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Disciplina: Contabilidade Autor: Lúcio Flávio Bicalho Unidade de Ensino a Distância CONTABILIDADE Autor: Lúcio Flávio Bicalho Belo Horizonte / 2012 ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA REITOR LUÍS CARLOS DE SOUZA VIEIRA PRÓ-REITOR ACADÊMICO SUDÁRIO PAPA FILHO COORDENAÇÃO GERAL AÉCIO ANTÔNIO DE OLIVEIRA COORDENAÇÃO TECNOLÓGICA EDUARDO JOSÉ ALVES DIAS COORDENAÇÃO DE CURSOS GERENCIAIS E ADMINISTRAÇÃO HELBERT JOSÉ DE GOES COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/ LETRAS LAILA MARIA HAMDAN ALVIM COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/PEDAGOGIA LENISE MARIA RIBEIRO ORTEGA INSTRUCIONAL DESIGNER DÉBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL KELLY DE SOUZA RESENDE PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA EQUIPE DE WEB DESIGNER CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR GABRIELA SANTOS DA PENHA LUCIANA REGINA VIEIRA ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO AUXILIAR PEDAGÓGICO ARETHA MARÇAL DE MACÊDO SILVA MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA REVISORA DE TEXTO MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO SECRETARIA LUANA DOS SANTOS ROSSI MARIA LUIZA AYRES MONITORIA ELZA MARIA GOMES AUXILIAR ADMINISTRATIVO THAYMON VASCONCELOS SOARES MARIANA TAVARES DIAS RIOGA AUXILIAR DE TUTORIA FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS MIRIA NERES PEREIRA RENATA DA COSTA CARDOSO Sumário 5Unidade 1: Introdução à Contabilidade 19Unidade 2: Plano de Contas 34Unidade 3: Fatos Contábeis 50Unidade 4: Demonstrações Contábeis 68Unidade 5: Análise do Balanço I 84Unidade 6: Análise de Balanço II Ícones Comentários Reflexão Dica Lembrete Unidade 1: Introdução à Contabilidade 83 , 1 185 . 407 . 1 865 . 576 . 2 = 1. Nosso Tema A disciplina Contabilidade é de grande importância na formação das habilidades necessárias para a formação do aluno, pois se trata de uma ferramenta fundamental no gerenciamento das empresas. É através das informações contábeis que se tem o real controle de todas as operações ocorridas na empresa e do resultado obtido num determinado período. Infelizmente, ainda é bastante comum em nosso país nos depararmos com pequenas e médias empresas administradas sem o auxílio dos relatórios contábeis, ou seja, gerenciadas simplesmente através da experiência e sensibilidade dos administradores. Marion (1998, p.24) retrata bem o papel da Contabilidade quando escreveu a seguinte frase: Uma empresa sem boa contabilidade é como um barco, em alto-mar, sem bússola A disciplina Contabilidade visa, sobretudo, orientá-lo sobre o funcionamento da contabilidade e como utilizá-la como ferramenta de gestão para identificar problemas e obter melhores resultados para a empresa. Durante o estudo desta unidade, “Introdução à Contabilidade”, você encontrará algumas informações e reflexões sobre o que é a Contabilidade e qual o seu papel perante as empresas. Como ela pode deixar de ser um obstáculo e se tornar uma aliada no gerenciamento das organizações. Para Refletir54 , 1 861 . 070 . 1 317 . 653 . 1 = Este curso tem como objetivo prepará-lo para que você se sinta capaz de tomar decisões gerenciais após analisar as demonstrações contábeis de sua empresa. Para isso é preciso conhecer as técnicas contábeis e entender o significado de cada item das demonstrações contábeis. Para que você possa se preparar para essa nova etapa, sugerimos-lhe que reflita sobre as seguintes questões, para que, ao final do estudo desta unidade, você seja capaz de formar seus próprios conceitos diante dos temas aqui trabalhados. Como você vê hoje a Contabilidade e o próprio departamento contábil das empresas? De que maneira a Contabilidade pode auxiliar as empresas a obter maior produtividade, reduzir custos e obter maior lucratividade? Fique tranqüilo! Nos tópicos seguintes, serão apresentadas algumas informações que irão auxiliá-lo a responder a essas questões e a outras igualmente importantes para a sua preparação como gestor que se utiliza da Contabilidade. 54 , 0 865 . 576 . 2 077 . 406 . 1 = 2. Conteúdo Didático 2.1. Noções Gerais É difícil dizer exatamente quando surgiu a contabilidade, mas é certo que ela é tão antiga quanto o hábito humano de acumular bens. Nagatsuka e Teles (2002) afirmam que o surgimento e a evolução da contabilidade confundem-se com o próprio desenvolvimento da humanidade. Nesse contexto, os estudos sobre as civilizações da Antiguidade nos mostram que o homem primitivo já “cuidava da sua riqueza”, através, por exemplo, da contagem e do controle do seu rebanho. Achados arqueológicos da Mesopotâmia datados de 4.000 anos a.C. mostram controles contábeis feitos em placas de argila. Entretanto, a contabilidade moderna teve sua origem em 1.494 quando o Frei Luca Pacioli publicou sua obra sobre geometria e aritmética, na cidade de Veneza, na Itália, divulgando o Método das Partidas Dobradas. O método das partidas dobradas fundamenta-se na relação débito/crédito. Esse fantástico mecanismo contábil passou a ser utilizado universalmente, chegando até nossos dias como eficiente instrumento de controle que pode ser aplicado tanto aos patrimônios de pessoas físicas como aos patrimônios de pessoas jurídicas, tenham elas finalidade lucrativa ou não (RIBEIRO, 2005, p. 3). Pelo método das Partidas Dobradas, ficou convencionado o seguinte: · Haverá um Débito nas contas do Ativo, quando estas forem aumentadas; · Haverá um Crédito nas contas do Passivo, quando estas forem aumentadas; · Haverá um Débito nas contas de Despesas, quando estas forem aumentadas; · Haverá um Crédito nas contas das Receitas, quando estas forem aumentadas. A contabilidade aprimorou-se de acordo com as necessidades de cada período histórico. O aparecimento da escrita, o surgimento da moeda, a prensa de Gutemberg, o descobrimento da América, a invenção da máquina a vapor, que deu impulso à Revolução Industrial, são marcos da nossa história que fizeram desencadear o desenvolvimento da ciência contábil. 2.1.1. Conceito de Contabilidade Contabilidade é a ciência que estuda e controla o Patrimônio de uma empresa, do ponto de vista econômico e financeiro, observando seus aspectos qualitativos e quantitativos e as variações sofridas, principalmente aquelas decorrentes das transações da empresa. Marion (1998, p.24) destaca que A contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. Com o passar do tempo o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a torna obrigatória para a maioria das empresas. Nagatsuka e Teles (2002) considera que a contabilidade é uma ciência que mensura, registra e controla as variações da riqueza no tempo, quer de uma pessoa natural (física) ou de uma pessoa jurídica (empresa). Dessa forma, o seu objeto fundamental é o patrimônio. Todas as formas utilizadas para conceituar e classificar a contabilidade como método, procedimentos e técnicas referem-se às simples facetas ou aspectos dessa disciplina, usualmente concernentes à sua aplicação prática, na solução de questões concretas. Não restam dúvidas de que a contabilidade, como conjunto de conhecimentos historicamente acumulados, dotados de universalidades e objetividade, estruturados com métodos, teorias e linguagens próprios, revela-se como a ciência do patrimônio. (RIBEIRO, 2005, p. 2). 2.1.2. Objeto e Campo de Ação da Contabilidade O objeto da contabilidade é o Patrimônio das entidades econômico-administrativas; porém seu objetivo é mais amplo, ou seja, fornecer informação estruturada de natureza de econômica, financeira e, subsidiariamente, física, de produtividade e social, aos usuários internos e externos à entidade. Segundo Ribeiro (2005), o objetivo da contabilidade é permitir o estudo, o controle e a apuração de Resultados diante dos fatos decorrentes da gestão do Patrimônio das entidades econômico-administrativas e fornecer essas informações aos interessados. De acordo com a visão predominante, seria gerar informaçõespara a tomada de decisões racionais tanto por usuários internos quanto por usuários externos da informação contábil (NAGATSUKA e TELES, 2002). Segundo Franco (1992), essas informações são indispensáveis à orientação administrativa, permitindo maior eficiência na gestão econômica da entidade e no controle dos bens patrimoniais. A contabilidade pode ser estudada de modo geral ou em particular. Ela possui um campo de ação bastante vasto e poderá ser aplicada em todos os tipos de empresas existentes, tais como: as comerciais, as industriais, as bancárias, as hospitalares, as agropecuárias, as de seguros, as entidades públicas, etc. 81 , 0 317 . 653 . 1 957 . 340 . 1 = Certamente, você já ouviu falar em empresas, firmas, lojas, casas comerciais, clubes de futebol, indústrias, escolas, cinemas, teatros, lanchonetes etc. Há uma infinidade de entidades econômico-administrativas que o ser humano constitui para atingir algum objetivo, seja de ordem econômica, seja social. Podemos imaginar vários tipos de organizações: instituições governamentais; empresas públicas; particulares e mistas; instituições com finalidades sociais ou socioeconômicas. Todas elas devem ser adequadamente organizadas e bem controladas para que possam atingir seus objetivos da melhor maneira possível. Esses controles são efetuados, como vimos, pela Contabilidade por meio de suas técnicas. Esse é o campo de aplicação da Contabilidade. (RIBEIRO, 2005, p. 5). Na verdade, o desenvolvimento inicial do método contábil esteve intimamente associado ao surgimento do Capitalismo, como forma quantitativa de mensurar os acréscimos ou decréscimos dos investimentos iniciais alocados a alguma exploração comercial ou industrial. Hoje, a contabilidade tem aplicação a qualquer tipo de pessoa, física ou jurídica, com finalidades lucrativas ou não, que tenha necessidade de exercer atividades econômicas para alcançar suas finalidades. (IUDÍCIBUS et. al., 1996) 2.1.3. Finalidade e Usuários das Informações Contábeis A finalidade da contabilidade é assegurar o controle do patrimônio administrado e fornecer informações sobre a composição e as variações patrimoniais, bem como o resultado das atividades econômicas desenvolvidas pela entidade para alcançar seus fins, que podem ser lucrativos ou meramente ideais (sociais, culturais, esportivos, etc.) (FRANCO, 1992). Ludícibus et. al. (1996, p. 23) asseguram que tais finalidades podem ser agrupadas em duas formas básicas: 1. Finalidade de Controle: através do mesmo, sabemos de a empresa está agindo de conformidade com os planos e políticas traçadas pela administração. O controle funciona também como um meio de comunicação, porque através de relatórios, saberemos a real situação do patrimônio da empresa. Portanto, através do controle poderemos detectar onde é que a empresa por ventura está falhando. 2. Finalidade de Planejamento: Após a elaboração do controle, se for o caso, entra a ação do planejamento (que deve ser diferenciado de simples previsão), ou seja, a administração irá traçar a nova linha de ação para que a empresa possa alcançar seus objetivos. Quanto aos usuários das informações contábeis, são aquelas pessoas que interessam em conhecer a real situação da empresa e buscam na contabilidade as suas respostas. Diversos são os usuários das informações contábeis. Cada um, especificamente, com uma necessidade informacional diferenciada. Nagatsuka e Teles (2002, p. 5) destacam como principais usuários: 1. Usuários internos: os proprietários da empresa, gerentes, diretores, etc. 2. Usuários externos: os investidores (pessoas físicas ou jurídicas que adquirem participações em outras empresas), fornecedores de bens e serviços para a empresa, clientes, instituições financeiras, sindicatos, entidades governamentais, organizações não governamentais (ONGs) e outros. Vamos praticar? No ambiente de aprendizagem você encontrará exercícios relativo ao conteúdo que aprendemos até agora. 2.2. Patrimônio Normalmente, o termo patrimônio significa o conjunto de bens e os direitos a receber pertencente a uma pessoa ou a uma empresa. No entanto, relacionando-se apenas bens e direitos, não se pode identificar a verdadeira situação de uma pessoa ou empresa. É necessário evidenciar as obrigações (dívidas) referentes aos bens ou direitos. Por exemplo, se você disser que tem como patrimônio um apartamento e não fizer referência à dívida com o banco financiador (em caso de ter sido adquirido através desse sistema de crédito), sua informação é incompleta e pouco esclarecedora. (MARION, 1998). Sendo assim, em Contabilidade, patrimônio tem um sentido mais amplo, sendo considerado o conjunto de BENS, DIREITOS e OBRIGAÇÕES, pertencentes a uma pessoa ou empresa e que possam ser avaliados monetariamente. A contabilidade estuda o patrimônio em seus aspectos qualitativos e quantitativos. Os aspectos qualitativos tratam dos componentes do patrimônio segundo a espécie de cada um, enquanto os aspectos quantitativos referem-se ao valor com que cada elemento possa ser expresso em moeda. Ressaltando assim os referidos aspectos, fica mais fácil avaliar o tamanho do patrimônio de uma empresa, pois você fica conhecendo o quê e quanto a empresa possui em bens, direitos e obrigações. Os aspectos qualitativos e quantitativos levados em conta na apresentação das demonstrações elaboradas a partir dos registros contábeis permitem a mensuração do patrimônio bem como o conhecimento dos elementos que o compõem. 2.2.1. Elementos do Patrimônio Bens: São coisas capazes de satisfazer as necessidades humanas e das empresas e que possam ser avaliadas monetariamente. No aspecto contábil, bens são todos os objetos que uma empresa possui, seja para uso, troca ou consumo. Exemplo: máquinas e equipamentos, veículos, terrenos, estoque de mercadorias, etc. Os bens podem ser: tangíveis (concretos) e intangíveis. Tangíveis, que são a maioria dos bens, são aqueles que possuem forma física e são palpáveis. Intangíveis são aqueles que não possuem forma física nem matéria (Ex.: marcas, patentes, etc). Direitos: É o segundo elemento do patrimônio. Direitos são os valores que a empresa tem para receber de terceiros, como os clientes. Os direitos originam-se não só das vendas de mercadorias a prazo, como também das vendas a prazo de outros bens ou serviços ou outras transações, como alugueis. Portanto, podemos afirmar que direito, em contabilidade, é tudo aquilo que será transformado em dinheiro numa determinada data. e um modo geral, os direitos serão representados da seguinte forma: ELEMENTO + EXPRESSÃO Duplicatas a receber Títulos a receber Alugueis a receber Obrigações: É o terceiro elemento do patrimônio. Representam os valores que a empresa tem para pagar a terceiros. Neste caso, terceiros são: fornecedores, bancos, empregados, governos etc. As obrigações podem se originar não só das compras de mercadorias a prazo, como também das compras a prazo de outros bens ou serviços, ou ainda em decorrência de outras transações, como é o caso de aluguel de bens móveis ou imóveis, de empréstimo de dinheiro, etc. (RIBEIRO, 2005). Normalmente, as obrigações são expressas da seguinte forma: ELEMENTO + EXPRESSÃO Duplicatas a pagar Impostos a pagar Alugueis a pagar Aos Bens e aos Direitos, daremos o nome de Ativo. Às Obrigações daremos o nome de Passivo. Graficamente, podemos separar os Bens e os Direitos de um lado e as Obrigações de outro. PATRIMÔNIO DE UMA PESSOA OU DE UMA EMPRESA Ativo Passivo Bens e Direitos (a Receber) Obrigações (a serem pagas) 2.2.2. Situação Líquida Patrimonial Quando nos deparamos com uma empresa imponente, cuja sede administrativa é um prédio de vinte andares de granito, podemos pensar: “como é grande o patrimônio dessa empresa”. Talvez isto não seja verdade, pode ser que essa empresa esteja muito endividada e à beira da falência. Assim podemos concluir que os Ativos de uma empresa, por si só não medem a riqueza de uma empresa, é preciso considerar também os Passivos. A partir de agora,passaremos a chamar as obrigações com terceiros de Passivo Exigível, pois são dívidas com vencimento definido e, caso não ocorra o pagamento, o credor tem o direito de exigir o pagamento. Sendo assim, Situação líquida patrimonial ou simplesmente Patrimônio Líquido é a diferença entre o Ativo (bens e direitos) e o Passivo Exigível (obrigações com terceiros). Esta parte diferencial é que vai medir ou avaliar a verdadeira riqueza da empresa. Na representação gráfica, o Patrimônio Líquido ficará do lado direito, juntamente com as obrigações, permitindo que o total do lado esquerdo seja igual ao total do lado direito, dando-lhe forma de equação. O Patrimônio Líquido ficará do lado direito, juntamente com as obrigações porque trata-se de uma obrigação não exigível (sem vencimento) da empresa para com os sócios. Ou seja, no dia em que a empresa encerrar suas atividades, a empresa tem a obrigação de devolver aos sócios a riqueza verdadeira. 2.2.3. Equações Patrimoniais Lembrando que o ATIVO é composto pelos Bens e os Direitos, que o PASSIVO é compreendido pelas Obrigações e que o Patrimônio Líquido é a diferença entre os dois, podemos afirmar que a equação básica do Patrimônio é: ATIVO = PASSIVO EXIGÍVEL + PATRIMÔNIO LÍQUIDO Considerando valores hipotéticos, teríamos: Ativo Passivo Bens............... 2.300,00 Direitos............2.800,00 EXIGÍVEL Obrigações........................... 1.100,00 PATRIMÔNIO LIQUIDO....... 4.000,00 TOTAL............ 5.100,00 TOTAL................................... 5.100,00 PL = A – PE PL = 5.100,00 – 1.100,00 = 4.000,00 PL = Patrimônio Líquido; A = Ativo; PE = Passivo Exigível. Observe que o total do Ativo é sempre igual ao total do Passivo. O PL representa a parte diferencial, exibida à direita (Passivo), porque também representa obrigação da entidade para com os proprietários, sócios ou acionistas. Partindo desta equação patrimonial básica da Contabilidade, podemos concluir que uma empresa pode apresentar algumas variações patrimoniais. Vejamos as possíveis situações: · Favorável ou Superavitária (PL+) · Desfavorável ou Deficitária (PL-) · Nula ou de Equilíbrio Aparente (A = PE, logo PL= 0): · Plena ou de Propriedade Total dos Ativos (A = PL, logo PE= 0): I - SITUAÇÃO FAVORÁVEL OU SUPERAVITÁRIA (PL +): Ocorre quando os bens e direitos (Ativo) excedem o valor das obrigações com terceiros (Passivo Exigível). Essa é a hipótese mais comum nas empresas, pois a grande maioria possui bens e direitos e consequentemente assumem compromissos a pagar. Porém, geram lucros e não assumem compromissos iguais ou maiores do que seu ativo. Exemplo: PATRIMÔNIO Ativo Passivo Bens............... 2.300,00 Direitos............2.800,00 EXIGÍVEL Obrigações........................... 1.100,00 PATRIMÔNIO LIQUIDO....... 4.000,00 TOTAL............ 5.100,00 TOTAL................................... 5.100,00 PL = A – PE PL = 5.100,00 – 1.100,00 = 4.0000 (+) Situação Liquida Positiva II - SITUAÇÃO DESFAVORÁVEL OU DEFICITÁRIA (PL -): Ocorre quando os bens e direitos (Ativo) forem menores que as obrigações com terceiros (Passivo Exigível). Esta situação é também chamada de Passivo a Descoberto ou que a empresa está Insolvente. Essa hipótese acontece quando a empresa tem prejuízos e assume dívidas para financiar o seu capital de giro ou o seu imobilizado. Exemplo: PATRIMÔNIO Ativo Passivo Bens............... 2.300,00 Direitos............2.800,00 EXIGÍVEL Obrigações........................... 6.100,00 PATRIMÔNIO LIQUIDO...... -1.000,00 TOTAL............ 5.100,00 TOTAL................................... 5.100,00 PL = A – PE PL = 5.100,00 – 6.100,00 = - 1.0000 Situação Liquida Negativa III - SITUAÇÃO NULA OU DE EQUILÍBRIO APARENTE (A = PE, logo PL= 0): Ocorre quando os bens e direitos (Ativo) forem iguais às obrigações com terceiros (Passivo Exigível); nessa hipótese o Patrimônio Líquido será nulo. Acontece, por exemplo, quando a empresa gera prejuízos até o valor de seu capital social ou quando assume dívidas acima do valor do seu ativo até o valor do patrimônio liquido. Exemplo: PATRIMÔNIO Ativo Passivo Bens............... 2.300,00 Direitos............2.800,00 EXIGÍVEL Obrigações........................... 5.100,00 PATRIMÔNIO LIQUIDO....... 0 TOTAL............ 5.100,00 TOTAL................................... 5.100,00 PL = A – PE PL = 5.100,00 – 5.100,00 = 0,00 Situação Nula IV - SITUAÇÃO PLENA OU PROPRIEDADE TOTAL DOS ATIVOS (A = PL, logo PE= 0): Ocorre quando os bens e direitos (Ativo) forem iguais ao Patrimônio Liquido; nessa hipótese, as obrigações com terceiros (Passivo Exigível) serão nulas. Nesta situação a empresa não assume obrigações para com terceiros. Exemplo: PATRIMÔNIO Ativo Passivo Bens............... 2.300,00 Direitos............2.800,00 EXIGÍVEL Obrigações........................... 0,00 PATRIMÔNIO LIQUIDO....... 5.100,00 TOTAL............ 5.100,00 TOTAL................................... 5.100,00 PL = A – PE PL = 5.100,00 – 0,00 = 5.100,00 Situação Plena Não deixe de ver no ambiente de aprendizagem outros exemplos de Equações Patrimoniais, além de mais informações sobre o tema que acabamos de estudar. Boa aula e até a próxima unidade! 3. Teoria na Prática Bem, chegou a hora de vermos na prática o que aprendemos sobre Contabilidade até agora e suas implicações em nosso cotidiano. Analisemos a seguinte situação: O Sr. Arriscatudo da Silva saiu indignado do Banco do Estado, por lhe ter sido negado um crédito de $150.000 após análise minuciosa da sua situação patrimonial. A revolta do Sr. Arriscatudo baseia-se no fato de possuir uma “grande riqueza”: possui um grande apartamento (4 dormitórios) recém-financiado; um carro, último tipo, adquirido no último mês, graças ao financiamento da Financeira Destemida; uma chácara adquirida, na região de Nova Lima, para pagar em 60 prestações, sem acréscimo, restando ainda 58 prestações. Pergunta-se: o Sr. Arriscatudo tem razão por lhe ter sido negado o crédito? Por que? Não, pois toda sua “grande riqueza” não existe. Seus bens estão financiados e o Patrimônio Líquido é quase zero. Vejamos agora o caso do Sr. Constanildo Furtado que ficou decepcionado com o relatório apresentado pelo contador, pois sua Fazenda Pau D’Agua apresentou prejuízo no período. O auditor Vivaldino Dinâmico constatou que havia uma série de defeitos na contabilidade. “O principal deles”, argumentou o auditor, “é que todos os gastos do Sr. Constanildo e de sua família estavam contabilizados como se fossem gastos da Fazenda Paul D’Agua”. Nesse caso, o contador deixou de obedecer a uma regra contábil importantíssima. Qual foi a falha cometida pelo contador nesse caso? A contabilidade é uma excelente ferramenta de controle e de gestão; porém para que assim seja, é fundamental que não se confunda a pessoa do sócio (pessoa física) com a empresa (pessoa jurídica). Isso é muito comum acontecer nas empresas familiares, mas é um fato grave, pois, agindo assim, o resultado (lucro ou prejuízo) e o valor do patrimônio da empresa vão ficar distorcidos. 4. Recapitulando Contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio das empresas, e o principal objetivo dela é fornecer informações aos interessados para a tomada de decisões, podendo ser utilizada em todo tipo de empresas, públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos. As principais finalidades da contabilidade são: finalidade de Controle e finalidade de Planejamento. Patrimônio é o conjunto de Bens, Direitos e Obrigações. Podemos considerar o Patrimônio Líquido como sendo: · A diferença entre o Ativo e o Passivo Exigível (obrigações com terceiros); · A riqueza verdadeira da empresa e, consequentemente, dos sócios; · É uma obrigação não exigível da empresa (pessoa jurídica) para com os sócios (pessoas físicas); · É a Situação Líquida da entidade. 5. Amplie seus Conhecimentos Você sabia que no site da USP (Universidade de São Paulo) há uma seção com artigos sobre contabilidadee finanças publicados na Revista Contabilidade & Finanças? São artigos de alto nível e de grande interesse para o gestor empresarial. Portal USP, Revista Contabilidade & Finanças. Disponível em: <http://www.eac.fea.usp.br/eac/revista/> Acesso em 01/05/2007. Outras sugestões de leitura sobre contabilidade e finanças: - Revista Mineira de Contabilidade – Publicada pelo Conselho Regional de Contabilidade de MG. A revista pode ser adquirida pelo site do Conselho Regional, disponível em: < http://www.crcmg.org.br> Acesso em 01/05/2007. - Revista Brasileira de Contabilidade – Publicada pelo Conselho Federal de Contabilidade. A revista pode ser adquirida pelo site do Conselho Federal, disponível em: < http://www.crc.org.br> Acesso em 01/05/2007. Unidade 2: Plano de Contas 1. Nosso Tema Do ponto de vista técnico contábil, conta é o nome dado aos componentes patrimoniais (bens, direitos, obrigações e Patrimônio Líquido) e aos elementos que formam o resultado (despesas e receitas). Dessa forma, quando nos referimos ao “Estoque de Mercadorias” ou às “Máquinas e Equipamentos”, estamos fazendo referência a duas contas contábeis que compõem o Ativo de uma empresa. Já o Plano de Contas é o agrupamento ordenado de todas as contas que são utilizadas pela contabilidade dentro de uma empresa. Portanto, o elenco de contas considerado é indispensável para os registros de todos os fatos contábeis. Cada empresa, de acordo com sua atividade e seu tamanho (micro, pequena, média ou grande), deve ter o seu próprio Plano de Contas. Não há razão, por exemplo, para uma empresa prestadora de serviços relacionar uma conta de “Estoque” no seu Ativo, pois, normalmente, não realiza operações com mercadorias. Esta unidade tem o objetivo de orientá-lo sobre os tipos de contas existentes, como elas são agrupadas no Plano de Contas e como elas podem ajudar os administradores a enxergarem melhor as suas empresas. Para Refletir Nesta unidade, iremos tratar das contas contábeis e do Plano de Contas. Para que você perceba qual a importância desses instrumentos no controle das empresas, reflita sobre as seguintes questões, para que, ao final do estudo, você seja capaz de entender melhor como são elaborados os relatórios contábeis e o que representa cada item ali existente. Qual a importância de se ter um Plano de Contas bem elaborado? Ao se constituir uma empresa, podemos copiar o Plano de Contas de outra empresa do mesmo porte da nossa? Quais as conseqüências de se montar um Plano de Contas sem muito critério? Esse fato pode trazer prejuízos financeiros para a empresa? Você acha importante que, antes de se elaborar um Plano de Contas, se faça um estudo preliminar minucioso sobre as características da atividade desenvolvida pela empresa, bem como de sua forma jurídica e porte? 2. Conteúdo Didático 2.1. Função e Funcionamento As contas têm por função possibilitar que a contabilidade registre e controle as operações que modifiquem ou que possam vir a modificar a situação patrimonial da empresa. O funcionamento das contas se dá por meio de débitos e créditos nelas lançados. “Um Plano de Contas, portanto, deve registrar as contas que serão movimentadas pela contabilidade em decorrência das operações da empresa ou, ainda, contas que, embora não movimentadas no presente, poderão ser utilizadas no futuro.” (MARION, 1998, p. 93). As contas contábeis são divididas em dois grandes grupos, que se subdividem em outros dois, conforme as suas funções: 1º grupo ( Contas Patrimoniais: este grupo se subdivide em contas do Ativo e contas do Passivo. 2º grupo ( Contas de Resultado: este grupo se subdivide em contas de Receita e contas de Despesa. 54 , 1 861 . 070 . 1 317 . 653 . 1 = 2.1.1. Contas Patrimoniais Como o próprio nome diz, as contas são representações gráficas dos elementos patrimoniais, que permitem registrar e controlar suas mutações. As contas patrimoniais estão registradas no Balanço Patrimonial; de um lado aparecem os Bens e os Direitos; e do outro lado, aparecem as Obrigações e o Patrimônio Líquido. Ou seja, são as contas do Ativo e do Passivo e são elas que representam o patrimônio da empresa num dado momento, por meio do Balanço Patrimonial. Exemplo: ATIVO PASSIVO Bens Obrigações Estoque de mercadorias Duplicatas a pagar Veículos Salários a pagar Direitos Patrimônio Líquido Duplicatas a receber Capital Social Aluguéis a receber Lucros Acumulados 2.1.2. Contas de Resultado Segundo Ribeiro (2005), essas contas são representações gráficas das contas que formam o resultado (lucro ou prejuízo) da empresa. As contas de resultado dividem-se em contas de despesas e contas de receitas. Aparecem durante o exercício social (período de um ano), encerrando-se ao final dele. Não fazem parte do Balanço Patrimonial, mas é por meio delas que ficamos sabendo se a empresa apresentou lucro ou prejuízo no desenvolvimento de suas atividades. Despesas As despesas decorrem do consumo de bens e da utilização de serviços. Tais despesas são registradas pela contabilidade por meio das contas de resultado. Exemplo: - Despesa com salários - Despesa com energia elétrica - Despesa com material de limpeza - Despesa com aluguéis Receitas As receitas decorrem da venda de bens, da prestação de serviços e ainda o resultado positivo das aplicações financeiras. Existem em número menor que as despesas. Exemplo: - Receita de venda de mercadorias - Receita de venda de serviços - Receita de aluguéis - Receita financeira Resultado É a diferença entre as receitas e os custos e despesas em um determinado período. Quando as receitas são maiores que os custos/despesas, chamamos de lucro; quando os custos/despesas são maiores que as receitas, chamamos de prejuízo. Veja abaixo duas Demonstrações de Resultado do Exercício – DRE de duas empresas distintas: Empresa 01 Empresa 02 Receitas 1.000 Receitas 1.000 Custos/despesas (600) Custos/despesas (1.200) Lucro 400 Prejuízo (200) As contas de resultado são representadas na DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE, que é uma das principais demonstrações contábeis, elaborada mensalmente e que será estudada na Unidade 4. 2.1.3. Plano de Contas Para que a contabilidade possa atingir o seu objetivo, que é gerar informações úteis para a tomada de decisão pelos diversos usuários das informações contábeis, faz-se necessário que as demonstrações contábeis sejam muito bem elaboradas. Para que isso ocorra, é fundamental a existência de um plano de contas contábil em condições de suprir as necessidades específicas de uma determinada empresa. Um plano de contas adequado à empresa deve observar os seguintes aspectos: a) Conhecimento do tipo do negócio da empresa; b) Porte da empresa e volume e tipo de transações; c) Complexidade das operações; d) Ramo de atividade. A seguir, um exemplo de um plano de contas típico de uma empresa industrial: MODELO DE PLANO DE CONTAS 1 ATIVO 1.1 ATIVO CIRCULANTE 1.1.1 DISPONIVEL Caixa Bancos conta movimento Aplicações de liquidez imediata 1.1.2 CRÉDITOS A RECEBER Duplicatas a receber (-) Duplicatas descontadas (-) Provisão para devedores duvidosos 1.1.3 OUTROS CRÉDITOS Empréstimos a receber Adiantamentos a empregados Impostos a recuperar 1.1.4 ESTOQUES Produtos acabados Mercadorias para revenda Materiais de consumo Matérias primas Adiantamento a fornecedores 1.1.5 DESPESAS ANTECIPADAS Prêmios de seguros a apropriar Assinaturas e anuidades a apropriar 1.2 ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 1.2.1 CRÉDITOS E VALORES Clientes Títulos a receber Empréstimos a sócios Empréstimos a coligadas Empréstimos compulsórios 1.3 ATIVO PERMANENTE 1.3.1 INVESTIMENTOS Participações em outras empresas Obras de arte Imóveis não de uso (para renda) 1.3.2 ATIVO IMOBILIZADO Terrenos Imóveis Instalações Máquinas e equipamentos Móveis e utensílios Veículos Marcas e patentes (-) Depreciaçãoacumulada 1.3.3 ATIVO DIFERIDO Gatos com organização Pesquisa e desenvolvimento de produtos Despesas pré-operacionais Benfeitorias em imóveis de terceiros (-) Amortização acumulada 2. PASSIVO 2.1 PASSIVO CIRCULANTE 2.1.1 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS Financiamentos bancários Títulos a pagar 2.1.2 FORNECEDORES Fornecedores nacionais Fornecedores estrangeiros 2.1.3 OBRIGAÇÕES FISCAIS ICMS a recolher IPI a recolher FGTS a recolher INSS a recolher IRF a recolher Outros impostos e taxas 2.1.4 OUTRAS OBRIGAÇÕES Salários e ordenados a pagar Adiantamentos de clientes Encargos sociais a pagar 2.1.5 OUTRAS PROVISÕES Dividendos propostos Férias 13º salário 2.2 PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 2.2.1 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS Em moeda nacional Em moeda estrangeira Títulos a pagar 2.3 RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS 2.3.1 RECEITAS DE EXERCÍCIOS FUTUROS 2.3.2 (-) CUSTOS CORRESPONDENTES 2.4 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.4.1 CAPITAL SOCIAL Capital subscrito (-) Capital a integralizar 2.4.2 RESERVAS De capital De reavaliação Legal Estatutária Para contingências 2.4.3 LUCROS/PREJUÍZOS ACUMULADOS Lucros acumulados Prejuízos acumulados 2.4.4 AÇÕES EM TESOURARIA 3. CONTAS DE RESULTADO 3.1 RECEITA BRUTA 3.1.1 RECEITA BRUTA DE VENDAS E SERVIÇOS Venda de produtos Venda de mercadorias Prestação de serviços 3.2 DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA 3.2.1 DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA Vendas canceladas Abatimentos Impostos incidentes sobre vendas 3.3 CUSTOS 3.3.1 CUSTOS Custo das mercadorias vendidas Custo dos produtos vendidos Custo dos serviços prestados 3.4 DESPESAS OPERACIONAIS 3.4.1 DE VENDAS Despesas com pessoal Comissões sobre vendas Propaganda e publicidade 3.4.2 ADMINISTRATIVAS Despesas com pessoal Pró-labore Depreciação e amortização Energia elétrica Aluguel Água e luz Seguros Fretes Despesas gerais 3.4.3 RESULTADO FINANCEIRO Despesas financeiras Juros pagos Descontos concedidos Despesas bancárias Variações monetárias passivas Receitas financeiras Juros recebidos Descontos obtidos Variações monetárias ativas 3.5 RESULTADOS NÃO OPERACIONAIS 3.6 PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES 2.2. Grupo de Contas Conforme o art. 178 da Lei 6404/76 (Lei das S.A), “ as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e análise da situação financeira da companhia”. Com o objetivo de permitir aos analistas de balanço uma adequada análise e interpretação da situação patrimonial e financeira de uma empresa, a referida Lei, através dos seus artigos 178 e 179, definiu que a ordem das contas do ativo deve obedecer a um critério decrescente de liquidez e que as contas do passivo seguirão ordem decrescente de exigibilidade. Portanto, no ativo serão apresentadas em primeiro lugar as contas mais rapidamente conversíveis em dinheiro: Caixa, Bancos, Duplicatas a Receber, Estoques etc. E no passivo, serão classificadas primeiro as contas com exigibilidade mais imediata: Fornecedores, Empréstimos Bancários, Impostos a Pagar, Salários a Pagar etc. Basicamente, o Balanço Patrimonial é subdividido em seis subgrupos, a saber: ATIVO PASSIVO Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC) Ativo Realizável a Longo Prazo (ARLP) Passivo Exigível a Longo Prazo (PELP) Ativo Permanente (AP) Patrimônio Líquido (PL) 2.2.1. Grupo de Ativos Ativo Circulante: bens e direitos realizáveis até um ano da data do balanço. Devem estar registrados de acordo com o grau de liquidez, em ordem decrescente. Corresponde ao “Capital de Giro” da empresa, ou seja, recursos correntes, em movimentação. Ativo Realizável a Longo Prazo: os direitos realizáveis após um ano e adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas, ou participantes no lucro da companhia, desde que não constituam negócios usuais na exploração do objeto da companhia. Por exemplo: Se a empresa emprestar dinheiro a uma empresa do grupo independente do prazo para pagamento, será registrado nesse grupo, no entanto, se a empresa efetuar alguma venda, objeto de seu negócio, com prazo inferior a 360 dias, o valor a receber será registrado na conta Clientes no ativo circulante. Ativo Permanente: nesse agrupamento de contas, serão incluídas todas aquelas que representem ativos que a empresa pretenda tê-los até o fim da sua vida útil ou econômica. Esse grupo foi dividido em três subgrupos de contas: Investimento, Imobilizado e Diferido. Investimento: são investimentos de caráter duradouro, como as obras de arte e as participações permanentes em outras sociedades. Imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial e comercial. Mensalmente, o valor do Imobilizado é diminuído pela conta “depreciação acumulada”, que aparece no Balanço Patrimonial com valor negativo. Diferido: são classificados os gastos que trarão benefícios para formação do resultado de mais de um exercício social e que sejam passíveis de amortização. 2.2.2. Grupo do Passivo Passivo Circulante: as obrigações (dívidas) vencíveis até um ano da data do balanço. Passivo Exigível a Longo Prazo: as obrigações (dívidas) vencíveis após um ano e adiantamentos ou empréstimos provenientes de sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas, ou participantes no lucro da companhia, desde que não constituam negócios usuais na exploração do objeto da companhia. Patrimônio Líquido: são classificadas as contas que representam os recursos próprios da empresa, ou seja, recursos aplicados pelos sócios ou acionistas, bem como os recursos gerados pela própria atividade da empresa. Dentro deste grupo temos o Capital Social, as Reservas e os Lucros/Prejuízos Acumulados. 2.2.3. Capital Próprio e Capital de Terceiros Segundo Ribeiro (2005), a palavra Capital ou Capital Social representa um elemento do grupo do Patrimônio Líquido e que, quando da constituição de uma empresa, corresponde à soma dos valores com os quais o proprietário inicia suas atividades. Entretanto, não são somente os sócios que injetam recursos na empresa, terceiros também fazem isso, como por exemplo, os bancos, através de empréstimos e financiamentos, cujos valores são registrados no Balanço Patrimonial como obrigações (Passivo). Dessa forma, quando nos deparamos com o termo “capital total” à disposição da empresa, ele representa os recursos totais que a empresa possui, vindos dos sócios ou de terceiros. Sendo assim, podemos afirmar que o lado direito do Balanço Patrimonial nos mostra de onde vieram os recursos da empresa, por isso o Passivo é chamado de “Origem de Recursos”. Já o Ativo é chamado de “Aplicação de Recursos”, pois os recursos oriundos daquelas fontes do Passivo são aplicados nos bens e direitos existentes no Ativo. Então, no lado do Passivo, temos três fontes de recursos, a saber: Marion (1998) esclarece ainda que, de maneira geral, o termo capital significa recursos. Capital próprio, portanto, denota recursos (financeiros ou materiais) dos proprietários (sócios ou acionistas) aplicados na empresa. Capital de terceiros, por outro lado, significa recursos de outras pessoas (físicas ou jurídicas) aplicados na empresa. Resumindo, o capital próprio é representado pelo Patrimônio Líquido. Já o Capital de Terceiros é representado pelo Passivo Circulante mais o Passivo Exigível a Longo Prazo. Veja no Balanço Patrimonial: ATIVO PASSIVO Passivo Circulante (Capital de Terceiros) Passivo Exigível a Longo Prazo (Capital de Terceiros) Patrimônio Líquido (Capital Próprio) 2.3. Contabilização por Balanços Sucessivos Segundo Nagatsuka e Teles (2002 p. 43), o “Balanço Patrimonial é considerado um relatório estático, pois mostra apenas os saldos finais de suas contas válidos para uma determinada data”. Antes de prosseguirneste capítulo, seria interessante que você estudasse as principais contas do Balanço Patrimonial, que estão inseridas no Plano de Contas do item 3.1.3. O propósito desta subunidade é clarificar como o Balanço Patrimonial sofre modificações em suas contas, atingindo algumas vezes o Patrimônio Líquido. O método de contabilização por balanços sucessivos consiste na elaboração do Balanço Patrimonial após cada operação realizada pela empresa. É importante lembrar que ele é somente um método didático, por ser de fácil compreensão. Nas empresas de verdade, os contadores praticam o Método das Partidas Dobradas, debitando e creditando as diversas contas contábeis. Exemplo: Contabilizar os dados de constituição da empresa Comercial ABC e suas movimentações posteriores: a) Constituição da empresa com um capital social de $ 80.000 em dinheiro; ATIVO PASSIVO Caixa 80.000 Capital Social 80.000 Total do Ativo 80.000 Total do Passivo 80.000 Do lado direito (Passivo), é registrado o valor do capital integralizado pelos sócios; e do lado esquerdo (Ativo) o dinheiro efetivamente vai para o caixa. b) Compra à vista: Móveis e utensílios ( 3.000 Veículo ( 25.000 Mercadoria ( 20.000 ATIVO PASSIVO Caixa 32.000 Estoque de mercadoria 20.000 Móveis 3.000 Veículo 25.000 Capital Social 80.000 Total do Ativo 80.000 Total do Passivo80.000 O dinheiro sai do caixa para o pagamento dos bens adquiridos. c) Compra de mais mercadorias, a prazo, por $ 30.000: ATIVO PASSIVO Caixa 32.000 Estoque de mercadoria 50.000 Fornecedores a pagar 30.000 Móveis 3.000 Veículo 25.000 Capital Social 80.000 Total do Ativo 110.000 Total do Passivo 110.000 A empresa adquiriu mais mercadorias; no entanto passou a ter uma obrigação com fornecedores. d) Pagamento à vista de despesa com serviço efetuado na empresa nesta data $ 2.000 ATIVO PASSIVO Caixa 30.000 Estoque de mercadoria 50.000 Fornecedores a pagar 30.000 Móveis 3.000 Veículo 25.000 Capital Social 80.000 LPA (2.000) Total do Ativo 108.000 Total do Passivo 108.000 Em função do pagamento à vista, o caixa ficou menor $2.000 e essa despesa foi para a conta LPA (Lucros ou Prejuízos Acumulados) como um prejuízo até este momento. e) A empresa fez uma venda de serviço a um cliente, à vista, no valor de $3.000 ATIVO PASSIVO Caixa 33.000 Estoque de mercadoria 50.000 Fornecedores a pagar 30.000 Móveis 3.000 Veículo 25.000 Capital Social 80.000 LPA 1.000 Total do Ativo 111.000 Total do Passivo 111.000 O recebimento foi para o caixa e o valor da venda foi todo para o LPA como um lucro obtido. Nesse caso, o valor da venda é todo lucro, já que o serviço não teve custos para a empresa. f) Pagamento de parte da dívida com fornecedores $ 20.000 ATIVO PASSIVO Caixa 13.000 Estoque de mercadoria 50.000 Fornecedores a pagar 10.000 Móveis 3.000 Veículo 25.000 Capital Social 80.000 LPA 1.000 Total do Ativo 91.000 Total do Passivo 91.000 Após o pagamento, o caixa ficou menor e as obrigações também diminuíram. g) A empresa vendeu a metade de seus estoque, à vista, por $30.000 ATIVO PASSIVO Caixa 43.000 Estoque de mercadoria 25.000 Fornecedores a pagar 10.000 Móveis 3.000 Veículo 25.000 Capital Social 80.000 LPA 6.000 Total do Ativo 96.000 Total do Passivo 96.000 Após a venda, o estoque caiu pela metade, o caixa aumentou em função do recebimento à vista, e o valor do lucro dessa venda ($30.000 – $25.000) foi para o LPA. Não deixe de visitar o ambiente de aprendizagem. Lá, você encontrará muito outros exemplos de contabilização. Boa aula e até a próxima unidade. 3. 83 , 1 185 . 407 . 1 865 . 576 . 2 = Teoria na Prática Pegue o Balanço Patrimonial da empresa onde você trabalha ou de outra empresa qualquer que o tenha publicado no jornal (dê preferência a empresas da área do seu curso). Em primeiro lugar, destacar numa folha de papel os seguintes dados: 1. Ativo Circulante $ ....................... Passivo Circulante $ ......................... 2. Capital de Terceiros $ ....................... Capital Próprio $ .......................... 1ª conclusão: se o Ativo Circulante for maior que o Passivo Circulante, isso significa que a empresa conseguirá pagar suas dívidas a curto prazo. Escrever: situação financeira favorável. Se a empresa apresentar Passivo Circulante maior que Ativo Circulante, poderá ter problemas de ordem financeira. Comentar, nesse caso, com o professor. 2ª conclusão: comparar o capital de terceiros com o capital próprio. Se o capital de terceiros for até 1,20 maior que o capital próprio, não há por que se assustar: Essa é a média das empresas brasileiras. Se o capital de terceiros for maior que 1,20 em relação ao capital próprio, a empresa estará muito endividada. 4. 81 , 0 317 . 653 . 1 957 . 340 . 1 = Recapitulando As contas contábeis são divididas em dois grandes grupos, que se subdividem em outros dois, conforme as suas funções: 1º grupo ( Contas Patrimoniais: este grupo se subdivide em contas do Ativo e contas do Passivo e aparecem no Balanço Patrimonial. 2º grupo ( Contas de Resultado: este grupo se subdivide em contas de Receita e contas de Despesa e aparecem na Demonstração de Resultado do Exercício, formando o resultado da empresa. Grupos de contas do Balanço Patrimonial Ativo: Ativo Circulante ( Bens e direitos que irão se realizar dentro de até um ano. Ativo Realizável a Longo Prazo ( Bens e direitos que irão se realizar após um ano. Ativo Permanente ( Bens que irão permanecer indefinidamente na empresa. Subdivide-se em: Investimentos, Imobilizado e Diferido. Passivo: Passivo Circulante ( Dívidas que vencerão dentro de um ano. Passivo Exigível a Longo Prazo ( Dívidas que vencerão após um ano. Patrimônio Líquido ( É a diferença entre o Ativo e o Passivo Exigível. Representa a riqueza verdadeira da empresa Capital de Terceiros: São os recursos que terceiros investiram na empresa. É a soma do Passivo Circulante mais o Passivo Exigível a Longo Prazo. Capital Próprio: São os recursos aplicados pelos sócios ou acionistas, mais os lucros obtidos. É o total do Patrimônio Líquido. 5. 54 , 0 865 . 576 . 2 077 . 406 . 1 = Amplie seus Conhecimentos Para que você possa ampliar seus conhecimentos sobre a Contabilidade e também sobre Economia e Finanças, há vários artigos e comentários interessantes nos sites abaixo sugeridos. Além de artigos de vários segmentos, você encontrará também índices financeiros atualizados e dicas sobre as melhores aplicações financeiras do momento. Faça uma leitura sobre os artigos que você achar mais interessantes e bom aprendizado! Portal Exame da Editora Abril S/A http://portalexame.abril.com.br. Acesso em 06/05/2007. Portal Geração Futuro. Disponível em: http://www.gerafuturo.com.br. Acesso em 06/05/2007. Unidade 3: Fatos Contábeis 1. Nosso Tema A contabilidade se utiliza de algumas técnicas para registrar todos os fatos ocorridos na empresa e que irão alterar o valor de seu patrimônio. Por isso, dizemos que tudo que ocorre na empresa está contemplado nos relatórios contábeis. Nesta unidade, iremos estudar as variações patrimoniais e como elas são classificadas perante as regras contábeis. Veremos também que algumas movimentações que ocorrem dentro da empresa não influenciam no patrimônio e, por isso, não são contabilizadas. Qualquer movimentação nos elementos constitutivos do Patrimônio pode ser entendida como um Fato Administrativo. Já um Ato Administrativo só poderá ser contemplado pela contabilidade se puder ser traduzido em moeda, passando a ser tratado como um Fato Contábil. Durante o estudo desta unidade, você saberá mais sobre as variações patrimoniais.Veremos também quais são os principais livros da contabilidade e quais são os regimes de apuração do resultado de uma empresa. Então, mãos à obra! Para Refletir Alguns autores dizem que a contabilidade é o espelho da empresa, pois os relatórios contábeis refletem tudo o que se passa dentro daquela organização. Para melhor aproveitamento do conteúdo e para que você possa ver a aplicação dos benefícios da contabilidade, principalmente na gestão das empresas, é importante que você reflita sobre as seguintes questões: Como a contabilidade consegue captar e retratar todos os acontecimentos referentes à sua empresa? Podemos afirmar que tudo que se passa na empresa está nos livros contábeis? Será que nada foi esquecido? Quais os acontecimentos dentro da empresa são considerados contábeis e, conseqüentemente, serão escriturados nos livros? De quais critérios a contabilidade se utiliza para classificar esses acontecimentos? Quais as conseqüências de se utilizar um “regime de contabilidade” em desacordo com a legislação fiscal? Ao longo desta unidade, você receberá informações que o ajudarão na formação do seu conhecimento e que possibilitarão responder a essas e a outras questões sobre os benefícios de se ter uma boa contabilidade. 2. Conteúdo Didático 2.1. Tipos e Efeitos no Patrimônio O patrimônio das empresas está em constante movimento em decorrência dos acontecimentos diários, que podem ser classificados em dois grupos: 1. atos administrativos; 2. fatos administrativos. Atos Administrativos Segundo Ribeiro (2005), atos administrativos são os acontecimentos que ocorrem na empresa e que não provocam alterações no patrimônio. Por exemplo: admissão de empregados; assinatura de contratos de compras, de vendas e de seguros; aval de títulos; fianças em favor de terceiros etc. Alguns atos administrativos poderão, no futuro, provocar alterações no patrimônio da empresa. Eles são considerados relevantes, motivo pelo qual devem ser registrados pela contabilidade por meio das contas de compensação. Alguns exemplos de atos administrativos considerados relevantes são: Aval de títulos a empresa avaliza títulos para terceiros. Esse ato coloca em risco seu Patrimônio, porque a empresa se compromete em pagar a dívida caso o devedor (o avalizado) não o faça; Fianças em favor de terceiros a empresa torna-se fiadora de um terceiro. Isso é comum nos contratos de locação de imóveis. Esse ato põe em risco o Patrimônio da empresa que se obriga a efetuar o pagamento do aluguel caso o devedor (o afiançado) não o faça; Contratação de seguros a empresa contrata, com uma companhia seguradora, cobertura de riscos contra incêndio, roubo etc. Trata-se de ato relevante, uma vez que, ocorrendo o sinistro, a empresa será ressarcida do valor do prejuízo; Remessa de duplicatas para cobrança simples a empresa encaminha para o banco lotes de duplicatas de emissão própria para cobrança. Trata-se de ato relevante que deve ser contabilizado por meio de Contas de compensação para comprovar que os respectivos títulos que representam direitos não se encontram em poder da empresa porque foram encaminhados ao banco para cobrança. Fatos Administrativos Ainda segundo Ribeiro (2005), fatos administrativos são os acontecimentos que provocam variações nos valores patrimoniais, podendo ou não alterar o Patrimônio Líquido. Por modificarem o patrimônio, devem ser contabilizados por meio das contas patrimoniais ou de resultado. Os fatos administrativos podem ser classificados em três grupos: 1. fatos permutativos; 2. fatos modificativos; 3. fatos mistos. Resumindo: Atos Administrativos são aqueles que não alteram o patrimônio da empresa. Fatos Administrativos são aqueles que alteram o patrimônio da empresa e, por isso mesmo, são chamados de fatos contábeis. 2.1.1. Fatos Administrativos Os fatos administrativos (ou contábeis) são classificados em função do Patrimônio Líquido, que é sem dúvida nenhuma o mais importante dos três grupos Patrimoniais. Para explicar cada tipo de fato administrativo, partiremos da situação patrimonial a seguir representada por meio do Balanço Patrimonial da empresa Minas Brasil S/A, baseado no exemplo de Ribeiro (2005), cujos valores serão modificados com a ocorrência de cada um dos fatos administrativos apresentados nos exemplos desta unidade. Para facilitar as explicações, classificaremos as contas do Balanço Patrimonial de acordo com o conceito de “patrimônio”, ou seja, em bens, direitos, obrigações e Patrimônio Líquido, e não de acordo com a classificação contida no tópico “3.2 grupo de contas”. Eis a situação patrimonial da qual partiremos: Minas Brasil S/A ATIVO PASSIVO Bens Obrigações Caixa 1.000 Salários a pagar 300 Imóveis 2.800 Patrimônio Líquido Direitos Capital Social 3.200 Duplicatas a receber 500 Lucros Acumulados LPA 800 Total do Ativo 4.300 Total do Passivo 4.300 Fatos Permutativos Fatos permutativos são aqueles que provocam permutações entre os elementos componentes do Ativo e/ou do Passivo (alteram o patrimônio), sem modificar o valor do Patrimônio Líquido. São também denominados de fatos qualitativos. Pode ocorrer troca entre os elementos do Ativo, entre os elementos do Passivo e entre ambos ao mesmo tempo. Exemplo: + ATIVO - ATIVO ( Ex.: Compra de veículo à vista + ATIVO + PASSIVO ( Ex.: Aquisição de terreno a prazo - PASSIVO - ATIVO ( Ex.: Pagamento de uma dívida - PASSIVO + PASSIVO ( Ex.: Reforma (renovação) de uma dívida - PL + PL ( Ex.: Aumento de capital com Lucros Acumulados Partindo do Balanço Patrimonial apresentado acima, suponhamos que na empresa Minas Brasil S/A tenha ocorrido o seguinte: Esse fato “a” aumentará o valor da conta Caixa em $500 e diminuirá a conta Duplicatas a receber, também em $500, já que o cliente quitou sua dívida com nossa empresa. Nosso direito, portanto, deixa de existir. Desse modo, o fato provoca, ao mesmo tempo, aumento e diminuição entre os elementos do Ativo. O Balanço Patrimonial, após esse acontecimento, fica assim: Minas Brasil S/A ATIVO PASSIVO Bens Obrigações Caixa 1.500 Salários a pagar 300 Imóveis 2.800 Patrimônio Líquido Capital Social 3.200 Lucros Acumulados LPA 800 Total do Ativo 4.300 Total do Passivo 4.300 Os $500 que estavam em Duplicatas a receber passaram para a conta Caixa. Houve uma permutação entre os elementos do Ativo, mas o Patrimônio Líquido não se alterou. Agora, partindo do Balanço anterior, já modificado pelo fato “a”, consideremos o seguinte: Esse valor deveria ter sido retido dos salários dos empregados, mas ainda não o foi. Para regularizá-lo, vamos retirar esse valor da conta Salários a pagar e transferi-lo para a conta denominada Impostos a recolher. Veja como fica o Balanço Patrimonial após esse evento: Minas Brasil S/A ATIVO PASSIVO Bens Obrigações Caixa 1.500 Salários a pagar 270 Imóveis 2.800 Impostos a recolher 30 Patrimônio Líquido Capital Social 3.200 Lucros Acumulados LPA 800 Total do Ativo 4.300 Total do Passivo 4.300 Como ambas as contas envolvidas neste fato são do Passivo, logo, ocorreu permutação entre elementos do Passivo, não alterando o valor do Patrimônio Líquido. Em permutação entre elementos do Ativo e Passivo, o fato ocorrido poderá acarretar aumento ou diminuição no valor total do patrimônio, embora não interfira no Patrimônio Líquido. Vejamos alguns exemplos: Esse fato provocará, ao mesmo tempo, aumento no Ativo e no Passivo. Veja como ficará o Balanço Patrimonial, após esse evento: Minas Brasil S/A ATIVO PASSIVO Bens Obrigações Caixa 1.500 Saláriosa pagar 270 Imóveis 2.800 Impostos a recolher 30 Duplicatas a pagar 700 Móveis e utensílios 700 Patrimônio Líquido Capital Social 3.200 Lucros Acumulados LPA 800 Total do Ativo 5.000 Total do Passivo 5.000 Esse evento diminuirá o Ativo, pela saída do dinheiro da conta Caixa, e reduzirá também o Passivo, pela liquidação da obrigação, no mesmo valor. Veja, então, como ficará a situação patrimonial: Minas Brasil S/A ATIVO PASSIVO Bens Obrigações Caixa 1.000 Salários a pagar 270 Imóveis 2.800 Impostos a recolher 30 Duplicatas a pagar 200 Móveis e utensílios 700 Patrimônio Líquido Capital Social 3.200 Lucros Acumulados LPA 800 Total do Ativo 4.500 Total do Passivo 4.500 Tanto no caso de aumento como no caso de diminuição, houve permutação entre elementos do Ativo e do Passivo ao mesmo tempo, sem interferência no Patrimônio Líquido, que permaneceu o mesmo. Fatos Modificativos Fatos modificativos são aqueles que acarretam alterações, para mais ou para menos, no Patrimônio Líquido da empresa. São também denominados de fatos quantitativos. Como podemos observar, os fatos permutativos envolvem apenas as contas patrimoniais, sem provocar alteração alguma no Patrimônio Líquido. Porém, os fatos modificativos envolvem contas de resultado (receitas ou despesas) e, conseqüentemente, alteram o Patrimônio Líquido. Nesse caso, também, o fato poderá provocar aumento ou diminuição. Exemplo: + ATIVO +PL ( Modif. Aumentativo. Ex.:Receita obtida com serviços prestados - PASSIVO + PL ( Modif. Aumentativo. Ex.: Perdão de uma dívida - PL - ATIVO ( Modif. Diminutivo. Ex.: Despesa qualquer paga à vista - PL + PASSIVO ( Modif. Diminutivo. Ex.: Despesa qualquer a prazo Partindo do Balanço anterior da Minas Brasil S/A, suponhamos a seguinte ocorrência: Esse fato diminuirá o Caixa em $100, pela saída do dinheiro, e, por envolver uma despesa, diminuirá também o Patrimônio Líquido no mesmo valor. Após esse fato, a situação patrimonial fica assim: Minas Brasil S/A ATIVO PASSIVO Bens Obrigações Caixa 900 Salários a pagar 270 Imóveis 2.800 Impostos a recolher 30 Duplicatas a pagar 200 Móveis e utensílios 700 Patrimônio Líquido Capital Social 3.200 Lucros Acumulados LPA 700 Total do Ativo 4.400 Total do Passivo 4.400 A despesa com o uso de telefones provocou diminuição no lucro: a conta Lucros Acumulados, que tinha $800, ficou com apenas $700. Assim, toda despesa provoca redução nos lucros, enquanto toda receita provoca aumento nos lucros. Dessa forma, as despesas e as receitas provocam variações no Patrimônio Líquido. Suponhamos, agora, a seguinte ocorrência: Esse fato aumenta o Ativo pela entrada do dinheiro na conta Caixa e aumentará o Patrimônio Líquido pela receita auferida. Veja a situação patrimonial modificada por esse evento: Minas Brasil S/A ATIVO PASSIVO Bens Obrigações Caixa 1.100 Salários a pagar 270 Imóveis 2.800 Impostos a recolher 30 Duplicatas a pagar 200 Móveis e utensílios 700 Patrimônio Líquido Capital Social 3.200 Lucros Acumulados LPA 900 Total do Ativo 4.600 Total do Passivo 4.600 Fatos Mistos O fato misto envolve, ao mesmo tempo, um fato permutativo e um modificativo. Pode, portanto, acarretar alterações no Ativo e no Patrimônio Líquido, ou no Passivo e no Patrimônio Líquido, ou no Ativo, no Passivo e no Patrimônio Líquido ao mesmo tempo. Os fatos mistos também podem acarretar aumento ou diminuição no patrimônio. Vejamos: Misto aumentativo: ocorre quando aumenta o Patrimônio Líquido. Exemplos: - Pagamento de uma dívida com desconto - Recebimento de uma dívida com juros - Venda de um ativo imobilizado com lucro Misto diminutivo: ocorre quando diminui o Patrimônio Líquido. Exemplos: - Pagamento de uma dívida com juros - Recebimento de uma dívida com desconto - Venda de um ativo imobilizado com prejuízo Partindo da situação patrimonial anterior da Minas Brasil S/A, suponhamos o seguinte: Esse evento diminuirá o Ativo em $700, pela saída dos móveis; aumentará novamente o Ativo, pela entrada de $750, em dinheiro, no Caixa; e aumentará o Patrimônio Líquido, pelo lucro auferido de $50. O Balanço Patrimonial ficará assim: Minas Brasil S/A ATIVO PASSIVO Bens Obrigações Caixa 1.850 Salários a pagar 270 Imóveis 2.800 Impostos a recolher 30 Duplicatas a pagar 200 Patrimônio Líquido Capital Social 3.200 Lucros Acumulados LPA 950 Total do Ativo 4.650 Total do Passivo 4.650 A transação provocou aumento no Ativo, igual a $50, uma vez que os móveis foram vendidos por $50 acima do seu custo. O aumento no Ativo foi compensado pelo aumento de $50 no Patrimônio Líquido, uma vez que esse lucro foi adicionado à conta Lucros Acumulados LPA.. Suponhamos, agora, a seguinte ocorrência: Esse fato acarretará diminuição no Ativo, pela saída de $220 do Caixa; diminuição no Passivo, pela extinção da obrigação em Duplicatas a Pagar, no valor de $200; e diminuição no Patrimônio Líquido, pela redução dos lucros em $20, devido à despesa ocorrida. A situação do patrimônio passou a ser a seguinte: Minas Brasil S/A ATIVO PASSIVO Bens Obrigações Caixa 1.630 Salários a pagar 270 Imóveis 2.800 Impostos a recolher 30 Patrimônio Líquido Capital Social 3.200 Lucros Acumulados LPA 930 Total do Ativo 4.430 Total do Passivo 4.430 Também, nesse caso, tivemos, ao mesmo tempo, um fato permutativo (permuta entre as contas Duplicatas a Pagar e Caixa) e um fato modificativo (o pagamento da despesa pelos juros ocorridos na operação). 2.1.2. Livro de Escrituração Escrituração é uma técnica contábil que consiste em registrar nos livros próprios (Diário, Razão, Caixa, etc.) todos os acontecimentos que ocorrem na empresa e que provocam modificações no patrimônio. O controle contábil das empresas começa com a escrituração dos fatos no livro Diário, completando-se, depois, nos demais livros de escrituração. É por meio dos fatos administrativos que ocorre a gestão do patrimônio das empresas, e esses fatos são registrados por meio da escrituração. Mas, como escriturar esses acontecimentos? Vamos, inicialmente, estudar onde escriturar esses acontecimentos, para depois aprender como efetuar tais registros. (RIBEIRO, 2005). É importante ressaltar que a escrituração em livros contábeis não se traduz como atividade precípua no aprendizado da Contabilidade. Essa tarefa (escrituração) gradativamente está sendo incorporada pelo computador. É fundamental, no entanto, para o estudante, a compreensão de todo o processo contábil, além do conhecimento dos principais livros emitidos pela Contabilidade. Livro Razão Segundo Marion (1998), o Razão é um livro atualmente obrigatório, que foi durante muito tempo facultativo. Em virtude de sua eficiência, é indispensável em qualquer tipo de empresa, porque é o instrumento mais valioso para o desempenho da Contabilidade. Por isso, pela legislação contábil, é um livro obrigatório. Consiste no agrupamento de valores em contas de mesma natureza e de forma racional. Em outras palavras, o registro no Razão é realizado em contas individualizadas; tem-se assim um controle por conta.Por exemplo: abre-se uma conta Veículos e registram-se todas as operações que, evidentemente, a afetam; debitando-se ou creditando-se nessa conta, a qualquer momento apura-se o saldo. Exemplo: Nº da conta: 13.1.002 - VEÍCULOS 01/01 Saldo inicial 140.000 D 04/01 Compra de Fiat Pálio ano 25.000 D 10/01 Compra de VW Saveiro ano 23.500 D 25/01 Venda VW Kombi ano 12.000 C 31/01 Saldo final 176.500 D Livro Diário Do ponto de vista legal e fiscal, o Diário Geral é o livro mais importante da contabilidade. É obrigatório (exigido por lei) em todas as empresas. Registra os fatos contábeis em partidas dobradas na ordem rigorosamente cronológica do dia, mês e ano. Portanto, o Diário registra oficialmente todas as transações de uma empresa. O livro Diário deve conter termos de abertura e de encerramento e ser submetido à autenticação do órgão competente do Registro do Comércio. O atraso na escrituração deste livro não poderá ultrapassar 180 dias, sob pena de multa prevista pelo Imposto de Renda. Os requisitos básicos de um livro Diário Geral são: · Data da operação (transação). · Título da conta de débito e da conta de crédito. · Valor do débito e do crédito. · Histórico: alguns dados fundamentais sobre a operação em registro: número da nota fiscal, cheque, terceiros envolvidos, etc. 2.1.3. Regimes de Contabilidade Segundo Marion (1998), a cada exercício social (normalmente, um ano), a empresa deve apurar o resultado dos seus negócios. Para saber se obteve lucro ou prejuízo, a contabilidade confronta a receita (vendas) com as despesas. Se a receita foi maior que a despesa, a empresa teve lucro, caso contrário, teve prejuízo. A apuração de resultado é realizada de forma destacada na Demonstração do Resultado do Exercício. Apresenta-se aí um resumo ordenado das despesas e receitas do período, facilitando-se, dessa forma, a tomada de decisão. De maneira geral, através da apuração do resultado, pode-se verificar se o maior objetivo da empresa foi atingido, ou seja, se os benefícios obtidos foram maiores que os sacrifícios realizados. Mas, quando contabilizar uma receita de venda? No dia do faturamento ou no dia do recebimento? Em qual mês devem-se pagar os impostos sobre essa venda? No mês do faturamento ou no mês do recebimento? Por isso, é importante conhecer os Regimes de Competência e de Caixa. Regime de Competência: Este regime é universalmente adotado, aceito e recomendado pelo Imposto de Renda. Evidencia o resultado da empresa (lucro ou prejuízo) de forma mais adequada e completa. As regras básicas para a contabilidade pelo regime de competência são: · A receita será contabilizada no período em que for gerada, independentemente do seu recebimento. · A despesa será contabilizada como tal no período em que for consumida, incorrida, utilizada, independentemente do pagamento. Assim, se em 05 de janeiro de T2 a empresa pagar seus funcionários que trabalharam em dezembro de T1, a despesa compete a T1, pois nesse período ela incorreu efetivamente. Assim, o resultado será apurado confrontando-se todas as receitas e despesas geradas no período, mesmo que as receitas não tenham sido recebidas e nem as despesas tenham sido pagas. Regime de Caixa: O regime de Caixa é uma forma simplificada de contabilidade, aplicado basicamente às microempresas ou às entidades sem fins lucrativos, tais como igrejas, clubes, sociedades filantrópicas etc. Não é aceito pelo Fisco para apuração de resultado nas empresas sujeitas ao Imposto de Renda. As regras básicas para a contabilidade por esse regime são: · A receita será contabilizada no momento do seu recebimento, ou seja, quando entrar dinheiro no caixa (encaixe). · A despesa será contabilizada no momento do pagamento, ou seja, quando sair dinheiro do caixa (desembolso). Assim, o lucro será apurado subtraindo-se toda a despesa paga da receita recebida. Para finalizar este tema, vejamos um exemplo: A Cia. Exemplo vendeu em X1 $ 20.000 e só recebeu $ 12.000 (o restante receberá no futuro); teve como despesa incorrida $ 16.000 e pagou até o último dia do ano $ 10.000. Apuração do Resultado do Exercício (DRE) DRE Regime de Competência Regime de Caixa Receita 20.000 12.000 (-) Despesas (16.000) (10.000) Lucro 4.000 2.000 Para ver mais exemplos de Apuração do DRE vá até seu material web! 3. Teoria na Prática A Cia. Desconfiada Ltda, empresa que opera no segmento de comércio atacadista, adquiriu em 30/09/X1 materiais de escritório para seu consumo próprio, no valor de $10.000. Pagou a compra à vista, em dinheiro. Em 31/12/X1, constata-se que havia em estoque apenas 2.000 de material de escritório, pois o restante já havia sido consumido pelos seus empregados. Como fica o Balanço Patrimonial (somente com referência às contas envolvidas nessa movimentação) em 31/12/X1? Observe-se que apenas três meses (out., nov., e dez.) foram percorridos no consumo do material de escritório. Os $2.000 restantes beneficiarão o ano seguinte; portanto, serão classificados no Ativo Circulante. RESPOSTA ATIVO PASSIVO Estoque de material de escritório 2.000 Lucros/Prejuízos Acumulados LPA (8.000) Obs.: - O Balanço Patrimonial não está equilibrado porque não foram consideradas as demais contas. - O valor do material de escritório em estoque (2.000) irá para o LPA como despesa somente quando for utilizado, apesar de já ter sido totalmente pago. 4. Recapitulando Atos Administrativos são aqueles que não alteram o patrimônio da empresa, por isso, não são contabilizados. Fatos Administrativos são aqueles que alteram o patrimônio da empresa; são registrados na contabilidade e, por isso, são chamados de fatos contábeis. Podem ser permutativos (não alteram o PL), modificativos (alteram o PL) e mistos (alteram o patrimônio da empresa e o PL). Os dois principais livros de escrituração da contabilidade são: Livro Razão: é um livro atualmente obrigatório, que foi durante muito tempo facultativo. Em virtude de sua eficiência, é indispensável em qualquer tipo de empresa: é o instrumento mais valioso para o desempenho da Contabilidade. Nele serão registrados, em ordem de conta contábil, todos os acontecimentos que alteram o patrimônio da empresa. Livro Diário: do ponto de vista legal e fiscal, o Diário Geral é o livro mais importante da contabilidade. É um livro obrigatório (exigido por lei) em todas as empresas. Registra todos os fatos contábeis da empresa em partidas dobradas na ordem rigorosamente cronológica do dia, mês e ano. Regimes de Contabilidade são os métodos utilizados para se apurar o resultado da empresa (lucro ou prejuízo), ou seja, o momento de se contabilizar as receitas e as despesas. Regime de Competência: Este regime é universalmente adotado, aceito e recomendado pelo Imposto de Renda. Evidencia o resultado da empresa (lucro ou prejuízo) de forma mais adequada e completa. Neste regime, a receita será contabilizada no período em que for gerada, independentemente do seu recebimento; já a despesa será contabilizada no período em que for consumida, incorrida, independentemente do pagamento. Regime de Caixa: É uma forma simplificada de contabilidade, aplicado basicamente às entidades sem fins lucrativos. Não é aceito pelo Fisco para apuração de resultado nas empresas sujeitas ao Imposto de Renda. A receita será contabilizada no momento do seu recebimento e a despesa no momento do pagamento. 5. Amplie seus Conhecimentos Uma boa maneira de ampliar seus conhecimentos nas áreas contábil, fiscal, financeira e gestão de empresas é ler artigos de qualidade sobre os referidos assuntos. Para conhecer alguns artigos sobre os assuntos em questão, acesse o Portal Rede Contábil. Lá você vai encontrar publicações especializadas, artigos científicos e cursos na área. Portal Rede Contábil. Disponível em: <http://www.redecontabil.com.br/artigo/artigos.asp>. Acesso em 13 de maio de 2007. Outra importante publicação nessas áreas é a revista da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administraçãoe Contabilidade - ANEFAC. Disponível em: http://www.anefac.com.br/. Acesso em 13 de maio de 2007. Você sabia que no Portal Baixaki você encontra vários programas de contabilidade e de controles financeiros disponíveis para baixar, alguns totalmente grátis? Pois é, faça o teste e conheça alguns deles. Portal Baixaki disponível em: http://baixaki.ig.com.br/pesquisa.asp?nome=contabilidade&tipo=1. Acesso em 16 de maio de 2007. Unidade 4: Demonstrações Contábeis 1. Nosso Tema O artigo 176 da Lei nº 6.404/1976 (Lei das S/A) estabelece que, ao fim de cada exercício social, a diretoria da empresa deve elaborar, com base na escrituração mercantil, as seguintes demonstrações contábeis (financeiras): 1. Balanço Patrimonial - BP 2. Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA 3. Demonstração do Resultado do Exercício – DRE 4. Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos – DOAR Elas devem exprimir com clareza a situação do patrimônio da empresa e as mutações ocorridas no exercício. O Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício e a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados devem ser transcritos no livro Diário. As sociedades anônimas de capital aberto (que negociam suas ações em bolsas de valores) são obrigadas a publicar seus resultados anualmente, nos jornais de maior circulação do país. As demonstrações financeiras devem, ainda, ser complementadas por notas explicativas e por outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessárias ao bom esclarecimento da situação patrimonial e do resultado do exercício. Além das demonstrações obrigatórias acima descritas, ao final de cada mês, é elaborado também o Balancete de Verificação, que é a base de informações para a elaboração das outras demonstrações financeiras. Nesta unidade, iremos estudar esses importantes relatórios contábeis, tão necessários para a boa gestão das organizações. Para Refletir As organizações empresariais existem para realizar um ou mais objetivos. Nesse caminho, uma organização usa recursos materiais, mão-de-obra e serviços de terceiros. Para gerir a empresa, ajudando-a na consecução de seus objetivos (lucro, retorno sobre o investimento, continuidade operacional e outros), os administradores necessitam de informações sobre aspectos financeiros e econômicos da organização. Se o diretor de finanças fizer a você os seguintes questionamentos: Qual a capacidade de endividamento da empresa? Existe necessidade de mais investimentos pelos proprietários? A lucratividade da empresa é satisfatória? O custo de produção é adequado? A empresa conseguirá honrar seus compromissos de curto prazo? Onde você encontraria subsídios para responder a eles? Nos tópicos seguintes, iremos apresentar as principais demonstrações financeiras e como elas podem ajudar os administradores a tomar decisões acertadas para o futuro das empresas. 2. Conteúdo Didático 2.1. Balancete de Verificação A escrituração contábil deve ser realizada com a utilização do método das partidas dobradas. Assim, sabemos que o valor total dos saldos devedores deve ser exatamente igual ao valor total dos saldos credores. Para esse fim, é apurado periodicamente o Balancete de Verificação, que serve também para controlar o saldo das contas patrimoniais e, principalmente, as contas de resultado (receitas e despesas). O Balancete de Verificação é uma relação ordenada de todas as contas com os respectivos saldos devedores e credores. Ele é um resumo ordenado de todas as contas utilizadas pela contabilidade e também um valioso instrumento para verificar a exata aplicação do método das partidas dobradas. Além disso, é utilizado pelos administradores para gerenciar as empresas, pois mostra detalhadamente todas as receitas e todas as despesas de um determinado período. O Balancete deve ser levantado mensalmente e os elementos mínimos que nele devem constar são: a) Identificação da entidade. b) Data a que se refere. c) Abrangência d) Identificação das contas e respectivos grupos. e) Saldo das contas, indicando se são devedoras ou credoras. f) Soma dos saldos devedores e credores. Características do Balancete de Verificação Uma característica do Balancete é preceder a elaboração do Balanço Patrimonial. Desse modo, o normal é que, no Balancete, apareçam Contas de Resultado (Receitas, Deduções, Custos, Despesas) que não aparecem no Balanço Patrimonial, tendo em vista que elas são encerradas ao fim de cada exercício social e o saldo apurado é transferido para a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados (LPA). Os Balancetes são ferramentas gerenciais de grande utilidade nas empresas, até mais que o Balanço Patrimonial, já que são relatórios mais detalhados devido ao fato de trazerem, além das contas patrimoniais, as contas de resultado (receitas e despesas). Existem diversos modelos de balancetes e todos são válidos, uma vez que não se trata de um demonstrativo legal mais informal e de grande auxílio no preparo das demais demonstrações contábeis. É importante lembrar que, por convenção, as contas contábeis têm as seguintes características: Contas do Ativo ( Saldo Devedor Contas do Passivo ( Saldo Credor Contas de Despesa ( Saldo Devedor Contas de Receita ( Saldo Credor Exceções: · Duplicatas Descontadas (Ativo Circulante - AC) · Provisão para Devedores Duvidosos (Ativo Circulante - AC) · Depreciação Acumulada (Ativo Permanente - AP) · Amortização do Diferido (Ativo Permanente - AP) · LPA quando se tratar de prejuízo (Patrimônio Líquido – PL) Essas exceções, que no Balanço Patrimonial são contas redutoras (aparecem entre parênteses), no Balancete de Verificação, mudam de “lado” e perdem o parênteses. Marion ressalta a importância do Balancete de Verificação como ferramenta de gestão nas empresas, quando afirma que: Dada a inconveniência de levantar balanço em períodos mais curtos (normalmente se levanta balanço uma vez por ano), o balancete tem-se tornado poderoso instrumento de base para decisões. Assim, através de balancetes mensais, por exemplo, a administração da empresa terá um resumo de todas as operações, bem como de todos os saldos existentes no final do período. Dessa forma, o “poder decisório” conhecerá o resultado financeiro e econômico da empresa no final de determinado período sem a necessidade de estruturar um balanço. Estes dados, sem dúvida, são fundamentais para a tomada de decisão. (1998, p. 132) 2.1.1. Balancete de Duas Colunas O Balancete de duas colunas é o modelo mais simples que existe. Ele apresenta duas colunas de valores: uma com os saldos das contas devedoras e outra com o saldo das contas credoras. Nesse modelo de balancete, são apresentados apenas os saldos finais, ou seja, o valor de cada conta no ultimo dia do período em questão. Dessa forma, considerando as características de cada conta, na coluna da esquerda, deverão figurar as contas do Ativo e as Despesas. Na coluna da direita, deverão figurar as contas do Passivo e as Receitas. Veja a seguir: Balancete de Verificação Data ___/___/___ Saldo Devedor Saldo Credor Ativos e Despesas Passivos e Receitas Total das contas devedoras Total das contas credoras A seguir, um exemplo do Balancete de Verificação de duas colunas da empresa BHZ Veículos Ltda, levantado em 31/05/X7: BHZ Veículos Ltda Balancete de Verificação em 31/05/X7 Saldos Devedores Saldos Credores Caixa 200 Aluguéis a pagar 150 Bancos conta movimento 2.200 Empréstimos a pagar 10.000 Duplicatas a receber 300 Capital Social 12.000 Máquinas e equipamentos 10.500 Lucros Acumulados LPA 750 Veículos 30.900 Receita com vendas 45.000 Despesas com salários 15.700 Receita de aluguéis 3.500 Despesas com publicidade 8.100 Receita financeira 2.000 Despesas gerais 2.000 Despesas financeiras 3.500 Totais 73.400 Totais
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