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Juarez Chafado

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
SUCESSÃO LEGÍTIMA E SUA APLICAÇÃO NO 
INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL 
 
JUAREZ CHAFADO 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí, novembro de 2009
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
SUCESSÃO LEGÍTIMA E SUA APLICAÇÃO NO 
INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL 
 
 
 
 
 
 
JUAREZ CHAFADO 
 
 
Monografia submetida à 
Universidade do Vale do Itajaí – 
UNIVALI, como requisito parcial à 
obtenção do de Bacharel em Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Professor MSc. Claudio José Pinheiro 
 
Itajaí, novembro de 2009
 MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS: 
Ao meu orientador, professor MSc. Cláudio 
José Pinheiro, pelos ensinamentos recebidos, 
pelas consultas extra-aulas, e pela atenção 
dispensada durante todo o tempo da produção 
desse trabalho. 
Ao advogado Edilson Teodoro da Costa, 
amigo, parceiro que sempre acreditou em mim, 
pessoa que eu considero literalmente como 
irmão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
A minha mãe, Rosa Chafado de Souza, se não 
fosse ela, nada disso seria possível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tudo no mundo começou com um sim 
Clarice Lispector 
 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo 
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do 
Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o 
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. 
 
Itajaí (SC), novembro de 2009 
 
 
 
 
 
Juarez Chafado 
Graduando 
 
 
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do 
Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Juarez Chafado , sob o 
título Sucessão Legítima e sua aplicação no Inventário e P artilha 
Extrajudicial, foi submetida em 18 de novembro de 2009 à banca examinadora 
composta pelos seguintes professores: MSc. Claudio José Pinheiro – 
presidente e Esp. Eduardo Erivelton Campos – examinador, e aprovada com a 
nota ____________________________. 
 
 
[Itajaí (SC), novembro de 2009. 
 
 
 
 
 
 
Claudio José Pinheiro 
Orientador e Presidente da Banca 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antonio Augusto Lapa 
Coordenação da Monografia 
 
ROL DE CATEGORIAS 
Rol de categorias que o Autor considera estratégicas à 
compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. 
Sucessão 
“Num sentido amplo, a palavra sucessão significa o ato pelo qual uma pessoa 
toma o lugar de outra, investindo-se, a qualquer título, no todo ou em parte, nos 
direitos que lhe competiam”1. 
Herança 
“É o conjunto de bens, direitos e obrigações que se transmitem aos herdeiros e 
legatários. Também denominada de espólio ou monte”2. 
Testamento 
“É o ato personalíssimo e revogável pelo qual alguém, de conformidade com a 
lei, não só dispõe, para depois de sua morte, no todo ou em parte, do seu 
patrimônio, mas também faz estipulações”. Pode ser feito na forma ordinária, 
como: a) testamento público; b) testamento cerrado; c) testamento particular, e 
na forma especial: marítimo ou aeronáutico e militar”3. 
Inventário 
“O inventário é o processo judicial ou extrajudicial de levantamento e apuração 
dos bens pertencentes ao falecido, que visa a realização do ativo e o 
pagamento do passivo, a fim de repartir o patrimônio do de cujus entre os 
herdeiros”4. 
Arrolamento 
 
1 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: Direito das sucessões, p. 1 
2 WALD, Arnoldo. Direito civil: Direito das sucessões. 2009, p. 7 
3 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: Direito das sucessões, p. 182 e 234 
4 WALD, Arnoldo. Direito civil: Direito das sucessões, p. 335 
 
“É uma forma de inventário e partilha de procedimento simplificado e de mais 
rápida tramitação, com redução de determinados atos judiciais para que se 
processe em menor espaço de tempo e com economia processual”5. 
Partilha 
“É a divisão oficial do monte líquido, apurado durante o inventário, entre os 
sucessores do de cujus, para lhes adjudicar os respectivos quinhões 
hereditários, podendo esta divisão ser amigável ou judicial”6. 
Sobrepartilha 
“Ficam sujeitos à sobrepartilha, os bens que, por alguma razão, não tenham 
sido partilhados no processo de inventário, quais sejam: a) os sonegados; b)os 
da herança que se descobrirem depois da partilha; c) os litigiosos, assim como 
os de liquidação difícil ou morosa; e d) os situados em lugar remoto da sede do 
juízo onde se processa o inventário (CPC, art. 1.040). Trata-se de uma 
complementação da partilha, destinada a suprir omissões desta”7 
 
 
 
 
 
 
5 JUNQUEIRA, Gabriel José pereira. Manual prático de inventários e partilhas , p. 199 
6 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: Direito das sucessões, p. 445 
7 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das sucessões , p. 177 
SUMÁRIO 
 
RESUMO ........................................................................................... XI 
INTRODUÇÃO ................................................................................... 1 
CAPÍTULO 1 ........................................ .............................................. 5 
SUCESSÃO EM GERAL ................................. ................................... 5 
1.1 CONCEITOS, ESPÉCIES E ABERURA DA SUCESSÃO ..... ........................... 5 
 
1.2 ESPÉCIES DE SUCESSÃO POS MORTIS ...................................................... 8 
 
1.2.1 SUCESSÃO LEGÍTIMA ....................................................................................... 11 
 
1.2.2 SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA ............................................................................ 14 
 
1.3 TRANSMISSÃO DA HERANÇA: MOMENTO, LUGAR, OBJETO E 
CAPACIDADE SUCESSÓRIA ............................. ................................................. 18 
 
1.4 ACEITAÇÃO DA HERANÇA .......................... ................................................ 21 
 
1.5 RENÚNCIA DA HERANÇA ........................... ................................................. 22 
 
1.6 CESSÃO DE DIREITO HEREDITÁRIO ................. ......................................... 24 
 
1.7 HERANÇA JACENTE E VACANTE ..................... .......................................... 26 
 
1.8 INCAPACIDADE SUCESSÓRIA ....................... ............................................. 29 
CAPÍTULO 2 ........................................ ............................................ 32 
SUCESSÃO LEGÍTIMA ................................. ................................... 32 
2.1 ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA .................. ...................................... 32 
2.2 DOS DESCENDENTES EM CONCORRÊNCIA COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE E COM O COMPANHEIRO (A) SOBREVIVENTE . ................. 36 
2.3 DOS ASCENDENTES EM CONCORRÊNCIA COM O CÔNJUGE . ............... 44 
2.4 DO CÔNJUGE SOBREVIVENTE ...................... ............................................ 47 
 
 
2.5 DOS COLATERAIS ................................ ........................................................ 52 
2.6 SUCESSÃO DO MUNICÍPIO, DISTRITO FEDERAL E UNIÃO ..................... 55 
CAPÍTULO 3 ........................................ .......................................... 599 
INVENTÁRIO E PARTILHA PELA VIA ADMINISTRATIVA ..... ........ 59 
3.1 INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL ...................... .............................................. 59 
3.1.1 RESOLUÇÃO N . 35, DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA .................................. 63 
 
3.1.2 INVENTÁRIO NEGATIVO ....................................................................................67 
3.2 ASPECTOS GERAIS SOBRE OS PROCEDIMENTOS ADOTADOS NA LEI 
11.441/2007, QUANTO AO INVENTÁRIO E PARTILHA ...... ............................... 68 
3.2.1 IMPOSTO CAUSA MORTIS ................................................................................. 69 
3.3 PARTILHA DE BENS .............................. ....................................................... 75 
3.4 REQUISITOS E PROCESSAMENTO DO INVENTÁRIO ADMINI STRATIVO 78 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................. ................................ 81 
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ..................... ..................... 88 
 
RESUMO 
A presente Monografia tem como objeto de estudo a 
sucessão legítima e sua aplicação no procedimento administrativo de inventário 
e partilha extrajudicial, que está disciplinado, em geral, pela Lei nº 11.441, de 
04/01/2007 e pela Resolução do Conselho Nacional de Justiça - CNJ nº 35, de 
24/04/2007. O objetivo investigatório geral foi o de pesquisar, analisar e 
descrever, com base na legislação supracitada, bem como, na doutrina e na 
jurisprudência brasileira predominante, sobre a sucessão legítima e sua 
aplicação no inventário e partilha extrajudicial. A Monografia é composta de 
três capítulos: o primeiro trata da sucessão em geral, seus aspectos 
conceituais, espécies, legítima e testamentária, aceitação e renúncia da 
herança; o segundo, descrever sobre a sucessão legítima, em especial sobre a 
ordem da vocação hereditária; e o terceiro sintetiza o resultado da 
investigação, sobre o procedimento administrativo do inventário e partilha 
extrajudicial, seus aspectos, requisitos, e pressupostos. O tema é relevante, 
atual e tem aplicação prática imediata, tendo em vista a inegável necessidade 
do processamento de inventários e partilhas, agora, dentro do possível, na via 
extrajudicial. Com o nascimento da pessoa natural, implícito está a 
necessidade da morte. Ocorrendo a morte do ser humano, na maioria dos 
casos, surge a necessidade de inventariar e partilhar os bens deixados pelo 
falecido. 
INTRODUÇÃO 
O objeto de estudo da presente Monografia é a sucessão 
legítima e sua aplicação no procedimento administrativo de inventário e partilha 
extrajudicial, que está disciplinado, em geral, pela Lei nº 11.441, de 04/01/2007 
e pela Resolução do Conselho Nacional de Justiça - CNJ nº 35, de 24/04/2007. 
 O motivo da pesquisa, que resultou na produção do 
presente trabalho, foi o de solucionar os problemas formulados, a fim de testar 
as hipóteses e dirimir as dúvidas, principalmente no que se refere à facilitação 
do início, execução e finalização rápida do inventário e partilha causa mortis. 
A escolha do tema deveu-se ao interesse do pesquisador 
pelo assunto em objeto da pesquisa, considerando as necessidades sociais e o 
aperfeiçoamento doutrinário dos novos institutos jurídicos editados pelo 
legislador, bem como, a necessidade de aprofundar os conhecimentos, a fim 
de se preparar para os desafios do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil 
- OAB e de outros concursos públicos. 
O tema é relevante, atual e tem aplicação prática 
imediata, tendo em vista a inegável necessidade do processamento de 
inventários e partilhas, agora, dentro do possível, na via extrajudicial. Com o 
nascimento da pessoa natural, implícita está a necessidade da morte. 
Ocorrendo a morte do ser humano, na maioria dos casos, surge a necessidade 
de inventariar e partilhar os bens deixados pelo falecido. 
O estudo está delimitado à legislação que trata do 
inventário e partilha extrajudicial, regulado pela Lei nº 11.441, de 4 de janeiro 
de 2007 e pela Resolução CNJ nº 35, de 24/04/2007; bem como, delimitado ao 
entendimento jurisprudencial e doutrinário, mencionados no decorrer do 
trabalho. 
Fundamenta a validade da presente pesquisa, entre 
outros motivos, o propósito do desenvolvimento da ciência do direito, como 
meio de melhor compreensão e aplicação das regras jurídicas contidas na 
legislação pesquisada, com destaque para os dispositivos legais retro 
 2
mencionados, cujo inventário e partilha resulta na lavratura de escritura pública 
na via administrativa. 
O objetivo institucional foi o de produzir a presente 
Monografia para a obtenção do título de Bacharel em Direito, pela Universidade 
do Vale do Itajaí. 
O objetivo investigatório geral foi o de pesquisar, analisar 
e descrever, com base na legislação supracitada, bem como, na doutrina e na 
jurisprudência brasileira predominante, sobre a sucessão legítima e sua 
aplicação no inventário e partilha extrajudicial. 
Os objetivos investigatórios específicos foram os 
seguintes: 
a) pesquisar, interpretar e relatar sobre a sucessão em 
geral, seus aspectos conceituais, espécies, legítima e testamentária, aceitação 
e renúncia da herança. 
b) investigar, analisar e descrever sobre a sucessão 
legítima, em especial sobre a ordem da vocação hereditária. 
c) pesquisar, sintetizar e relatar sobre o procedimento 
administrativo do inventário e partilha extrajudicial, seus aspectos, requisitos, e 
pressupostos. 
 
Foram elaborados e serviram de base e estímulo para a 
realização desta pesquisa, resultante em Monografia, três problemas e 
respectivas hipóteses, conforme se verificam a seguir: 
 
Primeiro problema: A existência de testamento 
abrangendo a totalidade da herança em favor de terceiro e havendo herdeiro 
neto do autor da herança, fica excluída a possibilidade da existência simultânea 
de sucessão legítima? 
Primeira hipótese: Sim. Esta hipótese encontra sua 
fundamentação no próprio enunciado do problema; ou seja, o testamento 
abrange a totalidade da herança; portanto, fica excluída a possibilidade da 
existência simultânea de sucessão legítima. 
 
 3
Segundo problema: Quando se faz a comparação entre 
as disposições do art. 1.790 com a regra do art. 1.829, ambos do Código Civil - 
CC, fica evidente que o cônjuge sobrevivente tem mais direitos que o 
companheiro sobrevivente (exemplo: este último participa somente dos bens 
adquiridos onerosamente na constância da união estável e só tem direito à 
totalidade dos bens depois dos colaterais). Neste caso a doutrina e a 
jurisprudência predominante consagram esta diferença de tratamento? 
 
Segunda hipótese: Sim. Em respeito às disposições 
contidas no art. 1.790 do Código Civil predomina o entendimento doutrinário e 
jurisprudencial de que o legislador quis dar o referido tratamento diferenciado 
para estimular a conversão da união estável em casamento. 
 
Terceiro problema: Há necessidade de homologação 
judicial da Escritura Pública de Inventário e Partilha (extrajudicial)? 
Terceira hipótese: Não existe necessidade de homologar 
a Escritura Pública de Inventário e Partilha lavrada na via administrativa, em 
Cartório Tabelionato. 
 
A presente monografia está dividida em três capítulos, 
estruturada da seguinte forma: 
No primeiro capítulo são abordados assuntos da 
sucessão em geral, os conceitos, espécies e abertura da sucessão causa 
mortis, a sucessão legítima e testamentária, a transmissão da herança, 
aceitação e renúncia da herança, a cessão de direito hereditário, herança 
jacente e vacante e a incapacidade sucessória. 
O segundo capítulo discorre especificamente sobre a 
sucessão legítima, a ordem da vocação hereditária, dos direitos dos 
descendentes e em concorrência com o cônjuge sobrevivente e com o 
companheiro sobrevivente, os direitos dos ascendentes, o deferimento da 
herança para o cônjuge sobrevivente, para os colaterais e a devolução da 
herança para os entes federativos. 
 4
No terceiro capítulo, onde a abordagem é específica 
sobre o inventário e partilha extrajudicial, são destacados as regras jurídicas e 
entendimentos doutrinários e jurisprudenciais, relativos à Lei nº 11.441/2007 e 
à Resolução CNJ nº 35/2007, sobre o imposto causa mortis, partilha de bens e 
requisitos do processamento do inventário e partilha na via administrativa.Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na 
Fase de Investigação8 foi utilizado o Método Indutivo9, na Fase de Tratamento 
de Dados o Método Cartesiano10, e, o Relatório dos Resultados expresso na 
presente Monografia é composto na base lógica Indutiva. 
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as 
Técnicas do Referente11, da Categoria12, do Conceito Operacional13 e da 
Pesquisa Bibliográfica14.
 
8 “[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente 
estabelecido[...]. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da 
pesquisa jurídica . 10 ed. Florianópolis: OAB-SC editora, 2007. p. 101. 
9 “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma 
percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e 
Metodologia da pesquisa jurídica . p. 104. 
10 Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja 
LEITE, Eduardo de oliveira. A monografia jurídica . 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2001. p. 22-26. 
11 “[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando 
o alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma 
pesquisa.” PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesqu isa 
jurídica . p. 62. 
12 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” 
PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesqu isa jurídica . p. 
31. 
13 “[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja 
aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da 
Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídic a. p. 45. 
14 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. 
PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesqu isa jurídica . p. 
239. 
CAPÍTULO 1 
SUCESSÃO EM GERAL 
1.1 CONCEITOS, ESPÉCIES E ABERTURA DA SUCESSÃO 
Direito das Sucessões é a parte especial do Direito Civil 
que regula a destinação do patrimônio de uma pessoa depois de sua morte, 
prevista no Livro V do Código Civil, Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, a 
partir do artigo 1.784, além de encontrar sustentação no artigo 5º, XXX, da 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88), em que se 
garante o direito de herança, e somente em último caso de não haver herdeiros 
que o patrimônio hereditário se transfere para o Estado. 
Da doutrina colhem-se os ensinamentos do jurista 
Orlando Gomes15, que: 
Seu estudo pressupõe o conhecimento das outras partes 
especiais do Direito Civil. Por efeito da morte, transmitem-se e 
se constituem direitos reais. A sucessão é um dos modos de 
aquisição da propriedade. Créditos e obrigações passam aos 
sucessores causa mortis. O testamento é negócio jurídico. A 
sucessão legítima descansa no Direito de Família, e assim por 
diante. 
No mesmo sentido Arnoldo Wald16: 
O direito das sucessões, que estabelece as normas referentes 
à transmissão dos bens pertencentes às pessoas falecidas, 
encontra-se regulado no último livro do Código Civil de 2002 – 
bem como já era no Código Civil revogado. Além dessa 
regulamentação, a matéria encontra, atualmente, amparo 
constitucional, porquanto o art. 5º, que disciplina acerca dos 
direitos e garantias individuais, introduziu, no inciso XXX da 
Carta Magna de 5 de outubro de 1988, o direito de herança. 
 
15 GOMES, Orlando. Sucessões , p. 1 
16 WALD, Arnoldo. Direito civil: Direito das sucessões, p. 1 
 6
O conceito de sucessões, todavia, abrange não só os casos de 
transferência de direito subjetivo ou de dever jurídico mortis 
causa, como também os atos inter vivos. O direito sucessório 
ou hereditário, pois, tem restrito o seu campo de ação à 
transmissão de direitos ou deveres – oriunda do falecimento do 
seu titular – que se transferem a terceiros, em virtude da 
declaração de vontade do de cujus ou de disposição legal. 
O Direito das Sucessões consiste, portanto, no complexo 
de disposições jurídicas que regem a transmissão de bens ou valores e dívidas 
do falecido aos herdeiros. Ou seja a transmissão do ativo e do passivo do de 
cujus17 aos herdeiros, através do inventário e partilha de bens judicial ou extra-
judicial. Este último feito de maneira administrativa, diretamente no Cartório 
Tabelionato, por escritura pública; surgiu com o advento da Lei 11.441, de 
04/01/2007. 
Juridicamente o termo sucessão indica o fato de uma 
pessoa inserir-se na titularidade de uma relação jurídica que lhe advém de 
outra pessoa, podendo na acepção da palavra ser em sentido amplo ou 
restrito, conforme ensina Maria Helena Diniz18: 
a) Em sentido amplo: O termo sucessão aplica-se a todos os 
modos derivados de aquisição do domínio, indicando o ato pelo 
qual alguém sucede a outrem, investindo-se, no todo ou em 
parte, nos direitos que lhe pertenciam. Trata-se da sucessão 
inter vivo. 
 b) No sentido restrito: Sucessão é a transferência, total ou 
parcial, de herança, por morte de alguém, a um ou mais 
herdeiros. É a sucessão mortis causa que, no conceito 
subjetivo, é o direito por força do qual alguém recolhe os bens 
da herança, e, no conceito objetivo, indica a universalidade dos 
bens do de cujus, que ficaram com seus direitos e encargos. 
 No mesmo sentido, Sílvio de Salvo Venosa19 discorre 
que: "Suceder é substituir, tomar o lugar de outrem no campo dos fenômenos 
 
17 De cujus: “Locução latina que designa pessoa falecida de cuja sucessão de bens se trata. 
Há, todavia, quem empregue a expressão autor da herança”. (ACQUAVIVA, 2004, p.16) 
18 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: Direito das sucessões, p.16 
19 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões, p. 1-2 
 7
jurídicos. Na sucessão, existe uma substituição do titular de um direito. Esse é 
o conceito de sucessão no direito". 
 A mudança da titularidade da relação jurídica é a 
novidade ou o destaque na sucessão por causa da morte; isto, porque o 
conteúdo e o objeto da referida relação jurídica permanecem sem alteração, 
como explica Sílvio de Salvo Venosa20 no texto abaixo destacado: 
Quando o conteúdo e o objeto da relação jurídica permanecem 
os mesmos, mas mudam os titulares da relação jurídica, 
operando-se uma substituição, diz-se que houve uma 
transmissão no direito ou uma sucessão. Assim, o comprador 
sucede ao vendedor na titularidade de uma coisa, como 
também o donatário sucede ao doador, e assim por diante. 
Destarte, sempre que uma pessoa tomar o lugar de outra em 
uma relação jurídica, há uma sucessão. A etimologia da 
palavra (sub cedere) tem exatamente esse sentido, ou seja, de 
alguém tomar o lugar de outrem. 
No direito, costuma-se fazer uma grande linha divisória entre 
duas formas de sucessão: a que deriva de um ato entre vivos, 
como um contrato, por exemplo, e a que deriva ou tem como 
causa a morte (causa mortis), quando os direitos e obrigações 
da pessoa que morre transferem-se para seus herdeiros e 
legatários. 
 A ciência jurídica, vinculada ao direito das sucessões, é 
comentada por Sílvio de Salvo Venosa,21 como segue abaixo: 
Quando se fala, na ciência jurídica, em direito das sucessões, 
está-se tratando de um campo específico do direito civil: a 
transmissão de bens, direitos e obrigações em razão da morte. 
É o direito hereditário, que se distingue do sentido lato da 
palavra sucessão, que se aplica também à sucessão entre 
vivos. 
 Verifica-se, então, que a sucessão acima destacada, é 
aquela que provém do fato causa mortis; apesar que existe a sucessão entre 
pessoas vivas. A sucessão causa mortis está, portanto, disciplinada no Código20 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões, p. 1-2 
21 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões, p. 1-2 
 8
Civil (Lei nº 10.406/2002) a partir do artigo 1.784, que trata das regras de 
transmissão de bens, em razão da morte de um titular. 
No próximo item serão destacadas e explicadas as 
espécies de sucessão por causa da morte da pessoa natural (legítima e 
testamentária). 
1.2 ESPÉCIES DE SUCESSÃO POS MORTIS 
Oriundo da fusão do direito romano e antigo direito 
germânico, com suas particularidades, herdando do direito romano a absoluta 
liberdade de deixar testamento que abrangia totalmente o patrimônio do de 
cujus, e do direito germânico somente a possibilidade de transmitir a herança 
aos herdeiros consangüíneos, surgiram as regras do direito das sucessões no 
Brasil. Predomina a ocorrência da sucessão legítima ou ab intestato22 (sem 
testamento). Portanto, o direito brasileiro adota a fusão de ambos os 
ensinamentos (romano e germânico) e possibilita que o instituidor da herança 
possa deixar sob forma de testamento metade dos seus bens a quem queira, e 
a outra metade aos seus herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e 
cônjuge sobrevivente). 
Em si, existem dois tipos de sucessão em caso de morte: 
a sucessão testamentária, oriunda de testamento deixado pelo finado e a 
legítima ou hereditária, resultante da lei, conforme artigo 1.786 do Código Civil. 
Nesse sentido discorre Washington Monteiro de Barros23: 
Efetivamente, o artigo 1.786 do Código Civil de 2002, a 
exemplo do que dispunha o de 1916, preceitua que “a 
sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade”. 
Previstas se acham, nesse dispositivo legal, as duas formas de 
sucessão do nosso ordenamento jurídico, a legítima, resultante 
da lei, e a testamentária, decorrente do testamento. 
 
22 Ab intestato: Locução latina. Sem deixar testamento. Diz respeito à sucessão sem 
testamento ou dos herdeiros por ele beneficiados. (SIQUEIRA, 2002, p. 9) 
23 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil : Direito das Sucessões, p. 9 
 9
Continua Washington Monteiro de Barros24, sobre as duas 
formas de sucessão, transcritas a seguir: 
Se não há testamento, se o falecido não deixa qualquer ato de 
última vontade, a sucessão é legítima ou ab intestato, deferido 
todo o patrimônio do de cujus às pessoas expressamente 
indicadas pela lei de acordo com a ordem de vocação 
hereditária (Cód. Civil de 2002, art. 1.829). Assim estabelece o 
art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a 
herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quando 
aos bens que não forem compreendidos no testamento; e 
subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for 
julgado nulo. A essas hipóteses acrescente-se a revogação do 
testamento. 
A vontade presumida do falecido ou a proteção da família 
do autor da herança, normalmente, justificam a existência da sucessão 
legítima, conforme o seguinte comentário de Arnoldo Wald25: 
Diversas teorias explicam as razões pelas quais a ordem de 
vocação sucessória vem beneficiar os membros da família do 
de cujus, seja por ver no caso um resquício da propriedade 
primitiva, que teria sido familiar, seja interpretando a vontade 
presumida do falecido, que, normalmente, se testamento 
fizesse, iria deixar os seus bens aos seus parentes, seja, enfim, 
porque seria natural que o falecido tendo em vida contribuído 
para o sustento de sua família em sentido estrito (casal e 
filhos), queira que os bens remanescentes sejam atribuídos 
aqueles que com ele conviveram e que ele em vida sustentou. 
A sucessão testamentária não deriva diretamente da lei, 
como é o caso da sucessão legítima, mas, é autorizada e regulada pela lei, 
como observa Orlando Gomes26: 
A sucessão ab intestato deriva imediatamente da lei, ao 
contrário da sucessão testamentária que resulta, consoante 
permissão legal, de uma disposição de última vontade, 
denominada testamento. 
 
24 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil : Direito das Sucessões, p. 10 
25 WALD, Arnoldo. Direito das Sucessões, p. 60 
26 GOMES, Orlando. Sucessões , p. 40. 
 10
Por ter na lei sua fonte imediata, chama-se sucessão legítima 
ou, também, sucessão legal. 
Ocorre quando o falecido não houver disposto, no todo ou em 
parte, dos bens, em testamento válido, ou quando não se pode 
dispor de parte desses bens por ter herdeiros necessários. Na 
segunda hipótese, dá-se inevitavelmente. Denomina-se 
sucessão legitimaria. 
Em suma, há sucessão legítima quando: 
Tem o autor da herança herdeiros que, de pleno direito, fazem 
jus a recolher uma parte dos bens; 
o testador não dispõe de todos os seus bens; 
o testamento caduca; 
o testamento é declarado inválido. 
A herança legítima, correspondente a metade do 
patrimônio hereditário, pertence de pleno direito aos herdeiros necessários 
(descendentes, ascendentes e cônjuge sobrevivente); a outra metade 
corresponde a parte disponível e pode ser destinada em testamento, conforme 
ensina Orlando Gomes27: 
A existência de testamento não exclui, portanto, a sucessão 
legítima, porquanto, ainda sendo válido e eficaz, se dará 
havendo herdeiros obrigatórios ou havendo bens excedentes 
das disposições testamentárias. Quando ineficaz, por haver 
caducado, ou ter sido declarado nulo, aplicam-se, em 
substituição, as regras da sucessão ab intestato. 
Herdeiro legítimo é a pessoa indicada na lei como sucessor 
nos casos de sucessão legal, a quem se transmite a totalidade 
ou quota-parte da herança. 
Na classificação dos herdeiros legítimos, distinguem-se os 
necessários, também designados legitimários “reservatários”, 
dos facultativos; mas a expressão, empregada em sentido lato, 
designa quem, por prescrição legal, é chamado à sucessão do 
que faleceu intestado; já em acepção estreitíssima, refere-se 
aos filhos, primeiros herdeiros necessários. 
Herdeiro necessário é o parente (descendente ou 
ascendente) e o cônjuge com direito a uma cota parte da herança, da qual não 
 
27 GOMES, Orlando. Sucessões , p. 40. 
 11
pode ser privado. A parte reservada aos herdeiros legitimados chama-se 
legítima, conforme especificamente será analisada no item seguinte. 
1.2.1 Sucessão legítima 
Em resumo: havendo herdeiros necessários, a liberdade 
de testar é restrita à metade disponível da herança; havendo somente 
herdeiros facultativos, é plena a possibilidade de dispor em testamento. Todo 
herdeiro necessário é legítimo (descendente, ascendente e cônjuge 
sobrevivente), mas nem todo herdeiro legítimo é necessário (colaterais e 
companheiro sobrevivente). 
Sobre a natureza jurídica da sucessão legítima, frisa 
Orlando Gomes28: 
São herdeiros necessários; os descendentes e ascendentes 
sem limites no grau de parentesco e, ainda, o cônjuge. 
A qualificação do herdeiro legítimo fundamenta-se na 
organização da família. 
Por direito de família stricto sensu, em favor dos parentes 
legítimos, por direito de sangue dos filhos e pais e por direito 
matrimonial do cônjuge. 
As regras gerais concernentes à sucessão, no sentido de 
serem regras que se aplicam tanto à sucessão testamentária 
quanto àquela que se processa tendo falecido o de cujus ab 
intestato, passa o legislador a editar regras especialmente 
desenhadas para aqueles casos em que a morte se dá com 
ausência de testamento ou mesmo com testamento válido, por 
que a outra metade do acervo, deve ser compartilhada com os 
herdeiros necessários, que são aqueles que necessariamente 
devem ser chamados a herdar ou, ao menos se manifestarem 
à respeito da quota que lhes é deferida por direito, se 
habilitando ou aceitando a sua parte ou ainda fazendo menção 
a renúncia da parte da herança que lhes cabe por direito. 
Então, cumpre-se a vontade do falecido, em entregar para 
os favorecidos no testamento, sejameles herdeiros ou legatários, até a metade 
 
28 GOMES, Orlando. Sucessões, p. 40. 
 12
do monte da herança e a outra metade deve ser partilhada nos moldes da lei, 
aos herdeiros necessários. 
É prudente destacar que os parentes em linha colateral 
até o 4º (quarto) grau têm direito de receber herança, respeitadas as demais 
regras da sucessão testamentária, como por exemplo os parentes mais 
próximos do falecido (a) excluem da herança os mais remotos, conforme 
estipulado no artigo 1.829, do Código Civil, abaixo destacado: 
Art. 1.829 . A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge 
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime 
da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de 
bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da 
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado 
bens particulares; 
II – aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge: 
III – ao cônjuge sobrevivente; 
IV – aos colaterais. 
Sobre descendentes (filhos, netos, bisnetos, e demais), 
não há limite na sucessão, bem como para os ascendentes (pais, avós, 
bisavós, e demais). 
A evolução histórica das mudanças da legislação que 
disciplinam a transmissão da herança demonstra que o Estado tem, 
atualmente, maior possibilidade de receber o patrimônio hereditário. Isto, 
porque o pagamento acontece, nos colaterais, somente até o quarto grau de 
parentesco. Legislação anterior autorizava o pagamento da herança para 
parentes colaterais até o décimo grau, conforme explica, abaixo, Caio Mario da 
Silva Pereira29: 
tendo em vista a correlação íntima entre estas duas classes de 
herdeiros, tanto mais cresce a sucessão do Estado, quanto 
decresce a dos colaterais; e vice-versa, se esta é reforçada, a 
posição do Estado enfraquece. A exposição que se segue 
 
29 PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições do direito civil , p. 171 
 13
abrange, simultaneamente, a disciplina da matéria tanto no 
Código Civil de 1916 quanto de 2002. 
O nosso direito anterior ao Código Civil de 1916, neste passo, 
foi de enorme largueza, estendendo para os efeitos 
sucessórios o conceito de família até o 10º grau. E com a 
agravante de preferi-lo ao cônjuge. 
O Código de 1916, acolhendo a inversão de posições do 
cônjuge supérstite em relação aos parentes da linha 
transversal e a redução dos graus sucessíveis, já consagradas 
na Lei Feliciano Pena (n. 446, supra), deteve no 6º grau a 
vocação hereditária na linha oblíqua. Pareceu que se podia 
restringir ainda mais, na afirmação de tendência que se 
observa, no direito moderno. 
A fundamentação legal deste comentário, em relação ao 
Código Civil vigente (Lei nº 10.406/2002), está prevista no art. 1.839, que 
apresenta a seguinte redação: "Art. 1.839 . Se não houver cônjuge 
sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a 
suceder os colaterais até o quarto grau". 
Como a sucessão legítima ocorre em virtude da lei, só na 
sucessão legítima existe a ordem da vocação hereditária, modo pelo qual a lei 
situa as pessoas sucessíveis, para fins hereditários, em classes que preferem 
umas as outras, na aquisição da herança. 
Quanto ao modo de suceder e partilhar a herança, Wilson 
de Oliveira30, esquematiza da seguinte maneira: 
Modos de suceder e modos de partilhar a herança. 
a) Modos de suceder – Pode ocorrer a sucessão por direito 
próprio (jure próprio), por direito de representação (jure 
representationis) e por direito de transmissão (jure 
transmissionis). Por direito próprio quando o herdeiro pertence 
à classe chamada à sucessão. 
Por direito de representação quando os herdeiros chamados 
são da mesma classe, mas de graus diferentes. 
 
30 OLIVEIRA, Wilson de. Sucessões , p. 37. Apud Orlando Gomes. Sucessões, p. 44. 
 14
Por direito de transmissão quando o herdeiro falece antes de 
declarar se aceita a herança ou quando ainda não a 
reconheceu. 
b) Modos de partilhar a herança – Pode a partilha da herança 
ser feita: 
- por cabeça ou in capita; 
- por estirpe ou in stirpes: 
- por linhas ou in lineas. 
Sendo todos os herdeiros do mesmo grau, a partilha se faz por 
cabeça [cada grau corresponde a uma geração]. 
Sendo os herdeiros da mesma classe, mas de graus diferentes, 
a partilha se faz por estirpe, vale dizer, os descendentes do 
herdeiro pré-morto partilham entre si a quota destinada a este. 
Tratando-se de herança deixada a ascendentes, consideram-
se os graus e as linhas: a paterna e a materna. 
Partir-se-á a herança em duas linhas meio pelo meio, isto é, os 
ascendentes de linha paterna herdam à metade, cabendo a 
outra aos da linha materna. [Cód. Civil, art. 1.836, § 2º]. 
Do modo de suceder é que se partilha a herança, ou seja, 
por cabeça é o direito próprio, que é seu quinhão hereditário na sua totalidade, 
enquanto que por estirpe é o quinhão dividido aos herdeiros daquele que 
herdaria por direito seu, e por transmissão seria aquela parte da herança que 
vai ser dividida do herdeiro que morreu depois do instituidor da herança, mas 
antes do inventário, do qual ele é herdeiro; este último meio está em desuso, 
conforme doutrina atual, porque acontece quando um inventário se sobrepõe a 
outro em andamento. 
A transmissão da herança pode acontecer por disposição 
de vontade do denominado testador e neste caso acontece a sucessão 
testamentária, cujo resultado da pesquisa segue abaixo destacado. 
1.2.2 Sucessão testamentária 
Após pesquisa discorrida no item anterior sobre a 
sucessão legítima, que transmite a herança aos parentes e cônjuge, será 
estudado a seguir o outro modo de transmissão da herança em que o 
 15
instituidor da herança antes de falecer expressa sua vontade em amparar 
alguém de seu agrado, respeitadas as restrições legais (exemplo: não pode ser 
herdeira ou legatária a testemunha do testamento). 
Vale lembrar então que a sucessão testamentária decorre 
da última vontade do falecido, assim manifestando o seu derradeiro desejo. 
Neste caso o autor da herança tem liberdade para testar em favor de uma ou 
mais pessoas os seus bens. Mas, contudo se houver herdeiro legítimo o 
falecido não poderá usar toda sua herança em benefício dessas pessoas 
escolhidas por ele, e sim somente 50% (cinqüenta por cento) do seu 
patrimônio, conforme já destacado anteriormente. 
Então, se o falecido, deixou testamento válido, ter-se-á 
nesse caso a sucessão testamentária, do ato de última vontade em favor das 
pessoas indicadas no testamento que poderão herdar até a metade dos seus 
bens ou a totalidade, no caso de inexistir herdeiros necessários (toda a 
herança é disponível). 
Washington Monteiro de Barros31 alerta que o testador 
tem restrições à liberdade de dispor em testamento, conforme abaixo 
destacado: 
Importa frisar, para logo, que absoluta não é a liberdade de 
testar, como outrora sucedia no primitivo direito romano. 
Atualmente, pelo nosso direito, se o testador tem herdeiros 
necessários, isto é, descendentes, ascendentes e cônjuge 
sucessíveis (art. 1.845), somente poderá dispor da metade de 
seus bens (art. 1.789). 
Havendo, destarte, herdeiros em linha reta, descendentes ou 
ascendente, ou cônjuge sobrevivente, denominados herdeiros 
necessários, divide-se o universum jus defuncti em duas partes 
iguais: a legítima, que, de direito, cabe aos referidos herdeiros, 
e a porção disponível , da qual o testador pode livremente 
dispor, ou para outorgá-la ao cônjuge sobrevivente, ou a 
qualquer de seus herdeiros, ou a estranhos. As únicas 
restrições existentes são ditadas pelos artigos 1.801 e 1.802 do 
 
31 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: Direito das sucessões, p. 10 
 16
Código Civil, que regulam a incapacidade testamentária 
passiva. 
Art. 1.801. Não podem sernomeados herdeiros nem 
legatários: 
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu 
cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; 
II - as testemunhas do testamento; 
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa 
sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco 
anos; 
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, 
perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o 
testamento. 
Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor 
de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando 
simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante 
interposta pessoa. 
Parágrafo único . Presumem-se pessoas interpostas os 
ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou 
companheiro do não legitimado a suceder. 
 A legislação brasileira considera a porção disponível fixa e 
invariável correspondente à metade da herança. Ou seja, em qualquer 
hipótese, seja qual for a qualidade e o número dos herdeiros, compreenderá 
sempre a cinqüenta por cento dos bens do testador. 
Existindo simultaneamente, na mesma herança, herdeiro 
necessário e testamento acontece uma convivência harmoniosa entre os dois 
tipos de sucessão (legítima e testamentária), conforme análise a seguir exposta 
por Francisco José Cahali e Giselda Maria Fernades Novaes Hironaka32: 
Contrariamente ao que se dá com a sucessão legítima, a 
sucessão testamentária pressupõe uma aquisição de situação 
jurídica decorrente da intervenção volitiva do autor da herança, 
o testador. 
 
32 CAHALI, Francisco José. HIRONAKA; Giselda Maria Fernandes Novaes. Curso avançado 
de direito civil: Direito das sucessões, p. 261 
 17
O patrimônio endereçado pelo testador ao seu sucessor 
constitui o que se designa por herança. 
Assim como em Roma, se hoje falecer o autor da herança ab 
intestato, prevalecerá a sucessão legítima. Por outro lado, 
declarando uma pessoa sua disposição de última vontade, 
estará possibilitando o ingresso no campo da sucessão 
testamentária, que, ao contrário do que se possa imaginar, não 
exclui a sucessão legítima, mas com ela convive, se for o caso, 
se houver herdeiros necessários, para o efeito final de se ver 
distribuído o acervo sucessório entre herdeiros legítimos e 
herdeiros e/ou legatários nomeados em testamento. Tal regra, 
hoje reproduzida no direito brasileiro pela primeira parte do 
artigo 1.788 do Código Civil. 
Comenta ainda Francisco José Cahali e Giselda Maria 
Fernandes Novaes Hironaka33, da procedência de juristas e doutrinadores ao 
asseverar que, no Brasil, a difusão da sucessão testamentária é minúscula, 
como segue: 
Na verdade, via de regra as pessoas passam pela vida e dela 
se vão intestadas; o reduzido número daquelas que testam o 
fazem porque não tiveram filhos, ou porque desejavam 
beneficiar (na vigência do Código Civil de 1916) o cônjuge, em 
desfavorecimento dos ascendentes, ou, ainda, porque 
desejavam beneficiar certas pessoas, por meios de legados, ou 
simplesmente, porque desejavam reconhecer filhos havidos 
fora do casamento. 
Herdado de sua cultura, com raras exceções o brasileiro 
não gosta de falar a respeito da morte, e sua circunstância, é ainda bastante 
mistificada e resguardada, como se falar de sua própria morte trouxesse mau 
agouro, presságio ruim, assim como são poucas as pessoas que contratam o 
jazigo no cemitério. 
O momento e o lugar de transmissão da herança, o objeto 
da herança e a capacidade passiva de suceder serão estudadas, com base na 
pesquisa, no item seguinte. 
 
33 CAHALI, Francisco José. HIRONAKA; Giselda Maria Fernandes Novaes. Curso avançado 
de direito civil: Direito das Sucessões, p. 264 
 18
1.3 TRANSMISSÃO DA HERANÇA: MOMENTO, LUGAR, OBJETO E 
CAPACIDADE SUCESSÓRIA 
A transmissão da herança se dá no momento do 
falecimento do instituidor, tendo o herdeiro representante 60 dias para propor a 
Ação de Abertura de Inventário e Partilha conforme preceitua o artigo 983 do 
Código de Processo Civil, artigo este alterado pela Lei nº 11.441 de 2007. 
Prazo este de 60 dias, que deverá ser cumprido, sob pena 
de multa a ser recolhida no momento do recolhimento do ITCMD (imposto de 
transmissão causa mortis ou doação). 
Do Código de Processo Civil - CPC (Lei nº 5.869, de 
11/01/1973), com a redação dada pela Lei nº 11.441, de 2007 destacam-se o 
seguinte: 
Art . 983. O processo de inventário e partilha deve ser aberto 
dentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, 
ultimando-se nos 12 (doze) meses subseqüentes, podendo o 
juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento da parte. 
Na busca de uma melhor agilidade processual e 
desentrave do judiciário a referida lei traz também a novidade da opção do 
inventário e partilha poderem ser feitos de pela forma administrativa; ou seja, 
por Escritura Pública em Cartório Tabelionato, na condição de que todos os 
herdeiros sejam maiores e capazes e tenha o falecido deixado testamento, nos 
termos do CPC, como segue: 
Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, 
proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e 
concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por 
escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro 
imobiliário. 
Quanto à transmissão da herança, ressalta Francisco 
José Cahali e Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka34, que: 
 
34 CAHALI, Francisco José. HIRONAKA; Giselda Maria Fernandes Novaes. Curso avançado 
de direito civil, p. 42 - 43 
 19
Nos termos do art. 6º do Código Civil, a existência da pessoa 
natural termina com a morte, ainda que presumida nos termos 
da lei (CC, arts, 6º e 7º). Este é o momento exata da abertura 
da sucessão, também chamada de delação, ou devolução 
sucessória, ou delação hereditária. 
(...) 
o art. 1.784 do Código Civil estabelece: “Aberta a sucessão, a 
herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e 
testamentários”, sendo conveniente deixar claro que a abertura 
da sucessão ocorre com a morte, e não se confunde com a 
abertura do inventário, fato este só instaurado com a 
provocação do judicial comunicando o falecimento. 
Sendo o objeto da sucessão pos mortis a herança, 
Arnoldo Wald35, leciona fazendo a distinção entre sucessão e herança: 
Para esclarecer essas noções podemos dizer que a sucessão 
é o modo de transmissão, enquanto a herança é o conjunto de 
bens, direitos e obrigações que se transmitem aos herdeiros e 
legatários. 
Assim a herança transmite-se em virtude de sucessão mortis 
causa; a sucessão mortis causa é o modo de transmitir a 
herança. 
A herança, também denominada espólio ou monte, abrangendo 
a totalidade dos bens transferíveis, é considerado pelo direito 
brasileiro, em virtude de ficção legal, como um imóvel, 
obedecendo às normas peculiares referentes a essa espécie 
de bens. Desse modo, quaisquer que sejam os elementos 
integrantes da herança, terá ela natureza imobiliária, 
dependendo, para a sua alienação, de escritura pública, e 
sujeitando-se às normas sobre sua transferência de imóveis 
(CC, art. 80, II). In verbis: 
Art. 80. Consideram-se imóveis para efeitos legais: 
II – o direito à sucessão aberta. 
Concorda Arnoldo Wald36, que a herança constitui-se em 
um monte só, permanecendo como condomínio, que só se dissolve pela 
partilha, como segue: 
 
35 WALD, Arnoldo. Direito civil : Direito das Sucessões, p. 7-8 
36 WALD, Arnoldo. Direito civil: Direito das Sucessões, p. 8 
 20
A herança constitui-se no momento da abertura da sucessão, 
ou seja, por ocasião da morte do de cujus, apresentando-se 
para como uma universitas júris, um patrimônio único, até o 
momento da partilha e adjudicação dos bens aos herdeiros. 
Durante o período de indivisão, funciona como uma espécie de 
condomínio, que só se dissolve pela partilha,em virtude da 
qual é composto o quinhão hereditário da cada um dos 
herdeiros com os bens que passam a incorporar-se ao seu 
patrimônio retroativamente, como se seus fossem desde a data 
do falecimento do de cujus (CC, 1.791, parágrafo único). 
Quanto à capacidade sucessória dos herdeiros ou dos 
legatários ensina Silvio de Salvo Venosa37, que: 
A capacidade para suceder é a aptidão para se tornar herdeiro 
ou legatário numa determinada herança. A vocação hereditária 
está na lei, norma abstrata que é. Daí por que a lei diz que são 
chamados os descendentes, em sua falta os ascendentes, 
cônjuge, colaterais até o quarto grau e Estado. 
Assim, para suceder, não basta que alguém invoque a ordem 
de vocação hereditária ou seu aquinhoamento no testamento. 
Há certas condições a serem verificadas. A pessoa deve reunir 
três condições básicas: (a) estar viva; (b) ser capaz; e (c) não 
ser indigna. 
Explica ainda Venosa38, que, para os herdeiros ainda não 
concebidos, que é uma condição para transmissão da herança, terão seus 
bens resguardados por certo tempo. Que em regra todos são capazes, 
exceções feitas aos elencados no artigo 1.801 do CC, e o indigno, conforme 
comenta: 
No caso de herdeiros ainda não concebidos, os bens da 
herança serão confiados, após a partilha, a curador nomeado 
pelo juiz (art. 1800). Se, após dois anos contados da abertura 
da sucessão, não nascer o herdeiro esperado, os bens 
reservados caberão aos herdeiros legítimos, salvo disposição 
em sentido diverso feita pelo testador (art. 1800, § 4º). 
 
37 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito das sucessões, p. 49 - 51 
 
38 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito das sucessões, p. 50 
 21
Considerando que nenhuma pessoa natural ou jurídica 
poderá ser forçada a receber herança segue no item abaixo a síntese do 
estudo feito sobre a aceitação da herança. 
1.4 ACEITAÇÃO DA HERANÇA 
Com a sucessão, o herdeiro sub-roga-se na integralidade 
das relações jurídicas do falecido, assumindo, assim, a titularidade dos bens e 
direitos inventariados. 
Atualmente, o herdeiro não responde pelas dívidas do de 
cujus, além do patrimônio herdado, estabelece o artigo 1.792 do Código Civil, 
entretanto, a ele é facultado aceitar ou não a herança, em razão do princípio de 
que ninguém é herdeiro contra a vontade, não se podendo impor a adição do 
acervo hereditário, assumindo as obrigações de uma herança negativa, com 
encargos, administração de patrimônio, se não existir interesse. 
Especialmente, quanto ao legado: mais vale a renúncia do 
que lhe foi atribuído em testamento do que assumir à imposição de encargos 
específicos ao legatário. 
Comenta Francisco Cahali39, que a lei exige deliberação 
dos sucessores através de manifestação de vontade reveladora do desejo em 
recolher a herança, nestes termos: 
A aceitação da herança representa, assim, o ato jurídico 
unilateral e necessário pelo qual o herdeiro, que ao tempo da 
abertura da sucessão houvera adquirido, ipso iure, a posse e a 
propriedade dos bens da herança, confirma sua intenção de 
receber este acervo que lhe é transmitido. 
Ao tutor ou curador é dada a representação do pupilo ou 
curatelado para aceitar a herança, mediante prévia autorização 
judicial (CC, art. 1.748, II), admitida também a aceitação por 
mandatário ou gestor de negócios. 
Quanto à forma, a aceitação pode ser: expressa, tácita ou 
presumida. 
 
39 CAHALI, Francisco José; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Curso avançado 
de direito civil: Direito das Sucessões, p.87 – 89. 
 22
Sobre as formas expressa e tácita de aceitação da 
herança, sem mencionar a forma presumida, seguem os destaques feitos por 
Washington Monteiro de Barros40: 
Há duas formas de aceitação, expressa e tácita (Cód. Civil, art. 
1.805). É expressa quando o herdeiro declara por escrito, 
público ou particular, que deseja receber a herança. Nossa lei 
não tolera aceitação manifestada oralmente. Inútil, por isso, 
esforço do interessado, no sentido de demonstrar, por meio de 
testemunhas, sua vontade de recolher a herança, ainda que de 
valor insignificante, em que se admite prova exclusivamente 
testemunhal. 
Não se justifica, entretanto esse rigor do nosso direito positivo, 
mesmo porque a aceitação, ex vi legis, pode ser tácita, quando 
resulta da prática de atos somente compatíveis com o caráter 
de herdeiros (art. 1.805). Aliás, na vida corrente, não se 
costuma exigir aceitação expressa, não sendo usual que o 
herdeiro compareça ao processo de inventário para externar 
aceitação. 
Verifica-se então que na prática poucos vão perante o juiz 
dizer que aceitam a herança; na maioria dos casos essa manifestação 
acontece tacitamente pelos herdeiros, inferindo-se da prática de atos 
peculiares e específicos da inventariança. O processo de inventário é 
distribuído e corre normalmente, aos herdeiros que se habilitaram, sendo ao 
final expedido o devido formal de partilha. 
Quando o herdeiro deseja repudiar a sua herança a 
legislação exige que ele pratique o ato espontâneo e expresso denominado de 
renúncia da herança, conforme especificado no item seguinte. 
1.5 RENÚNCIA DA HERANÇA 
Por causa de diversos motivos, que não precisam ser 
externados, os herdeiros podem renunciar o direito de receberem a herança. 
 
40 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: Direito das sucessões, p. 51 
 
 23
A renúncia da herança , que não se confunde com a 
desistência da herança, é um ato expresso e solene que exige livre e 
espontânea vontade do herdeiro, conforme a seguinte explicação feita por 
Washington Monteiro de Barros41: 
A renúncia não pode ser inferida de simples conjeturas; ela não 
se presume, requer ato positivo de vontade de renunciar e 
exige solenidade ( nemo juri suo facile renuntiare praesumitur). 
Não pode ser tácita a renúncia, como sucede com a aceitação; 
precisa ser formulada de modo expresso e deve constar, 
obrigatoriamente, como ato solene que é, de instrumento 
público, ou de termo nos autos de inventário, com 
homologação pelo juiz (art. 1.806). 
Devido aos seus efeitos, exige plena capacidade jurídica do 
renunciante. Não pode destarte ser realizada por incapaz, nem 
pelo representante legal, a menos que obtenha prévia 
permissão da autoridade judiciária competente. Feita por 
mandatário, a procuração deve conter poderes especiais e 
expressos (art. 661, §1º). 
Só não se permite renúncia quando contrária à lei, ou entrar 
em conflito com direitos de terceiros. Não se confunde com a 
desistência. Dá-se a primeira quando não existe qualquer ato a 
exprimir aceitação da herança; a segunda, ao inverso, 
pressupõe anterior aceitação, tácita ou expressa. 
Compreende-se então, que a renúncia não se presume, 
ao contrário da aceitação de herança. A renúncia exige, portanto, que ela seja 
solene e de livre vontade, devendo ser formulada de ato expresso; quando feita 
através de procuração deve conter poderes específicos para a renúncia da 
herança; o renunciante deve ter capacidade civil para praticar o ato de 
renúncia. 
Depois de aberta a sucessão hereditária e antes de 
encerrar o processo de inventário e partilha os herdeiros podem ceder seus 
direitos hereditários para terceiros, conforme resultado da investigação 
sintetizada abaixo. 
 
41 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: Direito das sucessões, p. 53 
 
 24
1.6 CESSÃO DE DIREITO HEREDITÁRIO 
Com a abertura da sucessão, tem-se a herança disponível 
para os herdeiros em um monte só (unidade e universalidade da herança), 
necessitando ser dividida, através do processo denominado Inventário e 
Partilha Judicial ou Extrajudicial. Desde a abertura da sucessão até o momento 
da partilha dos bens, pode acontecer que os herdeiros precisam "vender" 
(ceder direito hereditário),parte dos bens, ou o total dos bens que têm direito 
no espólio; neste caso, a solução é a aplicação do instituto denominado de 
"cessão de direito hereditário" ou cessão da herança. 
A cessão de direito hereditária onerosa ou gratuita é 
explicada por Silvio de Salvo Venosa42, conforme abaixo: 
Uma vez aberta a sucessão, pelo evento da morte, surge a 
figura do herdeiro. Por força da saisine, o herdeiro já é titular 
dos direitos hereditários, da universalidade da herança, de uma 
fração do patrimônio que lhe foi transmitido pelo de cujus (ou 
de todo o patrimônio se for o único herdeiro). 
Como titular do patrimônio, pode aliená-lo, como todo bem que 
está no comércio, que não tenha as restrições de 
inalienabilidade. Não é necessário esperar nem mesmo a 
abertura do inventário. Aliás, a alienação da herança antes da 
abertura do inventário induz, inevitavelmente, sua aceitação. 
Desse modo, o herdeiro legítimo ou testamentário pode ceder, 
gratuita ou onerosamente, seus direitos hereditários, 
transferindo-os a outrem, herdeiro, legatário ou pessoa 
estranha à herança. É o que se denomina cessão da herança 
(ou cessão de direitos hereditários, como é preferido na prática 
forense). 
A cessão de direito hereditário é negócio jurídico e é um 
dos meios de transferência da herança, que envolve o cedente e o cessionário, 
conforme ensina Maria Helena Diniz43, como segue: 
A cessão da herança, gratuita ou onerosa, consiste na 
transferência que o herdeiro, legítimo ou testamentário, faz a 
 
42 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: Direito das sucessões, p. 28 – 32. 
43 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: Direito das sucessões, p. 87 
 25
outrem de todo o quinhão hereditário ou de parte dele, que lhe 
compete após a abertura da sucessão”, descreve ainda de 
maneira sintetizada, que a cessão da herança, acontece com 
observância de 13 (treze) princípios, conforme síntese abaixo: 
Cedente deve ter a capacidade genérica e a dispositiva. 
Cessão só valerá após a abertura da sucessão e deverá ser 
feita por escritura pública (CC, art. 1.793). 
Cessão somente poderá ser efetivada antes da partilha. 
Cedente transfere sua quota ideal na massa hereditária, sem 
discriminar bens (CC, art, 1.793, §§ 2º e 3º). 
Cessionário sucede inter vivos, sendo sucessor a titularidade 
singular. 
Cessionário assume, em relação aos direitos hereditários, a 
mesma condição jurídica do cedente (CC, art. 1.793, § 1º). 
Cessionário só responde pelos débitos intra vires hereditatis. 
Cessão de herança é negócio jurídico aleatório. 
Cedente, em regra, não responde pela evicção. 
Cessão de herança feita sem anuência dos credores do espólio 
autoriza que o cedente seja acionado por eles. 
Cessão onerosa realizada a estranho regula-se pelos arts. 
1.794, 1.795 e parágrafo único do CC. 
Cessionário intervém no processo de inventário, sendo 
contemplado na partilha, tirando-se em seu nome o pagamento 
que caberia ao cedente, desde que nenhum dos co-herdeiros 
use do direito de preferência antes da partilha. 
A cessão rescindir-se-á se houver qualquer vício do ato jurídico 
(CC, arts. 138 e s.). 
Para que o ato jurídico da cessão de direito hereditário se 
faça perfeito, deve a mesma ser processada de maneira a observar os 
princípios elencados acima. 
Em determinados casos pode acontecer de existir 
sucessão aberta sem herdeiro conhecido ou da inexistência do endereço do 
herdeiro. Neste caso, o legislador denominou de herança jacente, que poderá 
ser transformada em herança vacante, conforme explicação discriminada a 
seguir. 
 26
1.7 HERANÇA JACENTE E VACANTE 
Herança jacente significa aquela herança que está inerte, 
parada, cujos herdeiros não se conhecem, seja porque o falecido não deixou 
cônjuge, companheiro, descendente, ascendentes, ou parentes colaterais (até 
o quarto grau) conhecidos. Este tema é tratado por Arnoldo Wald44, conforem 
abaixo destacado: 
No direito vigente a herança é considerada jacente quando não 
há herdeiro certo, ou não se sabe da existência ou do lugar em 
que se possa encontrá-lo (CC, art. 1.819). No caso de todos os 
chamados a suceder renunciarem à herança, será desde logo 
declarada vacante (CC, art. 1.823). Na verdade, é preciso a 
acumulação dessas circunstâncias, pois, se não houver 
herdeiros testamentários vivos, mas herdeiros legítimos, ou, 
não havendo uns nem outros, existir o testamenteiro, a herança 
não será considerada jacente. Se, ao contrário, for este o caso, 
tratar-se-á de uma situação provisória, mas que, verificada a 
inexistência de qualquer herdeiro, transformará a herança 
jacente em vacante. 
Além da situação de inexistência de herdeiro conhecido, 
existe ainda, a situação de renúncia de todos os herdeiros e neste caso, 
também surgirá a herança jacente e a herança vacante, de acordo com o 
ensinamento de Silvio de Salvo Venosa45, a saber: 
Nossa lei não trata de forma muito clara a situação de uma 
herança sem herdeiros conhecidos. A herança é jacente 
quando não conhecemos quais são os herdeiros, ou então 
quando os herdeiros conhecidos repudiaram a herança, 
renunciaram, não existindo substitutos. 
O estado de jacência é simplesmente uma passagem fática, 
transitória. Da herança jacente, não logrando entregar a 
herança a um herdeiro, passamos à herança vacante, ou seja, 
sem titular, como ponte de transferência dos bens do monte-
mor ao Estado. 
 
44 WALD, Arnoldo. Direito civil: Direito das Sucessões, p.45 
45 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: Direito das sucessões, p. 67 
 27
A síntese do procedimento da arrecadação e guarda dos 
bens da herança jacente, previsto no CPC, é exposta por Carlos Roberto 
Gonçalves,46 conforme abaixo: 
Quando se abre a sucessão sem que o de cujus tenha deixado 
testamento, e não há conhecimento da existência de algum 
herdeiro, diz-se que a herança é jacente (CC, art. 1.819). Não 
tem esta, personalidade jurídica, consistindo num acervo de 
bens, administrado por um curador até a habilitação ativa e 
passiva para comparecer em juízo (CPC, art. 12, IV). Não 
havendo herdeiro aparente, o juiz promove a arrecadação dos 
bens (CPC, art. 1.142), para preservar o acervo e entregá-lo 
aos herdeiros que se apresentarem ou ao Poder Público, caso 
a herança seja declarada vacante. Enquanto isso permanecerá 
sob a guarda de um curador, nomeado livremente pelo juiz 
(CC, art. 1.819; CPC, art. 1.143). 
A fase da herança jacente envolve o período em que a 
herança encontra-se parada logo após a morte do instituidor do acervo, sem 
que apareça herdeiro nenhum para reclamá-la. Neste caso, de ofício, o juiz da 
Comarca dos bens nomeará um curador para que possa atuar na parte ativa e 
passiva do inventário de acordo com o artigo 989 do Código de Processo Civil, 
caso nenhum dos elencados no artigo 988 do Código de Processo Civil, 
apareça para reclamá-la. In verbis, os artigos 988 e 989 do referido diploma, 
para melhor compreensão: 
Art. 988. Tem, contudo, legitimidade concorrente: 
I – o cônjuge supérstite; 
II – o herdeiro; 
III – o legatário; 
IV – o testamenteiro; 
V – o cessionário do herdeiro ou do legatário; 
VI – o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; 
VII – o síndico da falência do herdeiro, do legatário, do autor da 
herança ou do cônjuge supérstite; 
VIII – o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; 
 
46 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das sucessões , p. 35 
 28
IX – a Fazenda Pública, quando tiver interesse. 
Somente, se nenhum dos elencados no artigo acima, e 
após várias publicações em jornais, é que a herança será declarada, vacante. 
Antes disso o juiz nomeará um curador e mandará proceder a arrecadação dos 
bens para inventariar, porque está legalmente autorizado como poder/dever, 
por força do artigo seguinte: 
Art. 989 O juiz determinará, de ofício, quese inicie o inventário, 
se nenhuma das pessoas mencionadas nos artigos 
antecedentes o requerer no prazo legal. 
Depois de esgotadas as tentativas de localizar herdeiros, 
e não aparecendo interesses dos elencados no artigo 988 do CPC, será 
considerada a herança vacante, transferindo-se os bens do monte-mor ao 
Estado (Municípios, Estados, Distrito Federal ou União). A segunda fase 
denominada herança vacante, envolve a entrega dos bens para o ente 
federativo, conforme esclarece Silvio de Salvo Venosa47, abaixo: 
Pela vacância, os bens são entregues ao Estado. Essa fase, 
porém, não temo o condão de incorporar os bens 
definitivamente ao Estado, o que só vem a acontecer após 
cinco anos da abertura da sucessão. A propriedade transferida 
aí ao Poder Público é resolúvel, já que no qüinqüênio poderá 
ainda surgir algum herdeiro. Após a declaração de vacância, 
dizia o art. 1.594, parágrafo único, do antigo Código, que eram 
excluídos os colaterais que não fossem notoriamente 
conhecidos. O parágrafo único do art. 1.822 do Código de 2002 
dispõe que “não se habilitando até a declaração de vacância, 
os colaterais ficarão excluídos da sucessão’. Essa, portanto, é 
a consequência principal da declaração de vacância, qual seja, 
afastar os colaterais da herança. A passagem dos bens 
vacantes ao Estado opera-se sem necessidade de aceitação. 
Passado o período transitório de herança jacente, sem 
habilitação de herdeiro, assim também como o silêncio das pessoas que 
poderiam reclamá-la, elencadas no artigo 988 do Código Civil, a herança é 
declarada vacante, por decisão judicial, depois de um ano da primeira 
publicação do edital, ou depois de um ano da conclusão do inventário. A 
 
47 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: Direito das sucessões, p.73 
 29
declaração de vacância é indispensável para que a herança possa ser 
incorporada ao patrimônio público. 
A incapacidade sucessória pode decorrer da declaração 
judicial de indignidade ou da declaração judicial de deserdação, que será 
explicada no item seguinte, fundamentado no resultado da investigação. 
1.8 INCAPACIDADE SUCESSÓRIA 
Além da renúncia existem outros dois tipos de 
afastamento do herdeiro do direito de suceder: a indignidade e a deserdação. 
Estes institutos, historicamente, são de pouca aplicação 
prática no Brasil. No caso de exclusão por indignidade pode atingir tanto o 
herdeiro (legítimo ou testamentário) como o legatário. Por outro lado, tratando-
se de deserdação só atinge herdeiro legítimo e necessário. Em relação a 
indignidade Carlos Roberto Gonçalves48 esclarece que: 
O herdeiro ou legatário pode ser privado do direito sucessório 
se praticar contra o de cujus atos considerados ofensivos, de 
indignidade. Não é qualquer ato ofensivo, entretanto, que a lei 
considera capaz de acarretar tal exclusão, mas somente os 
expressamente consignados no art. 1.814, que podem ser 
assim resumido: atentado contra a vida, contra a honra e 
contra a liberdade de testar do de cujus. A indignidade é, 
portanto, uma sanção civil, que acarreta a perda do direito 
sucessório. 
A diferença entre indignidade e deserdação é destacada 
por Carlos Roberto Gonçalves49, nos seguintes termos: 
Não se deve confundir indignidade com deserdação, embora 
ambas tenham a mesma finalidade, qual seja, a de excluir da 
sucessão quem praticou atos condenáveis contra o de cujus. A 
primeira decorre da lei, que prevê a pena somente nos casos 
do art. 1.814, já comentado. Na deserdação, é o autor da 
herança quem pune o responsável, em testamento, nos casos 
previstos no aludido dispositivo, bem como nos constantes do 
 
48 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das sucessões , p. 28 
49 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das sucessões , p. 30 
 30
art. 1.962. A indignidade é instituto da sucessão legítima, 
malgrado possa alcançar também o legatário, enquanto a 
deserdação só pode ocorrer na sucessão testamentária, pois 
depende de testamento, com expressa declaração de causa 
(art. 1.964). Aquela pode atingir todos os sucessores, legítimos 
e testamentários, inclusive legatários, enquanto esta é utilizada 
pelo testador para afastar de sua sucessão os herdeiros 
necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge), aos quais 
a lei assegura o direito à legítima. 
A exclusão do indigno depende de propositura de ação 
específica, intentada por quem tenha interesse na sucessão, sendo decretada 
por sentença declaratória, devendo ser observados os requisitos do artigo 
1.815 do Código Civil combinado com o artigo 267, VI do Código de Processo 
Civil, que são os requisitos de toda ação propositura de demanda judicial. 
Para melhor compreensão do assunto, traz a lume, 
Salomão de Araújo Cateb50, um fato notório, muito comentado, ocorrido no 
Estado de São Paulo, que pode ensejar por parte dos interessados a 
postulação da devida ação declaratória de pedido de indignidade, como segue: 
Causou assombro o assassinato do casal Manfred Albert e 
Marisia Von Richtofen, ocorrido em 31 de outubro de 2002. O 
bárbaro homicídio, apurado pela Polícia, confirmou que a 
própria filha, Suzane Louise, de 19 anos, participou, juntamente 
com seu namorado, Daniel, de 21 anos, e seu irmão Cristian, 
de 27 anos, do crime praticado. Noticiaram os jornais que, após 
o fato, o casal dirigiu-se para um motel. 
No caso específico, poderá, Suzane, ser excluída da 
sucessão, desde que seu irmão Andreas, ou outro herdeiro sucessível, postule 
a ação ordinária incriminando-a, e pedindo que a mesma seja declarada 
indigna. 
Nota-se, que caberá exclusivamente ao interessado, 
àquele que tiver interesse na herança, por direito próprio ou de representação, 
não tendo legitimidade o Ministério Público. A ação de exclusão do herdeiro é 
declaratória, do direito cível, na esfera do direito privado patrimonial. 
 
50 CATEB,Salomão de Araújo. Deserdação e indignidade no direito sucessório bras ileiro , 
p. 59 
 31
In verbis, o artigo 1.815 do Código Civil: 
Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer 
desses casos de indignidade, será declarada por sentença. 
Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão do 
herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contados da 
abertura da sucessão. 
No caso em questão, como o irmão de Suzane, a época 
do fato era menor de idade, somente após completar 18 anos, iniciar-se-á a 
correr o prazo decadencial para a propositura da ação. 
A indignidade vem a ser uma pena civil que priva do 
direito à herança, não só os herdeiros, bem como os legatários que cometerem 
ou tentarem atos criminosos, ofensivos e reprováveis, contra o instituidor da 
herança e seus familiares. Os atentados são aqueles enumerados 
taxativamente no art. 1.814, do Código Civil, que vão desde o atentado contra a 
vida, a honra e a liberdade das pessoas nele indicadas. 
Por conseguinte, no próximo capítulo, será abordada 
especificamente a sucessão legítima, que é a forma de transmissão dos bens, 
que pode ser feita administrativamente através de Escritura Pública em 
Cartório Tabelionato. 
 
CAPÍTULO 2 
SUCESSÃO LEGÍTIMA 
2.1 ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA 
A ordem de vocação hereditária é uma relação 
preferencial ao direito de herança estabelecida pela lei, conforme previsto no 
artigo 1.829 da Lei nº 10.406, de 10/01/2002. O legislado estabeleceu, através 
dessa ordem de vocação hereditária, uma classificação de herdeiros 
preferenciais, baseada na relação de parentes da relação familiar, 
normalmente consangüíneos mais o cônjuge sobrevivente; estas pessoas são 
chamadas para suceder ou substituir o autor da herança, para manter as 
relações jurídicas decorrentes da sucessão hereditária. 
A sucessão legítima, como a própria expressão menciona, 
decorre da lei e é a norma jurídica que indica quem são os herdeiros e quanto 
cada um tem de direito de herança.Neste capítulo serão ab abordadas as 
situações em que não existe testamento ou a parte não atingida (regulada) 
pelas disposições testamentárias, conforme destaca Giselda Maria Fernandes 
Novaes Hironaka51, no texto abaixo: 
Depois de tratar das regras gerais concernentes à sucessão, 
no sentido de serem regras que se aplicam tanto à sucessão 
testamentária quanto àquela que se processa tendo o falecido 
o de cujus ab intestato, passa o legislador a editar regras 
especialmente desenhadas para aqueles casos em que a 
morte se dá com ausência de testamento ou de testamento 
válido, com testamento incompleto (testamento que não 
abrange a totalidade do acervo hereditário disponível) ou 
mesmo com um testamento que, não obstante completo, 
encontra limitação na existência de herdeiros necessários, que 
são aqueles que necessariamente devem ser chamados a 
 
51 HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Comentários ao Código Civil: Do direito 
das sucessões, p. 219 
 33
herdar ou, ao menos, deliberar a respeito da quota que lhes é 
deferida. 
É forte a presença dos integrantes da família na sucessão 
legítima. Em decorrências surgem explicações dessa realidade, conforme 
destacado por Arnoldo Wald52, no texto abaixo: 
Diversas teorias explicam as razões pelas quais a ordem de 
vocação sucessória vem beneficiar membros da família do de 
cujus, seja por ver no caso um resquício da propriedade 
primitiva, que teria sido familiar, seja interpretando a vontade 
presumida do falecido, que, normalmente, se testamento 
fizesse, iria deixar os seus bens aos seus parentes, seja, enfim, 
porque seria natural que o falecido, tendo em vida contribuído 
para o sustento de sua família em sentido estrito (casal e 
filhos), quisesse que os bens remanescentes fossem atribuídos 
àqueles que com ele conviveram e que ele em vida sustentou. 
Essa ordem de preferência entre herdeiros, já era prevista 
no artigo 1.603 do Código Civil de 1916. Hoje em dia no sentido de se adaptar 
a nova realidade social a Lei nº 10.406/2002 (Código Civil vigente) inovou no 
aspecto de melhor amparo ao cônjuge sobrevivente, para concorrer aos 
direitos hereditários com os descendentes e com os ascendentes. A 
concorrência do cônjuge sobrevivente com os descendentes decorre 
especialmente do art. 1.829 da Lei nº 10.406/2002, como segue: 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I – aos descentes, em concorrência com o cônjuge 
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime 
da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de 
bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime de 
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado 
bens particulares; 
II – aos descentes, em concorrência com o cônjuge; 
III – ao cônjuge sobrevivente; 
IV – aos colaterais. 
Como visto, Impõe o legislador uma ordem de vocação 
hereditária, em que divide os chamados a herdar em classes sucessórias, no 
 
52 WALD, Arnoldo. Direito civil : Direito das sucessões, p. 78 e 79. 
 34
sentido de beneficiar os membros da família do de cujus, como se interpretasse 
a vontade do falecido, que normalmente gostaria de ver amparado os seus 
familiares, como se testamento o fizesse. 
Explica melhor, Silvio Rodrigues53, que essa ordem, que 
os mais próximos excluem os mais remotos e trás em melhores condições a 
herdar o cônjuge sobrevivente. 
Disse que a relação é preferencial porque, em tese, a 
existência de herdeiros de uma classe exclui o chamamento à 
sucessão dos herdeiros da classe subseqüente, ressalvada a 
situação do cônjuge, que concorre com os descendentes e com 
ascendentes, como veremos, e esta regra é uma das mais 
importantes inovações do Código Civil de 2002. 
Assim, por exemplo, se o de cujus, que não tem cônjuge, deixa 
descendentes e ascendentes, os primeiros herdam tudo e os 
últimos nada, pois a existência de herdeiros da classe dos 
descendentes exclui da sucessão os herdeiros da classe 
ascendentes. Se deixar ascendentes e colaterais, aqueles 
herdam o patrimônio inteiro e estes nada recebem. Se o 
cônjuge concorre com colaterais, o primeiro recebe todo o 
patrimônio e os últimos, nada. Tudo isso pela mesma razão, 
isto é, a de que havendo sucessíveis de uma classe 
preferencial são eles chamados à sucessão do de cujus, 
deixando de fora os herdeiros das outras classes, alertando-se, 
novamente, que a regra da proximidade de classe sofre 
exceção diante da nova posição sucessória do cônjuge 
sobrevivente, que ocupa a terceira classe na ordem da 
vocação hereditária, e é chamado para suceder com os 
descendentes – sucessíveis da primeira classe – e com os 
ascendentes – sucessíveis da segunda classe. 
A vontade presumida do autor da herança é a explicação 
doutrinária predominante da natureza jurídica da sucessão legítima. Esta 
característica é destacada no texto, abaixo, de Silvio Rodrigues54; ou seja, o 
legislador busca a vontade do falecido, como se vivo estivesse, senão vejamos: 
Ao estabelecer a ordem de vocação hereditária, o legislador se 
funda na vontade presumida do falecido. Realmente, presume 
 
53 RODRIGUES, Silvio. Direito civil: Direito das sucessões, p. 94 e 95. 
54 RODRIGUES, Silvio. Direito civil: Direito das sucessões, p. 94 e 95. 
 35
o propósito do finado de deixar seus bens aos seus 
descendentes; na falta destes, aos ascendentes (em ambos os 
casos, em concorrência com o cônjuge – observado o art. 
1.829, I); não havendo descendentes nem ascendentes, ao 
cônjuge sobrevivente; e na falta de todas essas pessoas, aos 
seus colaterais. 
Disse, acima, que a existência de herdeiros de uma 
classe exclui, em tese, das vantagens da sucessão, os herdeiros das classes 
subseqüentes. Usei a ressalva em tese porque, sem ela, a asserção não 
corresponde à realidade, dada a concorrência do cônjuge com herdeiros da 
primeira e da segunda classe. 
Também nesse sentido, e para melhor elucidar os fatos, 
dentro da vocação hereditária, ensina Arnoldo Wald55, que entre os chamados 
a herdar, a transmissão acontece individual um a um no mesmo grau, ou por 
grupo que denota a representação por cabeça ou estirpe. 
Direito próprio (partilha por cabeça): quando todos os herdeiros 
são do mesmo grau, a sucessão se dá por direito próprio com a 
partilha por cabeça, ou seja, a cada herdeiro do mesmo grau 
corresponde uma quota igual na herança. 
Representação (partilha por estirpe): quando concorrem 
descendentes que tinham com o de cujus graus de parentesco 
diferentes, a sucessão se dá por direito de representação (ou 
direito de transmissão), com partilha por estirpe. 
Será por estirpe o modo de partilhar quando a partilha, em vez 
de se fazer igualmente entre pessoas, faz-se entre certos 
grupos de descendentes, grupos constituídos pelos 
descendentes do herdeiro do grau mais próximo. 
Quando o herdeiro é chamado diretamente à sucessão, herda 
jure próprio, isto é, por direito próprio. 
Quando, ao contrário, representa um ascendente seu, herda 
jure representationis, em virtude de representação. 
Em si, quando o herdeiro de imediato é chamado 
diretamente dentro de sua classe, herda o seu quinhão por jure proprio56. 
 
55 WALD, Arnoldo. Direito Civil: Direito das sucessões, p. 78 e 79. 
56 Jure próprio: Locução latina. Por direito próprio. DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico , p. 
23 
 36
Quando um ou mais herdeiros, vêm herdar o quinhão do herdeiro falecido, 
normalmente o pai ou a mãe, se ajustam na chamada representação, e dividem 
entre si o quinhão que seria do seu ascendente (pai ou mãe), herdeiro do de 
cujus, por jure representationis57. 
Quando o herdeiro é chamado diretamente à sucessão, 
herda por direito próprio, e quando ele representa um ascendente seu, herda 
em virtude da representação. 
2.2 DOS DESCENDENTES EM CONCORRÊNCIA COM O CÔNJUGE

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