele é tão mais carinhoso e atencioso que eu no nosso relacionamento, um aspecto que venho tentando melhorar. Dar mais carinho e atenção para ele é o que tenho tentado fazer, a cada dia. Ele trata Phill com muito respeito, daqueles tipos de filho que o pai adora ter por perto. Em relação a mamãe, está sempre disposto a agradá-la em tudo, se mostrando muito atencioso e bom para ela. Também vejo muito disso em mamãe. Ela gosta dele e vice e versa, diria até que o admira muito. Esses meses tem sido um laboratório para mim em todos os sentidos. — Eu gosto da nossa intimidade, Ana — diz, sem graça. — Eu nunca fui brincalhão nem nada... Bem, teve a fase da faculdade, mas não é a mesma coisa. Me sinto bem em brincar com você. É a minha forma de fazê-la sorrir, já que desde que nos conhecemos temos vivido de altos e baixos. — Vivemos muito bem — me pronuncio. — Eu prefiro que tenhamos passado por tudo aquilo do que você não ser você mesmo, mentir ou omitir algo. Odiaria que fosse diferente. Tudo bem, temos problemas, mas o importante é que sempre estamos tentando resolver. E sobre brincar, pode sempre brincar, meu amor. Eu falo assim porque fico meio constrangida. — Não deve ter vergonha. — Não é bem vergonha, mas é meio controverso. — Por quê? Olho para o teto. — Tudo em mim é bem maior, e eu sempre me senti enorme, mas com você eu me sinto tão bem, parece que me leva para longe de tantas coisas, que meu peso se torna algo irrelevante. — Porque é — garante. — Seu peso nunca irá te limitar, Ana. Sabe por quê? — Porque eu sou linda e super gostosa, casada com um cara legal, educado e rico? Mosés ri da rapidez na qual respondo e nego com a cabeça. — Não é isso — digo. — Ainda não é. Eu apenas me sentia tão pesada, mas hoje vejo que não era exatamente pelo meu tamanho e isso é tão louco. — Por que se sentia pesada? — Porque eu me lotava das coisas pesadas que as pessoas falavam a respeito do meu peso e ia me enchendo desse pré conceito, dessas opiniões, e aquilo me tornava alguém cheia de dor, rancor e mágoa. Aquela carga que eu carregava era mais pesada do que o meu peso em si. Sentia-me enojada de mim mesma, Mosés. — Ainda bem que isso acabou, amor. — Sim, hoje eu estou tentando muito filtrar. Chego a conclusão de que não me importa o que as outras pessoas pensem ou falem sobre o meu peso, eu sou feliz assim. Sabe que eu até pensei em fazer dieta e... — Ana, não começa! Se você emagrecer eu te dou um pé na bunda bem servido. Franzo a testa, incrédula em ouvir esse revoltado falando ao meu lado. Mosés tem o semblante irritado. — Olha, eu não quero que você perca peso demais depois da gestação. Gosto muito do seu corpo. Você pode perder os quilinhos que ganhar por conta dos bebês, mas não quero que emagreça demais. — Você é muito controverso! — acuso. — Por quê? Eu não tenho o direito de gostar do seu corpo? Acho que você está sendo preconceituosa! Contrariada, sorrio. — Ah, é? E por que o senhor namorou com super modelos a vida toda? — Porque elas eram para mim, ora. — E por mim o senhor se sente só atraído? — Eu quero a minha gordinha desse jeito, por dentro e por fora! — Eu posso gravar isso? Mosés Handerson falando que quer uma gordinha abertamente e que não deseja que ela emagreça! — Ana, já não havíamos falado sobre isso? Amor... — Amor, eu sei. Poxa, foi apenas uma pergunta. Entendo que você viveu o que tinha que viver no passado, e me sinto super lisonjeada com o que você falou, mas eu ia falar que estava pensando em fazer uma dieta recomendada por Ayla depois que eles nascerem, assim, não vou mentir que se eu perder alguns quilinhos, ficarei bem feliz, mas se não perder, tudo bem. Não vou me preocupar, pois minha prioridade serão os nossos bebês e você. — É bom mesmo — resmunga e desliga o abajur. — Vem cá, minha princesa. Me dá uns beijinhos. Manhoso. — Carente. — Carente da minha Bêzinha! Me aconchego e nos beijamos. Eu não me preocupo mais com o meu peso nem o que ele representa para mais ninguém. Comentei apenas por comentar, mas é muito bom saber mais uma vez - e confirmar -, que Mosés me quer desse jeitinho, sem tirar nem pôr. Sou uma garota GG, amada, aceita e desejada. Primeiramente por mim, depois pelo meu esposo e pelas pessoas que me cercam em minha casa. E Estou muito feliz com isso. — Prontos? Mosés aperta a minha mão e fazemos que sim com a cabeça para Ayla. Entrelaço os dedos nos dele, nossos olhares estão no monitor. Mesmo que eu não entenda, quero estar olhando para lá quando Ayla começar a falar os sexos dos bebês. — Bebê 1... menina! — Isso! — comemoro com um movimento com o braço e Mosés se endireita na cadeira. — Bebê 2... menina, é óbvio. Mesma placenta — Ayla fala, oprimindo a risada. — Calma. Ainda faltam mais dois — Mosés reclama, mas está visivelmente emocionado. — O papai já ama as duas. Me mantenho quieta, Ayla mexe o aparelhinho na minha barriga e depois começa a rir, então Mosés suspira, derrotado. — Nenhum? — questiona. Ayla faz não com a cabeça. Sabia! — Eu sou muito boa — digo, toda feliz. — Te disse que eram todas meninas. — Eu poderia sonhar um pouco — resmunga, mas sei que não está bravo. Ele sorri. — Poxa! — Quatro menininhas para o papai morrer de ciúmes — brinco, alegre. Meu marido beija a minha mão e Ayla continua o ultrassom, enquanto eu continuo a sorrir, toda contente. A todo instante ouvindo-a falar das bebês 3 e 4, ela mostra o desenvolvimento das gêmeas e em cada placenta. No final do ultrassom eu estou muito aliviada por elas estarem com o peso certo e tamanho certo para a idade. Ela puxa minha orelha por não praticar exercícios e prometo que desse mês não passa. Segundo Ayla, parto de múltiplos costuma ser mais cedo. Eles nascem prematuros e isso é um risco e tanto para a mãe, assim como para os bebês. Por isso devo me cuidar e tratar de fazer exercícios para que no momento do parto, esteja fisicamente bem. Já sabemos que nascerãode cesariana. Se fossem gêmeas até que tentaríamos normal, mas parto de quatro é complicado. Temos nosso plano de parto montado e se der tudo certo, eu as terei saudáveis e bem em casa, no tempo e na hora certa. Mosés me pega pela cintura quando saímos do consultório e me dá um beijo quente. Ainda continuo demonstrando o quanto estou radiante. Sempre soube que eram meninas, mas confirmar é maravilho. Com isso, toco minha barriga. — Talvez eu as deixe namorar depois que elas estiverem completando 50. Ele morre de ciúmes, não tem jeito. Mas está muito feliz, embora torcesse para ter um menino. No entanto, o que importa para nós dois é que eles venham com saúde. Ambos estamos muito felizes. Andamos de mãos dados até Ali, que nos espera no estacionamento. Iremos para a empresa, mas ficaremos só por meio período. Estamos ficando mais em casa por conta de Safira e Phill. Não por preocupação, mas porque queremos acompanhar esse começo de perto. A nova assistente está ajudando as meninas e o diretor de confiança cuidando de algumas reuniões no lugar de Mosés. Vesti uma calça de malhar e uma bata mais folgada - minha barriga está deixando todas as minhas calças justas demais -, também um casaco por cima da bata. Ali abre a porta logo que nos aproximamos e entro. — São meninas, Ali. — Que sorte, chefe. Mosés não deixa de sorrir ao ganhar um curto abraço de seu motorista. Ele entra no carro e coloca a mão em meu ventre, sorrio e lhe dou um beijinho. Sei que ele está feliz mas... — Quem sabe numa próxima, amor?! Ele me encara, bem surpreso. — Sério? — É... — respondo. — daqui a uns seis anos, talvez. Meu esposo sorri com esperança. Eu sei que Mosés quer uma grande família e que seu sonho se constrói a cada dia ao meu lado, se tornando nosso sonho. Mas acho que temos que ir com calma, afinal, quatro bebês darão trabalho demais para nós dois, ainda mais quatro meninas. — Mas estou muito feliz, meu amor — ele argumenta e me beija. — Quatro menininhas, lindas como você. — Elas serão bem recebidas pelo papai mais babão do mundo — respondo, abraçando-o. Ganho um beijinho no pescoço e ele puxa o cinto, colocando em mim. Deixo minha bolsa de lado e me acomodo, então Mosés prende o cinto em sua cintura e segura a minha mão, entrelaçando os dedos nos meus. — Então... Rosa. Certo, senhora Handerson? Penso por alguns instantes. — E lilás — completo. Chegamos e Mosés mal vê a hora de contar para mamãe e Phill. Estamos entusiasmados com o fato de sabermos os sexos das nossas bebês e depois de sairmos da empresa, vamos direto para casa. Tive a ideia de passar numa doceria e comprar um bolo cor de rosa para surpreender os dois. — É como eu te disse, mamãe... Entro na sala ao lado do meu esposo e meu sorriso vai desaparecendo quando reconheço as silhuetas das minhas duas irmãs e meus cunhados. Não os vejo há meses, desde o dia do meu casamento. Mosés também está bem surpreso. Bree e Fiance estão usando vestidos de estampas diferentes e ambas não parecem ter engordado. A barriga de cada uma delas está bem volumosa, o que faz eu me dar conta de que nem sei o sexo dos bebês das minhas irmãs. Phill levanta logo que nos vê e percebo uma ponta de nervosismo em seu olhar. Levo a caixinha com o bolo para eles, notando que Bree e Fiance estão maquiadas e belas - pra variar - mas isso nada tem a ver com inveja da minha parte ou se me sinto inferiorizada, porque eu não estou tão maquiada, mas sinto- me linda. — Ana! — Brood fala e se aproxima. — Poxa, que barrigão! — Pois é. — Sorrio e lhe dou um meio abraço. — Que surpresa! Não sei se é desagradável... ainda. — Suas irmãs queriam muito ver sua mãe antes de ganharem os bebês. Você roubou a Helena da gente. Sorrio, cumprimento Peter com dois beijinhos e Mosés aperta a mão de cada um com firmesa. Lupe já serviu café, pelo visto, e até que não me sinto tão mal assim em revê-las. Ao menos parecem bem. — E então? — mamãe pergunta, super ansiosa. — Toma. — Estendo a caixinha de papel. — Abra. Mamãe se senta no sofá, ao lado de Phill, e ambos nã deixam de expressar que estão curiosos. Mosés me puxa e me sento em seu colo. Ele coloca a mão na minha barriga e a beija com carinho. — Quer abrir? — mamãe pergunta para Phill. — Abra você, Helena — Phill aconselha, incerto. Eu disse para Phill que eram todas meninas. Ele acha que são dois casais, assim como meu esposo, já mamãe preferiu não arriscar. Ela coloca a caixinha sobre as pernas que estão unidas, e a abre com cuidado. O bolo cor de rosa aparece com a mensagem de: "Vovô e Vovó, somos meninhinas!" Mamãe abre um largo sorriso e seus olhos se enchem de lágrimas. Phill suspira, enternecido. — São quatro meninas. — Elas serão lindas, querida. — Mamãe se inclina e me dá um beijinho na testa. — Meus parabéns, B. — Obrigada, mamãe. Phill se ergue e me levanto. Nos abraçamos e depois ele abraça Mosés, todo feliz. — Parabéns, filho. — Obrigado, papai. Mosés não poderia estar mais feliz. — Estamos grávidas de meninos — Bree fala, mas seu tom demonstra apenas educação. — Parabéns, Ana. — Obrigada — digo e volto a me sentar. Mamãe se ergue e vai até a cozinha, com certeza para buscar pratinhos. — Soube que sua cunhada se acidentou. Parece que vocês andam numa maré de azar — Fiance comenta, porém, não vejo isso como uma crítica ou algo assim. — Não diria isso. Safira está se recuperando devagar — digo. — Phill está bem, então acho que temos sido muito abençoados, ultimamente. — Vocês planejaram? — Bree questiona. — Desculpe perguntar, mas é que falam tantas coisas nessas revistas que não sabemos em quem acreditar. — Não temos revistas aqui em casa — diz Mosés. — E não, nós não planejamos. — Quer dizer que quando se casaram ela já estava grávida — insinua Bree. — Sim, e não vejo problema algum nisso — confirmo, mas não me irrito. O que esperar das minhas irmãs? Elas nunca conseguirão ficar realmente felizes por mim. Pelo visto não mudaram nada. — Desculpe. Só foi uma pergunta. — Que foi respondida — esclareço. — Acontece que eu não me importo com o que falam nas revistas. — Acho um pouco absurdas as ideias desses colunistas. — Fiance não parece ter maldade nas palavras. — Disseram que você é uma barriga de aluguel e tal. Olho para Phill e sinto-me constrangida com o comportamento das minhas irmãs. Isso não é assunto para se comentar perto do meu sogro, ainda mais depois de tudo o que ele passou. Me envergonho. — Falam que os bebês são de proveta e que o casamento é de fachada — Fiance continua. — Você deveria se pronunciar, Ana. — Não devo satisfações da minha vida a ninguém — rebato. — Mosés e eu sabemos que não é verdade. — São coisas bem reais — Bree mantém o seu tom arrogante. — Pessoas que dão credibilidade a esse tipo de coisa não possuem conteúdo para acrescentar em nada na vida — Mosés diz. — E algo curioso sobre esses colunistas é que eles são um bando de vermes que buscam saciar a curiosidade de pessoas tolas e sem noção. — Eu não sou tola... — Sua irmã acaba de explicar que é mentira e ainda assim insiste em ofendê-la com perguntas sem nexo, Bree. Nos polpe de sua hipocrisia. — Fiance comentou, ainda que seja sem noção. Mas você sempre tem uma ponta de crítica em tudo o que fala. — Não foi minha intenção. — Pois tome cuidado com as suas intenções. Mosés a encara bastante irritado e ela não responde. Mas já sei que a minha tarde será bem cheia. — Bree e Fiance pediram para ficarem hospedadas aqui... — Ah, não, mãe! — nego logo. — Só por esses dias, querida. Elas também sentem a minha falta. — Compreendo, mamãe, mas não quero me sujeitar a isso. Rapidamente penso em algo. — Elas podem ficar no chalé. — Sei que elas não avisaram, mas também são minhas filhas, Ana. — Eu mais que todo mundo seidisso. Passei a minha vida toda presenciando a senhora tratando-as como filhas e a mim dando desprezo — cuspo as palavras, porque é a mais pura verdade. Não sinto-me capaz de julgar mamãe pelo que se passou. Nos aproximamos muito nesses meses que está aqui. Ela tem me dado a maior força quanto a Phill e Safira, e eu só me sinto grata. — Estamos passando por um momento delicado — argumento e penso por alguns instantes. — Não quero Bree e Fiance mandando indiretas em minha casa, nem fazendo insinuações. — Elas só estão com ciúmes. — Como se elas fossem crianças pequenas, não é mesmo, mamãe? Pare de defendê-las como se fossem inocentes. Mamãe fica calada, apenas me encarando. Não está magoada, mas está receosa. A conheço o suficiente para saber. — Vou conversar com ambas — diz ela. — Acho que terei mesmo que voltar para ajudar as duas com os bebês. — E suspira infeliz. — Phill ficará bravo! — Converse com ele, mamãe. — Acha que ele entenderá? — Claro que sim. Melhor — Tenho uma ideia — Por que não o chama para ir com a senhora? — Ah, filha, acho que ele não iria. — Pergunte para ele — aconselho, dando de ombros. — Logo que as gêmeas chegarem podem voltar. Só não sei se elas virão depois dos bebês delas duas. — Ah, B... Estou tão feliz que sejam meninas. Eu também. Mamãe toca minha barriga e sinto-me feliz demais com isso. — As rapazes vão ficar? — Acho que sim. — Dois pamonhas — comento. Não me conformo que elas duas tenham vindo sem avisar. Muita falta de noção e educação, mas tenho certeza de que fizeram isso de propósito porque sabiam que eu não aceitaria de cara a estadia de todas juntas. — Lá vem o Mosés. Vou conversar com elas. Explique para ele, B — pede. — E não se estresse. Faço que sim com a cabeça. Viemos para o terraço falar sobre tal assunto. Deixei minhas irmãs na companhia de Mosés e aposto que ele não as deixou sem belas respostas. Mamãe se afasta e toco minha barriga, pensando: justo hoje que soubessmos o sexo das nossas meninas elas tinham que aparecer? Mosés já tirou a gravata e o terno, e trajava apenas camisa social azul clara e a calça social. Sapatos? Nada disso! Trocou por chinelos. Ele é bem mais tranquilo quando estamos em casa. Também tirei o casaco e as sandálias, ficando descalça. Ele se aproxima e se senta ao meu lado no sofá. — Quantos dias? — Não sei. Elas te disseram? — Petter me pediu para passarem uns dias aqui. Segundo ele, suas irmãs estão tirando a paz dele e de Brood. — São dois pamonhas incapazes. — Enfim, não gostei. Me sinto envergonhada. — Desculpe, amor. — Não precisa se desculpar, minha princesa. Só estou comentando. Esta casa é tão minha quanto sua. — Pedi para mamãe conversar com ambas. — Sinto que suas irmãs a invejam. — Eu nunca entendi o porquê, sabe?! — Porque você é uma mulher independente, forte e linda! — afirma ele. Empurro seu ombro e minhas bochechas queimam. Mosés segura a minha mão e a beija, todo carinhoso. — É a verdade, meu amor. Suas irmãs têm inveja de você porque sabem que você não tem medo de enfrentar a vida e prosseguir, por isso elas tentam atingi-la com essas piadas. Mas já conversei com Brood e Petter sobre isso. Na nossa casa isso é inadmissível! Tão direto. Adoro meu marido por isso. Antes tinha tanto receio e achava que era um defeito da parte dele ser direto, agora vejo que isso é uma qualidade. — Já fui ver a Safi. Não quer ir lá vê-la? — Ai, essa conversa irritante da Bree me tirou do sério. Até me esqueci de ir até o quarto dela. — Ignore sua irmã. Ela merece somente isso. — Tem hora que não dá, meu amor. — Eu sei. Nunca tive um relacionamento assim com a Safi. — Bree e Fiance são duas cobras que não se conformam de eu ser feliz assim. — Já se perguntou o porquê de elas agirem assim? Talvez tenham inveja da sua beleza. Nunca, jamais, em momento algum pensei isso. Minhas irmãs com inveja do meu corpo? — Acho que não — discordo dele. — Ana, você é linda. — Eu sei, amor. Só que seria muito controverso que vivessem me criticando pelo meu peso e isso fosse alvo que invejassem em mim. Ele estende a mão e me puxa, então me ergo e sento em seu colo. Ele toca a minha barriga e eu o enlaço pelo pescoço, num meio abraço, beijando-o com carinho em seguida. — Você é maravilhosa, minha Bêzinha. — Você também é, meu Mômozinho. Nos beijamos novamente, minha mão se enfia em seus cabelos e Mosés acaricia minha barriga com carinho. — Eu quero que vocês cinco fiquem bem, portanto, não se irrite com suas irmãs. — Farei isso, meu amor. Pedi que mamãe conversasse com as duas para que a estadia seja aceiável o mínimo possível. — Que bom, Bê. Lhe dou um sorriso. — Estou muito feliz que sabemos os sexos. Agora temos que cuidar do enxoval delas. Mosés quer participar de tudo e eu fico imensamente feliz com isso. — Sim, amor, com certeza. — Podemos escolher em qual quarto elas ficarão. — Ainda não escolhemos o nome de todas. — Uma se chamará Ana Sophi. Suspiro. E nós que pensavamos que só teríamos um, agora teremos quatro de uma vez. — Posso sugerir que uma se chame Ana Beatrice? Reviro os olhos. Mosés me espreme e acabo rindo da sugestão. — Eu disse, lembra, que se me desse uma filha o nome dela seria Ana Beatrice? — Lembro. Isso foi bem no começo do nosso namoro. — Escolha mais dois, Bêzinha. — Não faço a menor ideia, amor. — Então até agora já escolhemos os nomes de duas. — Amor, Ana Beatrice não, né?! Já tem Ana Sophi. Vamos confundir os nomes. Meu esposo fecha a cara. — Ai, amor, deixa disso! — Eu quero Ana Beatrice. — Mô, esse é o meu nome. — Você escolhe o nome das outras duas. A do bebê 1 será Ana Sophi, a do bebê 2, Ana Beatrice. Suspiro, derrotada. Não consigo pensar em nenhum nome. — Desisto de pensar — digo. — Posso sugerir? — Claro, claro, rei dos nomes compostos, furtados e próprios. Mosés ri e olha fixamente para minha barriga. — Bebê 3, seu nome será Laisa — dclara. — Era o nome da avó do Phill. Ele me contava muitas histórias sobre ela. — É um belo nome. Gostei. — E o bebê 4, amor? Mosés pondera por alguns instantes. — É surpresa, Bê. Lupe Acomodou minhas irmãs no chalé e me senti mais tranquila em saber que elas e meus cunhados ficariam bem longe de mim enquanto estiverem aqui. Mosés e eu jantamos e compartilhamos de uma noite a dois. Já mamãe e Phill foram para o chalé, a fim de acompanharem minhas irmãs no jantar. Tirei o resto da tarde para ficar com Safira, troquei a água de seu vaso e li para ela. Comecei hoje essa prática e iniciamos com o livro “O Pequeno Príncipe”. Mosés colocou uma poltrona bem confortável ao lado da cama dela, para que quem lhe fizesse companhia se sentisse confortável. Sua enfermeira, Polônia, estava a todo momento lendo uma revista, mas eu via o entusiasmo em seu olhar quando comecei a ler a história. O olhar de Safira não saía de mim, contudo, eu estava - e ainda estou – convicta de que aos poucos ela iria permitir que eu me aproximasse. Mosés me trouxe um chá no fim da tarde, lembrando-me que estava na hora de deixar Safira quieta. Deixei-a com Polônia e seu silêncio, e em momento nenhum senti-me penalizada por ela. Sei que Safira precisará de força e apoio, e estou disposta a ajudá-la no que precisar. Ainda mais porque ela será muito dependente de nós dois. Lupe deixou nosso jantar pronto, mas queríamos tomar banho antes. Fui primeiro e meu marido em seguida. Mosés recebeu uma ligação de última hora da empresa e quando ele entrou no quarto eu já estava colocando um pijama. Meu esposo fez até cara feia por eu não tê-lo esperado, mas preferi assim mesmo, pois tinha que colocar a comida para esquentar. Hoje temos suco natural e sem açúcar de morango, lasanha vegetariana com soja e salada. Lupe deixou gelatina de sobremesa. Ela sabe que tenho que seguir a dieta de forma regrada, por conta das minhas bebês. — Eu ainda estou bravo. Com a mesa posta,Mosés me abraça por trás e beija a curva do meu pescoço. — Amor... — Você sabe que eu adoro tomar banho com você. Sem desculpas. — Está bem. — Poxa, é estranho quando você não toma banho comigo, minha Bê. Me viro, enlaço-o pelo pescoço e Mosés aperta a minha bunda, suspirando. Ele usa uma calça de pijama e só. Os cabelos úmidos e desarrumados o deixam... realmente delicioso. — O que foi? — É que... estou casada com um homem super gostoso e lindo. Mosés olha para os lados e me encara. — Onde? — Bobo! Eu o puxo para baixo e lhe dou um beijo quente. Ele me leva de encontro ao seu corpo e aperta minha bunda com mais força. — Adoro esse rabo, sabia?! Fico vermelha e me afasto um pouco. — Podemos ver um filme juntinhos? — Claro, querida. — Quero aproveitar essa noite só nossa. — Eu também. Ele sorri, algo cheio de malícia, e eu já sei o que Mosés quer dizer com isso. — Fala de mim, mas gosta de uma bundinha, não é mesmo? — É verdade — confesso — Acontece que sua bundinha é gostosa demais. Vou até a geladeira e retiro a salada já pronta. Mosés pega a jarra de suco e coloca na mesa, nos sentamos lado a lado e eu o sirvo. Ele coloca o suco para nós dois e faz o gesto que virou um hábito, tocar minha barriga. — Elas devem estar famintas. — Eu belisquei uns biscoitos mais cedo — digo, dando de ombros. — Lupe foi cozinhar no chalé. Nem sei como agradecer, mas acho que mamãe dirá para as minhas irmãs sobre ela e Phil, hoje. — Coitado do meu pai. Mosés pega os talheres e começa a comer. Adoro as saladas da Lupe. São temperadas com manga e maçã, e eu adoro a mistura agridoce. — Elas acabarão aceitando — concluo depois da primeira garfada. — Mamãe precisa de alguém para acompanhá-la na velhice. — Papai precisa de alguém para cuidar dele. — Mamãe gosta do seu pai. — É recíproco. Me estico e lhe dou um beijinho, Mosés segura a minha face e me fita pensativo. — Quero que me diga uma coisa, meu amor — meu marido começa. — Claro. — Realmente não se ofende com o que as revistas falam? — Eu não leio essas revistas, Mosés. — Temo que se ofenda muito com isso. Tento não ler as notícias, nem os tabloides. Até os sites tenho evitado entrar, ainda que eu saiba que na mídia tem fotos minhas com Mosés me cobrindo de críticas sobre meu peso e tamanho. — Sabemos o que temos, Mosés. Eu sei que para as outras pessoas do mundo eu não me encaixo na sua vida... — Mas você se encaixa, Ana — fala, me interrompendo. — Eu sei, poxa. Pensei que você não se importasse. — Eu não me importo, mas as palavras de sua irmã colocaram isso na minha cabeça. Que ideia absurda insinuar que nossas bebês são de proveta. Também odiei ouvir isso, ainda mais das minhas irmãs, que arrumam motivos para ficarem me difamando sempre que têm a oportunidade. — Pensei — Mosés continuou. — Porra, não quero que a Ana leia algo assim! Tive que ligar de novo para o meu advogado, mas as coisas não são tão simples. — Eu entendo, amor. Esquece isso. — Não quero que você se magoe, Ana. — Eu não estou magoada — tranquilizo-o. — Só me sinto um pouco triste, às vezes, quando penso no preconceito das pessoas. — Não quero que você abra uma dessas revistas e sinta-se inferior... — Mosés, ouça. — É a minha vez de interrompê-lo. — Eu não me importo, está bem? Sei o que temos, estamos casados e eu estou grávida, então este é o menor dos problemas neste momento. — Eu farei o possível para que eles retirem o que falaram sobre nosso casamento. — Imagino que sim, meu amor. Eu o beijo, Mosés levanta e vai pegar a lasanha. — Acho que o importante é que somos felizes, amor. — Também penso dessa forma, querida. — Agora temos que nos preocupar com a Safi e as nossas filhas. — Sim. É o melhor que podemos fazer. O que as outras pessoas do mundo pensam não importa nem um pouco. — Não entendo o porquê de as pessoas agirem dessa forma. Mosés diz enquanto traça o contorno do meu seio com o indicador. Ele me olha de cima abaixo, depois de ter me obrigado a me despir logo que viemos para a cama. Ligamos a tv do nosso quarto e estamos vendo um filme juntos. — Por que não entende, senhor Handerson? — Elas não respeitam o direito das pessoas de serem felizes. Nunca pensei que ao me casar com você teria esse tipo de problema com relação às outras pessoas. — É um problema? Mosés me encara, sinceramente surpreso. — Mosés, você está se preocupando com uma besteira. — Não quero que ninguém fale de você. — Eu não me importo mais, sabe?! — Não mesmo? — Ele precisa ter certeza. — Não. Lhe dou um sorriso. — É que quando nos conhecemos você sofria muito pelo peso, Bê. — Eu sei. Ainda meio que sofro com isso, mas eu entendi uma coisa. — Posso saber o quê? — Não importa o que as outras pessoas pensam sobre mim — digo e reflito por alguns momentos. — Uma pessoa uma vez me disse que se eu quisesse mudar a forma como as pessoas me viam, eu deveria mudar a forma como vejo a mim mesma. Esse foi o melhor conselho que ganhei em toda a minha vida. Tem um orgulho fora do comum no olhar do meu esposo. — É tão difícil ter amor próprio, Mosés — continuo. — É tão complicado. Me odiei por muitos anos. Meu corpo, meus "defeitos" físicos... E isso me impediu de ser e fazer muitas coisas. Agora tudo o que quero é você e nossa família. — É muito bom ouvir isso, minha princesa. — Eu sei. Digo isso para mim mesma todos os dias desde que decidi que o meu peso não me limitaria mais. Se as pessoas me acham gorda ou feia para você, que culpa eu tenho? Esse não é um problema ou conceito meu, pelo contrário, me sinto bem em me ver uma mulher digna do seu amor e atenção. — Você é a pessoa certa para mim, Ana. Deus me disse isso quando eu esbarrei em você naquele dia. Ele se inclina e me beija com cuidado. — Te amo, Ana. Te amo tanto. Não quero que sofra com isso, nem que duvide de si mesma. — Eu não farei isso, Mosés — finalizo. Me deito de lado, subo minha mão e toco-lhe a face com carinho. — Você me ajudou muito a mudar tantos conceitos que tenho sobre mim, sobre meu corpo. Não sei o que faria sem seu apoio, Mosés, sem que estivesse lá para me fazer olhar no espelho e deixar aquela mulher triste para trás. — Só quero que você se enxergue como é, Ana. — Linda! — digo, com um tom zombeteiro. — Ok, agora está sendo convencida. Rio, mas quero chorar, sabendo que esse homem lindo e nu diante de mim transparece algo no olhar que diz claramente, que também quer chorar. Mosés é um chorão, coração mole. Por detrás da imagem de homem duro nos negócios, ele esconde um homem frágil, sensível e gentil. Poucas pessoas o conhecem como ele realmente é. — Eu me enxergo como sou, Mosés. E você? Como me enxerga? — Gostosa. — Exceto gostosa e rosadinha. — Bem, eu te enxergo como a mulher da minha vida. Fico calada, meu coração se enchendo de felicidade e amor. Tantas coisas ao mesmo tempo. — A mãe das minhas quatro filhas. A mulher que me ajuda todos os dias no meu trabalho e que no final do dia tem paciência de correr atrás do meu cachorro pela casa — Mosés complementa. — Ele está embaixo da cama — concluo quando Mike se enfia lá não sai por nada. — Eu a enxergo como a mulher com quem quero estar por todos os meus dias na terra — ele continua. — Alguém que me faz sentir um homem melhor, feliz. Nego com a cabeça. Ele sabe que estou sensível devido à gravidez e ainda assim, fica tocando nesses assuntos. Isso mexe comigo, mas não de um jeito ruim. — Alguém pelo qual me orgulho pela imensa bondade que possui em ler “O Pequeno Príncipe” para minha irmã. — Sorrio e as lágrimas caem devagar. — A mulher que está ao meu lado, mesmo sabendo que eu não sou perfeito. Que diz que me ama mais pelos meus defeitos do que pelas minhas qualidades. Lhe disse isso há alguns dias. — Então acho que te enxergo de várias formas. — finaliza.— Ele se aconchega e me beija, os olhos embargados por lágrimas. — E você, querida, como se enxerga? Sorrio entre lágrimas, mais uma vez. — Como a mulher que vai te amar até os últimos dias dela na Terra, hoje e sempre. — Sempre, minha Bêzinha. — Sempre, meu amor! Tenho certeza absoluta disso. Sempre serei de Mosés. Me reviro na cama. Mosés se aconchega, mas não encontro uma posição confortável para ficar quieta. — O que foi, amor? — ele pergunta. — Estou desconfortável. vem nos ajudando em tudo na empresa. Com uma terceira pessoa Me ergo e ligo o abajur. Mosés olha para mim, sonolento, me sento e toco as minhas costas. Ainda estou no sétimo mês, faltam dois. Já faz uma semana que as inconvenientes das minhas irmãs estão hospedadas no meu chalé. Aproveitamos essa semana para encomendar os móveis do quarto das gêmeas e para chamar a decoradora, que veio ontem. Foi uma semana mais tranquila, admito, apesar de ser chato ter Fiance e Bree em todos os nossos jantares. Elas não fizeram nenhum comentário maldoso a respeito de revistas ou do meu peso. Acredito que tenham entendido o recado, mas já até sei que só irão embora se arrastarem mamãe junto. Safira começou a fisioterapia há dois dias. O médico é bem experiente na área, mas como vem pela manhã, não tive a oportunidade de conhecê-lo ainda. Polônia nos contou tudo logo que chegamos. Não lembro o nome, mas é latino. Mosés esteve em algumas reuniões e Sêmora, juntamente com Marcy,tudo fica um pouco mais fácil. Temos mais flexibilidade, também. Sinto-me fadigada, cansada demais. Ayla disse que com a aproximação do oitavo mês é assim mesmo e que devo me exercitar. Procurei tirar um tempinho pela tarde para fazer alongamento. Pratiquei sozinha, seguindo vídeo- aulas em sites para mamães de primeira viagem. Mosés e eu lemos um livro, também, que ajuda muito, sobre a chegada de múltiplos. — Sente muita dor? — Nas costas. Os bebês se movem muito à noite, entã fico caçando uma posição para dormir e não acho. Parece que de uma semana pra cá minha barriga está mais redonda e baixa. — Posso fazer uma massagem — meu marido sugere. — Não é isso, amor. Volte a dormir. Vou beber uma água. — Tem certeza que está bem? — Sim. Lhe dou um beijinho leve e levanto. Como estou nua, vou até o armário e pego uma blusa confortável de ficar em casa, notando que ainda tem muitas caixas para a pobre Lupe guardar. Martina enviou mais roupas de gestante essa semana, mas minha gravidez está passando tão rápido que duvido que vá conseguir usar a maioria das peças. Confesso que são roupas bem confortáveis, como camisões, calças com elástico, blusas folgadas. Quanto às peças do meu guarda roupa, Lupe está conseguindo organizar aos poucos. Foram tantas coisas ao mesmo tempo que isso nos lotou. Os acidentes, a mudança, agora a adaptação de Phill e Safira. Mosés abraça o meu travesseiro enquanto saio do quarto. Ele está cansado, também. Sorrio logo que fecho a porta. Nos tornamos inseparáveis durante esse tempo em que estamos juntos e eu gosto muito disso. Desço sem fazer barulho. Vou para a cozinha, ligo o fogo e coloco a chaleira no fogão. É muito bom morar aqui. A casa é super espaçosa e eu gosto muito do silêncio que tem na localidade. Por ser afastado da cidade, tudo é mais tranquilo e quieto. Tenho certeza que é um lugar muito bom pra criar nossas meninas. Deixei a blusa aberta, Sabendo que Polônia não costuma andar pela casa a essa hora, tampouco Lupe. Segundo ela, Safira dorme bem à noite. Claro que não teremos descrição nem tão cedo, mas eu entendo que Safira precisa estar perto. Às vezes sinto uma fome absurda. Agora com o crescimento delas na minha barriga, sinto-me um pouco mais ansiosa. Ainda que siga a dieta, não vou mentir, fome é algo que sinto o dia todo, mas não quero me prejudicar, nem prejudicar minhas filhas e acabar ocasionando uma espécie de diabetes gestacional. Estou no peso certo, elas também. Só quero ver seus rostinhos logo. Quero poder segurá-las no colo e cobri- las de beijos. Toco minha barriga enorme. Ela é bem maior do que a barriga de uma gestação de sete meses normal. De uns dois meses pra cá está imensa, arredondada, tem várias estrias avermelhadas nos lados e na parte baixa. Sempre que olho meu corpo, sinto-me diferente, contudo já não vejo isso de uma forma negativa. Meus seios estão gigantes e os bicos mais escuros. Com a aproximação do oitavo mês, estou mais inchada. Meus pés, então... Tudo cresceu. Ainda mais do que já era, mas... Realmente devo me importar com isso? Eu nunca amei tanto meu corpo quanto agora; nunca adorei me olhar no espelho, porém, agora sinto-me diferente de tudo o que fui no passado. Antes de Mosés e da gestação. Já não penso como antes. A gravidez é um sacrifício muito pequeno, em vista da recompensa que terei. — O que querem comer, minhas princesas? Olho a geladeira cheia de folhas, frutas, tantas coisas saudáveis que nem sei. Lupe é um anjo. Muito organizada, deixa as frutas separadas por vasilhinhas, já prontas para o consumo, mas acho que irei ficar com os biscoitinhos sem glútem, mesmo. Fecho a geladeira e preparo meu chá. Pego os biscoitos e vou para a sala. Ligo a tv, seleciono um canal sobre ecologia e fico assistindo a um documentário sobre baleias. Que ironia. Acabo sorrindo. Bebo o chá e como os biscoitinhos em silêncio. Pelo blindex da parede lateral, vejo que ainda está tudo escuro lá fora. A nossa casa é bem segura. Mosés disse que o condomínio é protegido por vigilantes pagos. Tento relaxar entre as almofadas, mas o documentário me deixa facilmente entediada. Mudo de canal, tento me acomodar, mas as minhas costas doem e as bebês começam a se mexer na minha barriga. Ok, a mamãe já entendeu! Me estico, tentando encontrar uma posição confortável. — Amor! Dou um pulo, meu coração disparado. Mosés se aproxima com cara de sono, usando a calça do pijama e carregando um cobertor. — Ai, amor, não me assusta — digo a ele, contolando a respiração que ficou irregular com o susto. — Desculpe, Bêzinha. Não quero dormir sozinho. Fecho a cara, Mosés se senta ao meu lado e toca a minha barriga. Nossas meninas chutam bastante. — O papai chegou, queridas. Então me lembro de algo. — Você não me disse que nome dará a bebê 4. — Você saberá no momento certo. — Está bem, meu amor. Mas espero que não seja um nome muito diferente. — Não será — afirma. Mosés beija a minha barriga e em seguida me beija, puxando os cobertores. Tento me acomodar e ele segue salpicando beijos pelo pescoço e vai descendo para os seios. Fecho os olhos, arrepiando-me por inteiro. — Faz sete dias, Bê. — Sabia! — Eu vou ter paciência. — Amor, não é isso. É que eu ando meio indisposta. — Eu entendo. Mas é que quero muito fazer amor com você. Eu só não imaginei que o meu marido fosse me cobrar sexo eu estando nove quilos mais gorda e inchada. Nem mesmo minha aliança de casamento cabe no meu dedo. Ela está espremendo meu anelar esquerdo de tanto líquido que estou retendo. — Mesmo eu estando inchada e com a cara parecendo uma bolacha, hein?! — Adoro você assim, minha princesa. Deixa disso. Não tenho tanto receio, nem vergonha. Realmente só venho me sentindo bem cansada. Mosés segura a minha face e me beija. Ele vem se inclinando na minha direção e toco suas costas, sua bundinha, então desce para o meu pescoço e abre minha blusa, tomando meus seios, um de cada vez, com carinho. — Fica de lado, amor. De frente é impossível, penso. Me estico no sofá e fico de lado. Mosés puxa a minha camisa para cima e se acomoda atrás de mim. Ele me beija o ombro e puxa minha perna para cima, tocando o meio das minhas coxas. Me arrepio de cima abaixo com seu toque. Ele é cuidadoso comigo e é muito bom fazeramor com alguém que sabe entender meu corpo, que me toca com carinho e tem zelo ao fazer isso. Mosés se conduz para minha entrada e lá encaixa seu membro. A sensação de ser penetrada é tão gostosa que afundo um pouco no sofá. Ele beija meu pescoço e me preenche, procurando minha boca. Me toca, deixando-me toda úmida. — Assim é bom, minha Bêzinha? — Sim — respondo simplesmente. Estamos sussurando. Tento me mover, me entregando ao seu toque, aos seus beijos. — Fica de quatro para mim, querida. Por favor. — Aqui? — Eu tranquei a porta que dá para a outra sala. — Esperto. Ele me ajuda a me erguer, me seguro no encosto do sofá e me apoio nos joelhos. Mosés tira a blusa do meu corpo e apalpa os meus seios, voltando a me penetrar devagar. Esquento-me toda. Beijo-o com suavidade, nosso amor é lento e quente. Fazemos bem devagar, sem pressa. Meu corpo vai ficando mais e mais sensível ao seu toque, minha pele quente enquanto ele me beija as costas, me tremo, toda desejosa. Sinto-me mais tensa conforme me aproximo do primeiro orgasmo. — Goza para mim, Bê. Eu adoro quando ele pede. Arfo e Mosés morde as minhas costas, gemendo. Sorrio, me entregando ao prazer que me proporciona. Ele me segura e me beija com força. Sei que se esforça para ter paciência. Ele tem medo de machucar nossas filhas. Aperto as mãos no encosto do sofá e meu corpo sobe e desce, ele rebola dentro de mim, tão gostoso que sinto vontade de gritar. Me encolho, abrindo mais as pernas e lhe dando acesso para que faça melhor. Inclino-me para frente e ele vem entrando e saíndo, fazendo meu corpo dançar num ritmo lento, de frente para trás, enquanto me possui. Sua mão toca a minha sensibilidade vagarsamente, de um jeito delicioso. Mosés me segura, as minhas pernas tremem e desfruto de um orgasmo lento e maravilhoso. Ele aperta os meus seios e me acompanha, gozando comigo. Me agarra com cuidado, geme baixinho e sinto sua respiração forte na minha nuca. Meus gemidos também são baixos. Ele fica me abraçando por mais alguns instantes, até que suas mãos me puxam e me deito no sofá. Ele nos cobre e tira a calça, o que me faz sorrir. — Impossível dormir de roupa, senhor Handerson? — Quero sentir você juntinha a mim. Me viro para ele. O sofá é bem espaçoso e largo, uma chaise. Ele puxa a minha perna para cima de seu quadril e se aconchega, mas a barriga não ajuda e sorrimos um para o outro. — Suas filhas adoram espaço. — Puxaram ao pai. Eu o beijo, Mosés toca minha nádega e sua mão sobe para minha barriga. — Melhorou da fadiga? Aposto que sim! Ele me faz rir, mas tem razão. Estou bem mais relaxada. — Sim, bastante. — Sexo ajuda — comenta. — Claro, claro... Sexo ajuda muito. — Ayla disse, lembra? Podemos ter relações normais até quando você não aguentar mais. — Logo eu entrarei no resguardo. Um mês sem sexo! — Acho que estaremos ocupados demais, preocupados com as nossas quatro filhinhas chorando e berrando à noite. Seu sorriso é calmo, porém feliz. — Sabe... Eu quero poder niná-las. Acha que elas não vão me estranhar, amor? — Claro que não. Elas já conhecem o papai pela voz. — Você não escolheu o enxoval. — Lupe me sugeriu uma loja no shopping. Podemos ir na terça que vem. Olhei sua agenda, está menos apertada. — Por que não amanhã? É domingo! — ele indaga, parecendo animado. — Tem razão. — Peço para Ali deixar o carro pronto. Amanhã vamos comprar as coisas das nossas filhas. E que Deus me dê paciência e calma para entrar num shopping, mas preciso mesmo fazer a unha, arrumar a sobrancelha e o cabelo. — No final do dia podemos ir ao salão? — Claro, querida — concorda, solícito. — Eu te levo. Vai ficar mais linda para mim, minha princesa? — Com certeza! — afirmo, satisfeita. — Você pegou a minha carteira, amor? — pergunto ao meu marido. — Sim. Mosés coloca os óculos escuros enquanto Ali estaciona o carro na vaga. Mexo na minha bolsa, procurando por meu celular, e ele me estende minha carteira. Tinha esquecido onde havia colocado. Ir no banco da frente é mais cômodo para mim. Mosés sai do carro primeiro e logo em seguida abre a minha porta. Coloquei um vestido cor de rosa estampado, com laço na cintura. É bem confortável e bonito, um dos que Martina mandou para mim. Calcei sandálias abertas, pois meus pés estão inchados a ponto de os sapatos não entrarem. Mosés veio com uma camisa social comum, calça jeans e tênis. Quando acordamos hoje cedo, ele me pediu que escolhesse a roupa que ele usaria. Foi a primeira vez desde que nos casamos, que mexi em seus armários. Me espantei com a quantidade de ternos e camisas que ele tem, e não fazia ideia do que escolher. Tive que chamar a Lupe. Enquanto demorei meia hora tentando escolher, ela só entrou no closet e separou rapidamente uma para ele. — Levo sua bolsa. Lhe entrego minha bolsa e ele fecha a porta do quarto. Depois de ontem à noite, me sinto um pouco menos fadigada e mais relaxada. Dormi muito bem no sofá com o meu esposinho. — Obrigada, amor. Ele me dá um selinho e passa o braço em volta da minha cintura. — Quando precisar eu ligo, Ali. Muito obrigado. — De nada, senhor. Estou à disposição. Nos afastamos pelo estacionamento e vamos até a escada rolante. Mosés volta a me dar um beijo, dessa vez na bochecha, e posso perceber a sua felicidade em termos vindo comprar as coisinhas das gêmeas. Mosés é muito diferente do que eu pensei a princípio. No começo tudo o que eu lhe oferecia era um bocado de incertezas e um tanto de medo, e tudo o que ele queria era o meu amor, uma família e um lar, coisa que ele nunca teve de verdade. Acho que Phill se esforçou muito para se aproximar dele, mas ele estava tão machucado por conta de Bonnie, que não deixou ninguém se aproximar; não deixou que ninguém o conhecesse por quem ele é. Claro, Mosés é muito na dele. Mas percebo que a cada dia que passa, ele se mostra um homem com muitas qualidades. Tem seus defeitos, a ignorância é uma delas. Em alguns momentos me dá respostas atravessadas, mas eu compreendo que não posso pedir um homem perfeito. Pessoas têm defeitos e Mosés é de carne e osso, como qualquer outra pessoa na face da Terra. — Onde fica essa loja, Bê? — No segundo piso. Saímos da escada rolante, Mosés segura a minha mão e andamos pelo shopping. — Gostei muito do vestido, meu amor — ele elogia. — Minha barriga está imensa. — Claro. Cada uma delas está com quase um quilo. — Elas serão pequenas. — E fortes. Sadias como você, minha princesa. Coro, ele sorri e tira os óculos, colocando-os na gola da camisa. Pegamos outra escada rolante e tenho a impressão de que somos observados, mas ignoro completamente. Mosés e eu vamos logo para a loja e logo na vitrine da vejo vários macacões infantis e ursinhos, tanto cor de rosa quanto azul. Entramos e uma atendente super sorridente vem nos atender. Ela usa um macacão azul e coque comportado. Primeiro olha para mim e depois se demora olhando fixamente para Mosés. Ok, eu sei que ele é lindo. Ok, ele chama atenção. Mas podia ao menos disfarçar, né? — Bom dia — Mosés fala, educado. — Estamos procurando coisas para meninas. A moça sacode a cabeça, parecendo sair de um transe, então ela se volta para mim, toda constrangida. — Bom dia, meu nome é Bianca. É uma menina? — Quatro — respondo. Bianca arregala os olhos e quase sorrio. — Queremos berços, carrinhos... Tudo para bebês, nas cores lilás e cor de rosa — explico. — Ainda não compramos o enxoval. — Quatro... ok! — ela repete, espantada. — Vou chamar reforços. — Está bem. — Queiram se sentar por favor, senhora... — Handerson. Bianca se afasta e nos sentamos no sofá que fica mais adiante. Vejo que a loja é de departamento infantil, enorme, mas bem aconchegante. Bianca vai conversar com outra funcionária, que usa um macacão como o seu, mas esta é ruiva. A moça faz que
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