Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
REALISMO/NATURALISMO O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento; – o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houver de mau na nossa sociedade. Eça de Queirós Contexto Histórico Segunda metade do século XIX: sociedade europeia vive os efeitos da Revolução Industrial e do amplo progresso científico que a acompanha. É uma época de benefícios materiais e econômicos para a burguesia industrial; contudo, o operário vive um período de intensa crise e miséria. Curiosidades · O Realismo e o Naturalismo e são as correntes artísticas que refletem a consolidação da burguesia e seu fortalecimento, em função da “implementação” do capitalismo avançado. · A exaltação da liberdade individual, da rebeldia, são substituídas por novas palavras de ordem: ciência, progresso, razão. · Combate ao Romantismo, resgate ao objetivismo e gosto pelas descrições. · A função da arte era educar e retratar a sociedade. · O capitalismo se estrutura em moldes modernos, com o surgimento de grandes complexos industriais – por outro lado, a massa operária avolumava-se, formando uma população marginalizada, que não partilhava dos mesmos benefícios gerados por esse progresso industrial, sendo submetida a condições precárias de trabalho. · Essa nova sociedade serve de pano de fundo para uma reinterpretação da realidade, que gera teorias de variadas correntes ideológicas. Positivismo · Augusto Comte defendia o cientificismo no pensamento filosófico e a conciliação entre “ordem” e “progresso” – o que originou a expressão da bandeira do Brasil. · Comte atribuía à constituição e ao processo da ciência positiva importância capital para o progresso de qualquer sociedade. Socialismo · Marx e Engels, “Manifesto comunista”, 1848 – definição do materialismo histórico e da luta de classes. · “O que distingue nossa época – a época da burguesia – é ter simplificado a oposição de classes. Cada vez mais, a sociedade inteira divide-se em dois grandes blocos inimigos, em duas grandes classes que se enfrentam diretamente: a burguesia e o proletariado.” Evolucionismo · Darwin, 1859, “A origem das espécies” – a evolução das espécies pelo processo de seleção natural, negando a origem divina difundida pelo Cristianismo. · O homem passa a ser tomado como um ser animal, regido pelo instinto biológico. Determinismo · Taine propõe que o comportamente humano é determinado por forças biológicas, sociológicas e ambientais e históricas. · Todos os fatos psicológicos e sociais são manifestações naturais que nada têm de transcendência. Realismo e Naturalismo no Brasil · Contexto Histórico: período de transição do Império para República; · Considera-se 1881 como o ano inaugural do Realismo no Brasil, com Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. · Considera-se 1881 como o ano inaugural do Naturalismo no Brasil com O Mulato, de Aluísio de Azevedo. Realismo · Narrativa voltada para a análise psicológica e crítica da sociedade a partir do comportamento dos personagens. · O romance realista é o desejo de aproximação com a realidade ao descrever detalhadamente os costumes, as relações sociais, os conflitos interiores do ser humano, a crise das Instituições (Estado, Igreja, família, casamento), sempre apresentando uma crítica. Naturalismo · Tendência que procurava atribuir um caráter científico ao Realismo. · Romance de tese (ou experimental): são provadas certas teorias, extensão das ideais científicas da época. Realce dos traços institivos e patológicos do ser humano, identificado com um animal. Determinismo: meio, raça, momento histórico. · Marcada pela vigorosa análise social a partir de grupos humanos marginalizados, em que se valoriza o coletivo. · Objetividade: o que interessa é o objeto, o não-eu. Retratar as personagens como eram por meio de análises, descrição, observação (valorização da ciência, da pesquisa). · Racionalismo: em oposição à emoção e ao sentimentalismo, havia uma preocupação com a verdade. · Impessoalidade (ou impassibilidade): o escritor deve manter a neutralidade diante daquilo que está narrando, e, dentro de alguns limites, jamais confundir sua visão particular com a visão e os motivos das personagens. · Contemporaneidade: retrata o presente. · Crítica à burguesia: Descrição da realidade externa, tal como é. Ataque à burguesia conservadora – casamento, a família, o amor, a religião são colocados em xeque e ironizados; reinam o pessimismo, final infeliz, o adultério, a hipocrisia e as segundas intenções. · Narrativa lenta, minuciosa e a ação e o enredo perdem a importância para a caracterização das personagens; (predomínio da descrição sobre a narração). · Predomínio da denotação – a metáfora é colocada em segundo plano. · Preocupação formal – busca-se a clareza, o equilíbrio, a harmonia de composição (estilo baixo, porém sério). · Exaltação sensorial – o romântico apreendia o mundo com o coração, com o sentimento; o realista é sensorial: precisa ver, apalpar, cheirar, experimentar fisicamente. · Sexualização do amor – o amor perde a conotação espiritualizante e dá-se ênfase ao aspecto físico. · Personagens esféricas (redondas) – enquanto no Romantismo as personagens tendiam a ser lineares (planas), ou seja, construídas ao redor de uma única ideia ou qualidade - o Realismo valoriza as personagens esféricas, que apresentam várias qualidades, que repelem qualquer simplificação. Diferença entre Realismo e Naturalismo: Realismo: visão biológica do homem. Naturalismo: visão patológica. O Realismo se tingirá de naturalismo, no romance e no conto, sempre que fizer personagens e enredos que submeterem-se ao destino cego das “leis naturais” que a ciência da época julgava ter codificado; ou se dirá parnasianismo, na poesia, à medida que se esgotar no lavor do verso tecnicamente perfeito. Alfredo Bosi
Compartilhar