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ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 Anais do VI Congresso Brasileiro de Educação: v. 2 educação e formação humana: práxis e transformação social: Relatos de Experiência UNESP – Universidade Estadual Paulista Faculade de Ciências – Campus Bauru Departamento de Educação Programa de Pós-graduação Docência Para Educação Básica ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 Organizadores Alexandre de Oliveira Legendre Emília de Mendonça Rosa Marques Denise Fernandes de Mello ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO, v. 2 Educação e formação humana: práxis e transformação social Relatos de Experiências Faculdade de Ciências – Campus de Bauru Bauru, 2017 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 C759e Congresso Brasileiro de Educação (6. : 2017 : Bauru, SP) Educação e Formação Humana [recurso eletrônico] : práxis e transformação social : relato de experiências / Congresso Brasileiro de Educação, Bauru, 26 a 29 de Julho de 2017 ; organizadores: Alexandre de Oliveira Legendre, Emília de Mendonça Rosa Marques, Denise Fernandes de Mello. - Bauru : UNESP/FC/Departamento de Educação, 2017 v. 2 Disponível em: http://www.cbe-unesp.com.br/2017/ ISBN 978-85-5444-000-8 1. Educação. 2. Prática de ensino. 3. Professores– Formação. 4. Aprendizagem. I. Legendre, Alexandre de Oliveira. II. Marques, Emília de Mendonça Rosa. III. Mello, Denise Fernandes de. IV. Título. ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 Sumário Eixo 01 - Políticas e Práticas na Educação Infantil ................................................ 5 Eixo 02 - Políticas e Práticas no Ensino Fundamental ........................................ 89 Eixo 03 - Políticas e Práticas no Ensino Médio .................................................. 268 Eixo 04 - Políticas e Práticas na Educação de Jovens e Adultos ..................... 404 Eixo 05 - Políticas e Práticas no Ensino Superior .............................................. 461 Eixo 06 - Políticas e Práticas na Educação Especial ......................................... 556 Eixo 07 - Políticas e Práticas de TDIC na Educação .......................................... 642 Eixo 08 - Educação, Desenvolvimento e Aprendizagem ................................... 677 Eixo 09 -Educação, Interculturalidade e Movimentos Sociais .......................... 785 Eixo 10 -Formação Docente Inicial e Continuada ............................................... 868 Eixo 11 -Profissão Docente e compromisso sociopolítico .............................. 1032 Indice Remissivo ................................................................................................. 1032 Parecerístas ......................................................................................................... 1076 5 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 Eixo 01 Políticas e Práticas na Educação Infantil 6 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 O AMBIENTE EDUCACIONAL PELOS OLHOS E PELOS PÉS DAS CRIANÇAS Gabriella Pizzolante da Silva - UFSCar Taís Aparecida de Moura - UNICAMP E-mail para contato: gabriellapizzolante@gmail.com 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho busca apresentar o relato de uma experiência na atuação com crianças na Educação Infantil, da faixa etária entre 03 e 04 anos, que tiveram a oportunidade de fotografar o espaço que mais gostam da instituição. O objetivo desta prática pedagógica consistiu em possibilitar às crianças outras formas de se relacionarem com o ambiente ao seu redor, através da fotografia, de maneira a evidenciar suas interpretações e representações do espaço. Com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010) compreendemos que a criança é um sujeito histórico, de direitos e produtora de cultura, que em suas interações, socializações e práticas cotidianas constrói sua identidade pessoal e coletiva. Assim, buscamos desenvolver por esta vivência, um conjunto de ações que articularam representações, saberes e aprendizagens das crianças com a estrutura da instituição de Educação Infantil, na qual estão inseridas. A realização desta experiência teve como fundo teórico as pesquisas de Leite (2007; 2016); Silveira (2006); Giannella (2009), que na última década têm desenvolvido estudos sobre a produção de imagens realizadas com e por crianças e professores (as) da Educação Infantil. As investigações elaboradas por Leite (2016) nos parecem relevantes para repensarmos os discursos que são produzidos no cotidiano acadêmico acerca da infância e da educação, na medida em que, de forma mais aprofundada, nos move a refletir sobre as práticas que são desenvolvidas com crianças. O autor alerta que: [...] povoados de discursos e verdades sobre a infância e sobre o que fazer com as crianças, somos retirados de uma experiência com ‘o fora’, de uma experiência não definida, pois, por estar ela marcada e ancorada em um sujeito, um ser, perdemos a percepção da exterioridade, da alteridade, de uma experiência limite com a infância e com a criança. (LEITE, 2016, p.15). Quanto a isso, Silveira (2006, p. 34) em sua tese argumenta que: 7 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 O processo de escolarização precoce das crianças pequenas no sentido de uma disciplinarização dos corpos, das vozes, dos movimentos e do uso do tempo acabam se tornando uma maneira de rejeição à alteridade das crianças, de suas criancerias e uma forma de apequenização delas. Para a autora, criancerias ou devir-criança seriam as maneiras que as crianças têm de inventar o mundo e, esta “apequinização” acabaria por aprisionar os corpos, já que o termo denominado por ela sugere que há discursos na Educação Infantil que transformam a criança em algo pequeno ou menor, sem importância e infantilizada (SILVEIRA, 2006). Assim, com o propósito de desenvolver uma prática na Educação Infantil em que as crianças soltem suas vozes, agucem seu olhar para o ambiente, libertem seus corpos e, por consequência, operem como protagonistas em um cenário onde vários agentes atuam, optamos por realizar uma vivência circunscrita nas produções imagéticas feitas pelas crianças, valorizando assim a cultura infantil. 2. OS CAMINHOS METODOLÓGICOS: FOTOGRAFANDO O AMBIENTE Este relato é referente a uma vivência desenvolvida em uma unidade universitária de Educação Infantil, localizada dentro de uma Universidade Federal do interior do estado de São Paulo. Esta Unidade é pública e voltada para a educação de crianças de 03 meses a 05 anos e 11 meses. A turma em que a experiência foi realizada tem entre 03 e 04 anosde idade, composta por 15 crianças que frequentam a Unidade em tempo integral e algumas somente no período vespertino. Inicialmente, foi realizada uma roda de conversa com as crianças sobre as diferentes maneiras de representar e registrar o ambiente. Nessa conversa, a fotografia surgiu como possibilidade e o combinado foi fotografar o espaço que mais gostavam da Unidade; porém, o desafio era fazer o registro a partir dos pés, isto é, a proposta era que cada criança tirasse uma foto de seus pés no lugar de sua preferência. Tal proposta foi realizada individualmente e com êxito pelas crianças, de modo que, algumas já estavam familiarizadas com o uso do celular para fotografar, mas outras demonstraram dificuldades até mesmo para segurar este aparelho 8 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 tecnológico. Desta forma, quando necessário as crianças recorriam ao auxílio da professora para fotografar. Durante a experiência de fotografar o ambiente educacional, as crianças foram estimuladas a verbalizar os motivos de escolha do espaço, que foram registrados pela professora, para que suas explicações pudessem compor uma exposição final que foi elaborada com as fotografias. Com o recurso da câmera digital, as crianças exercitaram a criatividade e a autonomia, que resultou num acervo muito rico de imagens. Para ilustrar os registros seguem duas figuras: a primeira referente ao ambiente externo e a segunda correspondente ao ambiente interno da Unidade. Figura 1: foto no parque. Fonte: acervo pessoal das pesquisadoras. Figura 2: foto na biblioteca. Fonte: acervo pessoal das pesquisadoras. Após a realização dessa experiência, as fotografias foram impressas e levadas durante uma roda de conversa para cada criança compartilhar quais foram suas motivações durante seus registros fotográficos, o que sentiram ao fotografar e 9 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 o que mais quisessem compartilhar sobre essa vivência. As fotos ficaram expostas no corredor da Unidade, para que as crianças dos outros grupos e as famílias pudessem ver. Algumas reflexões sobre os resultados deste trabalho serão pontuadas a seguir. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO: COM O RECURSO FOTOGRÁFICO NAS MÃOS E COM OS PÉS NO AMBIENTE Analisando as fotografias, em conjunto com a linguagem falada das crianças, observamos que a maioria delas foi tirada no ambiente externo da Unidade, mais especificamente no parque, seja na areia ou nos brinquedos que lá existem, demonstrando ser esse o espaço em que as crianças mais gostam de estar. Nesse espaço, normalmente, as crianças podem brincar livremente todos os dias, inclusive interagindo com crianças de idades diferentes. Esse processo é importante, pois as crianças interagem entre si, e também com os adultos, construindo e compartilhando significações e aprendizagens. Além disso, é importante frisar que, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010), o brincar é o eixo do currículo e um direito da criança, que deve ser garantindo nos espaços coletivos de educação. Também observamos fotos que foram produzidas no ambiente interno da Unidade, como na biblioteca, no saguão e na própria sala do grupo. É interessante salientar que as crianças demonstraram gostar muito dos momentos destinados às vivências na biblioteca, seja de exploração livre dos livros ou de escolha para empréstimo, seja nas horas de leitura ou contação de histórias realizadas pelas professoras. De acordo com Platzer (2009), para determinadas crianças a leitura é experimentada como uma forma de criar vínculos afetivos entre os indivíduos, ou seja, as práticas de leitura permitem aproximações entre as pessoas e estão carregas de afetividade, por isso, interpretamos que esta seja uma das justificativas de escolha das crianças em registrar nas fotografias estas experiências de leitura, principalmente em um lugar aconchegante como a biblioteca. Ainda ao que se refere as fotografias registradas no ambiente interno, cabe mencionar, que uma foi produzida no saguão da Unidade e foi justificada pela 10 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 criança como sendo seu lugar preferido, afinal era lá que normalmente ela estava quando a família ia buscá-la. E, outra fotografia produzida na sala do grupo foi justificada por ser este o ambiente em que aconteciam as rodas de conversa, um momento que uma das crianças gostava bastante. Nesse contexto, vimos que a criança pode ter atribuído um novo sentido para o saguão: um ambiente de segurança que marca o reencontro com a família. Quanto às rodas de conversa, entendemos que esta vivência também se torna significativa para a criança, pois é um momento em que ela tem voz e que de fato pode ser ouvida pela professora e por seus (uas) colegas da turma. Vislumbramos que esta é uma forma de valorizar atitudes de educação e respeito que devemos ter com o próximo, além disso, compartilhando suas vivências as crianças têm a possibilidade de valorizar ações de cooperações e solidariedade. Portanto, podemos afirmar que a fotografia, enquanto recurso metodológico pode ser considerada uma importante linguagem infantil dentre as múltiplas formas de expressão da criança. Enquanto experiência de criação, buscamos garantir o protagonismo da criança, estimulando suas potencialidades expressivas. Assim: (...) a presença de tecnologias no ambiente educacional infantil, entendida aqui como meio, linguagem, permite às crianças desfrutarem os processos de criação, descoberta e comunicação essenciais a uma participação ativa na construção do conhecimento e na produção de cultura (SÃO PAULO, 2015, p.19-20). Diante disso, buscamos garantir o direito das crianças ao acesso e exploração de diferentes recursos tecnológicos e midiáticos, conforme estabelecido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010), respeitando seus tempos e lógicas. Sobretudo, compreendemos que é possível dar novos contornos para a experiência educativa na Educação Infantil, por meio do acesso da tecnologia na sala de aula, já que o ambiente educacional apresentado pela criança, nos desperta para novos olhares e novas possibilidades de atuação nesta etapa da educação. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 11 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 Contando com a inserção da tecnologia, por meio da intencionalidade de suas fotos, as crianças produziram novos sentidos para o ambiente educacional e para o que gostam neste espaço. Através desta experiência, as crianças puderam registrar seus olhares e produzir imagens que nos indicam novas maneiras de olhar o mundo e o ambiente, mediada pela fotografia, que trazem elementos de suas perspectivas. Além disso, essa vivência nos mostra que é possível realizar propostas participativas em que as crianças sejam protagonistas e autoras de suas experiências, e não somente receptoras daquilo que é selecionado e apresentado pelos adultos no ambiente coletivo de educação. Parafraseando a música do grupo infantil Palavra Cantada: “Não me leve ao pé da letra, esta história não tem pé nem cabeça”. Então, que seja assim, que nós enquanto educadoras nos permitamos ser sensíveis, desprendidas de expectativas prévias e ousar naspráticas pedagógicas para que a criança crie novos significados e tenha novos olhares para o ambiente. E que ela seja ouvida, vista e valorizada, para além da palavra. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil / Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, 2010. GIANNELLA, E. M. B. Uma câmera na mão: a fotografia como fonte de reflexão do cotidiano escolar. 2009. 189 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009. LEITE, C. D. P. Labirinto: infância, linguagem e escola. Taubaté, SP: Cabral Editora Universitário, 2007. ______. Infância, tempo e imagem:contornos para uma infância da educação. Leitura: Teoria & Prática, Campinas, São Paulo, v.34, n.68, p. 13-28, 2016. PEREZ, S.; TATIT, P. Pé com pé. Palavra Cantada. Gênero: Infantil. 2005, CD. PLATZER, M. B. Crianças leitoras entre práticas de leitura. 2009. 208 f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009. 12 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 SILVEIRA, D. B. Falas e imagens: a escola de educação infantil na perspectiva das crianças. 2006. 173 f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2006. SÃO PAULO, Secretaria Municipal de Educação. O uso da tecnologia e da linguagem midiática na Educação Infantil. São Paulo, 2015. 43p. Disponível em: <http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/17138.pdf.>. Acesso em 21 abr. 2017. 13 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 PIBID - UM RELATO DE EXPERIÊNCIA: BRINCANDO DE FAZER ARTE Maria Eduarda Santos Moreira de Castro - UNESP Eliane Morais de Jesus Mani – UFSCar Rita Melissa Lepre – UNESP E-mail para contato: dudacastro20@hotmail.com PIBID/CAPES 1. INTRODUÇÃO A formação de professores tem sido frequentemente discutida no âmbito acadêmico, uma vez que há uma preocupação crescente no que diz respeito à qualidade da formação dos futuros docente, visto que em maior ou menor grau, essa questão acaba por refletir na eficiência e eficácia do ensino, junto ao aluno. Diante desta situação surgiu o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), cuja finalidade foi valorizar e incentivar o magistério nas escolas públicas promovendo uma real articulação entre o conhecimento teórico e a prática docente, aproximando, para além do estágio curricular obrigatório, uma construção de experiências próxima ao futuro professor quanto a realidade escolar e o desenvolvimento dos estudantes. Todavia, cabe mencionar que, trata-se, pois, de uma relação fundamental para ambas as partes, a saber: o graduando que vivencia o dia a dia da escola, seus desafios e práticas, e por outro lado, a escola, que se energiza com a proximidade acadêmica, fomentando novos olhares quanto as suas práticas de ensino, planejamentos, entre outras ações escolares, considerando que o professor assume uma postura colaboradora na formação do novo docente, o que provoca a necessidade de uma constante reflexão sobre sua própria prática de ensino. Ainda, em outras dimensões o PIBID traz uma contribuição para o ensino na escola pública, para seus educandos e comunidade em geral, dada a extensão das ações articuladas com os professores durante todo o ano letivo. Deste modo, o subprojeto do curso de Pedagogia ligado ao PIBID, desenvolvido com o apoio da Coordenação de Apoio de Pessoal de Nível Superior – CAPES, em parceria com a Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Bauru, implementado na Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) “Leila de Fátima Alvarez Cassab”, vem proporcionando 14 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 para as discentes uma reflexão sobre o fazer docente, além de adquirir experiências de uma futura educadora pesquisadora, pois de acordo com Freire (1996, p. 14), “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”. A docência é estabelecida a partir dos saberes e vivências refletidas para está prática, tornando-se necessárias experiências em diferentes etapas da educação básica. Nesta perspectiva, o lócus de conhecimento da Educação Infantil possui grande relevância, uma vez que ao iniciar o processo de escolarização a criança vivência um novo universo de experiências. Assim, nesta etapa de ensino se observa o desenvolvimento global da criança, em seus aspectos físico, afetivo, psicológico, intelectual e social, em uma perspectiva complementar a ação familiar e da comunidade (BRASIL, 2013). Diante do exposto, sob a ótica do desenvolvimento global infantil no primeiro contato da criança com a escolarização, foi desenvolvido na referida EMEI, o Projeto Escolar Brincando de Fazer Arte, com a Turma do Infantil II, que atende crianças na faixa etária entre dois e três anos de idade. O objetivo geral deste relato de pesquisa se concentra em destacar a importância do PIBID para a formação docente do futuro pedagogo, quanto à aproximação entre a teoria aprendida na universidade e a prática com a vivência direta na escola. Insta saber que o trabalho educativo envolvendo a Arte, nesta etapa escolar, torna possível o desenvolvimento de atitudes fundamentais no processo educacional da criança, construindo caminhos para o senso crítico, a sensibilidade e a criatividade, de modo instrumental para a leitura de mundo e de si mesma (CORDI, 2008; FRIEDMANN, 2012). Quando a criança brinca pintando, modelando, recortando, riscando, rasgando, entre outras ações no processo de aprendizagem, exterioriza seu mundo interno, sua personalidade, demonstrando sua própria maneira de ver e sentir as coisas em seu entorno (CORDI, 2008; FRIEDMANN, 2012). Ainda, segundo as autoras supracitadas, o percurso de construção individual em uma atividade artística envolve a criação, a opção por escolhas, experiências pessoais, relações com os materiais e imersão nos próprios sentimentos. Assim, toda criança é capaz de criar, porém é o professor, de modo intencional, que alimenta esse percurso, oferecendo propostas e experimentos variados. 15 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 Considerando os aspectos mencionados, a seguir é apresentada a metodologia do presente relato de experiência. 2. METODOLOGIA Este estudo se pautou em um relato de experiência de uma bolsista PIBID, estudante do curso Licenciatura em Pedagogia, com o desenvolvimento do Projeto Escolar, denominado Brincando de Fazer Arte. O relato de experiência constitui-se como uma abordagem qualitativa, pois segundo Bogdan e Biklen (1994), permite ao investigador apropriar-se da construção de sua pesquisa, já que seu interesse se dá mais pelo processo do que pelos resultados ou produtos. O Projeto Escolar Brincando de Fazer Arte foi desenvolvido na EMEI “Leila de Fátima Alvarez Cassab”, por meio de atividades promovidas pelas bolsistas do PIBID/UNESP – Bauru, em conjunto com as professoras regentes das turmas. Sendo que cada uma das bolsistas, totalizando cinco, acompanhou e desenvolveu práticas específicas com turmas desta EMEI. Em especial, o presente relato referese ao trabalho desenvolvido junto a Turma do Infantil II, com uma periodização de uma vez por semana, duranteo ano de 2016. As atividades propostas para as crianças foram elaboradas sobre dois eixos contemplados pelo Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), sendo eles: artes visuais e música. Na sequência são destacados os resultados e discussão do estudo. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O Projeto Escolar Brincando de Fazer Arte foi desenvolvido, no ano letivo de 2016, na EMEI “Leila de Fátima Alvarez Cassab”, por meio de atividades promovidas pelas bolsistas do PIBID, do curso de Pedagogia da UNESP/Campus Bauru, em conjunto com as professoras regentes das turmas. Este projeto foi dividido em subprojetos específicos para cada turma de alunos, de maneira que cada uma das bolsistas elaborou objetivos e ações voltadas para a sua turma 16 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 participante. Vale ressaltar que esta construção contou com supervisão e coordenação do PIBID, além de articulação com as professoras da EMEI, atendendo a uma demanda do plano de ensino da escola. Em 2016, a unidade escolar atendeu cerca de 280 alunos, com idade entre dois a cinco anos, matriculados nos períodos matutino e vespertino, constituindo turmas do Infantil II, III, IV e V. Em especial, o presente relato de experiência foi desenvolvido junto a Turma do Infantil II, uma vez por semana, ao longo de todo ano letivo de 2016. Deste modo, as intervenções propostas foram embasadas teoricamente no campo da Arte, de maneira que este pudesse trazer uma contribuição para o desenvolvimento integral das crianças participantes. O objetivo do referido Projeto Escolar foi despertar nas crianças habilidades e competências para a apreciação, produção e reflexão por meio do ensino de Arte, estimulando-os a partir da dança, artes visuais, música e teatro. Para atender a demanda da Turma do Infantil II, foram trabalhados em dois eixos da Arte, sendo elas: Artes Visuais e Música. Conforme a Proposta Pedagógica para a Educação Infantil, do Sistema Municipal de Ensino de Bauru, concebe-se como Artes Visuais: Enquanto linguagem e conhecimento, podemos dizer que uma de suas principais finalidades na Educação Infantil é a contribuição para a formação estética da criança ampliando as possibilidades de leitura do mundo, além de desenvolver a percepção e a sensibilidade da mesma. (BAURU, 2016, p.460). Desde modo, a fim de possibilitar uma leitura de mundo, proporcionar o desenvolvimento da percepção e a sensibilidade, respeitando o período sensóriomotor, como denomina Piaget (1978) as atividades propostas foram realizadas, de modo, que os pequenos pudessem percebe o mundo e atuar nele, que coordena as sensações vivenciadas junto com comportamentos motores simples e sensorial um passeio sobre as marcar de seus registros gráficos por meio do sagu. Além de circuitos sensórios, diferentes suportes para pintura, texturas. Entende-se a Música, na percepção de Brito (2003), como uma linguagem que organiza intencionalmente os signos sonoros e o silêncio pode ser um meio de ampliação da percepção e da consciência, porque permite vivenciar e conscientizar fenômenos e conceitos diversos. 17 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 Na Educação Infantil não seria diferente é um elemento fundamental no desenvolvimento psíquico da criança. Para isso, o trabalho pedagógico desenvolvido procurou estabelecer conteúdos específicos dessa linguagem, visando o pleno desenvolvimento das capacidades humanas, por meio, do conhecimento da músicas e suas fontes sonoras, sons, apreciação, contextualização e como linguagem. A música é uma linguagem da Arte que possibilita a expressão do ser humano; é um conhecimento que se tornou patrimônio cultural e que tem papel decisivo na humanização das novas gerações. Na escola, a música deve estar presente para além do senso comum e não como complemento de outras áreas do conhecimento ou linguagens. Ultrapassar o senso comumsignifica tomar a música em sua função artística, isto é, concebê-la como meio de superação das formas cotidianas de sentir a realidade. Considerá-la a partir da perspectiva da humanização é inseri-la no campo de formação do ser humano, que responde pelo desenvolvimento histórico da humanidade. (BAURU, 2016, p.506). Tendo em vista, o desenvolvimento histórico da humanidade, na elaboração das atividades paras crianças, nota-se a ao logo do ano como compreenderam a apreciar o barulho que o vento, a chuva e os pássaros fazem, apreciarem as músicas que antes não ouviam e passaram a cantar e gostar. Os resultados obtidos, ao longo do ano letivo, foram observados e registrados pelas professoras e pela a pibidiana, pois na medida em que eram desenvolvidas novas atividades, em cada semana, tornou-se perceptível o nível de atenção e participação das crianças pequenas, na criação e o divertimento das atividades relacionadas à arte visual, como na apreciação dos novos sonos e músicas apresentadas a eles, gradativamente foi possível observar o desenvolvimento habilidades e competências para a apreciação e a produção, por meio, do ensino de Arte. A partir dos aspectos mencionados destaca-se, a seguir, as considerações finais do presente relato de experiência. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS As ações desenvolvidas com as crianças na Educação Infantil, com o propósito de despertar nos pequenos, habilidades e competências para a apreciação, produção e reflexão, por meio, do ensino de Arte, estimulando, por meio, do subprojeto Artes Visuais e Música, foram exitosas. 18 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 Esta experiência foi de enriquecedora para as crianças pequenas, para a escola, professores e para a formação docente da pibidiana. Assim, os ganhos educacionais para as crianças, foram demonstrados pela aquisição do conhecimento trabalhado, sejam na exploração diferentes formas gráficas, apreciação música e visual. Do mesmo modo houve significativa contribuição para a escola e para as professoras envolvidas, não apenas pelo ganho educacional dos pequenos, mas pelo envolvimento que tiveram para a realização desse subprojeto. E, na mesma direção, foi uma experiência riquíssima para a pibidiana, pois pode articular seus conhecimentos adquiridos na universidade e colocá-los em prática no ambiente escolar, sem contar a experiência de adentrar na realidade de uma escola pública de Educação Infantil. Cabe salientar a suma importância do PIBID de Pedagogia para as escolas públicas envolvidas, visto que os futuros educadores constroem sua profissão a partir da prática educacional. Sendo assim, a relação e o contato com os alunos no espaço escolar, no percurso da formação docente, propicia uma condição de reflexão para diagnosticar e minimizar possíveis problemas no ensino, do mesmo modo, possibilita um impacto positivo para a escola quanto aos esforços para o melhoramento da qualidade de ensino. Este relato de experiência não esgota as dimensões das atividades realizadas no referido projeto escolar. Todavia, se traduz em uma contribuição para a reflexão sobre a própria prática das bolsitas do PIBID, supervisora, coordenadora e professoras da escola, no sentido de dar continuidade a novas propostas que possam representar um avanço quanto a prática docente, e a responsabilidade de oferecer aos alunos um ensino de qualidade nas escolas públicas. REFERÊNCIAS BAURU, SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO DE. Proposta Pedagógica para a EducaçãoInfantil, 2016. Disponível em: <file:///C:/Users/dudac/Documents/proposta_pedagogica_educacao_infantil.pdf>, Acesso em: 25 mar 2017. BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação Qualitativa em Educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Trad. Maria J. Alvarez; Sara B. dos Santos; Telmo M. Baptista. Porto: Porto Editora, 1994. 19 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. BRITO, T. A. de. Música na Educação Infantil. São Paulo: Peirópolis, 2003. CORDI, A. Educação Infantil: livro do professor. Curitiba: Positivo, 2008. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. Disponível em: <http://www.projetopipasuff.com.br/livros/Pedagogia%20da%20Autonomia.pdf>, Acesso em: 25 mar 2017. FRIEDMANN, A. O Brincar na Educação Infantil: observação, adequação e inclusão. São Paulo: Moderna, 2012. PIAGET, J. Problemas de Psicologia Genética. São Paulo: Abril Cultural, 1978. 20 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 EDUCAÇÃO INFANTIL: FONTE DE DESENVOLVIMENTO DA IDENTIDADE DA CRIANÇA Ariane Pinheiro Granado Gomes – Sistema Municipal de Ensino de Bauru Luciana Polini Lopez - Sistema Municipal de Ensino de Bauru Eliane Morais de Jesus Mani - Sistema Municipal de Ensino de Bauru Solange Santos Ferreira dos Reis - Sistema Municipal de Ensino de Bauru Raquel Martins de Siqueira Tonelli – Sistema Municipal de Ensino de Bauru arianegranado@gmail.com 1. INTRODUÇÃO Ao nos referirmos sobre o termo Identidade remetemo-nos a uma reflexão sobre a importância das diferenças individuais para a formação humana. Neste sentido, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 29) esclarece que a mesma: "é uma marca de diferença entre as pessoas, a começar pelo nome, seguido de todas as características físicas, de modos de agir, de pensar e da história pessoal". Ainda, de acordo com a Proposta Pedagógica para Educação Infantil do Sistema Municipal de Ensino de Bauru/SP: [...] o trabalho com os conteúdos das Ciências da Sociedade na Educação Infantil deve criar condições para que as crianças conheçam e compreendam, de acordo com as possibilidades do período de seu desenvolvimento, o modo de organização da vida social reconhecendo-se como sujeito dentro deste contexto capaz de transformar a realidade, comprometendo-se com as experiências acumuladas pela humanidade (BAURU, 2016, p. 336). Assim, é justamente por meio da construção da identidade que as crianças são capazes de definir e assumir os próprios gostos e preferências, passando a dominar habilidades e limites dentro de seu desenvolvimento, levando em conta a cultura, a sociedade, o ambiente e as pessoas com quem se convive. 21 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 Na mesma direção, o autoconhecimento de um indivíduo é interminável e deve iniciar na mais tenra idade. Portanto, é fundamental que alguns conhecimentos e habilidades sejam formalizados no processo educacional na etapa da Educação Infantil. Ao nascermos não somos capazes de reconhecer nossos próprios limites e os limites dos outros. Assim, o processo educativo existe para que possamos nos compreender como um ser único em meio a outros seres humanos singulares, ou seja, com identidade própria. Insta saber, que na infância a educação familiar é o meio de socialização inicial e de construção da identidade por excelência, uma vez que se dá em meio ao relacionamento com as pessoas, nos quais a criança estabelece seus primeiros vínculos afetivos e sociais. Todavia, tão importante quanto o papel da família é a função da escola nesta fase da vida, haja vista que esta última realiza a complementação educacional que se inicia no contexto familiar, enriquecendo e ampliando, passo a passo, o mundo cultural e social da criança, tendo como base o cuidar e educar. Dada a relevância educacional na Educação Infantil, cabe destacar que o desenvolvimento sócio afetivo na infância deve ser visto pelo educador com especial atenção, visto que a criança emocionalmente equilibrada responde melhor ao processo de ensino e aprendizagem. Entretanto, salienta-se que, no desenvolvimento infantil, os aspectos da identidade, não depende só da escola, mas de todo um contexto adequado, dentro e fora do ambiente escolar. Na Educação Infantil, a criança precisa desenvolver relações sociais, entre adulto/criança e criança/ criança, tendo como base o afeto, a confiança, a promoção da sua independência e o senso crítico. Segundo Vygotsky (2012), o homem é dialógico por natureza, ou seja, ele precisa dos semelhantes para existir, ser e viver. Sob a ótica do mesmo autor, o homem não se faz sozinho, pois necessita do convívio e da existência do outro para a construção de si. Nesta perspectiva, durante a escolarização à medida que as crianças vivenciam oportunidades de interação ocorre o processo de pertença junto às pessoas e o ambiente, concomitante à percepção da própria identidade, dando a 22 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 clara noção de distinção do eu e do outro, justificando-se, segundo Leontiev (2012), a importância da presença e a mediação do professor para a ampliação da rede de relacionamento na primeira infância. Cumpre mencionar, ainda, que as relações da criança com o professor fazem parte de um pequeno e íntimo círculo de contatos, do mesmo modo como as relações dela dentro de seu grupo entre pares também se caracteriza como peculiar. Assim, os vínculos que a criança, com idade entre três e cinco anos, estabelece consigo, se constituem como elemento pessoal privado, e passo a passo se transforma em espírito de grupo. Este importante processo ocorre, por exemplo, quando a criança olha no espelho, manuseia o seu crachá, as letras do seu nome, ou mesmo, quando brinca com brinquedos da escola, de maneira que por assim dizer, brincando ela percebe que alguns objetos não são exclusivamente seus, e sim de uso coletivo. Logo, esse entendimento a leva a avançar no modo de agir e pensar rumo a independência e a autonomia, formando a sua história pessoal. Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo destacar a reflexão sobre práticas educativas que promovem o processo de desenvolvimento da construção da identidade da criança na Educação Infantil. A seguir é apresentada a metodologia utilizada no relato de experiência. 2. METODOLOGIA A fim de compor um arcabouço teórico sobre a temática em tela, primeiramente foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o desenvolvimento infantil e a identidade da criança, em documentos oficiais publicados pelo Ministério da Educação e do Sistema Municipal de Ensino de Bauru/SP, além de autores conceituados na área. Ainda, foram realizadas observações, bem como registros de atividades individuais e coletivas das crianças, que predispõem o contato com si mesmo e com seus pares. 23 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8Trata-se, portanto, de um relato de experiência de professoras da Educação Infantil, que atuam junto a turmas de alunos com idade entre dois e três anos, no Sistema Municipal de Ensino de Bauru/SP. De acordo com Gil (2011, p. 16) “o método observacional é um dos mais utilizados nas ciências sociais”. Se por um lado, pode ser considerado como um método primitivo, dada a imprecisão, por outro lado, pode ser tido como um dos mais modernos tipos de métodos de pesquisa, visto que nas ciências sociais confere alto valor de precisão, justamente por estar diretamente ligado à realidade observada. Ainda, Minayo, Deslandes e Gomes (2015), destacam que o pesquisador em campo tem uma interação com o pesquisado, e justamente a sua experiência o ajuda no comportamento de observação, sob um olhar dinâmico e atento quanto a confrontação entre o conhecimento teórico e as descobertas empíricas, relativizando hipóteses e pressupostos. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Unidade Escolar atende sete turmas em cada período, com variação de idade entre dois e cinco anos, conforme o grupo em que estão inseridos, totalizando cerca de 280 crianças. Possui uma equipe com trinta profissionais, cada qual habilitado e capacitado para sua área de atuação. Como característica marcante da escola, ressalta-se que são quarenta anos de construção de uma de identidade marcada pela participação familiar no dia a dia escolar. Tal reconhecimento é atestado pelas gerações das mesmas famílias que frequentam a escola até os dias atuais, formando uma relação próxima entre as duas instituições fundamentais no processo de desenvolvimento da criança. A escola está situada no Jardim Cruzeiro do Sul, bairro na zona oeste da cidade de Bauru/SP. A localidade possui uma completa estrutura comercial e de serviço em seu entorno. A área construída é de 700 metros quadrados, em um terreno plano que totaliza 8000 mil metros quadrados. Sendo assim, a amplitude territorial constitui-se de amplos espaços verdes, tais como: gramado, bosque, 24 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 jardim, pomar, quadras, aparelhos recreativos, tanques de areia, estacionamento, quiosque e biblioteca em prédio anexo. Conforme descrito à geografia da escola permite planejar, executar e avaliar conteúdos, objetivos e orientações didáticas em meio a flora e fauna e a substratos naturais que são recursos pedagógicos disponíveis neste ambiente composto de espaços preservados para conviver pedagogicamente com o meio ambiente, tais como; árvores frondosas, árvores frutíferas, horta, jardim, pomar, pássaros, borboletas, minhocas, cigarras, gambás, periquitos, abelhas, formigas e entre outros, cuja presença por si só produz sensibilização e estímulo ao desenvolvimento das crianças nos caminhos da descoberta da preservação e qualidade de vida. No tocante ao desenvolvimento da identidade e a autonomia das crianças, esses espaços naturais favorecem o resgate das brincadeiras tradicionais que dependem de ambientes apropriados e que favorecem o relacionamento entre os alunos de todas as faixas etárias que são atendidos na escola. No dia a dia da escola são realizadas práticas educacionais, permeadas por estratégias de ensino, cuja ação educativa intencional visa promover, entre outros aspectos, a formação da Identidade das crianças, especialmente na idade de dois e três anos. Sendo assim, o ambiente externo da escola se constitui como espaços abertos de aprendizagem, onde ocorrem as mais diversas atividades, favorecendo a observação sensível, por parte dos professores, atitudes, choros e caretas, entre outras manifestações comportamentais, que são o ponto de partida para estabelecer orientações didáticas adequadas, conforme o planejamento previamente construído, bem como o estímulo para vivências e expressões das crianças. Vigotsky, Luria e Leontiev (2012), afirmam que o comportamento humano é formado por peculiaridades e condições biológicas e sociais. Sendo assim, percebemos que cada estágio da vida da criança se faz necessário oferecer desafios importantes para o seu desenvolvimento, pois o ser humano está em constante processo de aprendizagem e essa não ocorre de maneira isolada. As brincadeiras, mediadas pela ação docente, contribuem para a formação do sujeito, de modo que, pouco a pouco, são observados os avanços nas relações entre as crianças, por meio dos diálogos, resolução de conflitos e situações problemas, entre 25 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 outros importantes aspectos que denotam a autonomia, independência e desenvolvimento da personalidade individual de cada criança. Lançando desafios de movimento, interação social, estimulação de linguagens, entre outras atividades, torna-se possível o envolvimento dos pequenos de modo pleno. Aprender e brincar passa a fazer parte da aprendizagem, fortalecendo a construção das relações entre eles, criando, portanto, uma condição e atmosfera de desenvolvimento sobre a identidade pessoal e coletiva, com o sentimento de pertença e de laços afetivos entre os pares, bem como com o professor. As experiências cotidianas promovidas intencionalmente nos espaços da escola valorizam o processo de desenvolvimento da criança como sujeito de aprendizagem, oportunizando, por outro lado, para o professor, importantes reflexões sobre uma docência baseada em mediação entre o conhecimento socialmente construído, as relações humanas e as relações com o meio ambiente. Destarte, como exemplo de prática educativa que demonstra esse encaminhamento no dia a dia letivo dessa escola, especialmente, pelas autoras que são atuantes nesta realidade, pode ser citada a exploração de atividades de rodas de conversa sobre as experiências individuais das criança e suas manifestações de percepção de mundo, visto que neste momento são criadas oportunidades para que cada uma possa expor para seu grupo, verbalmente, temas relativos a si próprio, sua família, o lugar onde vive, entre outros elementos, subsidiando interesses e conhecimentos, por meio de indagações e criação de hipóteses, de modo que cada um elabora sua própria construção de mundo e de constituição como pessoa. Ainda, são criadas rotinas para possibilitar às crianças a se olharem diariamente no espelho, tanto em situações individuais, quanto coletivamente, além de brincadeiras, a exemplo de jogos verbais, ressaltando elementos de semelhanças e diferenças, contrários, e outros aspectos que envolvem características singulares, tais como: altura, nome, tipo de vestimenta, cor, nomes de objetos, pertences pessoais, preferências, entre outros. Na rotina de atividades didáticas são propostos registros, por meio de desenhos livres, exposições, elaborações em massinha de modelar, pinturas com tintas com suportes e riscadores diversos, recortes e colagens, entre outras práticas 26 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 que permitem a expressão livre da criança. Nesta direção, a ação intencional do professor direciona e valoriza o desenvolvimento do potencial da criança, conduzindoa a reflexão, criatividade, oralidade, atenção, memória, entre outras possibilidades, que possam revelar as habilidades que estão em processo de aquisição e desenvolvimento, concomitantemente, à impressão da pessoalidade e diferenças próprias da elaboração da identidade. Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, documento introdutórioque se refere à formação pessoal e social na infância, “o trabalho educativo, pode assim, criar condições para as crianças conhecerem, descobrirem e resinificarem novos sentimentos, valores, ideias, costumes e papéis sociais” (BRASIL, 1998, p 11). Podemos afirmar, então, que vivenciar a construção da identidade na Educação Infantil de forma lúdica é desenvolver a autonomia e transpor objetivos e conteúdos visando o protagonismo da criança. Na sequência destacamos as considerações finais. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tecer práticas educacionais para favorecer o desenvolvimento da identidade da criança na Educação Infantil requer uma reflexão e estudo de toda equipe escolar, no sentido de compreender como a ação docente intencional e direcionada, com estratégias de ensino planejadas para estimular o potencial das crianças, se torna fundamental para a qualidade do ensino, uma vez que o processo educacional, sobretudo, nesta etapa da vida, inegavelmente deve oportunizar a criança compreender o mundo que está a sua volta e o seu o papel neste contexto coletivo, participando, observando, criando, resolvendo situações problemas, entre outros aspectos transponíveis para as etapas vindouras da vida e suas relações sociais. Sendo assim, torna-se fundamental o planejamento docente sobre práticas educativas. Todavia, é a observação do desenvolvimento das crianças que serve como mote para encaminhamentos seguintes, a fim de que a intencionalidade do professor possa promover a construção da identidade da criança. As atividades retratadas, que foram desenvolvidas ao logo do último ano letivo, denotaram 27 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 avanços importantes no desenvolvimento dos alunos envolvidos. Cumpre mencionar, ainda, que as explorações dos ambientes existentes na escola favoreceram propostas educativas enriquecedoras para a aprendizagem das crianças. Em últimas palavras, a partir do presente relato de experiência, defende-se a ideia de que pensar o processo educacional das crianças na Educação Infantil, sobre a temática em tela, requer uma reflexão contínua, como um vai e vem, com vistas a identificar as necessidades e realidade de cada turma, observando cada educando e todos ao mesmo tempo. Nesta seara, o presente estudo não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas provocar novos olhares para o papel do professor quanto ao desenvolvimento da criança na Educação Infantil. REFERÊNCIAS BAURU, SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO DE. Proposta Pedagógica para a Educação Infantil, 2016. Disponível em: <file:///C:/Users/dudac/Documents/proposta_pedagogica_educacao_infantil.pdf>, Acesso em: 25 mar 2017. BRASIL, 1998. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: Formação Pessoal e Social. Volume 2. Ministério da Educação e do Desporto. Brasília. 1998. GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2011. LEONTIEV, A. N. Uma Contribuição a Teoria do Desenvolvimento da Psique Infantil. In: VIGOTSKII, L. S; LURIA, A. R; LEONTIEV, A. N. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. 12º. Edição. São Paulo, Icone Editora. p. 59- 84, 2012. MINAYO, M. C. de S. (Org.); DESLANDES, S. F.; GOMES, R. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 34 ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2015. VIGOTSKII, L. S; LURIA, A. R; LEONTIEV, A. N. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. 12º. Edição. São Paulo, Icone Editora. 2012. 28 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 ARCO ÍRIS: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Josilaine Aparecida Pianoschi Malmonge – UNESP - Bauru Profª Drª Maria do Carmo Monteiro Kobayashi – UNESP - Bauru E-mail para contato: jmalmonge@gmail.com 1. INTRODUÇÃO A curiosidade é inerente ao universo infantil. Portanto, ao tê-la como ponto de partida é possível que haja produção do conhecimento. De acordo com Moura (1998, p. 1): Todo conhecimento se produz a partir de uma curiosidade ou de uma pergunta. Na sua base, está sempre a resposta a uma pergunta, a uma curiosidade, a um desafio. Isso acontece desde o conhecimento científico, desenvolvido nas teses de mestrado e doutorado, até o conhecimento mais simples e espontâneo. Temas relacionados a ciências estão presentes no universo infantil, através de desenhos animados, cantigas e histórias. Esses instrumentos despertam nas crianças curiosidades e dúvidas às quais, na maioria das vezes, elas procuram saná-las na escola. Segundo Brasil(1998, p. 163): O mundo onde as crianças vivem se constitui em um conjunto de fenômenos naturais e sóciais indissociáveis diante do qual elas se mostram curiosas e investigáveis. Desde muito pequenas, pela interação com o meio natural e social no qual vivem, as crianças aprendem sobre o mundo, fazendo perguntas e procurando respostas às suas indagações e questões. Nesse sentido, durante a leitura de um livro paradidático para crianças do Infantil V, agrupamento de idades entre 4 e 5 anos, em uma creche, as mesmas se atentaram à figura de um arco-íris, realizando as seguintes colocações: “Ontem um arco-íris seguiu o carro do meu pai!”, “Professora você sabia que o arco-íris foi pintado por Deus?” e “Eu queria ter um arco-íris!”. Com o objetivo de desmistificar esses conhecimentos empíricos das crianças sobre o conceito de formação do arco-íris, foram planejadas e realizadas uma sequência de ações envolvendo leituras, vídeos, experimentos e registros sobre o fenômeno natural arco-íris. É importante ressaltar que: 29 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 Desenvolver atividades experimentais em uma perspectiva dialógica mediada pelas ferramentas culturais, especialmente a leitura e a escrita, ajuda para superar entendimento empirista de ciências que mostram ter pequena contribuição na aprendizagem das teorias de ciências (GONÇALVES; GALIAZZI, 2004, p. 249). 2. METODOLOGIA O trabalho foi desenvolvido num período de dez dias, na Creche de Assistência Nossa Criança, distrito de Tibiriçá, município de Bauru, com a turma do Infantil V, com um total de 21 crianças. Esse relato de experiência possui característica de Pesquisa-ação, pois: A pesquisa-ação, em outras palavras, abarca um processo empírico que compreende a identificação do problema dentro de um contexto social e/ou institucional, o levantamento de dados relativos ao problema e, a análise e significação dos dados levantados pelos participantes. Além da identificação da necessidade de mudança e o levantamento de possíveis soluções, a pesquisa-ação intervém na prática no sentido de provocar a transformação. Coloca-se então, como uma importante ferramenta metodológica capaz de aliar teoria e prática por meio de uma ação que visa à transformação de uma determinada realidade (KOERICH, 2009, p. 2). Para a viabilização das ações desenvolvidas foi realizado um levantamento sobre os saberes prévios das crianças, assim elaborou-se os procedimentos, recursos e as fontes de mediação das ações (as estratégias de ação). A cada ação desenvolvida era realizada uma avaliação, verificando como as crianças respondiam ao planejado, e como elas transformavam suas hipóteses iniciais, argumentando de forma mais próxima ao real do fato – formação do arco- íris. Com as crianças, constantemente, era dialogado sobre o que foi desenvolvido, afim de diagnosticar o que era necessário acrescentar. Elas perguntavam, aguardavam as repostas, reelaboravam perguntas,assim a aprendizagem ia acontecendo, até que o conceito científico da formação do arco-íris fosse sendo apropriado por elas. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO No ambiente escolar é necessário que o educador amplie as experiências de seus alunos, ajude a construir conhecimentos. Deste modo Brasil (1998, p. 166) menciona: 30 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 O trabalho com os conhecimentos derivados das Ciências Humanas e Naturais deve ser voltado para a ampliação das experiências das crianças e para a construção de conhecimentos diversificados sobre o meio social e natural. Nesse sentido, refere-se à pluralidade de fenômenos e acontecimentos – físicos, geográficos, históricos e culturais -, ao conhecimento da diversidade de formas de explicar e representar o mundo, ao contato com as explicações cientificas e à possibilidade de conhecer e construir novas formas de pensar sobre os eventos que a cercam. Após a roda de conversa, resultante da imagem de um arco-íris que estava nas ilustrações do livro citado anteriormente. Dividiu-se os grupos com quatro crianças, cada uma recebeu um copo de vidro transparente com água e uma folha de papel sulfite e foram convidados a manipular esses instrumentos no pátio da escola em uma manhã ensolarada. O copo de vidro com água foi escolhido porque ele faz o que a nuvem faz com a luz do sol, separa as cores que forma o arco-íris. Já a folha de papel branco faz com que haja uma nitidez melhor quando o arco-íris reflete. Em poucos minutos, uma criança grita: “Olha um arco-íris!” e todas as outras movimentam seus copos procurando originar também um arco-íris para refletir no papel branco. Em seguida, dialogamos sobre o experimento, as crianças concluíram: para que o arco-íris seja formado é necessário luz solar. Após a conclusão, elas registraram a ação por meio de desenho, o procedimento didático de registrar o conhecimento aprendido está em consonância com os postulados teóricos de Polato (2011) o qual cita a importância de as crianças realizarem seus registros, esses ajudam a desenvolver a habilidade de selecionar e organizar as informações, consolidando os conhecimentos. Outra ação, foi com borrifadores de água. Para as crianças foi dada a missão de regar as plantas, presentes no pátio da escola, utilizando os borrifadores. Após algum tempo, algumas delas notaram que ao apertarem o gatilho dos borrifadores o spray de água refletida na luz solar originava o arcoíris. Ao utilizar borrifadores é possível que o arco-íris formado esteja mais nítido, pois as gotículas de águas são menores, semelhantes a da chuva. Novamente ao dialogar sobre o que gerou o fenômeno natural, as crianças concluíram que: o arco-íris é formado quando há luz do sol e água. Nesse momento algumas se recordaram: o arco-íris sempre aparece após a chuva. Nessa etapa da 31 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 sequência de ações o instrumento de síntese do conhecimento aprendido também foi o desenho. Ações como estas, despertam nas crianças o desejo de aprender. Ao entender o fenômeno da natureza, porque realizaram experiências, as quais foram agentes do processo, e não assumiram uma postura passiva que conforma-se com explicação em formas transmissivas, as crianças constaram in locu o que ocorre e buscaram explicações plausíveis para tanto. Carvalho et al (1998, p. 6) citam: Se a primeira vivência dos alunos com os conhecimentos de ciências for agradável, se fizer sentido para as crianças, elas gostarão de Ciências e a probabilidade de serem bons alunos nos anos posteriores será maior. Do contrário, se esse ensino exigir memorização de conceitos além da adequada a essa faixa etária e for descompromissado com a realidade do aluno, será muito difícil eliminar a aversão que eles terão pelas Ciências. Outra ação preparada foi apoiada no vídeo “De onde vem o arco-íris” (https://www.youtube.com/watch?v=tW819inM4hg), que tem por objetivo ajudar as crianças a entender o fenômeno da refração. Ao ouvirem a leitura do livro “As gotinhas e o arco-íris” (Eunice Braido), assistirem ao vídeo e realizarem os experimentos, as crianças conseguiram relatar de maneira cientifica como o arco-íris se forma: “A luz do sol, que é branca, atravessa as gotinhas de água formando o arco-íris.” No vídeo foi citado o experimento “Disco de Newton”, as crianças pediram que o mesmo fosse realizado. O pedido delas foi atendido visto que, como mencionado por Arce et al. (2011, p. 09), a verdadeira ciência começa com a curiosidade e fascinação das crianças que levam à investigação e à descoberta de fenômenos naturais. Conforme BRASIL (1998, p.171): A formação de conceitos pelas crianças, ao contrário, se apoia em concepções mais gerais acerca dos fenômenos, seres, e objetos e, à medida que elas crescem, dirige-se à particularização. Nesse processo, as crianças procuram mencionar os conceitos e modelos explicativos que estão construindo em diferentes situações de convivência, utilizando-os em momentos que lhes parecem convenientes e fazendo uso deles em contextos significativos, formulando-os e reformulando-os em função das respostas que recebem às indagações e problemas que são colocados por elas e para elas. Durante dias, o fenômeno natural arco-íris esteve presente no ambiente escolar. As crianças estavam interessadas, atentas para a aprendizagem desse conteúdo. 32 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 Em uma manhã, enquanto realizava-se uma ação de leitura, um grupo de alunos notou a presença de um arco-íris no armário presente na sala de aula e também no rosto de um colega. Logo relacionaram com o que assistiram no vídeo “De onde vem o arco-íris”. Eles disseram: “Olha um arco-íris!” e um aluno relatou: “O formato do vidro da janela é igual ao prisma daquele homem (Isaac Newton) do vídeo do arco-íris”. Outra criança acrescentou: “A luz do sol passa pelo vidro formando o arco-íris” 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho com experimentos com as crianças do agrupamento Infantil V na Educação Infantil, instigou-as a observar o fenômeno natural arco-íris, relatando os acontecimentos, formulando hipóteses, enfim construindo conhecimentos. Em outras ações propostas com desenhos, posteriormente, foi possível identificar a imagem do arco-íris. O mesmo apareceu em cenas com chuva, em ambientes com cachoeiras, o que evidencia que as crianças desmistificaram os conhecimentos empíricos sobre a formação do arco-íris. Portanto, as crianças conseguiram aprender e relatar sobre a formação do fenômeno natural arcoíris. REFERÊNCIAS ARCE, Alessandra. SILVA, Débora. VAROTTO, Michele. Ensinando Ciências na Educação Infantil. 1 ed. 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Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 A BIBLIOTECA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: EXPLORANDO POSSIBILIDADES DE LEITURA1 Solange Santos Ferreira dos Reis – Prefeitura Municipal de Bauru Lívia Maria Ribeiro Leme Anunciação – Prefeitura Municipal de Bauru Eliane Morais de Jesus Mani – Prefeitura Municipal de Bauru solangesantosreis@gmail.com 1. INTRODUÇÃO É permanente a busca de estratégias e recursos didáticos que apresentem melhor resultado quando o objetivo é a democratização e o acesso aos livros e as diferentes possibilidades de leitura na educação infantil. Nesta lógica, a diversidade cultural e social, valores, ética, arte, cidadania entre outros, permitem ainda parceria com recursos didáticos diversificados, tais como: fantoches, músicas, papelaria, jogos, materiais recicláveis, entre outros, pois podem dar suporte e direção ao desenvolvimento do planejamento e a consecução dos conteúdos e objetivos educacionais ligados a demanda que se deseja alcançar (ZABALA, 1998). Como forma intencional de qualificar o trabalho educativo, a Escola Municipal de Educação Infantil “Leila de Fátima Alvarez Cassab” promove o acesso à sala “Biblioteca Peixinho Sonhador”, acervo oficial de livros de literatura infantil, bem como de diferentes recursos didáticos. Recentemente, a mesma foi organizada, recebeu estantes, novos exemplares e é aberta para a retirada de livros, diariamente, lembrando que o foco é aproximar as crianças da compreensão das temáticas curriculares para ampliar o repertório cultural, a linguagem, o vocabulário, a imaginação e a criatividade, por meio do acesso ao universo dos livros. Apesar da disponibilidade de recursos, a escola tem a responsabilidade e o dever de apresentar a vida escolar à criança e vice-versa, uma vez que na educação infantil, deve-se privilegiar o ensino e a aprendizagem via cuidar e educar, pois embora o homem nasça com um complexo aparato biológico, não há garantia que o mesmo realize as apropriações necessárias para humanizar-se. Desse modo, Martins (2009, p. 120) afirma esclarecendo: 1 Este trabalho é fruto de uma experiência participativa (em andamento) de catorze professoras especialistas em Educação (incluindo as autoras) da Escola Municipal de Educação Infantil Leila de Fátima Alvarez Cassab – Peixinho Sonhador. 35 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 Aos seres humanos não basta à mera pertença à espécie biológica, nem contato com a sociedade pelas suas bordas. Para que se constituam como tais (seres humanos) precisam apropriar-se da vasta gama de produtos materiais e intelectuais produzida pelo trabalho dos homens ao longo da história. Em face das considerações acima, é importante salientar que a Unidade Escolar em questão possui quarenta anos de existência, 8.000 metros de área total e 700 metros de área construída, localizando-se em um bairro residencial de classe média, o qual possui completa estrutura de comércio e serviços, e ainda, atende uma clientela participativa que pertence a novas gerações de familiares ou amigos da gerações ligadas às primeiras famílias atendidas. A escola possui uma diretora e um corpo docente formado de doze professoras especialistas do ensino regular, duas professoras especialistas do ensino especial, um cuidador do ensino especial, um auxiliar de creche, uma secretária adminstrativa e seis funcionários de apoio pedagógicos, totalizando quatorze turmas de 300 alunos, denominadas: Infantil I (2 anos) de 15 alunos; Infantil II (3 anos) de 20 alunos; Infantil IV (4 anos) de 25 alunos; e Infantil V (5 anos) de 25 alunos. Ainda há materiais didáticos e os equipamentos estão em bom estado de conservação. 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Valorizar o potencial dos livros como recurso de ensino aprendizagem na educação infantil, bem como a democratização dos mesmos no cotidiano escolar de forma ampla, pedagógica, lúdica e qualificada, por meio de experiência em uma Escola Pública de Educação Infantil da cidade de Bauru, São Paulo. 2.2 Objetivos Específicos • Manter e diversificar as estratégias de ensino e aprendizagem de leitura e oralidade; • Orientar professores, pais e equipe escolar para compreender que a ação educativa atende aos conhecimentos históricos e culturais na educação infantil. 36 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 3. METODOLOGIA O presente estudo compõe-se por um relato de experiência, cujos aspectos metodológicos são pautados pela pesquisa-ação, pelo delineamento descritivo e exploratório, e pela abordagem qualitativa. Segundo Elliot (1991, p.69), a pesquisaação é “o estudo de uma situação social com vistas a melhorar a qualidade da ação dentro dela”; bem como é uma estratégia muito utilizada por professores e pesquisadores. O caráter descritivo “têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 2011, p. 42). O mesmo autor aponta que a pesquisa exploratória tem como objetivo desenvolver, esclarecer e produzir novos olhares para conceitos e ideias já existentes, ampliando as faces de um fato. Já a pesquisa qualitativa apresenta informações e conhecimentos científicos que não podem ser apresentados quantitativamente (MARCONI; LAKATOS, 2006). A experiência vivenciada foi realizada na Escola Municipal de Educação Infantil “Leila de Fátima Alvarez Cassab” – Peixinho Sonhador (inaugurada em 1976), no município de Bauru, no primeiro semestre de 2017. O trabalhou envolveu 14 professoras, sendo 12 da educação básica infantil e 2 da educação básica especial. Ao todo são 300 alunos participaram do trabalho. O trabalho iniciou-se na adaptação escolar, na primeira semana de fevereiro, visto que na oportunidade o projeto já estava formatado. Foram realizadas atividades de: vivências de histórias, trocas de livros, rodas de conversa, bem como outros recursos em ambientes internos e externos, promovendo a leitura compartilhada. 4. RESULTADOS PARCIAIS Apesar do trabalho se concentrar na área de Língua Portuguesa, eixo leitura e oralidade, a mesma atende aos objetivos e conteúdos de todas as áreas curriculares da Proposta Pedagógica para Educação Infantil da Secretaria Municipal de Bauru (BAURU, 2016). Diante da expectativa da acolhida, na volta às aulas durante a primeira semana de fevereiro, as professoras programaram a apresentação da biblioteca para as famílias e orientaram a leitura compartilhada nos bancos do jardim. Posteriormente, no pátio, os pais e ascrianças vivenciaram as histórias escolhidas por meio da interatividade de aprender brincando, ultrapassando, por 37 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 assim dizer, o conhecimento do senso comum pelo fato de responder a situações problemas de outras áreas do conhecimento, tais como: quantificação, cores, movimento, dentre outras. Valorizando o professor como mediador do ensino aprendizagem, e o aluno, como sujeito da ação, trabalhou-se com os pais e familiares utilizando cenário, adereços, movimento corporal, música e histórias cantadas, como: “Linda Rosa Juvenil”, o “O Lobo e os Três Cabritinhos” e a “A Ciranda do Anel”. Em continuidade ao traballho de adaptação escolar, foram colocados como desafios situações de leitura com trabalho compartilhado com a família. Na sequência, foi oferecida a escolha de livros para a leitura compartilhada com família; acondicionando os mesmos em pastas, sacolas e mochilas para o transporte, com o objetivo de promover um encontro de aprendizado e diversão em casa, pois o gosto pela leitura incentiva e compromete as duas instâncias: escola e família. Nesta esteira, Saviani (2008) orienta a compreensão sobre a importância da docência embasada na perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica, pois os conhecimentos culturais produzem diferença imediata na vida dos alunos e somam conhecimentos que se traduzem em autonomia. Tal tendência pedagógica também é conhecida e denominada progressista. Assim, de acordo com Snyders (1976 apud Zuquieri, 2007, p. 29): O termo progressista é utilizado quando ao levantar uma critica severa sobre a educação tradicional e a Escola Nova, apresenta uma terceira alternativa que se apropria dos aspectos das duas tendências. Essa linha de pensamento é assim chamada por acreditar na possibilidade do progresso histórico social humano, do qual o trabalho coletivo é a alavanca básica. Do mesmo modo, a Pedagogia Histórico-Crítica é o que sustenta uma prática comprometida com a formação do ser humano no contexto social. Saviani (1995) entende a educação como uma atividade mediadora na prática social, ou seja, ela se constitui em um instrumento, através das gerações, portanto, historicamente acumulada. Vale afirmar que nesta perspectiva, a escola valoriza a apropriação do saber acumulado pela sociedade, tornando-se integrante do corpo social, e assim, pode agir para sua transformação. Neste sentido, Libâneo (2003, p. 39)., colabora reafirmando o importante papel desempenhado pela educação escolar. 38 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 A atuação da escola consiste na preparação do aluno para o mundo dos adultos e suas contradições fornecendo-lhe um instrumental por meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação organizada e ativa na democratização da sociedade. Nesta perspectiva, é relevante perceber que conteúdos, objetivos, estratégias e orientações didáticas podem ser voltadas para a aplicabilidade da Pedagogia Histórico-Crítica, pois os professores e alunos entram em contato com o conteúdo na relação humana e social, a qual é valorizada na prática social, na interação, que se estabelece em todo processo de ensino e aprendizagem. Por meio de outra estratégia de leitura “Biblioteca Vai e Vem”, que se resume a uma casinha sob rodas ou uma mesa no pátio, promoveu-se o acesso diário aos livros sem a presença do adulto; também é oportunizado o acesso à ambientação dos livros nas áreas arborizadas em varais, tapetes, mesas e bancos, onde as crianças e familiares de forma compartilhada desfrutam do conhecimento e do relaxamento que os livros proporcionam. Para a constituição da mesma, foram encontrados os primeiros exemplares que estavam em duplicidade na biblioteca oficial e iniciado seu primeiro acervo. Em reunião de pais, ficou acordado que para não paralizar o rodízio de livros, a doação deve ser constante e a devolução também, o que tem resultado em livros, retornados pelos próprios alunos. Segundo Lück (2006), há diferentes formas de participação como: [...] participação como presença, participação como expressão verbal e discussão de ideias, participação como representação, participação como tomada de decisão e finalmente, participação como engajamento. Deseja-se que a participação estimulada seja a ultima, cujo conceito de “[...] participação, em seu sentido pleno, corresponde, portanto, a uma atuação conjunta superadora das expressões de alienação e passividade, de um lado, e autoritarismo e centralização, de outro, intermediados por cobrança e controle” (LÜCK, 2006, p. 47). Tendo como referência a autora supracitada, a participação por engajamento totalmente desprovida de centralização ou controle, a “Biblioteca Vai e Vem” busca respeitar a escola e aluno, fazendo alusão ao movimento de ida e volta do livro de casa e para a escola, e comparando o gesto de repetição lúdico e educativo ao brinquedo folclórico que desenvolve as funções psíquicas superiores. Diariamente, os pais adentram a escola para retirarem as crianças em local previsto por cada professora, na oportunidade as crianças passam pela “Biblioteca Vai e Vem” e 39 ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO – Julho de 2017. Vol. 2 Educação e Formação Humana: práxis e transformação social - Relatos de Experiências - ISBN 978-85-5444-000-8 retiram livro livremente, pois o objetivo é ser acessível e estratégica.A devolução dos livros é uma conquista dada às preleções dadas realizadas e aos comunicados e cartazes dirigidos às famílias, Observou-se substituições, doações espontâneas e justificativas quando imprevistos dificultam a devolução. Há também famílias que devolvem quando reúnem uma quantidade considerável de livros, revelando o compromisso e a aceitação em relação à prática educativa desenvolvida. A proposta de trabalho pedagógico voltada para as práticas de literatura infantil envolve recursos educativos dispostos nos espaços e ambientes internos e externos, configurando-se em um elemento provocador de interesse e da aprendizagem das crianças, além de fazer parte da identidade e da história desta escola, uma vez que tal preocupação vem permeando a reflexão e a prática educativa das professoras desta unidade escolar. Assim, essa realidade se estabelece como um referencial da unidade escolar, com planejamento de atividades que contemplam eventos observáveis e intervenções que partem de um foco de trabalho que mais chama a atenção das crianças, e esse protocolo funciona como elo motivador para o processo de ensino aprendizagem. Neste prisma, as áreas do conhecimento são contextualizadas e integradas na abordagem dos livros de histórias infantis. Desta forma, a condução das aulas e a assimilação dos conceitos apresentados e vivenciados têm sido favorecidos. Assim, percebe-se que a prática social inicial é a realidade onde os alunos e professores estão. Partindo desse ponto, será iniciado um plano de trabalho onde primeiramente será levantada a problematização que irá fomentar debates e discussões necessárias para a compreensão da prática social existente e a real necessidade de mudança. Aplicando a estratégia da abordagem em roda, relatam experiências e se colocam a pensar soluções para a situação problema encontrada. A instrumentalização para novas práticas ocorre com a fundamentação teórica e a solução para responder as necessidades do grupo. Na continuidade, as professoras percebendo o interesse dos alunos, solicitam que os mesmos elejam uma nova história, sendo a mais votada “João e Maria”, para discutir a natureza,
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