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CONCORDÂNCIA VERBAL E CONCORDÂNCIA NOMINAL 1. O QUE É CONCORDÂNCIA VERBAL? ...................................................................... 4 2. REGRAS DA CONCORDÂNCIA VERBAL ................................................................. 5 3. CASOS DE CONCORDÂNCIA QUE DEVEM SER OBSERVADOS ............................ 5 4. CONCORDÂNCIA VERBAL EM CERTAS EXPRESSÕES ......................................... 7 5. VERBOS IMPESSOAIS ............................................................................................. 8 6. RELAÇÕES ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA ....................................................... 10 7. O QUE É CONCORDÂNCIA NOMINAL?................................................................. 10 8. REGRAS DA CONCORDÂNCIA NOMINAL ............................................................ 12 9. CLAREZA DA MENSAGEM E EUFONIA ................................................................ 13 10. CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA .......................................................................... 16 11. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 18 6 2 3 AULA 6 CONCORDÂNCIA VERBAL E CONCORDÂNCIA NOMINAL Reconhecer as principais regras de concordância verbal; Reconhecer as principais regras de concordância nominal; Compreender a importância da concordância verbal para o processo de ; Compreender a importância da concordância nominal para o processo de comunicação. 4 1. O QUE É CONCORDÂNCIA VERBAL? Na língua, a concordância se relaciona com a sintaxe (campo da gramática que estuda as relações estabelecidas entre as palavras). Assim, dizemos que a concordância é uma relação de harmonia entre elementos constituintes de um enunciado. No caso específico da concordância verbal, a harmonia se estabelece entre o sujeito e o verbo (NICOLA, 2014). Assim, na concordância verbal, há a flexão dos verbos (de pessoa e número) associada aos substantivos que estabelecem a relação. Por exemplo, em um enunciado em que o sujeito está na 3ª pessoa do singular, o verbo, que faz concordância com este nome, também deverá estar no singular (flexão de número) e na 3ª pessoa do discurso (NICOLA, 2014). EXEMPLIFICANDO Em “As batatas estão prontas”, temos um sujeito (batatas), assunto principal do enunciado, e um verbo (estão) que se refere ao sujeito. Considerando que “batatas” é um substantivo feminino no plural, e que corresponde à 3ª pessoa do discurso, o verbo “estão” faz, então, concordância em número e pessoa com o substantivo a quem se refere. A concordância verbal é um componente básico do princípio comunicativo; logo, entendê-lo, conhecer suas regras e aplicá-las tornará o ato de comunicação claro e adequado, qualquer que seja o contexto (BECHARA, 2015). Imagem 1: Compreender a concordância verbal é importante para um processo comunicativo eficiente0F1. 1 Fonte: Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo_legenda/83a14cb90d5fbec0b721014660630c68.jpg>. Acesso em: 23/03/2018. 5 Os ajustes do verbo, em relação ao sujeito, são indispensáveis quando estamos em uma situação formal e precisamos fazer o uso da variedade padrão da língua portuguesa. Agora que já sabemos o que é concordância verbal, vamos entender como são as regras de uso deste importante princípio. 2. REGRAS DA CONCORDÂNCIA VERBAL A regra geral da concordância verbal aponta que o verbo deverá concordar com o núcleo do sujeito simples, em pessoa (1ª, 2ª e 3ª) e número (singular e plural). Por exemplo, em “Maria adquiriu o apartamento de seus sonhos”, “Maria” é o núcleo do sujeito simples (possui apenas uma palavra de importância) e, assim, o verbo deverá fazer a concordância com ele (PATROCÍNIO, 2011). Porém, existem alguns casos que tornam a questão da concordância mais complexa, e, por isso, devem ser reconhecidos para que possamos fazer o uso conforme a variedade padrão culta da língua. 3. CASOS DE CONCORDÂNCIA QUE DEVEM SER OBSERVADOS Verbo + pronome “se” Neste caso, há duas possibilidades de concordância verbal. Primeiro, o verbo seguido de partícula “se” pode indicar voz passiva sintética, ou seja, o sujeito sofre a ação verbal. Aqui, a concordância deverá ser realizada da seguinte maneira: quando o sujeito está no singular, o verbo fica no singular; quando o sujeito está no plural, o verbo também deverá flexionar para o plural. Veja: “Publicou-se a notícia”; “Publicaram-se as notícias”. A segunda possibilidade é quando temos o verbo + “se” indicando índice de indeterminação do sujeito. Observe: “Não se dispunha de informações atualizadas”. Neste caso, temos um verbo transitivo indireto, ou seja, um verbo que necessita de um complemento que venha 6 preposicionado (quem dispõe, dispõe de alguma coisa). Isto significa dizer que, na oração, há o que chamamos de objeto indireto (de informações atualizadas), porém não conseguimos identificar quem é, de fato, o sujeito. Logo, o “se” torna-se um índice de indeterminação de sujeito e, por isso, o verbo permanece no singular (BECHARA, 2015). FIQUE ATENTO A concordância do verbo + “se” (na voz passiva sintética) com o sujeito faz- se pela regra geral, mesmo sendo um caso em que devemos prestar mais atenção. Então: sujeito no singular, verbo no singular; sujeito no plural, verbo no plural. A questão da concordância de verbo + “se” nem sempre é empregada de forma a contemplar as regras de concordância verbal. Muitas vezes, em placas de publicidade, encontramos “vende-se casas”. Trata-se, portanto, de uma incorreção gramatical, posto que deveríamos encontrar “vendem-se casas” (NICOLA, 2014). Imagem 2: Há casos em que a concordância não segue a regra geral1F2. Verbo + pronomes relativos “que” e “quem” Em relação aos pronomes relativos “que” e “quem”, dá-se a seguinte situação: se o “que” estiver exercendo a função de sujeito da oração, como em “não fomos nós que tomamos o refrigerante”, o verbo concordará com o antecedente do pronome; porém, quando o sujeito for representado pelo pronome “quem”, o verbo deverá ficar na 3ª pessoa do singular. Veja: “Não fomos nós quem tomou o refrigerante”. 2 Fonte: Disponível em: <http://www.novaconcursos.com.br/portal/wp-content/uploads/2014/03/concordancia-verbal.jpg>. Acesso em: 23/03/2018. 7 Nomes próprios Quando houver um nome próprio no plural, fazendo as vezes de núcleo do sujeito, a concordância deverá ser feita com o artigo que o precede. Veja: “Os Lençóis Maranhenses surpreenderam pelas belezas naturais”. Caso não haja artigo, o verbo ficará no singular. Ex.: “Canoas localiza-se em Porto Alegre” (NICOLA, 2014). Agora, conheceremos a relação de concordância em certas expressões. 4. CONCORDÂNCIA VERBAL EM CERTAS EXPRESSÕES Expressões de uso corrente da língua causam dúvidas no momento em que aplicamos as regras de concordância verbal. Veja como fica a concordância verbal em certas expressões. Expressões com “qual de nós”, “quais de vós”, “alguns de nós/vós” Na concordância verbal, em expressões com “qual de nós”, “quais de vós” e “alguns de nós/vós”, deve-se proceder da seguinte maneira: estando o pronome inicial no singular + “nós/vós”, o verbo segue para a 3ª pessoa do singular (“Qual de nós aceitará esse trabalho?”); se o pronome inicial estiver no plural + “nós/vós”, o verbo poderá concordar tanto com a 3ª pessoa do plural quanto com “nós/vós” (“Quais de nós conversaremos com a professora?” ou “Quais de nós conversarão com a professora?”). Expressões partitivas Em expressões partitivas, como “maior parte de”, “uma porção” e “um grande número de”, seguidas de nome no plural,é possível fazer tanto a concordância no singular quanto no plural. Por exemplo, em “Um grande número de pessoas participou/participaram das manifestações populares em prol de melhorias sociais”, “participou” concorda com número e “participaram” concorda com a palavra “pessoas”. 8 Expressões numéricas Quando as expressões são numéricas aproximativas, o verbo sempre deverá concordar com o numeral. Veja: “Mais de um paciente se irritou com o atraso do ônibus”; “Com a chuva, faltaram mais de 15 alunos”. FIQUE ATENTO Quando a expressão “mais de um” exprimir reciprocidade, o verbo deverá ficar, necessariamente, no plural. Veja: “Mais de um diretor se acusaram pela falência”. O mesmo critério deverá ser seguido quando esta expressão aparecer repetida. Por exemplo: “Mais de um sociólogo, mais de um economista defendem economia colaborativa”. Expressões indicativas de percentagem Em expressões indicativas de percentagem, a concordância deverá ser feita no plural, sempre que apresentar mais de 1,999%. Veja: “10% das pessoas ficaram de fora da lista”. Há outros casos dos quais devemos ficar atentos. Continue acompanhando! 5. VERBOS IMPESSOAIS Como vimos, há diferentes casos em que a concordância verbal não segue a regra geral. A concordância com os verbos “ser”, “fazer”, “haver” e “acontecer”, por exemplo, deve ser realizada com atenção, visto que, na maioria dos casos, estes verbos são aplicados de forma impessoal, ou seja, não apresentam um sujeito. Observe algumas situações de concordância com o verbo “ser”: quando empregado na indicação de horas, faz concordância com o número a que se refere. Veja: “Quando saí era uma hora"; "Quando cheguei ao local indicado eram duas”; quando o verbo se relaciona à data, preferencialmente, ele deverá concordar com a palavra “dia/dias”; estando explícita ou não na oração. Veja: “Hoje é (dia) 6 de novembro”; “Hoje são 6 (dias) de novembro”; 9 já em expressões quantitativas, o verbo deverá ficar no singular. Veja: “Seis quilos de farinha é pouco para fazer o tanto de macarrão que desejas” (PATROCÍNIO, 2011). Nas situações em que o verbo “ser” funciona como verbo de ligação, ou seja, estabelece um vínculo com o sujeito e o predicativo (característica atribuída ao sujeito), a concordância se faz dentro da regra geral. Veja: “Minha vida é uma aventura constante”; “Meus parentes eram de terra longínqua”. Além disso, o verbo “ser” também poderá estabelecer a concordância com elementos que se deseja realçar, como podemos ver em “As cheias do rio é o tormento de quem mora nas redondezas”. Neste caso, o verbo concordou com o predicativo, para enfatizar a ideia de “tormento”. Agora, perceba as situações especiais do verbo “fazer”: quando empregado na indicação de tempo transcorrido, ou ainda por transcorrer, ficará sempre no singular. Veja: “Ontem, fez 20 anos que vivo aqui no Brasil”. em construções de verbo “fazer” + verbo “dever”, a impessoalidade será transferida para o verbo “dever”, logo ele ficará no singular. Ex.: “Deve fazer umas três semanas que não faço nenhuma atividade física”. Já o verbo “haver”, no sentido de existir, deverá sempre ser empregado no singular. Por exemplo: “Há muitos afazeres nesta casa”. SAIBA MAIS A Revista Exame listou os cinquenta erros mais comuns de uso da língua portuguesa. Dentre eles estão os desvios relativos ao emprego da concordância verbal. Não saber usar tais regras pode comprometer – em muitos casos – o desempenho profissional. Leia sobre esse assunto acessando o site: <http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/os-50-erros- de-portugues-mais-comuns-no-mundo-do-trabalho> A seguir, conheceremos outras situações especiais de concordância verbal. 10 6. RELAÇÕES ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA Quando o sujeito for composto, a concordância verbal preferencialmente deverá ser feita no plural. Veja: “João e Maria foram ao cinema”. Porém, em alguns casos, quando há o desejo de enfatizar elementos, o verbo ficará no singular, concordando com aquele que estiver mais próximo. Por exemplo: “A angústia, a inquietação e a tristeza faz parte do nosso crescimento pessoal”. Por fim, tome cuidado com a concordância ideológica (ou silepse), que se caracteriza pela falta de uniformidade entre as pessoas gramaticais (1ª, 2ª e 3ª) envolvidas no processo comunicativo. Veja: em “A turma ovacionaram o professor de pé”, a concordância foi realizada com a ideia de muitas pessoas compondo a turma (PATROCÍNIO,2011). SAIBA MAIS A concordância verbal é uma das maiores dificuldades no uso da língua portuguesa. Para aprofundar seus conhecimentos, leia “Concordância Verbal”, de Maria Aparecida Baccega. No livro, de forma bem didática, a autora traça uma série de exemplos práticos para uso e aplicação das regras da concordância verbal em nosso dia a dia. Como vimos, na concordância verbal, há exceções à regra geral, e, nestes casos, devemos ter um olhar no intuito de reconhecê-las e aplicá-las de maneira adequada às situações formais, que sempre nos exigem a utilização da norma culta. 7. O QUE É CONCORDÂNCIA NOMINAL? Na língua portuguesa, há uma área específica que estuda a relação estabelecida entre as palavras: a sintaxe. Este componente é um dos pontos mais importantes do estudo da língua, pois aborda a relação de concordância que deve ser estabelecida entre os termos, ou seja, entre as palavras (NICOLA, 2014). Para entender a relação de concordância, ou o “princípio sintático de acordo com o qual toda palavra variável referente ao substantivo deve se flexionar (alterar a forma) para se adaptar a ele” (PATROCÍNIO, 2011, p. 572), observe o exemplo a seguir: 11 Somente dois barquinhos pequenos abasteciam todas as comunidades de pescadores. A palavra “barquinhos” é um substantivo, que está sendo acompanhado por “dois” e “pequenos”. Como o substantivo está no plural, os termos que o acompanha também foram colocados no plural; além disso, como “barquinhos” pertence ao gênero masculino, o adjetivo “pequenos” também está no gênero masculino. No exemplo, verificamos a concordância nominal, que é a relação estabelecida entre um nome (o substantivo ou a palavra que tenha valor de substantivo) e as palavras a ele relacionadas, como os adjetivos, ou palavras que estiverem sendo empregadas com a mesma função, como alguns tipos de numerais, artigos e pronomes (NICOLA,2014). EXEMPLIFICANDO Veja: “Harry Potter é o livro mais conhecido de J.K. Rowling”. Neste caso, as palavras “o”,“livro” e “conhecido” mantêm uma relação de concordância entre elas. O termo “livro”, que é o substantivo pertencente ao gênero masculino, está sendo acompanhado pelo artigo (o), que também fica no masculino e no singular, para fazer concordância com o termo a que está se referindo. Ao fazermos a troca de um substantivo por outro, é preciso fazer a acomodação das demais palavras que o estão acompanhando. Veja: “O jornal mais vendido é o impresso” e “A revista mais vendida é a impressa”. Em ambos os casos, temos o particípio do verbo “vender” atuando como adjetivo, o que necessita ter a concordância devidamente acomodada. Assim, entendemos que a concordância nominal é um tipo de adaptação das palavras dentro da enunciação, ou seja, uma relação construída entre elas, para que o processo comunicativo fique sempre mais claro. Agora, que já sabemos o que é, de fato, a concordância nominal, vamos reconhecer quais são suas principais regras. 12 Imagem 3: A concordância nominal estabelece harmonia entre as palavras2F3. 8. REGRAS DA CONCORDÂNCIA NOMINAL Na concordância nominal, a regra geral é que o adjetivo e as demais palavras que acompanham o substantivo (ou palavra que atue como substantivo, o que pode acontecer com um pronome) devem fazer concordância com ele em gênero (feminino/masculino) e número (singular/plural)(BECHARA, 2015). Veja: “Gritos estranhos vinham daquela casa”; “As reportagens das revistas eram muito boas”. Note que as palavras em destaque estão estabelecendo relação de concordância nominal, conforme a regra geral. Imagem 4: As palavras que se referem ao substantivo concordam em gênero e número com ele3F4. 3 Fonte: Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo_legenda/15c18d86aa43be59eab9478c1351c074.jpg>. Acesso em: 23/03/2018. 4 Fonte: Disponível em: <https://portalsuaescola.com.br/wp-content/uploads/2017/09/palavra-dificeis-620x330.png>. Acesso em: 23/03/2018. 13 Embora haja uma regra geral de concordância nominal, há casos em que ela não será aplicada, especialmente quando houver dois substantivos a que o adjetivo se refira. Assim, é preciso avaliar com cuidado se, ao fazer a concordância nominal, não haverá dificuldade de interpretação da frase e a qual dos substantivos se deseja enfatizar. Note que a regra geral deve ser sempre aplicada para harmonizar os elementos de uma enunciação. Agora, vamos compreender quais são as demais regras e casos especiais da concordância nominal. 9. CLAREZA DA MENSAGEM E EUFONIA A concordância nominal entre adjetivos e substantivos, em modo geral, é fácil. Dificuldades podem aparecer quando o adjetivo se relaciona com mais de um substantivo (BECHARA, 2015). Neste caso, duas medidas de estabelecimento de concordância devem ser tomadas: a primeira é a regra da clareza da mensagem que se deseja enunciar, evitando a ambiguidade (duplo sentido); a segunda é a regra da eufonia (som agradável), que atua na construção do texto. Nestas situações, é possível efetuar a concordância apenas de número, com o adjetivo no plural, ou concordando com o número do substantivo mais próximo. Veja: “Vendem-se câmeras e máquinas de lavar digitais”; ou “Vendem-se câmeras e máquina de lavar digital”. No segundo exemplo, percebemos a ambiguidade, pois poderá incorrer a dúvida: as câmeras e as máquinas de lavar são digitais, ou apenas a máquina de lavar é digital? Assim, para evitar este tipo de imprecisão, ou seja, dúvida em relação ao substantivo a que se quer referir, siga as regras a seguir: quando os substantivos são do mesmo gênero, o adjetivo concorda com esse gênero. Ex.: O copo e o prato limpos; quando os substantivos são de gêneros distintos, o adjetivo poderá ficar no masculino, ou concordar com o substantivo mais próximo. Ex.: O copo e a máquina limpos; O copo e a máquina limpa (BECHARA, 2015). 14 FIQUE ATENTO Alguns adjetivos não apresentam marca de gênero (feminino e masculino). Eles somente podem ser identificados pelo contexto, mais especificamente pelo próprio substantivo a que eles se referem. Veja: “Esse menino é muito inteligente/Essa menina é muito inteligente” ou “Os meninos são muito inteligentes/As meninas são muito inteligentes”. Neste caso, admitem apenas a concordância de número. quando há o desejo de destacar um dos substantivos, realiza-se uma aproximação direta do adjetivo com este substantivo. Veja: “Comprou um velho tripé e uma máquina de lavar”; ou “Comprou uma máquina de lavar velha e um tripé”; em casos de substantivos de números diferentes, o que deve ser feito é repetir o adjetivo. Ex.: “Comprou velhas máquinas de lavar e um tripé velho”; em nomes próprios, quando há um adjetivo que se refira aos dois, o termo qualificador deverá ir para o plural. Ex.: “As doces Carolina e Nicolli” (PATROCÍNIO, 2011). No caso da eufonia, em uma frase como “Passei nas primeiras e segunda fases do concurso”, a palavra “fases” exerce função de adjetivo, e, ao estabelecer a concordância com “primeira” e “segunda”, cria um “som agradável, o que não aconteceria se disséssemos “nas primeira e segunda fase”. Assim, dependendo da intenção do falante, as formas de obter a concordância nominal podem variar. Agora, vamos tratar de outros casos que também geram dúvidas quanto à concordância nominal. SAIBA MAIS Para aprofundar seu estudo, leia “Português com o professor Pasquale: concordância nominal", de Pasquale Cipro Neto. No livro, o autor traz exemplos práticos de como estabelecer corretamente a concordância nominal entre as palavras e ensina reconhecer quando não há a concordância adequada. Casos particulares Algumas expressões, ou mesmo adjetivos, exercem mais de uma função na língua, e, por isso, geram dúvidas no momento da realização da concordância nominal. Veja alguns casos particulares (PATROCÍNIO, 2011): 15 expressões do tipo “é proibido”, “é necessário”, ou “é preciso” ficarão invariáveis caso o substantivo a que se referem tenha sentido genérico. Ex.: É proibido animais no recinto/É necessário arrolamento das provas ao caso/É preciso comprar os livros. Porém, caso haja determinantes, a expressão deverá fazer a concordância. Ex.: É proibida a passagem de pedestres. Imagem 5: A expressão “é proibido” fica invariável em substantivos genéricos4F5. Mais exemplos de casos particulares: palavras como “caro”, “barato” e “só” podem funcionar tanto como advérbio, e, assim, serem invariáveis, quanto como adjetivo, neste caso, concordando com o substantivo a que se referem. Veja: em “Pagamos caro pelo material”, “Não custam barato estas joias” e “Eles só convidaram os amigos”, as palavras estão funcionando como advérbios, logo, são invariáveis. Agora, em “São caras as entradas para o espetáculo”, “Joias baratas não são joias” e “Muitos convivem sós no universo”, as palavras estão na função de adjetivo, concordando com o substantivo a que se referem; palavras como “obrigado”, “incluso” e “anexo” exercem função de adjetivo, e, portanto, são variáveis. Assim, elas devem concordar com a palavra a que se referem. Ex.: A menina disse obrigada (porque menina é substantivo feminino); As multas estão inclusas no processo (porque multa é feminino); A cópia veio anexa ao contrato (porque cópia é substantivo feminino); a expressão “em anexo” é uma locução adverbial, por isso é invariável. Veja: As certidões virão em anexo (a expressão se manteve no masculino). 5 Fonte: Disponível em: https://madivorcemediators.com/wp-content/uploads/2017/09/things-mediation-is-NOT.jpg>. Acesso em: 23/03/2018. 16 EXEMPLO É muito comum, na comunicação interna de uma empresa, a troca de e-mails que apresentam desvios na escrita, especialmente no que tange à concordância nominal. Por exemplo, quando encontramos “segue anexo as solicitações”, deveríamos encontrar “seguem em anexo as solicitações”, ou, ainda, “seguem anexas as solicitações”. Em um caso como este, o emissor da mensagem transmite a impressão de que não sabe aplicar as regras de concordância nominal. Vale lembrar que, hoje, em muitos casos, um dos critérios de seleção no mercado de trabalho é o domínio da norma culta da língua portuguesa. a palavra “meio”, quando faz a função de adjetivo, é variável, logo, deverá fazer concordância com a palavra a que se refere. Ex.: A criança comeu meio hambúrguer (ou seja, metade do hambúrguer); São seis e meia (metade de hora); a palavra “bastante”, no sentido de “muito/muita/muitos/muitas”, também sofrerá variação. Ex.: Ocorreram bastantes visitas ao doente (muitas visitas ao doente) (BECHARA, 2015). A seguir, conheceremos outro caso particular: concordância ideológica. 10. CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA A concordância ideológica, ou silepse, é o estabelecimento de concordância entre palavras, considerando as ideias que elas estão expressando, e não de suas formas gramaticais (PATROCINIO, 2011). Em outras palavras, na concordância ideológica, deixamos de lado a concordância gramatical e utilizamos a concordância mental. Assim, ela pode ser feita em: gênero:em “Sua excelência (o presidente) está interessado em discutir novas medidas”, “excelência” é feminino, mas o adjetivo “interessado” está no masculino, concordando com a ideia de “presidente”; número: em “Como vai a galera? Estão bem?”, “galera” é singular, mas a concordância é feita com a ideia de “todos”; pessoa: em “Os patrocinadores estão afinados com o projeto. Temos orgulho disto”, houve a supressão do termo “nós”, mas a concordância foi realizada com a ideia expressa pelo pronome na 1ª pessoa do plural. 17 Atente para os casos em que os enunciados concordam com a palavra “cidade”, como em “Visitei a bela Recife”. Neste exemplo, há uma concordância com a palavra “cidade” que está subentendida na oração. SAIBA MAIS Leia a matéria publicada no site da Revista Exame e conheça uma dica para não errar na concordância nominal. Acesse o site: http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/a-regra-para- nunca-mais-errar- a-concordancia-nominal Como vimos, há uma regra geral e algumas particularidades na concordância nominal. Atente-se a elas, pois, assim, o processo comunicativo ficará mais fácil e claro. 18 11. REFERÊNCIAS ABRANTES, Talita. A regra para nunca mais errar a concordância nominal. EXAME.com, 2013. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/a-regra-para-nunca-mais-errar-a- concordancia-nominal>. Acesso em: 3 jul. 2017. BACCEGA, Maria Aparecida. Concordância Verbal. São Paulo: Ática, 2006. BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. CIPRO NETO, Pasquale. Português com o professor Pasquale: concordância nominal. v. 5. São Paulo: Publifolha, 2002. GASPARINI, Claudia. Os 50 erros de português mais comuns no mundo do trabalho. EXAME, 2015. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/os-50-erros-de-portugues- mais-comuns-no- mundo-do-trabalho>. Acesso em: 30 jun. 2017. NICOLA, José de. Projeto Múltiplo: gramática & texto. São Paulo: Editora Scipione, 2014. PATROCÍNIO, Mauro Ferreira do. Aprender e praticar gramática. São Paulo: FTD, 2011. 19 1. O QUE É CONCORDÂNCIA VERBAL? 2. REGRAS DA CONCORDÂNCIA VERBAL 3. CASOS DE CONCORDÂNCIA QUE DEVEM SER OBSERVADOS 4. CONCORDÂNCIA VERBAL EM CERTAS EXPRESSÕES 5. VERBOS IMPESSOAIS 6. RELAÇÕES ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA 7. O QUE É CONCORDÂNCIA NOMINAL? 8. REGRAS DA CONCORDÂNCIA NOMINAL 9. CLAREZA DA MENSAGEM E EUFONIA 10. CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA 11. REFERÊNCIAS
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