Buscar

ÉTICA EM TEMPO DO NOVO CORONAVÍRUS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

ÉTICA EM TEMPO DO NOVO CORONAVÍRUS
POLITICA DE DESINFORMAÇÃO: Análise das implicações éticas na postura do Presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil.
O presente texto objetiva-se a analisar o comportamento do Presidente da República, Jair Bolsonaro, diante à pandemia do novo coronavírus. Para isso, analisamos artigos jornalísticos para que fosse possível identificar às orientações da ciência que nesse momento norteiam o posicionamento e o planejamento das ações em frente à pandemia em diversos países afetados e a realidade brasileira. 
A Covid-19 é uma doença causada pelo novo coronavírus, o SARS-CoV-2. Esse tipo de vírus pertence à família de vírus chamada de corona, nome que se dá por causa do formato do vírus, semelhante a uma coroa. A doença apresenta um quadro que varia de infecções assintomáticas a quadros respiratórios graves. A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que a COVID-19 é uma doença que pode causar um tipo de pneumonia altamente infecciosa e pode levar a morte do paciente. 
 Os primeiros casos da doença surgiram em Wuhan, na China, no final de 2019. No inicio, o governo chinês tentou evitar a disseminação tomando medidas de testagem ampla e de isolamento social. Mesmo com essas medidas, o vírus chegou aos países vizinhos, visto que, em um mundo globalizado é quase impossível impedir o tráfego de pessoas e mercadorias por diversas regiões. Tal estratégia não impediu que o vírus se espalhasse rapidamente, fato que levou a OMS no mês de janeiro declarar Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional e, em 11 de março declarou que se tratava de Pandemia, visto o número de países afetados e a crescente taxa de contágio e mortalidade. 
No Brasil, o primeiro caso da doença foi registrado no dia 26 de fevereiro de 2020, pelo Ministério da Saúde, sendo a vítima um homem de 61 anos de idade com histórico de viagem à Itália, que foi atendido no Hospital Israelita Albert Einstein. Desde os primeiros casos da doença no país, o Ministro a frente do Ministério da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, vem tomando medidas de proteção e orientando a população para a prevenção do Covid-19, seguindo as Orientações da OMS. Dentre essas medidas estão o Isolamento Social e a Quarentena. Em entrevista no Palácio do Planalto, o Ministro defendeu as medidas de isolamento social, recomendada pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. A maioria dos governadores e prefeitos do Brasil tem adotado essas medidas, entre outras. Diversos estados e cidades de grande porte estão montando hospitais de campanha e ampliando o número de Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) prevendo que se tenha uma elevação dos casos de pacientes graves, momento em que faz-se necessário o uso de respiração artificial, entre outros cuidados mais específicos, visto que ainda não existe medicação para o combate da doença.
Em contrapartida as atuações do Ministro da Saúde e de vários entes políticos espalhados pelo país, vemos o posicionamento do Presidente da República, o senhor Jair Bolsonaro, que tem sido de resistência e negação desde o começo da proliferação do vírus a nível global e disseminação da doença no país. É notória a falta de consenso que existe entre o presidente e o Ministro da saúde, colocando em risco todo o esforço do Ministério e de toda equipe técnica que vem tentando “achatar a curva” de disseminação da doença para que não ocorra uma sobrecarrega no Sistema Único de Saúde (SUS), que já sofre nos últimos anos com um processo de sucateamento dos serviços, desmonte da política e cortes severos no financiamento. 
Bolsonaro, que sempre teve uma postura pouco diplomática e ética perante o cargo que ocupa, vem diariamente cometendo atos que comprometem a imagem do país a nível internacional e, internamente, provoca intensa desestabilização política, que contribui com a polarização que o país vem sofrendo nos últimos anos. No seu discurso sempre há alguém que quer lhe prejudicar e diversas vezes ele coloca seus apoiadores na linha de frente dessa briga sem fundamentos e sem razões justificáveis. Uma mostra dessa falta de coerência deu-se no dia 15 de março, quando seus apoiadores foram chamados às ruas para protestar contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e contra o Congresso Nacional, entre outras diversas aberrações que já são corriqueiras; incitou o povo a descumprir as medidas de isolamento, fazendo um comunicado público em Boa Vista, Roraima, para uma manifestação “Pró Brasil”, nas ruas, colocando a população em risco para promover seus interesses. Porém, alguns dias antes da manifestação, o presidente pressionado pela mídia e por alguns dos aliados resolve voltar atrás e pede o cancelamento das manifestações, o que não ocorreu, e, no dia marcado para os protestos, ele faz questão de no Palácio da Alvorada apertar a mão e cumprimentar seus eleitores, atividade que, vale lembrar, faz parte de sua agenda cotidiana. 
Desde os primeiros casos registrados no país e, com isso, a necessidade de se planejar ações no sentido de conter o quadro crescente da doença, a preocupação do presidente tem sido em primeiro lugar com a economia, visto que, o Brasil já não apresenta um quadro econômico muito favorável. Para legitimar seu discurso, insiste que não é nada grave e pede para a população passar pela pandemia sem histeria, para não afetar a economia, que não é necessário manter o comércio fechado, pois isso pode gerar uma crise econômica com consequências maiores que a pandemia. Há a defesa da adoção da medida de Isolamento Vertical, ou seja, apenas as pessoas que se enquadram no grupo de risco. 
Em pronunciamento nas emissoras de rádio e televisão, no dia 24 de março, minimizou a gravidade da pandemia, dizendo que “O grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas com menos de 40 anos”. Em outro pronunciamento no dia 08 de abril, Bolsonaro defende o uso da Cloroquina, que é um medicamento usado no tratamento da malária e do lúpus. Não só defendeu o uso como pediu para o Exército Brasileiro produzir milhares de comprimidos, mesmo com o Ministério da saúde alertando que ainda não há estudos científicos que comprovem sua eficácia na ação contra o novo coronavírus. 
Com ações irresponsáveis o presidente vem mostrando uma falta de confiança na ciência e nas outras autoridades públicas do país. Ainda no discurso do dia 08 de abril, ele se exime da responsabilidade das medidas de isolamento adotadas pelo os estados e diz que,
“respeito a autônima dos governadores e prefeitos. Muitas medidas, de forma restritiva ou não, são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O Governo Federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração.” (canal do Planalto. Plataforma YouTube, acesso em: 15 de abril de 2020) 
A preocupação do presidente Jair Bolsonaro apenas na economia e na sua imagem pessoal vai de encontro aos princípios da ética social. É responsabilidade do governo garantir, através de políticas públicas, investimentos para a área da saúde, garantir a subsistência das pessoas mais vulneráveis com a criação de uma renda básica, garantir a sobrevivência de micros, pequenas e médias empresas visando preservar os empregos e minimizar as perdas nesses setores que não tem grandes reservas de capital, para que elas tenham uma possibilidade de retorno e estabilidade quando essa pandemia passar. 
A sua indiferença e egocentrismo vem atrapalhando nas ações de prevenção da Covid-19. No momento em que mundo inteiro deveria se unir para pensar em soluções de contenção da pandemia, Jair Bolsonaro descumpre, ridiculariza e minimiza o problema, deixando de lado as orientações técnicas e científicas que, a nível mundial, já são provas de serem as únicas armas que temos nesse momento. Nesse sentido, o cientista político Ricardo Caichiolo, do Ibmec Brasília pontua que:
“O risco que o presidente Jair Bolsonaro assumiu, ao deixar prevalecer a política em meio à pandemia, quando defendeu o chamado isolamento vertical, foi, semdúvida, alto. Imaginava certamente que uma parcela considerável da população fosse apoiá-lo no afrouxamento das medidas de isolamento, preocupada com o impacto econômico extremamente negativo que se avizinhava. Ocorre que o apoio à flexibilização por ele sugerida obteve uma recepção bastante tímida, limitada aos seus eleitores. E mesmo alguns deles criticaram sua posição”. (Correio Braziliense, acesso em).
Os brasileiros vêm usando a internet constantemente como forma de expor as suas insatisfações no que diz respeito ao posicionamento de Jair Bolsonaro em meio à pandemia e muitos falam que não veem nenhuma chance do Brasil superar essa crise com o atual presidente a frente do governo. Nesse sentido, já existem sete pedidos de impeachment contra o presidente protocolados na Câmara dos Deputados. O presidente é acusado de crime de responsabilidade por incentivar a participação em protestos nos quais foi defendido o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) e por minimizar o risco do novo coronavírus para a população. 
Por ser contrário ás medidas de Isolamento Social e Quarentena, orientadas pela OMS e assumidas pelo Ministério da Saúde, há semanas vêm acontecendo um desentendimento entre o Presidente e o Ministro e já se especula uma possível demissão desse. Fica evidente que não há homogeneidade nas ideias e planejamento para superação da pandemia no país. Enquanto o Ministro defende que são as únicas estratégias eficazes para a contenção do vírus, o presidente quer flexibilizar essas ações e liberar atividades comerciais, circulação de pessoas e demais atividades que promovem a aglomeração. Com o crescente embate de ideias que não convergiram na mesma direção, o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi demitido no dia 16 de abril, assumindo seu lugar o médico oncologista Nelson Luiz Sperle Teich. No seu discurso de posse afirmou está alinhado ao pensamento do Presidente e que é necessário fazer um trabalho com dados e inteligência para poder conhecer melhor a doença. Com isso, ainda não é possível delinear o cenário dos próximos dias em relação ao combate da pandemia no país.
Diante do exposto, entendemos o quanto será difícil combater o avanço da pandemia em nosso país e seus efeitos. Atualmente, temos mais de 30 mil casos confirmados e 1.924 mortes no país. O desafio fica ainda maior quando não encontramos a figura de uma liderança forte e preparada para agir coerentemente em um momento tão delicado da nossa história recente. Bolsonaro sempre foi uma figura política marcada pelo seu discurso extremista e polêmico, defensor do armamento da população, contrário aos direitos indígenas e quilombolas, das mulheres, dos menores em situação de vulnerabilidade social e da população GLBTQ+, saudosista da Ditadura Militar e grande fã de uma das figuras mais sádicas daquele período, o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, responsável pela tortura de várias pessoas nos tempos da severa repressão política. Foi eleito pela maioria da população votante (e não a maioria dos votos válidos) que se identifica com ideais conservadores atrelados ao fundamentalismo religioso e que se sentiu representada por um discurso “anticorrupção e em defesa da família”. Não é surpresa para muitos o caminho que o país vem trilhando tendo essa figura como dirigente maior. Enfrentamos um dos momentos mais delicados da nossa história, como dito anteriormente, e até o momento, não fica evidente à nossa percepção como iremos superar tamanho desafio, visto que as decisões tomadas pelo Poder Executivo são contrárias aos resultados das experiências vivenciadas por países que foram acometidos pela pandemia antes do Brasil. Negar os fatos e os números que comprovam que essa não é a hora de defender políticas econômicas é assumir a responsabilidade antiética e imoral de escolher o lucro em detrimento de vidas.
REFERÊNCIAS
CÂMARA, Agência. Sete pedidos de impeachment contra Bolsonaro são protocolados nesta semana. Disponível em:< https://www.moneytimes.com.br/sete-pedidos-de-impeachment-contra-bolsonaro-sao-protocolados-nesta-semana/>. Acesso em: 14 de abril de 2020.
SOUZA, Josias de. Bolsonaro é incapaz de oferecer exemplo de ética. Disponível em:< https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/01/06/bolsonaro-e-incapaz-de-oferecer-exemplo-de-etica.htm>. Acesso em: 14 de abril de 2020.
RONDÓ, Milton. Sem qualquer princípio ético ou moral, Bolsonaro nos levará ao abismo. Disponível em:< https://www.cartacapital.com.br/opiniao/sem-qualquer-principio-etico-ou-moral-bolsonaro-nos-levara-ao-abismo/.> Acesso em: 14 de abril de 2020.
CARDOSO, Clarice. Após tirar Mandetta, Bolsonaro abre crise com ataque a Maia e governadores. Disponível em:< https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/17/troca-ministro-saude-bolsonaro-ataca-maia.htm>. Acesso em: 17 de abril de 2020.
EXAME. Quem é Nelson Teich, o novo ministro da Saúde, e o que ele defende. Disponível em:< https://exame.abril.com.br/brasil/quem-e-nelson-teich-o-novo-ministro-da-saude-e-o-que-ele-defende/>. Acesso em: 17 de abril de 2020.
WIKIPÉDIA. Carlos Alberto Brilhante Ustra. Disponível em:< https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Alberto_Brilhante_Ustra>. Acesso em: 17 de abril de 2020.
OPAS, Brasil. Folha informativa – COVID-19. Disponível em:<https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875. Acesso em: 16 de abril de 2020.
CAZARRÉ, Marieta. Opas defende isolamento social como melhor opção de combate à covid-19. Disponível em:< https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-03/opas-isolamento-e-melhor-opcao-para-evitar-consequencias-graves >. Acesso em:16 de abril de 2020.
BRASIL, Ministério da Saúde. Brasil confirma primeiro caso da doença. Disponível em:< https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46435-brasil-confirma-primeiro-caso-de-novo-coronavirus>. Acesso em: 16 de abril de 2020.

Outros materiais