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artigo - A POSSIBILIDADE DE RATEIO DA PENSÃO POR MORTE ENTRE CÔNJUGE E CONCUBINA VIÚVAS

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A POSSIBILIDADE DE RATEIO DA PENSÃO POR MORTE ENTRE CÔNJUGE E 
CONCUBINA VIÚVAS. 
Luiz Felipe Germani Ferreira
1
 
 
Sumário: 1. Introdução. 2. Previdência Social e o risco social morte. 2.1. Pensão por 
morte. 3. Companheiros beneficiários da pensão por morte. 3.1. Situação de 
concubinato. 4. Jurisprudência contrária ao rateio da pensão entre cônjuge e 
concubina. 5. Jurisprudência favorável ao rateio da pensão entre cônjuge e 
concubina. 5.1. Precedente do reconhecimento da união estável homoafetiva. 6. 
Repercussão geral no STF. 6.1. Entendimentos doutrinários favoráveis à mudança do 
posicionamento do STF. Conclusão. 
 
RESUMO: Este artigo analisa a possibilidade de rateio da pensão por morte entre cônjuge e concubina viúvas 
de um segurado da previdência. Primeiramente analisou-se a legislação previdenciária quanto à proteção do risco 
social morte. Foram vistos os dispositivos legais que garantem o direito a pensão por morte e os dependentes que 
podem ser beneficiários. Verificou-se que os concubinatos impuros não estão amparados, pois a lei difere união 
estável de concubinato, não permitindo que pessoas impedidas legalmente de casar tenham a mesma proteção 
garantida à união estável. Foi visto que muitos tribunais, inclusive o STF, se posicionaram pela impossibilidade 
de rateio da pensão, fundamentando suas decisões no impedimento legal. No entanto, constatou-se que parte da 
jurisprudência defende que, em determinadas ocasiões, a interpretação literal da lei deve ceder à hermenêutica 
que abrange princípios constitucionais para proteger de forma adequada os casos concretos que estão à margem 
da previdência. Ademais, foi trazido ao trabalho os julgamentos que reconheceram a união estável aos casais 
homoafetivos, pois esta jurisprudência derrubou os argumentos de interpretação exegética da lei, que afirmavam 
que a Constituição somente protegia o núcleo familiar passível de se converter em casamento. Desta forma, 
noticiou-se que o STF, aceitou o RE 669465 como caso de repercussão geral, possibilitando a mudança de seu 
entendimento. Assim, relacionou-se entendimentos que defendem o avanço da jurisprudência, possibilitando o 
rateio da pensão por morte entre as duas famílias do segurado falecido, assim consagrando os princípios 
constitucionais, a dignidade da pessoa humana e o direito a proteção previdenciária. 
Palavras chaves: Concubina. Pensão por Morte. Previdência Social. Dignidade da Pessoa 
Humana. STF. 
ABSTRACT: This article analyzes the possibility of apportionment of the death pension between spouse and 
concubine widows of a pensioner. Firstly, it analyzed the social security legislation regarding the protection of 
social risk of death. We have seen the legal provisions that guarantee the right to a death pension and the 
dependents who may be beneficiaries. It has been found that unclean concubinates are not supported, for the law 
differs from stable union of concubinage, not allowing persons legally prevented from marrying to have the same 
protection guaranteed to the stable union. It was seen that many courts, including the STF, were positioned 
because of the impossibility of apportioning the pension, based their decisions on the legal impediment. 
However, it has been found that part of the case-law holds that, on certain occasions, the literal interpretation of 
the law must yield to hermeneutics which covers constitutional principles to adequately protect concrete cases 
which are outside the scope of social security. In addition, the judgments that recognized the stable union of 
homosexual couples were brought to work, since this jurisprudence overturned the arguments for the exegetical 
interpretation of the law, which affirmed that the Constitution only protected the family nucleus that could be 
converted into marriage. Thus, it was reported that the STF accepted RE 669465 as a case of general 
repercussion, allowing the change of understanding. Thus, understandings were established that defend the 
advancement of jurisprudence, enabling the apportionment of the death pension between the two families of the 
deceased insured, thus consecrating the constitutional principles, the dignity of the human person and the right to 
social security protection. 
Keywords: Concubine. Pension by Death. Social Security. Dignity of Human Person. STF. 
 
1
 Especialista em Direito Público pela Escola Superior da Magistratura Federal – ESMAFE/RS em convênio com 
a Universidade de Caxias do Sul – UCS. 
2 
 
1. Introdução. 
Primeiramente, destaca-se que a Previdência Social é um seguro que protege os riscos 
sociais presentes na vida humana, entre eles a morte. O ordenamento jurídico nacional garante 
uma pensão aos dependentes econômicos do segurado falecido que preencha alguns requisitos 
previstos na legislação previdenciária. 
No entanto, existem alguns dependentes econômicos que estão desamparados, é a 
situação dos companheiros em concubinato impuro, ou seja, que vivem em uma união afetiva 
com o segurado que já é casado, que possui outra família concomitantemente. 
Geralmente os companheiros em concubinato não têm direito a receber a sua quota da 
pensão por morte, que, como previsto na lei de benefícios da previdência, deveria ser rateada 
em partes iguais a todos os dependentes de mesma classe, isto é, os companheiros. 
 Entretanto, há um grave dissenso na jurisprudência pátria quanto à concessão do 
benefício às concubinas. O STF quando se manifestou sobre o tema negou o benefício, 
baseado na impossibilidade legal de haver união estável com uma pessoa que está impedida 
de casar, pois já vive na constância de outro casamento. Neste sentido seguiram diversos 
entendimentos, inclusive do STJ e da TNU. 
Porém, sempre houve julgamentos que baseados em princípios constitucionais e na 
devida proteção previdenciária possibilitaram o rateio da pensão por morte entre a esposa e a 
concubina, tanto anteriores ao posicionamento do STF, como julgados recentes de Tribunais 
Federais. 
Ocorre, que com o julgamento do STF que, reverenciando princípios constitucionais, 
possibilitou o reconhecimento da união estável para pessoas do mesmo sexo, de forma 
contrária ao positivado no Código Civil, foi aberto o precedente para o reconhecimento de 
união estável entre outros companheiros de fato que seriam impedidos de se casar. 
Assim, atualmente, na jurisprudência pátria é possível encontrar julgados que seguem 
o primeiro entendimento do STF e também decisões que se baseiam em princípios 
constitucionais para conceder o benefício. Em um caso destes que foi deferido o benefício, o 
INSS recorreu até o STF, que percebendo a mudança jurisprudencial e a transformação da 
sociedade contemporânea, definiu o julgamento como evento de repercussão geral, que ainda 
aguarda por decisão do plenário do STF. 
3 
 
Desta forma, cabe analisar os princípios constitucionais que vêm baseando a nova 
jurisprudência nacional e entendimentos doutrinários que reforçam a necessidade de mudança 
no posicionamento da Corte Máxima, pois esta decisão irá repercutir sobre muitas pessoas 
que se encontram desamparadas economicamente pela previdência social. 
 
 2. Previdência Social e o risco social morte. 
Inicialmente, cabe apresentarmos brevemente a Previdência Social, que é o sistema 
contributivo pelo qual os trabalhadores e seus dependentes ficam resguardados quanto a 
infortúnios ou situações que ensejem a necessidade de um amparo financeiro, mediante 
prestações pecuniárias ou serviços. A Previdência Social garante a subsistência das pessoas 
frente aos riscos sociais que enfrentem (morte, invalidez, idade avançada, doença, acidente de 
trabalho, desemprego involuntário, maternidade, prole, reclusão).
2
 
Também é possível definir a Previdência Social como a forma que o Estado cumpre 
seu dever de proteger os trabalhadores, que contribuam parao sistema, e seus dependentes do 
estado de necessidade decorrente da perda ou redução das condições laborais necessárias para 
obter o sustento básico.
3
 
Tais acontecimentos que podem ocorrer na vida de qualquer pessoa, certamente ou 
com grande probabilidade, que geram um transtorno nas condições normais de vida, 
principalmente na impossibilidade de obtenção do sustento através do trabalho, são 
denominados de riscos sociais. Sendo que nestes momentos críticos a subsistência dos 
indivíduos deve ser mantida pela Previdência do Estado.
4
 
ROCHA e BALTAZAR JÚNIOR, neste sentido corroboram: 
Na terminologia do seguro, chamam-se tais eventos de “riscos”, e por dizerem respeito ao 
próprio funcionamento da sociedade, denominam-se “riscos sociais”. Os regimes 
previdenciários são instituídos com a finalidade de garantir aos seus beneficiários a cobertura 
de determinadas contingências sociais. Em sua essência, as normas buscam amparar os 
trabalhadores e seus dependentes quando vitimados por eventos, reais ou presumidos que 
venham a produzir uma perda integral ou parcial dos rendimentos familiares ou despertem 
outra necessidade considerada socialmente relevante.
5
 
 
 
2
 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 19ª ed. Rio 
de Janeiro: Forense, 2016. p. 57. 
3
 CASTRO e LAZZARI, op. cit. p. 27. 
4
 ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Comentários à Lei de Benefícios da 
Previdência Social: Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. 14ª ed. São Paulo: Atlas, 2016. p. 6. 
5
 Ibid. p.6. 
4 
 
Assim, tendo em vista que a previdência social visa garantir a dignidade das pessoas 
quando atingidas por um infortúnio que as deixe desamparadas economicamente, destaca-se 
no presente artigo o risco social que acomete, cedo ou tarde, todas as pessoas - a morte. 
O risco social morte é previsto constitucionalmente, está arrolado no artigo 201, I, da 
Carta Magna
6
, e o benefício de pensão por morte aos dependentes está prescrito no inciso V 
deste artigo. VIANNA aduz que “esse risco social implica a necessidade social de ausência de 
rendimentos do segurado para a manutenção da família previdenciária – os dependentes do 
segurado -, o que será coberto pelo benefício em questão”.
7
 
 
2.1. Pensão por Morte. 
Bocchi Junior, Bocchi Neto e Lépore em seu manual voltado para a prática da 
advocacia previdenciária definem tecnicamente que pensão por morte é o benefício de 
prestação continuada, substitutivo da remuneração do segurado falecido (aposentado ou não) 
e devido aos seus dependentes.
8
 E que esta prestação é detalhada especificadamente nos 
artigos 74 a 79 da Lei 8.213/91
9
 e regulamentada pelo Decreto 3.048/99
10
 nos artigos 105 a 
115. 
 Assim, segue in verbis o artigo 74 da Lei de Benefícios da Previdência Social – 
8.213/91, que define o benefício da pensão por morte. 
Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado 
que falecer, aposentado ou não, a contar da data: (Redação dada pela Lei nº 9.528, 
de 1997) 
I - do óbito, quando requerida até noventa dias depois deste; (Incluído pela Lei nº 
13.183, de 2015) 
II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso anterior; 
(Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) 
 
6
 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF. 05 
out. 1988. p.1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso 
em: 09 abril. 2017. 
7
 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 561. 
8
 BOCCHI JÚNIOR, H.; BOCCHI NETO, H.; LÉPORE, P. Manual do Advogado Previdenciário: Teoria e 
Prática. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 390. 
9
 BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e 
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF., 25 jun. 1991. p. 14809. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L8213cons.htm>. Acesso em: 09 abril. 2017. 
10
 BRASIL. Decreto nº 3.048, de 06 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras 
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF.,07 de maio de 1999. p. 50. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm>. Acesso em: 09 abril. 2017. 
 
5 
 
III - da decisão judicial, no caso de morte presumida. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 
1997) 
§ 1o Perde o direito à pensão por morte, após o trânsito em julgado, o condenado 
pela prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do segurado. 
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) 
§ 2o Perde o direito à pensão por morte o cônjuge, o companheiro ou a companheira 
se comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união 
estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício 
previdenciário, apuradas em processo judicial no qual será assegurado o direito ao 
contraditório e à ampla defesa. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015). 
 
Desta forma, para complementar a noção do benefício, cabe expor o artigo 16 da Lei 
8.213/91 que define os dependentes no sistema previdenciário: 
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de 
dependentes do segurado: 
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer 
condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência 
intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência) 
II - os pais; 
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos 
ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; 
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
IV - (Revogada pela Lei nº 9.032, de 1995) 
§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do 
direito às prestações os das classes seguintes. 
§ 2º .O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do 
segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida 
no Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) 
§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, 
mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do 
art. 226 da Constituição Federal. 
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das 
demais deve ser comprovada. 
 
Destaca-se ainda o art. 77 da Lei 8.213/91 que dispõe sobre a divisão do benefício 
entre os dependentes e sobre a cessação do benefício. 
Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre 
todos em parte iguais. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) 
§ 1º Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão cessar. 
(Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) 
§ 2o O direito à percepção de cada cota individual cessará: (Redação dada pela Lei 
nº 13.135, de 2015) 
I - pela morte do pensionista; (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995) 
6 
 
II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, ao 
completar vinte e um anos de idade, salvo se for inválido ou tiver deficiência 
intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.183, de 
2015) (Vigência) 
III - para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez; (Redação dada pela Lei 
nº 13.135, de 2015) 
IV - pelo decurso do prazo de recebimento de pensão pelo cônjuge, companheiro ou 
companheira, nos termos do § 5º. (Incluído pela Medida Provisória nº 664, de 2014) 
(Vigência) (Vide Lei nº 13.135, de 2015) 
V - para cônjuge ou companheiro: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) 
a) se inválido ou com deficiência, pela cessaçãoda invalidez ou pelo afastamento da 
deficiência, respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas 
“b” e “c”; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) 
b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 
(dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido 
iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado; (Incluído pela Lei 
nº 13.135, de 2015) 
c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do 
beneficiário na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 
(dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do 
casamento ou da união estável: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) 
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 
13.135, de 2015) 
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade; (Incluído 
pela Lei nº 13.135, de 2015) 
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade; (Incluído 
pela Lei nº 13.135, de 2015) 
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade; (Incluído pela 
Lei nº 13.135, de 2015) 
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade; 
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) 
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade. (Incluído pela Lei nº 
13.135, de 2015) 
§ 2o-A. Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida na alínea “a” ou os prazos 
previstos na alínea “c”, ambas do inciso V do § 2o, se o óbito do segurado decorrer 
de acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho, 
independentemente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da 
comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de união estável. (Incluído pela Lei 
nº 13.135, de 2015) 
§ 2o-B. Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que nesse período se 
verifique o incremento mínimo de um ano inteiro na média nacional única, para 
ambos os sexos, correspondente à expectativa de sobrevida da população brasileira 
ao nascer, poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os fins 
previstos na alínea “c” do inciso V do § 2o, em ato do Ministro de Estado da 
Previdência Social, limitado o acréscimo na comparação com as idades anteriores ao 
referido incremento. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) 
§ 3º Com a extinção da parte do último pensionista a pensão extinguir-se-á. 
(Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995) 
§ 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) 
§ 5o O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) será 
considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais de que tratam as 
alíneas “b” e “c” do inciso V do § 2o. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) 
7 
 
§ 6º O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de 
microempreendedor individual, não impede a concessão ou manutenção da parte 
individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou mental ou com 
deficiência grave. (Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015) 
3. Companheiros beneficiários da pensão por morte. 
Ao interpretar os artigos supramencionados, conjugando o artigo 74 com o inciso I do 
artigo 16, ambos da Lei 8.213/91, percebe-se que os (as) companheiros (as) dos segurados 
falecidos têm direito à pensão por morte. E ao analisarmos o artigo 77 verifica-se que 
havendo dependentes da mesma classe, a pensão deverá ser rateada em partes iguais entre 
todos. 
No entanto, segundo a lei, considera-se companheiro (a) apenas a pessoa que viva 
numa relação de união estável com o segurado (a). Conforme o art. 16, §6º, do regulamento 
da Previdência Social - Decreto nº 3.048/99, “união estável é aquela configurada na 
convivência pública, contínua e duradoura entre o homem e a mulher, estabelecida com 
intenção de constituição de família, observado o § 1º do art. 1.723 do Código Civil de 
2002”.
11
 
 Destarte, importante trazer a baila os artigos do Código Civil
12
 que versam sobre a 
união estável: 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, 
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de 
constituição de família. 
§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se 
aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou 
judicialmente. 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra 
o seu consorte. 
 
11
 VIANNA, op. cit. p. 438-439. 
12
 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 
DF. 11 jan. 2002. p. 1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso 
em: 09 abril. 2017. 
8 
 
 
Além do mais, a Constituição Federal em seu artigo 226, §3º, também trata da união 
estável: “§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem 
e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”. 
Assim, da mera interpretação literal dos dispositivos legais invocados, conclui-se que 
quando uma das partes está na constância do casamento não se configura o instituto da união 
estável com outra pessoa. 
A lei de benefícios da previdência ainda garante excepcionalmente, conforme artigo 
76, §2º, o direito ao cônjuge divorciado ou separado do segurado falecido ao recebimento de 
pensão por morte em rateio com a companheira e demais dependentes de primeira classe, na 
hipótese de estar recebendo pensão alimentícia ou até mesmo que venha a necessitar de 
alimentos após o óbito, conforme a jurisprudência pátria dominante. 
Art. 76. A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação de outro 
possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em exclusão ou 
inclusão de dependente só produzirá efeito a contar da data da inscrição ou habilitação. 
§ 1º O cônjuge ausente não exclui do direito à pensão por morte o companheiro ou a 
companheira, que somente fará jus ao benefício a partir da data de sua habilitação e mediante 
prova de dependência econômica. 
§ 2º O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão de 
alimentos concorrerá em igualdade de condições com os dependentes referidos no inciso I do 
art. 16 desta Lei. 
 
Neste sentido, é a súmula do STJ de número 336: 
A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão 
previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente.
13
 
 
Desta forma, no caso de um segurado ser casado no papel com uma pessoa, mas estar 
separado de fato e convivendo em união estável com outra pessoa, as duas terão direito ao 
benefício de pensão por morte rateado de forma igual. 
 
3.1. Situação de Concubinato. 
 
13
 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 336. Disponível em: 
<https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2012_28_capSumula336.pdf>. 
Acesso em: 09 abril. 2017. 
9 
 
Por outro lado, com uma interpretação exegética de tais dispositivos legais, depreende-
se que se o segurado for casado e não separado de fato, mas possuir outro relacionamento 
duradouro, esse seria um concubinato impuro e não uma uniãoestável, portanto não passível 
de gerar direitos à concubina.
14
 
O Código Civil define o instituto jurídico do concubinato em seu artigo 1.727, 
distinguindo da união estável. 
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, 
constituem concubinato. 
Cabe destacarmos o comentário do doutrinador CARVALHO FILHO sobre o 
concubinato mencionado neste artigo: 
Este artigo define concubinato e tem por finalidade deixar clara a diferença entre ele e a união 
estável. O concubinato definido no artigo corresponde ao concubinato impuro ou adulterino (o 
puro é a união estável), que se caracteriza pela clandestinidade e deslealdade do 
relacionamento, não eventual, daquelas pessoas de sexos diferentes que estão impedidas de se 
casar e, portanto, de constituir família. Da conjugação do texto deste artigo com aquele do art. 
1.523, §1º, pode-se concluir que estas pessoas impedidas de se casar são, na verdade, as já 
casadas, pois, assim não fosse, aquelas separadas de fato ou separadas judicialmente, que ainda 
não podem casar-se novamente, porque dependentes do divórcio, não estariam autorizadas a 
manter outra relação não eventual – união estável -, praticando o concubinato tratado no 
dispositivo. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que não há como ser conferido status de 
união estável a relação concubinária concomitante a casamento válido. O concubinato não gera 
os direitos e deveres nem produz os efeitos da união estável. Poderá, todavia, produzir outros 
efeitos. O concubino não tem direito a alimentos – o art. 1.694 limita esse direito aos parentes, 
cônjuges e companheiros -, mas poderá pleitear em juízo direito ao patrimônio adquirido com 
esforço comum, além de indenização pelos serviços domésticos prestados, como já admitiu o 
Superior Tribunal de Justiça. Segundo Rodrigo Toscano de Brito, existem duas teses a respeito 
da disputa patrimonial em casos de relacionamentos coexistentes decorrentes de um casamento 
e uma relação concubinária paralela. A primeira sustenta que devam ser aplicadas as regras 
pertinentes ao regime de bens do casamento para a união oficial, que é decorrente do direito de 
família, aplicando-se as normas relativas à sociedade de fato, do direito das obrigações, à 
relação dita concubinária. A outra corrente dispõe que também o relacionamento paralelo – 
concubinato – deva ser considerado entidade familiar e, portanto, estar protegido pelas regras 
de direito de família, com fundamento nos princípios que atualmente o orientam: da dignidade 
da pessoa humana, da afetividade, da pluralidade das formas de família, eudemonista, e, ainda, 
da boa-fé objetiva. Dentro desta mesma linha, há quem entenda reconhecer iguais direitos ao 
cônjuge e ao concubino, analisando-se se houve afronta à boa-fé e à dignidade da pessoa 
humana, a partir da existência ou não de deslealdade entre os cônjuges.
15 
 
Neste sentido, compete expor jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: 
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONCUBINATO. 
RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO. ART. 6º, § 1º, DA LICC. AUSÊNCIA DE 
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA N. 7 DO STJ. INAPLICABILIDADE. PARTILHA DE 
 
14
 VIEIRA, Paulo de Tarso Souza de Gouvêa. A cobertura previdenciária da concubina no regime geral de 
previdência social. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 100, maio 2012. Disponível em: 
<http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11555>. Acesso em: 09 
abril. 2017. 
15
 CARVALHO FILHO, Milton Paulo. Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência: coordenador 
Cezar Peluso. 3ª ed. Barueri, SP: Manole, 2009. p. 1940-1941. 
10 
 
BENS. CONTRIBUIÇÃO INDIRETA. LEI N. 9.278/96. NÃO-INCIDÊNCIA. 
PERCENTUAL COMPATÍVEL. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E 
PROPORCIONALIDADE. PRECEDENTES DO STJ. 1. É inviável o conhecimento de 
suposta ofensa a norma infraconstitucional se não houve prequestionamento nem a oposição de 
embargos declaratórios para provocar o seu exame pelo Tribunal de origem. 2. Afasta-se o 
óbice da Súmula n. 7 do STJ quando não se está a perquirir as circunstâncias fáticas do feito, 
mas tão-somente saber se a maternidade, criação e formação dos filhos pela concubina, bem 
como a dedicação por ela proporcionada ao réu para o exercício de suas atividades – como 
reconhecidamente albergado no aresto de origem –, mostram-se aptas, bastantes por si sós, para 
embasar a meação dos bens arrolados na peça preambular. 3. Demonstrado no acórdão 
recorrido, de forma inconteste, que a contribuição da concubina-autora para formação do 
patrimônio comum dos conviventes ocorreu de forma indireta, impõe-se o afastamento da 
meação, por sucumbir frente à prevalência da partilha dos bens que, a par das circunstâncias 
dos autos, não há que ser em partes iguais. 4. Inaplicabilidade, ainda que por analogia, das 
disposições prescritas na Lei n. 9.278/96. 5. Incidência de normas legais e orientações 
jurisprudenciais que versam sobre concubinato, especialmente a Lei n. 8.971/94 e a Súmula n. 
380 do Supremo Tribunal Federal, delimitando que a atribuição à companheira ou ao 
companheiro de metade do patrimônio vincula-se diretamente ao esforço comum, consagrado 
na contribuição direta para o acréscimo ou a aquisição de bens mediante o aporte de recursos 
ou força de trabalho. 6. Levando-se em conta a moderação e o bom senso recomendados para a 
hipótese em apreço, o arbitramento, no percentual de 40% (quarenta por cento) sobre o valor 
dos bens adquiridos na constância do concubinato e apurados na instância ordinária, apresenta-
se compatível com o caso em apreço, por encontrar amparo nos sempre requeridos critérios de 
razoabilidade e proporcionalidade. 7. Recurso especial conhecido e parcialmente provido (STJ 
- REsp: 914811 SP 2007/0002867-6, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de 
Julgamento: 27/08/2008, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: --> DJe 21/11/2008, -
-> DJe 21/11/2008) 
16
 
 
Todavia, a legislação previdenciária não traz nenhuma regra que tutele as situações 
existentes de mais de uma relação de companheirismo concomitante. A legislação 
infraconstitucional nos indica que o concubinato impuro não gera direito aos companheiros 
em concubinato, em especial na seara previdenciária, cujos dependentes se resumem aos 
taxativamente relacionados no artigo 16 da Lei 8.213/91.
17
 
É notório, que muitos homens casados possuem outro relacionamento, muitas vezes 
mantêm uma relação estável, duradoura e pública com outra mulher, com ela tendo filhos e 
criando-os, simultaneamente ao seu casamento formal. Observa-se que é corriqueira a 
situação de segurados que viajam muito a trabalho e escondem da esposa e da concubina a 
existência da outra família. Também há casos em que o homem omite por algum tempo e, 
posteriormente, quando a situação vem à tona, ele consegue persuadir as duas mulheres a 
aceitarem a existência uma da outra. Ou ainda, o caso do segurado prometer e iludir a 
 
16
 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 914811 SP 2007/0002867-6. Segunda Seção, 
Relatora Ministra Nancy Andrighi. DE 21 nov. 2008. Disponível em: 
<https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2049599/recurso-especial-resp-914811/inteiro-teor-12228467> 
Acesso em: 09 abril. 2017. 
17
 BARBOSA FILHO, Nilson Rodrigues. A pensão por morte em concubinatos de longa duração na 
jurisprudência. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 19, n. 4058, 11 ago. 2014. Disponível 
em: <https://jus.com.br/artigos/29143>. Acesso em: 9 abril. 2017. 
11 
 
concubina de que irá largar a outra família, e assim, ir levando os dois relacionamentos 
simultaneamente. O grave problema é o fato de que o segurado, nesses casos, mantém duas 
unidades familiares que necessitarão de amparo previdenciário na hipótese de sua morte e osistema previdenciário ainda não protege tal hipótese.
18
 
Estes casos, que não são regulados normativamente, podem causar um grande 
problema de ordem social, pois quando o segurado que mantinha o sustento da família vem a 
óbito a concubina acaba ficando desamparada economicamente. Esta situação faz crescer a 
demanda judicial previdenciária em muito e os tribunais não tem posição pacífica sobre o 
tema, agravando o desamparo destas pessoas que dependiam de seus companheiros para obter 
seu sustento. 
 
4. Jurisprudência contrária ao rateio da pensão entre cônjuge e concubina. 
Verifica-se que há vários julgados que decidiram pela impossibilidade de rateio da 
pensão entre esposa e concubina. Sendo que o fundamento jurídico tomado por essa vertente 
jurisprudencial é, essencialmente, o de que legislação brasileira não permite união estável 
entre companheiros impedidos de casar, assim, deixando desamparados os companheiros que 
vivem em concubinato.
19
 
Salienta-se que o STF se manifestou contrário à possibilidade de divisão da pensão por 
morte entre concubina e esposa. Em sua decisão se manteve preso à distinção entre os 
conceitos de companheirismo e concubinato. 
COMPANHEIRA E CONCUBINA - DISTINÇÃO. Sendo o Direito uma verdadeira ciência, 
impossível é confundir institutos, expressões e vocábulos, sob pena de prevalecer a babel. 
UNIÃO ESTÁVEL - PROTEÇÃO DO ESTADO. A proteção do Estado à união estável 
alcança apenas as situações legítimas e nestas não está incluído o concubinato. PENSÃO - 
SERVIDOR PÚBLICO - MULHER - CONCUBINA - DIREITO. A titularidade da pensão 
decorrente do falecimento de servidor público pressupõe vínculo agasalhado pelo ordenamento 
jurídico, mostrando-se impróprio o implemento de divisão a beneficiar, em detrimento da 
família, a concubina. (STF - RE: 397762 BA, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de 
Julgamento: 03/06/2008, Primeira Turma, Data de Publicação: "caDJe-172 DIVULG 11-09-
2008 PUBLIC 12-09-2008 EMENT VOL-02332-03 PP-00611 RDDP n. 69, 2008, p. 149-162 
RSJADV mar., 2009, p. 48-58)
20
 
 
 
 
18
 VIEIRA, op. cit. 
19
 VIEIRA, op. cit. 
20
 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 397762 BA. Primeira Turma, Relator Min. 
Marco Aurélio. DE 11 set. 2008. Disponível em: <https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2918741/recurso-
extraordinario-re-397762-ba/inteiro-teor-101175791> Acesso em 09 abril. 2017. 
12 
 
VIANNA concorda com o posicionamento do STF, que segue a disposição legal de 
que não é possível se configurar união estável quando uma pessoa já é casada. 
O argumento de que a união estável pressupõe possibilidade de conversão em casamento, 
conforme, aliás, expressamente disposto no art. 1.726 do Código Civil, aliado ao impedimento 
previsto no art. 1.521, VI, do mesmo Codex, qual seja, a proibição de pessoas casadas 
novamente casarem, nos leva a acompanhar a posição do Supremo Tribunal Federal.
21
 
 
O STJ acompanhou o posicionamento do STF, não possibilitando a concubina de 
receber sua cota na pensão por morte, fundamentando que tal situação não se amolda ao 
previsto na legislação previdenciária. 
PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. COMPARTILHAMENTO DA PENSÃO 
ENTRE A VIÚVA E CONCUBINA. IMPOSSIBILIDADE. CONCOMITÂNCIA ENTRE 
CASAMENTO E CONCUBINATO ADULTERINO IMPEDE A CONSTITUIÇÃO DE 
UNIÃO ESTÁVEL, PARA FINS PREVIDENCIÁRIOS. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 
1. Para fins previdenciários, há união estável na hipótese em que a relação seja constituída 
entre pessoas solteiras, ou separadas de fato ou judicialmente, ou viúvas, e que convivam como 
entidade familiar, ainda que não sob o mesmo teto. 2. As situações de concomitância, isto é, 
em que há simultânea relação matrimonial e de concubinato, por não se amoldarem ao modelo 
estabelecido pela legislação previdenciária, não são capazes de ensejar união estável, razão 
pela qual apenas a viúva tem direito à pensão por morte. 3. Recurso especial provido (STJ - 
REsp: 1104316 RS 2008/0238547-7, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS 
MOURA, Data de Julgamento: 28/04/2009, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: 
20090518 --> DJe 18/05/2009)
22
 
 
 Ainda, é possível ver tal entendimento no âmbito dos Tribunais Federais, como no 
julgado do Tribunal Regional Federal da 1ª Região: 
PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. CONCUBINA. RELACIONAMENTO NA 
CONSTÂNCIA DO CASAMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DO 
BENEFÍCIO. PRECEDENTES. 1. A pensão por morte será devida ao conjunto dos 
dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, entre eles, nos termos do art. 16, da 
Lei 8.213/91, a companheira. 2. Ausência de demonstração da separação de fato, uma vez que 
o segurado era casado, e não há prova cabal de que tenha se separado judicialmente de sua 
esposa. 3. As provas documentais produzidas pela autora somente demonstram a dependência 
dela com relação ao de cujus e a existência de um relacionamento amoroso duradouro, que não 
são suficientes para afastar a presunção de mantença do casamento e o direito à percepção do 
benefício pela ex-esposa. 4. O reconhecimento da união estável exige que ambos (segurado e 
companheira) sejam solteiros, separados de fato ou judicialmente, divorciados ou viúvos, além 
de conviverem em uma entidade familiar, ainda que não sob o mesmo teto. Assim, estão 
excluídas as situações de concomitância, de simultaneidade de relação marital e de 
concubinato, como a da hipótese em questão (, 17/03/2009; AgRg no REsp 1.016.574-SC, 
3/3/2009, REsp 362.743-PB, DJ 11/10/2004 e AgRg no REsp 628.937-RJ, DJ 27/3/2006.). 5. 
Não há que se falar em convolação do concubinato em união estável, em momento posterior ao 
óbito, uma vez que o próprio falecido não demonstrou essa vontade em vida. 6. Apelação a que 
 
21
 VIANNA, op. cit. p. 441. 
22
 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 1104316 RS 2008/0238547-7. Sexta Turma, Relatora 
Ministra Maria Thereza de Assis Moura. DE 18 maio 2009. Disponível em: 
<https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/4137223/recurso-especial-resp-1104316-rs-2008-0238547-7/inteiro-
teor-12213033> Acesso em: 09 abril 2017. 
13 
 
se nega provimento. (TRF1, AC 200538090014848, Candido Moraes, 2ª Turma, e-DJF1 
22/05/2014)
23
 
 
 O posicionamento exegético do STF, que não permitia a concessão de pensão por 
morte a cônjuge concubina, por não enquadrar como companheiro a pessoa que é impedida de 
casar e vive em união afetiva, influenciou até mesmo a Turma Nacional de Uniformização de 
Jurisprudência da Justiça Federal, como segue abaixo. 
 
PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. RATEIO ENTRE ESPOSA E CONCUBINA. 
IMPOSSIBILIDADE. RELAÇÃO EXTRACONJUGAL PARALELA AO CASAMENTO. 
AUSÊNCIA DE UNIÃO ESTÁVEL. INCIDENTE PROVIDO. 1. Não caracteriza união 
estável a relação afetiva extraconjugal, paralela ao casamento, pois nesse caso há impedimento 
à dissolução do casamento pelo divórcio. Hipótese distinta consiste na relação afetiva 
estabelecida pelo cônjuge separado de fato ou de direito, imbuída de affectio maritalis, i. e., 
com intuito de constituir entidade familiar. 2. O concurso entre esposa e companheira para o 
recebimento de pensão por morte só é possível na hipótese de “cônjuge divorciado ou separado 
judicialmente ou de fato que recebia pensão de alimentos”, nos termos do art. 76, § 2º, da Lei 
nº 8.213/91. Do contrário, não sendo o cônjuge separado de fato ou de direito não há que se 
falar em relação de companheirismo, mas de concubinato, que não enseja o direito à pensão 
previdenciária.4. Incidente de uniformização acolhido, com a determinação de devolução dos 
recursos com mesmo objeto às Turmas de origem a fim de que, nos termos do art. 15, §§ 1º e 
3º, do RI/TNU, mantenham ou promovam a adequação da decisão recorrida. (TNU - 
PEDILEF: 200872950013668 SC, Relator: JUÍZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOSLEMOS FERNANDES, Data de Julgamento: 11/10/2011, Data de Publicação: DOU 
28/10/2011)
24
 
 
5. Jurisprudência favorável ao rateio da pensão entre cônjuge e concubina. 
Por outro lado, grande parte da doutrina e jurisprudência defende que, em 
determinadas ocasiões, a interpretação literal da lei deve ceder à hermenêutica que abrange 
princípios constitucionais para proteger de forma adequada os casos concretos que estão à 
margem da previdência, de maneira que não fiquem desamparados os dependentes 
provenientes de concubinatos de longa duração, decorrentes de relacionamentos afetivos 
públicos entre pessoas com impedimento legal para casar.
25
 
Anteriormente ao posicionamento do STF, existiam julgados que previam a 
possibilidade da divisão da pensão por morte entre a esposa e a concubina. Como a súmula do 
extinto Tribunal Federal de Recursos: 
 
23
 BRASIL. Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Apelação Cível 200538090014848. Segunda Turma, 
Relator Candido Moraes. DE 22 maio 2014. Disponível em: 
<http://arquivo.trf1.gov.br/AGText/2005/0001400/00014817620054013809_3.doc> Acesso em: 09 abril 2017. 
24
 BRASIL. Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. Pedido de Uniformização de 
Interpretação de Lei Federal 200872950013669 SC. Relatora Juíza Federal Simone dos Santos Lemos 
Fernandes. DE 28 out. 2011. Disponível em: <https://tnu.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/20876116/pedido-de-
uniformizacao-de-interpretacao-de-lei-federal-pedilef-200872950013668-sc-tnu> Acesso em: 09 abril 2017. 
25
 BARBOSA FILHO, op. cit. 
14 
 
SÚMULA Nº 159 - TFR - DJ DE 13/06/1984 - Enunciado: É legitima a divisão da pensão 
previdenciária entre a esposa e a companheira, atendidos os requisitos exigidos.
26
 
 
Verifica-se que a jurisprudência pátria já teve outros precedentes no sentido de 
conceder a pensão por morte também aos companheiros em regime de concubinato. 
PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE – CONCUBINA. 1 - A 
definição de concubinato, para fins de proteção previdenciária (art. 16, § 3º, da Lei nº 
8.213/91), é mais abrangente que o conceito delineado na legislação civil, uma vez que a 
inexistência de impedimentos matrimoniais somente se impõe ao dependente, e não ao 
segurado. 2 – Reconhecimento de efeitos previdenciários à situação do concubinato 
demonstrado nos autos, não sendo impedimento, para tanto, a existência simultânea de esposa. 
3 - Ostentando a condição de companheira, milita em favor da Autora a presunção de 
dependência econômica prevista no § 4º, do art. 16, da Lei nº 8.213/9, que não é elidida pelo 
decurso de longo prazo entre o passamento do segurado e o requerimento, judicial, da pensão, 
uma vez que o liame da subordinação econômica deve ser aferido no momento da ocorrência 
do risco social, quando a requerente reuniu todos os pressupostos de aquisição do direito. 4 – 
Apelação provida. (TRF2, AC 2002.02010272335/RJ, Poul Dyrlund, 6ª T., m., DJ 1.4.03).
27
 
 
Inclusive o STJ já havia possibilitado a partilha da pensão entre a viúva e a concubina 
em 2005: 
RECURSO ESPECIAL. PENSÃO PREVIDENCIÁRIA. PARTILHA DA PENSÃO ENTRE 
A VIÚVA E A CONCUBINA. COEXISTÊNCIA DE VÍNCULO CONJUGAL E A NÃO 
SEPARAÇÃO DE FATO DA ESPOSA. CONCUBINATO IMPURO DE LONGA 
DURAÇÃO. "Circunstâncias especiais reconhecidas em juízo". Possibilidade de geração de 
direitos e obrigações, máxime, no plano da assistência social. Acórdão recorrido não deliberou 
à luz dos preceitos legais invocados. Recurso especial não conhecido. (STJ - REsp: 742685 RJ 
2005/0062201-1, Relator: Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, Data de Julgamento: 
04/08/2005, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 05/09/2005 p. 484 RDTJRJ 
vol. 71 p. 121)
28
 
 
 Também há posicionamentos mais recentes do Tribunal Federal da 4ª Região no 
sentido favorável ao rateio da pensão: 
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CONSTITUCIONAL. PENSÃO POR MORTE. RATEIO. 
ESPOSA E CONCUBINA. POSSIBILIDADE. HIPÓTESE CONFIGURADA. 
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. MANUTENÇÃO. 1. A concepção acerca da família, é 
consabido, sofreu significantes variações ao longo dos tempos, tendo sido moldada conforme 
os anseios de cada época. Neste processo evolutivo, algumas de suas características foram 
preservadas, outras, por não se adequarem mais à realidade social, restaram superadas. Tal 
 
26
 BRASIL. Tribunal Federal de Recursos. Súmula nº 159. Disponível em: 
<http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/75/TFR/159.htm>. Acesso em: 09 abril 2017. 
27
 BRASIL. Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Apelação Cível 2002.02010272335/RJ. Sexta Turma, 
Relator Poul Dyrlund. DE 01 abril. 2003. Disponível em: 
<http://jurisprudencia.trf2.jus.br/sm/download?name=apolo-inteiro-
teor&id=2003,04,01,00272330920024020000_93673.pdf>. Acesso em: 09 abril 2017. 
28
 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 742685 RJ 2005/0062201-1. Quinta Turma, Relator 
Ministro José Arnaldo da Fonseca. DE 05 set. 2005. Disponível em: 
<https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7203146/recurso-especial-resp-742685-rj-2005-0062201-1/inteiro-
teor-12951698>. Acesso em: 09 abril 2017. 
15 
 
processo de adaptação resultou no que hoje se entende por família. 2. Etapa importante do 
referido processo evolutivo ao qual a família vem se submetendo encontrou eco e reprodução 
no mundo jurídico, impondo sua representação na Constituição Federal de 1988, cujas 
inovações conferiram status de família à união estável e aos núcleos monoparentais, pondo-se, 
desta forma, fim ao conceito "matrimonializado" de família (art. 226 e §§ da CF/88). Neste 
diapasão, a afetividade, consubstanciada com a estabilidade (relacionamentos duradouros, o 
que exclui os envolvimentos ocasionais) e a ostentabilidade (apresentação pública como 
unidade familiar) passa a servir de lastro para a conceituação da família contemporânea. 3. Na 
atualidade, a família tem sido alvo de profundas reflexões, as quais vêm resultando em 
modificações no modo de pensá-la e defini-la. Não se trata de questionar a instituição familiar 
em si, mas sim a forma que adquiriu como resultado do processo histórico que desembocou nos 
padrões sociais atuais. 4. Com a imposição legal da igualdade entre homens e mulheres, bem 
como em virtude da necessidade de proteção à dignidade da pessoa humana, constatou-se a 
relevância de se adequar o conceito do modelo familiar, já não mais nos moldes tradicionais. A 
reformulação jurídica do conceito de família, desta forma, é mero reflexo das inovações 
ocorridas no cenário social. 5. O momento atual, no que concerne ao modelo familiar, é de 
transição. Busca-se consolidar um novo formato a ser conferido à família, tendo o ordenamento 
jurídico pátrio passado a sofrer alterações significativas, a fim de se adequar aos novos anseios 
da sociedade. Neste sentido, a CF/88 representou um marco evolutivo nesse processo de 
adaptação, ampliando o conceito de família e passando a servir de norte para todas as normas 
infraconstitucionais. 6. A admissão de outros modelos familiares que não o lastreado no 
casamento é resultado da alteração da base ideológica de sustentação da família. Procura-se 
hoje considerar a presença do vínculo afetivo e protetivo como fator determinante para a 
enumeração dos núcleos familiares. Admitida a afetividade como elemento essencial dos 
vínculos familiares, aqui vista também como a intenção de proteção mútua, resta saber até que 
ponto os relacionamentos humanos nos quais tal sentimento esteja presente podem vir a ser 
rotulados de família, sendo, consequentemente, abarcados pelas normas jurídicas que tutelam 
os indivíduos que a constituem. 7. Entende-se por concubinato puro a modalidade de 
envolvimento afetivo, entre homem e mulher, que obedeça os ditames sociais. Trata-se de 
verdadeiro casamento não oficializado, uma vez que atendea todas as condições impostas à 
sua celebração e os envolvidos se comportam como se casados fossem, lhes faltando apenas o 
reconhecimento estatal. Já o concubinato impuro, por sua vez, refere-se a todo e qualquer 
envolvimento afetivo que se estabeleça em afronta às condições impostas ao casamento, 
condições estas materializadas nos impedimentos matrimoniais. 8. A princípio, dentro do 
quadro evolutivo jurídico, marcado pela valorização do afeto e superação de formalismos, 
parece ter sido preservada a vigência do princípio jurídico da monogamia. Isto porque não se 
pode olvidar que o modelo monogâmico ainda é o que melhor atende às aspirações da 
sociedade contemporânea, garantindo a estabilidade necessária à educação da prole e ao 
desenvolvimento do homem na qualidade de agente econômico, político e social. 9. Nessa 
linha de raciocínio, o reconhecimento de direitos previdenciários decorrentes de concubinato 
impuro depende de uma série de requisitos que demonstrem cabalmente a existência de dois 
relacionamentos (casamento e concubinato) que em praticamente tudo se assemelhem, faltando 
ao segundo tão-somente o reconhecimento formal. Deve ser levado o efetivo "ânimo" de 
constituição de uma unidade familiar para fins de proteção mútua e estatal, com suas 
respectivas variáveis, tais como eventual dependência econômica, tempo de duração da união, 
existência de filhos, etc. Do contrário, deve prevalecer o interesse da família legalmente 
constituída. 10. Na hipótese dos autos, correta a sentença que determinou o rateio da pensão 
entre esposa e concubina, eis que restou demonstrado pela autora que seu relacionamento 
duradouro com o de cujus se revestia dos requisitos necessários para a caracterização da união 
estável constitucionalmente protegida. 11. Atendidos os pressupostos do art. 273 do CPC - a 
verossimilhança do direito alegado e o fundado receio de dano irreparável -, é de ser mantida a 
antecipação da tutela deferida na sentença. (TRF4, AC 0000316-54.2011.404.9999, SEXTA 
TURMA, Relator JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, D.E. 31/01/2012).
29
 
 
 
29
 BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Apelação Cível 0000316-54.2011.404.9999. Sexta Turma, 
Relator João Batista Pinto Silveira. DE 31 jan. 2012. Disponível em: 
<http://jurisprudencia.trf4.jus.br/pesquisa/citacao.php?doc=TRF402320766>. Acesso em: 09 abril 2017. 
16 
 
PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. RATEIO ENTRE ESPOSA E CONCUBINA. 
POSSIBILIDADE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. COMPROVAÇÃO. CUSTAS. 
ISENÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. 1. Inconteste a qualidade de 
segurado do instituidor da pensão, presumida a dependência econômica da esposa e 
demonstrada a união estável entre a concubina e o de cujus, é de ser mantida a sentença que 
determinou que o benefício seja rateado entre todos em parte iguais, desde a DER. 2.Correção 
monetária pelo INPC e juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação e, a partir de julho de 
2009, juros e correção nos termos da Lei nº 11.960/2009. 3. O INSS é isento do pagamento das 
custas na Justiça Estadual do Rio Grande do Sul, devendo, contudo, pagar eventuais despesas 
processuais, como as relacionadas a correio, publicação de editais e condução de oficiais de 
justiça. (TRF-4 - APELREEX: 161566520154049999 RS 0016156-65.2015.404.9999, Relator: 
JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, Data de Julgamento: 04/05/2016, SEXTA TURMA).
30
 
 
Percebe-se que a jurisprudência está acompanhando os anseios da sociedade por 
mudanças quanto aos modelos estigmatizados de núcleos familiares, pois se busca hoje uma 
estrutura que considere a presença do vínculo afetivo e protetivo como fator determinante 
para a enumeração dos núcleos familiares, não mais atrelado apenas aos formalismos da lei 
matrimonialista. 
 Verifica-se que estas jurisprudências vêm protegendo as relações de concubinato 
impuro, mas desde que haja na relação o efetivo "ânimo" de constituição de uma unidade 
familiar para fins de proteção mútua, eventual dependência econômica, longa duração da 
união, existência de filhos, etc, ainda que não reconhecida formalmente pelo Estado. 
Os Juízes Federais ROCHA e BALTAZAR JÚNIOR têm opinião de que o conceito de 
“companheiro” que é mencionado no art. 201, inciso V, da Constituição, como detentor do 
direito à pensão por morte, tem uma abrangência maior do que apenas o conceito de união 
estável. E afirmam que: “Para o direito previdenciário, não importa se havia ou não 
impedimentos para obstar a conversão da união entre duas pessoas em casamento, mas se 
havia uma identidade de propósitos afetiva e econômica duradoura”.
31
 
 Ainda, os doutrinadores CASTRO e LAZZARI aduzem que: 
Nos casos em que o cônjuge falecido mantinha, ao mesmo tempo, relação conjugal e em 
concubinato, deve ser avaliado o conjunto probatório para verificar se a(o) requerente viveu e 
dependeu do(a) segurado(a) até o falecimento deste(a). Restando demonstrada a situação de 
concubinato, esta deve ser reconhecida para fins previdenciários, não sendo impedimento para 
tanto a existência simultânea de esposa(o).
32
 
 
 
30
 BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Apelação/Reexame Necessário 0016156-65.2015.404.9999. 
Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira. DE 04 maio 2016. Disponível em: 
<http://jurisprudencia.trf4.jus.br/pesquisa/citacao.php?doc=TRF411468460>. Acesso em: 09 abril 2017. 
31
 ROCHA e BALTAZAR JÚNIOR, op. cit. p. 113. 
32
 CASTRO e LAZZARI, op. cit. p. 827-828. 
17 
 
5.1. Precedente do reconhecimento da união estável homoafetiva. 
Destaca-se, que além de todos os fundamentos que já vem sendo invocados para 
garantir o direito às concubinas dependentes a dividir a pensão com a outra família do 
segurado, é importante mencionar que o julgamento que possibilitou o reconhecimento da 
união estável aos casais homoafetivos fez quedar os argumentos de interpretação exegética da 
lei, que afirmavam que a Constituição somente protegia o núcleo familiar passível de se 
converter em casamento (Lembra-se que hoje em dia é possível até mesmo o casamento entre 
pessoas do mesmo sexo, conforme Resolução do CNJ Nº 175 de 14/05/2013). 
Neste sentido, cabe trazer as excelentes jurisprudências que garantiram o 
reconhecimento da união estável aos casais homoafetivos e o direito à pensão por morte, 
inicialmente no TRF4, depois no STJ e finalmente no STF, estas que as ementas seguem 
abaixo, respectivamente. 
 
CABIMENTO. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE. ABRANGÊNCIA NACIONAL 
DA DECISÃO. HOMOSSEXUAIS. INSCRIÇÃO DE COMPANHEIROS COMO 
DEPENDENTES NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. 1. Possui legitimidade 
ativa o Ministério Público Federal em se tratando de ação civil pública que objetiva a proteção 
de interesses difusos e a defesa de direitos individuais homogêneos. 2. Às ações coletivas não 
se nega a possibilidade de declaração de inconstitucionalidade incidenter tantum, de lei ou ato 
normativo federal ou local. 3. A regra do art. 16 da Lei n.º 7.347/85 deve ser interpretada em 
sintonia com os preceitos contidos na Lei n.º 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), 
entendendo-se que os limites da competência territorial do órgão prolator, de que fala o 
referido dispositivo, não são aqueles fixados na regra de organização judiciária, mas sim, 
aqueles previstos no art. 93 do CDC. 4. Tratando-se de dano de âmbito nacional, a competência 
será do foro de qualquer das capitais ou do Distrito Federal, e a sentença produzirá os seus 
efeitos sobre toda a área prejudicada. 5. O princípio da dignidade humana veicula parâmetros 
essenciais que devem ser necessariamente observados por todos os órgãos estatais em suas 
respectivas esferas de atuação, atuando como elemento estrutural dos próprios direitos 
fundamentais assegurados na Constituição. 6. A exclusão dos benefícios previdenciários,em 
razão da orientação sexual, além de discriminatória, retira da proteção estatal pessoas que, por 
imperativo constitucional, deveriam encontrar-se por ela abrangidas. 7. Ventilar-se a 
possibilidade de desrespeito ou prejuízo a alguém, em função de sua orientação sexual, seria 
dispensar tratamento indigno ao ser humano. Não se pode, simplesmente, ignorar a condição 
pessoal do indivíduo, legitimamente constitutiva de sua identidade pessoal (na qual, sem 
sombra de dúvida, se inclui a orientação sexual), como se tal aspecto não tivesse relação com a 
dignidade humana. 8. As noções de casamento e amor vêm mudando ao longo da história 
ocidental, assumindo contornos e formas de manifestação e institucionalização plurívocos e 
multifacetados, que num movimento de transformação permanente colocam homens e 
mulheres em face de distintas possibilidades de materialização das trocas afetivas e sexuais. 9. 
A aceitação das uniões homossexuais é um fenômeno mundial - em alguns países de forma 
mais implícita - com o alargamento da compreensão do conceito de família dentro das regras já 
existentes; em outros de maneira explícita, com a modificação do ordenamento jurídico feita de 
modo a abarcar legalmente a união afetiva entre pessoas do mesmo sexo. 10. O Poder 
Judiciário não pode se fechar às transformações sociais, que, pela sua própria dinâmica, muitas 
vezes se antecipam às modificações legislativas. 11. Uma vez reconhecida, numa interpretação 
dos princípios norteadores da constituição pátria, a união entre homossexuais como possível de 
ser abarcada dentro do conceito de entidade familiar e afastados quaisquer impedimentos de 
natureza atuarial, deve a relação da Previdência para com os casais de mesmo sexo dar-se nos 
mesmos moldes das uniões estáveis entre heterossexuais, devendo ser exigido dos primeiros o 
18 
 
mesmo que se exige dos segundos para fins de comprovação do vínculo afetivo e dependência 
econômica presumida entre os casais (art. 16, I, da Lei n.º 8.213/91), quando do processamento 
dos pedidos de pensão por morte e auxílio-reclusão. (TRF-4 - AC: 9347 RS 
2000.71.00.009347-0, Relator: JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, Data de Julgamento: 
27/07/2005, SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJ 10/08/2005 PÁGINA: 809).
33
 
 
PROCESSO CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE UNIÃO HOMOAFETIVA. PRINCÍPIO 
DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. OFENSA NÃO CARACTERIZADA AO ARTIGO 
132, DO CPC. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. ARTIGOS 1º DA LEI 9.278/96 E 
1.723 E 1.724 DO CÓDIGO CIVIL. ALEGAÇÃO DE LACUNA LEGISLATIVA. 
POSSIBILIDADE DE EMPREGO DA ANALOGIA COMO MÉTODO INTEGRATIVO. 1. 
Não há ofensa ao princípio da identidade física do juiz, se a magistrada que presidiu a colheita 
antecipada das provas estava em gozo de férias, quando da prolação da sentença, máxime 
porque diferentes os pedidos contidos nas ações principal e cautelar. 2. O entendimento assente 
nesta Corte, quanto a possibilidade jurídica do pedido, corresponde a inexistência de vedação 
explícita no ordenamento jurídico para o ajuizamento da demanda proposta. 3. A despeito da 
controvérsia em relação à matéria de fundo, o fato é que, para a hipótese em apreço, onde se 
pretende a declaração de união homoafetiva, não existe vedação legal para o prosseguimento 
do feito. 4. Os dispositivos legais limitam-se a estabelecer a possibilidade de união estável 
entre homem e mulher, dês que preencham as condições impostas pela lei, quais sejam, 
convivência pública, duradoura e contínua, sem, contudo, proibir a união entre dois homens ou 
duas mulheres. Poderia o legislador, caso desejasse, utilizar expressão restritiva, de modo a 
impedir que a união entre pessoas de idêntico sexo ficasse definitivamente excluída da 
abrangência legal. Contudo, assim não procedeu. 5. É possível, portanto, que o magistrado de 
primeiro grau entenda existir lacuna legislativa, uma vez que a matéria, conquanto derive de 
situação fática conhecida de todos, ainda não foi expressamente regulada. 6. Ao julgador é 
vedado eximir-se de prestar jurisdição sob o argumento de ausência de previsão legal. Admite-
se, se for o caso, a integração mediante o uso da analogia, a fim de alcançar casos não 
expressamente contemplados, mas cuja essência coincida com outros tratados pelo legislador. 
5. Recurso especial conhecido e provido. (STJ - REsp: 820475 RJ 2006/0034525-4, Relator: 
Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Data de Julgamento: 02/09/2008, T4 - QUARTA 
TURMA, Data de Publicação: --> DJe 06/10/2008).
34
 
 
UNIÃO CIVIL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO - ALTA RELEVÂNCIA SOCIAL E 
JURÍDICO-CONSTITUCIONAL DA QUESTÃO PERTINENTE ÀS UNIÕES 
HOMOAFETIVAS - LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO RECONHECIMENTO E 
QUALIFICAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA COMO ENTIDADE 
FAMILIAR: POSIÇÃO CONSAGRADA NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL (ADPF 132/RJ E ADI 4.277/DF) - O AFETO COMO VALOR 
JURÍDICO IMPREGNADO DE NATUREZA CONSTITUCIONAL: A VALORIZAÇÃO 
DESSE NOVO PARADIGMA COMO NÚCLEO CONFORMADOR DO CONCEITO DE 
FAMÍLIA - O DIREITO À BUSCA DA FELICIDADE, VERDADEIRO POSTULADO 
CONSTITUCIONAL IMPLÍCITO E EXPRESSÃO DE UMA IDÉIA-FORÇA QUE DERIVA 
DO PRINCÍPIO DA ESSENCIAL DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - ALGUNS 
PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DA SUPREMA CORTE 
AMERICANA SOBRE O DIREITO FUNDAMENTAL À BUSCA DA FELICIDADE - 
PRINCÍPIOS DE YOGYAKARTA (2006): DIREITO DE QUALQUER PESSOA DE 
CONSTITUIR FAMÍLIA, INDEPENDENTEMENTE DE SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL 
OU IDENTIDADE DE GÊNERO - DIREITO DO COMPANHEIRO, NA UNIÃO ESTÁVEL 
HOMOAFETIVA, À PERCEPÇÃO DO BENEFÍCIO DA PENSÃO POR MORTE DE SEU 
 
33
 BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Apelação Cível 9347 RS 2000.71.00.009347-0. Sexta 
Turma, Relator João Batista Pinto Silveira. DE 27 jul. 2005. Disponível em: 
<http://jurisprudencia.trf4.jus.br/pesquisa/citacao.php?doc=TRF400109800>. Acesso em: 09 abril 2017. 
34
 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 820475 RJ 2006/0034525-4. Quarta Turma, Relator 
Ministro Antônio de Pádua Ribeiro. DE 06 out, 2008. Disponível em: 
<https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/849523/recurso-especial-resp-820475-rj-2006-0034525-4>. Acesso 
em: 09 abril 2017. 
19 
 
PARCEIRO, DESDE QUE OBSERVADOS OS REQUISITOS DO ART. 1.723 DO CÓDIGO 
CIVIL - O ART. 226, § 3º, DA LEI FUNDAMENTAL CONSTITUI TÍPICA NORMA DE 
INCLUSÃO - A FUNÇÃO CONTRAMAJORITÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL 
FEDERAL NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO - A PROTEÇÃO DAS 
MINORIAS ANALISADA NA PERSPECTIVA DE UMA CONCEPÇÃO MATERIAL DE 
DEMOCRACIA CONSTITUCIONAL - O DEVER CONSTITUCIONAL DO ESTADO DE 
IMPEDIR (E, ATÉ MESMO, DE PUNIR) “QUALQUER DISCRIMINAÇÃO 
ATENTATÓRIA DOS DIREITOS E LIBERDADES FUNDAMENTAIS” (CF, ART. 5º, 
XLI)- A FORÇA NORMATIVA DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E O 
FORTALECIMENTO DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: ELEMENTOS QUE 
COMPÕEM O MARÇO DOUTRINÁRIO QUE CONFERE SUPORTE TEÓRICO AO 
NEOCONSTITUCIONALISMO - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. NINGUÉM 
PODE SER PRIVADO DE SEUS DIREITOS EM RAZÃO DE SUA ORIENTAÇÃO 
SEXUAL . - Ninguém, absolutamente ninguém, pode ser privado de direitos nem sofrer 
quaisquer restrições de ordem jurídica por motivo de sua orientação sexual. Os homossexuais, 
por tal razão, têm direito de receber a igual proteção tanto das leis quanto do sistema político-
jurídico instituído pela Constituição da República, mostrando-se arbitrário e inaceitável 
qualquer estatuto que puna, que exclua, que discrimine, que fomente a intolerância, que 
estimule o desrespeito e que desiguale as pessoas em razão de sua orientação sexual. 
RECONHECIMENTO E QUALIFICAÇÃO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO 
ENTIDADE FAMILIAR . - O Supremo Tribunal Federal - apoiando-se em valiosa 
hermenêutica construtiva e invocando princípios essenciais (como os da dignidade da pessoa 
humana, da liberdade, da autodeterminação, da igualdade, do pluralismo, da intimidade, da não 
discriminação e dabusca da felicidade) - reconhece assistir, a qualquer pessoa, o direito 
fundamental à orientação sexual, havendo proclamado, por isso mesmo, a plena legitimidade 
ético-jurídica da união homoafetiva como entidade familiar, atribuindo-lhe, em conseqüência, 
verdadeiro estatuto de cidadania, em ordem a permitir que se extraiam, em favor de parceiros 
homossexuais, relevantes conseqüências no plano do Direito, notadamente no campo 
previdenciário, e, também, na esfera das relações sociais e familiares . - A extensão, às uniões 
homoafetivas, do mesmo regime jurídico aplicável à união estável entre pessoas de gênero 
distinto justifica-se e legitima-se pela direta incidência, dentre outros, dos princípios 
constitucionais da igualdade, da liberdade, da dignidade, da segurança jurídica e do postulado 
constitucional implícito que consagra o direito à busca da felicidade, os quais configuram, 
numa estrita dimensão que privilegia o sentido de inclusão decorrente da própria Constituição 
da República (art. 1º, III, e art. 3º, IV), fundamentos autônomos e suficientes aptos a conferir 
suporte legitimador à qualificação das conjugalidades entre pessoas do mesmo sexo como 
espécie do gênero entidade familiar . - Toda pessoa tem o direito fundamental de constituir 
família, independentemente de sua orientação sexual ou de identidade de gênero. A família 
resultante da união homoafetiva não pode sofrer discriminação, cabendo-lhe os mesmos 
direitos, prerrogativas, benefícios e obrigações que se mostrem acessíveis a parceiros de sexo 
distinto que integrem uniões heteroafetivas. A DIMENSÃO CONSTITUCIONAL DO AFETO 
COMO UM DOS FUNDAMENTOS DA FAMÍLIA MODERNA . - O reconhecimento do 
afeto como valor jurídico impregnado de natureza constitucional: um novo paradigma que 
informa e inspira a formulação do próprio conceito de família. Doutrina. DIGNIDADE DA 
PESSOA HUMANA E BUSCA DA FELICIDADE . - O postulado da dignidade da pessoa 
humana, que representa - considerada a centralidade desse princípio essencial (CF, art. 1º, III)- 
significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o 
ordenamento constitucional vigente em nosso País, traduz, de modo expressivo, um dos 
fundamentos em que se assenta, entre nós, a ordem republicana e democrática consagrada pelo 
sistema de direito constitucional positivo. Doutrina . - O princípio constitucional da busca da 
felicidade, que decorre, por implicitude, do núcleo de que se irradia o postulado da dignidade 
da pessoa humana, assume papel de extremo relevo no processo de afirmação, gozo e expansão 
dos direitos fundamentais, qualificando-se, em função de sua própria teleologia, como fator de 
neutralização de práticas ou de omissões lesivas cuja ocorrência possa comprometer, afetar ou, 
até mesmo, esterilizar direitos e franquias individuais . - Assiste, por isso mesmo, a todos, sem 
qualquer exclusão, o direito à busca da felicidade, verdadeiro postulado constitucional 
implícito, que se qualifica como expressão de uma idéia-força que deriva do princípio da 
essencial dignidade da pessoa humana. Precedentes do Supremo Tribunal Federal e da 
Suprema Corte americana. Positivação desse princípio no plano do direito comparado. A 
FUNÇÃO CONTRAMAJORITÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E A 
20 
 
PROTEÇÃO DAS MINORIAS . - A proteção das minorias e dos grupos vulneráveis qualifica-
se como fundamento imprescindível à plena legitimação material do Estado Democrático de 
Direito . - Incumbe, por isso mesmo, ao Supremo Tribunal Federal, em sua condição 
institucional de guarda da Constituição (o que lhe confere “o monopólio da última palavra” em 
matéria de interpretação constitucional), desempenhar função contramajoritária, em ordem a 
dispensar efetiva proteção às minorias contra eventuais excessos (ou omissões) da maioria, eis 
que ninguém se sobrepõe, nem mesmo os grupos majoritários, à autoridade hierárquico-
normativa e aos princípios superiores consagrados na Lei Fundamental do Estado. Precedentes. 
Doutrina. (STF - RE: 477554 MG, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 
16/08/2011, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-164 DIVULG 25-08-2011 PUBLIC 26-
08-2011 EMENT VOL-02574-02 PP-00287).
35
 
 
 Estas decisões avançaram da mera reprodução legal, e, exaltando o princípio 
constitucional da dignidade da pessoa humana, protegeram minorias que estavam 
desamparadas, ampliando o conceito de união estável para além daquele entre somente 
pessoas que possam vir a casar. 
 
 6. Repercussão geral no STF. 
Toda esta evolução jurisprudencial pode ter aberto um precedente para mudança de 
entendimento da Suprema Corte, pois já foi reconhecido o tema como causa de repercussão 
geral no âmbito do STF. 
A Questão constitucional levantada no Recurso Extraordinário (RE) 669465 sobre a 
possibilidade de concubinato de longa duração gerar efeitos previdenciários teve repercussão 
geral reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), conforme notícia veiculada no portal 
do STF.
36
 
 Assim, dispôs a notícia: 
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) interpôs o RE contra acórdão (decisão colegiada) 
da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo, que manteve a sentença 
que reconheceu direitos previdenciários à concubina de um segurado do INSS. De acordo com 
os autos, ela teve um filho com o beneficiário e com ele conviveu por mais de 20 anos, em 
união pública e notória, apesar de ser casado. A decisão recorrida determinou que a pensão por 
morte fosse rateada entre a concubina e viúva. 
O INSS alega violação ao artigo 226, parágrafo 3º, da Constituição Federal, ao sustentar que 
“não sendo possível reconhecer a união estável entre o falecido e a autora (concubina), diante 
da circunstância de o primeiro ter permanecido casado, vivendo com esposa até a morte, deve-
se menos ainda atribuir efeitos previdenciários ao concubinato impuro”. 
 
35
 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 477554 MG. Segunda Turma, Relator Ministro 
Celso de Mello. DE 26 ago. 2011. Disponível em: <https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22926636/recurso-
extraordinario-re-477554-mg-stf>. Acesso em: 09 abril 2017. 
36
 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Notícias STF - Efeitos previdenciários em concubinato de longa 
duração tem repercussão geral. Disponível em 
<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=203568>. Acesso em: 09 abril 2017. 
21 
 
Repercussão 
Para o relator do recurso, ministro Luiz Fux, “a matéria não é novidade nesta Corte, tendo sido 
apreciada algumas vezes nos órgãos fracionários, sem que possa, contudo, afirmar que se 
estabeleceu jurisprudência”, declarou. 
Em sua manifestação, o ministro-relator citou decisões do Supremo como, por exemplo, no RE 
590779, em que se destacou que “a titularidade decorrente do falecimento de servidor público 
pressupõe vínculo agasalhado pelo ordenamento jurídico, mostrando-se impróprio o 
implemento de divisão a beneficiar, em detrimento da família, a concubina”. 
Nesse sentido, o relator manifestou-se pela presença do requisito da repercussão geral. 
“Considero que a matéria possui repercussão geral, apta a atingir inúmeros casos que exsurgem 
na realidade social”, salientou o ministro. O entendimento foi confirmado pela Corte por meio 
de deliberação no Plenário Virtual. 
 
Desta forma, percebe-se uma tendência de mudança no entendimento do STF, que 
como Corte defensora da Constituição e das minorias, há de conectar sua jurisprudência aos 
anseios sociais e mudanças jurisprudenciais que reconhecem a necessidade de preservar a 
dignidade da pessoa humana com a proteção previdenciária de novos modelos familiares. 
 
6.1. Entendimentos doutrinários favoráveis à mudança do posicionamento do 
STF. 
 Ainda que na esfera dos Tribunais Federais persista um dissenso sobre a possibilidade 
ounão de ser rateada a pensão por morte entre concubina e viúva, a doutrina sempre trabalhou 
buscando avanços na proteção de direitos. 
Desta fonte o STF pode beber para buscar a inspiração para mudar seu posicionamento 
estritamente legal. 
Os doutrinadores ROCHA e BALTAZAR JÚNIOR buscam nos princípios da 
Constituição Federal os fundamentos para a garantia da devida proteção previdenciária, que 
protejam esta situação da segunda família do segurado que está desamparada: 
A CF, como centro unificador do direito público e do privado, consagra uma nova tábua de 
valores em matéria familiar nos seus arts. 226 a 230, exigindo que as disposições da Lei de 
Benefícios sejam interpretadas em sintonia com os seus preceitos, sem olvidar o disposto no 
seu Título I, consagrador dos princípios fundamentais, os quais reverenciam a dignidade da 
pessoa humana, a igualdade material e a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. 
Segundo Tepedino, no caso brasileiro, o legislador constituinte teria formulado, nesse Título I, 
uma verdadeira cláusula geral de tutela e promoção da dignidade da pessoa humana, como 
valor máximo do ordenamento (arts. 1º, III, 3º, III conjugados com o §2º do art. 5º), definindo 
uma nova ordem pública. 
A existência ou não daquilo que a lei chama de união estável, acreditamos que o mais correto 
seria entender esta expressão como companheirismo, será aferida pelo administrador ou pelo 
22 
 
Juiz diante do requerimento do interessado. A ideia, porém, é de reconhecimento do instituto 
diante de pessoas que vivam como se casadas fossem.
37 
 
No mesmo sentido, CANEGUSUCO apoia que é necessário dar amparo e 
operabilidade a certas situações não reguladas expressamente pela ordem jurídica, que as 
decisões que permitem a concessão da pensão por morte à concubina não estão 
desprestigiando a família em seu conceito tradicional e o casamento ou contemplando a 
bigamia. Pois, na realidade não estão permitindo que estas relações jurídicas fiquem 
marginalizadas do direito, prestigiando o sobreprincípio da dignidade da pessoa humana e 
da isonomia substancial, previstos constitucionalmente, e, que devem regular todo o 
ordenamento jurídico.
38
 
O Professor VIEIRA afirma que as normas previdenciárias tem de ser analisadas de 
forma mais ampla, sendo interpretadas a partir de seu aspecto finalístico e, de forma 
sistemática, em conjunto com os mandamentos constitucionais de proteção familiar: 
Assim, considerando-se que as normas previdenciárias têm fundamento histórico, lógico e 
finalístico na proteção do indivíduo em face dos infortúnios da vida, uma interpretação 
sistemática dessas em conjunto com as normas da Lei Civil e dos mandamentos constitucionais 
que protegem a família deve se sobrepor à mera intepretação literal, de forma que, em 
situações específicas em que o concubinato é marcado pela boa-fé de um dos parceiros, pela 
longa duração, publicidade, intenção de constituir uma família, filhos em comum, dependência 
econômica, dentre outras, deve-se reconhecer o direito da concubina ao recebimento de 
benefício previdenciário gerado pelo falecimento ou prisão do segurado, rateando-se a renda 
mensal entre ela, a esposa e demais dependentes que integram a primeira classe.
39
 
 
 A Procuradora Federal TSUTSUI também expõe que o direito deveria proteger as 
relações afetivas estáveis, duradouras e públicas, independentemente de formalidades legais. 
Pois, se na Constituição não é previsto a necessidade de casamento formal para estarem 
protegidas as famílias de fato, a Justiça não deve se apegar a este argumento de que pessoas 
impedidas de casar não podem viver em união estável, para afastar a proteção previdenciária a 
uma segunda família. Como segue em suas palavras: 
Contudo, a legislação deveria avançar para acompanhar a complexidade das relações sociais do 
mundo contemporâneo e proteger os relacionamentos estáveis, duradouros e públicos, que 
constituam uma família de fato, desde que devidamente comprovados, independentemente da 
origem dessas relações. 
 
37
 ROCHA e BALTAZAR JÚNIOR, op. cit. 113-114. 
38
 CANEGUSUCO, Miriam. Efeitos previdenciários em concubinato de longa duração. 12 abril 2014. 
Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI198993,41046-
Efeitos+previdenciarios+em+concubinato+de+longa+duracao>. Acesso em: 09 abril 2017. 
39
 VIEIRA, op. cit. 
23 
 
Se a Constituição Federal retirou o pressuposto de casamento para proteção de uma família de 
fato, o casamento também não deveria ser utilizado como argumento para afastar a proteção a 
uma segunda família. 
Tanto é verdade que, embora exista o crime de bigamia, caso haja duas uniões estáveis de fato, 
ambas serão protegidas pelo Direito. 
O preconceito referente ao concubinato deveria ser abandonado pelo ordenamento jurídico, sob 
todos os aspectos. Inclusive, sequer há o termo “concubino” no dicionário da Língua 
Portuguesa, mas somente concubina, o que denota sua origem retrógrada e preconceituosa. 
O dever de fidelidade já existe e moralmente deve ser respeitado, mas não garante a 
estabilidade da família. Muitas vezes surge uma segunda família de fato, e, desde que 
devidamente comprovado que também configure uma união estável, duradoura e pública, com 
objetivo de constituição de família, deveria ser objeto de proteção pelo Estado, 
independentemente da origem, o que, porém, ainda não ocorre no ordenamento vigente.
40
 
 
IBRAHIM afirma que na esfera do direito previdenciário, não cabe distinguir a união 
estável do concubinato, ou, se existe boa ou má-fé na segunda relação, haja vista que a lei não 
pode desconstituir os fatos, sob pena de ineficácia social. Pois, neste caso o fato jurídico 
relevante é que uma nova sociedade familiar foi formada e esta deve ser abarcada pelo 
direito.
41
 
Neste sentido o Doutrinador discorre sobre os objetivos da proteção social, que são 
mais amplos do que resguardar uma posição moral no sentido de família, pois tem como 
finalidade principal a busca pela justiça social: 
A proteção social não se subsume a uma concepção ideal de vida e família; não visa impor 
projetos de vida ou condutas dentro da moral dominante, da mesma forma não se trata de 
chancelar uniões heterodoxas ou contrárias à moral dominante, mas sim assegurar os meios 
mínimos de vida aos segurados e seus dependentes econômicos. 
Não é, também, benesse estatal ou caridade alheia, mas forma de seguro social atuarialmente 
financiado para atender a tais situações, como o concubinato, sempre admitidas, que não 
podem ficar ao largo do sistema por contrariar a moralidade dominante da sociedade e mesmo 
do direito privado sobre o que deve ser uma família. Admitir, em tais casos, a prevalência de 
um conceito de família e união estável, ainda que previsto na Constituição, em detrimento do 
direito à vida e à previdência social (igualmente previstos na Constituição), é chegar a um 
resultado inadequado de ponderação, afastando aspectos mais relevantes do bem-estar social 
em favor de uma moralidade dominante. 
A aplicação correta do direito previdenciário não implica, como possa parecer, uma necessária 
ampliação dos beneficiários, mas sim uma adequação à sua finalidade protetiva, afastada de 
qualquer tipo de perfeccionismo ético. Sem dúvida isso pode gerar ampliações de prestações, 
como foi a aceitação da união homoafetiva, mas há restrições, como a negativa de benefício 
para cônjuge separado de fato, salvo se comprovada a dependência econômica, pois se não 
mais vivem juntos, a premissa protetiva é que não mais dependência, pouco importando a que 
 
40
 TSUTSUI, Priscila Fialho. Rateio de pensão por morte entre viúva e concubina. Conteúdo Jurídico, 
Brasília, DF: 12 nov. 2013. Disponível em: 
<http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.45771&seo=1>.

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