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FACULDADE QUIRINÓPOLIS Centro de Ensino Superior do Sudoeste Goiano Ltda. Portaria de Recredenciamento nº 1.666, de 28 de novembro de 2011. Av. Quirino Cândido Moraes, nº 38-D - Centro – Cep.: 75860-000 - Quirinópolis/GO. Telefone: (64)3651-4680 Fax: (64)3651-2214 www.faculdadequirinopolis.com.br SÍNTESE DOS 04 (QUATRO) PRIMEIROS CAPÍTULOS DA OBRA APRENDER ANTROPOLOGIA DE FRANÇOIS LAPLANTINE QUIRINÓPOLIS 2020 1 http://www.faculdadequirinopolis.com.br/ http://www.faculdadequirinopolis.com.br/ FACULDADE QUIRINÓPOLIS Luana Cristina Castilho Rabelo SÍNTESE DOS 04 (QUATRO) PRIMEIROS CAPÍTULOS DA OBRA APRENDER ANTROPOLOGIA DE FRANÇOIS LAPLANTINE Trabalho da disciplina de Antropologia e Sociologia Geral e Jurídica apresentado ao Prof. Oscar de Lima Pires Júnior como parte dos requisitos para a obtenção de nota da N1, do Curso de Direito da Faculdade Quirinópolis- 1° período “B". QUIRINÓPOLIS 2020 No capítulo 01 da obra Aprender Antropologia, François Laplantine aborda a pré-história da Antropologia, voltando- se ao início da reflexão antropológica que se deu com a descoberta do Novo Mundo. Quando os Europeus chegaram nas terras até então desconhecidas, houve o primeiro confronto visual com a alteridade (situação, estado ou qualidade que se constitui através de relações de contraste, distinção, diferença), e, a partir deste confronto, surgiram as grandes questões: os seres que acabaram de serem descobertos pertencem à humanidade? O selvagem tem alma ? O pecado original também lhe diz respeito? Vale ressaltar que estes questionamentos feitos no século XIV só foram de fato esclarecidos dois séculos mais tarde. Nesta época, surgiram duas ideologias concorrentes acerca dos seres recém descobertos: Las Casas e Sepulvera. A existência de povos não civilizados , partindo de uma visão etnocêntrica do europeu ( visão de mundo característica de quem considera o seu grupo étnico, nação ou nacionalidade socialmente mais importante do que os demais), era vista como uma aberração, algo que exigia uma justificativa. Ademais, o termo primitivo fora adotado apenas no século XIX, visto que, até então, tudo aquilo que não participava da helenidade era chamado de bárbaro, seres da floresta, naturais ou selvagens e portanto, não faziam parte da humanidade, mas sim da animalidade, fato também resultante do forte etnocentrismo europeu. A partir do século XIV, além do critério religioso, critérios como aparência física, comportamentos alimentares e a inteligência (linguagem) foram analisados pelos europeus afim de julgar conveniente ou não considerar os índios membros da humanidade, uma vez que esta análise está relacionada ao determinismo biológico, ou seja, a atribuição das capacidades físicas e psicológicas destes povos à sua etnia, nacionalidade ou o grupo ao qual pertence, e o determinismo geográfico, que diz respeito à influência exercida pelo ambiente que os povos se encontram na sua fisiologia e na sua psicologia. Na época em que o Ocidente descobriu estes povos, os mesmos eram vistos como serem embrutecidos, sem religião, sem escrita, sem economia, sem leis, sem tecnologia, sem Estado e de natureza má. No entanto, no XVIII, a figura do mau selvagem foi substituída pela figura bom selvagem, visto que o caráter primitivo destas sociedades não era uma desvantagem. Cristóvão Colombo, ao chegar no paraíso, disse que os selvagens eram mansos e que acreditava não existir homens melhores no mundo. Os jesuítas também tiveram uma boa impressão do primitivo, considerando-os seres afáveis, liberais e moderados. Por fim, ao descobrir a América, Américo Vespúcio também teve uma visão positiva dos povos nativos: “As pessoas estão nuas, são bonitas... nenhum possui qualquer coisa que seja, pois tudo é colocado em comum...”. Todavia, vale ressaltar que a imagem que o europeu se fez da alteridade não parou de oscilar pois, ao mesmo tempo que o selvagem era visto como um monstro que levava uma vida infeliz e miserável, o mesmo era considerado um ser bonito, trabalhador e corajoso, dentre outras oscilações. No capítulo 02, o autor aborda a invenção do conceito de homem no século XVIII. Foi somente neste século que se fundou a ciência do homem, ou seja, um estudo não mais especulativo, e sim positivo sobre o homem, e é também nesta época que se iniciou o aprendizado sobre as condições históricas, culturais e epistemológicas de possibilidade daquilo que viria a se tornar a Antropologia ( Projeto Antropológico). De fato, esse projeto de um conhecimento positivo do homem constituiu um evento considerável na história da humanidade no século XVIII, pois tornou- se um elemento constitutivo da modernidade Ademais, foi neste mesmo século que se inaugurou a etnologia, ou seja, a ciência que estuda os fatos e documentos levantados pela etnografia e busca uma apreciação analítica e comparativa das culturas. O discurso antropológico do século XVIII era inseparável do discurso histórico desse período. Deste modo, para que a antropologia se emancipasse deste pensamento e conquistasse finalmente sua autonomia , surgiu no século XIX o evolucionismo. A teoria evolucionista, bem como a concretização da Antropologia enquanto disciplina autônoma no século XIX são fatores esclarecidos no capítulo 03. Laplantine considera a Antropologia ( que agora se trata da ciência das sociedades primitivas em todas as suas dimensões) o estudo da nossa origem e da nossa evolução, isto é, das formas simples de organização social e de mentalidade que evoluíram para as formas mais complexas de sociedade. Esse pensamento teórico acerca da evolução das sociedades é denominado Evolucionismo Nesta época, a teoria da evolução foi amplamente dominante até que, no final do século, começaram a aparecer os seus primeiros sinais de esgotamento. De acordo com Kuhn (1983), não há conhecimento científico possível sem que se constitua uma teoria servindo de paradigma, isto é, de modelo organizador do saber, e a teoria evolucionista teve incontestavelmente neste caso, um papel decisivo e impulsionador na Antropologia. Por fim, o capítulo 04 traz o momento da fundação da etnografia (coleta direita, e o mais minuciosa possível, dos fenômenos que observamos por uma impregnação duradoura e contínua e um processo que se realiza por aproximações sucessivas). A etnografia propriamente dita só começou a existir a partir do momento no qual se percebe que o próprio pesquisador deve ir ao campo efetuar sua própria pesquisa, e que o exercício da observação direta é parte essencial da pesquisa. Durante o século XX, a repartição de tarefas entre o observador e o pesquisador erudito deixou de existir e, por esse motivo, os antropólogos de gabinete (antropólogos que não realizam trabalho de campo) tiveram que deixar seus gabinetes para irem ao campo coletar. Deste modo, a Antropologia se tornou pela primeira vez uma atividade realizada ao ar livre, uma vez que todo esse trabalho de campo era considerado a própria fonte de pesquisa. Franz Boas (1858-1942) ensina que no campo tudo deve ser anotado, tudo deve ser objeto da descrição mais meticulosa da retranscrição fiel. Boas constituiu o que chamamos hoje de “etnociências", foi um dos primeiros pesquisadores a nos mostrar não apenas a importância, mas também a necessidade, para o etnólogo, do acesso à língua da cultura na qual trabalha. Também foi um dos primeiros etnógrafos e permaneceu sendo o mestre incontestado da antropologia americana na primeira metade do século XX. Malinowski (1884-1842) também foi um dos principais fundadores da etnografia, dominando incontestavelmente a cena antropológica de1922 até sua morte, em 1942. Bronislaw Malinowski considera que uma sociedade deve ser estudada em sua totalidade, uma vez que ele se pergunta o que é uma sociedade dada em si mesma e o que a torna viável para os que a ela pertencem, observando-a no presente através da interação dos aspectos que a constituem. Com Malinowski, a Antropologia se torna uma “ciência “ da alteridade que abandona o empreendimento evolucionista de reconstituição das origens da civilização e se dedica ao estudo das lógicas particulares características de cada cultura. Compreendendo que o único modo de conhecimento em profundidade do outro é a participação a sua existência, ele cria e é o primeiro a colocar em prática a observação participante. Localizar a relação estreita do social e do biológico e estudar as motivações psicológicas, comportamentos, sonhos e desejos dos indivíduos faz parte da sua nova criação. Malinowski procurava reviver nele próprio os sentimentos do próximo, fazendo a observação participante uma participação psicológica do pesquisador. Convencido de ser o fundador da antropologia científica moderna, Malinowski elabora, sobretudo durante a última parte da sua vida, a teoria do funcionalismo, teoria esta que defende que as instituições sociais têm como função satisfazer as necessidades biológicas dos indivíduos. Ou seja, segundo a definição de Laplantine, cada pessoa possui um conjunto de precisões, cabendo a cultura desenvolver diferentes maneiras de resolver essas necessidades, de forma coletiva, através das instituições. O pesquisador da área de antropologia, na visão de Malinowski, dentro da perspectiva funcionalista, deve observar cada detalhe da cultura estudada, por mais simples que possa parecer, a fim de reconstruir de forma precisa a lógica daquela cultura. Por isso, é importante a observação participante, uma metodologia desenvolvida por Malinowski, resultante do aperfeiçoamento do trabalho de campo, onde o observador convive durante um longo período com a coletividade por ele estudada, participando de todas as atividades, do dia-a-dia, no intuito de apreender toda a complexidade da cultura. Referência bibliográfica LAPLANTINE, François: Aprender Antropologia: São Paulo: Editora Brasiliense, 2007. Referências webgráficas FERREIRA, Renato. O funcionalismo de Malinowski. Disponível em: < http://antropologiauecegrupo1.blogspot.com/2012/05/o-funcionalismo-de- malinowski.html?m=1 >. Acesso em: 09. mai. 2020. DESTINO COMUM. Determinismo biológico e geográfico. Disponível em: < https://destinocomum.wordpress.com/2012/08/29/determinismo-biologico-e- determinismo-geografico/ >. Acesso em: 09. mai. 2020. http://antropologiauecegrupo1.blogspot.com/2012/05/o-funcionalismo-de-malinowski.html?m=1 http://antropologiauecegrupo1.blogspot.com/2012/05/o-funcionalismo-de-malinowski.html?m=1 https://destinocomum.wordpress.com/2012/08/29/determinismo-biologico-e-determinismo-geografico/ https://destinocomum.wordpress.com/2012/08/29/determinismo-biologico-e-determinismo-geografico/
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