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MEDIADORES E TECNICAS DE TRABALHO COM ARTETERAPIA 2

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
 
 MEDIADORES E TÉCNICAS DE 
TRABALHO COM ARTETERAPIA 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.004 DO DIA 17/08/2017 
 
0800 283 8380 
 
www.faculdadeunica .com.br 
 
2 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
UNIDADE 1 – OS MEDIADORES ARTÍSTICOS .............. .......................................... 7 
1.1 O DESENHO ......................................................................................................... 9 
1.2 A PINTURA ......................................................................................................... 12 
1.3 COLAGEM .......................................................................................................... 17 
1.4 MOSAICO ........................................................................................................... 20 
1.5 ASSEMBLAGEM ................................................................................................... 22 
1.6 MODELAGEM ...................................................................................................... 25 
1.7 TECELAGEM ....................................................................................................... 27 
1.8 ESCRITA CRIATIVA .............................................................................................. 28 
1.9 SUCATA ............................................................................................................. 30 
UNIDADE 2 – ARTETERAPIA NO TRABALHO COMUNITÁRIO ... ......................... 32 
2.1 TRABALHO COM MULHERES EM ATELIÊ ARTETERAPÊUTICO – RELATO DE EXPERIÊNCIA
 ............................................................................................................................... 32 
2.2 ARTETERAPIA FAMILIAR ....................................................................................... 35 
UNIDADE 3 – ARTETERAPIA E O TRABALHO COM SURDOS ... ......................... 41 
UNIDADE 4 – MODELO DE OFICINA ..................... ................................................. 45 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49 
 
 
 3 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
INTRODUÇÃO 
 
A arte tem significado ímpar para o ser humano e em cada época, desde as 
civilizações mais primitivas, independente do seu grau de desenvolvimento, elas 
estiveram presentes e hoje nos contam muito dos nossos antepassados. 
As artes retrataram e retratam a natureza, o imaginário do mundo, 
expressões religiosas, o próprio desenvolvimento da estética, das relações 
espaciais, das formas, símbolos do nosso inconsciente, identidades pessoais e de 
grupos, sentimentos, tais como prazer, alegria, raiva, tristeza, inquietação, entre 
outros. 
Eis que ela chegou ao universo das práticas terapêuticas, tanto que a 
Medicina, hoje em dia, sabe que a Arte, em qualquer uma de suas expressões, é 
uma atividade altamente benéfica ao ser humano, desde que surgiu na face da 
Terra, há milhares de anos (BOTSARIS, 2010; CARNEIRO, 2015). 
A Arteterapia cuida do ser humano na sua essência, integrando as áreas 
básicas: neurológica, cognitiva, afetiva e emocional, aprimorando as funções 
egóicas como percepção, atenção, memória, pensamento, capacidade de previsão, 
exploração, execução, controle da ação, além de sua função social (CIORNAI, 2004 
apud VASQUES, 2009). 
Como diz Rottenstein (2016), a Arteterapia tem surgido como uma solução 
produtiva para a promoção, preservação e recuperação da saúde e do equilíbrio 
interno. Ao integrar três áreas de conhecimento – Arte, Saúde e Educação –, ela 
possibilita uma ampla transformação dos indivíduos e assim se inscreve no elenco 
de processos possíveis que abordam o ser de forma holística, tendência cada vez 
mais forte na consciência coletiva do terceiro milênio. 
Pois bem, essas justificativas nos levam aos objetivos deste módulo: 
trabalhar os materiais, técnicas e oficinas utilizadas pela Arteterapia para tratar o 
sofrimento humano. 
A Arteterapia utiliza diversas técnicas e linguagens das artes a fim de auxiliar 
o cliente a se conhecer. Pintura, escultura, desenho, dramatização e contação de 
histórias, são algumas dessas técnicas que o arteterapeuta mergulha junto com o 
cliente, num mundo imaginário e, ao mesmo tempo real, conduzindo-o na busca do 
autoconhecimento. E, neste processo, o cliente entra em contato com conteúdos 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
4
 
submersos do inconsciente para reconhecê-los e aprender a viver da melhor 
maneira possível, preservando a saúde mental e corporal (FIORINDO, 2014). 
 
 
 
Figura 1: O que é a Arteterapia? 
Fonte: http://www.centroclinicopiracicaba.com.br/conheca-a-arteterapia/ 
 
Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se 
fazem necessárias: 
1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas 
efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da 
World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao 
acesso facilitado na atualidade e até mesmo democrático, ajudam sobremaneira 
para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura surjam ao longo 
da leitura e, mais, para manterem-se atualizados. 
2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo 
original1, pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que 
 
1 Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou 
similares. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
5
 
têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também 
reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser 
deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos 
estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de 
comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado 
pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância. 
3) Em se tratando de Jurisprudência, entendida como “Interpretação 
reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu 
julgamento” (FERREIRA, 2005)2, ou conjunto de soluções dadas às questões de 
direito pelos tribunais superiores, algumas delas poderão constar em nota de rodapé 
ou em anexo, a título apenas de exemplo e enriquecimento. 
4) Por uma questão ética, a empresa/institutonão defende posições 
ideológico-partidária, priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento 
crítico. 
5) Pedimos compreensão por usar a lógica ocidental tradicional que funciona 
como uma divisão binária: masculino x feminino, macho x fêmea ou homem x 
mulher, mas na medida do possível iremos nos adequando à identidade de gênero, 
cientes de que no mundo atual as pessoas tem liberdade de se expressarem de 
forma tão diversa e plural e que o respeito à singularidade e a tolerância de cada 
indivíduo torna-se fator de extrema importância. 
6) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou 
seja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para 
fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que 
os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. 
Por fim: 
7) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para 
consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última 
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl + 
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis 
 
2 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. Editora 
Positivo, 2005. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
6
 
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material 
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local. 
 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
7
 
UNIDADE 1 – OS MEDIADORES ARTÍSTICOS 
 
Vamos tomar como ponto de partida para falar dos mediadores artísticos ou 
modalidades expressivas no contexto da Arteterapia, o entendimento de que o 
processo arteterapêutico auxilia a proximidade do homem com o universo interior e a 
relação com o mundo, ampliando a compreensão da consciência, permitindo ao 
mesmo conhecer melhor a si mesmo, ao seu semelhante e tudo que o cerca. 
Na Arteterapia, encontramos a produção de uma obra como fonte de 
conhecimento do paciente sobre si mesmo, ajudando-o no tratamento, além de ser 
uma ponte entre paciente-terapeuta (como artista-espectador). Nesse âmbito, a 
criatividade é interpretada como parte de um fenômeno humano universal e não 
especial de alguns poucos bem-dotados. Aqui, a obra não interessa pelo seu valor 
informativo ou estético: o que importa é seu valor como mediador da expressão 
(LEITE; RODRIGUES, 2015). 
Como diz Dutra (2013, p. 24), 
 
a arte, pelas suas possibilidades expressivas, contribui para trazer ao 
consciente, não só as dores a serem curadas, mas também as 
possibilidades adormecidas. Dessa forma, a Arteterapia apresenta-se como 
um processo terapêutico dos mais próximos à essência do ser humano, 
capaz de promover equilíbrio e harmonia, gerando saúde em todos os 
setores da sua vida. 
 
Dentre as suas modalidades, encontramos o desenho, a pintura, a 
modelagem, o recorte e colagem, a gravura, a construção, a encenação, a criação 
de personagens, o tabuleiro de areia, a escrita poética, a tecelagem, a música, a 
dança, a contação de histórias (VICTÓRIO, 2008). 
Philippini (2004) ressalta que fica a cargo do arteterapeuta criar um 
repertório de informações relativo a cada modalidade, adequando-as às 
necessidades do usuário a ser atendido. 
Diniz (2010) complementa que a Arteterapia é uma prática terapêutica que 
utiliza diferentes recursos expressivos como aliados em uma leitura simbólica do 
fazer artístico: artes plásticas e ciência, música, expressão corporal e a leitura, como 
contos de fadas, lendas e mitos. Inúmeras são as possibilidades de expressão, 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
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porém, a objetivação de um conteúdo expressivo faz-se por meio das estratégias 
arteterapêuticas e pela organização resultante, denominada de suporte ou forma. 
De acordo com Urrutigaray (2011), é pela forma que a intimidade presente 
na subjetividade pode ser convertida de elementos fragmentados em possibilidades 
factíveis de serem vislumbradas. Através das diversas expressões artísticas, o 
indivíduo tem a possibilidade de manifestar seu mundo interior por meio dos 
símbolos que serão decodificados, incorporados e/ou transformados. 
O emprego do material é muito importante para o processo arteterapêutico, 
porque cada um, em particular, conterá propriedades que mobilizarão as emoções e 
sentimentos, diferentemente em cada paciente/cliente. É necessário uma análise e 
estudo prévio, pois poderão penetrar de maneira mais rápida e eficiente, ou se 
utilizado erroneamente, dificultar e agravar os conflitos do paciente/cliente. Como 
por exemplo, através da pintura, do uso da tinta, um dos objetivos a alcançar com 
este material, é o despertar das emoções e sentimentos, por isso precisa ser 
utilizado cuidadosamente (GOUVÊA, 2015). 
Outro exemplo, o barro, é um material de fácil construção, ele pode ser 
“quebrado” e “reconstruído” várias vezes, propiciando momentos de catarse, por 
isso, é também indicado para pessoas com muita agressividade, para descarregar 
toda a sua raiva. E não causando no paciente/cliente desconforto por danificar o 
material. 
 
 
Figura 2: Frida Kahlo – autorretrato. 
Fonte: http://galeriadefotos.universia.com.br/uploads/2012_02_03_15_18_560.jpg 
 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
9
 
Um exemplo de como a Arte pode ser uma forma de lidar com um transtorno 
ou dor intensa, vem da famosa pintora Frida Kahlo. Frida foi uma mulher que, desde 
seu nascimento, teve que lidar com a dor – desde o distanciamento da mãe na 
infância, às sequelas da poliomielite aguda que contraiu aos 6 anos, até o acidente 
que sofreu aos 18 anos que fraturou sua coluna. 
Influenciada pelo pai, começou a manejar sua dor expressando-a em seus 
quadros. Quando não podia andar, um espelho que ficava em cima de sua cama 
ajudou a manter a mente ocupada ao pintar autorretratos (LEITE; RODRIGUES, 
2015). 
Freud também se interessou pelo assunto. Analisou vida e obra de artistas e 
escritores, à procura de pistas de que aqueles teriam transtornos mentais, convicto 
de que encontraria “algumas verdades psicológicas universais” nessas descobertas. 
E fazia bastante sentido: Vincent Van Gogh, por exemplo, diagnosticado com 
epilepsia, depressão maníaca e psicose grave, foi um dos maiores pintores que já 
existiram, sendo estudado até hoje; assim como uma infinidade de artistas que, por 
algum motivo, encontraram a melhor forma de lidar com suas dores e problemas 
através da arte e construíram, assim, obras maravilhosas.1.1 O desenho 
O desenho é uma forma de comunicação que surge na infância e perpassa 
as diferentes fases do desenvolvimento humano, desde que seja fornecida a 
oportunidade aos adolescentes, aos jovens, aos adultos e aos idosos, de poderem 
expressar o seu momento interior, por meio dos traços e cores utilizados na folha de 
papel. 
A partir de então, no processo de Arteterapia, o que importa não é o domínio 
técnico, mas o simbolismo presente na expressão plástica. O que interessa é o 
conteúdo e não a forma, no percurso percorrido pelo cliente enquanto desenha, no 
qual ele se colocará, também, através dos gestos e posturas. A intensidade da linha, 
o movimento, as texturas, a dimensão das formas utilizadas, em relação ao tamanho 
do papel, são dados importantíssimos para analisar o processo do sujeito, pois tais 
dados trazem conteúdos da personalidade e da psicodinâmica. 
 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
10
 
Dessa maneira, o desenho é um recurso terapêutico poderoso, que traz um 
universo de símbolos a serem interpretados. Através da produção 
pictográfica, transfere-se a energia psíquica do inconsciente para o ato 
criativo, por meio dos símbolos, que são assimilados pela consciência 
(FIORINDO, 2014, p. 3). 
 
O desenho envolve precisão, atenção, concentração, coordenação viso-
motora e espacial. De acordo com Valladares e Carvalho (2006), o desenho está 
relacionado ao movimento e ao reconhecimento do objeto, tendo a função 
ordenadora. 
Segundo Philippini (2009, p. 49), “O desenho permite expressar histórias 
pessoais com clareza, apenas utilizando a configuração linear da imagem”. A 
referida arteterapeuta argumenta, ainda, que o desenho é uma estratégia muito 
adequada, porque permite que o conteúdo inconsciente gradualmente vá tomando 
uma configuração, passando de uma ideia difusa para uma forma objetiva, que se 
tornará o símbolo a ser trabalhado. Prossegue afirmando que o desenho “conta a 
história, configura o símbolo e facilita a compreensão no nível da consciência” (p. 
50-51). 
O desenho relaciona-se às seguintes possibilidades: percepção espacial; 
percepção das relações luz-sombra, delimitar e designar; expansão do movimento 
gráfico; delinear e configurar; objetividade; percepção de ponto-traço-linha (alfabeto 
visual); coordenação psicomotora entre figura e fundo; coordenação viso-motora, 
dentre outros. 
Em se tratando do universo infantil, Francisquetti (2005) explica que a leitura 
dos desenhos sinaliza as palavras que não podem ou não conseguem ser ditas 
pelas crianças. Sendo que as aferências de comunicação não verbais se 
transformam em processo cognitivo, e são importantes de serem comparadas em 
diferentes momentos para perceber as mudanças externas, como também internas 
às crianças. 
Podemos falar em desenho livre, de cópia ou dirigido. No desenho livre ao 
contrário do desenho de cópia, a pessoa está colocando a sua atenção não na 
realidade externa e sim, na sua realidade interna. É um trabalho livre ,que vai surgir 
a partir da emoção, do que lhe vier à mente. A pessoa acessa a sua realidade 
interna, o seu inconsciente, algo que está pronto para emergir naquele exato 
momento e com seu processo de vida. 
 
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11
 
Nos desenhos dirigidos se propõe um tema. No caso de Arteterapia, o 
arteterapeuta direciona com um objetivo específico (ou seja, ligado a alguma 
situação específica por que passa aquela pessoa), um tema que mobilize emoções 
que possam estar bloqueadas e que precisam vir a tona para serem integradas a 
consciência (FASULO, 2010). 
O desenho de cópia, por exemplo, enfoca a atenção na realidade exterior e 
é indicado para pessoas que fantasiam, sonham, obrigando-as a perceber e 
reproduzir a realidade (GOUVÊA, 2015). 
Exemplo de uso do desenho: 
 
Técnica: uso do lápis de cera e nanquim ou estilete. 
Procedimento: colorir todo o papel com diferentes cores do lápis de cera. 
Depois de cobrir todo o desenho com nanquim esperar secar. Desenhar com um 
alfinete, ou estilete, riscando ou raspando o nanquim. 
Essa atividade produz um fator surpresa durante o processo, já que a 
pessoa não sabe o que irá acontecer. 
Para alguns é um prazer descobrir que através da raspagem do nanquim, 
ele poderá criar formas e linhas coloridas, porém, para outros, gera desconforto, 
porque esse desenho não poderá ser apagado nem corrigido. 
Material: papel tamanho A4 ou A3, nanquim preto, alfinete. 
 
Destacam-se nessa modalidade, os diversos materiais que facilitam o 
desenho (lápis de cor, giz de cera, grafite, carvão, pastel seco, pastel óleo, lápis de 
cor aquarelado, hidrocor e lápis grafite), cada qual com sua especificidade no uso, 
mas com a finalidade de ordenação dos conteúdos psíquicos por permitir-lhes tomar 
uma forma. 
No desenho, a coordenação motora fina é trabalhada, portanto, o controle é 
essencial, não só o motor, mas principalmente o intelectual. A atenção, a 
concentração e o contato com a realidade são explorados. 
 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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12
 
1.2 A pintura 
Junto com a pintura fluem as emoções e sentimentos e uma vez que estes 
materiais despertam facilmente as emoções, eles precisam ser cuidadosamente 
utilizados (GOUVÊA, 2015). 
 
 
Figura 3: Vincent Van Gogh – Autorretrato – 1889 – 65 x 54 cm – óleo em tela. 
Fonte: http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/02/17/1082544/pos-impressionismo-
autorretrato-vincent-van-gogh.html 
 
Segundo Oliveira (2017), a técnica da pintura é tão comum à Arteterapia que 
pode-se dizer que praticamente se confunde com ela, especialmente pelas 
possibilidades expressivas que comporta. A atividade de lançar as tintas sobre 
diferentes suportes mobiliza todo o corpo, em especial a respiração e a parte 
superior do corpo. E, com a mesma intensidade, mobiliza a fantasia, em função das 
cores, luzes, sombras e formas que vão surgindo a partir dos gestos que as mãos 
vão fazendo sobre a tela, tecido ou papel. 
Enquanto no desenho o traço é “o elemento primordial, na pintura, a cor é o 
elemento fundamental. A cor evoca a sensação, a sensibilidade e a emoção” (PAIM, 
1996, p. 99 apud DUTRA, 2013, p. 28). A pintura, como estratégia utilizada em 
Arteterapia, permite exercitar novas maneiras de olhar a nós mesmos e a tudo o que 
nos rodeia. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
13
 
 
Figura 4: Pintura. 
Fonte: Painting tubes via Shutterstock. 
 
A variedade de elementos presentes na técnica da pintura: as linhas, as 
formas, os volumes, a cor, a tonalidade, a luz, (...) pode funcionar como um 
grupo de amigos que nos estimula a desabafar,a aliviar as nossas tensões, 
a encontrar soluções diferentes, a ter coragem de tentar novas alternativas, 
a mudar o nosso olhar e, consequentemente, o nosso sentir (CHRISTO; 
SILVA, 2002, p. 12). 
 
A pintura proporciona intensa mobilização emocional causada pelas 
experimentações com a cor e também pelos eventos de natureza física que propicia, 
pois a cor como fenômeno físico apresenta ativos correspondentes fisiológicos, uma 
vez que as cores quentes são acidificantes e aceleram o metabolismo e a as frias 
são alcalizadoras e tendem a tornar o metabolismo mais lento (PHILIPPINI, 2009). 
Para Kandinsky3 (1996 apud OLIVEIRA, 2017), tanto as formas como as 
cores possuiriam o que ele chama de um “conteúdo intrínseco” próprio, uma 
capacidade de agir como estímulo psicológico. Desse modo, um triângulo suscitaria 
movimentos “espirituais” diferentes de um círculo. Assim como as formas, as cores 
também teriam um conteúdo “semântico” particular. Por fim, o referido conteúdo 
semântico de uma forma pode variar segundo a cor a que ela está ligada, 
inaugurando um cruzamento de sentidos complementares de cada cor quando 
conjugada com uma determinada forma. 
Ao se referir ao azul, por exemplo, Kandinsky explica que quanto mais 
profundo é o azul, mais ele atrai o homem para o infinito, mais acorda nele a 
 
3 Wassily Kandinsky (1866-1944), artista plástico russo, introdutor da abstração no campo das artes 
visuais. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
14
 
nostalgia da pureza e, enfim, do suprassensorial. É a cor do céu, tal como a 
imaginamos ao ouvir o som da palavra céu. O azul é a cor tipicamente celeste 
(KANDINSKY, 1996 apud OLIVEIRA, 2017). 
Ao se referir ao amarelo, como contraponto, ele explica “O amarelo [...] 
inquieta o homem, pica-o, irrita-o e mostra o caráter da força expressa na cor, força 
que atua finalmente sobre a alma de uma forma insolente e importuna” 
(KANDINSKY, 1996 apud OLIVEIRA, 2017). 
Trabalhando com um segundo par de opostos, ele contrapõe o vermelho e o 
negro, explicando que “[...] o vermelho é ‘efervescência e ardor, ‘força imensa 
consciente do seu objetivo (KANDINSKY, 1996 apud OLIVEIRA, 2017). 
Por sua vez “O negro tem um som interior de vazio desprovido de 
possibilidades, um vazio morto, como se o Sol fosse extinto” (KANDINSKY, 1996, 
apud OLIVEIRA, 2017). 
É interessante notar o modo poético e psicológico como o autor propõe o 
significado das cores, indicando a partir de traços idiossincráticos da própria cor seu 
significado simbólico. Nessa pesquisa poética sobre o espiritual na arte, Kandinsky 
nos oferece uma possibilidade de compreensão das cores que abrange diferentes 
aspectos de cada uma delas, como o “movimento da cor”, seu “simbolismo”, sua 
“temperatura”, seu “som musical”, e possivelmente o mais significativo de todos, seu 
“estado de espírito”. Ele atribui tais qualidades às cores, alçando-as quase a uma 
condição de sujeitos, especialmente quando especula sobre seu “estado de 
espírito”. Vejamos como o autor/pintor aplica esses critérios de análise em relação 
ao primeiro par de cores por ele proposto (OLIVEIRA, 2017). 
 
Amarelo 
Movimento: o amarelo possui um movimento irradiante e excêntrico (ou seja, 
excêntrico, para fora do centro), representando um salto para além de todo limite, 
nele vemos a dispersão da força em torno de si mesma. 
Simbolismo: uma cor essencialmente material e terrestre, fascinante e extravagante, 
explosão de energia, desperdício das forças. 
Temperatura: a cor mais quente de todas. 
Som musical: associada a sons extremos agudos. 
 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
15
 
Estado de Espírito: a cor da loucura e do delírio, uma explosão emocional, um 
acesso de fúria. Uma cor que possui uma forte intensidade e atormenta o homem. 
Azul 
Movimento: o azul possui um movimento de distanciamento do homem físico, possui 
um movimento concêntrico, ou seja, em direção ao centro. 
Simbolismo: uma cor imaterial, capaz de despertar no ser humano um profundo 
desejo de pureza e de contato com o divino. 
Temperatura: é considerada a cor mais fria de todas. 
Som musical: sons graves. 
Estado de Espírito: o azul traz consigo a paz e a calma, mas também detecta um 
estado de tristeza à medida que se escurece na direção do preto. 
 
Desse modo, é importante que o arteterapeuta amplie seu repertório para 
compreender o significado das cores que aparecem, faltam ou dominam as pinturas 
de seus pacientes, escapando de uma tradução simplista que pode ser encontrada 
em livros que definem literal e estreitamente o sentido das cores. Na leitura de 
Kandinsky, temos um rico caminho para mergulhar nos significados das cores a 
partir dos elementos anímicos das próprias cores, e a partir delas, propor um diálogo 
com o que provocam na alma do paciente. Evidentemente, esses significados 
precisam ser conjugados com a perspectiva cultural do indivíduo, pois as cores, 
como sabemos, congregam significados advindos da experiência pessoal e coletiva 
(OLIVEIRA, 2017). 
Philippini (2009) reforça que a utilização da pintura no processo 
arteterapêutico é um recurso de muita efetividade, devido a sua intensa 
possibilidade de mobilizar emoções, facilitando a fluência e a expressão de afetos. 
Essa qualidade da pintura advém, sobretudo, do fato de permitir a interação e as 
experiências com as cores, que possuem, cada uma, campos simbólicos específicos 
e alcances vibracionais diversos. 
Segue, sistematizado por Philippini (2009), indicações, uso e propriedades 
da pintura, tais como: 
� ativar o fluxo criativo; 
� facilitar a liberação de conteúdos inconscientes; 
 
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� desbloquear; 
� experimentações sensoriais e lúdicas com a cor; 
� experimentações com o inusitado (pigmentos líquidos em movimento); 
� dissolver (através das experiências de diluição com a cor); 
� facilitador de inícios de processos em Arteterapia; 
� (expansão) abranger superfícies através da cor; 
� percepção emocional das cores; 
� experimentações com texturas e cromatismo; 
� facilidade operacional, dentre outras. 
As tintas geralmente utilizadas são: guache, aquarela, anilina, óleo, acrílica e 
nanquim. 
 
Exemplo de técnica - Uso da Aquarela 
Material: papel canson, aquarela (bisnagas), pincéis. 
Procedimento: diluir a aquarela em potes pequenos, com água. Muita água, 
a cor fica mais clara; pouca água, a cor fica mais escura. Aplicar sobre o Canson 
utilizando-se movimentos rápidos e precisos, porque depois de seca a água, não se 
pode mudar. Essa técnica é uma das mais difíceis de ser trabalhada, porém o efeito 
de camada em tonalidades é muito interessante, embora os desenhos fiquem sem 
um contorno ou limite bem definido. A aquarela tem a característica da 
transparência. As pessoas mais controladoras sentem desconforto com essa 
técnica, como também, aqueles que sentem dificuldade em lidar comsuas emoções 
(GOUVÊA, 2015). 
 
Guarde... 
A pintura sobre diferentes tipos e tamanhos de suporte é usada na 
Arteterapia como um dos recursos mais fundamentais para o paciente se deparar 
com imagens da alma. Elas podem se apresentar mais sombrias ou delineadas, 
numa pintura abstrata ou figurativa, mobilizando emoções, ideias e afetos, 
especialmente pelas tonalidades de cores usadas na produção. 
Martins (2012) deixa algumas dicas interessantes: 
 
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� pintar livremente, sem a obrigatoriedade do uso de técnicas, pode trazer ao 
indivíduo sentimentos de gratificação, e a percepção da sua capacidade 
criativa. Contudo, para pessoas com dificuldade de “criar a partir do nada”, em 
que o suporte (tela, papel ou outros) em branco é antigênico, a aplicação de 
recursos criativos definidos pode ser tranquilizador. O “decalquemania”, por 
exemplo, é uma técnica projetiva, inspirada no processo de diagnóstico 
psicológico de Rorschach. Criam-se imagens sobre manchas de tinta de 
várias cores. Pode-se fazer de maneira abstrata ou figurativa. Trabalha 
aspetos técnicos de equilíbrio, composição, forma e harmonia. Curiosamente, 
ao mesmo tempo que oferece segurança, nessa técnica trabalha-se com a 
imprevisibilidade da forma; 
� pinturas de murais, em papel cenário de grandes dimensões são estimulantes 
e requerem esforço físico. Leva a pessoa a movimentar-se ao longo do papel, 
a dobrar-se, caso o suporte esteja no chão, ou andar de um lado ao outro, 
esticar braços e pernas se estiver colado à parede. É um interessante 
trabalho em conjunto, feito em grupos de variadas idades e características, 
fomentando o sentimento de coesão grupal e cooperação mútua. 
 
1.3 Colagem 
Colagem é a composição feita a partir do uso de matérias de diversas 
texturas, ou não, superpostas ou colocadas lado a lado, na criação de um motivo ou 
imagem. É uma estratégia não muito antiga, criativa e que tem por procedimento 
juntar numa mesma imagem outras imagens de origens diferentes (MIRÓ, 1937 
apud DUTRA, 2012). 
A colagem é uma técnica muito simples que se traduz em recortar e colar. 
Pode ser vista como uma técnica “escolar”. Apesar de ter sido aplicada em obras de 
grandes artistas modernos, a sua produção é tão fácil quanto a de um trabalho dos 
primeiros anos da escola (MARTINS, 2012). 
A colagem é uma atividade reestruturante que pode ser realizada com 
diversos materiais, recortes de revistas, jornais, papéis diferentes, grãos, serragem e 
outros. A colagem de imagens recortadas é de fácil execução. 
 
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Especial para as pessoas que têm dificuldade com o desenho e se sentem 
inibidas ao desenhar ou pintar. Por isso essa técnica, que já utiliza materiais prontos, 
cria um ambiente favorável e seguro à desinibição dos primeiros contatos. Através 
da colagem o paciente/cliente está realizando um trabalho interno, escolhendo 
imagens que fazem parte da sua vida, do seu interesse, organizando-as no espaço 
plástico e no espaço interno (GOUVÊA, 2015). 
Segundo Philippini (2009), a colagem propicia um campo simbólico de 
infinitas possibilidades de estruturação, integração, organização espacial e 
descoberta de novas configurações. É instigante como um mapa do tesouro, pois as 
informações estão ali desde o princípio, embora, num primeiro momento, nem 
sempre consigamos decifrar os códigos em que estes mapas estão decifrados. 
Philippini (2009) também acredita que as colagens deem pistas simbólicas, 
não só analisando a natureza das imagens escolhidas, mas, também por meio da 
relação estabelecida entre as figuras, pela presença de polaridades cromáticas 
(policromia e monocromia), pela posição e forma de ocupação no suporte, pelo 
modo como se movimentam e se relacionam entre si. 
 
Figura 5: Colagem. 
Fonte: http://arteinfantil-elartes.blogspot.com.br/2010/03/colagem.html 
 
Em resumo: 
 
a colagem propicia composições simbólicas complexas, com pouca 
dificuldade operacional, permite várias possibilidades de desdobramento 
para o processo arteterapêutico, entre os quais destaca-se a reprodução 
 
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19
 
das imagens através de fotocópias coloridas ou em preto-e-branco de 
segmentos da colagem para melhor reflexão e contextualização, e o 
trabalho com fotos do cliente em cronologias diversas (PHILIPPINI, 2009, p. 
25). 
 
Nas sessões de Arteterapia, as colagens costumam ser bem recebidas, 
devido à sua facilidade operacional e por abarcar propriedades ordenadoras, 
sintéticas e integradoras. Por isso, são indicadas, segundo Philippini (2009), como 
facilitadoras do início do processo arteterapêutico. 
São variantes da colagem: 
Colagem de imagens de revistas e jornais. Colagem de tecidos, plásticos, 
papéis de diversos tipos, azulejos, objetos diversos mediante um tema, missangas e 
adornos diversos. Colagem em vários suportes, como cartolina, tela, caixas, vidro, 
placas de madeira. 
São técnicas de colagem: 
Composição com imagens; composição com letras e palavras; estruturação 
de formas obtidas através da composição por figuras, imagens e texturas; colagem 
com papel colorido recortado com as mãos; composição de vitrais com colagem de 
celofane; colagem de alimentos como massa, leguminosas, rebuçados; entre outros 
(MARTINS, 2012). 
Quanto ao seu potencial, a colagem oferece potencialidades simbólicas e 
criativas. 
Carvalho (2008) coloca que “o rasgar pode simbolicamente representar atos 
prévios de destruição subjetiva, podendo tal ser fonte de satisfação ou de angústia”. 
A satisfação é obtida pela possibilidade de liberar a agressividade contida, num ato 
de liberdade catártica. A ansiedade surge por receios primitivos, pelo medo de 
punição por ter destruído algo (por ter sido mal, e ter feito uma coisa não permitida), 
por ter justamente colocado a sua agressividade em evidência, simbolicamente 
atacado o objeto interno, ou ter demonstrado algum desejo de destruição. Rasgar e 
colar podem ser equivalentes e pôr em ação as funções discriminativas e de síntese 
do Eu. Dessa maneira, havendo a possibilidade de reparar o que foi destruído. 
Transformar e dar novo significado ao que se perdeu ou foi danificado (MARTINS, 
2012). 
 
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20
 
Quanto à potencialidade criativa, é possível fazer a colagem com figuras 
diversas dispostas no suporte, representando determinadas coisas ou situações que 
a pessoa queira expressar. Também, existe a técnica de se construir uma imagem 
ou cenário através da fixação de pedaços de revistas ou outros meios de papel, 
comojornais, brochuras, cartões, para que se possa construir um todo. Isso toma a 
colagem diferente do tradicional de se colar imagens soltas que não se conjugam 
entre si (MARTINS, 2012). 
 
1.4 Mosaico 
O histórico da linguagem expressiva denominada mosaico tem curiosamente 
o registro de sua origem de forma fragmentada, assim como a apresentação da 
materialidade do próprio mosaico. Essa linguagem surgiu em determinados 
períodos, desapareceu por tempos e ressurgiu mais tarde (sec. XX), sendo 
reconhecida após um período de agitação cultural, quando foi admitida a 
experimentação de novas técnicas artísticas, permanecendo até os dias de hoje, 
com suas várias formas de apresentação (DUTRA, 2013). 
 
 
Figura 6: Mosaico. 
Fonte: https://br.pinterest.com/explore/arte-em-mosaico/ 
 
A técnica do mosaico foi resgatada no século XX, graças ao interesse de 
grandes artistas como Antoni Gaudi (1852-1926), Gustav Klimt (1862 -1918) e Gino 
Severini (1883-1966). A definição de mosaico na cultura corrente é trabalho 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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21
 
intelectual ou manual composto de várias partes distintas ou separadas formando 
uma ideia harmoniosa. 
O mosaico pode ser feito com azulejos, conchas, botões, papel, E.V.A., 
sucata, miçangas, sementes, entre outros. Sobre uma variedade de suportes, tais 
como papel, madeira, pratos de papelão, caixas, entre outros. 
Complementando esses olhares, diz Elizardo (2007, p. 91) que 
 
a técnica expressiva do mosaico através dos cacos atuará não só com a 
matéria ali manuseada, mas também atuará com a reorganização do caos 
que estava fora do controle psíquico e reconstrução de conteúdos internos 
reprimidos, resignificando afetos, reencantando o olhar sobre a beleza do 
material e sobre si mesmo e transformando emoções, reutilizando, 
integrando, unindo, ordenando e caminhando assim para seu equilíbrio 
emocional, no enfrentamento para nova etapa da vida a ser com suas 
mudanças ocorrentes, trabalhando o desenvolvimento cognitivo e motor. 
 
Como se pode perceber, essa modalidade expressiva tem um poder 
aglutinador e reestruturador no processo arteterapêutico. As partes que compõe um 
mosaico representam a desconstrução, a busca e a nova construção, ou o 
renascimento (DUTRA, 2013). 
Também para Ostrower (1996 apud PHILIPPINI, 2009, p. 88), 
 
[...] as experiências com a matéria, suas ordenações, analogamente, 
conduzem-nos às ordenações internas. Assim, as experiências com 
mosaico nos auxiliam a organizar o mosaico interno de afetos, emoções e 
memórias. A atividade de reunir cacos permite partir de um caos e de uma 
desconstrução para, passo a passo, ressignificar, reconstruir, atribuir um 
novo sentido e descobrir beleza no material quebrado, descartado, 
amontoado e confuso. 
 
O mosaico traz a representação da expressão do mundo interno de cada 
um. O mesmo material pode resultar em trabalhos inteiramente diferentes, 
desenvolvidos em tempos completamente diferentes e todos com excelentes 
resultados. É um trabalho que requer persistência e muita paciência. Entretanto, os 
resultados podem não vir de pronto, pois não há precisão de tempo nem resoluções 
instantâneas para os sintomas (DUTRA, 2013). 
 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
22
 
1.5 Assemblagem 
O termo assemblage, segundo a enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais, 
foi incorporado às artes em 1953, cunhado por Jean Dubuffet (1901-1985), para 
fazer referência a trabalhos que segundo ele, vão além das colagens. Em 1925, 
começou a realizar a chamado “arte feia” ou “arte bruta” (arte espontânea e inventiva 
que se recusa a realizar qualquer efeito de beleza). Dubuffet deseja atrair atenção 
do público para a vida cotidiana. É categoricamente contra o que se aprende nas 
escolas ou nos museus. Quer demonstrar que aquilo que o homem considera feio 
pode esconder maravilhas infinitas. Segundo ele, a arte é feita apenas de 
embriaguez e loucura. 
Em 1948, fundou uma sociedade para defender uma arte mais espontânea e 
não verbal, potente espiritualmente, com qualidades que expressassem 
culturalmente o primitivo. A força motriz por trás desses trabalhos foi a técnica, 
extraordinariamente nova usada por Dubuffet. Passou a combinar elementos com a 
tinta, como cimento, alcatrão, cascalho, folhagem, pó e até mesmo asas de 
borboleta (GALLO, 2008). 
O princípio que orienta a feitura de assemblagens é a estética da 
acumulação. Todo e qualquer tipo de material pode ser incorporado à obra de arte. 
O trabalho artístico visa romper definitivamente as fronteiras entre a arte e à vida 
cotidiana, ruptura já ensaiada pelo Dadaísmo . 
A ideia forte que ancora as assemblagens diz respeito à concepção de que 
os objetos díspares reunidos na obra, ainda que produzam um novo conjunto, não 
perdem o sentido original. Menos que síntese, trata-se de justaposição de 
elementos, em que é possível identificar cada peça no interior do conjunto mais 
amplo. A referência de Dubuffet às colagens não é casual. Nas artes visuais, a 
prática de articulação de materiais diversos numa só obra leva a esse procedimento 
técnico específico que se incorpora à arte do século XX, com o cubismo. Ao abrigar 
no espaço do quadro elementos retirados da realidade – pedaços de jornal, papéis 
de todo tipo, tecidos, madeiras, objetos, entre outros, a colagem liberta o artista de 
certas limitações da superfície. A pintura passa a ser concebida como construção 
sobre um suporte o que pode dificultar na assemblage o procedimento definir 
fronteiras rígidas entre pintura e escultura (GALLO, 2008). 
 
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23
 
A assemblagem é baseada no princípio que todo e qualquer material pode 
ser incorporado a uma obra de arte, criando um novo conjunto sem que esta perca o 
seu sentido original. É uma junção de elementos em um conjunto maior. O princípio 
que orienta a feitura de assemblagens, portanto, é a “estética da acumulação”: todo 
e qualquer tipo de material pode ser incorporado à obra de arte (DUTRA, 2013). 
Como explica Gallo (2008, p. 6), 
 
assemblage faz uso de técnicas mistas na composição de suas obras. 
Metaforicamente, parece a trajetória humana, na qual nos utilizamos de 
vários artifícios para vivenciar nossas glórias e superar nossas dificuldades, 
compondo um grande mosaico de sentimentos, dúvidas e trajetória, o que 
faz de cada ser humano, da mesma forma que em obra de arte algo de 
único inestimável. 
 
 
Figura 7: Assemblagem. 
Fonte: http://nelyartesemfoco.blogspot.com.br/2013/08/assemblagem.html 
 
Segundo Philippini (2009, p. 84), “As assemblagens trabalham com a ideia 
de reunir materiais descartados, reordená-los e ressignificá-los, no entanto, são 
objetos maiores que apresentam uma relação com o universo tridimensional”. As 
assemblagens têm as propriedades de reunião, ordenação, ressignificação, 
percepção espacial, reutilização, integração e reencantamento do olhar (PHILIPPINI,2009). 
A assemblage nos remete a caixa de Pandora, expressão utilizada para 
designar qualquer coisa que incita a curiosidade, mas que é preferível não tocar 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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24
 
(como quando se diz que “a curiosidade matou o gato”). Existem algumas 
semelhanças com a história judaico-cristã de Adão e Eva em que a mulher é, 
também, responsável pela desgraça do gênero humano. 
 
Figura 8: Caixa de Pandora. 
Fonte: http://notivagosodiapelanoite.blogspot.com.br/2016/01/o-misterio-da-caixa-de-pandora.html 
 
A caixa de Pandora como suporte de todas as coisas do mundo, 
analogicamente pode ser comparada ao ser humano composto de tantas emoções e 
contradições, que se desenrolam de diferentes formas, e que variam de indivíduo 
para indivíduo, com suas diferentes assimilações de fatos, reações e interações a 
estímulos externos que podem ser positivas ou negativos. No que se refere à 
materialidade, é impossível ignorar a coincidência, já que é muito comum, quando 
trabalhamos com assemblage em Arteterapia que, os pacientes optem pelo uso da 
caixa como suporte, para explicar seus conteúdos, e nela ressignificando seus 
objetos. Ainda no que se refere ao mito, da caixa de Pandora, só não sai a 
esperança que é um elemento fundamental no processo terapêutico pois, sem 
esperança é impossível almejar qualquer melhora física e mental. 
A esperança possibilita a crença no recomeço, no renascer, na expectativa 
de melhora e tudo mais que serve para impulsionar alguém que passa por 
 
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25
 
dificuldades. O uso da assemblagem em Arteterapia, é um caminho expressivo 
pleno em possibilidades, ressignificando objetos temos uma trilha infinita de recursos 
criativos, é possível trabalhar com qualquer objeto, que pode expressar qualquer 
conteúdo que a pessoa deseje comunicar, fazendo deles um grande mosaico de 
emoções, construindo assim verdadeiros relicários da memória (GALLO, 2008). 
 
1.6 Modelagem 
A modelagem é uma técnica que utiliza materiais pastosos como massa 
caseira, argila ou barro, cera de abelha, plasticina, papel machê e massa de 
modelar. Ela traz 
 
a possibilidade de fazer emergir algo que está plasmado de modo 
bidimensional, traz a criação de um estado de concretização visual distinta e 
necessária para a compreensão de significados como, principalmente, nos 
casos de trabalhos com clientes muito literais ou atados aos objetos 
(URRUTIGARAY, 2011, p. 68). 
 
A sensação de estar em contato com a argila ou barro, por exemplo, pode 
ser muito gratificante ou não. 
Urrutigaray (2011, p. 68) fala que 
 
a argila é o material mais próximo de um sentido visceral. Devido a seu 
aspecto, traz em si uma modalidade de ênfase ao trabalho com as mãos 
propulsoras de imagens de experiências mais fortes, mais viscerais, que 
usualmente encontram-se dificultadas na sua expressão, verbalização, em 
virtude da interferência da consciência do ego. 
 
Nesse sentido, a argila age como transformadora, de um estado de 
desencontro para um estado de equilíbrio, podendo trazer à tona conflitos internos 
indesejáveis. Por ser facilmente moldável, integra o ser com o mundo exterior, 
mostrando que pode adaptar-se às situações. Sendo fluida, recebe projeções do 
inconsciente favorecendo ao manipulador a libertação das tensões, fadigas e 
depressões. Como o trabalho pode ser feito e refeito, a argila também promove o 
desenvolvimento da autoconfiança a quem pratica (URRUTIGARAY, 2011). 
Philippini (2009) elenca outras propriedades da argila: uso e indicação de ser 
relaxante e liberadora de tensão; da percepção de tridimensionalidade; do 
desenvolvimento de coordenação motora; propicia a consciência de volume, peso e 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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26
 
temperatura; estimula a percepção tátil; a percepção e ativa a agilidade e 
flexibilidade manual e coordenação motora e, por isso, se constitui em um suporte 
terapêutico capaz de promover transformações intensas. 
 
Figura 9: Argila. 
Fonte: http://priscilamorari21.blogspot.com.br/2014/05/maos-na-argila-para-ampliar-perspectivas.html 
 
A autora citada acima chama a atenção para o fato de que: 
 
[...] a modelagem em Arteterapia só deve ser utilizada depois de algumas 
experiências no plano bidimensional, salvo em situações em que o cliente já 
inicie o processo trazendo experiências anteriores com modelagem. Esta 
preocupação deve-se ao fato que esta linguagem plástica oferece algumas 
dificuldades operacionais e inaugura experiências no plano da 
tridimensionalidade, envolvendo desafios de organização espacial e 
capacidade de formar estruturas, mantê-las em equilíbrio, além de 
intensificar experiência com o tato, envolvendo sensações com texturas e 
relevos (PHILIPPINI, 2009, p. 72). 
 
Na promoção da catarse, o contato corporal com a matéria favorece o alívio 
de tensões acumuladas internamente que necessitam de um canal de descarga. A 
criação pela modelagem do barro produz uma imagem cheia de vivacidade sugerida 
pela tridimensionalidade da forma que alimenta a fantasia tornando-a mais próxima 
e real. A imagem do sentimento é sentida nas próprias mãos. 
Segundo Gouvêa (1989, p. 84), a imagem gerada pelo barro revela e 
esconde: “Do encontro com o barro despontará um ego concreto que será, antes de 
tudo, fruto de um desejo liberado do indivíduo”. 
A argila pode ser aplicada a várias populações: crianças, pacientes 
psicóticos, famílias e idosos. Em crianças com perturbações da aprendizagem e 
perturbações do comportamento é particularmente indicada. Para jovens 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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27
 
marginalizados, ou idosos institucionalizados, a execução de coisas “úteis” significa 
reconhecimento de capacidades pessoais. A produção de cerâmica pode fornecer-
lhes competências artísticas. Em grupos ou individualmente, com abordagem 
diretiva e temática, favorece a participação ativa do(s) paciente(s) integrando 
conceitos cognitivo-comportamentais. Da Educação Artística e de Psicopedagogia 
(MARTINS, 2012). 
A motricidade fina pode ser estimulada com a modelagem do barro, 
entretanto, não é aconselhado para pessoas com essa capacidade extremamente 
comprometida. 
Enfim: a criação através do barro pode integrar vários outros recursos 
técnicos: pintura, desenho, colagens, jogos dramáticos, marionetes, tabuleiros de 
areia, expressão corporal, música, escrita livre, histórias, entre outros. A integração 
deixa o trabalho com o barro, bem como o processo de elaboração terapêutica, mais 
rico, principalmente com pacientes com dificuldades iniciais na modelagem. A 
expressão elaboradada criação pode acabar por ser desenvolvida através de outro 
recurso, e a peça “mal feita” é valorizada sendo integrada a outro mediador 
(MARTINS, 2012). 
 
1.7 Tecelagem 
O conceito de tecelagem no mundo comum é o ato de tecer, através do 
entrelaçamento de fios de trama (transversais) com fios de teia. Em Arteterapia, a 
tecelagem é uma estratégia que pode propiciar as percepções que a pessoa tem do 
mundo. Possui as propriedades de reunir; tramar; estruturar. A tecelagem favorece a 
concentração, a organização e o desenvolvimento psicomotor, desde que os teares 
e as técnicas sejam simples (DUTRA, 2013). 
Philippini (2009, p. 60) esclarece que 
 
[...] a origem do ato de tecer perde-se na noite dos tempos da memória 
humana. Surgiu da necessidade de cobrir e proteger o corpo das 
intempéries. A criatividade inerente ao ser humano cuidou de transformar a 
necessidade de sobrevivência em necessidade de expressão artística. 
Assim foram surgindo os tecidos mais elaborados [...] no contexto 
arteterapêutico, a produtividade da tecelagem é grande: tecer, tramar, urdir, 
[...] dominar o fio e com ele formar estruturas. No imaginário coletivo, as 
analogias são claras: ‘- perder o fio da meada - estar todo enrolado - e 
tricotando (com as amigas faladeiras) - achar o fio da meada - deu um nó 
 
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(quando a situação fica complexa) - a linha da vida (passagem cronológica 
do tempo)’. 
 
 
Figura 10: Tecelagem. 
Fonte: https://portalfloresnoar.com/floresnoar/oficina-de-tecelagem-artesanal-na-arteterapia-dia-12-
de-setembro/ 
 
O tecido é composto por fios, que, por sua vez, são compostos por fibras. 
Das propriedades dos fios depende a qualidade do tecido. Os fios podem ser 
naturais, derivados de plantas e animais, ou criados pelo homem. As fibras usadas 
são o algodão, o linho, a lã e a seda. Atualmente, temos inúmeras fibras sintéticas, 
próprias para serem tecidas, mas podemos utilizar as mais diferentes fibras: 
cânhamo, ráfia, rami ou outro material que possa ser tecido. A utilização de 
materiais recicláveis como tiras de sacolas plásticas de supermercado e também 
tiras de restos de tecidos utilizados na confecção de vestuários integra a tradicional 
técnica da tecelagem manual numa visão ecológica. Esses materiais proporcionam 
também uma experiência de ressignificação daquilo que era uma coisa em sua 
essência, e que pôde ser transformado em algo que não era sua propriedade 
primordial, tal como em alguns momentos de nossas vidas (DUTRA, 2013). 
 
1.8 Escrita criativa 
A escrita criativa refere-se à forma de utilizar a palavra através de processos 
de desbloqueio criativo, levando quem experimenta a uma condição propiciatória 
para que suas palavras sejam geradoras de outras, sendo este caminho propício 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
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para a produção e criação de textos e escritas diversas sobre si, sobre as coisas e 
sobre o mundo (DUTRA, 2013). 
 
A escrita criativa em Arteterapia não tem como finalidade o exercício de 
gramática e ortografia, mas, apenas, um produtivo recurso para ativação do 
processo criador por possibilitar a emergência de símbolos inconscientes e, 
com isso, novas informações, muitas vezes sombrias e desconhecidas, 
poderão ser trazidas à consciência, favorecendo o desbloqueio do potencial 
criativo. Como modalidade terapêutica a escrita criativa tem uma importante 
função: possibilitar que o indivíduo escreva para compreender a si mesmo, 
pois, as palavras guardam em sua essência imagens diversas, que podem 
surgir em associações livres, produtos da singularidade e da subjetividade 
de cada um. Uma forma habitual de se utilizar a palavra no processo 
arteterapêutico é através de processos de desbloqueio criativo, levando 
quem experimenta a uma condição propiciatória para que suas palavras 
gerem mais palavras. Sendo este caminho propício para a produção e a 
criação de textos e escritas diversas (PHILIPPINI, 2009, p.108). 
 
Philippini (2009) ainda destaca que nesse processo, uma sucessão de 
palavras, tendo ou não significados reconhecidos através de uma cadeia de 
associações livres, poderá gerar grupos de imagens, que por sua vez, gerarão 
outras novas imagens. Outras estratégias abrangidas pela escrita criativa são: o 
exercício de livre associação sobre imagens plásticas produzidas, e sua posterior 
codificação pela escrita, a catalogação de imagens através de títulos e a criação de 
textos a partir destes escritos iniciais. 
A escrita criativa possui: 
� indicações e propriedades de ordenação de temas; 
� interação entre o campo simbólico de imagens e palavras; 
� fluência de comunicação; 
� diálogo silencioso entre fragmentos de si mesmo; 
� escrita como geradora de imagens plásticas; 
� documentários de afetos; 
� simplicidade operacional; 
� escrever para compreender; 
� acesso gradual a conteúdos do inconsciente; escrita como desenho de sons 
internos ou externos; 
� desbloqueios criativos”; e outros. (PHILIPPINI, 2009). 
 
 
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1.9 Sucata 
O trabalho com sucata estimula a reconstrução, a criatividade, as 
percepções, a atenção, a construção, a transformação, o concreto e a mudança. É 
um material transformador. O que antes poderia ser lixo, agora é reaproveitado. 
Pode-se utilizar qualquer material reaproveitável. 
Material: diversos, plásticos, vidros, papéis, madeira, entre outros. 
Procedimento: livre. 
Por poder ser aplicado à pintura, à colagem e à modelagem, é uma atividade 
complexa, que mobiliza o conteúdo interno, e transforma-o, reaproveitando-o de 
forma benéfica. O terapeuta precisa estar atento porque é uma atividade de muita 
sutileza (GOUVÊA, 2015). 
 
Guarde... 
Valladares (2001) lembra que o indivíduo deve ser instrumentalizado de 
forma adequada, ou seja, deve receber material apropriado para executar sua 
criação que dessa forma surge espontaneamente, agilizando-se a expressão da 
pessoa, pois não havendo preocupação de domínio da técnica, ocorre o fluir natural 
de sua subjetividade. As modalidades expressivas mais utilizadas em Arteterapia 
são: 
a) desenho – objetiva a forma, a concentração, a coordenação viso-motora e 
tem função ordenadora; 
b) pintura – a fluidez da tinta induz o movimento de soltura, atuando sobre os 
mecanismos defensivos de controle; 
c) colagem/recorte – favorece a organização de estruturas pela junção de 
formas prontas; 
d) gravura – possibilita a reprodução em série e tem função multiplicadora; 
e) tecelagem – trabalha a coordenação viso-motora, a disciplina e o ritmo; 
f) modelagem – atividade sensorial, trabalha o toque das mãos; 
g) escultura – possui função estruturadora, libera a criatividade exercitando o 
desapego; 
h) construção – trabalha a estruturação e a organização tridimensional, exigindo 
mais elaboração; 
 
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i) teatro – possibilita a experimentação de novos papéis, a criação de histórias e 
personagens; 
j) tabuleiro de areia – permite a criação de cenários e cenas tridimensionais, 
numa caixa de tamanho específico, utilizando areia, água e miniaturas 
realistas; 
k) escrita criativa – escrever livremente, sem a utilização de pontuação ou uso 
de borracha, sobre determinado trabalho artístico executado anteriormente ou 
sonho, contando ainda com a possibilidade de erros gramaticais e de 
ortografia, possibilitando que os conteúdos inconsciente aflorem facilmente 
para a consciência. 
 
 
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UNIDADE 2 – ARTETERAPIA NO TRABALHO 
COMUNITÁRIO 
 
2.1 Trabalho com mulheres em ateliê arteterapêutico – relato de experiência 
Para Barcellos (2004), a opção por trabalhar em grupo decorre da troca 
entre os integrantes ser extremamente rica, pois um indica ao outro novas 
possibilidades de ser e de viver. Além do mais, cada um dá suporte ao outro em 
momentos de intensa emoção. Para ela, é muito significativo poder constatar quanto 
cada um cresce ao trabalhar e elaborar seus conflitos, compartilhando seu trabalho 
individual com os demais em um espaço comum. 
A importância do trabalho arteterapêutico em grupo também reside no fato 
de haver uma estreita relação entre a integração do grupo e a criatividade 
alcançada. Quando cada integrante do grupo consegue expressar-se com maior 
liberdade e aceitação, construindo e produzindo um trabalho artístico que revela seu 
potencial criativo, ele adquire maior confiança em si. Pode, então, interagir mais 
facilmente com o outro, favorecendo oportunidades que o ajudam a descobrir-se e 
revelar-se. É um pouco o que Carl Rogers denomina “tornar-se pessoa”. 
A evolução dos grupos é um processo que passa por três fases: 
individuação, identificação e integração. A autora acima exemplifica as etapas do 
trabalho arteterapêutico com mulheres. 
Em um grupo de mulheres com o qual trabalha, a autora percebe como 
figura o aspecto da individuação da mulher madura que, aos quarenta anos, 
percebe-se cristalizada em uma situação de vida muitas vezes resultante de 
circunstâncias e papéis repetidamente assumidos e introjetados. Nesse processo 
cultural e coletivo, ela quase se perde. No entanto, no decorrer do trabalho, a 
necessidade de individuação e a figura de cada uma vai despontando no grupo, 
pois, independentemente da natureza dos trabalhos e da organização formal do 
coletivo, cada integrante tende a querer se afirmar e a se fazer aceitar como 
indivíduo. 
A aceitação na diferenciação, necessidade fundamental de cada uma, vai se 
delineando pouco a pouco, em um processo que inclui até intensas confrontações e 
demarcações de espaço em trabalhos coletivos. Surgem divergências de 
personalidade e de pensamento, que interrompem, em alguns momentos, o 
 
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processo de integração. Emergem, com frequência, os paradigmas que todos temos 
de certo e errado, de bonito e feio, de bom e ruim, de estético e antiestético, entre 
outros, de “eu” e “tu”. 
Contudo, atitudes aparentemente negativas, como monólogos, o prazer em 
“detalhar suas biografias” (centro no “eu”) ou até as interferências no trabalho do 
outro (centro no “tu”), trazem para o momento do encontro ocasiões privilegiadas 
para que o arteterapeuta perceba que a primeira tarefa a ser desenvolvida com o 
grupo é o cuidado na aceitação de si mesmo e na aceitação do outro, por parte de 
cada integrante do grupo. 
Na segunda etapa, o grupo passa à fase de identificação. À medida que 
prossegue o processo arteterapêutico, com o entrelaçamento de atividades 
individuais e trabalhos coletivos na dinâmica do grupo, cada um vai se identificando 
com o espaço e com os demais. Já se fala e se ouve; comparam-se os trabalhos (o 
meu e o do outro) com observação das diferenças e sem tantos vínculos com o certo 
ou o errado: percebe-se a autoidentificação e a identificação do outro, é o caminho 
de superação do monólogo. O foco, seja no “eu”, seja no “tu”, se desestrutura e 
reestrutura... Essa fase será mais longa quanto mais heterogêneo for o grupo. 
Quando cada um se sente plenamente aceito, quando seus trabalhos, 
muitas vezes apresentados timidamente, começam a ser percebidos e admirados 
pelo grupo, acontece a integração. O indivíduo sente-se à vontade e até sua 
capacidade verbal é enriquecida. Cada um já consegue visualizar outros modelos e 
possibilidades para sua dinâmica de vida. Cada um se dispõe, mais tranquilamente, 
a perceber e analisar seus processos, revendo suas atitudes na relação consigo e 
com o outro. O grupo está, então, vivendo a terceira fase. 
Verdade seja dita, a mulher vive em constante busca/luta pelo seu espaço 
na sociedade e mesmo no seu mundo interno. Essa busca de individuação esbarra 
nas diferenças entre o masculino e o feminino, que aparece com menor ou maior 
força, mas quase sempre ocorre nos domínios inconscientes. Muitas vezes, 
mergulhada em seu mundo interno, ocupada com as descobertas sobre si, sente-se 
só. Contudo, a solidão pode ser enriquecedora, se orientada para a autoanálise das 
próprias realizações e barreiras vencidas. 
 
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A mulher, nessa fase, terá de dar ouvidos aos sinais emergentes em seu 
interior, perceber e levar em conta suas sensações, intuições e ideias. Reencontrar 
o próprio traço, escolher livremente cores e texturas, são passos usados por essa 
mulher no encontro conciliatório consigo mesma. A individuação do “eu” vai pintando 
suas cores, preenchendo espaços. No papel, nas tintas, na tela, na modelagem, vai 
se modelando essa mulher. Ela descobre que a outra metade da vida constitui um 
novo quebra-cabeças, bem como as novas percepções dão novo significado à sua 
vida e recuperam sua autoexpressão – talvez um dia não aceita, não valorizada. 
Toda mulher possui uma vida secreta, pensamentos e sentimentos ocultos 
e, por mais que estes estejam enfraquecidos, quer descobrir-se inspiradora, intuitiva 
e criadora. Um anseio que brota quando percebe quão pouco tempo dedica ao 
desejo de sondar sua vida criativa. 
O arteterapeuta deve investigar a origem da conduta de cada mulher na 
expectativa de vê-la e conhecê-la melhor. Por exemplo: se em sua história, ela 
ocupou seu espaço primeiro com o cuidar do casamento, do companheiro e dos 
filhos, deixando suas oportunidades criativas adormecidas e, muitas vezes, inibidas 
pelo olhar crítico da sociedade e por padrões rígidos socialmente impostos. Por 
outro lado, há nessas mulheres necessidade de buscar um caminho para chegar a 
um eu mais profundo. E a atividade artísticaé um caminho maravilhoso para isso. 
Se o silêncio da autoexpressão na vida tem de ser rompido, o grito de seu 
potencial pode ser expresso em formas e cores. A linguagem artística, capaz de dar 
lastro ao olhar e ao sentir, opera mudanças em seu ser, capacitando-a a preencher 
um espaço mais íntegro na sociedade. Integração essa que se faz somando o “eu” e 
o “tu”. 
Com certeza, como diz Barcellos, é um objetivo ambicioso do trabalho 
arteterapêutico oferecer a este ser a oportunidade de expressar-se como mulher, 
buscando a forma criada e criadora. 
É preciso, em cada encontro, em cada sessão, trabalhar o nível sensório-
motor, explorando o ver, o sentir, o tocar, o pensar e o transmitir, utilizando uma 
sequência de ideias e técnicas que, em um crescendo, de certo modo vão 
conduzindo ao autoconhecimento. Uma variada gama de temas e materiais é 
 
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proposta em uma sequência intencional que favorece a consciência do eu e do 
mundo. 
Textos sobre geometria, pintura e poesia, entre outros, têm sido utilizados 
como elementos desencadeadores de reflexões que, em muito, enriquecem esse 
caminho de autoanálise a partir do que as mãos estão criando. Favorecem também 
a compreensão e a expressão desse trajeto. 
No exercício da análise formal, a autora procura estabelecer relações de 
significado entre o traçado de linhas, cores e formas, aproveitando a riqueza do 
simbolismo desses elementos geométricos que, em sua dinâmica, espelham o modo 
de ser de cada uma. 
Em suma, a arte convida-a a perceber o objeto. Toda a riqueza da obra se 
revela e toma forma aos poucos, diversificando o fundo, revelando figuras que 
emergem, assegurando um suporte para novos acontecimentos. 
Reconhecendo as próprias autoconfigurações, a mulher pode, usando 
diferentes materiais, ir velando uma cor e realçando outra com movimentos do 
pincel, diluindo pontos de tensão e figuras cristalizadas. A criatividade é construída 
no dia-a-dia. A autotransformação vai sendo modelada na busca da individuação, à 
medida que se conquista equilíbrio e criam-se novas formas. 
Cada ordenação leva a um produto diferente, pois as possibilidades são 
múltiplas no caminho da arte, e mediante intervenções mais dirigidas, essa mulher 
pode fechar gradualmente o ciclo de perguntas e respostas das situações que se 
apresentam durante sua trajetória. 
Figuras formam-se e “desformam-se”, abrindo-se para outras novas figuras 
porque, como diz Fischer (1987, p. 18), “a função da arte é refundir esse homem, 
torná-lo de novo são e incitá-lo à permanente escalada de si mesmo”. Dinamismo da 
arte que, na sua expressão plena, busca a plenitude no dinamismo da vida. 
 
2.2 Arteterapia familiar 
Se fôssemos começar nosso tópico pelo conceito de família, teríamos 
algumas dificuldades de imediato, afinal de contas, as mudanças foram muitas nos 
últimos tempos, mas concordamos com Correa (2000), quando diz que a despeito 
dessas mudanças, entende-se ser possível afirmar a presença, na família, de laços 
 
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de aliança, filiação e fraternidade, cujas relações são influenciadas pelo fenômeno 
da transmissão psíquica geracional. 
O fenômeno da transmissão psíquica geracional é entendido como o 
processo de transmitir conteúdos psíquicos de uma geração à outra, por vezes de 
forma consciente e passível de elaboração, quando é intitulada como transmissão 
intergeracional. Outras vezes ocorre por uma via inconsciente, usualmente quando 
se trata de conteúdos traumáticos, transmitidos de forma bruta, sem elaboração, 
razão pela qual é denominada como transmissão transgeracional (SCORSOLINI-
COMIN; SANTOS, 2016 apud FRANCO; ALMEIDA, SEI, 2016). 
Mas como podemos utilizar a Arteterapia para as “interações” familiares? 
Sendo um sistema aberto e com capacidade de transformação, a família 
está sempre na busca de novas soluções para situações diversas, uma vez que 
vivencia padrões recorrentes e previsíveis que refletem as tensões, filiações, 
hierarquias, que possuem um significado para os comportamentos e 
relacionamentos estabelecidos. 
A família é um sistema no qual ocorrem alianças, organizam-se hierarquias, 
definem-se caminhos e tomadas de decisões. 
Em se tratando da terapia familiar esta pode: 
� melhorar a comunicação; 
� desenvolver a autonomia; 
� desenvolver a individualização; 
� descentralizar e flexibilizar; 
� reduzir conflitos interpessoais; 
� melhorar o desempenho individual. 
 
Observa-se que a terapia familiar se apresenta como um tipo de intervenção 
complexo, haja vista a presença de indivíduos de variadas idades na sessão 
(MANICOM; BORONSKA, 2003 apud FRANCO; ALMEIDA, SEI, 2016), 
configurando-se como um grupo, cuja formação transcende o setting terapêutico 
(KWIATKOWSKA, 2001 apud FRANCO; ALMEIDA, SEI, 2016), com uma dinâmica 
própria de comunicação (SEI, 2003). 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
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De acordo com Scharff (2006 apud SEI, 2009), no setting terapêutico devem 
estar presentes crianças, adolescentes e adultos, visto que esta composição 
colabora para uma melhor compreensão da família ao tornar visíveis problemas mais 
profundos, fato que facilita uma intervenção mais precoce. Visto que cada familiar 
possui uma maneira singular de falar, sentir e agir, deve-se empregar diferentes 
estratégias para facilitar a comunicação e o desenvolvimento dos integrantes do 
grupo familiar. 
Quando se inclui a criança, é pertinente a abertura de um espaço para o 
lúdico, pois o brincar mostra-se como o meio de comunicação da criança, que deve 
ser valorizado pelo terapeuta e com a mesma importância da comunicação dos 
demais participantes. Assim, é possível notar as comunicações inconscientes tanto 
por meio de palavras, silêncios e gestos, como também através da linguagem lúdica 
característica da criança. 
Diante desse panorama, acredita-se que há benefícios na utilização de 
recursos artístico-expressivos no contexto terapêutico (SEI, 2011). 
Segundo Riley (1998), a Arteterapia familiar contribuirá para que a família 
construa uma “visão criativa e inovadora” de seus processos, quando entendemos 
que o objetivo principal da Terapia e da Arte, é mudar uma percepção básica, de 
modo que a pessoa veja de forma diferente. Com a introdução do novo ou do 
inesperado, é quebrado um quadro de referência e a estrutura da realidade é 
harmonizada. 
Ainda, segundo a autora, quanto mais elementos ou dimensões – visual, 
auditiva, sinestésica – forem atendidas ou compuser a intervenção, mais 
efetivamente ela possibilitará mudanças. 
Dentro do método arteterapêutico, Riley (1998) elenca os seguintes 
aspectos a serem considerados: 
� ver a família como um sistema; 
� usar conotação positiva; 
� prescrever o sintoma; 
� utilizar metáforas; 
� entender o ritual familiar; 
� entender o duplo vínculo terapêutico; 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo

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