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MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS: INTRODUÇÃO E PASSO A PASSO •O Método dos Deslocamentos baseia-se no Princípio da Superposição dos Efeitos, tomando como referência a deslocabilidade interna da estrutura que se esteja analisando. •A resolução de uma estrutura utilizando o Método dos Deslocamentos é feita com a transformação da estrutura real deslocável (simbolizada por: [ r ]) em uma estrutura indeslocável (simbolizada por: [ 0 ]), bloqueando-se os movimentos possíveis dos nós da mesma, com a introdução de vínculos. •Em seguida, são montadas as equações para a solução, considerando-se a soma de várias estruturas com deslocamentos impostos (simbolizadas por: [ 1 ], [ 2 ], [ 3 ], ...), tendo-se, como incógnitas, os ângulos de rotação e os deslocamentos lineares sofridos pelos nós deslocáveis. Simbolicamente, tem-se: [ r ] = [ 0 ] + [ 1 ] + [ 2 ] + [ 3 ] •Ou seja, a estrutura real deslocável é obtida pela soma desta mesma estrutura, porém, totalmente indeslocável, com cada uma das deslocabilidades consideradas separadamente, o que é possível pelo Princípio da Superposição de Efeitos. Isso ficará claro nas aplicações resolvidas que são apresentadas adiante! •O Processo dos Deslocamentos permite que sejam determinados, inicialmente, os deslocamentos nodais (rotações), para que depois sejam calculados os esforços atuantes nas barras. GRAU DE DESLOCABILIDADE – DESLOCABILIDADE INTERNA •A deslocabilidade interna é a possibilidade de rotação (ou giro) dos nós. A partir da definição, tem-se que cada nó possui uma deslocabilidade interna, exceto os nós intermediários que sejam articulados (também denominados rotulados) e os nós de apoio que não possuem extremidades de barras contínuas entre si. •Para resumir, você deve entender o seguinte: a deslocabilidade interna existe quando se tem, em um nó, pelo menos duas extremidades de barras contínuas entre si, como exemplificado na Figura 1. Isso vale tanto para nós internos como de apoio. Figura 1 – Exemplos de cálculos de deslocabilidades internas. Fonte: Núbia Saad. EXEMPLO: Determinar o momento fletor nos nós B e C para a viga abaixo, utilizando o Processo dos Deslocamentos. Considere EI constante, ou seja, igual para todas as barras da estrutura: [ 1o Passo ]: Cálculo do Grau de Deslocabilidade � Deslocabilidade Interna: di = 2 (referentes aos nós B e C, pelo conceito estudado). [ 2o Passo ]: Transformação da estrutura real [ r ] em estrutura indeslocável [ 0 ] A 6kN/m 4,0 m 3,0 m 2,0 m 2,0 m 1,0 10kN 5kN.m B C D di = 0 di = 1 di = 0 di = 0 Após você identificar os nós que possuem deslocabilidades, procede-se ao bloqueio deles, ou seja, à restrição de tais possibilidades de deslocamentos. Sendo as deslocabilidades relativas a giros, representa-se tal bloqueio por um quadrado, conforme desenhado a seguir. Com os nós bloqueados, a estrutura real deslocável [ r ] se torna indeslocável [ 0 ]. Estrutura Real [ r ]: Estrutura [ 0 ]: [ 3o Passo ]: Geração das Estruturas [ 1 ] e [ 2 ] com deslocamentos impostos nos nós que foram bloqueados Estrutura [ 1 ]: A 6kN/m 10kN 5kN.m B C D [0] Δ1 . [ 1 ] A B C D 1 1 [r ] A 6kN/m 10kN 5kN.m B C D Estrutura [ 2 ]: [ 4o Passo ]: Montagem das Equações de Compatibilidade para a Resolução Matricial Estrutura Real [ r ]: Estrutura [ 0 ]: Estrutura [ 1 ]: A 6kN/m 10kN 5kN.m B C D [0] k10 k20 Δ1 . [ 1 ] A B C D 1 1 k11 k21 [r ] A 6kN/m 10kN 5kN.m B C D k1r k2r [ 2 ] A B C D 1 1 Δ2. Estrutura [ 2 ]: Com isso, são escritas as Equações de Compatibilidade, em forma de sistema de equações lineares: =⋅∆+⋅∆+ =⋅∆+⋅∆+ 022k221k120k 012k211k110k [ 5o Passo ]: Obtenção dos momentos nodais kij Para se fazer o cálculo dos momentos nodais (kij) é necessário obterem-se os momentos atuantes nas extremidades das barras que chegam a cada nó, para cada estrutura criada: [ 0 ], [ 1 ] e [ 2 ]. Sempre que se utiliza o Método dos Deslocamentos, têm-se as seguintes condições de extremidades para as barras: � barra engastada-engastada � barra engastada-apoiada � barra apoiada-engastada Antes de calculá-los, é necessário deixar clara a convenção de sinais utilizada no cálculo de estruturas hiperestáticas, que é denominada Convenção de Grinter, na [ 2 ] A B C D 1 1 Δ2. k12 k22 qual os momentos são positivos quando atuam nos seguintes sentidos de giro (vide Figura 2): � horário nos nós � anti-horário nas barras Figura 2 – Sentidos positivos para o momento fletor, segundo a Convenção de Grinter. Fonte: Núbia Saad. Estrutura [0 ]: Cálculo de k10: BCMBAM10k += Cálculo de k20: CDMCBM20k += k20 C MCB MCD k10 B MBA MBC A 6kN/m 10kN 5kN.m B C D [0] k10 k20 barra AB A B MAB MBA nó A nó B Cálculo dos MEPs da Barra AB apoiada-engastada: 0ABM = m.kN12 8 24.6 8 2ql BAM −=−=−= (cálculo dos MEPs:vide Tabela 1 – Anexo A) Cálculo dos MEPs da Barra BC engastada-engastada: m.kN625,5 24 23.1.10 2l 2Pab BCM +=+=+= m.kN875,1 24 3.21.10 2l b2Pa CBM −=−=−= Cálculo dos MEPs da Barra CD engastada-apoiada: m.kN625,01 24 223 2 5 1 2l 2b3 2 M CDM −= −⋅+= −+= 0DCM = Finalmente, calculam-se: −=−−=+= −=+−=+= m.kN5,2625,0875,1CDMCBM20k m.kN375,6625,512BCMBAM10k Estrutura [ 1 ]: Cálculo de k11: BCMBAM11k += Cálculo de k21: CDMCBM21k += Δ1 . [ 1 ] A B C D 1 1 k11 k21 5kN.m C D 2,0 m 2,0 m 3,0 m 1,0 10kN B C 4,0 m A 6kN/m B Cálculo dos MEPs da Barra AB apoiada-engastada: 0ABM = EI75,0 4 EI3 l EI3 BAM +=+=+= (observe que a unidade de M é 1/m) Cálculo dos MEPs da Barra BC engastada-engastada: EI 4 EI4 l EI4 BCM +=+=+= EI5,0 4 EI2 l EI2 CBM +=+=+= Cálculo dos MEPs da Barra CD engastada-apoiada: 0CDM = 0DCM = Após isso, calculam-se: =+=+= =+=+= EI5,00EI5,0CDMCBM21k EI75,1EIEI75,0BCMBAM11k Estrutura [ 2 ]: [ 2 ] A B C D 1 1 Δ2. k12 k22 C D 4,0 m B C 1 4,0 m A 1 B 4,0 m Cálculo de k12: BCMBAM12k += Cálculo de k22: CDMCBM22k += Cálculo dos MEPs da Barra AB apoiada-engastada: 0ABM = 0BAM = Cálculo dos MEPs da Barra BC engastada-engastada: EI5,0 4 EI2 l EI2 BCM +=+=+= EI 4 EI4 l EI4 CBM +=+=+= Cálculo dos MEPs da Barra CD engastada-apoiada: EI75,0 4 EI3 l EI3 CDM +=+=+= 0DCM = Com isso, calculam-se: =+=+= =+=+= EI75,1EI75,0EICDMCBM22k EI5,0EI5,00BCMBAM12k C D 1 B C 1 4,0 m A B 4,0 m [ 6o Passo ]: Cálculo das Incógnitas ∆1 e ∆2 Finalmente, aqui são calculadas as incógnitas de deslocamento ∆1 e ∆2 que representam exatamente os giros que ocorrem nos nós que possuem deslocabilidade: nós B e C. Escrevem-se na forma de sistema linear: =⋅∆+⋅∆+ =⋅∆+⋅∆+ 022k221k120k 012k211k110k ⇒ =⋅∆+⋅∆+− =⋅∆+⋅∆+− 0EI75,12EI5,015,2 0EI5,02EI75,11375,6 Cuja resolução fornece: EI 52,3 1 =∆ e EI 42,0 2 =∆ Analisando-se os resultados, constata-se que ambos os valores de deslocamentos são positivos, ou seja, possuem sentido de giro igual ao que foi arbitrado no início da resolução. Verifique que os giros impostos foram anti-horários, ou seja, os nós da estrutura real terão giros de: − − horárioantisentidono EI 42,0 degiro:Cnó horárioantisentidonoEI 52,3 degiro:Bnó Sendo assim, para cada trecho da viga em estudo: AB, BC e CD, serão calculados os valores dos momentos fletores reais M [ r ] aplicando-se a expressão abaixo. Nessa expressão, os momentos referentes aos problemas [ 0 ], [ 1 ] e [ 2 ] são aqueles calculados quando do desenvolvimento do Passo 5. [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] =⋅+⋅+= ⋅+⋅+= 00 EI 42,0 0 EI 52,3 0rABM 2ABM EI 42,0 1ABM EI 52,3 0ABMrABM [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] ⋅−=⋅+⋅+−= ⋅+⋅+= mkN36,9)0( EI 42,0 )EI75,0( EI 52,3 )12(rBAM 2BAM EI 42,0 1BAM EI 52,3 0BAMrBAM [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] ⋅+=⋅+⋅+= ⋅+⋅+= mkN36,9EI5,0 EI 42,0 EI EI 52,3 625,5rBCM 2BCM EI 42,0 1BCM EI 52,3 0BCMrBCM [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] ⋅+=⋅+⋅+−= ⋅+⋅+= mkN31,0EI EI 42,0 EI5,0 EI 52,3 875,1rCBM 2CBM EI 42,0 1CBM EI 52,3 0CBMrCBM [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] ⋅−=⋅+⋅+−= ⋅+⋅+= mkN31,0EI75,0 EI 42,0 0 EI 52,3 625,0rCDM 2CDM EI 42,0 1CDM EI 52,3 0CDMrCDM [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] =⋅+⋅+= ⋅+⋅+= 00 EI 42,0 0 EI 52,3 0rDCM 2DCM EI 42,0 1DCM EI 52,3 0DCMrDCM Por fim, têm-se os valores dos momentos nos nós B e C conforme mostrado abaixo: A 6kN/m 10kN 5kN.m B C D 9,36 9,36 0,31 0,31 E F
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