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MONOGRAFIA 3 - HISTORIOGRAFIA DO ETANOL E O SURGIMENTO DOS CARROS FLEX

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RESUMO
Trata-se de trabalho de conclusão de curso tem como objetivo estudar o etanol, abordando desde os antecedentes até a introdução do Proálcool, são cinco fases importantes e marcantes para a história do etanol. Abordamos também sobre o surgimento dos carros flex fuel na qual o Brasil passou por uma evolução, pois antes o consumidor não tinha escolha e com a introdução do motor flex os brasileiros podem optar por qual combustível melhor lhe agrada. O protocolo de Kyoto e o crédito de carbono nos mostraram que o etanol comparado com a gasolina é mais sustentável, limpo, menos poluente e não afeta a camada de ozônio.
Por fim, no último capítulo abordaremos as principais usinas fabricantes de cana de açúcar, as importações e exportações desse setor.
Palavras-chave: Proálcool, carros flex fuel, economia sustentável.
ABSTRACT
This is a course conclusion paper that aims to study ethanol, addressing from the background to the introduction of Proalcool, are five important and striking phases for the history of ethanol. We also approached the emergence of flex fuel cars in which Brazil has gone through an evolution, because before the consumer had no choice and with the introduction of the flex engine Brazilians can choose which fuel suits them best. The Kyoto Protocol and carbon credit have shown us that ethanol compared to gasoline is more sustainable, cleaner, less polluting and does not affect the ozone layer.
Finally, in the last chapter we will discuss the main sugarcane mills, the imports and exports of this sector.
Keywords: Proalcool, flex fuel cars, sustainable economy.
SUMÁRIO
PROBLEMATIZAÇÃO	1
QUESTÃO PROBLEMA	5
OBJETIVOS: GERAL E ESPECÍFICOS	5
HIPÓTESES	5
JUSTIFICATIVA	6
METODOLOGIA	6
REFERENCIAL TEÓRICO	7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	12
INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende analisar a historiografia do Proálcool, abordando sobre seus antecedentes e quando ocorreu a implementação do programa e seu crescimento que foi do período de 1975 até 1978, quais eram seus objetivos, como foi a criação, época em que foi criado, os problemas enfrentados no período e por fim o surgimento dos carros flex.
Esse surgimento deu a opção do consumidor escolher qual combustível melhor lhe agrada, dando a opção de abastecer com álcool ou gasolina, iremos abordar também sobre economia sustentável, na qual as analises mostram que o consumo do álcool é mais vantajoso e menos poluente.
Por fim, iremos abordar sobre as importações e exportações nesse setor, concluindo que o Brasil é muito dependente das importações dos EUA, o etanol importado dos EUA é produzido através do milho, essa matéria-prima é importada do Brasil e mesmo assim o produto final que é o etanol chega ao Brasil com preço menor, tal fato ocorre pois esse setor recebe subsídio do governo.
CAPÍTULO I – ANTECEDENTES DO PRÓALCOOL E SUA HISTORIOGRAFIA
No presente capitulo iremos abordar a historicidade do álcool nas terras brasileiras, que teve como base as expedições que eram encaminhadas ao Brasil a fim de colonizar e buscar riqueza, como os metais preciosos. Para exemplificar podemos citar a expedição encaminhada ao país pelo rei de Portugual, D.João III, no ano de 1530, comandado por Martim Afonso de Sousa (Furtado, 1999, p.13).
As primeiras produções açucareiras no país foram realizadas por Portugal, no período colonial, vez que esse país se viu na obrigação de expandir a produção dessa espécie, para atender o consumo açucareiro da Europa. Diante disso, a cana de açúcar tornou-se uma das principais fontes de recursos financeiros, devida a grande exigência de demanda no mercado internacional. 
O primeiro engenho de açúcar no Brasil foi construído na capitania de São Vicente, em 1533, o segundo em Olinda em 1535. Em meados do século XVI já funcionavam mais de 60 engenhos no Brasil. 
Vale destacar que a produção de cana de açúcar teve destaque na Zona da Mata, que era desde a Bahia até a Paraíba, conhecida também como região litorânea. Essa alteração trazia mais benefícios, tais como: terras abundantes, solo, clima favorável para o cultivo dessa planta e grande oferta de mão de obra.
O sistema de produção adotado era o de Plantation, esse sistema era bastante usado para o plantio, grandes fazendas produtoras de um único produto, com grande número de trabalhadores principalmente mão de obra escrava composta por indígena e africana que trabalhavam com elevadas produções. Portugal na época chegou a ter grandes lucros no Brasil na região do Nordeste, por diversos fatores, como disponibilidade de terras, produção em larga escala e mão de obra.
Não obstante, em 1624, o Brasil foi invadido pela Holanda, tendo como principal objetivo de comandar o comércio Europeu em especial o açúcar. Para controlar a produção do açúcar foi necessário ocupar o território brasileiro, onde o açúcar era produzido. Os Holandeses controlaram uma extensa parte do Pernambuco, os senhores de engenho estavam muito insatisfeitos com a administração holandesa, pois estavam explorando ao máximo a produção do açúcar.
Em 1654 houve a expulsão definitiva dos Holandeses com isso houve um impacto enorme na economia. Quando foram expulsos do Brasil, se dirigiram para as Antilhas, ilhas localizadas na América Central e começaram a produzir açúcar neste território entrando em forte concorrência com o produto brasileiro.(SOUSA,2010).
Com as técnicas necessárias para produzir o açúcar, os holandeses domina o mercado europeu e começa a concorrer diretamente com o Brasil, com os preços mais baixos que o açúcar brasileiro, tendo como consequência ao Brasil a forte queda nas exportações e a decadência da produção do engenho, mas mesmo assim permaneceu sendo a principal atividade econômica para exportação até a segunda metade do século XVIII.
Diante do cenário econômico açucareiro brasileiro, o Imperador do Brasil, D.Pedro II, elaborou um programa visando à modernização da produção de açúcar, surgindo assim os engenhos centrais, que tinham como objetivo moer a cana e processar o açúcar, 12 engenhos foram implantados nessa época. Os fornecedores ficaram empolgados e começaram a adquirir e montar suas pequenas indústrias de processar o açúcar.
O principal motivo que incentivou a construção de novas usinas no Brasil principalmente no estado de São Paulo na região de Piracicaba, ocorreu na 1° Guerra Mundial em 1914, este fato devastou a indústria de açúcar na Europa, provocando um aumento nos preços. Com a virada do século tivemos um impulso na economia, os engenhos de aguardente foram transformados em usinas de açúcar.
A expansão da produção fez com que a exportação do açúcar fosse o principal produto do processo de industrialização da cana-de-açúcar, pois o mesmo movia a economia do país, recebendo os maiores investimentos e incentivos.
Os países produtores de açúcar disputavam pelo comando nas exportações, com isso, durante vários anos a produção cresceu significativamente chegando ao nível de superprodução, pois os estoques ficaram acumulados, a oferta não acompanhou a demanda, dessa forma o produto sofreu desvalorização em seus preços internacionais.
Na década de 1930 o álcool era exclusivamente para o mel residual, a fabricação do álcool era limitada e voltada para um mercado interno. Nesta época, em função da forte crise que atinge o setor açucareiro, começam a surgir propostas defendendo o uso do álcool em substituição ao combustível importado através de sua adição na gasolina. (Ometto,1998, p.49).[footnoteRef:1] [1: Artigo: Cana-de-açúcar e álcool combustível: sustentabilidade e segurança energética. Publicado em 01.jul.2013. Disponível em: www.conhecer.org.br Acesso em: 05 mar.2019] 
Em contrapartida com o aumento da produção, constituía parte integrante da crise econômica mundial em 1929, cada vez mais se fazia necessária à intervenção do Estado na econômica para estabilizar novamente o setor açucareiro.
Em 1931 o governo tomou medidas para introduzir e estimular o álcool-combustível no país, retirando os impostos e taxas de importaçãopara adquirir equipamentos necessários para á instalação das destilarias para a produção de álcool anidro. Nesta época também foi criado à comissão de Estudos sobre o álcool-motor para estabelecer técnicas para a produção de álcool anidro. Essas medidas adotadas não tiveram efeitos positivos, pois a estrutura produtiva na agroindústria era precária e porque os incentivos não eram atrativos para o produtor.
Diante de tantos insucessos em 1933 o governo cria um instrumento de intervenção mais efetiva surgindo o IAA – Instituto de Açúcar e do Álcool, para poder contornar as crises de superprodução via contenção ou via fabricação do álcool que estava ocorrendo na época. Os principais objetivos do IAA era instalar e operar grandes destilarias centrais e de proteger, conduzir e realizar o controle da produção do açúcar, sendo, portanto, a principal instituição reguladora da produção sucroalcooleira e das relações entre os vários agentes produtores.
Com os incentivos governamentais e com o colapso das relações comerciais ocorrido durante a II Guerra Mundial, o álcool ganhou ainda mais importância, com a dificuldade de importar petróleo o governo eleva a mistura de álcool a gasolina para 20%, com isso, fez com que em 1942 o governo adotasse uma serie de medidas para estimular a produção de álcool, garantindo preços mínimos para o álcool e para as matérias-primas destinadas a sua fabricação. O álcool passa a ser visto então como uma nova opção de mercado.
De 1950 até 1975 o mercado de álcool passa a ser não significativo, pois o produto sofre expansão de demanda, não sendo suficiente para atender o consumo indústria, portanto, os empresários do setor, contando com incentivos oficiais através do Programa de Modernização da Agroindústria Canavieira, elevaram a capacidade de produção, produzindo mais do dobro de toneladas de açúcar por safra, tendo como foco o mercado internacional.
Em 1960 os principais países produtores de petróleo (Arábia Saudita, Irã, Iraque e Venezuela) fundaram a OPEP, Organização dos Países Exportadores de Petróleo, em uma reunião ocorrida na cidade Bagdá, tendo como principal objetivo da criação dessa organização era reivindicar melhores preços do petróleo no mercado mundial, sendo assim, sinalizaram possíveis aumentos no preço dos combustíveis derivados do petróleo. 
Em decorrência dessa organização, eclodiu O Primeiro Choque do Petróleo que é entendido como:
Esta crise afetou o Brasil justamente após um período entre 1968-1973 onde o Brasil passava por um vigoroso crescimento do produto nacional, que em media atingiu 11,4%,conhecido como “milagre econômico”. Esse crescimento foi basicamente liderado pelo setor de bens de consumo duráveis, essa expansão foi em praticamente 23% em media ao ano, porém devido a essa grande expansão deste setor, o Brasil também aumento drasticamente sua dependência de produtos do setor de bens intermediários como, por exemplo, aço, alguns metais e principalmente petróleo. (GIAMBIAGI; VELOSO; VILELLA, 2008).[footnoteRef:2] [2: GIAMBIAGI, VELOSO, VILELLA, Artigo “Determinantes do “milagre” econômico brasileiro” (1968-1973): uma analise empírica. Rev. Bras. Econ, 2008, vol.62, n.2, pp. 221.] 
Além disso, em meados de 1975, o preço do açúcar no mercado internacional sofreu significativa queda, agravando tanto a situação dos empresários do setor, como a do governo. Até então o álcool era considerado um produto secundário dentro da cadeia produtiva da cana-de açúcar; porém, diante da situação de crise financeira da balança comercial e da busca de soluções viáveis para diminuir a dependência de combustível fóssil, vez que o país gastava absurdamente para importar petróleo, aliada, também, à pressão de representantes do setor produtivo, o Governo Federal cria o Programa Nacional do Álcool – PROÁLCOOL através do Decreto 76.593 de 14 de novembro de 1975, com objetivo de incentivar a produção de álcool de qualquer matéria prima.
O Brasil no inicio dos anos 70 já estava adicionando o álcool anidro a gasolina com intuito de reduzir o chumbo tetraetila da gasolina (composto utilizado na gasolina) para diminuir os gastos de divisas, pois esse produto era importado, deu-se inicio novamente as pesquisas e investimentos no setor sucroalcooleiros em 1971 com a criação do Planalsucar (Programa Nacional de melhoramento da Cana de Açúcar), e também a criação do Funprosucar pelo IAA que financiou em 1973 a modernização das indústrias e usinas, diante disso apesar da dificuldade foi criado o Programa Brasileiro de Álcool.(BIODIESELBR 2011).[footnoteRef:3] [3: BIODIESELBR. “PROÁLCOOL PROGRAMA BRASILEIRO DE ÁLCOOL” – 04 de março de 2012 às 16:36 https://www.biodiselbr.com] 
Em suma, foi, provavelmente, a mais importante inovação política implementada, programa bem sucedido de substituição de larga escala dos derivados de petróleo, politica de combustíveis automotivos, visando o aumento de produção da cana-de-açúcar na história do país, ou seja, como forma de incrementar a utilização do álcool como combustível por meio de incentivos fiscais e empréstimos bancários com juros baixos, somente o Proálcool através de um novo programa ganharia forças próprias e dinâmicas para a produção do álcool, não como a salvação da lavoura e não em substituição ao açúcar em crise, mas como um fator de sustentação de uma indústria automobilista nacional. Vale ressaltar, que o governo investiu no programa 7 bilhões de dólares, até 1989, em subsídios, pesquisas, entre outros. O programa foi desenvolvido para evitar o aumento de dependências externa de divisas quando dos choques de preço do petróleo. Acrescido a isso, o programa substituiu por uma fração de álcool anidro (entre 1,1% a 25%) um volume de gasolina pura consumida por uma frota superior a 10 milhões de veículos a gasolina, evitando, assim, nesse período, emissões de gás carbônico da ordem de 110 milhões de toneladas de carbono (contido no CO2), a importação de aproximadamente 550 milhões de barris de petróleo e, ainda, proporcionando uma economia de divisas da ordem de 11,5 bilhões de dólares.
Nos anos que se sucederam, houve um crescimento no volume das exportações de açúcar enquanto a indústria canavieira se consolidava no mercado internacional, em decorrência das políticas de incentivo às exportações realizadas pelos governos militares entre os anos de 1968 e 1974, que se resumiam a estimular, por meio de subsídios, a exportação do excedente da produção que não era consumido pelo mercado nacional (SZMRECSÁNYI e MOREIRA, 1991, p.60).
Segundo Magalhaes e Machado Kuperman (1991, p.17):
O Governo implementou uma política de substituição de importações de produtos substanciais, como o petróleo, que se desenvolveu em duas linhas: substituição direta do insumo, através da identificação e exploração de novas jazidas dentro do país e busca de combustíveis alternativos". KUPERMAN, MACHADO e MAGALHÃES (1991, p.l7).
E como definido também:
A produção e o uso do etanol combustível no Brasil, desde 1975, constituem o mais importante programa de combustível comercial renovável implementado no mundo até hoje. Esse sucesso hoje reconhecido, aliado ao interesse crescente na substituição de derivados de petróleo, na redução de emissões de gases poluentes e na mitigação do efeito estufa, tem provocado uma intensa demanda de informações sobre o programa. (ÚNICA, 2007, P.5).
Ou seja, a regulamentação da produção e consumo de etanol era guiado pelo Estado, conforme explicito no artigo 8º da CF de 1969: "Compete à União legislar sobre produção e consumo (de álcool combustível).”.
	Nessa constituição, estava previsto que o Estado podia estipular leis federais que intervissem na produção de etanol, em motivo de segurança nacional e organização do setor e para evitar que a iniciativa privada pudessem a vir atrapalhar o crescimento. 
	Segundo Roberto S. Pindyck (P,187).
A presença dos rendimentos crescentes de escala é um tema importante no ponto de vista das políticas públicas. Quando existem rendimentos crescentes, torna-se economicamente mais vantajoso teruma grande empresa produzindo a um custo relativamente baixo do que muitas empresas pequenas a custos relativamente altos. Mas, pelo fato de uma empresa grande poder exercer controle sobre os preços estabelecidos, ela pode estar sujeira a regulamentações.
Vale ressaltar, que a cultura de cana de açúcar no Brasil se confunde com a própria historia do país, uma vez, que a cultura de cana-de-açúcar foi introduzida no país, para ser utilizada inicialmente na produção de açúcar, sendo um importante produto para o Brasil durante o século XVI, período conhecido como “O CICLO DO AÇÚCAR”. Posteriormente, da cana-de-açúcar foi desenvolvido o combustível etanol, que era uma inovação no mercado mundial, e por ser obtido desse vegetal, é uma fonte renovável, ou seja, não se esgota, conforme o entendimento do EX- Presidente Luís Inácio Lula da Silva o etanol é:
Os biocombustíveis são fontes de energia barata, renovável e limpa. Geram empregos no campo, agregam valor á produção agrícola, ajuda a proteger o meio ambiente e diversificam a pauta exportadora”.
	Ou seja, o etanol foi um marco importante para o Brasil, pois possibilitou maior crescimento e desenvolvimento no país, com o uso de fontes alternativas energéticas, como por exemplo: álcool, carvão e óleo vegetal, ou seja, o nosso país passaria a se destaque na produção de uma fonte renovável, como exemplificado abaixo:
A produção e o uso do etanol combustível no Brasil, desde 1975, constituem o mais importante programa de combustível comercial renovável implementado no mundo até hoje. Esse sucesso hoje reconhecido, aliado ao interesse crescente na substituição de derivados de petróleo, na redução de emissões de gases poluentes e na mitigação do efeito estufa, tem provocado uma intensa demanda de informações sobre o programa. (ÚNICA, 2007, P.5).
Destacam que dentre as causas do sucesso do Proálcool, foram:
(a) a existência, no país, de tecnologia de produção de álcool carburante; (b) o fato de dispomos de importante setor açucareiro capaz de se adaptar rapidamente à produção de álcool através da instalação, ou ampliação de destilarias anexas e (c) os baixos preços do açúcar ligados à crise estrutural generalizada do setor açucareiro (grandes estoques mundiais, superprodução crônica etc.).
É de se observar também que a utilização do etanol como combustível é mais vantajosa em relação aos combustíveis fosseis em termos econômicos, o custo do combustível fóssil é mais elevado do que o etanol, entretanto, o cultivo de cana-de-açúcar sacrifica o solo, gerando quantidades significativas de poluentes, possibilitando o desenvolvimento de doenças principalmente respiratórias. Correlaciono tal entendimento com a pesquisa feita pelo químico Willian Cesar Paterlini da Unesp, que defendeu uma tese de doutorado sobre a influencia que partículas emitidas pela queima da cana de açúcar causa a populações vizinhas aos canaviais, esse processo causa doenças como asma, hipertensão etc. Em entrevista ao site Inovação Tecnológica Paterlini disse: “Em nossas medições, quando houve picos nas emissões de partículas, três dias depois aumentavam também os números de internações por doenças respiratórias", (PEREIRA ,2007 )
As causas da exploração desse combustível foram também importantes tema de pesquisa na área econômica, uma vez que com a implantação do Proálcool proporcionou o alcance de metas sociais e econômicas. A criação do Proálcool era uma junção de três interesses, ou seja, usineiros, estado e empresário do setor automobilístico.
As causas do crescimento da produtividade é uma das áreas de pesquisa importantes em economia. Sabemos que uma das fontes mais importantes desse crescimento é o aumento do estoque de capitais, isto é, da quantidade de bens de capital para uso produtivo. Como um aumento do capital significa mais e melhor maquinaria, cada trabalhador produz mais por hora trabalhada. Uma outra fonte importante de crescimento da produtividade é a mudança tecnológica, que permitem o uso mais eficiente da força de trabalho. PINDIK, Cap. VI, pg. 187, (2002).
Podemos dividir O PROÁLCOOL em cinco fases, a saber:
1ª. 1975 a 1979 - Fase Inicial 
Nessa fase houve a implantação das destilarias de álcool anexas às usinas de açúcar, com empreendimentos de rápida maturação que proporcionaram o crescimento da produção do álcool anidro para mistura com gasolina. Os primeiros carros movidos exclusivamente a álcool surgiram em 1978. No mesmo ano, o Brasil atingia a margem de 50% de importação de petróleo, e o preço continuava a subir, era, portanto, necessário mudar as estratégicas para o país não sofrer tanto com essas altas nas importações e dos preços desse combustível, sendo assim, houve o incentivo a conversão dos veículos automotores de gasolina para etanol, aumentando a produção desse biocombustível, conforme os dados da APEC/COPERFLU,1979: “..aumentando a produção de etanol de 650 milhões de litros para 1,5 bilhões em 1978”.
Sendo assim, cito:
 “Acordos com montadoras foram feitos pelo governo brasileiro neste período, por exemplo como a garantia de produção de 10 bilhões de l/ano de álcool e também uma distribuição adequada deste produto para todo território nacional, desta forma as montadoras passaram a trabalhar intensamente para produzir um carro 100% movido a álcool. (SILVA,2008)”.[footnoteRef:4] [4: MICHELLON, EDNALDO. Breve descrição do Proálcool e perspectivas futuras para o etanol produzido no Brasil. Disponível em: www.sober.org.br. Acesso em 5 set.2019] 
2ª. 1980 a 1986 – Fase de Afirmação
Período em que houve a implantação de destilarias autônomas em novas áreas de produção de álcool, a partir de 1979, iniciando a produção do álcool hidratado destinado ao uso direto nos automóveis, foi o período em que houve o segundo choque do petróleo (1979-80) triplicou o preço do barril de petróleo e as compras desse produto passaram a representar 46% da pauta de importação brasileira em 1980. O governo, resolve adotar a plena implementação do Proálcool. São criados organismos como o Conselho Nacional do Álcool - CNAL e a Comissão Executiva Nacional do Álcool - CENAL para agilizar o programa. A produção alcooleira atingiu um pico de 12,3 bilhões de litros em 1986-87, superando em 15% a meta inicial do governo de 10,7 bilhões de l/ano para o fim do período. A proporção de carros a álcool no total de automóveis de ciclo Otto (passageiros e de uso misto) produzidos no país aumentou de 0,46% em 1979 para 26,8% em 1980, atingindo um teto de 76,1% em 1986.
Essas medidas podem ser citadas como:[footnoteRef:5] [5: MICHELLON, EDNALDO. Breve descrição do Proálcool e perspectivas futuras para o etanol produzido no Brasil. Disponível em: www.sober.org.br. Acesso em 7 set.2019] 
 • Tornou o uso de carro a álcool prioritário na sua frota; 
• Fixou em 20% a mistura de álcool a gasolina; 
• Ampliou a revenda de álcool hidratado com preço estipulado em no máximo de 65% do preço da gasolina; • Redução de alíquotas de Imposto sobre Produto Industrializado – IPI e Taxa Rodoviária Única (atual IPVA) para veículos movidos a álcool; 
• Isenção de IPI para táxis a álcool; 
• Melhora nos preços dos produtos, com redução na paridade de 60 kg de açúcar por 44 litros de álcool, para 60 kg de açúcar por 38 litros de álcool, tornando mais compensador a produção de álcool.
Gráfico 1 - Evolução da Venda de Veículos a Álcool de 1982 a 2005
Segundo Silva (2006), no final dessa fase, o preço do petróleo começa a tender a estabilidade, o mercado de açúcar estava em ascendência, e a realidade econômica do país era crítica, decorrida de uma crescente deterioração das condições econômicas e sociais do país. Portanto, houve uma redução dos investimentos em torno do programa a partir de 1985.[footnoteRef:6] [6: MICHELLON, EDNALDO. Breve descrição do Proálcool e perspectivas futuras para o etanol produzido no Brasil. Disponível em: www.sober.org.br. Acesso em 12 nov.2019.] 
3ª 1986 a 1995 - Fase de estagnação
Período em que houve a ampliação, em 1985, dos aspectos qualitativos no tocante a produtividadeagrícola, eficiência industrial e aprimoramentos dos diversos aspectos do consumo. Período conhecido como contra-choque do petróleo, pois o cenário internacional do mercado petrolífero é alterado. Os preços do barril de óleo bruto caíram de US$ 30 a 40 para um nível de US$ 12 a 20. Na política energética seus efeitos foram sentidos a partir de 1988, coincidindo com um período de escassez de recursos públicos para subsidiar os programas de estímulo aos energéticos alternativos, resultando num sensível decréscimo no volume de investimentos nos projetos de produção interna de energia.
A oferta de álcool não pôde acompanhar o crescimento descompassado da demanda, com as vendas de carro a álcool atingindo níveis superiores a 95,8% das vendas totais de veículos de ciclo Otto para o mercado interno em 1985.
Os resultados obtidos pelo Proálcool destacam-se: a contribuição para o equilíbrio nas contas externas, geração de empregos, aumento da arrecadação fiscal, diminuição da poluição ambiental e desenvolvimento de tecnologia nos setores agrícola e industrial, tornando o país menos dependente externamente em um setor vital da economia, o energético.
A partir de 1990 novamente o setor sucroalcooleiro nacional volta a sofrer interferências políticas importantes, como a desregulamentação do setor e a extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool – IAA, vindo, como consequência, a liberação dos preços da cana, do açúcar e do álcool. A política econômica com objetivo de controlar a inflação através de diversos planos econômicos, inclusive com congelamento de preços, também contribuiu para aumentar a crise no setor canavieiro. 
Sendo assim, teve com consequência o fechamento no período de 1987 a 1997 de 130 unidades produtoras de álcool. A partir daí, diferentes estratégias de concorrência foram adotadas pelas empresas do sistema agroindustrial da cana-de-açúcar. O progresso técnico é um dos elementos fundamentais destas estratégias. Isto porque a saída do Estado tornou as relações no interior do complexo (usineiros-fornecedores e usineiros-trabalhadores) totalmente privadas, permitindo a concorrência no interior do sistema agroindústria.
O PROÁLCOOL foi o marco da transformação do sistema agroindustrial da cultura. A desregulamentação do setor sucroalcooleiro, na década de 90, voltou a impulsionar uma nova fase de aumento de produtividade da cana-de-açúcar, desta vez firmado em um modelo de forte tendência privada e baseado na maior eficiência e competitividade do setor, com ênfase na sustentabilidade. Estas duas vertentes, a pública e a privada, é que construíram o quadro atual, no qual o Brasil apresenta-se como o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, ocupando uma posição de vanguarda na questão da geração de energia a partir da biomassa
Portanto, conclui-se que o impulso para o aumento de produção e produtividade da cana-de-açúcar ora estava alimentado pela iniciativa privada, ora pelo setor público, com forte interação entre estes em determinados momentos de sua história. Os investimentos para a geração de tecnologia visando a maior competitividade da cadeia produtiva da cana-de-açúcar estão diretamente relacionados com as inovações políticas e institucionais que levaram o Brasil a ser o maior produtor mundial da cultura. 
No mais, a implantação de políticas públicas, que também se refletiu no surgimento de inovações institucionais, técnicas e científicas, na década de 70, foi o fator que mais impulsionou a produção e a produtividade da cana-de-açúcar no Brasil, na sua história recente.
Segundo SANTIN (2006), o Proálcool recebeu menos investimentos nessa fase do que nas anteriores, houve um desequilíbrio entre oferta e demanda de álcool, inclusive na forma de metanol para adições a gasolina ou ao próprio álcool hidratado devido ao estímulo da demanda combinada ao desestímulo da produção. Todos esses fatores afetaram a credibilidade do Proálcool, porém o consumo de álcool hidratado continuou aumentando e em 1986 o consumo praticamente igualava-se ao consumo de gasolina.[footnoteRef:7] [7: SOBER (Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural), artigo: “Breve descrição do Proálcool e perspectivas futuras para o etanol produzido no Brasil”. 23 de julho de 2008, pág 7. ] 
CAPÍTULO II – O NOVO CENÁRIO APÓS O PROALCOOL E O SURGIMENTO DOS CARROS FLEX
O novo cenário após o Proálcool tem seu inicio ao longo da década de 1990 até 2008.O primeiro é de 1991 até 2002, no qual o programa não conseguiu forças para restauração de suas atividades, caracterizado pela insignificância do álcool hidratado.
O período após 2002 pode ser caracterizado pela transição do processo intervencionista do Governo no complexo canavieiro, para novas formas de estruturação econômica desse setor que possibilitou o acesso ao poder estatal através de outros mecanismos. A partir de 2003 ocorreu à introdução dos veículos flex fuel, dando autonomia de escolha ao consumidor. Em 2004, com a possibilidade de o Brasil tornar a maior potência mundial exportadora de álcool como combustível através da ratificação, por boa parte dos países, ao protocolo de Kyoto, que buscavam alternativas ao petróleo, de forma a diminuírem as emissões de C02 e do financiamento do BNDES como parceria Estatal com o intuito de exportar o combustível, criando um mercado consumidor no exterior.
Com o surgimento do carro leve movido a álcool em fins da década de 1970 e o aumento de percentual de mistura, na safra de 1970/80 foram colhidos 138,9 milhões de toneladas de cana de açúcar, havendo uma redução importante da participação do açúcar já que, apenas 54,16% foram destinadas à fabricação desse produto. Nessa ocasião, foram produzidos 2.712 mil metros cúbicos de álcool anidro, pois os percentuais de mistura tinham sido elevados e variaram entre 20% e 23%, e 671 mil metros cúbicos de álcool hidratado, pois já estavam presentes no mercado os primeiros carros com essa tecnologia totalmente brasileira.
Na safra de 1985-1986 foi à época em que teve a maior relação das vendas de carros e álcool em comparação com a gasolina, foram produzidas 224,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, sendo 27,87% utilizados para fabricação de açúcar, com o restante originando 3.208 mil metros cúbicos de álcool anidro e 8.612 mil metros cúbicos de hidratado. Nessa ocasião, 85,51% de todos os carros leves vendidos no Brasil eram a álcool, correspondendo a 697.049 unidades.[footnoteRef:8] [8: MORCELI, PAULO. Artigo “Futuro para o álcool brasileiro” – Disponível em: www.seer.sede.emprapa.br Acesso em: 19 set.2019.] 
Em fins da década de 1980, ocorreu o primeiro movimento que trouxe descrédito à capacidade de suprimento da frota brasileira de carros com combustíveis da biomassa. O consumidor sentiu-se lesado ao adquirir um veículo a álcool, pois, ao buscar as fontes de suprimento do combustível, viu-se impossibilitado pela falta do mesmo. Conforme artigo “O crescimento recente do agronegócio”, cito: O descrédito chegou a tal ponto que, em 1986, do total de veículos comercializados no Brasil, 85,51% eram a álcool, caindo em 1997, para apenas 0,08%. Como agravante, a falta de álcool nos postos de abastecimento trouxe ao mercado a ideia de que o empresário deste setor era pouco confiável, movido especificamente pelo lucro e não tendo qualquer ou nenhum compromisso com o consumidor.[footnoteRef:9] [9: PINTO, CARLOS LUIS. Artigo “O crescimento recente do agronegócio brasileiro” – Disponível em: www.agricultura.gov.br Acesso em: 19 set.2019.] 
A partir do ano de 2000, em razão de alguns programas de incentivos governamentais, como, por exemplo, a chamada “frota verde”, em que o uso de carros a álcool foi incentivado para aumentar o consumo desse combustível, percebe-se crescimento, embora insipiente, nas suas vendas, de modo que, em 2003, já aparece à comercialização de 4,61% do total de automóveis vendidos naquele ano.
Um fato marcante que ocorreu nesse exercício foi o surgimento dos carros flex fuel que se deu em 23 de março de 2003 pela Volkswagen, são motoresque funcionam com álcool e gasolina, foi um marco muito importante para a economia brasileira e alcançou enorme sucesso comercial. Esse sucesso é resultado de diversos fatores entre eles o Proálcool e a participação do etanol na matriz energética brasileira.
A partir de então, cresceu substancialmente o volume de vendas de carros que pode consumir gasolina C ou álcool hidratado, esse foi o impulso que o álcool precisava para se tornar mais utilizado de modo que, em 2005, das 1.631.217 unidades vendidas internamente, 895.002 unidades eram a álcool ou flex fuel, ou seja, 54,87%. Em 2006, tomando-se por base os dados de janeiro e junho, esse percentual atingiu 73,80%, com 622.508 unidades a álcool ou flex fuel, para o total de 843.521 carros comercializados no período.[footnoteRef:10] [10: MORCELI, PAULO. Artigo “Futuro para o álcool brasileiro” – Disponível em: www.seer.sede.emprapa.br Acesso em: 19 set.2019.] 
O primeiro automóvel fabricado no Brasil cujo motor utilizava sistema flexível de etanol e gasolina de forma viável foi o Volkswagen Gol 1.6, lançado simultaneamente à comemoração de 50 anos da empresa no Brasil, com a presença de diretores mundiais do grupo alemão e do presidente da Republica.
O crescimento no uso de carros "a álcool", apresenta grandes diferenças em relação ao passado. Em primeiro lugar, o fato de que o carro flex fuel não foi fabricado para utilizar álcool como combustível, a despeito dos produtores de álcool "venderem" a ideia. A tecnologia foi desenvolvida para dar flexibilidade aos consumidores para que estes não fiquem dependentes de um único combustível, podendo, dessa maneira, escolher aquele que melhor lhe atendesse, econômica ou ecologicamente. Outro ponto importante foi à motivação da indústria automobilística. No passado, o lançamento e a produção do carro a álcool tiveram forte imposição institucional, com o governo federal sendo o grande indutor na sua implementação.
Atualmente, são as montadoras que têm interesse nesse tipo de tecnologia, já que “descobriram” um grande apelo de marketing ao dar esse tipo de opção ao consumidor e uma excelente vantagem tecnológica, pois deixam de se preocupar em ajustar o motor às diferentes misturas de álcool a gasolina, ante as constantes alterações dos padrões de misturas adotadas. O consumidor, na verdade, não tem muita escolha, pois a indústria, para um bom número de modelos, só fornece a "opção" do motor bicombustível. Esse é o embrião do motor universal, onde a mesma plataforma pode ser utilizada em países que misturam 20% de álcool, como no Brasil; 10%, 5,7% ou nada como é nos EUA; 3% como proposto para o Japão; ou nada como acontece na maior parte dos países.[footnoteRef:11] [11: MORCELI, PAULO. Artigo “Futuro para o álcool brasileiro” – Disponível em: www.seer.sede.emprapa.br Acesso em: 22 set.2019.] 
Na visão dos produtores o sucesso do motor flex traz importante possibilidade de ampliação do mercado demandante desse combustível, o veículo oferece a opção de utilizar o combustível que estiver mais barato, sem qualquer prejuízo. Diferente de quando o consumidor não tinha opção de escolher, se tivesse majoração dos preços, o mesmo tinha que desembolsar um valor maior para abastecer seu veículo, ou pior, quando faltava o combustível nos postos de abastecimento.
Outro ponto importante, é que em decorrência do expressivo crescimento no uso do álcool, houve um aumento significativo da demanda por recursos do BNDES, com objetivo de financiar a expansão da produção desse combustível. O alto volume de tais financiamentos gerou desembolso de aproximadamente R$: 3,5 bilhões e 2007, ou seja, 5% do total foram um dos responsáveis pela criação do Departamento de Biocombustíveis (DEBIO), em agosto de 2007.[footnoteRef:12] [12: CARCALHO, LUCIANO JOSÉ. Artigo: A auditoria fiscal do trabalho no combate ao trabalho escravo moderno no setor sucroalcooleiro. Publicado em 04/10, disponível em: https://jus.com.br. Acesso em: 01 out.2019] 
As exportações brasileiras de etanol eram quase inexistentes até 1992, quando atingiram a faixa de 200 a 400 mil m³, ou seja, inferior a 3% do total produzido. O crescimento do volume exportado só se tornou expressivo a partir de 2004, no início da adição de etanol à gasolina nos países desenvolvidos, conforme podemos notar no gráfico abaixo.
Gráfico 1 – Evolução das Exportações Brasileiras de Álcool
Fonte: Mapa, 2008.
Finalmente, o mercado de veículos com motor flexível, até o momento presente, é exclusivo do Brasil. Trata-se de uma tecnologia bem-sucedida, mesmo do ponto de vista comercial, o que é comprovado pela participação de quase 90% das vendas de automóveis e comerciais leves em 2007 (até novembro). A frota atual pode ser considerada equivalente às vendas acumuladas, que somaram 4,4 milhões de unidades, conforme artigo Perspectivas para o etanol brasileiro.
Com relação ao álcool como aditivo, com a implementação do protocolo de Kyoto, e com a preocupação crescente da população mundial, com respeito à questão a poluição atmosférica, oferta que agrida menos o meio ambiente, abriu-se uma janela para o agronegócio brasileiro na área de biomassa (etanol, biodiesel, co-geração, etc)
A intenção é que a produção agropecuária utilize modelos com menor ou até mesmo nenhuma agressão ao meio ambiente. A busca tem sido para que tenha menos poluição, mas que dê maior rendimento por unidade e que tenha menor custo beneficio, ou seja, por fontes que tenha o melhor custo/beneficio.
Cada metro cúbico de álcool anidro evita a emissão de 2,7 toneladas equivalentes de CO2 . Se tomar a demanda total estimada anteriormente, resulta em 269,5 milhões de toneladas equivalentes de CO2 que serão retiradas da atmosfera todo ano.[footnoteRef:13] [13: Artigo: Brasil deve cumprir meta voluntaria de redução das emissões de CO² em 2020. Publicado em 14/10/2019 às 10:28 hrs. Disponível em: www.ipea.gov.br. Acesso 20 out.2019] 
O álcool combustível é composto por hidrogênio, carbono e oxigênio, também é conhecido como etanol ou álcool etílico, é produzido por fermentação através da cana de açúcar, ou seja, é um combustível não derivado do petróleo, com isso já é mais vantajoso que o petróleo, pois, sua queima emite menos gases poluentes na atmosfera.
O poder de calor do álcool é 6300 cal/g, esse valor representa a capacidade do combustível de liberar energia ao ser queimado. No caso do álcool o valor é alto, o que significa que ele é capaz de mover o carro com menos combustível queimando, o que reflete em menos poluentes.
A gasolina é composta basicamente por hidrocarbonetos (carbono e oxigênio), em sua composição apresenta, dióxido de carbono (CO2) é um gás perigoso que contribui para o efeito estufa e o aquecimento global. Já o Monóxido de carbono (CO) é um gás formado pela combustão incompleta e se acumula em nossa atmosfera na forma de um poluente (conhecido como neblina escura). Ambos são prejudiciais à humanidade.
Comparando ambos, o álcool é um combustível que não afeta a camada de ozônio e por isso não é tão perigoso para a atmosfera quanto à gasolina. Em relação ao preço, nos últimos anos o álcool foi se tornando acessível em relação ao aumento do preço do petróleo.
Estudos recentes mostram que uma segunda alternativa de combustível sustentável é o etanol celulósico, produzido a partir de folhas de bagaço de cana, é considerado como produto de segunda geração, é produzido através das fibras vegetais.
O processo é feito através da quebra dos polissacarídeos em açucares menores em um processo conhecido como hidrolise, em seguida, há a fermentação desses açucares, dando origem ao etanol.
As vantagens do etanol celulósico começam na sua produção, as folhas e bagaço da cana, que sobravam após a produção do etanol de primeira geração, ainda continham energia que não era utilizada e geravam um problema de resíduo. Com a criação dessa técnica, folhas e bagaço tem seu valor reconhecido e não são mais desperdiçados. Como tais “resíduos” não servem para serem utilizados na alimentação humana e nem de criação de animais,essa produção não compete por terras que seriam usadas para plantação alimentícia.
O custo do etanol celulósico é menos que da gasolina e do etanol proveniente do milho, além disso, é o combustível com menor liberação de gases e contribuem para o efeito estufa.
Segundo o site Biodieselbr, a produção do etanol de segunda geração deve saltar de 22 bilhões de litros para até 68 bilhões, em 2020, assim seria possível atender à demanda da população brasileira, incentivando o uso de biocombustíveis ao invés de combustíveis fosseis.[footnoteRef:14] [14: Artigo: A bolha dos biocombustíveis, publicado em: 05 abr.2007 às 16:47hrs, disponível em: www.biodieselbr.com ] 
Antes da Revolução Industrial, tinha-se a visão que o crescimento econômico era sinônimo de exploração dos recursos ambientais, levando os países desenvolvidos a não se preocuparem com o meio ambiente. Todavia, aquela ideia mecanicista de que o meio ambiente servia apenas como fonte de matéria prima e receptáculo dos resíduos do processo de industrialização vêm gradativamente sendo substituída por uma postura mais responsável, pois devido ao crescimento desordenado do processo industrial, a degradação ambiental se acelerou em níveis preocupantes, desencadeando uma série de problemas, dentre os quais pode-se citar o aquecimento global do planeta, também conhecido como “efeito estufa”. (SEIFFERT, 2005; FRANCO, 1999; STEAD; STEAD, 2000; HAWKEN; LOVINS; LOVINS, 1999).
De acordo com os estudos realizados pelo Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC, o qual reúne mais de 200 cientistas de diversos países e áreas de conhecimento, as principais consequências decorrentes do aquecimento global são: 
· A elevação do nível dos oceanos;
· O derretimento das geleiras e das calotas polares;
· A perda da biodiversidade da fauna e flora;
· O aumento da incidência de doenças transmissíveis por mosquitos e outros vetores (malária, febre amarela e dengue, por exemplo);
· As mudanças no regime de chuvas;
· A intensificação de fenômenos climáticos extremos (tais como secas inundações, ciclones e tempestades tropicais);
· A desertificação e perda de áreas agriculturáveis;
· O acirramento dos problemas relacionados ao abastecimento de água doce;
· O aumento de fluxos migratórios de animais.
A urgência de medidas preventivas tornou-se uma obrigação mundial, não seria uma questão fácil de resolver, pois os países teriam que se adaptar a um processo de industrialização sem agredir o meio ambiente. 
A partir dos anos 2000, entrou em cena um mercado voltado para criação de projetos de redução da emissão dos gases que aceleram o processo de aquecimento no planeta, trata-se de um mercado de crédito de carbono, que foi idealizado a partir do protocolo de Kyoto assinado em 1997, em Quioto no Japão, entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005. Regulamenta a CQNUMC defesa global do clima, acordo internacional que estabeleceu que os países desenvolvidos deveriam reduzir de 2008 e 2012, suas emissões de gases do efeito estufa 5,2% em média - GEE, em relação aos níveis medidos em 1990.
Na Conferência de Quioto foi definido o conceito de “sequestro de carbono”[footnoteRef:15] com o objetivo de conter e reverter o acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera e frear o efeito estufa. Segundo Ribeiro (2005) há uma preocupação tácita dos membros do Protocolo em determinar que a transferência de tecnologia dos países desenvolvidos para aqueles que estão em desenvolvimento ocorra de forma segura e saudável sob o ponto de vista ambiental. [15: Também conhecido como captura de carbono, é o processo de remoção de gás carbônico da atmosfera, esse processo ocorre principalmente em oceanos, florestas e outros locais onde os organismos, por meio da fotossíntese, capturam o carbono e lançam oxigênio na atmosfera. É a captura e estocagem segura de gás carbônico (CO2) que evita sua emissão e permanência na atmosfera terrestre.
] 
Os países em desenvolvimento são de fato os mais vulneráveis à mudança climática, em função de terem historicamente menor capacidade de responder à variabilidade natural do clima. (CONEJERO, 2006).[footnoteRef:16] [16: Artigo: Mudança climática – Rumo a um novo acordo mundial. Publicado em 08 nov.2007. Disponível em: www.iea.usp.br.Acesso em 24 out.2019.] 
O protocolo de Kyoto criou o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que prevê a redução certificada das emissões. Uma vez conquistada essa certificação, quem promove a redução da emissão de gases poluentes tem direito a créditos de carbono e pode comercializá-los com os países que têm metas a cumprir. O Brasil tem muito a ganhar podendo receber e desenvolver projetos de MDL, no ranking dos países em número de projetos que geram créditos de carbono registrados pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Índia se apresenta em primeiro lugar. O nosso país é o segundo, seguido pela China, em terceiro.
O primeiro projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo aprovado pela ONU no mundo, foi do aterro sanitário Nova Gear, no Rio de Janeiro, utiliza tecnologias bem precisas de engenharia sanitária.
O Brasil desenvolve cerca de 5% do total mundial de 268 projetos. A expectativa inicial era absorver 20%. O mecanismo incentivou a criação de novas tecnologias para a redução das emissões de gases poluentes.
Tabela 2 - Projetos de MDL registrados até 12/07/2012
Segundo o site nova cana, o crédito de carbono será a nova commodity do Brasil, pois para cada tonelada de carbono que deixou de ser emitida para a atmosfera, contribui para a emissão do efeito estufa. Existem várias maneiras de gerar crédito de carbono, dentre elas, a substituição de combustíveis, onde deixam de usar biomassas não renováveis, e passam a usar biomassas renováveis, que além de emitirem menos gases geradores de efeito estufa, contribuem para a diminuição do desmatamento, assim a partir da diferença de dois cenários, é possível calcular quanto de carbono deixou de ser emitido com essa substituição, gerando assim os créditos.[footnoteRef:17] [17: Artigo: “O crédito de carbono será a nova commodity do Brasil”. Revista Época 17 mai.2017 – 14:59. Disponível em: www.novacana.com Acesso em: 01.nov.2019] 
Segundo o site Sustainable Carbon, o crédito de carbono é a moeda utilizada no mercado de carbono. Nesse mercado, empresas que possuem um nível de emissão muito alto e poucas opções para a redução podem comprar créditos de carbono para compensar suas emissões. Assim, elas indiretamente ajudam a manutenção do projeto de redução e, além de equilibrar o nível de emissões de gases na atmosfera, contribuem para o desenvolvimento sustentável de comunidades pobre, oferecendo recursos financeiros onde os projetos atuam, possibilitando melhorias sociais às comunidades, como por exemplo, educação e capacitação.[footnoteRef:18] [18: Artigo: O que é e como são gerados os créditos de carbono? . Disponível em:www.sustainablecarbon.com Acesso em 25 out.2019.] 
Um estudo realizado pela Embrapa Agrobiologia comprovou que o Etanol produzido a partir da cana-de-açúcar é capaz de reduzir em até 73% as emissões de Dióxido de Carbono na atmosfera – se usado em substituição à gasolina. Essa conclusão foi possível, pois a pesquisa avaliou e considerou todas as emissões de gases durante os processos para obtenção dos produtos finais (Etanol e Gasolina).[footnoteRef:19] [19: Noticia: Estudo mostra que etanol de cana emite menos gás carbônico para atmosfera do que gasolina. Publicado em 01 abri.2009. Acesso em: www.embrapa.com.br.Acesso em 18 out.2019.] 
Assim, calculou-se às emissões de CO2 envolvidas em etapas como: preparação do solo, construção da usina de álcool, fabricação de máquinas e tratores, incluindo-se inclusive o valor das emissões feitas no transporte do etanol produzido para o posto.
Também foram utilizados dados do painel de mudanças climáticas da ONU, para avaliar a emissão de CO2 referente à extração do petróleo.
Por fim, os pesquisadores quantificaram a emissão de CO2 em um carro movido à gasolina num percurso de 100 quilômetros, sendo o mesmofeito com um carro movido a etanol de cana-de-açúcar.
A comparação final levou em conta as emissões para produção dos combustíveis e as emissões próprias da combustão avaliadas no veículo.
O resultado foi uma redução de 73% das emissões de CO2 na atmosfera quando foi utilizado o veículo movido a álcool – comparado ao emitido pelo carro a gasolina. Comparando-se com o automóvel a diesel, essa redução equivale a 68%.
De acordo com a pesquisa, se a colheita for totalmente mecanizada – não sendo realiza a queimada – a vantagem do álcool é ainda maior: 82% em relação à gasolina e 78% em relação ao diesel.
A busca de fonte renovável de energia torna-se foco de debates internacionais como fator necessário para se atingir o desenvolvimento sustentável. Em 1975 tivemos a implantação do Programa Nacional de Álcool – Proálcool, este programa encontra-se dividido em quatro fases distintas, em que se observam muitos pontos que estimularam o crescimento e a estagnação. Outro ponto importante discutido nesse trabalho foi, o surgimento dos carros flex, na qual o consumir pode escolher qual combustível melhor lhe agrada, gasolina ou etanol, depois abordamos sobre à conscientização em nível mundial para redução de poluição, firmado no Protocolo de Kyoto, as características do álcool de ser uma energia renovável, e também discorremos sobre o crédito de carbono, no qual pudemos observar que o etanol é menos poluente comparando com outros combustíveis. As perspectivas futuras para o etanol brasileiro são bastante otimistas, pois o consumo interno está aumentando relativamente e vários países estão aderindo o mercado de crédito e carbono, com a intenção de emitir menos CO² na atmosfera e agredindo menos a camada de ozônio.
CAPÍTULO III – ESTUDO DO PROÁLCOOL NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS
O Brasil apresenta várias vantagens na produção de etanol em relação a outros países, pois possui total domínio da produção desse combustível oriundo da cana-de-açúcar. O país possui extensa área de terra propícia ao plantio dessa cultura e mão-de-obra disponível. Além disso, tem o menor custo de produção por litro em comparação a outros países produtores.
O Brasil tem enorme potencial para se tornar o principal produtor no mercado mundial de etanol e biocombustíveis, mas para concretizar essa meta, o mesmo precisa eliminar os possíveis entraves na produção, tais como:
· Escoamento do produto (logística, rodovias, ferrovias e portos);
· Burocracia governamental;
· Restrição tarifaria de países importadores;
· Concessão de subsídios de outros países a matérias-primas utilizadas na produção de etanol.
Segundo o site Nova Cana, em 2007 o Brasil contava com 370 unidades processadoras de cana-de-açúcar, sendo 294 instaladas na região Centro-Sul e outras 76 na região Norte-Nordeste. Quanto ao tipo de produção, as unidades são divididas em usinas, usinas com destilarias anexas e destilarias autônomas; as primeiras produzem somente açúcar, as segundas fabricam tanto açúcar como etanol e as destilarias autônomas apenas etanol. As plantas que produzem etanol somavam 355 unidades distribuídas em 283 municípios.[footnoteRef:20] [20: Artigo: Distribuição das usinas de etanol no Brasil. Publicado em 21 jan.2013. Disponível em: www.novacana.com Acesso em 01 nov.2019] 
· Distribuição das usinas de açúcar e bioetanol no Brasil.
Fonte: CTC – NIPE (2005)
Observa-se a localização das usinas do país, concentradas na Zona da Mata na região Nordeste e no noroeste do estado de São Paulo, na região Sudeste. Entre os maiores produtores nacionais, destacam-se o estado de São Paulo, que produz próximo de 60% de toda a cana, açúcar e etanol do país, e o estado do Paraná, segundo maior produtor de cana, com 8% do total.
A região Norte-Nordeste é a mais tradicional produtora de açúcar, desde que a indústria açucareira se consolidou em Pernambuco no início do Século XVIII. No norte existem apenas duas usinas pequenas, moendo em média 600.000 toneladas de cana por safra.
O estado de Alagoas é o maior produtor de etanol da região, e o terceiro no Brasil. De acordo com o as informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) 2007, Alagoas conta com 25 usinas, das quais quatro produzem somente açúcar, e estão localizadas, principalmente, numa faixa de 50 km de largura paralela ao litoral.
No nordeste, Pernambuco é o maior produtor, com 20 usinas instaladas produzindo etanol, mais quatro que produzem somente açúcar.
Na região Centro-Sul, concentra as maiores unidades produtoras de etanol do país, segundo o site Nova Cana, em 2007, O Centro-Sul chegou a produzir 13,3 bilhões de litros na safra 1997/98, caiu para 10,1 bilhões de litros em 2000/2001 e elevou sua produção para 16,2 bilhões na safra 2006/2007. Na safra 2006/2007, 20 usinas moeram individualmente acima de 3 milhões de toneladas de cana, perfazendo um total aproximado de 85 milhões de toneladas; destas usinas, 17 estão localizadas no estado de São Paulo.[footnoteRef:21] [21: Artigo: Distribuição das usinas de etanol no Brasil. Publicado em 21 jan.2013. Disponível em: www.novacana.com Acesso em 01 nov.2019] 
Abaixo, gráfico com as evoluções dos períodos citados acima:
São Paulo é o destaque entre as usinas, pois, possui a maior produção da região, conta com 177 usinas; destas somente cinco produzem exclusivamente açúcar. O Paraná, o segundo maior produtor, tem 31 usinas produzindo etanol; Minas Gerais 30, incluindo uma que produz somente açúcar; Goiás 11; Mato Grosso 19; Mato Grosso do Sul 11; Rio de Janeiro 7, Espírito Santo 6 e uma no Rio Grande do Sul.[footnoteRef:22] [22: Artigo: Distribuição das usinas de etanol no Brasil. Publicado em 21 jan.2013. Disponível em: www.novacana.com Acesso em 01 nov.2019] 
A usina de São Martinho é o maior destaque fica no município paulista de Pradopolis e tem capacidade de moer 10 milhões de toneladas por ano, processa cana própria, de parceiros e de fornecedores de uma área de 135 mil hectares ao redor de sua sede, o equivalente a quase 190 mil campos de futebol, segundo dados da novacana.[footnoteRef:23] [23: Artigo: Distribuição das usinas de etanol no Brasil. Publicado em 21 jan.2013. Disponível em: www.novacana.com Acesso em 03 nov.2019] 
Número de usinas por região
Fonte: Nova Cana, 2018.
Abaixo, histórico de importação brasileira de etanol.
Fonte: MDIC,2019.
O Brasil acaba recorrendo à abundante oferta de etanol dos Estados Unidos que é feito a partir do milho, a importação tem tarifa zero para entrar no Brasil e os produtores de milho dos EUA recebem subsídios do governo o que leva uma concorrência desleal com o nosso produto e entra no país mais competitivo, isso impacta negativamente na produção de cana-de-açúcar para os produtores brasileiros. A maior parte da importação chega ao Nordeste, pois a região passa por dificuldades por conta da seca. 
	O subsidio para os produtores de milho faz com que o preço fique mais competitivo, ou seja, com preço baixo, que dá condições de produzir o etanol com preço mais acessível, com isso o Brasil não consegue competir em relação aos preços.
	Por outro lado, o etanol importado dos EUA não é da mesma qualidade do etanol brasileiro, pois é produzido com grande quantidade de óleo diesel que faz aumentar o CO² na atmosfera, enquanto o etanol da cana é mais limpo e menos poluente.
Histórico do volume de etanol importado mês a mês
Fonte: MDIC, 2019.
Podemos perceber que no período da entressafra o Brasil acaba importando mais etanol, o principal importador é o Estados Unidos.
O principal destaque são os meses de maio a agosto de 2018, com importação de aproximadamente 390 milhões de litros. Agosto foi o último mês da aplicação da cota trimestral de importação de 150 milhões de litros de etanol isenta de tarifa de 20%. O volume importado de biocombustível em agosto foi de 73,5% inferior ao total exportado.
Importação brasileira de etanol.
Fonte: MDIC, 2019.
A importação brasileira de etanol movimentou US$ 72 milhões em dezembro de 2018, altas de 91,28% comparando com dezembro de 2018com US$ 37 milhões. Com o resultado, as importações de etanol movimentaram US$ 743, 26 milhões em 2018.
Analisando o gráfico abaixo, podemos notar que o mês de maior destaque está em Abril de 2018, a receita triplicou gerando US$: 55 milhões em 2017 passando para US$ 165 milhões em 2018. Comparando 2018 com 2019 podemos observar uma queda passando de US$ 165 milhões para US$ 92 milhões.
O Brasil bateu recorde de produção e venda de etanol na safra de 2018, com os preços pouco remunerado do açúcar, o setor deixou de produzir mais de 10 milhões de toneladas com isso parte da cana foi destinada ao etanol, como não estávamos preparados para esse “boom” no mercado, tivemos que importar etanol para conseguir atender a demanda interna.
A relação entre o preço do etanol e do açúcar é um importante fator a ser discorrido, pois quando o álcool combustível atinge 70% do preço da gasolina, torna-se desvantajoso abastecer carros flex com etanol, tal forma que leva o consumo da gasolina ser maior que o álcool. As usinas acabam não produzindo mais porque o preço do açúcar está ainda mais alto, destinando mais cana para a produção de açúcar.
Um choque no preço do açúcar gera impacto, em uma maior medida, nas produções do setor sucroalcooleiro. Esse fenômeno é visto pela consolidação do açúcar no mercado externo. No entanto, grande parte da variação da oferta de açúcar é inerente a fatores ligados a produção de açúcar, como estoques. O produtor do setor sucroalcooleiro deve reagir mais fortemente a uma mudança no preço do açúcar com relação a uma mudança no preço do etanol. Ou seja, ele revela a preferência em produzir açúcar para o mercado externo a produzir etanol para o mercado interno.
O preço da gasolina também é um fator que impacta na dinâmica do setor sucroalcooleiro. O resultado mostra que o produtor do setor sucroalcooleiro tem um benefício com o aumento da produção e o aumento do preço. O preço da gasolina, por sua vez, é controlado pelo governo, porém, é uma reivindicação dos produtores do setor, que o preço da gasolina atinja a paridade com o preço internacional para que o setor obtenha ganhos com o aumento de preço e produção. Porém, a liberalização total do preço do combustível fóssil pode gerar instabilidade no mercado interno.
As oscilações no preço do álcool estão ligadas ao período da entressafra da cana, que acontece entre dezembro e fevereiro, nesse período as usinas ficam paradas, o que pressiona o aumento dos preços. 
Quando o preço do açúcar está mais atraente no mercado internacional parte da produção da cana é desviada para essa finalidade o que aprofunda diminuição natural da oferta do biocombustível.
Abaixo, alguns dados importantes divulgados pelo site da Única em outubro de 2016:
· Cerca de 380 unidades produtoras e mais de 1.000 municípios com atividades vinculadas à indústria sucronergética no País.
· Mais de 950 mil empregos formais diretos no setor produtivo e 70 mil produtores rurais de canade-açúcar independentes.
· US$ 8,5 bilhões em divisas externas geradas em 2015, sendo o 4º segmento na pauta de exportação do agronegócio nacional naquele ano.
· PIB de aproximadamente US$ 40 bilhões (equivalente a 2% do PIB brasileiro).
· Maior produtor e exportador mundial de açúcar (respondendo por 20% da produção e por 40% da exportação global) e o segundo maior produtor de etanol do mundo.
· Frota corrente de 26 milhões de automóveis flex (equivalente a 70% da frota de veículos leves do Brasil), aqueles habilitados a utilizar qualquer combinação de gasolina e de etanol.
· Redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em mais de 350 milhões de toneladas de CO2eq desde o lançamento dos veículos flex fuel.
Abaixo, gráfico com as remunerações no setor sucroenergético em 2018.[footnoteRef:24] [24: Notícia: Quanto pagam as usinas?. Publicado em 02 mai.2019 às 10:50. Disponível em: www.novacana.com Acesso em 03 nov.2019
] 
Fonte: NovaCana (2019)
Podemos perceber que os salários no setor sucroenergetico são discrepantes, onde o salario nominal de um diretor equivale em média 27 vezes o salário de um auxiliar.
Fonte: Wiabiliza/ Elabora: NovaCana, mai. 2019.
Podemos notar que os cargos citados acima exceto do diretor a região com maior destaque é Góias, com salário de gerente, supervisor ou coordenador, encarregado e líder acima da média das outras regiões.
Podemos concluir que com a introdução do Proálcool (Programa Nacional do Álcool) em 1975, houve um deslocamento da cana do nordeste para o centro sul e essa produção começou a crescer fortemente a partir de 2003, com o lançamento dos carros flex.
As cidades de Ribeirão Preto e Sertãozinho são as principais produtoras de cana-de-açúcar e também do etanol, sendo que 65% da produção são destinadas para o etanol, diferente do cenário do século XVI e XVII que a produção da cana era destinada exclusivamente para a produção de açúcar.
Acontece que o etanol sobre oscilações na quantidade produzida ao longo do ano e isso ocorre por vários fatores, tais como:
· Quando o preço do petróleo no mercado internacional aumenta é esperado que a demanda por etanol também aumenta, as usinas sucroalcooleiras tendo a matéria-prima, cana-de-açúcar para a produção de álcool opta por produzir etanol ao invés de açúcar.
· A safra que vai de abril até novembro faz com que suba a produção de etanol, pois a oferta de matéria-prima é maior.
· Quando o preço do açúcar sobe no mercado internacional as usinas sucroalcooleiras destinam a produção para o açúcar e não para o etanol.
O Brasil é o maior produtor do mundo de etanol através da cana-de-açucar e não o maior produtor de etanol, por conta disso, muitas vezes no período da entressafra acaba importando etanol principalmente dos Estados Unidos que utilizam como matéria-prima o milho, assim como do Paraguai e da Jamaica.
A importação vai principalmente para a região nordeste por conta da localização, além de importar etanol, o Brasil também exporta para os Estados Unidos, Califórnia, Coreia do Sul, Holanda e Japão, todos esses países utilizam um percentual de etanol na gasolina, compram principalmente no período da nossa safra, ou seja, o Brasil compra etanol na entressafra e vende durante a safra da cana-de-açúcar.
Apesar de o Brasil importar alto volume de etanol dos EUA, o etanol brasileiro tem mais benefícios, por conta de não ser poluente, o custo estimado é de R$: 0,90 o litro comparando com o milho que é R$: 1,10, a fermentação leva cerca de 7 a 11 horas já a fermentação do milho demora de 40 a 70 horas.
O etanol a partir da cana-de-açúcar não pode ser estocado, devendo ser processada em períodos específicos do ano em função do manejo das variedades e do clima, mas por outro lado, o etanol traz três benefícios: o ambiental, pois reduz cerca de 90% as emissões em comparação com a gasolina, a melhoria na saúde pública, pois reduz a emissões de vários poluentes que prejudicam à saúde, e o desenvolvimento econômico, possibilita aumentar e diversificar a renda de produtores rurais em diversos países, utilizando diversas matérias-primas.
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https://www.biodieselbr.com/proalcool/pro-alcool/programa-etanol
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Safra na região Centro-Sul 
Safra	1997/1998	2000/2001	2006/2007	13.3	10.1	16.2	Receita E	tanol Importado 2019	Janeiro	Fev	março	abril	maio	junho	julho	agosto	set	outubro	65610787	50820630	44100185	92669257	74276103	34478470	40133933	36976966	29165137	36148844	Receita Etanol Importado 2018	Janeiro	Fev	março	abril	maio	junho	julho	agosto	set	outubro	73106152	70286914	135191035	165482151	43153159	28734330	58744030	19912656	2463897	18150186	Receita Etanol Importado 2017	Janeiro	Fev	março	abril	maio	junho	julho	agosto	set	outubro	85951849	129529177	148789344	55094880	123317115	98731959	35430277	64274452	52676722	43207383

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