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Alexandre Wolwacz :: Stormer Luiz Fernando Roxo Edição revisada Porto Alegre 2014 Comprando Novas alternativas de ganho na bolsa de valores e vendendo ações opções Todos os direitos desta edição reservados à Editora Leandro & Stormer. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou parte do mesmo, sob qualquer meio, sem a autorização expressa da editora. Título Comprando ações e vendendo opções Autores Alexandre Wolwacz e Luis Fernando Roxo Editora Leandro & Stormer Local de publicação Porto Alegre (RS) edição para ebook 2014 Projeto gráfi co e coordenação Évelyn Bisconsin – Porto DG Capa Sílvio Lovato – Porto DG Diagramação Raphael Ferreira – Porto DG W869c Wolwacz, Alexandre Comprando ações e vendendo opções / Alexandre Wolwacz e Luis Fernando Roxo. – Porto Alegre: Editora Leandro & Stormer, 2008. 124 p.; 18,5 x 26 cm. Inclui gráfi cos e tabelas. ISBN 978-85-60852-01-7 1. Mercado de capitais. 2. Mercado de ações. 3. Mercado de derivativos. 4. Mercado de opções. 5. Mercado fi nanceiro - técnicas de investimento. I. Roxo, Luis Fernando. II. Stormer. III. Título. CDU 336.76 336.761 CIP – Catalogação na fonte: Paula Pêgas de Lima (CRB 10/1229) Porto Alegre, julho de 2008. Editora Leandro & Stormer www.leandrostormer.com.br Rua São Francisco da Califórnia, 133/3º andar atendimento@leandrostormer.com.br Bairro Higienópolis - 90550-080 Fone: +55 51 3362-6541 Porto Alegre (RS) Fone: +55 51 3343-6282 Dedico esse livro à minha pequena flor, que, com seu sorriso e amor, me transformou em uma pessoa melhor. À minha filha Carolina. Alexandre Wolwacz Para Daniela e a minha família. Luiz Fernando Roxo 6 Comprando ações e vendendo opções Agradecimento Ao término de um trabalho, somos levados a refletir sobre tudo que foi necessário para sua confecção. Nessa reflexão, percebemos e passamos a nos imbuir de um sentimento extremamente elevado: a gratidão. E, por isso, somos gratos a todas as pessoas que, de alguma maneira, nos ajudaram na criação deste livro. E não é pouca gente, nos arriscamos a cometer uma injustiça ao tentar nomear todas as pessoas que, direta ou indiretamente, colaboraram. Assim sendo, primeiramente agradecemos aos colaboradores da Leandro & Stormer pela sua dedicação e companheirismo na atividade de prover o site e os cursos que ministramos em todo o país. São eles: Benísia Scheneider, Cíntia Freitas Gouveia, Adriana Feijó, Bruno Evaristo Pereira, João Gabriel Nunes Ferreira e Bruno Calo; e também os instrutores Thiago Canez Bisi, Lauro Vilares e Alexandre Rattes. Especialmente, agradecemos a Leandro Ruschel, co-fundador da empresa e grande contribuinte na confecção dos cursos que deram origem a esta obra, bem como instrutor desses cursos até hoje. Participaram de maneira voluntária da revisão do livro os amigos e alunos André Freire e Lotário Neuberger. Eternamente gratos somos, também, às nossas famílias, que vêm apoiando nosso trabalho nos momentos bons e naqueles nem tanto. Agradecemos a eles por entenderem os esforços e perdoarem as enormes ausências no cumprimento de nossas tarefas. Por fim, são também responsáveis e grandes incentivadores desta obra, bem como da qualidade e profundidade do que fazemos, todos os usuárias da comunidade Leandro & Stormer, alunos novos ou antigos que, com sua sede de conhecimento e curiosidade sem fim, nos trazem novos questionamentos e desafios todos os dias. Esses que, em si, são o fato gerador, motivador e destinatário de todo nosso esforço; para eles, expressamos nosso muito obrigado. Alexandre Wolwacz e Luiz Fernando Roxo 7 Comprando ações e vendendo opções Índice Prefácio 8 Introdução 9 01 | O que é uma opção? 13 02 | História 17 03 | A formação do preço e as variáveis que afetam as opções 19 04 | Modelo de precificação de opções – Black & Scholes 28 05 | As derivadas do modelo ou gregas 30 06 | A relevância da taxa de juros exponencial no tempo 35 07 | Sobre jogar, investir ou especular 37 08 | As vantagens da liquidez e a percepção da riqueza quando há marcaçãoQZ a mercado 41 09 | Análise técnica Por Leandro Ruschel 43 10 | A operação 49 11 | Dupla abordagem sobre risco x retorno 51 12 | Voltando ao lançamento coberto 54 13 | Quem é você? Defina seu perfil 57 14 | Análise técnica básica referencial Por Alexandre Wolwacz 60 15 | Sou um especulador em busca de uma taxa diferenciada 76 16 | Montando uma poupança de longo prazo em ações 85 17 | As gregas na operação 87 18 | A estratégia técnica para carteiras e acumulações Por Alexandre Wolwacz 90 19 | A estratégia dos ajustes Por Luiz Fernando Roxo 99 20 | Para ganhar pouco, é melhor não lançar nada Por Luiz Fernando Roxo 102 21 | Arme-se de uma postura otimista e proativa 103 Considerações finais 105 8 Comprando ações e vendendo opções Prefácio A bolsa de valores oferece um grande desafio para o trader: buscar as melhores oportunidades de ganho e limitar os riscos de prejuízo. Não é possível controlar todas as incertezas, mas podemos trabalhar de modo a colocar as chances a nosso favor. O mercado de derivativos, principalmente o mercado de opções, sempre foi visto com muita desconfiança entre os investidores. A visão que a maior parte dos traders tem é a de uma ferramenta complexa e perigosa, na qual o risco de perdas é grande. Logo, o objetivo desta obra é desmistificar essas duas crenças, pois esse meio não é tão complicado quanto parece num primeiro momento. O primeiro passo para a compreensão é perceber que o preço de uma opção depende de algumas variáveis, sendo que as principais são: o preço do ativo alvo, o tempo até o vencimento da opção e a volatilidade do mercado – todas descritas detalhadamente ao longo do livro. Além disso, as opções oferecem a possibilidade de reduzir o risco das operações. Talvez, a melhor operação que exista no mercado financeiro, pelo menos a que apresenta a melhor relação risco/benefício, seja o lançamento coberto de opções. Nessa operação, o tempo corre a favor do trader, criando uma vantagem em relação à simples compra de um papel. Na pior das hipóteses, abre-se mão de uma parte dos ganhos, mas o risco da compra é diminuído. Conforme a experiência do trader vai aumentando, fica clara a necessidade de diversificar operações, buscando novas possibilidades de ganho. O mercado de derivativos oferece grandes oportunidades e está cada vez mais acessível ao pequeno investidor através de um esforço das bolsas de valores e das corretoras. Com o presente trabalho, Alexandre Wolwacz e Luiz Fernando Roxo desvendam esse mercado e deixam mais claras as oportunidades presentes. Em tempos de incertezas crescentes, é importante aprender técnicas de operações que não dependam de um movimento específico do mercado ou que possam oferecer ganhos apenas com o passar do tempo. Comprando ações e vendendo opções é o resultado de um esforço de aperfeiçoamento realizado a partir de bem-sucedidas experiências, mostrando que o mercado de derivativos oferece essa possibilidade. Bom proveito. Leandro Ruschel 9 Comprando ações e vendendo opções Introdução Após anos operando, estudando e aprendendo no mercado de capitais, e também depois de bastante tempo ensinando outras pessoas a operar e, sobretudo, a sobreviver nos mercados de ações e opções é que os autores Alexandre Wolwacz e Luiz Fernando Roxo decidiram publicar seu livro sobre o mercado de opções – mais especificamente sobre a operação de lançamento de opções coberto pelas suas ações objeto. Este é um livro de introdução ao mercado de derivativos com táticas e ferramentas que buscam maximizar os lucros e restringir os prejuízos. Tem por objetivo ser o mais simples e didático possível. Assim, definiu-se fazer um livro de técnicas de investimento compostas com ações e derivativos e toda a sua prática, o qual qualquer pessoa fosse capaz de compreender e aplicar com suas economias, atingindo o objetivo que é obter um retorno consideravelmentemaior à taxa de juros correndo um risco correspondente, compreensível e bastante aceitável. Nesse sentido, é de opinião destes mesmos autores que eles tenham acertado ao menos no intento de didática e simplicidade. Afinal, da mesma maneira que o cidadão médio, eles, quando tiveram de aprender sobre esse assunto – sobre o qual agora escrevem e há tempos já lecionam –, enfrentaram muitas dificuldades de compreensão. Diferente dos gênios que escreveram os grandes clássicos, bíblias e referências no assunto de derivativos e opções, os autores se consideram pessoas normais e com as limitações que isso acarreta, mas, por isso, é possível que, diferente dos grandes gênios, os autores sejam capazes de aceitar que um novato no assunto não entenda “noções básicas”. Os autores penaram em tais compreensões e, assim, entendem que, por mais que “qualquer pessoa” seja plenamente capaz de entender tais noções, isso não é tão simples e óbvio assim. Para tanto, o texto se propõe a ser descomplicado e simples, pois o assunto já carrega um peso de complexidade por si só para que se tente mistificá-lo ainda mais usando vocabulário afetado ou termos estrangeiros em demasia. Ao inverso disso, tentou- se exagerar nas metáforas e parábolas e nas definições mais básicas – e, por isso, mais importantes – em detrimento ao exibicionismo de conhecimento. Ou seja, exatamente como são os cursos que os autores vêm ministrando para milhares de pessoas nos últimos anos, e que, daqui em diante, você poderá confirmar ou discordar. 10 Comprando ações e vendendo opções Nenhuma obra está por completo acabada, e esta certamente não é exceção. Exemplos históricos poderiam ter sido mais bem pesquisados, as definições sobre o que são as opções e, principalmente, como o preço das opções é formado e como esse preço oscila poderiam ter sido mais bem explicadas. Porém, se tais detalhes demorassem mais a serem escritos, o livro correria o risco de não sair. Isso porque, em determinado momento de sua confecção, um dos autores passou a ter ciúmes e remorsos quanto à publicação de certos detalhes e regras descritos mais adiante, que ele utiliza na gestão de seu próprio capital. E o texto acabou tendo que lhe ser arrancado das mãos. O produto de tal egoísmo é a descrição de um sistema desenvolvido pelos autores em conjunto e que, diferente de um bom número de outras obras sobre o assunto, não é teórico. É o fruto de testes reais em mercado e o aprimoramento do método utilizado pelos próprios autores na administração de seus patrimônios – bem como de terceiros – e ensinado nos cursos aos alunos já há alguns anos. Como será visto, o assunto de lançamento coberto propriamente dito se concentra no miolo desta obra, a partir do capítulo 10 (A operação). O texto que antecede trata-se da base teórica sobre opções e noções sobre finanças pessoais. É como os autores compreendem e como explicam esses assuntos, uma introdução importante para a correta compreensão de como a operação funciona, quais seus reais riscos e de onde o lucro é proveniente. Após os capítulos de explicação da operação, dos exemplos práticos e da descrição das técnicas que podem ser aplicadas de acordo com o perfil de cada investidor, teremos alguns capítulos complementares falando de aspectos importantes da operação que devem ser observados – e, principalmente, do comportamento dos investidores quando abrem posições em bolsa de maneira geral e de como os autores acreditam que deva ser o comportamento adequado do trader equilibrado e preparado para obter ganhos consistentes de longo prazo. Porém, se for do interesse do leitor, que considera conhecer o suficiente o assunto, apenas saber a aplicação das operações descritas e executadas na prática pelos autores, ele pode se concentrar nos capítulos que tratam especialmente do lançamento coberto. As táticas buscam diminuir ao máximo o risco implícito nas operações com opções, permitindo ao trader identificar, a qualquer momento, oportunidades e o risco máximo a que está se expondo. A maior parte das pessoas que inicia nesse mercado acaba por entregar seu dinheiro de forma sistemática. Se essas pessoas invertessem suas operações, produziriam verdadeiras fortunas para si mesmas simplesmente fazendo o oposto do que pensaram em fazer. Mas por que elas não o fazem? Dois componentes estão presentes e destroem a capacidade do sujeito ganhar dinheiro. As táticas buscam diminuir ao máximo o risco implícito nas operações com opções, permitindo ao trader identificar, a qualquer trader identificar, a qualquer trader momento, oportunidades e o risco máximo a que está se expondo. 11 Comprando ações e vendendo opções Primeiro fator: a maior parte das pessoas que opera opções não tem a menor idéia de como esse mercado realmente é. Não entendem como ele funciona, por que ele existe, não entendem quem são os players, não sabem as alternativas. Segundo fator: não conhecem a si mesmas, ou seja, o medo desesperado ou a ganância desesperada impedem que a pessoa tome a decisão correta em cada situação. Essas emoções atrapalham a visão do trader e bloqueiam a sua mente. Além disso, em algumas pessoas que entram no mercado de opções, há um desejo subconsciente de autopunição, ou seja, acham que não merecem o dinheiro, acham que merecem perder dinheiro e não consideram esses lucros como decorrentes de um trabalho honesto. Perceba, então, como é importante que você busque primeiro entender muito bem o mercado e, ao mesmo tempo, aprenda a se conhecer cada vez melhor. E veja o mercado como um lugar não apenas para ganhar dinheiro, mas sim como um lugar para se investir o dinheiro poupado em busca do melhor rendimento possível dentro do risco aceitável. Muitas pessoas consideram o mercado de opções complicado e afirmam que nunca entrariam nesse tipo de mercado, mas a maior parte delas já opera opções sem saber. Vale ressaltar que, anteriormente à correta compreensão desse mercado e do desenvolvimento desta e de outras práticas, os próprios autores se aventuraram em muitas técnicas de mercado – como operações especulativas de curto prazo com ações, giros com contratos futuros e day trades ou toda sorte de outros tipos de operações com opções – para, aí, compreender o lançamento coberto corretamente. Operação simples e até certo ponto limitada, porém uma das melhores maneiras de aumentar as chances de ganho e, assim, favorecer tanto posições de curto prazo como a montagem de uma carteira de ações com prazo maior nos seus aspectos práticos e psicológicos, sendo o psicológico mais importante que se pode supor – por isso, amplamente ressaltado no decorrer do livro. Tal opinião não é só dos autores; é também compartilhada por grande parte dos milhares de alunos que, após entrarem em contato com o assunto por meio dos cursos de opções da Leandro & Stormer, aprenderam as técnicas que serão descritas. Assim, a motivação para a confecção desta obra juntamente com o reconhecimento pessoal e financeiro inerentes a todo autor quando opta pela publicação foi também pela satisfação obtida ao receber de diversas pessoas o depoimento que as técnicas e os aspectos práticos e psicológicos aprendidos mudaram de modo literal suas vidas, pois transformaram a maneira como a pessoa passou a enxergar seus investimentos e, portanto, o dinheiro de maneira geral – mudança que fica disponível a mais pessoas ainda com esta publicação. Se o que se propôs há pouco pode ser considerado como algo um tanto pretensioso – como realmente é – e se o que virá a seguir está à altura de tal pretensão, isso só poderá ser constatado ou não com a continuidade desta leitura e com a implementação prática do que é ensinado, bem como com a mudança de postura daí proveniente. 12 Comprando ações e vendendo opções Assim, esperamos que o conteúdo a seguir seja aproveitado o quanto for possível no objetivo comum de melhorar a relação das pessoas com seus investimentos na busca maior pelo bem-estar e na perseguiçãoda felicidade. 13 Comprando ações e vendendo opções 01 Opção é um contrato de direitos e obrigações. Suponha que você queira comprar um apartamento de mim, cujo preço é R$ 400.000,00. Você não tem esse dinheiro agora, mas quer comprá-lo futuramente, oferecendo-me R$ 400.000,00 por ele daqui a um ano. Bem, para que eu segure tal apartamento para você e não o venda nesse meio-tempo para outro, eu lhe peço um depósito inicial (leia prêmio) hoje, digamos, de R$ 4.000,00, sem direito à devolução se você desistir da compra no meio- tempo. Muito bem, você acabou de comprar uma opção de compra do meu apartamento! Se, daqui a um ano, o apartamento estiver valendo R$ 800.000,00, eu (lançador da opção) terei a obrigação de lhe vender o apartamento pelos mesmos R$ 400.000,00. Mas, caso ele esteja valendo R$ 200.000,00, você (dono do direito) certamente não usará seu direito de comprá-lo por R$ 400.000,00 e o dinheiro de sinal (prêmio) terá sido perdido. Digamos, num outro exemplo, que você tenha um carro, cujo preço seja R$ 40.000,00, mas que você esteja preocupado com a possibilidade de que ele seja roubado ou de que você sofra um acidente com ele. Em qualquer uma das situações, esse seu patrimônio seria severamente lesado ou subtraído. Então, o que você faz? Compra um seguro para seu carro. Comprando uma apólice de seguro de um ano para seu carro, segurando-o em R$ 40.000,00 em caso de acidentes ou de roubo, você estará comprando o direito de vender seu carro acidentado por R$ 40.000,00 para a companhia de seguros (lançadora do direito). Para isso, você terá pagado o valor do seguro (prêmio) de R$ 2.000,00. Parabéns! Você acaba de comprar uma opção de venda. Se nada ocorrer nesse ano inteiro de cobertura do seu carro, a sua opção de venda terá expirado, você não usará seu direito de venda e o valor do seguro (prêmio) terá sido perdido. Se nesse ano, porém, sofrer um acidente, ou se o seu carro for roubado, então você usará seu direito, recebendo o valor integral da apólice. Então, quando eu compro o seguro de um carro, estou comprando uma opção de venda do meu carro? Exatamente, você está usando uma ferramenta de hedge de patrimônio. Em outras palavras, está usando uma ferramenta para garantir seu patrimônio. O que é uma opção? 14 Comprando ações e vendendo opções Dessa forma, as opções são ferramentas maleáveis, dinâmicas e altamente úteis ao trader. Perceba: com elas, podemos especular ou assegurar um direito de compra (como no exemplo da compra do apartamento), podemos proteger nosso patrimônio (como no exemplo da compra do seguro) e podemos, ainda, aumentar a rentabilidade existente de um patrimônio num dado período de tempo, como será visto. Opção é um derivativo proveniente de um ativo, sejam ações, índices ou commodities. Isso significa que o valor de uma opção está vinculado diretamente ao ativo ao qual ela está relacionada. Existem dois tipos de opções: as opções de compra (call) e as opções de venda (put). Porém, como no Brasil não há ainda liquidez para opções de venda, o foco desta obra será as características e as operações com opções de compra. Assim, tudo que disser respeito a opções daqui para diante será com relação às de compra. Primeiro, porque, com elas, já é possível fazer uma série muito grande de diferentes operações, sendo seus aspectos e características muito amplos, e também porque, por terem os dois tipos de opções lógicas completamente inversas, se tratássemos das duas conjuntamente, a compreensão de ambas seria comprometida, e os exemplos mais confundiriam do que seriam esclarecedores. Então, por mais que tratemos de vender e comprar opções, sempre estaremos falando de opções de compra. A opção de compra nada mais é do que o direito de comprar aquele ativo por um determinado preço em uma determinada data. Fixe sua atenção na palavra direito. Quando você compra uma opção, é exatamente isso que está adquirindo. Se você comprar uma opção de compra, adquire o direito de comprar aquela ação até o exercício por aquele valor determinado. Não tem a obrigação de comprá- la. Não realizando esse direito até a data do exercício, ele expira, perdendo totalmente o valor. Ou seja: você tem o direito de comprar a ação por aquele preço, direito garantido pela opção de compra, mas, se a ação estiver abaixo daquele preço no mercado, não vale a pena exercê-lo. Ao comprar uma opção de venda, você passa a ter o direito de vender aquela ação por aquele preço até o exercício. Se o preço da ação no mercado estiver mais alto do que o preço garantido pelo direito, você, obviamente, não irá exercer esse direito. Por outro lado, o lançador de uma opção tem a obrigação de cumprir o acordo. Quem lançou uma opção de compra é obrigado a vender sua ação objeto pelo preço acordado se o direito de compra for exercido. Existem dois tipos de opções: as opções de compra (callExistem dois tipos de opções: as opções de compra (callExistem dois tipos de opções: as opções de compra ( )call)call e as opções de venda (pute as opções de venda (pute as opções de venda ( ).put).put 15 Comprando ações e vendendo opções Diferente do caso do apartamento, no qual a decisão de não exercer o direito de comprar o apartamento pode ser algo subjetivo (como ter encontrado outro apartamento melhor, o rompimento de um noivado ou o recebimento da oferta de um emprego em outra cidade), fazendo com que a compra deixe de valer a pena, a decisão de exercer ou não a opção de compra de ações em bolsa de valores segue sempre o mesmo motivo lógico: o preço do ativo objeto no dia do vencimento. Então, sempre que o ativo estiver mais caro que o preço de exercício da opção no dia de vencimento desse contrato, essa opção, sem nenhuma dúvida, dará exercício. Porém, se, em vez disso, o preço do ativo estiver abaixo do preço de exercício no dia do vencimento, que é conhecido como dia do exercício, o titular dessa opção de compra não irá exercer seu direito de comprar as ações de quem vendeu as opções, o lançador. Um exemplo para mostrar melhor a decisão objetiva de exercer ou não o direito de comprar as ações no dia do vencimento pode ser: Você comprou a quantidade de 1000 opções de compra de ações VALE5, com vencimento daqui a 20 dias úteis, ações que hoje estão cotadas a R$ 50,00. Para tanto, você pagou a título de prêmio – que é o objeto de negociação do contrato de opções e o de estudo deste livro – o valor de R$ 3,60 para ter o direito de comprar essas ações no vencimento por R$ 48,00, isso é, com preço de exercício R$ 48,00. Se, daqui a 20 dias, as ações da Vale estiverem cotadas a qualquer valor menor do que isso (por exemplo, as ações estiverem a R$ 44,00), essas opções não serão exercidas, e os R$ 3,60 gastos serão completamente perdidos – no jargão de bolsa, terão virado pó. Porém, se, em vez disso, a VALE5 estiver custando qualquer preço acima de R$ 48,00, você irá exercer seu direito no dia do vencimento. Isso se for do seu interesse carregar sua posição em opções até esse dia, pois, diferente do exemplo do apartamento, opções sobre ações têm liquidez em bolsa de valores e podem ser abertas ou encerradas a qualquer momento. Isso significa que, se você comprou essas opções, poderá vendê-las a qualquer momento até o vencimento sem que tenha que exercer ou ver o valor que gastou com o prêmio virar pó. Nesse momento, a pessoa que acaba de comprar as opções de você passa a ter o direito de comprar as ações de quem havia lhe vendido as opções, e você recebe o valor de mercado pelas opções que possuía – seus direitos cessam a partir dali. Da mesma maneira, se a pessoa que vendeu as opções para você for ao mercado e recomprá-las, ela cessa suas obrigações com você, e quem passa a ter essas obrigações é a nova pessoa que vendeu as opções para ela. Assim, qualquer pessoa pode abrir ou fechar posições em opções de compra a qualquer momento, muitas vezes ao dia, se assim desejar e houver liquidez no mercado para isso. 16 Comprandoações e vendendo opções A maior parte das pessoas que negocia opções em bolsa de valores não o faz com o objetivo de exercer ou ser exercido no dia do vencimento. Elas liquidam sua posição antes do vencimento e objetivam apenas ganhar com a diferença entre os valores de compra e de venda, no caso dos titulares, ou vice-versa, no caso dos lançadores. Voltando ao ponto em que estávamos, dizíamos que, se no dia do exercício, a VALE5 se encontrar a qualquer preço acima dos R$ 48,00 combinados no contrato, você, que é titular dessas opções e que, para tanto, pagou R$ 3,60, irá necessariamente exercer seu direito e comprar 1000 ações por R$ 48,00, independentemente de elas terem custado R$ 48,10 ou R$ 70,00. De maneira objetiva, se essas ações, na data do exercício, estiverem custando R$ 48,10, você terá prejuízo, pois irá comprar as ações do lançador por R$ 48,00, e, se vendê-las imediatamente no mercado por R$ 48,10, obterá como resultado positivo R$ 0,10 por ação. Como o valor pago pelo prêmio foi R$ 3,60, isso significa um prejuízo de R$ 3,50 ou R$ 3.500,00 pelas 1000 opções que foram compradas. Aí, aparece uma dúvida comum entre os iniciantes nesse mercado: se uma pessoa tiver comprado uma opção por R$ 3,60, com preço de exercício de R$ 48,00, significa que ela comprou o direito de comprar ações VALE5 por R$ 48,00, mas ela só vai ganhar alguma coisa se essas ações estiverem ao menos R$ 51,60 – que é o preço pelo qual as ações serão compradas mais os R$ 3,60 gastos para assegurar tal direito. Sim, é isso mesmo. Então, se ela exercer seu direito com as ações estando cotados a um valor abaixo disso, entre os R$ 48,00 e os R$ 51,60, ela não terá prejuízo? Terá sim. E vale a pena exercer mesmo assim? Vale sim, pois, se ela exercer seu direito a qualquer valor entre R$ 48,01 e R$ 51,59 ela terá prejuízo; porém, como poderá vender as ações que comprou por R$ 48,00 a um preço acima disso, estará diminuindo seu prejuízo nessa diferença. Se as ações da Vale estiverem acima de R$ 51,60 no dia do vencimento das opções, o resultado dessa compra de opções será um lucro. 17 Comprando ações e vendendo opções História 02 Existe uma definição sobre opções assim: “São um dispositivo financeiro que envolve um princípio de aplicação universal”. Analisando a frase, pode-se dizer que ela não é de tão objetiva nem de tão simples compreensão assim, mas, acima de ser boa ou ruim, o importante é a respeitabilidade de quem a escreveu (Aristóteles, no Livro I da Política) e, principalmente, quando (de 220 a 230 antes de Cristo). Veja que, mesmo que tal frase tenha sido escrita para outra coisa que não seja o que consideramos opções no dia de hoje, ao cunhar tal definição, ele se referia a algo bastante parecido com o que negociamos hoje em bolsa. Sabendo disso, devemos mudar um pouco a maneira distante como vemos o mercado de derivativos, pois ele não é algo recém-lançado pelos capitalistas selvagens com o objetivo de tolher os recursos de velhinhas e novatos desavisados, mas sim uma ferramenta muito útil e antiga desenvolvida pelos seres humanos visando a diminuição do risco e da incerteza quanto a seu preço futuro e a garantia de direitos sobre bens. Nada do que será dito neste livro ou em qualquer texto que seja publicado ou postado na internet é tão absolutamente novo ou revolucionário que não tenha sido escrito ou pensado anteriormente. Grande parte da famosa febre das tulipas na Holanda do século XVII envolve a comercialização de opções de compra e opções de venda de tulipas em vez das próprias tulipas. Muitas vezes de uma forma tão sofisticada quanto em nossa época, os revendedores de tulipas compravam opções de compra quando queriam garantir o poder de aumentar seus estoques nos tempos em que os preços estivessem subindo. Essas opções davam ao revendedor o direito, mas não a obrigação, de solicitar a entrega de tulipas ao preço fixado. Os plantadores, buscando proteção face aos preços em queda, compravam opções de venda que lhes dessem o direito a um preço de venda prefixado. O outro lado dessa opção (os lançadores) assumia esse risco em troca dos prêmios pagos pelos compradores da opção – prêmio que, presumivelmente, compensaria aos vendedores de opções de compra o risco de aumento dos preços e aos vendedores de opções de venda o risco de queda dos preços. 18 Comprando ações e vendendo opções “Nos Estados Unidos, as opções surgiram cedo. Corretoras transacionavam com opções de venda e opções de compra de ações em 1790, pouco depois de o famoso Acordo de Button Wood Tree estabelecer o que se tornaria a Bolsa de Valores de Nova Iorque’’. BERNSTEIN, Peter L. - Desafio aos deuses - Editora Campus. “Em abril de 1973, a Chicago Board of Trade criou uma nova bolsa, a Chicago Board Options Exchange, para negociação de opções de ações. Desde então, o mercado de opções teve a sua popularidade aumentada entre os investidores. A American Stock Exchange-AMEX e a Philadelphia Stock Exchange-PHLX começaram a negociar opções em 1975. A Pacific Stock Exchange-PSE fez o mesmo em 1976. No começo da década de 80, o volume de operações havia crescido tão rapidamente que o número de ações objeto dos contratos de opções negociados por dia excedia o volume diário de ações no mercado físico da New York Stock Exchange”. HULL, John - Introdução aos mercados futuros e de opções - BM&F. Assim, devemos mudar nossa opinião sobre o grau de sofisticação que se tenta imprimir quando se escreve sobre o assunto ou quando se fala sobre ele em sala de aula, nas mesas de operações das corretoras, nos balcões de cafés ou nos corredores de restaurantes chiques. Todo esse conhecimento está longe de ser a vanguarda dos descobrimentos sobre finanças; é, antes disso, um conhecimento velho – conceitos amplamente conhecidos e aplicados, que estão no cerne das incertezas sobre a abundância ou a escassez percebidas pelos seres humanos. Mais que isso, entender do assunto não é saber o nome de operações complexas em inglês, pois isso muda a todo o tempo, mas sim conhecer os fundamentos e princípios de funcionamento dos preços e agentes do mercado, sabedoria que vem se acumulando há muitos séculos. Se a sociedade valoriza esse conhecimento efêmero e considera culto quem o tem, podemos, sim, aprender o maior número possível de nomes de operações complexas em outras línguas para causar impressão naquele nosso vizinho afetado ou no colega do clube de tênis que não perde uma chance de mostrar seus dotes sobre o que é mais fino e inteligente. Mas devemos ter um conhecimento sensível sobre opções para obtermos retornos consistentes, com clareza e consciência sobre o fundamento das relações entre os preços das ações e das opções, e de outras relações, que serão vistas de maneira simplificada a seguir. 19 Comprando ações e vendendo opções 03 A formação do preço e as variáveis que afetam as opções O preço presente do ativo objeto, o preço de exercício da opção que estamos observando, o tempo faltante para o vencimento de tal opção, a volatilidade anualizada do preço do ativo objeto e, com menor relevância, a taxa de juros de mercado e os dividendos pagos ou provisionados pela empresa objeto durante a vida do contrato da opção são as variáveis que afetam os prêmios das opções. Cada uma delas interfere positiva ou negativamente no preço da opção de maneira peculiar e direta. Definiremos essas variáveis e mostraremos o que acontece com o preço da opção de compra de um determinado ativo. Preço do ativo objeto – Spot Quanto maior for o preço do ativo objeto, maior será o preço da opção. Por isso, dizemos que o preço da opção flutua de maneira diretamente proporcional ao da ação de que deriva. De todas as variáveis que afetam o preço de uma opção, o preço do ativo é o de maior relevância. Lembre-se: o preço da opção nada mais é que a diferença entre o preço de exercício e o preço do ativo – acrescido de um ágio. Preço do ativo Strike Vol. Juros Dias Prêmio 42,0044 30,00% 12% 20 0,78 43,00 44 30,00% 12% 20 1,18 44,00 44 30,00% 12% 20 1,68 45,00 44 30,00% 12% 20 2,29 46,00 44 30,00% 12% 20 3,00 47,00 44 30,00% 12% 20 3,79 48,00 44 30,00% 12% 20 4,64 49,00 44 30,00% 12% 20 5,54 20 Comprando ações e vendendo opções Figura 01 Figura 02 Preço de exercício – Strike O strike da opção é o preço pelo qual será executado o negócio se a opção for exercida. Quanto mais baixo for o preço de exercício, maior será o preço da opção. Assim, o strike afeta o preço da opção numa relação inversamente proporcional. Observe o efeito na tabela a seguir: Preço do ativo Strike Vol. Juros Dias Prêmio 42,00 40 30,00% 12% 20 2,86 42,00 42 30,00% 12% 20 1,61 42,00 44 30,00% 12% 20 0,78 42,00 46 30,00% 12% 20 0,33 42,00 48 30,00% 12% 20 0,12 42,00 50 30,00% 12% 20 0,04 42,00 52 30,00% 12% 20 0,01 42,00 54 30,00% 12% 20 0,00 21 Comprando ações e vendendo opções A data de término da opção é o dia do exercício. Aqui, no Brasil, isso ocorre na terceira segunda-feira de cada mês. As opções são americanas, ou seja, o dono da opção pode exercer seu direito a qualquer momento, seja ele de compra ou de venda. Nas opções do tipo europeu, só se pode exercer o direito na data predeterminada. Quanto ao nome das opções de compra Cada mês recebe uma letra designando sua data de exercício. Janeiro recebe a letra A, sendo exercida na terceira segunda-feira de janeiro. O vencimento de fevereiro recebe a letra B, março recebe a letra C, abril recebe a letra D, maio recebe a letra E, junho recebe a letra F, e assim sucessivamente. Exemplificando: PETRK44 = designa a opção de compra de Petrobrás a 44 reais, que vence na terceira segunda-feira de novembro. Quanto à classificação do strike A relação que existe entre o preço atual da ação e o strike da opção serve como referencial para classificar as opções em três classes: dentro do dinheiro, no dinheiro e fora do dinheiro. Para opções de compra (call) Opções dentro do dinheiro: são opções que têm seu strike abaixo do preço atual da ação. Opções no dinheiro: são aquelas que têm strike e preço da ação no mesmo nível. Opções fora do dinheiro: têm seu strike acima do preço corrente de mercado da ação. Exemplo: preço da ação atual em R$ 44,30. Petrk42 = Dentro do dinheiro. Petrk44 = No dinheiro. Petrk46 = Fora do dinheiro. Tempo – Dias úteis O tempo apresenta um componente de depreciação ao valor de todas as opções. Na medida em que o tempo passa, o valor da opção vai sendo corroído, conforme se observa na tabela e no gráfico a seguir: 22 Comprando ações e vendendo opções Preço do ativo Strike Vol. Juros Dias Prêmio 42,00 44 30,00% 12% 32 1,22 42,00 44 30,00% 12% 28 1,08 42,00 44 30,00% 12% 24 0,93 42,00 44 30,00% 12% 20 0,78 42,00 44 30,00% 12% 16 0,62 42,00 44 30,00% 12% 12 0,45 42,00 44 30,00% 12% 8 0,27 42,00 44 30,00% 12% 4 0,09 Figura 03 As opções, tanto de compra quanto de venda, tornam-se mais valiosas quanto maior for o prazo para o vencimento. Lembrando o exemplo: o preço de um seguro de automóvel será maior quanto maior for o prazo do contrato, pois o risco de que um carro seja roubado ou sofra um sinistro em um ano é maior do que em seis meses. Da mesma maneira, é mais provável que a ação de uma empresa sofra uma grande oscilação em 40 dias do que em 20 dias. Uma opção com preço de exercício acima do preço de mercado da ação terá seu valor tendendo a zero quando se aproximar da data de exercício das opções, pois é pouco provável que as ações dessa empresa tenham uma grande valorização de um dia para o outro. Todos os dias, todas as opções caem se o preço do papel não subir. Taxa de juros – SELIC A taxa de juros de mercado interfere de maneira positiva, isto é, aumenta o preço de uma call. Porém, o motivo dessa influência é bastante discutido entre os teóricos em derivativos; alguns defendem que “com a expansão das taxas de juro da economia, há uma tendência de aumento da taxa de crescimento esperada para o preço da ação. Todavia, diminui o valor atual de quaisquer fluxos de caixa a serem recebidos pelo titular da opção no futuro. No caso das opções de compra, o primeiro efeito tende a aumentar seu preço, e o segundo, a diminuí-lo. O primeiro efeito prevalece sobre o segundo, isto é, o preço 23 Comprando ações e vendendo opções Figura 04 das opções de compra sempre aumenta com a taxa de juros livre de risco”. HULL, John - Introdução aos mercados futuros e de opções - BM&F. Todavia, nossa idéia difere da apresentada, pois acreditamos que o motivo pelo qual as opções de compra são positivamente correlacionadas com a taxa de juros de mercado é o simples fato de o lançador de uma call cobrar o custo de oportunidade por carregar o ativo objeto pelo tempo do contrato. Não fosse esse o caso, ele poderia aplicar os recursos que utilizou para a compra do ativo em um título que lhe rendesse a taxa livre de risco. Dessa maneira, consideramos que, dentro do preço da opção, está embutida a taxa de juros. E, também, que ele sobe e desce junto à taxa de mercado, fazendo a opção oscilar na mesma direção. Esse efeito se observa completamente quando, mantidas as outras variáveis inalteradas, a taxa de mercado sobe, causando geralmente uma queda nos ativos de bolsa, baixando com eles os preços das opções. O efeito da oscilação da taxa de juros nos preços das opções, nesse caso, costuma ser anulado ou bastante diminuído. Observe a diferença no valor do prêmio conforme muda a taxa de juros na tabela e no gráfico a seguir: Preço do ativo Strike Vol. Juros Dias Prêmio 42,00 44 30,00% 10% 20 0,76 42,00 44 30,00% 12% 20 0,78 42,00 44 30,00% 14% 20 0,80 42,00 44 30,00% 16% 20 0,82 42,00 44 30,00% 18% 20 0,84 42,00 44 30,00% 20% 20 0,86 42,00 44 30,00% 22% 20 0,88 42,00 44 30,00% 24% 20 0,90 24 Comprando ações e vendendo opções Volatilidade A volatilidade é uma tentativa matemática para medir a incerteza quanto aos preços futuros de uma ação, a possibilidade do ativo objeto sofrer uma grande oscilação direcional para cima ou para baixo. Pode ser entendida como a velocidade de mudança de preço do mercado. De todos os fatores, a volatilidade é o mais subjetivo e difícil de aferir – e mesmo de compreender. Na medida em que a volatilidade aumenta, os preços das opções sobem também. Isso acontece porque, se o ativo objeto tem um aumento na sua volatilidade, podem ocorrer movimentos mais amplos, que venham a invadir as zonas de strikes. Observe o comportamento do valor do prêmio quando a volatilidade sobe: Preço do ativo Strike Vol. Juros Dias Prêmio 42,00 44 20,00% 12% 20 0,36 42,00 44 24,00% 12% 20 0,52 42,00 44 28,00% 12% 20 0,69 42,00 44 32,00% 12% 20 0,87 42,00 44 36,00% 12% 20 1,05 42,00 44 40,00% 12% 20 1,23 42,00 44 44,00% 12% 20 1,41 42,00 44 48,00% 12% 20 1,59 Figura 05 A volatilidade é expressa em percentuais. Trata-se da expectativa de variação anualizada. Tanto no Brasil quanto em outros mercados mais maduros, ela costuma oscilar entre 20% e 40% ao ano, podendo apresentar, em seus momentos anormais de calmaria e confiança – ou de extremo nervosismo –, valores abaixo dessa faixa, no primeiro caso, e acima, no segundo. A relação de crescimento da volatilidade com os preços é praticamente linear. A maior percepção que um observador atento terá ao estudar as oscilações da volatilidade é o fato de que, pelas características do mercado e do ser humano, ela passa a maior parte do tempo caindo. Isso quando o mercado está calmo e em alguma tendência definida, e sobe 25 Comprando ações e vendendo opções rapidamente, de maneira explosiva, quando os mercados apresentam grandes oscilações ou quando a incerteza aumenta junto com o nervosismo – normalmente, tempos de grandes quedas ou cenários de pânico. Então, esse observador percebe que, além da volatilidade passar muito tempo caindo para níveis próximos ou abaixo de 20% ao ano, ela sobe e volta para níveis de 40% ou mais em poucos dias; dias esses, via de regra,de grandes quedas. Isto é: a volatilidade sobe muito rápido e na queda da bolsa, o que é compreensível, pois o mercado realmente costuma cair mais rápido do que sobe. No restante do tempo, a volatilidade tende a cair. A volatilidade pode ser medida através do cálculo da oscilação diária do preço do ativo; são fórmulas complexas, não sendo tais medições o foco deste livro. Dividendos Os dividendos têm o efeito de reduzir o preço da ação na data ex-dividendo, algo ruim para o valor das opções de compra. Mas, no Brasil, quando uma empresa fica ex-dividendo, todas as séries, em aberto, de opções derivadas daquela ação tornam-se também ex- dividendo. Com isso, o preço de exercício dessas opções diminui no mesmo valor do dividendo, ou seja, para o titular da opção, não há diferença entre a empresa pagar ou não dividendos. Porém, é ruim para o lançador, que, teoricamente, paga esse dividendo ao titular. Tomemos como exemplo uma empresa cotada a R$ 100,00 e uma opção de compra com preço de exercício de R$ 90,00, que está cotada a R$ 12,00. Imagine que essa empresa fique ex-dividendos em R$ 5,00, de maneira que a nova situação será: a empresa automaticamente passa a ser cotada a R$ 95,00, o preço de exercício passa a ser R$ 85,00 e, assim, o preço da opção continua a ser R$ 12,00. O lançador, tendo agora a receber R$ 5,00 em dividendos, será exercido a R$ 85,00 e não mais a R$ 90,00 como anteriormente. Assim, no Brasil, os dividendos não afetam o preço das opções. É muito importante estar atento a tais detalhes, pois a mudança do preço de exercício leva muita gente ao erro de achar que, por exemplo, a VALEC70 é necessariamente de preço de exercício de R$ 70,00. Porém, se a VALE5 ficou ex-dividendo ou qualquer outro provento em R$ 2,00 desde o momento em que a opção foi criada (aberta), ela terá seu preço de exercício diminuído nesse valor; então, o preço de exercício passará a ser R$ 68,00, mas seu nome não irá mudar. O pior é: dando continuidade ao exemplo anterior, se uma outra série de VALE5, digamos, VALEC72, foi criada (aberta) pela bolsa alguns meses depois da VALEC70 e, nesse período, a empresa só ficou ex em R$ 1,00, teremos, então, a seguinte confusão: uma série VALEC70, porém de preço de exercício R$ 68,00, uma outra série VALEC72 de preço de exercício R$ 71,00. O número de erros que os traders produzem, achando que estão comprando opções muito baratas e vendendo outras muito caras, é enorme, e essa sensação de enganar o mercado mal precificado leva muitas pessoas à ruína anualmente. Não confie no nome da opção (código alfanumérico), confira sempre o preço de exercício. 26 Comprando ações e vendendo opções A formação do preço de uma opção Demos anteriormente o exemplo da compra de uma opção de compra de ações VALE5 com strike R$ 48,00, faltando 20 dias úteis para o vencimento e custando R$ 3,60. Nesse dia, as ações da VALE PN estavam cotadas a R$ 50,00. Deve-se compreender que essa opção, que hoje está cotada ao preço de R$ 3,60, se o preço do ativo permanecer R$ 50,00 até a data de vencimento, no dia do vencimento, momentos antes do exercício, estará cotada a R$ 2,00, que é o preço pelo qual o ativo está sendo negociado subtraído do preço pelo qual o titular dessa opção poderá comprar as ações. Compreendida tal afirmação, devemos ter claro que existe um valor mínimo que a opção deve custar, dependendo do preço que o ativo estiver cotado independentemente das outras variáveis. Então, sem nos importar com qualquer outra coisa, sempre que uma opção tiver preço de exercício R$ 48,00 e seu ativo objeto estiver custando R$ 50,00, podemos afirmar que ela vale, no mínimo, R$ 2,00. Esse valor é chamado de valor intrínseco, e todas as opções dentro do dinheiro têm valor intrínseco maior que zero, que será obtido se subtrairmos o preço de exercício (strike) do preço atual do ativo objeto. No exemplo dado, no qual o preço da opção é negociado a R$ 3,60, existe, também, um outro valor adicional ao valor intrínseco, que é de R$ 1,60. Esse valor pode ser chamado de valor extrínseco, ágio ou, também, valor de expectativa. Esse valor é composto em menor parte pela taxa de juros, e é ele que vai ser aumentado se a taxa de juros subir ou diminuir, e é exatamente o preço mínimo que o proprietário das ações da Vale, ou do apartamento na metáfora do sinal, vai exigir como prêmio para se obrigar a aguardar você a decidir se exerce ou não o seu direito. Desse ágio do exemplo, que vale R$ 1,60, a maior parte é composta pela expectativa de oscilação do preço do ativo, é um valor medido pela volatilidade e que será maior quanto maior for a incerteza e menor será quanto menos volatilidade passada o papel apresentar. É o valor extrínseco, ou ágio, que vai sendo diminuído todos os dias caso a expectativa mínima de alta do papel seja frustrada, e é por isso que todos os dias todas as opções caem se o ativo objeto não subir. Conclusão Há uma grande relação entre os fatores que influenciam os preços das opções. A soma deles é o que definirá se uma opção valerá R$ 0,05 ou R$ 10,00, pois observe, uma opção que tenha seu vencimento alterado de 1 ano para 3 dias úteis na passagem do tempo terá seu valor severamente diminuído. Da mesma maneira, uma opção cujo preço de seu ativo objeto tenha sofrido uma grande oscilação positiva terá seu preço aumentado bastante e, dependendo de quanto significativa for essa alta, poderá subir muitas vezes, como se deu no dia da desvalorização cambial brasileira no início de 1999, quando o Ibovespa teve uma alta de 32% e algumas séries de opções em aberto chegaram a subir 10.000%. Essa 27 Comprando ações e vendendo opções é a dificuldade de compreender a sutileza da oscilação do preço de uma opção, pois a alteração numa das variáveis afeta de modo significativo seu preço, e essas variáveis estão se movendo a todo o momento em maior ou menor grau. Todo dia o tempo diminui, a ação oscila, a incerteza é maior ou as pessoas tornam-se mais confiantes, alterando a volatilidade. Vez por outra, a empresa paga dividendos e os juros oscilam. Essa compreensão das relações entre as variáveis, e das variáveis com o preço da opção, é fundamental para a sobrevivência do trader. Uma relação comparável com a afirmação sobre o jogo de pôquer, no qual você aprende as regras rapidamente, mas leva uma vida inteira para compreendê-las. Comparar opções com pôquer? Então é jogo? Sim, mas, como o pôquer, não é um jogo de azar, você pode contar com a sorte uma vez, mas quem faz a diferença é o player, colocando a probabilidade a seu favor. 28 Comprando ações e vendendo opções 04 Modelo de precificação de opções – Black & Scholes Antes do início da década de 1970, não existia um consenso sobre quanto uma opção deveria custar, modelos de precificação de opções diversos eram usados. O conhecimento sobre derivativos já era bastante vasto; porém, encontrava-se diluído entre mesas de bancos e universidades. Muitos agentes do mercado precificavam uma opção simplesmente pela lei do mercado, enquanto os compradores queriam pagar o mínimo por elas, os vendedores tentavam vendê-las pelo maior preço que conseguissem. O preço da opção era calculado como a diferença do preço de exercício mais uma taxa de juros calculada até o vencimento, que costumava ser maior que a taxa de mercado livre de risco, porque, diferente de uma aplicação em renda fixa, o retorno do preço de uma ação é incerto, variável. Dois estudantes, um de física, Myron Scholes, outro de economia, Fischer Black, resolveram medir essa expectativa de retorno. Para tanto, partiram do pressuposto de que os preços das ações têm comportamento aleatório, afirmação bastante discutível, e que, assim, sua distribuição seja normalmente distribuída numa curva de sino sem valores negativos, chamada curva lognormal. Dessa maneira, na tentativa de medir a incerteza presente no preço das opções, incluíram a volatilidade no cálculo de precificação do prêmio. Conseguiu-se melhorarbastante tais medições. A equação que criaram, ou as variações dela, é utilizada hoje para cálculo de opções, seguros e até o valor de empresas por instituições no mundo todo. Os cálculos do modelo são complexos, e não cabe no escopo deste livro demonstrá-los. A grande contribuição da dupla para a ciência, que lhes rendeu um prêmio Nobel, mais do que o desenvolvimento matemático foi consolidar o conhecimento já existente na época. O modelo de B&S é uma seqüência de equações, na qual colocamos como input as variáveis que afetam o preço das opções: preço do ativo objeto, strike, dias úteis faltantes até o vencimento, taxa de juros de mercado e a volatilidade histórica anualizada. Por mais que não seja necessário aprender as equações, a utilização do modelo, que consta da planilha disponibilizada para download em nosso site e também de muitas outras planilhas disponíveis no mercado, deve ser utilizado em nosso dia-a-dia no intuito de direcionar nossas tomadas de decisões, nos indicando a característica exata das operações que pretendemos montar, bem como nos ajudando no acompanhamento diário das operações que carregamos. 29 Comprando ações e vendendo opções A maneira correta de utilizar o modelo não é descobrindo o preço justo de uma opção hoje – para isso, simplesmente olhamos o mercado, pois não podemos ter a ingenuidade ou a pretensão de imaginar que, munidos de uma simples planilha de Excel, somos capazes de precificar uma opção melhor que todo o mercado. O modelo de Black & Scholes deve ser utilizado, então, para simular os diferentes preços das opções quando uma ou mais variáveis que afetam seu preço são alteradas – assim, podemos saber o que poderá acontecer com determinada opção se houver uma mudança no preço do ativo, na volatilidade, se o tempo passar ou se a taxa variar. Dessa maneira, podemos fazer simulações ou testes com as opções que lançamos ou pretendemos lançar cobertos e, por fim, saber o quanto podemos ou iremos ganhar se acontecer isso ou aquilo com o mercado. Outra fundamental importância do modelo é que, com ele, somos capazes de calcular indicadores estatísticos, que são chamados de letras gregas e possuem fundamental importância, pois nos dão indicativos precisos do que pode acontecer com uma opção e, conseqüentemente, com a nossa operação. 30 Comprando ações e vendendo opções 05 As derivadas do modelo ou gregas Existem cálculos que utilizam as variáveis que afetam o preço das opções para definir importantes indicadores estatísticos das características das operações com opções. Cada um deles foi denominado por uma letra grega e indica como a operação irá se comportar se houver a mudança de uma de suas variáveis isoladamente. Neste livro, você vai conhecer cada um desses indicadores e ver o que representam e como se comportam. Tais indicadores podem ser encontrados em nossa planilha ou facilmente nos sistemas de difusão de informações e não são um conhecimento teórico e acadêmico que só tem utilidade no papel – muito pelo contrário, são de grande utilidade prática e fundamentais para a boa análise de uma operação. “Eu passei vários anos sem me interessar por esses indicadores por preconceito, imaginando que eram algo teórico, e só vim a produzir resultados consistentes e de baixo risco após a compreensão e conseqüente utilização diária das gregas”. Luiz Fernando Roxo Delta O delta de uma opção é a razão de mudança no preço da opção em relação à mudança no preço da ação objeto – pois, quando uma ação sobe, suas opções também sobem, porém, não na mesma proporção. O delta representa o preço da ação e indica quanto uma opção irá subir ou cair quando essa ação sofrer determinada variação num curto espaço de tempo. Exemplo: Se a ação sobe R$ 1,00 e a opção sobe R$ 0,40, temos um delta de 40%. Assim, a opção se desloca 40% da variação da ação. Outra forma de ver o delta seria considerá-lo como a chance da opção ser exercida. Dessa forma, opções bem dentro do dinheiro apresentam delta próximo a 100% e têm grande chance de exercício. Opções no dinheiro têm aproximadamente 50% de chances de serem exercidas, e opções fora do dinheiro têm chances cada vez menores de serem exercidas – e, assim, seu delta tende a zero. O delta não fica estático durante todo o desenrolar do tempo de vida de uma opção, pois, na medida em que a ação sobe ou desce, o delta da opção também sobe e desce. Numa metáfora correta, o delta é a velocidade do preço de uma opção. 31 Comprando ações e vendendo opções Gama A taxa de mudança do delta em relação ao deslocamento do preço da ação é chamada de gama, que é, em termos matemáticos, a curvatura do delta. Ele dita a velocidade com que o delta mudará. Para perceber a sutileza do gama, devemos voltar à metáfora do delta e imaginarmos que, se o delta é a velocidade do preço de uma opção, o gama é a aceleração dessa velocidade – e tal comparação é verdadeira, pois, do mesmo modo que, na física, a aceleração é a primeira derivada da velocidade, o gama é a primeira derivada do delta. Exemplo: Se uma opção tem delta de 40% e gama de 10%, isso indica que, se o papel subir R$ 1,00, o delta subirá de 40% para 50%, aproximadamente. A opção que encontra maior gama é a opção no dinheiro que tem delta de 50% e tem seu delta diminuído para 30% ou aumentado para 70% a qualquer alta ou baixa que o ativo sofrer. A opção no dinheiro é a com mais aceleração. Uma opção bem dentro do dinheiro com um delta próximo a 100% tem gama neutro, valendo praticamente zero. É o carro que já se encontra em velocidade máxima, pois nenhuma opção pode ter delta valendo mais que 100%. E não existe aceleração para algo que já está em velocidade máxima. A opção bem fora do dinheiro também tem gama próximo a zero, pois seu delta é zero e, por mais que o papel sofra uma alta de R$ 1,00, o delta continuará valendo zero. É como o carro que está estacionado: não tem aceleração. Figura 06 32 Comprando ações e vendendo opções Figura 07 Figura 08 O gráfico do gama das opções de diversos strikes que vai de bem dentro do dinheiro para bem fora do dinheiro é uma parábola, como pode ser observado na figura a seguir. Theta O theta de uma opção é a taxa de variação do valor de uma opção ao longo do tempo. É quanto a opção se desvaloriza se todas as variáveis permanecerem inalteradas conforme o tempo passa e o vencimento se aproxima. Exemplo: Se uma opção tem um theta de -0,04, isso significa que ela cairá 4 centavos por dia até o exercício. As opções no dinheiro são as que apresentam theta mais elevado, pois são as que possuem maior ágio. As opções mais dentro e fora do dinheiro têm um theta menor, pois têm um menor valor extrínseco nominal. O theta tem, assim, uma curva em parábola semelhante à do gama, como pode ser observado. 33 Comprando ações e vendendo opções Vega O vega de uma opção é a taxa da mudança que ocorre no valor da opção decorrente de uma mudança na volatilidade. Exemplo: Se uma opção tem um vega de 0,10, isso quer dizer que uma variação de 1% para cima na volatilidade elevará o preço da opção em R$ 0,10 se todas as outras variáveis se mantiverem estáveis. Da mesma maneira que o theta, a opção no dinheiro é a que possui o maior vega, pois é a que possui maior expectativa em seu valor. Figura 09 Ro O ro representa a variação no preço da opção se houver uma mudança na taxa de juros. Como, no Brasil, a taxa de juros se tornou estável, a observação do ro não é mais tão importante. A variação das gregas Quando você vende uma opção: O delta é negativo, uma alta no papel é prejudicial. O gama é negativo, uma alta no delta negativo é prejudicial. O theta é positivo, a passagem no tempo é favorável. O vega é negativo na venda de uma opção, pois o aumento da volatilidade torna a opção que você vendeu mais cara. Quando você vende uma opção: O delta é negativo, uma alta no papel é prejudicial.delta é negativo, uma alta no papel é prejudicial.delta O gama é negativo, uma alta nogama é negativo, uma alta no gama delta negativo é prejudicial.delta negativo é prejudicial.delta O theta é positivo, a passagem no tempo é favorável.theta é positivo, a passagem no tempo é favorável.theta O vega é negativo na venda de uma opção, pois o aumento da volatilidade torna a opção vega é negativo na venda de uma opção, pois o aumento da volatilidade torna a opção vega que você vendeu mais cara. 34 Comprando ações e vendendo opções Quando você compra uma opção: O delta é positivo, uma alta no papel é favorável. O gama é positivo, uma alta no delta é favorável. O theta é negativo, a passagem do tempo é prejudicial. O vega é positivo em uma compra, pois aumento da volatilidade torna as opções mais caras. Tanto o theta quanto o gama aumentam com a proximidade do exercício; já o vega perde valor à medida que se aproxima do exercício. 35 Comprando ações e vendendo opções 06 A relevância da taxa de juros exponencial no tempo Este não é um livro sobre finanças pessoais, bem como não é de matemática financeira; porém, quando se trata de investimento, é importante ressaltar o poder que têm os juros compostos. As pessoas que buscam informação sobre bolsa de valores, que compram livros e assistem a cursos sobre mercado de capitais, que se interessam por negociar ações e, principalmente, os que querem participar do mercado de opções estão em busca de uma taxa de retorno alta. Não é difícil ver em conversas de investidores pessoas físicas, em intervalos de cursos ou em fóruns sobre o assunto espalhados pela internet, gente falando em retornos mensais de 5%, 7% e, às vezes, até 10%, algo que pode ser considerado quase impossível quando se trata de um prazo um pouco mais longo. Mais que isso, qual não é nossa surpresa quando falamos que as operações que ensinamos têm por objetivo fazer o aluno obter retornos consistentes de longo prazo próximos a 3% ao mês. E temos como comentário mais que comum a essa afirmação um coro em uníssono: “Só isso?”. Mas como só isso? E para conceituar tal importância, uma das primeiras perguntas que fazemos é: Quanto são R$ 10.000,00 capitalizados a 3% ao mês durante 15 anos? Você sabe? R$ 2.045.034,00 Muito dinheiro, se você conseguir, numa aplicação que começa com R$ 10.000,00 – que não é um valor muito alto –, um retorno de 3% ao mês e reaplicar tanto o valor inicial quanto os juros durante 180 meses sempre com retorno de 3%, no final desse período, você estará milionário. Isso se considerarmos que, nessa aplicação, o futuro milionário não irá poupar mais nem um centavo, porque se, ao mesmo tempo em que aplicar os R$ 10.000,00 e obtiver os 3% de retorno exponencial, ele ainda for capaz de poupar R$ 100,00 por mês em todo esse período, o valor resultante final será de R$ 2.723.378,13. Nesse momento, a renda mensal que este valor aplicado a 3% terá será de R$ 81.701,34 – um salário e tanto para Quanto são R$ 10.000,00 capitalizados a 3% ao mês durante 15 anos? Você sabe? R$ 2.045.034,00 36 Comprando ações e vendendo opções quem, apenas 15 anos antes, só tinha R$ 10.000,00 para aplicar e só era capaz de poupar R$ 100,00 do que ganhava por mês. Outro exemplo definitivo do poder da taxa de juros é a demonstração do negócio que pode ser talvez considerado o melhor até hoje: a compra da ilha de Manhattan na cidade de Nova Iorque dos índios pelos holandeses. Segundo conta o folclore, o negócio se deu há 420 anos, e o preço pago pelos holandeses aos tais índios foi de 4 dólares, uma mixaria. Se considerarmos que a soma de todos os imóveis e terrenos desta ilha hoje é avaliado em 7 trilhões de dólares, a primeira conclusão que se chega é que os índios fizeram um péssimo negócio. Porém, se os 4 dólares fossem corrigidos por uma taxa de juros média de 7% ao ano – o que não é nenhum milagre –, desde o negócio, o valor de tal aplicação seria hoje mais de 8 trilhões. Provavelmente não foi o caso; porém, esse forte exemplo mostra que a taxa de juros exponencial é algo tão poderoso que nem o melhor negócio fechado até hoje não deu um retorno maior que 7% ao ano. O intuito de demonstrarmos o poder da exponencialidade da taxa de juros no tempo é: mais importante que obter grandes retornos no curto prazo é sermos credores no longo prazo; devemos estar a favor dos juros e nos beneficiarmos dele por mais que o retorno seja baixo. Ser devedor líquido e ir contra algo como essa força é como bater de frente numa jamanta. Como convencer o leitor da importância de poupar no lugar de gastar, e mostrar o quanto isso pode ser relevante depois de alguns anos se o dinheiro for minimamente bem remunerado não é o foco deste livro. Mas este pequeno capítulo tem como objetivo mostrar que 3%, a taxa que é o objetivo das operações que serão mostradas, é algo enorme. E que, se o leitor for capaz de poupar o máximo que puder, e que se sua poupança for remunerada com as operações mostradas neste livro ou por qualquer outro tipo de operação que renda mais que a taxa de mercado de forma consistente, não existe a menor dúvida de que ele ficará rico, bem rico. Não será fácil nem a parte de poupar, muito menos de obter tal retorno, nem será tão rápido como alguns autores de finanças e/ou auto-ajuda podem levar a crer. Mas, em duas décadas, poupando e aplicando corretamente, dá para ficar rico na bolsa de valores. 37 Comprando ações e vendendo opções 07 Sobre jogar, investir ou especular O mercado financeiro é um lugar para se remunerar da melhor maneira possível o seu investimento, o capital que é fruto do seu trabalho. A bolsa é para ganhar dinheiro; para ter emoções, compre um pára-quedas ou algo assim, vá fazer um esporte radical. É mais seguro. Não se deve ir à bolsa em busca de emoções. Não é um lugar para fazer apostas baseadas em simples palpite e contar com a sorte como se estivesse num cassino. Por mais que simples demonstrações matemáticas indicando a probabilidade de ganhar e perder indiquem que o apostador, num jogo de azar, vai perder dinheiro se jogar durante um tempo mais prolongado, as mesas de apostas continuam, a cada dia, mais cheias de pessoas em busca de emoção e com a ilusão de possuírem tal sorte, que vencerão o cassino mesmo com as chances completamente contra. Na bolsa, e mais especificamente no mercado de opções, existe a possibilidade de fazermos apostas direcionais, e aí o mercado pode virar uma mesa de cassino. Porém, quem encara tais aplicações como um jogo de azar e aposta no “preto ou vermelho” como um jogador de roleta, por mais que tenha garantido as maiores das emoções, certamente entregará o fruto do seu trabalho para a banca. Operar com opções pode virar um jogo e, assim como todos os outros, viciar. Em mais de uma década de experiência, nós, os autores, temos visto os mais diferentes casos patológicos de jogadores viciados na emoção de estar comprado ou vendido em opções, e a emoção é grande mesmo e causa prazer. Não raro, uma opção fora do dinheiro valendo uns poucos centavos, virando pó, no vocabulário de bolsa, tem o seu preço aumentado em muitas vezes, chegando a valer alguns reais, porque o ativo objeto do qual ela deriva teve sua cotação muito valorizada. A alegria e a emoção de acertar um ganho desse é inesquecível, sendo compreensível que gente se vicie nisso e queira voltar a qualquer custo a sentir essa emoção. Casos de apostadores patológicos são conhecidos de todos os corretores, pessoas que já perderam quase tudo que possuíam e saem de casa com uma mochila embaixo do braço, prometendo à família que estão indo ao clube e indo, na verdade, a uma corretora, todos os dias, achando que, agora, sim, a sorte vai ajudar. Não se deve ir à bolsa em busca de emoções. Não é um lugar para fazer apostas baseadas em simples palpite e contar com a sorte como se estivesse num cassino. 38 Comprando ações e vendendo opções São, muitas vezes, executivos, profissionais liberais e aposentados, quase sempre competentes e vencedores em suas carreiras, e que utilizama renda obtida em horas seguidas de atividades, trabalho duro, para pagar as perdas seguidas e sistemáticas, dinheiro que, se bem gasto ou poupado, garantiria um futuro tranqüilo e promissor para toda a família. Alguns desses jogadores em opções são herdeiros de famílias abastadas, que dilapidam grandes somas dos recursos ganhos e poupados por seus antepassados, poupanças que levaram anos para serem formadas. Certamente, existem culpados pelas fortunas perdidas em bolsa, mas é pouco provável que a culpa seja do mercado ou dos derivativos, bem como não é da falta de sorte. Na essência, como visto no início, as opções são contratos muito úteis para quem quer se proteger de alguma variação de preço – ou até de acidentes. Usando os exemplos do início do livro: quando compramos um seguro de carro, é porque queremos nos proteger de um infortúnio, algum sinistro que nos deixe sem o bem e que nos cause prejuízos acima dos que estamos dispostos a assumir. Assim, com um valor que é uma pequena fração do bem, estamos garantindo que, numa situação extrema (acidente, roubo ou algo assim), teremos de novo nosso veículo nas condições que estava antes. Não gostamos de desembolsar o valor da apólice quando da renovação, mas o fazemos e nos sentimos seguros. Da mesma maneira, o indivíduo do exemplo da compra do apartamento citado no começo do livro, quando se dispõe a pagar 1% do valor do imóvel como sinal para que ele fique reservado e, assim, não seja oferecido nem vendido a mais ninguém, sabe os riscos que está correndo. Provavelmente, sua tomada de decisão é baseada em algum tipo de análise minimamente racional. Esse tempo para decidir será benéfico para que ele consiga juntar o dinheiro necessário para a aquisição. Aguarde para ver se uma promoção tão esperada aconteça ou decida se o casamento sai mesmo ou não. Enfim, algo que, em sua avaliação, mereça o desembolso do sinal, que justifique o risco de perder esse valor. Ao pensarmos com a mesma lógica desse exemplo e observarmos os especuladores que compram e vendem grandes quantidades de opções com o objetivo de obter ganho apenas com a variação do preço desse prêmio, percebemos o quanto essa atividade é arriscada e tende à irracionalidade. Podemos, de maneira comparativa, considerar que o agente das especulações compra direitos de compra de apartamentos. Não de um único apartamento, mas de muitos, não raro de dezenas ou até centenas deles. Compra tais direitos não por querer o apartamento para seu uso, morando nele ou como investimento de longo prazo, tendo-o como fonte de renda de aluguéis. Esse especulador, que compra grandes quantidades de opções, tem apenas o interesse de obter rápidos lucros com a oscilação positiva no preço dos apartamentos e, por conseqüência, no preço de seus direitos. 39 Comprando ações e vendendo opções Muitos bancos ou empresas de gestão de fundos estão preparados para fazê-lo, pois têm recursos financeiros, estrutura operacional, conhecimento e informações sobre a teoria dos preços dos apartamentos e sobre a tendência do mercado de apartamentos. Esses grandes players também estão preparados para assumir os eventuais prejuízos no caso de os apartamentos caírem ou, ao menos, não subirem. Continuando nessa comparação entre operações com opções de compra sobre ações e sinais sobre apartamentos, podemos considerar, então, os bancos e gestores, chamados de clientes institucionais, como sendo as construtoras, incorporadoras ou imobiliárias do mercado financeiro. Ao mesmo tempo, o operador de bolsa ou cliente pessoa física pode ser considerado o pequeno investidor em imóveis; porém, no mercado imobiliário, esse especulador de opções jamais poderia comprar ou vender direitos sobre dezenas ou centenas de apartamentos por falta de recursos ou liquidez de mercado. Pior ainda seria se conseguisse fazê-lo e, como parâmetro para sua tomada de decisão, ele utilizasse apenas o palpite e, como segurança, contasse só com a sorte. Essa é a situação do jogador que compra e vende opções no mercado de capitais. Ele é quase o miliciano jogando pedras no tanque do exército inimigo, exército representado pelas instituições financeiras armadas com tanques de guerra inatingíveis – ao menos por pedras. Para ele, não haverá futuro se não rever suas práticas, objetivos e conhecimentos. O objetivo deste livro é apresentar uma maneira mais racional e segura de fazer operações em bolsa utilizando opções, mas não para especular, comprando ou vendendo direitos de maneira esquizofrênica – mas, sim, voltando à metáfora do apartamento, comprando o apartamento quando achar que é um bom negócio e vendendo um direito sobre ele, recebendo um valor por tal venda que deixa a compra do apartamento mais barata e faz com que vendê-lo, até mesmo pelo preço que foi pago, seja um grande negócio – operação que, como será visto, tem uma probabilidade altíssima de ser ganhadora. Quem irá comprar tais opções? Os jogadores viciados em opções? Então, nesse caso, estamos fazendo o papel da banca do cassino? Pode ser. Para tanto, deve-se, ao entrar no mercado de capitais e, mais especificamente, ao pensar em executar tais operações, saber exatamente qual seu objetivo ao fazê-lo. Por que você está comprando o apartamento e vendendo um direito sobre ele? Está claro que é para ganhar dinheiro. Você é um investidor, que compra o apartamento para ficar com ele, usá-lo de moradia ou alugá-lo pensando em, quem sabe, vendê-lo após alguns anos, mas por um valor bem maior que o de compra? 40 Comprando ações e vendendo opções É um especulador, que acredita numa alta iminente do apartamento, algo próximo, e, assim, pensa em comprá-lo para, num curto período de tempo, revendê-lo por um preço maior que o de compra? Como complemento de sua compra do apartamento, você quer vender direitos sobre ele e, com essa receita, diminuir seu preço de compra para melhorar o resultado e diminuir o risco? Em alguns momentos, pode-se atuar como investidor; em outros, como especulador, e a mesma pessoa poderá usar opções de compra para proteger parcialmente seu patrimônio. Porém, antes de entrar em cada operação, deve-se ter claro seu papel naquele momento, sabendo exatamente os motivos pelos quais se está entrado numa posição. Deve-se saber se a compra do apartamento é para morar ou para revender em pouco tempo, pois, se a compra for para morar, uma oscilação no preço do imóvel não irá prejudicar o objetivo do proprietário. Se, daqui a um mês, o preço do apartamento tiver caído 20%, isso não será relevante para o investidor de longo prazo. Porém, para o especulador, que compra um apartamento objetivando sua venda daqui a pouco, a queda de 20% pode ser quase uma tragédia. 41 Comprando ações e vendendo opções 08 As vantagens da liquidez e a percepção da riqueza quando há marcação a mercado Se possuirmos títulos de alta liquidez, como ações, com oscilação de preços e facilidade para obtenção de cotações e controle de portifólio, a percepção do valor de nosso patrimônio se dá em tempo real. Somos afetados, direta e rapidamente, quando existem oscilações de preços, seja para cima ou para baixo. A percepção de termos ganhado muito com uma subida traz consigo a sensação de euforia; nesse momento, temos um sentimento positivo de riqueza. Em contrapartida, sentimos pânico quando uma crise arrebata rapidamente para baixo os preços, lembrando-nos do risco que sempre corremos e nos deixando receosos e, muitas vezes, tristes. Quando temos investimentos em ativos pouco líquidos como imóveis ou participações em empresas de capital fechado, por mais que esses investimentos sejam prejudicados por uma turbulência ou algo mais grave, como o aumento na inflação ou períodos de recessão e crise generalizada, não somos capazes de perceber que perdemos dinheiro, que os imóveis perderam seu valor, que a moeda se desvalorizou ou que a empresa em que entramos como sócios naquele momento não haveria comprador se procurássemos,pois a falta de liquidez e a nossa conseqüente ignorância com relação aos seus valores atuais não nos sujeitam ao pânico e também não nos trazem a euforia, a quase incontrolável sensação de enriquecimento imediato e as inevitáveis projeções exponenciais ascendentes rumo à fortuna e independência financeira iminente. É inerente ao ser humano projetar ao infinito os resultados de suas mais recentes trajetórias de desempenho, esquecendo todos os altos e baixos de um passado um pouco mais remoto. A última vitória nos remete a projeções de glórias sem fim, e as derrotas e infortúnios nos fazem acreditar que nunca mais nos reergueremos – e mais: que o fracasso e a miséria são certos, coisa de dias. Para ter um exemplo da prática de perpetuar as performances atuais, causando euforias quase histéricas ou a mais profunda depressão letárgica como extremos, dependendo da sensibilidade da pessoa e da importância do evento ocorrido, faça um exercício mental e imagine realmente em qual situação preferia estar: aquela do sujeito que vendeu sua Ferrari nova, comprou uma Mercedes e utilizou o saldo da venda para quitar dívidas; ou na pele da pessoa que acabou de trocar um carro popular com três anos de uso por um novinho em folha? 42 Comprando ações e vendendo opções Se sua preferência foi estar passando pela primeira situação, é certo que se trata de uma exceção. Aplicamos tal exercício em muitas pessoas nos últimos anos, e a grande maioria delas preferiu estar na segunda situação em detrimento da primeira, por mais que o primeiro demonstre claramente ter maior quantidade de recursos que o “quase humilde”, comparativamente, segundo cidadão. Preferiu-se estar numa situação ascendente e positiva, que em decadência – independentemente da situação de cada um. Assim, mesmo sendo, em muitos casos, nociva ao equilíbrio emocional, a marcação a mercado facilitada por investimentos mais líquidos propicia uma imediata situação de seu patrimônio e traz consigo todos os benefícios e malefícios da não-ignorância. Deve-se ter claro que não é por isso que tais ativos são mais voláteis ou arriscados, e sim, apenas temos tal percepção, pois as cotações nos mostram isso a todo o tempo. Como devemos ver nossa carteira então, se formos especuladores a valor de mercado sofrendo as alegrias e tristezas de todas as oscilações e, mais do que isso, tendo uma postura proativa, procurando nos beneficiar e/ou nos proteger de tais oscilações? E, se como investidor, uma das medidas mais radicais, porém não menos benéficas, poderia ser não mexer nos seus investimentos em ações, considerando-os não como um patrimônio seu, mas sim de seus herdeiros, sendo você apenas um custodiante desses ativos, e que sua tarefa é aumentá-los? Para economizar e manter-se mais equilibrado, faça as contas em ações e não em dinheiro, ligue mais para a quantidade em ações do que para seu valor financeiro. 43 Comprando ações e vendendo opções 09 Análise técnica Por Leandro Ruschel Visto que a variável mais importante que influencia o preço da opção é o movimento de preços do ativo objeto, a análise técnica é uma ferramenta muito interessante para ajudar a definir a melhor estratégia a ser montada nas opções. Em algumas situações, é possível montar operações sem foco no movimento direcional, principalmente com foco na volatilidade. Mas, neste livro, as operações são baseadas no movimento direcional do ativo objeto. Para identificar o movimento mais provável do ativo objeto, vamos utilizar a análise técnica, sempre analisando o gráfico do ativo e não da opção. Alguns traders utilizam o gráfico da opção nas periodicidades bem curtas de 15 ou 5 minutos, ou até mesmo gráficos de periodicidades menores para decisão, quase sempre com operações a seco, com dezenas de operações por dia. Consideramos essa a forma mais fácil de perder dinheiro e também a sanidade mental. Este livro foi escrito para pessoas que já possuem o conhecimento básico de análise técnica e também alguma experiência na compra e venda de ações, consideradas porta de entrada para o mercado de renda variável. Mesmo assim, vamos fazer um resumo geral das estratégias utilizadas. Teremos uma idéia de onde serão buscados os pontos de compra e os pontos de venda para, depois, detalhar a situação gráfica para os lançamentos cobertos. O primeiro passo para desenvolver a estratégia é identificar a tendência vigente no prazo operacional escolhido. Como a maior parte das operações com opções não costuma durar muito tempo, vamos utilizar uma abordagem de swing-trade com operações baseadas no estudo do gráfico diário e ajuste fino no gráfico de 60 minutos. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 44 Comprando ações e vendendo opções O primeiro passo da análise é a identificação da tendência através da seqüência de topos e fundos, que também gera os pontos de suporte e resistência. A posição das médias móveis auxilia a identificação da tendência – se o mercado está sobrecomprado ou sobrevendido. Nesse ponto, especial atenção à MM21. O IFR também auxilia a identificação do valor relativo do ativo e também a identificação de divergências. As BB (Bandas de Bollinger) identificam se o mercado está numa fase de expansão ou contração. O volume confirma os movimentos. As retrações e as extensões de fibo são utilizadas para identificar objetivos. 1. Compras em suportes dentro de tendências de alta Estratégia de compra das mais conservadoras. Identificada uma tendência de alta, se aguarda o teste de uma zona de suporte para entrar na compra. Quanto mais ferramentas estiverem dando suporte num patamar de preços, mais segura é a compra nesse suporte. A posição ideal das médias ocorre quando temos as médias mais curtas acima das médias mais longas, todas elas ascendentes e se afastando. A MM21 é utilizada como parâmetro, idealmente deve estar ascendente, e os preços não devem estar muito afastados dessa média. A BB superior deve estar ascendente, e o IFR deve demonstrar algum espaço para alta. É possível utilizar o IFR no gráfico de 60 minutos, onde é interessante a operação quando, nessa periodicidade, o IFR estiver bem sobrevendido. Não é suficiente para gerar uma compra que o ativo apenas teste uma zona de suporte. É importante que ele demonstre algum sinal de reversão sobre esse suporte. Um candle de reversão no diário ou um pivot de alta nos 60 minutos podem gerar uma entrada mais segura. Geralmente, as entradas são produzidas na parte final do pregão. O ponto ideal é um fechamento na máxima da barra, com volume bem acima da média, desde que o fechamento não seja muito afastado do ponto previsto de entrada. 2. Compras de rompimento dentro da tendência de alta Nessa seção, existem dois tipos de compra de rompimento: a compra de rompimentos de topos anteriores simplesmente, que marcam uma resistência próxima, e a compra de rompimento de uma pequena congestão. No primeiro caso, é importante que o rompimento apresente um bom volume e que o ativo não esteja muito sobrecomprado, o que acontece no caso do rompimento ocorrer após vários dias de alta. Nesses casos, os preços estarão bem afastados da MM21. O segundo tipo de rompimento, o rompimento de pequenas congestões de 5 a 10 barras laterais, geralmente oferece entradas mais claras, principalmente quando a barra que rompe é ampla e com volume bem acima das médias. 45 Comprando ações e vendendo opções Figura 10 Figura 11 46 Comprando ações e vendendo opções 3. Compras contratendência Esse tipo de operação oferece um grau maior de risco e, geralmente, precisa ter um objetivo mais curto tanto no tempo quanto no preço. O setup ideal ocorre quando o papel está numa tendência clara de baixa e produz um movimento de afastamento em relação à MM21, com a formação de um candle de reversão em seguida. O padrão fica mais claro se esse candle de reversão for produzido sobre uma zona de forte suporte. Figura 12 4, 5, 6. Operações de venda Os setups das operações de venda são parecidoscom as operações de compra – a fundamentação técnica é a mesma. Só precisamos lembrar que as operações de venda oferecem uma perda teórica ilimitada, o que aumenta o risco desse tipo de operação. Uma das vantagens das operações com opções é que existem modalidades de venda com risco limitado. As melhores operações de venda acontecem em tendências de baixa, com o teste de zonas de resistência. Na maior parte do tempo, é interessante evitar a venda de rompimentos de suportes. 47 Comprando ações e vendendo opções Figura 13 7, 8, 9, 10. Congestões São movimentos maiores, geralmente marcados por dois fundos e dois topos no mesmo nível. Dentro de uma congestão, procuramos pontos de compra próximos do suporte e pontos de venda nas resistências. O rompimento da resistência da congestão gera compra, assim como a perda do suporte gera venda. Nos rompimentos, é preciso avaliar o volume na barra que romper, o tamanho da barra (que deve ser maior que a média) e o fechamento, idealmente próximo do máximo da barra para rompimentos de resistência. Também é interessante avaliar se o mercado, no momento do rompimento, não está muito sobrecomprado. Quanto mais longa for a congestão, mais forte será, geralmente, o movimento após o rompimento. 48 Comprando ações e vendendo opções Figura 14 A política de stop será explicada. 49 Comprando ações e vendendo opções 10 A operação A operação de lançamento coberto é a mais tradicional e simples operação composta que se pode fazer com uma opção. Vender uma opção para proteger, mesmo que parcialmente, o ativo possuído é, na essência, o motivo pelo qual existem as opções, e foi com esse intuito de proteger um patrimônio que as opções foram criadas. A operação é de fácil compreensão. Quando bem utilizada, no entanto, pode trazer muitos benefícios para quem possui ações e deseja proteger-se de uma baixa iminente ou apenas diminuir o custo pelo qual tal papel foi adquirido, como será visto. Para tanto, o lançador coberto deve vender uma opção se já possui o papel ou comprar o papel e vender a opção de compra simultaneamente, caso deseje começar uma posição nova. É exatamente o mesmo caso da metáfora do sinal do apartamento. Quem faz um lançamento coberto está interpretando o mesmo papel do proprietário do imóvel que recebe um prêmio para dar o direito do titular da opção decidir se exerce ou não seu direito de compra. A única diferença é que, em vez de um apartamento, os objetos do direito e da obrigação são ações. Acompanhe o exemplo de um lançamento coberto: Compra de 1000 VALE5 a R$ 51,00 e venda imediata de 1000 VALEL52 a R$ 2,00. Nesse caso, o fluxo de caixa é: - R$ 51.000,00 para comprar as ações. + R$ 2.000,00 do lançamento coberto. O custo dessa operação é de R$ 49.000,00. O risco de perda dessa compra é limitado ao preço da ação adquirida menos o prêmio recebido, ou R$ 49.000,00 no caso da ação perder todo seu valor, passando a custar zero. O lucro máximo dessa operação está limitado no prêmio recebido pelo lançamento somado ao lucro do papel que será exercido a R$ 52,00. Sendo assim, R$ 2.000,00 pelo prêmio mais R$ 1.000,00 de lucro do papel comprado por R$ 51,00 – ganho de R$ 3.000,00. 50 Comprando ações e vendendo opções Nesse ponto, paramos para um adendo, porque é possível que você esteja se perguntando: “Quer dizer que gastei dinheiro com a compra deste livro? Perdi meu tempo de leitura até este momento para aprender uma operação que se propõe a ser um grande diferencial em termos de resultado e correndo baixo risco segundo proclamam os autores? E o que me é apresentado é uma operação que pode ganhar R$ 3.000,00 se tudo der absolutamente certo ou perder R$ 49.000,00 no caso de as coisas darem errado?”. Nossa resposta é sim. É por isso que devemos parar um pouco a apresentação da operação para refletirmos sobre risco. 51 Comprando ações e vendendo opções 11 Dupla abordagem sobre risco x retorno A todo tempo, em nossa vida, estamos tomando decisões. Para isso, fazemos avaliações, ponderamos prós e contras e comparamos a situação à nossa frente com outras já vistas ou enfrentadas no passado. Em qualquer tomada de decisão, uma das avaliações que fazemos é de risco. Independentemente do teor e da importância daquilo que temos de decidir, isso envolve risco. A avaliação quanto ao risco corrido e o aceitável pode se dar através de processos do subconsciente por meio da intuição, algo comumente chamado de feeling, ou de uma maneira mais consciente, utilizando certa metodologia. A tomada de decisão quanto à compra de um ativo ou alguma aplicação financeira, salientando o nível de risco envolvido, certamente deve conter alguma ordem e seguir práticas objetivas e comprovadamente funcionais. Temos como costume a abordagem de dois pontos de vista diferentes, mas complementares, na tentativa de ponderar se certa decisão deve ser feita. O método é: ao analisarmos uma operação, medirmos o risco que corremos comparativamente com o retorno possível. Assim, devemos considerar a resultante entre o que se pode ganhar com o quanto estamos arriscando, que chamamos de avaliação da simetria do risco, e considerar em conjunto se tal operação tem grande ou pequena probabilidade de ser ganhadora. Para entender melhor, acompanhe as seguintes explicações: Simetria de risco Quando analisamos uma operação na qual podemos ganhar 1 e que, para tanto, tenhamos de arriscar a perda de 1, dizemos que tal evento tem uma simetria de risco de 1 para 1 e, então, é uma operação de risco perfeitamente simétrica, pois o que se pode ganhar é igual, simétrico, ao que se pode perder. Se tivermos uma operação na qual poderemos ganhar 2, e o risco de perdermos for 1, podemos afirmar que ela é assimetricamente positiva, pois o que poderemos ganhar é maior do que aquilo que poderemos perder, e essa relação é 2/1. Se, em vez disso, a operação for de tal forma que poderemos ganhar 1, mas, para tanto, arriscamos 2, ela 52 Comprando ações e vendendo opções será uma operação assimetricamente negativa com relação de 1/2. Claro deve ser que, por esse ponto de vista, a segunda operação, na qual temos relação de simetria 2/1, é mais vantajosa que a terceira. Assim, podemos concluir qual seria a melhor operação possível sobre o aspecto da simetria de risco existente. Você é capaz de imaginar qual seria tal operação de enorme simetria de risco positiva? É a aposta num jogo da Mega-Sena, pois, nela, arriscamos R$ 1,50, que pagamos para fazer o jogo, contra uns R$ 30.000.000,00 que podemos receber se acertarmos as seis dezenas sozinho e o concurso estiver bem acumulado. Tal retorno, se positivo, se daria em apenas alguns dias após efetuarmos a operação, no caso, a aposta. Assim, para cada 1 de risco, ganharíamos 20 milhões, uma relação de simetria de 20.000.000/1 – absurdamente assimetricamente positiva. Como extremo inverso desse exemplo, sobre o ponto de vista da simetria de risco, a pior operação que existe é a compra de um Treasure Bond (bônus do tesouro americano) de 30 anos, no qual investimos R$ 100,00 para termos como retorno apenas algo entre 2% e 4% ao ano, que é como anda a taxa de juros por lá. Uma relação na qual poderíamos perder os R$ 100,00 investidos no caso de um default do tesouro norte-americano ou ganhar os 2% a 4%, aproximadamente, no caso de êxito – sob esse ponto de vista, trata-se de um péssimo negócio, ainda mais se comparado a ganhar na Mega-Sena. Porém, com tais exemplos esdrúxulos, podemos perceber que essa avaliação, se feita de maneira isolada, pode incorrer em grandes equívocos. Isso pelo fato de não termos levado em conta algo muito relevante, que é: Qual a probabilidade das coisas darem certo ou errado? Então, ponderemos o que é mais fácil: ganhar na Mega-Sena ou que a economia dos Estados Unidos se mantenha solvente? A resposta torna-se desnecessária. Enquanto a assimetria positiva de risco de um jogo da Mega-Sena com um prêmio acumulado de R$ 30.000.000,00é de R$ 20.000.000 de ganho para cada real aplicado, a chance de acertar as seis dezenas de maneira aleatória é uma em 50 milhões. Assim, as chances de ganhar na Mega-Sena são menores do que o retorno que teríamos se ganhássemos. Uma operação que parecia extremamente vantajosa do ponto de vista de simetria de risco mostra-se desvantajosa se nossa avaliação incluir, também, as chances da operação dar certo. Ao mesmo tempo, é crível que, antes de um default do título considerado mais seguro do mundo, ao menos atualmente, toda a economia do planeta entre em colapso. As chances da economia americana quebrar são mínimas, e é por isso mesmo que o prêmio pago é baixo. 53 Comprando ações e vendendo opções Ao observar tais exemplos, torna-se compreensível que as análises de simetria e probabilidade sejam complementares, numa adequada avaliação de risco e retorno, para uma tomada de decisão. Será percebido que a soma das duas, levando-se em conta grande parte dos eventos possíveis de avaliar, serão equilibradas entre si, sendo que, via de regra, operações em que um for abundante, o outro será escasso, pois quando o ganho é grande, as chances são pequenas, e negócios com risco muito baixos costumam ter retornos menores. Porém, é possível tanto ganhar na Mega-Sena, quanto perder em negócios líquidos e certos. Então, a tarefa do investidor que pretende ganhar sistematicamente no tempo será descobrir operações nas quais tal relação esteja desequilibrada, positivamente, ou quando perfeitamente equilibrada, fazer algo para trazer tal equilíbrio para o seu lado. Iremos perceber que a operação de lançamento coberto possui uma simetria de risco negativa; porém, a probabilidade de, no exemplo citado, a VALE5 permanecer acima de R$ 49,00 é tão alta que justifica em muito ganhar menos do que se arrisca. De fato, em meses isolados, o ativo que se encontra hoje a R$ 51,00 pode cair para preços abaixo de R$ 49,00 – mas a chance de isso acontecer em média num período maior é mínima, pois, no longo prazo, as ações de boas empresas tendem a subir. 54 Comprando ações e vendendo opções 12 Voltando ao lançamento coberto O ponto de equilíbrio da operação é o limite de preço mínimo que a VALE5 deve custar para que a operação tenha lucro. Nesse caso, o preço pago pela ação menos o prêmio recebido pelo lançamento é R$ 49,00, como pode ser observado no gráfico de lucro/ prejuízo desse lançamento coberto: Figura 15 Acreditamos que a grande vantagem do lançamento coberto seja podermos comprar ativos de grande valor, como VALE5 e PETR4, que se encontram em tendência primária de alta, que hoje está cotado, no exemplo da VALE5, a R$ 51,00 e, logo de cara, pagaremos por ele R$ 49,00 – já entrando, assim, na operação com uma grande vantagem, pois o preço de aquisição foi deslocado em R$ 2,00 a nosso favor. Para essa operação, existem três resultados possíveis: O cenário ideal para que a operação seja plenamente vencedora é quando o preço da Vale (VALE5) atingir mais de R$ 52,00, pois a ação será exercida e o lucro será máximo, como se tivéssemos vendido as VALE5 pelo strike mais o prêmio recebido, no caso, R$ 54,00. É um ótimo resultado de 6,12% para 31 dias úteis. O segundo resultado possível é quando a ação ficar de lado, permanecendo acima de R$ 49,00, mas abaixo de R$ 52,00. Nesse caso, a opção não é exercida. O trader, então, permanece com as ações da Vale, podendo vendê-las pelo preço de mercado. Qualquer preço acima de R$ 49,00 oferece lucro, pois, devido ao lançamento, esse é o preço de 55 Comprando ações e vendendo opções custo. Se decidisse não vender, poderia usar a mesma estratégia para lançar novas opções no exercício seguinte, baixando ainda mais o preço de custo das ações em carteira. Terceiro cenário: a ação começa a recuar e cai abaixo de R$ 49,00. Para esse cenário, não há proteção, tem-se apenas o preço de custo mais baixo que o de entrada. Contudo, deve-se observar qual a característica de quem fez a operação, e nesse ponto é que se separam os lançadores em dois tipos diferentes de players. Existe aquele trader que busca um ganho rápido e, até certo ponto, fácil. Esse está atrás de uma taxa e, percebendo que o papel está logo acima de um suporte, e supondo que esse papel deverá manter seu preço ou ter uma alta, compra o ativo e diminui o preço dessa compra em R$ 2,00 lançando opções, obtém 6,12% de ganho no período, se dá por satisfeito e parte para outra oportunidade. O outro tipo de agente do mercado, que tenha um perfil de investidor, utilizará essa operação desejando manter as ações compradas por um prazo mais longo em carteira, efetuando o lançamento apenas para diminuir em R$ 2,00 o custo de seu papel. Diminuir de R$ 51,00 para R$ 49,00, isoladamente, não parece representar muita coisa, mas essa estratégia utilizada por muitos meses ou anos pode diminuir o custo do ativo para valores até negativos e, assim, o investidor tem o papel de graça ou, mais que isso, recebeu dinheiro, ao longo do tempo, e ainda possui as ações. Todavia, esse investidor terá que prestar bastante atenção a qual opção deve lançar e quando, porque, se o papel subir muito acima dos R$ 52,00 – preço de exercício da opção que ele lançou –, vender as opções não será tão bom negócio quanto se ele apenas comprasse as ações. Assim, ele deve lançar opções de acordo com a sua expectativa e seus estudos gráficos, ponderando muito bem qual série lançar em cada vencimento. A venda de uma opção um pouco fora do dinheiro, como utilizada no exemplo, já que o papel estava R$ 51,00 e o strike da opção era R$ 52,00, deve ser feita quando esse trader, que pretende permanecer com o papel após o vencimento, espera uma subida leve e lenta ou um mercado de lado. Se a estratégia do trader for permanecer com o papel e ganhar apenas o prêmio da opção a cada vencimento, ele deve, quando o dia de exercício se aproximar, rolar a opção vendida para a do próximo vencimento – sempre tentando vender opções que, em sua opinião, virarão pó e só vender opções caras e mais dentro do dinheiro caso sua expectativa do papel seja muito negativa. Nas operações de lançamento coberto para investidores que pretendem permanecer com o papel, a rolagem de opções deve ser feita todos os meses – e necessita de alguns 56 Comprando ações e vendendo opções cuidados em particular, pois é o momento mais importante do lançamento. Será quando o trader embasado por um adequado setup gráfico irá decidir em que opção ficará vendido para o próximo mês. Uma escolha inadequada pode fazer com que ele perca a maior parte de um movimento de alta se assim o mercado se comportar. Se ele vender uma opção muito fora do dinheiro e o papel cair, ele terá protegido pouco seu ativo. E o custo do seu papel terá caído pouco em relação à queda do papel no mercado. Gaste tempo na decisão de qual opção vender e, se a idéia for permanecer com o papel, na dúvida, venda uma opção bem fora do dinheiro e deixe espaço para o papel subir. A mesma atitude deve ser tomada após uma realização nos preços. Quando o papel se encontrar em forte suporte, evite vender opções caras. Já tendo visto minimamente como funciona, e as duas principais linhas de lançadores cobertos, veremos com mais detalhes como definir seu perfil e algumas estratégias para cada tipo de trader. 57 Comprando ações e vendendo opções 13 Quem é você? Defina seu perfil Então um trader, ao decidir montar um lançamento coberto de opções, tem por obrigação a escolha entre uma das duas estratégias definidas: usar o lançamento para diminuir o custo das ações em carteira ou usar o lançamento para ganhar a taxa obtida no período. Perceba que a maior diferença entre as duas estratégias consiste em que, na primeira, não se entregará o ativo sob nenhuma circunstância. Na segunda, a entrega do ativo se dá sem grandes preocupações. Mais que isso: o primeiro não tem stop e até acha bom quando o mercado cai. O segundo necessariamente tem que usar um stop,já que ficar com o ativo por mais tempo não faz parte de seus planos. Vamos avaliar as duas estratégias e a mentalidade de ambas. Trade de taxa O trader de taxa monta todas as suas operações buscando uma taxa específica para o prazo de dias que aquela opção tem de vida. Esse trader não tem absolutamente nenhum tipo de interesse na manutenção do ativo em carteira. Ele manterá o ativo em carteira apenas pelo tempo necessário para obter a taxa de rentabilidade a que se propôs no início do trade. Aqui, existe mais atividade. Aqui, ocorrem compras e vendas com maior freqüência. E, sem dúvida, a necessidade de conhecimento em análise técnica é muito maior. Operação: Compra da ação, lançamento imediato da opção no dinheiro ou dentro do dinheiro. Risco: Limitado, stop-loss determinado pelo gráfico. Lucro: Limitado, taxa a que se propôs o trader. Ponto de equilíbrio: Preço pago pela ação menos prêmio recebido pelo lançamento. Cenário ideal: Encontrar o ativo em cima de um suporte, executar a entrada com proteção parcial obtida pelo lançamento coberto, buscando obtenção da taxa. Calcular a taxa obtida no tempo pela compra imediata do ativo e o lançamento de uma opção dentro do dinheiro, estando preparado para entregar a ação no exercício. 58 Comprando ações e vendendo opções A mentalidade dele não é de apego ao ativo, a visão é de curto prazo, não de longo prazo. A ele interessa de 3% a 4,5% de retorno no período, entregando o ativo no exercício – ou, eventualmente, recomprando a opção no prejuízo e vendendo a ação com obtenção de lucro no final na operação. Lançamento para diminuir o custo Esse tipo de lançamento tem como objetivo apenas obter um desconto na compra do ativo. Queremos ficar com o papel em nossa carteira por um longo tempo. Consideramos aquelas VALE5 ou PETR4 como um patrimônio da família, do qual não nos desfaremos facilmente. Obviamente, vamos procurar descontos ou abatimentos no intuito de sempre adicionar valor a esse patrimônio. É como se, de maneira exagerada, esses ativos não fossem nossos, mas sim pertencessem já a nossos filhos e netos, e que fôssemos meros custodiantes, gestores desse capital, buscando multiplicá-lo o tanto quanto a prudência nos possibilitar. Para tanto, perceba que uma opção no dinheiro tem um delta em torno de 50%. Assim sendo, poder-se-ia dizer que a chance dela ser exercida é em torno de 50%. Muito bem, visto isso, poderíamos pensar em um lançamento da opção imediatamente fora do dinheiro, que terá um delta em torno de 40%. Em caso de recuo, poderemos receber todo o prêmio. Em caso de estabilização lateral dos preços, também. Já em caso de alta, teremos de agir para evitar o exercício da opção lançada. Operação: Lançamento coberto de opções de compra. Risco: Limitado, preço da ação adquirida menos o prêmio recebido. Lucro: Limitado, prêmio recebido pelo lançamento adicionado à alta no papel até o preço de exercício. Ponto de equilíbrio: Preço pago pela ação menos prêmio recebido pelo lançamento. Cenário ideal: Realizar a operação com ações que se deseje manter para prazo mais longo em carteira, quando se espera uma subida leve e lenta ou a lateralização do mercado. Então, para que possa ampliar ao máximo o potencial de ganho dessa operação, o trader deve: 1 – Comprar o ativo no suporte. 2 – Lançar a opção que acredita que não dará exercício, pois seu interesse é colocar o máximo de dinheiro no bolso vendendo opções, mas não ser exercido. Para isso, será fundamental uma adequada análise técnica. 3 – Deixar a operação andar. Se a opção que foi vendida virar pó, ótimo, escolha uma nova opção para o mês seguinte e lance novamente. 4 – Se houver risco de ser exercido, pois o papel subiu, deve-se tomar alguma atitude. A forma exata de colocar em prática essa estratégia será minuciosamente dissecada mais adiante. É importante que esteja clara a mentalidade da pessoa que assume esse tipo 59 Comprando ações e vendendo opções de operação. Essa pessoa deseja montar uma carteira de longo prazo em ações de boas empresas, considerar essas ações como seu patrimônio, mas, ao mesmo tempo, tentar obter uma remuneração em cima dessa carteira. Essa pessoa não irá se desfazer desse ativo, salvo seja demonstrado cabalmente que o ativo não interessa mais para a acumulação. Uma das vantagens da estratégia é a possibilidade de capturar grandes movimentos de alta, que ocorrem ao longo dos anos em ativos mais sólidos. A segunda grande vantagem visível é a entrada mensal de algum dinheiro, obtido através da venda coberta das opções, que poderá ser inclusive utilizado para compra de mais ações. A terceira grande vantagem dessa estratégia é o fato de ela necessitar de pouquíssimo tempo de acompanhamento do mercado. Outra vantagem que impressiona é a diminuição dos gastos com custos operacionais, visto que poucas operações são executadas mensalmente. A consistência dos ganhos obtidos é a característica desse tipo de operação, pois os ganhos se dão aos poucos, mas com bastante consistência. A desvantagem principal é relacionada à ausência de atividade. Esse tipo de operação é – como é comum ouvir – chata. Não existem grandes emoções, não existem grandes variações, o que é ótimo. Porém, produz uma sensação de inatividade no trader, que tende sempre a querer fazer mais operações do que deve – mas, nesses casos, por vício. Aí, devemos nos lembrar de que não estamos no mercado para passar emoção, nós investimos o recurso que poupamos em busca do melhor retorno. Existem lugares mais baratos, seguros e agradáveis, enfim, mais propícios, quando o objetivo é passar o tempo e ter experiências emocionantes. Isso tudo será detalhado mais adiante. Portanto, não se angustie se não entendeu exatamente agora. Apresentados os dois tipos mais comuns de operação utilizando o lançamento coberto como ferramenta, e uma vez que você tenha definido o seu perfil, pode de imediato pular para o capítulo referente ao seu estilo operacional, ou, se quiser, continuar a seqüência montada. 60 Comprando ações e vendendo opções 14 Análise técnica básica referencial Por Alexandre Wolwacz Bom, visto isso, fica inerente que, para operacionalizar os dois sistemas, a pessoa precisa saber muito bem identificar suportes e resistências. Portanto, apesar do foco do livro não ser ensinar análise técnica, precisarei tocar nesses tópicos e dissecar os conceitos. Suporte: Zona de preço que corresponde à entrada de muitas pessoas desejando comprar o ativo. Resistência: Zona de preço em que temos enorme quantidade de pessoas pensando em vender o ativo. São zonas psicológicas, na maioria das vezes, formadas por memória, dor, ganância e medo. Localizando os suportes As principais ferramentas que uso para localizar suporte são: 1 - fundos anteriores; 2 - topos anteriores rompidos; 3 - números redondos; 4 - retrações de fibonacci; 5 - pontos de pivot e suportes de pivot; 6 - médias móveis; 7 - linha de suporte inclinada (LTA) e 8 - IFR. 1 - Fundos anteriores: As pessoas lembram que, na última vez que os preços recuaram até esse nível, houve entrada de compra, e os preços subiram. A memória faz as pessoas comprarem de novo nessa faixa de preço. Simples e efetivo em tendência de alta e de lado. Fácil de visualizar por ser horizontal. 61 Comprando ações e vendendo opções Figura 16 Figura 17 2 - Topo anterior rompido: O topo anterior foi uma resistência à subida dos preços. Quando o mercado chegou àquele nível e rompeu, muitos pensaram em comprar, mas ficaram com medo e não o fizeram. Um recuo dos preços, novamente, até a zona onde eles queriam ter comprado, mas não tiveram coragem da primeira vez, traz esses compradores para dentro do papel. Simples e efetivo em tendências de alta. Horizontal. Na figura 17, podemos ver o topo anteriormente rompido, servindo claramente como zona de entrada de compradores no futuro. 62 Comprando ações e vendendo opções Figura 18 3 - Números redondos: O mercado, ao recuare se aproximar de um número redondo, chama a atenção dos compradores. Um papel cotado em R$ 48,00, ao iniciar um recuo, chama comprador perto dos R$ 40,00. Os principais números redondos são: R$ 10,00; R$ 20,00; R$ 30,00; R$ 40,00; R$ 50,00; R$ 75,00 e R$ 100,00. Mas, nos ativos que operam opções, lembrando que as opções são lançadas com intervalos de dois em dois reais, também temos: 42, 44, 46, 48, 50, e assim por diante. Todos esses seriam fortes zonas de suporte, especialmente nas semanas que antecedem o exercício de opções. 4 - Retrações de fibonacci: As retrações de fibonacci são pontos de retração que utilizam as proporções áureas da seqüência de fibonacci. As retrações mais usadas são as de 0,38; 0,50; 0,618 - mas existem as retrações de 0,23 e 0,76, que são também importantes. Note que, no ativo da figura 19, temos a PETR4 em tendência de alta no diário, mas realizando uma correção. Veja que a correção chega até a retração de 0,618 do último movimento de alta. Esperamos suporte nessa zona de preço. Figura 18 63 Comprando ações e vendendo opções Figura 19 Figura 20 Assim sendo, um trader poderia pensar em tomar posições com stop abaixo da mínima. 5 - Ponto de pivot expandido e suportes: O ponto de pivot é uma técnica utilizada por traders de chão de Chicago desde a década de 50. Basicamente, ela busca identificar o eixo oscilatório em que o mercado se desloca para operações intradia. Após uma série de estudos, passei a usar o ponto de pivot de forma associada a expansões de fibonacci. Com isso, pude ampliar o prazo operacional do sistema para gráficos diários e semanais. Além disso, usando as expansões de 0,618; 1 e 1,618, passamos a ter suportes e resistências dadas a partir do ponto de pivot do período escolhido. Os suportes e as resistências são horizontais, sabendo que é extremamente raro o suporte ou a resistência 3 de cada período serem rompidos. 64 Comprando ações e vendendo opções Note, na figura 21, exatamente a mesma região gráfica da figura 19, como no momento visualizado na figura 19, estávamos em cima também da linha 1 de suporte dada pelo ponto de pivot expandido. Figura 21 As linhas de resistência 3 e 4 são extremamente potentes como resistência gráfica e servem como excelentes pontos de lançamento coberto dos ativos, tendo em vista que, nas resistências, lançamos e, nos suportes, compramos o ativo. Esses suportes e essas resistências são mais complexos, pois eles são deslocados a cada período que inicia. Assim sendo, um gráfico diário dá a resistência, o suporte e o ponto de pivot daquela semana que está ocorrendo. Quando terminar essa semana, novos pontos serão plotados para a semana seguinte, sendo, então, necessário o ajuste da operação. Por isso, procuro lançar a opção quando estou batendo na resistência 3 ou 4 do gráfico semanal, pois ela funcionará pelas próximas semanas como resistência e, dessa forma, ajudará no não-exercício de nossas opções lançadas. 6 - Médias móveis: Essa ferramenta funciona perfeitamente como uma lembrança aos traders do preço que a maioria das pessoas aceitou pagar no fechamento do período representado pela média, sendo, então, uma ótima referência de preço de lembrança do valor de uma ação. Assim, como ao perguntar “qual o preço que você costuma pagar por uma lata de refrigerante no supermercado?”, o leitor certamente tem um preço referencial que lhe vem à mente; no mercado, o mesmo ocorre, subliminarmente. Só que, aqui, a 65 Comprando ações e vendendo opções pergunta é: “qual o preço que você aceitou pagar por PETR4 nos últimos 20 dias?”. Também é uma ferramenta de suporte mais complexa, pois se desloca com o tempo e não é horizontal. Mudando a cada novo período, precisamos antever sua posição no futuro para poder identificar onde ela estará presente. Podemos ver, na figura 22, como a média de 21 dias funcionou como suporte e como resistência durante o deslocar dos preços. Quando os preços se deslocam abaixo da média exponencial, ela serve como resistência. Quando os preços se deslocam acima da média exponencial, ela serve como suporte. Figura 22 7 - Linha de suporte inclinada: Essa zona de suporte é oferecida pela linha que une dois fundos de um pivot de alta. Os preços, ao encostarem nessa região, estarão perto de uma zona de suporte. É uma ferramenta simples, fácil de ser visualizada e que tem elevado poder de acerto. A compra do ativo passa a ser acionada para mim no exato momento em que ele bate na linha e forma um candle de reversão. Vou esperar romper a máxima desse candle para cima no próximo período e, com isso, executar a entrada – colocar o stop na mínima desse candle e esperar a alta para executar o lançamento. 66 Comprando ações e vendendo opções Figura 23 Figura 24 Assim sendo, no exemplo, temos o ativo formando um pivot de alta no diário. A partir disso, podemos desenhar a linha de suporte inclinada e esperar pelos recuos até esta para executar a tomada do ativo. O seguimento nos mostra os três pontos nos quais teríamos comprado o ativo, dado o candle de reversão em cima da linha de suporte inclinada. Veja que, no final do gráfico, o ativo perde a linha; mas perceba que o candle que encostou na linha de suporte não teve sua máxima rompida para cima, não acionando, portanto, a entrada. 67 Comprando ações e vendendo opções 8 - IFR ajustado: Um grande mito diz que não podemos usar essa ferramenta em mercados que estejam em tendência de alta ou de baixa. Bobagem, podemos e devemos usar esse ótimo indicador em todas as situações do mercado, desde que o utilizemos de forma adequada. O que significa isso? Que os níveis de sobrecomprado e sobrevendido não são estáticos em 70 e 30, mas, sim, flutuantes conforme as condições do mercado. Sendo um mercado em alta, os níveis de sobrevendido ficariam em torno de 40; os de sobrecomprado, em 80. Sendo um mercado em baixa, esses níveis recuariam para 60 de sobrecomprado e 20 de sobrevendido. O ajuste correto do IFR permite que operemos de forma muito precisa nos pontos de inflexão do mercado. Figura 25 Note, então: na fase 1, temos o ativo em tendência de alta e ele procurando respeitar níveis de 80 sobrecomprado e de 40 sobrevendido. Na fase seguinte, quando o ativo muda para tendência de baixa, os níveis mudam para 60 e 20. Compras no nível de 40 no IFR dentro de tendência de alta, usualmente, são bem-recompensadas. A minha entrada ocorre quando tenho o ativo em tendência de alta, com IFR perto do nível de 40 e formando um candle de reversão. Vou esperar o rompimento da máxima desse candle para executar a entrada. 68 Comprando ações e vendendo opções Figura 26 Figura 27 No semanal, ficam bem mais claros na VALE5 os novos níveis ajustados. Note como o IFR de 40 marca os fundos do ativo por muitos meses. E o IFR de 77-80 marca o topo de várias semanas do ativo. 69 Comprando ações e vendendo opções Essa é a principal ferramenta para quem vai decidir operar taxas, como veremos mais adiante, porque, utilizada no gráfico de 60 minutos, torna-se extremamente poderosa no auxílio de timing, na identificação do momento da entrada no papel e do momento de fechar o trade. Figura 28 Perceba como o timing dado pelo IFR no 60 minutos pode, em questão de poucos dias, oferecer uma entrada, um lançamento imediato e um término do trade com o IFR em 76 – em uma típica operação de taxa rápida que apresentaremos mais tarde. Mas, por enquanto, estamos apenas explicando as ferramentas que usamos como referência. No que tange a resistência, é muito importante realizarmos nosso lançamento no momento próximo a uma resistência, ou seja, em um momento no qual visualizamos que o mercado pode parar de subir, ficando de lado ou, até mesmo, recuando. 70 Comprando ações e vendendo opções Figura 29 Como resistências, usamos as seguintes referências: 1 – topos anteriores sentidos; 2 – fundos anteriores perdidos; 3 – linhas de resistência inclinadas; 4– números redondos; 5 – IFR e 6 – resistências do ponto de pivot expandido (PPE). 1 – Topos anteriores sentidos: As duas setas indicam os momentos perfeitos para lançamento no diário. O mesmo cenário pode ser utilizado no gráfico de 60 minutos se for operação de taxa. 2 – Fundos anteriores perdidos: Especialmente, aqui, em caso de pivots de baixa. O chamado pull back propicia um momento interessante de lançar, quando o ativo recuperar até esse fundo perdido e formar um candle de reversão. Quando a mínima desse candle for perdida, inicia o lançamento. Figura 30 71 Comprando ações e vendendo opções 3 – Linhas de resistência inclinadas: As linhas de resistência só podem ser desenhadas a partir de um pivot de baixa, seja do diário ou do 60 minutos. No exemplo, vemos o diário. Figura 31 O lançamento, a partir de um pivot de baixa, acaba sendo sempre mais dentro do dinheiro, com o strike um pouco acima do preço em que se considera provável um fundo do mercado após o recuo. Dessa maneira, usamos as expansões de fibonacci e os suportes do PPE (ponto de pivot expandido) para identificar essas zonas. 4 – Números redondos: Sabemos que as opções, aqui, são negociadas de dois em dois reais no seu strike. Portanto, é óbvio e nítido que 40, 42, 44, 46, e assim por diante, serão resistências à subida do papel, pois os vendidos não irão querer que suas opções sejam exercidas. A pressão de venda reside nesses valores redondos. 5 – IFR: Assim como pode nos orientar por zonas muito interessantes de compra, pode e sempre ajuda a observar momentos apropriados de lançar uma opção e buscar proteção. 72 Comprando ações e vendendo opções Figura 32 No exemplo do diário, temos o IFR encostando na sua linha de resistência inclinada. Note como foram ótimos pontos referenciados de lançamento das opções. Assim sendo, a idéia, aqui, seria a mesma: deixar que o ativo se aproximasse de uma zona de resistência do IFR, esperar pelo candle de reversão e, ao perder a mínima dessa candle, proceder o lançamento. 6 – Resistências do ponto de pivot expandido (PPE): O ponto de pivot expandido irá servir como mais um referencial de zonas em que se espera venda. Assim, quando o ativo se aproxima da resistência 2 ou, eventualmente, da resistência 3, procedemos o lançamento da opção no dinheiro. Se o ativo chegou à resistência 4 do PPE, procedemos o lançamento de uma opção com um strike dentro do dinheiro. 73 Comprando ações e vendendo opções Figura 33 As setas mostram as resistências servindo como pressão de venda, suficiente para parar o movimento de alta do papel. Note e desenhe mentalmente uma linha de resistência inclinada no período e perceba que, além da linha de resistência inclinada, você tem as resistências do PPE. Agora, você começa a entender o fato de que, em certos pontos do gráfico, teremos não apenas uma, mas duas ou três ferramentas dando venda. Esses pontos, que chamo de pontos de cataclismo, serão zonas perfeitas de lançamento coberto. Os pontos de cataclismo de suporte são zonas gráficas em que temos três ou mais ferramentas dando suporte. Ali, serão as zonas perfeitas para compra do ativo mãe. Pois bem, agora que já mostrei quais são as principais ferramentas que me orientam no gráfico, poderei abordar as duas estratégias de forma mais objetiva. Na estratégia de abaixar o preço de custo do ativo mãe, vou proceder da seguinte forma: primeiro, preciso me certificar de que o ativo esteja em tendência primária e secundária de alta. Preciso ter certeza de que quero mesmo ficar comprado nesse papel pelo prazo mais longo. Faço isso de duas maneiras: primeiro, afastando o máximo possível o gráfico e procurando algum canal de alta. 74 Comprando ações e vendendo opções Figura 34 Figura 35 No exemplo, podemos ver o canal de megaciclo que a Petrobrás trabalha. Em princípio, enquanto estiver dentro desse canal, devemos ir acumulando o ativo e abaixando seu custo de aquisição com lançamentos. A seguir, vemos o canal de megaciclo da Vale. O outro critério possível para identificar se é ideal iniciar esse tipo de operação no ativo são as médias móveis. Uso a de 21 semanas e a de 55 semanas. Se a média de 21 estiver acima da de 55 semanas, podemos aplicar o método e ir abaixando o custo, como você pode ver no exemplo a seguir. 75 Comprando ações e vendendo opções Figura 36 76 Comprando ações e vendendo opções 15 Sou um especulador em busca de uma taxa diferenciada Se, ao analisar as diferentes operações, seu apreço foi maior pelo lançamento, objetivando uma taxa diferenciada, do que pelo ativo em carteira, podemos observar mais de perto esse tipo de operação. Existem dois tipos de operações de taxa que podem ser abordadas. O primeiro, mais sereno, seria a compra do ativo, com imediato lançamento de uma opção dentro do dinheiro que esteja oferecendo uma taxa interessante. Então, vejamos, seria basicamente observar três pontas: 1 - preço do ativo; 2 - preço do prêmio recebido pela opção lançada; 3 - tempo em dias úteis que faltam. Dessa maneira, acompanhe a seguinte simulação. Vamos utilizar um exemplo de mercado faltando oito dias úteis para o exercício da série D. Petrobrás está cotada a R$ 80,33; a taxa de juros, em 11,25%; e uma volatilidade de 37,4% para o ativo. A opção escolhida foi a PETRD76, cotada a R$ 5,40. Com isso, podemos construir a operação de taxa, executando a compra imediata de PETR4 a R$ 80,33 e, em seguida, lançando a PETRD76 a R$ 5,40. Dentro de oito dias úteis, sendo exercidos, teríamos um resultado final de R$ 76,00, que é o preço pelo qual seremos exercidos - (R$ 80,33 - R$ 5,40) = R$ 74,93, que é o preço de custo do ativo. R$ 76,00 - R$ 74,93 = R$ 1,07 de lucro. Retorno de 1,43%. O numero não impressiona? Sim, mas isso foi obtido em oito dias úteis, uma rentabilidade obtida com um nível de segurança elevado, pois dificilmente a PETRD76 não será exercida. O risco de uma queda no ativo que seja suficientemente forte para não possibilitar exercício na PETRD76, estando a Petrobrás agora cotada a R$ 80,33, é pequeno. Além disso, perceba que, no momento do lançamento, o preço de custo dessas Petrobrás caem para R$ 74,93. Nós somente passaríamos a ter problemas se a Petrobrás fosse para abaixo de R$ 74,93 nos próximos oito dias úteis. Como a segurança nessa operação é elevada, a taxa referente ao período de tempo que ela compreende é muito atraente. Mas o gráfico ainda não foi observado. Ainda não analisamos as condições do mercado, apenas a operação isolada. Em lançamentos em que a venda da opção é bem dentro do dinheiro como essa, na maior parte das vezes, apenas a análise dos números em si seria suficiente para montar as operações de forma adequada. Em alguns raros casos, a análise do gráfico nos auxiliaria a não executar um trade, pois indica risco de queda acentuada no ativo. 77 Comprando ações e vendendo opções Porém, se não estivermos interessados em lançar uma opção com tão poucos dias quanto a da série D, podemos, em seu lugar, lançar a PETRE76, cotada a R$ 7,00. Para avaliarmos o retorno obtido pela operação, dividimos o preço de exercício, que é por quanto venderemos o papel pelo novo custo de aquisição do ativo após a venda das opções. No caso, R$ 76,00 / (R$ 80,33 - R$ 7,00) = R$ 76,00 / R$ 73,33. E, como resultado, o retorno será de 3,64% em 27 dias úteis. Quando executamos essa operação, o retorno que buscamos é pelo menos duas vezes maior que a taxa de juros livre de risco, a Selic. Ou seja, se ela está em 11,25% ao ano, seu retorno para 20 dias úteis, ou um mês, seria de 0,85%. Então, para montar um lançamento coberto com objetivo de taxa, exijo o dobro disso ou, de modo arredondado, 1,7%. Mas, na maior parte do tempo, só inicio o trade se a taxa for maior que 3% para 20 dias. Para quem não quer gastar tanto tempo em contas de juros compostos, pode-se pensar em 2% ao mês – o importante é ter noção de que o retorno com a operação tem que compensar o riscoque se correu a mais, comprado ações e vendendo opções em detrimento de deixar o dinheiro aplicado tranqüilamente num CDB ou Título Público Federal, que rendem algo, um pouco a mais ou a menos que a SELIC. Nessa operação em que a opção tem mais tempo até o vencimento ou mais tempo de vida, como se diz no vocabulário da bolsa, esse maior número de dias faz com que a incerteza quanto ao preço do papel no vencimento seja maior ainda. Tanto uma grande alta como uma queda inesperada tem mais tempo e, assim, mais chance de ocorrer. A probabilidade da Petrobrás se deslocar para um dos lados com amplitude é maior no prazo de 27 dias úteis; desse modo, entre esse segundo trade e o primeiro, mais curto, qual seria o mais seguro? Acertou quem escolheu o primeiro. A operação com menos dias tem uma melhor relação de risco-retorno, pois ficamos menos tempo com o dinheiro dentro do mercado, deixando-o disponível para outros trades nesse período. Mais que isso, enquanto o retorno de 3,64% da operação mais longa representa, em 20 dias, 2,68%, o 1,33% da primeira significa 4,56% se, com o mesmo rendimento, a operação durasse 20 dias. Todos esses cenários podem e devem ser avaliados frente à expectativa montada no ativo a partir de uma análise técnica apropriada. Porém, perceba que, até o momento, não abordamos, em nenhum instante, a análise do gráfico nessa análise. De todos os cenários possíveis para o ativo – desde uma alta acentuada, uma alta moderada, passando por um mercado andando lateralmente, até uma queda –, o único que seria prejudicial a essa operação de taxa dentro do dinheiro seria uma queda violenta e rápida do ativo. Dessa forma, a operação pode ser iniciada praticamente a qualquer tempo em que 78 Comprando ações e vendendo opções os números indiquem taxas interessantes, desde que o ativo não se encontre em uma zona de resistência muito forte. No caso, se uma taxa estivesse interessante, mas o ativo se encontrasse em cima da resistência 4 dada pelo ponto de pivot expandido e com seu IFR ajustado em níveis extremamente sobrecomprados, a operação não seria segura. Assim sendo, a principal ferramenta para nos orientar é o IFR ajustado de 14 períodos. Ele não pode estar na última ponta da zona de sobrecompra. Idealmente, ele pode estar na zona de sobrevenda ou no meio do caminho, na região intermediária. Figura 37 Note, no exemplo gráfico, como a linha de baixa do IFR do diário preconiza, nos pontos em que o IFR bate na sua resistência, quedas de quase 10% do ativo nos próximos dias. Assim, um trader mais sensato, ao perceber o IFR nessa zona, mesmo observando taxas tão atraentes, não iniciaria sua operação, visto que a possibilidade de movimentação forte, contra o trade, é grande. Note que, obviamente, o ativo pode subir, romper as resistências e seguir subindo forte, mas isso, pelo que nos indica o gráfico agora, seria o menos provável de ocorrer. Assim sendo, como utilizamos a estatística e buscamos trades mais favoráveis, esse é um ponto inadequado para escolher nosso combate. 79 Comprando ações e vendendo opções Um bom estrategista escolhe o momento e o local em que irá executar suas batalhas. Aqui, o terreno é desfavorável. É dessa maneira, então, que a operação de taxa pode ser auxiliada pela análise do gráfico. Estando o gráfico na zona de sobrecomprado, as operações que aparecerem serão abortadas. No momento em que o IFR do ativo estiver na zona intermediária ou na zona de sobrevenda, podemos retornar a calcular nossas taxas e abrir posições que apresentem bom retorno. Via de regra, então, podemos iniciar esse tipo de operação em qualquer momento em que as taxas estiverem interessantes, desde que o IFR não esteja sobrecomprado. Mas existe um momento mais interessante de iniciar esse tipo de operação, quando estamos em cima de suportes muito importantes, como, por exemplo, a média de 200 dias, ou o IFR ajustado sobrevendido, ou o suporte 4 do PPE do mês. Nesses momentos, podemos e devemos pensar em uma operação de taxa. Figura 38 Veja, aqui, a Petrobrás em cima de sua média de 200 dias, com seu IFR ajustado em zona de sobrevendido. Perceba que uma operação de taxa tem elevadíssimo nível de acerto. Esse é o dia 20 de março de 2008. Faltam 23 dias úteis para o exercício da série D. A PETRD68 está cotada a R$ 5.00. A PETRD70 está cotada a R$ 4,02. E a PETR4, cotada a R$ 69,15. Muito bem, vamos avaliar retornos. Comprando a PETR4 e, imediatamente, lançando a PETRD68, teríamos um custo para o ativo de R$ 64,15 – o que daria 6% em 23 dias úteis se fôssemos exercidos na D68, o que é bastante provável. Perceba que, para ativos em tendência primária de alta como é o caso da Petrobrás e da Vale, e muitos outros que, 80 Comprando ações e vendendo opções Figura 39 infelizmente, não possuem liquidez em opções, podemos dizer com certa tranqüilidade que, em todo o fundo gráfico, existe uma excelente margem de segurança de que seremos exercidos na opção e obteremos a rentabilidade integral que a operação montada pode possibilitar. A PETRD70 a R$ 4,02 resulta em um custo do papel em R$ 65,13, algo em torno de 7,48% em 23 dias úteis. Do ponto de vista de retorno, teríamos já uma escolha imediata pela PETRD70. Mas perceba, não basta termos um possível retorno fantástico, precisamos também de um elevado índice de probabilidade de êxito. No caso, a probabilidade de ocorrência maior é da PETRD68. Como poderíamos proceder? Três alternativas: a primeira, para o trader que não conhece muito análise técnica e que se baseia nos números apenas, o lançamento da PETRD68 tem índice de acerto melhor e boa taxa para o período. Operação mais segura e, portanto, mais aconselhável. Para o trader que confia na análise de que o ativo está em um fundo muito forte e espera uma alta para as próximas semanas, o lançamento da PETRD70 é a alternativa mais rentável. Para aqueles que ainda estão em dúvida, viram o fundo provável, viram o suporte e estão indecisos, podemos adotar o equilíbrio, ou seja, comprar o ativo e lançar metade em PETRD68 e metade em PETRD70 – se o tamanho de seus lotes for grande o suficiente para que os custos de execução não pesem sobre o retorno. Agora, possivelmente, existe um questionamento. Mas se eu percebo um fundo tão potente assim, se há tanta convicção numa alta assim, por que vou lançar? Por que não fico comprado apenas no papel e ganho muito mais? 81 Comprando ações e vendendo opções Ou, após uma alta em que o trader fez a operação e ganhou essa taxa enorme, ele ainda se arrepende e questiona a todo o momento... Olha ali, eu te disse para ficar só comprado! Teria ganho muito mais! O objetivo dessas operações não é obter rentabilidades de 10%, 15% ou 20% em um único trade. Trata-se, sim, de um método, que tem como objetivo específico: retornos entre 3% e 5% ao mês; que não tem a pretensão de projetar a direção do ativo para os próximos períodos, que tem interesse em obter consistência de ganhos. Sabemos que alguns trades esporádicos podem gerar de retorno 10% ou 15%; porém, ganhar 15% em um mês e perder 12% no seguinte é algo comum e totalmente contraproducente. E, ao mesmo tempo, sabemos que obter consistência de ganho utilizando operações direcionais (compra a seco com stop) de curtíssimo prazo é algo muito difícil, senão impossível, pois, em alguns meses, os trades colaborarão e, em outros meses, teremos prejuízos, que, como resultado final, produzirão uma curva de capital de lado. Nos melhores casos, ascendente, porém com ângulo não muito maior que a da taxa de juros. Como diz a brincadeira que corre entre as mesas: “Operações de day trade dão sempre muito lucro... para a corretora e para a bolsa”. Enfim, esse é um trabalho de formiga que, ao longo de meses, poderá amealhar bastante dinheiro, mantendo uma curva de capital ascendente. Operações direcionais e ágeis em capitais de menor monta até podem ser estruturadas. Mas, objetivamente falando, com capitais maiores, tornam-semais complicadas. Não estamos falando de ganhos maiores, estamos falando de maior segurança. Não estamos mostrando a ferramenta que produz o maior ganho possível, e sim a que consideramos ser a ferramenta que tem o melhor ganho possível, ponderado pelo menor risco apresentado, aliado ao menor tempo de dedicação possível ao mercado. Agora, vamos observar a segunda forma de operar taxa fazendo lançamento coberto. E, para tanto, usaremos o exemplo do último trade. Faltam 23 dias úteis para o exercício da série D. A PETRD68 está cotada a R$ 5,00. A PETRD70 está cotada a R$ 4,02. E a PETR4, cotada a R$ 69,15. A taxa de juros é de 11,25% ao ano. Ativo em cima da média móvel de 200, com IFR muito baixo e no fundo anterior, ou seja, ativo mãe em cima de ponto de cataclismo de suporte. Quando visualizarmos esse cenário gráfico, podemos executar a entrada imediata no ativo, lançando imediatamente a opção no dinheiro. Lembre-se de que, no início do livro, afirmamos que a opção no dinheiro tem um delta em torno de 50% – no caso, sendo a PETRD70 cotada a R$ 4,02 no dia 20 de março de 2008. A ação comprada a R$ 69,15 tem um delta de 100%. 82 Comprando ações e vendendo opções Digamos que, ao executar essa operação, estamos almejando aqueles 7,48% mencionados em 23 dias úteis. Mas a PETR4 decide disparar forte e rápida para cima, realmente respeitando o suporte que antevimos. Note: no dia 26 de março de 2008, seu preço foi para R$ 74,70. Vamos colocar em números para facilitar. No dia 20 de março de 2008, compramos 1000 PETR4 a R$ 69,15 com débito de R$ 69.150,00 e lançamos 1000 PETRD70 a R$ 4,02 com crédito de R$ 4.020,00. No dia 26 de março de 2008, após a forte alta, podemos decidir reverter a posição, ou seja, como a opção no dinheiro irá subir em média a metade do que o ativo subiu no começo do movimento e depois um pouco mais, podemos recomprar a opção lançada no prejuízo e, ao mesmo tempo, vender a ação comprada com lucro. Figura 40 No exemplo, o ativo subiu R$ 5,55 em quatro dias úteis, e a opção foi para R$ 6,41. Muito bem, recompramos as 1000 opções PETRD70 pagando R$ 6,41; débito de R$ 6.410,00. Imediatamente, vendemos as 1000 PETR4 por R$ 74,70; com crédito de R$ 74.700,00. Somando e subtraindo, temos o seguinte resultado = (R$ 4.020,00 - R$ 69.150,00) + (R$ 74.700,00 - R$ 6.410,00). Total = R$ 3.160,00 em quatro dias úteis. Isso daria um retorno em torno de 4,85% no período. Não são os 7,48% que havíamos inicialmente almejado, mas observe que isso foi obtido em apenas um sexto do tempo programado para a operação, permitindo que o capital fique livre para poder executar alguma outra operação nesse meio-tempo. 83 Comprando ações e vendendo opções Resumo da operação: Comprar o ativo em cima de um forte suporte, buscando uma taxa interessante (considerando se for necessário levar até o exercício). Se o ativo respeitar o suporte e der uma esticada forte para cima, revertemos a posição imediatamente, recomprando as opções no prejuízo e vendendo as ações com lucro. Nesse cenário, o prejuízo obtido com o lançamento será mais do que recuperado com o lucro obtido na venda da ação. Stop Pois bem, explicadas as duas principais operações de taxa, resta orientar como utilizar os stops. Uma vez iniciada a operação de taxa, no caso de uma queda, ou seja, o papel não tendo respeitado o suporte, onde devemos terminar o trade? Nesse cenário, temos duas alternativas: quando o stop gráfico for claro e objetivo e quando o stop gráfico não for claro. No exemplo dado, na perda da mínima do dia 20 de março de 2008, imediatamente recompraremos as opções no lucro e venderemos as ações no prejuízo. Essa queda foi amortecida pelo lançamento. A mínima do dia 20 de março de 2008 está em R$ 67,62. Como compramos em R$ 69,15, uma queda de R$ 1,53 levaria o ativo a perder a mínima. Lançamos a PETRD70 e recebemos R$ 4,02. Essa queda iria levar a PETRD70 para algo em torno de R$ 4,02 - R$ 0,76 = R$ 3,26. O R$ 0,76 é a metade do movimento que o papel fez. Assim sendo, nesse caso, se a operação foi feita com 1000 PETR4, o prejuízo na PETR4 seria de R$ 69.150,00 - R$ 67.620,00 = R$ 1.530,00. O lucro obtido com a opção lançada foi de R$ 4.020,00 - R$ 3.260,00 = R$ 760,00. Como mencionei, teria cortado pela metade o possível prejuízo. Quando o stop gráfico não for claro – nesse cenário, devemos fazer o seguinte: calcular quanto seria o recuo de 60% do valor do prêmio que recebemos pela opção lançada. Quando o ativo começar a cair rápido, em poucos dias, vou deixar uma recompra da opção no valor de 40% do que recebi pelo seu lançamento. Quando bater ali e recomprar a opção, imediatamente vendo a ação. É assim que devemos conduzir o stop dessa operação. Nesse tipo de operação, não existe rolagem. Não se faz nenhum tipo de rolagem. Se o exercício ocorrer, deixamos o ativo e o entregamos com um belo sorriso em nosso rosto. Para falar sobre o stop, é importante mencionar os dois tipos básicos de lançamento coberto: aquele com o objetivo de fazer uma compra mais protegida, pagando pelo menor risco com a limitação do ganho, e a operação de lançamento com o objetivo de diminuição de custo do papel. No segundo caso, como estamos falando de uma estratégia de acumulação do ativo no longo prazo, praticamente não existe stop. Os lançamentos têm como objetivo reduzir o custo do papel. E, se uma correção intermediária for muito longa, o investidor terá de aguardar a retomada da tendência de alta mais longa. 84 Comprando ações e vendendo opções Já no primeiro caso, como vimos anteriormente, é importante definir um ponto de encerramento da operação, mesmo com pequeno prejuízo, caso o mercado não produza o movimento esperado. De fato, como quando fazemos uma operação com objetivo de taxa predefinido e, assim, limitamos o potencial todo que uma alta no ativo poderia proporcionar, não podemos nos dar ao luxo de, no caso de uma queda acentuada do ativo, ficarmos passivamente vendo o ativo cair sem agirmos – pois, nesse caso, estaríamos maximizando os resultados negativos por não termos stop e minimizando os positivos, pois estamos vendidos numa opção. Essa linha de raciocínio nos faz concluir que operações de curto prazo que têm por objetivo uma taxa de retorno diferenciada devem necessariamente ter um stop previamente definido e respeitado sobre quaisquer condições, sendo, assim, a maneira correta de equilibrar as relações de risco de tal operação. 85 Comprando ações e vendendo opções 16 Montando uma poupança de longo prazo em ações O que é rolagem As opções vencem mensalmente e não costumam ter liquidez antes de um mês e meio, trinta dias úteis, de seu vencimento. Assim, se comprarmos o ativo e vendermos uma opção faltando menos de trinta dias úteis e o ativo subir, no fim desse período, seremos exercidos se não tomarmos nenhuma atitude com relação a isso. No exemplo dado, quando o ativo estiver acima de R$ 52,00 no dia do vencimento, seremos obrigados a vendê-lo por R$ 52,00, independentemente se o ativo se encontrar a R$ 52,10 ou R$ 100,00. Porém, depois que vendemos o ativo por R$ 52,00, o que faremos com o dinheiro que recebermos com a venda? Se formos especuladores em busca de uma taxa diferenciada ou se formos investidores montando uma poupança de longo prazo em ações e continuarmos acreditando que a Vale seja uma boa empresa, não ficaremos felizes de vender o ativo, pois gostaríamos de obter um rendimento semelhante no próximo mês também. Então, para manter a operação por mais tempo, devemos obter a maior parte do ganho com a operação, mas, antes do vencimento das opções, recomprá-las para evitar vender as ações por R$ 52,00; como se o proprietário do apartamento, antes de vencer o prazo para a pessoa que pagou o sinal decidir se quer comprar o apartamento ou não, recomprasse esses direitos pouco antes de eles vencerem para evitar vender o apartamento se tal venda se mostrar iminente. Nesse momento, cessam as obrigações,e o ativo fica livre para que possamos novamente vender opções, mas, agora, para o vencimento seguinte. Assim, postergamos a operação que estava para vencer, e ela, agora, irá durar mais um mês. Perceba que, se fôssemos exercidos, vendendo o papel a R$ 52,00, e quiséssemos fazer uma nova operação de lançamento coberto, poderíamos recomprar o ativo e vender uma nova opção. Porém, é bem mais simples recomprar a opção que está para vencer e lançar uma do mês seguinte quando o nosso intuito é ganhar com a operação no mês seguinte também, tanto se o foco for a taxa, como se for apenas diminuir o custo de aquisição, e nunca vender o papel. Ser exercido para refazer a operação novamente depois de um tempo não se justifica. Só quem gosta que sejamos exercidos é o corretor, que ganha uma boa comissão com isso. 86 Comprando ações e vendendo opções Essa manobra de recomprar a opção que vendemos e lançar outra no lugar se chama rolagem; ela pode ser feita também dentro do mesmo vencimento para uma opção mais barata, quando achamos que o papel vai subir, ou para uma mais cara, quando achamos que o ativo irá cair. A rolagem pode ser também para o próximo vencimento, como no exemplo dado, quando queremos postergar a operação por mais um mês ou evitar que o papel seja exercido. Como vemos, uma operação aparentemente simples como o lançamento coberto pode ter muitos detalhes e ser gerida ativamente com objetivos bem específicos. O importante é que o aluno não se assuste com o grau de abstração a que estamos chegando. Algo que começou apenas como sendo “um contrato de direitos e obrigações” está se tornando mais complexo. Então, o texto sobre rolagem que foi lido é apenas a apresentação de algo que será bastante detalhado daqui em diante. O leitor deve perceber que, com a rolagem, a operação ganha milhares de novas possibilidades e combinações, e que podemos dirigir a operação de acordo com nossas expectativas de mercado, com nossos objetivos de ganho e prazo. É fundamental que grande parte do que foi dito até o momento tenha sido bem compreendido. Se algo não ficou claro, é aconselhável que seja relido para que a leitura daqui para frente seja aproveitada. É fundamental que grande parte do que foi dito até o momento tenha sido bem compreendido. Se algo não ficou claro, é aconselhável que seja relido para que a leitura daqui para frente seja aproveitada. 87 Comprando ações e vendendo opções 17 As gregas na operação Como vimos na parte introdutória do livro, existem indicadores estáticos para as opções denominados letras gregas. Elas mostram o que acontecerá com uma opção se houver a mudança em uma das variáveis isoladamente – ou o que acontecerá com o delta no caso da grega gama se alterar. Quando fazemos um lançamento coberto, as gregas têm um comportamento próprio como veremos. Ao montar um lançamento coberto, vendemos opções e, dessa maneira, as gregas têm para nós um efeito inverso. O delta indica o quanto uma opção vai subir se o ativo subir um real. No caso do lançamento coberto, o delta da opção observada indica o quanto iremos perder na opção se o papel subir um real. O delta, no lançamento, costuma então variar entre -100% e 0,00%. Valerá -100%, teoricamente, se vendermos uma opção e o papel subir tanto que ela entre completamente no dinheiro e o exercício se torne iminente, questão apenas de dias. É quando, por exemplo, temos uma opção de strike a R$ 30,00 e o ativo está a R$ 50,00. Ela vale R$ 20,00 mais alguns poucos centavos de ágio, seu exercício é praticamente certo e ela varia igual ao ativo. Nesse caso, nossa operação de lançamento se torna neutra, pois tudo que ganharmos no papel perderemos na opção e vice-versa. É comum, também, observar o delta de toda a operação de lançamento em conjunto. Assim como o ativo possui teoricamente sempre 100% de delta, devemos subtrair o delta da opção vendida dos 100% do papel. No caso de estarmos vendidos numa opção tão cara que o delta tenha 100%, podemos dizer que a operação esta com 0% de delta. No caso de estarmos vendidos numa opção no dinheiro com 55% de delta, podemos dizer que a operação está com 45% de delta, isto é, 100% do papel - 55% da opção no dinheiro = 45%. Se a opção vendida for fora do dinheiro e apresentar um delta de 30%, a operação estará com 70% de delta. Isso quer dizer que, para o primeiro real que o ativo subir, o lançamento coberto, como um todo, dará R$ 0,70 de lucro – por outro lado, perderá R$ 0,70 caso o ativo caia um real. Assim, no lançamento coberto, estamos sempre comprados, em maior ou menor grau, pois o delta resultante da operação é sempre positivo ou excepcionalmente neutro. Esse delta irá diminuir enquanto o papel for subindo, e o que o fará diminuir na queda é o gama, que, no lançamento coberto, será negativo e irá de praticamente 0 para opções 88 Comprando ações e vendendo opções bem dentro ou fora do dinheiro a um valor negativo em maior ou menor grau se a opção estiver próxima do dinheiro. O theta é positivo para o lançamento coberto, e é ele que vai indicar quanto iremos ganhar se o ativo permanecer estável. O theta é a nossa renda com a venda de opções. Se encararmos o lançamento coberto como uma maneira de diminuir o custo de compra do papel, ele é o quanto esse custo será diminuído por dia. Se nosso objetivo for ganhar mais que a renda fixa, ele é nossa taxa diária de rendimento. Quando muito dentro ou fora do dinheiro, o theta é próximo a zero; quando a opção vendida está no dinheiro, o theta é bem alto. Assim, a opção que pode dar maior renda no caso do papel ficar parado é a opção no dinheiro. Isso faz sentido se lembrarmos que a opção no dinheiro é a que tem o maior ágio, o maior valor de expectativa. Esse é um dos motivos pelos quais aconselhamos que uma opção, quando fica muito dentro ou fora do dinheiro, deve ser trocada por outra mais no dinheiro e, conseqüentemente, com maior theta. O vega, no lançamento coberto, é negativo, pois, como estamos vendidos numa opção, o aumento da percepção de risco quanto ao ativo objeto demonstrado pelo aumento na volatilidade aumenta o valor relativo da opção em que estamos vendidos, gerando um resultado momentâneo adverso. De fato, se, por exemplo, o ativo subir muito num dia e cair o mesmo tanto no dia seguinte, por mais que esse ativo esteja com o mesmo preço, as suas opções estarão com valor nominal maior. O vega é mais representativo quando a opção que foi lançada está no dinheiro, mas, via de regra, grandes oscilações durante a operação não são tão benéficas ao lançamento, independentemente se a opção lançada está dentro ou fora do dinheiro. Pois veja: quando o mercado sobe muito, não é tão bom, pois a opção vendida entra muito no dinheiro, e o delta da operação se aproxima de zero. Desse modo, uma continuidade na alta do papel não irá mais aumentar o lucro, fazendo com que a rolagem próxima ao vencimento seja mais difícil e cara. Numa eventual queda acentuada no preço do ativo objeto, a opção perde valor rapidamente, fazendo com que sejamos obrigados a recomprar essa opção com prêmio próximo a zero e vender uma mais cara, porque, se não tomarmos nenhuma decisão, vamos ver o preço do papel continuar diminuindo, já quase sem proteção ou ganho com a desvalorização da opção lançada, que, agora, possui delta muito baixo. O comportamento ideal do mercado para operações de lançamento coberto com intuito apenas de diminuir o custo de aquisição do papel é que ele oscile dentro de uma determinada faixa de preço, próximo ao de quando a opção foi lançada. Via de regra, 89 Comprando ações e vendendo opções vendemos opções com strike fora do dinheiro quando vislumbramos uma alta acentuada no papel, outras quase no dinheiro quando vemos o papel bem próximo a uma área de fortes resistências. De qualquer modo, o ideal é que ele fique parado ou suba aos poucos para uma faixa de preço um pouco acima do preço de início, mas levemente abaixo do strike da opção quelançamos, justamente para não sermos exercidos ou evitarmos uma rolagem dispendiosa para o próximo mês. Em ambos os casos, o ideal é que o mercado tenha um comportamento previsível e com a volatilidade em baixa. Quando a volatilidade está alta, depois de períodos com grandes oscilações, existe mais ágio; porém, o futuro é menos previsível. As taxas sempre sobem numa crise. Então, por pior que possa parecer numa análise inicial, a crise apresenta dois grandes aspectos positivos para quem faz lançamento coberto: além dos papéis caírem, dando chance para comprar mais barato, a volatilidade sobe, garantindo uma melhor taxa para os próximos meses. 90 Comprando ações e vendendo opções 18 A estratégia técnica para carteiras e acumulações Por Alexandre Wolwacz Após ter definido como estratégia principal a compra de ativos para prazo mais longo e o efetivo uso do lançamento coberto para diminuir o custo dessa compra, o trader precisa montar a estratégia gráfica em que irá executar suas operações. Agora, ele não deseja, de nenhuma forma, ser exercido. A idéia, então, é, obviamente, procurar os momentos apropriados para comprar o ativo, bem como os momentos adequados para realizar o lançamento. A principal ferramenta a nos orientar nessa busca realmente é o IFR de 14 períodos. Essa ferramenta nos auxilia na tomada de decisão de qual strike podemos atuar no lançamento. Podemos utilizá-la em todos os prazos operacionais, ajustando seus limites de sobrecomprado e sobrevendido. Quero, inicialmente, deixar claro o que eu chamo de regra 1 para mim: uma vez lançada uma opção, calculo qual o valor dessa opção após uma queda de 70% do seu valor e deixo, nesse valor, uma ordem de recompra. Exemplo: em um lançamento, recebi de prêmio R$ 3,00. Deixo uma recompra automática em R$ 0,90 dormindo na corretora. O resto do dinheiro recebido pelo lançamento eu uso para comprar mais ativo, mesmo que seja lote fracionário, para depois poder lançar mais. A idéia é que, em alguns momentos, uma simples recuada de um ou dois dias do ativo pode fazer a opção bater no meu preço de recompra, e eu terei recebido 70% do que queria para o período em pouquíssimos dias, ficando dono da ação novamente para relançar. Como efetuar a tomada do ativo? A compra do ativo deverá ser executada sempre nos suportes do gráfico semanal, especificamente nos recuos que atingirem as médias de suporte – 10 períodos, 21 períodos e 55 períodos. A idéia é esperar que o ativo recue até uma dessas médias, monte um candle de reversão e, ao romper a máxima desse candle na semana seguinte, tomar o ativo. Especialmente a entrada no romper da máxima do candle que atinge a média de 55 semanas é interessante. Nesse momento, geralmente todos no mercado estão com profundo medo. Se, durante esse recuo, o ativo alcançar também o IFR ajustado de sobrevendido, isso alinhará ainda mais a tomada da ação. 91 Comprando ações e vendendo opções Muito bem, agora, entenda: um recuo até a média de 10 semanas e posterior rompimento do candle que fez isso pode oferecer uma entrada, com lançamento imediato da opção no dinheiro. Caso o ativo se desloque para cima, mais adiante poderemos rolar a opção. Um recuo até a média de 21 semanas, formando um candle de reversão nesse ponto, oferece uma entrada e lançamento de um strike acima do preço. O recuo até a média de 55 semanas, com IFR muito baixo, oferece entrada sem lançamento imediato. Implica, nesse caso e somente nesse caso, uma compra direcional, em que colocaremos o stop e ficaremos comprados até que o ativo suba e se aproxime pelo menos da resistência oferecida pela média de 10 períodos, quando, então, poderemos pensar no lançamento da opção, bem mais gorda e em cima de uma resistência interessante. Na figura, temos o exemplo do movimento descrito. A média de 10, acima da média de 21, que está acima da média de 55 semanas. Esse é o alinhamento perfeito das médias. No ponto 1, temos o recuo até a média de 10; na semana seguinte, rompimento, oferecendo entrada e lançamento no dinheiro. No caso, strike 30. No ponto 2, temos o recuo até a média de 21 semanas; na semana seguinte, não foi rompida a máxima e recuou até a média de 55 semanas. Na outra semana, ao romper a máxima, tenho entrada, com stop loss original, sem lançamento. Note o IFR bem baixo. Isso permite não lançar imediatamente. Se fôssemos lançar em uma situação dessas, nós faríamos isso dois ou até três strikes acima, só que lançar tão fora do dinheiro assim não é interessante, pois os centavos obtidos não alicerçam defesa. Então, é mais interessante colocar apenas um stop, assumindo um risco direcional temporário, e, duas ou três semanas depois, efetuar um lançamento mais gordo. No ponto 3, temos outro momento de toque da média de 55 semanas e IFR muito baixo, que oferece o mesmo tipo de entrada desenhada. Perceba que esse tipo de toque da média de 55 semanas ocorre raramente, em média uma ou duas vezes por ano. Essas geralmente são as operações mais rentáveis do ano. As outras são mais freqüentes. 92 Comprando ações e vendendo opções Figura 41 Muito bem, até aqui, vimos o sistema de entradas assumidas a partir do gráfico semanal. O lançamento, quando o IFR semanal está muito baixo, sempre é o mais fora do dinheiro possível, ao passo que, quando o IFR está extremamente elevado, costumo começar a lançar um strike dentro do dinheiro, mesmo que isso implique, talvez, uma rolagem posterior. A rolagem eu executo sempre na segunda-feira anterior ao exercício da série. Exemplo: um trader efetua a compra da Vale no dia 27 de março de 2008 cotada a R$ 50,80. Decide pelo gap; esperar e lançar somente mais tarde (comentário: compra precipitada, IFR muito alto já). 93 Comprando ações e vendendo opções Figura 42 Figura 43 No dia 14 de abril de 2008, decide lançar a VALEE52 (comentário: um dos períodos do mês mais interessantes para lançamento realmente reside na semana de 10-15 do mês corrente. Porém, nesse caso, não foi boa estratégia, pois o ativo estava em cima de suporte, IFR baixo. Não se lança uma opção nessa situação. A idéia é lançar quando estiver na resistência, com IFR elevado). O lançamento foi da VALEE52, conseguindo um prêmio de R$ 1,65. Note como o ativo está perto do fundo anterior, veja que já está no quarto dia seguido de baixa. Após isso, ele decide esperar até a segunda-feira anterior ao exercício da série E para verificar se precisará ou não rolar. No dia 12 de maio, ele olha a VALE5 em alta e decide rolar. 94 Comprando ações e vendendo opções Figura 44 Olhando o book de ofertas da VALEE52, ele verifica o último negócio a R$ 3,65. Compra a opção a esse preço, já planejando imediatamente lançar outra série, agora da série F. Ele havia recebido pelo lançamento feito R$ 1,65. Precisou pagar R$ 3,65 para recomprar. Agora, no dia 12 de maio, ele olha a série F, 25 dias úteis. VALEF54 - R$ 3,35, strike em R$ 53,60. VALEF56 - R$ 2,35, strike em R$ 55,60. VALEF58 - R$ 1,48, strike em R$ 57,60. Caso decida lançar a VALEF54, irá receber R$ 1,35 para toda a operação (primeiro lançamento - recompra + segundo lançamento). Na VALEF56, recebe R$ 0,35. Na VALEF58, teria que pagar, para permanecer no trade, R$ 0,52. Eu, normalmente, ao rolar uma operação, quero receber pelo menos alguns centavos para isso, de forma que, nesse cenário, minha escolha seria pela VALEF56 – que seria praticamente a opção no dinheiro. Lembre-se: as opções no dinheiro não têm valor intrínseco, são feitas de esperança. Existe, portanto, boa chance dessa opção migrar rumo ao pó nos próximos 25 dias úteis. Nesse caso, embolsaríamos boa parte do prêmio lançado e teríamos nossas Vales ainda bem valorizadas. Vejam que o trader que fez essa operação conseguiu fazer tudo errado; comprou o papel depois que ele subiu muito, com IFR muito alto. Depois, lançou a opção quando o papel já tinha caído muito, com IFR baixo. E, mesmo assim, rolando, ele ainda fica sem ter tido nenhumprejuízo no trade, com a Vale cotada a R$ 55,00, sendo que ele comprou a R$ 50,82 e lançando uma VALEF56. Nada mal. Imagine se ele tivesse feito a operação da forma correta? 95 Comprando ações e vendendo opções Repetindo: a forma correta é comprar o ativo quando seu IFR estiver muito baixo; semanal, se possível, senão, no diário mesmo, se não der no diário, no 60 minutos. Mas o IFR tem que estar baixo – e lançar a opção sempre que o IFR ajustado estiver alto. Realizando dessa maneira, as rolagens, quando necessárias, ficam mais simples e altamente lucrativas. Normalmente, uma operação assim vai necessitar de rolagem em 4-5 meses do ano. O lançamento coberto como demonstrado, efetuando a compra no suporte e o lançamento na resistência, é muito interessante. Mas necessita, da parte do trader, de alguns dias ou semanas, em que ele comprou o papel, colocou stop loss e está esperando que suba até a resistência para lançar ali. Muitas vezes, esse período e o volume da operação geram estresse. Então, a forma alternativa é a seguinte: o sujeito observa a Vale ou a Petrobrás em cima de um suporte do gráfico diário ou semanal. Efetua a compra e o lançamento automático da opção imediatamente fora do dinheiro. Essa maneira de trabalhar diminui muito o estresse para capitais maiores. Permite ao trader, se necessário, rolar a operação mais tarde e, desde o início, trabalhar com uma margem de segurança interessante. Pois bem, agora precisamos avaliar a seguinte situação: realizamos a compra da PETR4 ou da VALE5. Lançamos a opção coberto – e o ativo começa a cair, forte e rápido. Qual a conduta? O lançamento não irá nos proteger completamente, irá apenas amortecer a queda. Exemplo: compramos VALE5, no suporte, no princípio de janeiro de 2008, como mostra o gráfico diário. Lançamos a opção no dinheiro série B48. Normalmente, é interessante lançar as opções com o máximo de tempo possível de vida. Por isso, usamos aquelas que têm mais de 20 dias úteis de preferência nessa estratégia. 96 Comprando ações e vendendo opções Figura 45 Mas o ativo dá uma subida; porém, alguns dias depois, perde o suporte, pivotando para baixo. Figura 46 Vemos, no último dia demonstrado no gráfico, que o ativo perdeu o suporte e fechou pivotando. Nesse caso, a conduta mais apropriada seria a seguinte: uso o pivot armado e ploto a expansão alternada dele para baixo; com isso, tenho meu alvo da queda. Recompro as opções lançadas anteriormente (no lucro certamente, pois o mercado cedeu) e, imediatamente, lanço uma opção dentro do dinheiro, com o strike acima desse suporte mencionado e, muito importante, com strike acima do meu preço de custo sempre. O que quero dizer é: nunca fique lançado em uma opção que, em caso de exercício, você 97 Comprando ações e vendendo opções tenha que entregar o papel abaixo do preço de custo que houve a aquisição. Assim, digamos que a compra tenha sido nos R$ 47,00; o lançamento da VALEB48 tenha sido a R$ 3,50. Ao recomprar a opção lançada a R$ 2,40, quando o ativo perdeu o suporte, o preço de custo de nossas VALE5 fica agora em R$ 47,00 - R$ 1,10, o que significa preço de custo em R$ 45,90. Não poderíamos lançar nenhuma opção com strike abaixo de R$ 46,00. Mas, se estivermos realmente baixistas em relação ao ativo e acreditando em forte baixa, podemos pensar em lançar uma opção com o strike mais baixo, desde que a soma do strike da lançada mais o prêmio recebido ainda fique acima do nosso preço de custo, com uma taxa ainda interessante. Assim, no exemplo, se a valeB44 tiver um prêmio de R$ 4,00, poderemos ainda pensar em seu lançamento, já que a soma de R$ 44,00 mais os R$ 4,00 de prêmio ainda nos dá mais dinheiro do que nosso preço de custo. O computo final do trade seria R$ 45,90 e saída em R$ 48,00. O detalhe desse lançamento é que, assim que o ativo atingir o suporte, precisamos recomprar a opção lançada, seja para rolar para cima, seja para ficar apenas comprado direcional. Figura 47 Usando a expansão alternada, temos alvo em R$ 44,00 e, depois, em R$ 40,50. Com isso, podemos pensar em, no dia seguinte, recomprar a opção lançada e, imediatamente, lançar a VALEB44. 98 Comprando ações e vendendo opções Figura 48 Veja que, nos próximos dias, o ativo bate em R$ 44,00, segura por três dias e, depois, cai ainda mais forte até os R$ 40,00. Bom, ao bater em R$ 40,00, sendo esse nosso suporte, provavelmente a opção lançada já teria sido recomprada pela minha regra 1. Se não recompramos ainda, precisamos começar a pensar seriamente em fechar essa posição lançada e verificar se podemos efetuar algum novo lançamento – ou, se estivermos muito confiantes no suporte apresentado, decidimos ficar direcionais por alguns dias. Agora, perceba: a estratégia de recomprar a opção lançada e lançar mais dentro do dinheiro consegue amortecer parcialmente a queda. Mas, sem dúvida, não consegue neutralizar totalmente quedas prolongadas, duradouras e de primárias de baixa. Nessa estratégia, corre-se o risco de, quando o ativo retornar a subir, sermos obrigados a entregar o papel ou rolar para cima as opções lançadas. O fato é que PETR4 e VALE5, todos os anos, apresentam, pelo menos uma vez, uma queda de 25% a 30% em menos de 30 dias. Essas quedas são totalmente normais e fazem parte do ciclo de evolução do papel. Elas não mudam a tendência principal do ativo. Nesses momentos, de queda mais intensa, é justamente a hora em que se necessita de lançamentos mais dentro do dinheiro. Isso irá ocorrer uma vez por ano em média, geralmente quando o IFR semanal estiver muito elevado. Lembre-se: nunca lance uma opção que tenha seu strike + prêmio abaixo do seu preço de custo, nem que, para isso, seja necessário esperar que o ativo suba antes de efetuar algum lançamento desesperado. 99 Comprando ações e vendendo opções 19 A estratégia dos ajustes Por Luiz Fernando Roxo Quando se lança uma opção e o ativo tem um acentuado movimento direcional para cima ou para baixo, pode-se, para direcionar a operação no sentido adequado, efetuar operações de rolagem que deixem a opção vendida com delta mais equilibrado. E por equilibrado pode-se entender: não tão alto que neutralize o ganho numa próxima alta do papel, nem tão baixo que pouco proteja o ativo em caso de novas baixas. Para compreender esses pequenos ajustes que corrigem aos poucos a operação e melhoram seu rendimento, diminuindo parte do risco e dos desgastes emocionais, acompanhe o raciocínio que se segue. Quando o ativo sofre uma queda, a opção em que estamos lançados também sofre uma desvalorização. Como as opções, quando caem, também apresentam uma diminuição em seu delta, causada pelo gama, como vimos anteriormente, esse efeito faz com que a tal opção vendida proteja cada vez menos nossa posição em ações, bem como diminua o retorno que teremos na continuidade da queda, pois agora o delta é menor. Tal queda também diminui a possibilidade de remunerar o capital investido com o passar do tempo, pelo efeito do theta, que, com a queda do ativo e conseqüente queda da opção, foi muito diminuído. Para diminuir um pouco o risco direcional de uma continuidade na queda, bem como para melhorar o potencial de retorno causado pela desvalorização da opção no tempo, é importante que a opção vendida seja recomprada quando estiver valendo muito pouco, e que outra de maior valor nominal, e conseqüente maiores delta e theta, seja lançada em seu lugar. Será temeroso que tal decisão de rolagem seja tomada de maneira aleatória e no calor da emoção, situação que, via de regra, faz com que o investidor, não estando no melhor de seu equilíbrio emocional, decida por tal ajuste em momentos longe de adequados. Assim, como forma de evitar tais improvisações tão maléficas, é aconselhável que a rolagem conste do plano operacional do investidor e que, sendo previamente definida, tenha maior efetividade. Como exemplo de um ajuste simples, que achamos adequado e vem funcionando nos últimosanos, podemos recomprar a opção que foi lançada quando seu preço atingir 0,5% do valor do papel. No caso de um ativo que custe R$ 100,00, a opção lançada deverá ser recomprada quando sua cotação, em queda, atingir o preço de R$ 0,50. Como, na maioria 100 Comprando ações e vendendo opções das vezes, não se deve ficar comprado de maneira direcional no ativo sem estar vendido em nenhuma opção – pois, nesse caso, o papel não estará nada protegido, bem como não estará sendo remunerado pelo tempo –, uma opção deverá ser vendida no lugar dessa recomprada, procedimento que é denominado, como já dito, de rolagem. Como substituta da opção que foi recomprada, pode-se optar por opções com o mesmo vencimento, porém com outro preço de exercício ou por uma opção já para o vencimento posterior. Para que a rolagem seja efetuada numa opção de strike diferente, porém do mesmo vencimento, devemos nos ater se existem dias suficientes para que tal venda se justifique, pois, se a data de vencimento (ou exercício) dessa opção já estiver próxima, não valerá, em termos de trabalho e custos, efetuar tal venda, pois, em poucos dias, tal opção deverá ser recomprada para evitar o exercício. Dessa maneira, pode-se considerar como medida de bom senso que não devemos vender uma opção com menos de 15 dias úteis para o vencimento, sendo que, nesse caso, a melhor decisão será optar por já lançar a opção mais longa para o próximo vencimento em detrimento dessa curta com poucos dias. Se recomprarmos uma opção lançada, pois ela foi cotada a um preço menor que 0,5% do valor do ativo objeto, e, todavia, o vencimento dessa opção recomprada for maior que 15 dias úteis, podemos escolher outra opção para esse mesmo vencimento para lançar em substituição da recomprada. Por considerar importante que qualquer ajuste no intuito de melhor direcionar o resultado das operações não seja extremo ou exagerado, a opção a ser vendida, com maior delta e theta que a recomprada, poderá ser a imediatamente mais cara, isto é, um strike menor e, assim, mais dentro do dinheiro. Podemos apresentar o seguinte exemplo: temos ações da Vale cotadas a R$ 52,00. Vendemos opções sobre tais ações de preço de exercício R$ 54,00. Uma queda na cotação do ativo leva seu preço para R$ 50,00, e tal baixa, juntamente com a passagem do tempo, faz com que as opções lançadas se desvalorizem até o preço de R$ 0,25, cotação que representa 0,5% dos R$ 50,00 que a VALE5 está custando. Nesse momento, como ainda faltam 17 dias úteis para o vencimento de tais opções, de maneira automática e sem afobamento, recompramos essa opção a R$ 0,25 e vendemos, ao mesmo tempo, uma outra opção com mesma data de vencimento, porém de strike R$ 52,00, independentemente do preço que estiver cotada. Tal pequeno ajuste dinâmico não causará grandes mudanças nas características da operação, bem como não será responsável por ganhos ou perdas significativos; porém, será de grande importância no intuito de levar a operação sempre para o lado que se deseja, não sendo outro que não ter ações que se valorizem com o tempo e diminuir o custo de aquisição desses ativos com venda de opções todos os meses. Esse procedimento de rolar a opção para uma mais cara dentro do mesmo vencimento, 101 Comprando ações e vendendo opções no caso de desvalorização de seu prêmio a níveis muito baixos, pode ser repetido quantas vezes forem necessárias enquanto faltar mais de 15 dias úteis para tal vencimento. No caso da opção ser recomprada quando seu preço for inferior a 0,5% do valor do ativo e seu vencimento for menor que 15 dias úteis, a nova venda já poderá ser numa opção para o próximo vencimento. Porém, nesse caso, a regra que será respeitada sobre qual opção vender é a mesma que para qualquer rolagem para o próximo vencimento: lançar a opção mais cara possível que imaginamos que não será exercida no vencimento. Nesse momento, voltaremos para a mesma situação do início de todos os vencimentos. Do mesmo modo que uma desvalorização no papel irá deixar o delta e o theta da opção muito baixos, sendo importante um pequeno ajuste para reposicionar minimamente a operação em sua direção, o mesmo tipo de correção será aconselhável para o caso de uma alta no preço do papel, pois essa alta fará com que obtenhamos poucos ganhos adicionais numa eventual continuidade da alta, bem como fará com que corramos o risco de sermos exercidos, frustrando um dos principais objetivos da operação, que é diminuir ao máximo o custo de aquisição do ativo com a venda de opções. Portanto, a regra que aconselhamos para rolagem da opção vendida em caso de uma alta muito grande é: se o delta da opção que estamos vendidos atingir 80%, devemos recomprar essa opção, pois tanto seu delta como o theta já não são mais adequados nem atraentes. Como alternativa de venda no lugar da opção recomprada, podemos seguir regra semelhante à rolagem quando o papel cai bastante, que foi mostrada anteriormente: se recompramos a opção e faltarem mais de 15 dias úteis para seu vencimento, podemos escolher uma opção em seu lugar, de mesmo vencimento, porém de preço imediatamente mais baixo, ou seja, a de strike mais alto. Assim, gastamos um pouco, porém o delta e o theta da nova opção vendida são bem mais equilibrados. Quando a recompra se der faltando menos de 15 dias úteis para seu vencimento, já é aconselhável efetuar a nova venda para o vencimento seguinte, e aí já devemos respeitar a regra de vender a opção com maior prêmio possível que achamos que não será exercida. E, para tanto, utilizaremos como parâmetro a resistência técnica mais importante do papel e venderemos a opção de strike mais próximo a esse número – regra já vista anteriormente. Esse sistema de ajustes e rolagem é, há tempos, o responsável pela gestão de grande parte dos recursos dos autores e um dos objetos de grande apreço dos alunos que freqüentam seus cursos. Imaginamos que tal modelo deverá continuar funcionando a contento e gerando retornos consideráveis de longo prazo desde que os ativos objetos continuem sendo atraentes e que pessoas esperançosas de tornarem-se ricas do dia para a noite continuem comprando opções e, assim, nos financiando. 102 Comprando ações e vendendo opções 20 Para ganhar pouco, é melhor não lançar nada Por Luiz Fernando Roxo Uma ou duas vezes por ano, o mercado passará por um acentuado movimento corretivo. Uma crise irá se instalar nos mercados, gerando preocupações; o pânico irá se estampar na cara de agentes e investidores. Nesses momentos, a queda trará o preço dos ativos para níveis sobrevendidos, e a cotação irá se afastar bastante dos preços médios em que o papel andou sendo negociado nos períodos recentes – época quando as cotações se aproximarão sobremaneira de níveis históricos importantes, suportes, e quando as resistências que poderiam frear a alta nos preços se encontrarão bem longe. Existem momentos quando o investidor, ao procurar um strike para lançar suas opções depois de comprar novas ações ou no momento da rolagem, perceberá que as resistências ficaram tão acima e afastadas das cotações atuais que vender uma opção no strike da resistência geraria uma receita quase irrisória. É esse o único momento em que acreditamos não se justificar o lançamento de uma opção para diminuir o preço que pagamos pelo ativo, pois não acrescenta quase receita. Como um parâmetro de preço mínimo para lançar uma opção num strike acima de uma resistência, pode-se considerar obter de receita pela venda algo maior que 1,5% da cotação do papel. Assim, se após uma queda acentuada, a opção que vale a pena ser vendida, pois seu strike encontra-se acima da resistência mais próxima, valer, por exemplo, menos de R$ 0,75 no caso de um ativo objeto cotado a R$ 50,00, seria o caso de não vender opções nesse momento e aguardar que uma eventual – porém, iminente – alta do papel o faça voltar para certa normalidade. E, quando essa opção que pretendemos vender tiver seu prêmio cotado a R$ 0,75,o que representa 1,5% do preço do ativo, efetuamos, então, o lançamento coberto. 103 Comprando ações e vendendo opções 21 Arme-se de uma postura otimista e proativa O lançamento coberto é uma operação em que existe uma compra e uma venda – compra do ativo, que se beneficia se o papel subir, e a venda da opção que ganha na queda do papel e nos períodos quando o ativo se encontra sem direção. Não levando em consideração que a compra do ativo faz o movimento direcional de alta ser mais representativo que o de baixa, pois a variação no preço da opção é apenas uma fração da variação no preço do ativo, uma das melhores maneiras de encarar o lançamento coberto é como se ele fosse, ao mesmo tempo, uma compra e uma venda, e que, assim, nos beneficiamos de qualquer movimento direcional que o ativo venha a ter. Na prática, se calcularmos o resultado da operação a todo o momento, na maior parte estaremos ganhando, porém, em alguns momentos, quando o mercado tiver movimentos acentuados de baixa, nós teremos resultados momentâneos negativos. Mas essas épocas de baixas e crise não podem ser encaradas como momentos ruins, pois será exatamente quando os preços desses ativos estarão se aproximando do ponto ideal de compra. Nas crises, quando todos estiverem desesperados calculando seus prejuízos e pensando, obviamente de maneira tardia, em proteção, devemos estar animados, loucos para comprar e com dinheiro em caixa – aquele vindo de uma venda, feita na alta, ou principalmente da poupança sobre a renda que temos em nossa atividade principal, dinheiro que poupamos para investir. Então, festeje quando subir, mas torça para cair e esteja sempre contente, seja com o valor de sua carteira que aumenta na alta, ou com a chegada da oportunidade que faltava. Como se fôssemos a Poliana do livro de Eleonor Porner, temos que ser sempre otimistas, ou usando outra metáfora, temos que olhar o copo e tentar vê-lo sempre meio cheio. Além disso, devemos ter sempre liquidez ou crédito para comprar mais se continuarmos acreditando no mercado e no ativo. 104 Comprando ações e vendendo opções “Eu me arrependo muito de, em ao menos duas crises, quando grandes empresas chegaram a valores dez vezes inferiores aos de mercado, em vez de ter pego todas minha economias e comprado o tanto quanto possível, ter ficado cantando no coro dos catastrofistas, como fiz. Na crise da Rússia em 98, vi PETR4 a um centésimo dos preços de hoje e, em vez de comprar, achava que a empresa ia quebrar. Perder outra dessas, nunca mais”. Luiz Fernando Roxo A alta é boa, pois é nela que o lucro acontece, mas, nos ativos que pretendemos ter em carteira, a alta é normal, e a queda é também muito boa, pois é a única maneira de comprar barato para valer – não na descendente, mas quando algum grande ponto de suporte for atingido e respeitado. 105 Comprando ações e vendendo opções Considerações finais A operação de lançamento coberto não é complexa, aliás, é até bem simples, comparada à enormidade de operações diferentes que podemos montar na bolsa. Porém, para poder compreendê-la, tivemos que aprender um monte de coisas sobre opções, ações, risco e retorno. Vimos o que é uma opção, para que serve e como foi seu desenvolvimento durante a história. Mais que isso, vimos como ela é negociada, quais as variáveis que fazem seu preço oscilar e como esse preço é composto. Isto é, tivemos que aprender por que uma opção, em determinado momento, está valendo R$ 2,00 e não R$ 10,00 ou R$ 0,05. Vimos maneiras novas de compreender e medir os riscos e refletimos bastante sobre a taxa de juros e sobre recompensa. Foi criando uma base sólida de conhecimentos que permeiam o assunto que pudemos deixar a operação de lançamento coberto simples e compreensível. Da mesma maneira que o acrobata faz movimentos que, aos nossos olhos, parecem simples e fáceis, mas que, quando tentamos minimamente imitar, percebemos o grau de dificuldade, a quantidade de aprendizado que tivemos que adquirir e a quantidade de raciocínio que tivemos que produzir fez com que tudo, agora ou muito em breve, venha a parecer fácil. A afirmação que a beleza se encontra na simplicidade faz todo o sentido, e podemos exemplificá-la com a fórmula da relatividade de Eisntein, em que E=MC2. A descoberta mais importante do século XX, que revolucionou o mundo e é responsável por toda a tecnologia atual, é uma singela equação. Mas imaginemos o quanto se trabalhou, estudou e aprendeu para chegar a essa simplicidade. Muita gente passa anos operando sem saber quais variáveis afetam os preços das opções, muito menos como e por quê. Essas mesmas pessoas não conhecem modelos de precificação nem as gregas. Não se espera de quem acabou de ser apresentado a essas definições que domine o assunto e saiba os cálculos necessários e a correta relação das variáveis. Porém, com dedicação e tempo, tais conhecimentos serão absorvidos e cada vez mais bem utilizados na tarefa de ganhar dinheiro e minimizar riscos. A partir do fim desta leitura, inicia-se o verdadeiro aprendizado do trader, que será no dia-a-dia do mercado. Efetuando lançamentos e usando o material disponibilizado como 106 Comprando ações e vendendo opções consulta é que os conceitos farão maior sentido, as relações entre as variáveis e o porquê das regras ficarão claros, e a experiência na negociação irá melhorar. Acreditamos ter criado, em nosso site (www.leandrostormer.com.br), um local muito interessante para prosseguir o aprendizado, com fóruns, planilhas e discussões bem válidas sobre os mais diversos tipos de estratégias. Procure conhecer suas características, defina quanto tempo você é capaz de se dedicar ao mercado e crie a rotina mais adequada ao seu perfil. Se for uma pessoa com mais tempo e dedicação, procure efetuar operações mais rápidas, utilize as variações de menor duração para entrar e sair de posições, seja um especulador. Sendo o seu perfil mais conservador e não tendo tanta disponibilidade para acompanhar o mercado, procure, então, movimentos maiores e bem definidos. Faça lançamentos de longo prazo e seja um investidor. Saiba que, quanto mais rápidas forem suas operações, maior agilidade e controle serão necessários – a atenção e a disciplina obrigatórias para um trader mais ativo e de operações mais ágeis são bem maiores. Esse trader será obrigado a efetuar mais stops e tomar decisões sob maior pressão. A atividade de investir recursos para obter rendimentos é das poucas em que trabalho não é sinônimo de resultado, você pode trabalhar muito e se dedicar, mas se tomar uma decisão errada pode jogar bastante dinheiro e tempo no lixo. Concentre-se naquilo que você faz de melhor, atente-se naquilo que você estudou e deixe o tempo fazer o seu papel. Fazer lançamentos cobertos toma menos tempo que “treidar” de maneira ativa no mercado financeiro. Use esse tempo para cuidar de você e dos seus, praticar esporte, se divertir. Se optar por ser um especulador, independentemente de seu perfil e de quais maneiras pretende operar, qualquer resultado de maior ou menor prazo só será consistente se os lotes forem pequenos. Não opere grande, arrisque no máximo 2% de seu capital em cada operação. Aumente seus lotes aos poucos. É muito comum traders passarem meses, ou mais de um ano, ganhando dinheiro com lotes pequenos e serem pegos de surpresa exatamente no mês em que decidem aumentar consideravelmente o tamanho de suas posições. Estude bastante as teorias e as operações. Tenha sempre disciplina para efetuar corretamente suas rotinas predeterminadas. Tenha sempre equilíbrio para não tomar decisões exageradas, mas também para não pecar por falta de atitude. 107 Comprando ações e vendendo opções Com lançamentos cobertos, pode-se ganhar muito dinheiro. Os retornos possíveis com baixo risco são ótimos. Mas não se ganha muito de maneira rápida. Tenha consciência de que, para se acumular grandes resultados, leva tempo. Um ganho de cada vez. Mas será um tempoagradável, de aprendizado e realização. Curta o caminho: no fim dele, não há nada – o que vale é sempre a viagem. Não será rápido, mas você ficará rico. Não através de uma fórmula mágica, nem por conhecer segredos ocultos, mas sim com a implementação de um plano sério de investimento, correndo-se um risco adequado e poupando recursos ganhos na sua atividade principal. A rotina e a dedicação que se aplicam em determinada atividade são tão ou mais importantes que conhecer as técnicas. As práticas corretas para exercer qualquer atividade são amplamente divulgadas em livros, cursos, palestras ou na internet. O que faz a diferença é aplicá-las com disciplina e freqüência. Para emagrecer, todos sabem que se deve queimar mais do que se come; para acumular dinheiro, ganhar mais do que se gasta. O que falta quase sempre é força de vontade. Para tudo na vida, aprenda como fazer e dedique-se, que os resultados virão naturalmente. Boa sorte! Leandro & Stormer, a maior comunidade de traders do Brasil Ao longo dos últimos 10 anos, a Leandro&Stormer construiu a maior rede de traders do Brasil, formada por mais de 80 mil clientes participando ativamente em nossos cursos, laboratórios de trading, fóruns de discussões e redes sociais. Nosso trabalho se consolidou com a criação de uma base de conhecimento para a Bolsa de Valores, com estratégias em análise técnica que se transformam em métodos rentáveis e testados. Testamos nossos modelos usando uma ferramenta pioneira e exclusiva no Brasil e que também está disponível gratuitamente para nossa comunidade: o TestTrader. Com o crescimento e a demanda de nossos clientes, passamos a oferecer também cursos e assessoria em renda fixa e negócios imobiliários como forma de oferecer alternativas de investimento para nossa comunidade. A trajetória e as conquistas destes 10 anos nos orgulham muito e nos impulsionam para uma nova plataforma de dedicação: uma Escola de Investimentos, reunindo aprendizado sobre Bolsa de Valores, Renda Fixa e Negócios Imobiliários. É esse novo conceito que você encontrará navegando pelo nosso site Os autores Alexandre Wolwacz Mais conhecido por Stormer no mercado de educação financeira, Alexan- dre é um dos mais respeitados traders do Brasil, tendo treinado milhares de investidores em mais de 40 cidades do País. Formado em Medicina pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), possui dois anos de residência em cirurgia geral e dois anos em residência em cirurgia plástica. Atua como trader há mais de 14 anos, sendo fundador e um dos diretores da Leandro&Stormer e sócio da corretora XP Investimentos. Luiz Fernando Roxo Graduado em economia, pela FAAP (Fundação Armando Álvares Pente- ado), é gestor de carteira de investimentos autorizado pela CVM. Opera no mercado há mais de uma década, tendo trabalhado nas principais cor- retoras do país, com foco de atuação no mercado de opções. Integra a equipe de instrutores da Leandro & Stormer, ministrando o curso básico e avançado de Opções.