Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Em Ciências Jurídicas é substancial distinguir direito da moral, ou as normas jurídicas das normas morais, compreender as suas semelhanças e a interação de seus domínios. Enquanto as ciências exatas descrevem a natureza, as coisas como são realmente, o ser, obedientes às leis da física que as regem, o direito e a moral tem como campo de estudo o comportamento humano, as regras sociais. O direito e a moral não tratam do ser, mas, sim, do “dever-ser. Dever-ser, em outras palavras, é uma conduta convencionada (em família ou em um grupo, por exemplo) ou imposta e desejada pelo ordenamento jurídico. O sinal vermelho do semáforo que ordena os veículos a pararem e não usar o celular durante uma missa (norma de comportamento adequado, de respeito e reverência) são manifestações do dever-ser. Dever-ser é a idealização de um comportamento ou conduta, o qual os membros da sociedade são obrigados a adotar (quando imposta, direito) ou assumem de forma espontânea, "natural", sem nenhuma imposição, moral. Quando uma regra social é desobedecida, há uma consequência (sanção, que na prática é entendida como punição), seja norma jurídica ou norma moral (é equívoco afirmar que transgressões morais não tenham sanções). Nessa análise, vê-se outra semelhança entre o direito e a moral; no entanto, ao versar sobre regras sociais jurídicas, no tocante às sanções, as diferenças surgem. As regras jurídicas têm sanção institucionalizada, é estatal, ou seja, o Estado impõe um padrão e as consequências. As normas morais e suas consequências não são impostas pelo Estado. A sanção moral incide sobre o pensamento, o instropecto. Mas, quando observamos grupos, é visto que: um membro ao cometer uma determinada conduta inadequada (uma imoralidade), sofre isolamento social (uma forma de sanção). A moral é vista como conduta espontânea, adesão voluntária ao conteúdo da regra. Contudo, moral e direito se interagem. Miguel Reale em seu livro, Lições Preliminares de Direito, explica sobre a relação entre direito e moral, ao elaborar círculos que ilustram as ideias de pensadores e filósofos sobre o tema. A partir disso, pode-se traçar cinco características que diferenciam uma da outra. A primeira refere-se a aceitação das normas. Para as normas morais é a relação de Autonomia, a pessoa vai definir de acordo com seu entendimento se adota uma determinada regra ou não, de acordo com sua crença, cultura, costume ou reflexão, é individual. Enquanto nas norma jurídicas, o direito independe da aprovação do Indivíduo (a pessoa concordando ou não). A regra é imposta e determina o que indivíduo deve fazer ou que não fazer, relação chamada de Heteronomia, imposição de terceiros, cabendo a pessoa obedecer e pautar sua conduta conforme ao que está expresso no ordenamento. A segunda características é quanto ao indivíduo em seu íntimo, o seu eu interior, e em âmbito social. Na norma moral tem-se a Interioridade, trata do ser humano consigo mesmo. Nesse aspecto, o indivíduo pode infringir uma norma moral no pensamento, ser imoral nos seus pensamentos. No direito, o ato deve ser exteriorizado, aquilo que faz ou comete, não importa o que o indivíduo imaginou ou pensa a sua mente de forma imoral. Exterioridade é característica das normas jurídicas. Em síntese, a norma jurídica se volta para o exterior e a norma moral para o interior A terceira características aborda as relações ou comportamentos que serão tutelados pelas normas. As normas morais incide sobre o comportamento de um indivíduo, o seu pensar e seus atos, relação de Unilateralidade. As normas jurídicas tutelam relações entre pessoas e conflitos sociais, relação de Bilateralidade. A quarta característica trata do grau de coercibilidade, sendo a norma moral de menor grau e a jurídica de maior grau, por ser organizada, institucionalizada, impositiva e de "sanções mais intimidadoras". A coercibilidade se manifesta pela coação e somente será empregada em caso de desobediência, como garantia do cumprimento da norma. A quinta e última característica é a diferença nas sanções, enquanto para as normas morais elas são difusas, para as jurídicas são organizadas, contado com um sistema estruturado.
Compartilhar