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Estatuto da Criança e do Adolescente - E.C.A Aula 1: Direitos humanos da criança e do adolescente e Direito Internacional Infantojuvenil Apresentação Você sabia que o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990) representa o marco da consolidação do Direito Infantojuvenil no Brasil, em um processo iniciado com a Constituição Federal? E que o Direito Internacional teve um papel de destaque, principalmente por meio dos Tratados de Direitos Humanos que versam direitos relativos a crianças e adolescentes? Nesta aula, iremos discorrer sobre esse tema que tanto mexe com os ânimos, lida com preconceitos, envolve sentimentos que variam da pena ao ódio, fazendo surgir diversas questões que envolvem preconceito e discriminação em relação a este grupo especial que ainda está em desenvolvimento. Objetivos Identi�car as diversas legislações internacionais, entre Declarações e Convenções que reconhecem a criança como objeto de proteção ou sujeito de direito, assim como todos os demais seres humanos; Compreender a atual posição da comunidade internacional sobre os direitos humanos de crianças e adolescentes. Direitos humanos de crianças e adolescentes Em face da condição de pessoas em desenvolvimento, ou seja, de seres que estão em processo de formação física e psicológica, crianças e adolescentes devem receber um tratamento diferenciado. Iniciaremos nossa aula com um breve histórico evolutivo dos direitos das crianças e adolescentes. 1899 - 1905 No âmbito internacional, a primeira referência que se tem acerca da proteção dos direitos humanos da criança e do adolescente é a Juvenile Court Art de Illinois, criada em 1899, sendo considerada o primeiro Tribunal de Menores nos Estados Unidos, expandindo-se para a Europa somente a partir de 1905, quando grande parte dos Estados criaram Tribunais de Menores (SPOSATO, 2006). 1919 Em 1919, �nda a Primeira Guerra Mundial, foi criado o Comitê de Proteção da Infância, pela liga das Nações, diante dos horrores vivenciados e da percepção de que a criança é um ser especial diante de sua vulnerabilidade, a qual, portanto, merece atenção e proteção especiais. A partir do século XX, houve uma adesão mais ampla da comunidade internacional em prol dos direitos humanos, o que acabou repercutindo nas declarações e convenções internacionais �rmadas. 1924 - 1948 Posteriormente, em 1924, a Declaração de Genebra reconheceu a criança e o adolescente como seres detentores de proteção especial ao determinar que há a “necessidade de proporcionar à criança uma proteção especial”. Da mesma forma ocorreu na Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, �rmada em 1948, que também defendia o “direito e assistência especiais” à criança. 1959 Em 1959, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas aprovou a Declaração dos Direitos da Criança, passando a reconhecê-la como sujeito detentor de direitos e não mais apenas como objeto de proteção. 1969 Por sua vez, a Convenção Americana sobre os Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica, 1969) elencou, no artigo 19, que “toda criança tem direito às medidas de proteção que sua condição de menor requer, por parte da família, da sociedade e do Estado”. Dessa forma, percebemos que o dever de proteger e resguardar a criança e o adolescente não é uma função apenas do Estado, mas também da família com quem eles convivem, bem como da própria sociedade que os integra. Mais recentemente, a comunidade mundial criou novas bases para a formulação de um ordenamento jurídico que possa ser adotado por todos os países, independentemente das condições socioeconômicas destes, cuja característica fundamental é “a nobreza e a dignidade do ser humano criança”. Tais estruturas normativas foram fruto do esforço conjunto de diversos estudiosos e comunidades empenhadas na defesa e promoção da criança e do adolescente, que participaram das Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude. São elas: Regras de Beijing Resolução 40/33 da Assembleia Geral, de novembro de 1985. Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência Juvenil – Diretrizes de Riad Assembleia da ONU, de novembro de 1990. Regras Mínimas das Nações Unidas para a Proteção dos Jovens Privados de Liberdade Assembleia Geral da ONU, de novembro de 1990. A proteção integral garantida ao público infantojuvenil surge a partir da Convenção sobre o Direito da Criança, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 20 de novembro de 1989, também conhecida como Convenção de Nova York. Esse momento foi tão importante que teve o maior número de rati�cações e adesões mais rápidas da história, pois protege todas as crianças do planeta e não apenas grupos determinados. Nesse contexto, a comunidade internacional reconheceu que as crianças necessitam de atenção especial que as preserve das consequências danosas decorrentes de situações que podem colocá-las em risco. No tópico seguinte, serão abordados documentos internacionais relevantes, estabelecendo a relação direta entre eles e a defesa dos interesses de crianças e adolescentes. Declaração de Genebra – Carta da Liga sobre a criança A Declaração de Genebra, ou Carta da Liga sobre a Criança, de 1924, é considerada o primeiro documento voltado à proteção da criança de forma ampla e genérica, pois não se limita a apenas um enfoque na defesa dos direitos humanos da criança, mas engloba a proteção à infância de maneira integral. Ela incorporou os princípios dos direitos da criança, incentivando os Estados a criarem meios que efetivamente garantissem a proteção desse grupo especial. (Fonte: Nowik Sylwia / Shutterstock) Acerca da Declaração de Genebra, descreve Eglantine (apud DOLINGER, 2003, p. 82) cinco princípios basilares do documento, os quais devem ser seguidos tendo em vista a necessidade de se resguardar a criança como sujeito de direito: 1 A criança deve receber os meios necessários para seu desenvolvimento normal, tanto material, como espiritual. 2 A criança que estiver com fome deve ser alimentada; a criança que estiver doente precisa ser ajudada; a criança atrasada precisa ser ajudada; a criança delinquente precisa ser recuperada; o órfão e o abandonado precisam ser protegidos e socorridos. 3 A criança deverá ser a primeira a receber socorro em tempos de di�culdade. 4 A criança precisa ter possibilidade de ganhar seu sustento e deve ser protegida de toda forma de exploração. 5 A criança deverá ser educada com a consciência de que seus talentos devem ser dedicados ao serviço de seus semelhantes. Muito embora seja voltada para a garantia da proteção da criança e do adolescente, percebemos que a Declaração de Genebra foi um avanço para a época. No que diz respeito ao reconhecimento da vulnerabilidade da criança, a Declaração não as tratava como autênticos sujeitos de direitos e sim como objetos de proteção, como pode ser observado pelo emprego das palavras “a criança deve receber”, “deve ser alimentada”, “deve ser ajudada”, “deve ser educada”, diferentemente da Declaração de 1959, segundo a qual a criança tem direito a um nome, como veremos a seguir. Declaração dos Direitos da Criança Após a Segunda Guerra Mundial, diversos movimentos voltados a resguardar as crianças e adolescentes da devastação decorrente das guerras surgiram, a exemplo do Instituto Interamericano da Criança e da UNICEF (United Nations International Child Emergency Fund). Porém, foi em 1959 que se conseguiu mais abrangência aos direitos da infância, sendo �rmada a Declaração Universal dos Direitos da Criança, a qual passa a tratar a criança como sujeito de direito e não mais como mero objeto de proteção. A Declaração, além de conceder uma nova percepção da criança, agora sujeito de direitos, ressalta também a necessidade da promoção do respeito aos direitos dela, sua sobrevivência, desenvolvimento e participação no combate à exploração e ao abuso. Princípios da Declaração dos Direitos da Criança Clique no botão acima.Princípios da Declaração dos Direitos da Criança A Declaração dos Direitos da Criança adotou dez princípios a serem seguidos pelos Estados e pela sociedade: a. A universalização dos direitos a todas as crianças, sem qualquer discriminação. b. As leis devem considerar a necessidade de atendimento do interesse superior da criança. c. O direito a um nome e a uma nacionalidade, devendo ser prestada assistência à gestante. d. A criança faz jus a todos os benefícios da previdência social, bem como de desfrutar alimentação, moradia, lazer e outros cuidados especiais. e. Aqueles que necessitarem devem receber cuidados especiais, bem como de receber amor e cuidado dos pais. f. A criança deverá crescer sob o amparo de seus pais, em ambiente de afeto e segurança, podendo a criança de tenra idade ser retirada de seus pais somente em casos excepcionais. g. O direito à educação escolar. h. A criança deve �gurar entre os primeiros a receber proteção e auxílio; i. A criança faz jus à proteção contra o abandono e a exploração no trabalho; j. A criança deve crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos. Em consonância com os princípios que devem nortear a conduta política, social e econômica do Estado e da sociedade, a criança e o adolescente, independentemente da origem, raça, sexo, cor, classe social, deve ser percebida como sujeito de direito e como tal deve ser respeitada – o que acabou contribuindo para o surgimento, em 1966, do Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, o qual prevê, no artigo 10, que: 3. Medidas especiais de proteção e de assistência devem ser tomadas em benefício de todas as crianças e adolescentes, sem discriminação alguma derivada de razões de paternidade ou outras. Crianças e adolescentes devem ser protegidos contra a exploração econômica e social. O seu emprego em trabalhos de natureza a comprometer com sua moralidade ou a sua saúde, capazes de pôr em perigo a sua vida, ou de prejudicar o seu desenvolvimento normal deve ser sujeito à sanção da lei. Os Estados devem também �xar os limites de idade abaixo dos quais o emprego de mão de obra infantil será interdito e sujeito às sanções da lei (ONU, 2001 apud BASTOS, 2012, p. 47); Sobre o Pacto dos Direitos Civis e Políticos, o artigo 24 prevê que: 1. Qualquer criança, sem nenhuma discriminação de raça, cor, sexo, língua, religião, origem nacional ou social, propriedade ou nascimento, tem direito, da parte de sua família, da sociedade e do Estado, às medidas de proteção que exija a sua condição de menor. 2. Toda e qualquer criança deve ser registrada imediatamente após o nascimento e ter um nome. 3. Toda e qualquer criança tem o direito de adquirir uma nacionalidade (ONU, 2001 apud BASTOS, 2012, p. 48). Em decorrência da evolução do tratamento dispensado à criança e ao adolescente, em 1989, a Organização das Nações Unidas aprovou a Convenção das Nações Unidas sobre Direitos da Criança, “consagrando direitos relativos à infância que até então não eram considerados, e compreendendo as crianças e adolescentes como pessoas em processo de desenvolvimento” (BASTOS, 2012, p. 48). A Convenção foi norteada por quatro princípios basilares da proteção da criança e do adolescente, que são: a. o interesse superior da criança; b. a não discriminação; c. a sobrevivência e o desenvolvimento; e d. a participação das crianças na agenda política dos Estados. O principal destaque e diferencial da Convenção foram os direitos da personalidade, os quais, até aquele momento, não haviam sido tratados nas demais Convenções e Declarações. Nesse sentido, Stancioli (1999, apud BASTOS, 2012, p. 49) elucida que: Historicamente, as duas declarações internacionais, dedicadas aos direitos da criança (de 1924, promulgada pela Liga das Nações, e de 1959, promulgada pelas Nações Unidas), adotaram um paradigma bem diverso deste da Convenção de 1989. Naquelas, as preocupações básicas eram o cuidado e a proteção das crianças. A atual, por outro lado, vai além, buscando “a noção de direitos da personalidade do menor, fundado na autonomia, [em consonância com] um conceito que inclui direitos civis similares aos dos ‘adultos’, como liberdades de expressão, religião, associação, assembleia e direito à privacidade. Avançando na legislação protetora da criança e do adolescente, tem-se a criação das Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Infância e da Juventude, também conhecidas por Regras de Beijing ou Regras de Pequim. Atividade 1. Observando a imagem a seguir, discorra sobre a violação dos Direitos Humanos da Criança e do Adolescente e a importância da proteção integral. Regras de Pequim ou Regras de Beijing, Diretrizes de RIAD e Regras de Tóquio As Regras de Beijing, as Regras de Riad e as Regras de Tóquio, ao contrário das demais Convenções, voltam-se à criminalidade juvenil, como veremos a seguir. Clique nos botões para ver as informações. As Regras de Beijing, �rmadas em 1985, por meio da Resolução nº 43/33 da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), são também conhecidas como Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça, da Infância e da Juventude. Elas têm como base fundamental a prevenção do crime e do tratamento do jovem infrator. O documento faz referência rigorosa às situações de julgamento de crianças e adolescentes que sejam autores de ilícitos penais, norteando direitos, tais como um julgamento justo e imparcial, conduzido por um Juízo especializado. Regras de Beijing Em 1990, foram publicadas as Diretrizes de Riad, também conhecidas como Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência Juvenil, as quais foram aprovadas por meio da Resolução nº 45/112. As Diretrizes de Riad abordam a necessidade da adoção de políticas públicas progressivas de prevenção à delinquência juvenil, voltadas ao controle social, e ressaltando a relevância da família, a exemplo das diretrizes 12 e 33, descritas a seguir: Diretriz 12: Dado que a família é a unidade central responsável pela socialização primária da criança, devem ser feitos esforços pelos poderes públicos e organismos sociais para preservar a integridade da família, inclusive da família alargada. A sociedade tem a responsabilidade de ajudar a família a fornecer cuidados e proteção às crianças e a assegurar o seu bem estar físico e mental. Devem assegurar-se creches e infantários em número su�cientes. Diretriz 33: As comunidades devem adotar, ou reforçar, onde já existam, uma larga gama de medidas de apoio comunitário aos jovens, incluindo o estabelecimento de centros de desenvolvimento comunitário, instalações e serviços recreativos para responderem aos problemas especiais das crianças que se encontram em risco social. Ao promover estas medidas de auxílio, devem assegurar o respeito pelos direitos individuais (SHECAIRA, 2008 apud BASTOS, 2012, p. 52). Diretrizes de Riad No ano de 1990 também foram criadas as Regras de Tóquio, por meio da Resolução 45/113, conhecida como Regras Mínimas das Nações Unidas para Elaboração de Medidas não Privativas de Liberdade, as quais traçam princípios basilares voltados à promoção do uso de medidas de liberdade, bem como garantias mínimas para os jovens submetidos às penas substitutivas e ao aprisionamento, de modo a se evitar a violação dos direitos deles e, por conseguinte, assegurar-lhes a efetividade dos direitos humanos. As Regras de Tóquio ressaltam ainda a importância da participação da coletividade como forma de readaptação do infrator ao estabelecerem que: 17.1. A participação da coletividade deve ser encorajada, pois constitui um recurso primário e um dos fatores mais importantes para reforçar laços entre os infratores submetidos a medidas não privativas de liberdade e suas famílias e comunidades. Esta participação deve complementar os esforços da administração da Justiça Criminal (BRASIL, 2009, p. 121). Regras de Tóquio Como se pode perceber, as Regras de Beijing, as Diretrizes de Riad e as Regras de Tóquio compõema Doutrina das Nações Unidas para a Proteção Integral à Infância, pois estas Regras constituíram os primeiros pilares do Sistema de Justiça da Infância e da Juventude pautado na especialidade e na garantia de direitos. Ainda falando em proteção dos direitos humanos das crianças, deve-se mencionar a Convenção sobre os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1989, abordada no tópico seguinte. Atividade 2. No plano internacional, as Regras Mínimas para a Administração da Justiça, da Infância e da Juventude referem-se a qual instrumento jurídico? a) Regras de Riad. b) Regras de Beijing. c) Convenção Internacional Sobre os Direitos da Criança de 1989. d) Declaração Universal dos Direitos da Criança de 1959. e) Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Convenção sobre os direitos da criança de 1989 Adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1989, e vigente desde 1990, este tratado internacional de proteção dos direitos humanos possui apenas 54 artigos e se destaca dos anteriores pelo fato de ter sido rati�cado por todos os países- membros, com exceção dos Estados Unidos, da Somália e do Sudão do Sul. Os direitos previstos na Convenção sobre os Direitos as Criança incluem: 1 Direito à vida e à proteção contra a pena capital. 2 Direito a ter uma nacionalidade. 3 Direito à proteção ante a separação dos pais. 4 Direito de deixar qualquer país e de entrar em seu próprio país. 5 Direito de entrar em qualquer Estado e sair dele, para �ns de reunião familiar. 6 Direito à proteção para não ser levada ilicitamente ao exterior. 7 Direito à proteção de seus interesses no caso de adoção. 8 Direito à liberdade de pensamento, consciência e religião. 9 Direito de acesso a serviços de saúde, devendo o Estado reduzir a mortalidade infantil e abolir práticas tradicionais prejudiciais à saúde. 10 Direito a um nível adequado de vida e segurança social. 11 Direito à educação, devendo os Estados oferecer educação primária compulsória e gratuita. 12 Direito à proteção contra a exploração econômica, com �xação de idade mínima para admissão em emprego. 13 Direito à proteção contra o envolvimento na produção, trá�co e uso de drogas e substâncias psicotrópicas. 14 Direito à proteção contra a exploração e o abuso sexual. Nos termos do Art. 1 dessa Convenção, a criança é de�nida como: "Todo ser humano com menos de dezoito anos de idade, a não ser que, em conformidade com a lei aplicável, a maioridade seja alcançada antes." - Convenção sobre os direitos da criança. Esse importante tratado recepciona, portanto, a concepção do desenvolvimento integral da criança, reconhecendo assim sua absoluta prioridade e necessidade de proteção integral. javascript:void(0); A Convenção sobre os Direitos da Criança foi promulgada no Brasil pelo Decreto nº 99.710, de 21 de novembro de 1990, ou seja, depois da vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente. Complementando e fortalecendo o rol de medidas protetivas à criança e ao adolescente, as Nações Unidas adotou dois Protocolos Facultativos à Convenção sobre os Direitos da Criança, por meio da Resolução A/RES/54/263 da Assembleia Geral: o Protocolo Facultativo sobre Venda de Crianças, Prostituição Infantil e Pornogra�a Infantil, passando a vigorar em 18.01.2002, sendo aprovado pelo Congresso Nacional Brasileiro, por meio do Decreto Legislativo nº 230/2003, e promulgado pelo Decreto nº 5.007/2004; e o Protocolo Facultativo sobre o Envolvimento de Crianças em Con�itos Armados, o qual passou a vigorar em 12.02.2002. (Fonte: Monkey Business Images / Shutterstock) Finalizando este estudo, abordaremos, a seguir, a sistemática de controle do cumprimento dos direitos humanos de crianças e adolescentes. Sistema de controle do cumprimento dos direitos humanos de crianças Clique no botão acima. Sistema de controle do cumprimento dos direitos humanos de crianças Em 2011, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) criou o texto do Terceiro Protocolo à Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989, cuja cerimônia o�cial ocorreu em Genebra, em 28 de fevereiro de 2012, durante o período de sessões da ONU. Vinte países assinaram o Protocolo no mesmo dia da cerimônia o�cial de abertura, inclusive o Brasil. Em 2014, o documento iniciou sua vigência, após completar o número necessário de rati�cações. A Convenção assegura às crianças e seus representantes a possibilidade de recorrerem ao Comitê de Direitos das Crianças da Organização das Nações Unidas (ONU), por meio de petições individuais, sempre que não tiverem seus direitos garantidos pelas justiças de seus países, ou seja, sempre que, após a provocação das jurisdições domésticas, esgotarem-se todas as instâncias internas sem que qualquer resultado prático e positivo tenha ocorrido. Convém destacar que na apreciação das petições, o Comitê deverá seguir sempre o princípio do superior interesse da criança e garantir, salvo autorização expressa dos interessados, o sigilo das identidades das pessoas envolvidas nas comunicações. Porém, é importante ressaltar que não é su�ciente o surgimento de regras e diretrizes voltadas à proteção da criança, se estas não forem efetivamente aplicadas e efetivadas, sendo necessário um conjunto articulado de ações por parte da comunidade internacional, da família e do Estado para garantir que crianças e adolescentes sejam efetivamente sujeitos de direitos e tenham seus direitos assegurados. Dessa forma, pode-se a�rmar que o sistema de controle do cumprimento dos direitos humanos de crianças assume a �nalidade de promover ações públicas que concedam a prioridade do atendimento, na promoção e controle dos direitos da criança e adolescente. Na promoção dos direitos é necessário um verdadeiro engajamento de todos os órgãos públicos, bem como da própria comunidade, pois é obrigação de todos a promoção e a efetivação dos direitos infantojuvenis, o que se dá por meio da elaboração e implementação de políticas públicas de atendimento – função fundamental do Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente. No Brasil, o Sistema de Garantia de Direito é distribuído em três eixos fundamentais: o eixo de promoção de direitos; o eixo de defesa; e o eixo de controle social, sendo composto, por exemplo, dos Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente; e, no Campo da Defesa dos Direitos, pelo Poder Judiciário, pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pelos Centros de Defesa (CEDECAS), pela Segurança Pública e pelos Conselhos Tutelares. Eixo de Promoção de Direitos: se dá por meio do desenvolvimento da política de atendimento dos direitos de crianças e adolescentes, integrante da política de promoção dos direitos humanos. Essa política deve-se dar de modo transversal, articulando todas as políticas públicas. Nele estão os serviços e programas de políticas públicas de atendimento dos direitos humanos de crianças e adolescentes, de execução de medidas de proteção de direitos e de execução de medidas sócioeducativas. Os principais atores responsáveis pela promoção desses direitos são as instâncias governamentais e da sociedade civil que se dedicam ao atendimento direto de direitos, prestando serviços públicos e/ou de relevância pública, como ministérios do governo federal, secretarias estaduais ou municipais, fundações, ONGs, etc. Exemplo: Conselhos de Direitos, incluídos toda área da assistência social, educação e saúde. Eixo de Defesa: tem a atribuição de fazer cessar as violações de direitos e responsabilizar o autor da violência. Tem entre os principais atores, os Conselhos Tutelares, Ministério Público Estadual e Federal (centros de apoio operacionais, promotorias especializadas), Judiciário (Juizado da Infância e Juventude, Varas criminais especializadas, comissões judiciais de adoções) Defensoria Pública do Estado e da União, e órgãos da Segurança Pública, como Polícia civil, militar, federal e rodoviária, guarda municipal, ouvidorias, corregedoriase Centros de defesa de direitos, etc. Eixo de Controle Social: é responsável pelo acompanhamento, avaliação e monitoramento das ações de promoção e defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes, bem como, dos demais eixos do sistema de garantia dos direitos. O controle se dá primordialmente pela sociedade civil organizada e por meio de instâncias públicas colegiadas, a exemplo dos conselhos (CALS, 2007, p. 13). Atividade 3. Na Convenção acerca dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas, criança é todo o ser humano: a) Imaturo do ponto de vista biológico e dependente econômica, social e emocionalmente. b) Apresenta desenvolvimento físico, psíquico e sexual incompatível com os caracteres da idade adulta. c) Menor de dezoito anos de idade, salvo se, nos termos da lei que lhe for aplicável, atingir a maioridade mais cedo. d) Relativamente incapaz de cuidar de si e zelar, autonomamente, por seu próprio bem-estar e desenvolvimento. e) Incapaz de responder civil e penalmente pelos atos da vida adulta. 4. Assinale V (para verdadeiro) ou F (para falso) nas seguintes alternativas: a) As crianças e os adolescentes não são titulares de direitos humanos como qualquer pessoa. b) A criança faz jus a todos os benefícios da previdência social, bem como de desfrutar alimentação, moradia, lazer e outros cuidados especiais. c) A criança deve crescer em meio a um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos. d) Toda criança tem direito às medidas de proteção que sua condição de menor requer, por parte da família, da sociedade e do Estado. e) A criança deve receber os meios necessários para seu desenvolvimento normal, tanto material, como espiritual. 5. Associe as colunas, utilizando a numeração correspondente. Declaração de Genebra 1 Declaração dos Direitos da Criança de 1959 2 Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989 3 a) Passa a tratar a criança como sujeito de direitos e não mais como objeto de proteção. b) Também conhecida como Convenção de Nova York. c) Carta da Liga sobre a Criança. Referências BASTOS, Angélica Barroso. Direitos humanos das crianças e dos adolescentes: as contribuições do Estatuto da Criança e do Adolescente para a efetivação dos Direitos Humanos infanto-juvenis. 2012. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Disponível em: http ://www .bibliotecadigital .ufmg .br /dspace /bitstream /handle /1843 /BUOS -BUOS-8XSR3V/disserta_ao_ang_lica_bastos .pdf ?sequence=1. Acesso em: 18 jun. 2019. BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Justiça. Normas e princípios das Nações Unidas sobre prevenção ao crime e justiça criminal. Brasília: Secretaria Nacional de Justiça, 2009. BRASIL. 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