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MATERIAL DIDÁTICO MEDIADORES E TÉCNICAS DE TRABALHO COM ARTETERAPIA CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.004 DO DIA 17/08/2017 0800 283 8380 www.faculdadeunica .com.br 2 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 UNIDADE 1 – OS MEDIADORES ARTÍSTICOS .............. .......................................... 7 1.1 O DESENHO ......................................................................................................... 9 1.2 A PINTURA ......................................................................................................... 12 1.3 COLAGEM .......................................................................................................... 17 1.4 MOSAICO ........................................................................................................... 20 1.5 ASSEMBLAGEM ................................................................................................... 22 1.6 MODELAGEM ...................................................................................................... 25 1.7 TECELAGEM ....................................................................................................... 27 1.8 ESCRITA CRIATIVA .............................................................................................. 28 1.9 SUCATA ............................................................................................................. 30 UNIDADE 2 – ARTETERAPIA NO TRABALHO COMUNITÁRIO ... ......................... 32 2.1 TRABALHO COM MULHERES EM ATELIÊ ARTETERAPÊUTICO – RELATO DE EXPERIÊNCIA ............................................................................................................................... 32 2.2 ARTETERAPIA FAMILIAR ....................................................................................... 35 UNIDADE 3 – ARTETERAPIA E O TRABALHO COM SURDOS ... ......................... 41 UNIDADE 4 – MODELO DE OFICINA ..................... ................................................. 45 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49 3 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. INTRODUÇÃO A arte tem significado ímpar para o ser humano e em cada época, desde as civilizações mais primitivas, independente do seu grau de desenvolvimento, elas estiveram presentes e hoje nos contam muito dos nossos antepassados. As artes retrataram e retratam a natureza, o imaginário do mundo, expressões religiosas, o próprio desenvolvimento da estética, das relações espaciais, das formas, símbolos do nosso inconsciente, identidades pessoais e de grupos, sentimentos, tais como prazer, alegria, raiva, tristeza, inquietação, entre outros. Eis que ela chegou ao universo das práticas terapêuticas, tanto que a Medicina, hoje em dia, sabe que a Arte, em qualquer uma de suas expressões, é uma atividade altamente benéfica ao ser humano, desde que surgiu na face da Terra, há milhares de anos (BOTSARIS, 2010; CARNEIRO, 2015). A Arteterapia cuida do ser humano na sua essência, integrando as áreas básicas: neurológica, cognitiva, afetiva e emocional, aprimorando as funções egóicas como percepção, atenção, memória, pensamento, capacidade de previsão, exploração, execução, controle da ação, além de sua função social (CIORNAI, 2004 apud VASQUES, 2009). Como diz Rottenstein (2016), a Arteterapia tem surgido como uma solução produtiva para a promoção, preservação e recuperação da saúde e do equilíbrio interno. Ao integrar três áreas de conhecimento – Arte, Saúde e Educação –, ela possibilita uma ampla transformação dos indivíduos e assim se inscreve no elenco de processos possíveis que abordam o ser de forma holística, tendência cada vez mais forte na consciência coletiva do terceiro milênio. Pois bem, essas justificativas nos levam aos objetivos deste módulo: trabalhar os materiais, técnicas e oficinas utilizadas pela Arteterapia para tratar o sofrimento humano. A Arteterapia utiliza diversas técnicas e linguagens das artes a fim de auxiliar o cliente a se conhecer. Pintura, escultura, desenho, dramatização e contação de histórias, são algumas dessas técnicas que o arteterapeuta mergulha junto com o cliente, num mundo imaginário e, ao mesmo tempo real, conduzindo-o na busca do autoconhecimento. E, neste processo, o cliente entra em contato com conteúdos Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 4 submersos do inconsciente para reconhecê-los e aprender a viver da melhor maneira possível, preservando a saúde mental e corporal (FIORINDO, 2014). Figura 1: O que é a Arteterapia? Fonte: http://www.centroclinicopiracicaba.com.br/conheca-a-arteterapia/ Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se fazem necessárias: 1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao acesso facilitado na atualidade e até mesmo democrático, ajudam sobremaneira para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura surjam ao longo da leitura e, mais, para manterem-se atualizados. 2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo original1, pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que 1 Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou similares. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 5 têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância. 3) Em se tratando de Jurisprudência, entendida como “Interpretação reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu julgamento” (FERREIRA, 2005)2, ou conjunto de soluções dadas às questões de direito pelos tribunais superiores, algumas delas poderão constar em nota de rodapé ou em anexo, a título apenas de exemplo e enriquecimento. 4) Por uma questão ética, a empresa/institutonão defende posições ideológico-partidária, priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento crítico. 5) Pedimos compreensão por usar a lógica ocidental tradicional que funciona como uma divisão binária: masculino x feminino, macho x fêmea ou homem x mulher, mas na medida do possível iremos nos adequando à identidade de gênero, cientes de que no mundo atual as pessoas tem liberdade de se expressarem de forma tão diversa e plural e que o respeito à singularidade e a tolerância de cada indivíduo torna-se fator de extrema importância. 6) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou seja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Por fim: 7) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl + clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis 2 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. Editora Positivo, 2005. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 6 complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 7 UNIDADE 1 – OS MEDIADORES ARTÍSTICOS Vamos tomar como ponto de partida para falar dos mediadores artísticos ou modalidades expressivas no contexto da Arteterapia, o entendimento de que o processo arteterapêutico auxilia a proximidade do homem com o universo interior e a relação com o mundo, ampliando a compreensão da consciência, permitindo ao mesmo conhecer melhor a si mesmo, ao seu semelhante e tudo que o cerca. Na Arteterapia, encontramos a produção de uma obra como fonte de conhecimento do paciente sobre si mesmo, ajudando-o no tratamento, além de ser uma ponte entre paciente-terapeuta (como artista-espectador). Nesse âmbito, a criatividade é interpretada como parte de um fenômeno humano universal e não especial de alguns poucos bem-dotados. Aqui, a obra não interessa pelo seu valor informativo ou estético: o que importa é seu valor como mediador da expressão (LEITE; RODRIGUES, 2015). Como diz Dutra (2013, p. 24), a arte, pelas suas possibilidades expressivas, contribui para trazer ao consciente, não só as dores a serem curadas, mas também as possibilidades adormecidas. Dessa forma, a Arteterapia apresenta-se como um processo terapêutico dos mais próximos à essência do ser humano, capaz de promover equilíbrio e harmonia, gerando saúde em todos os setores da sua vida. Dentre as suas modalidades, encontramos o desenho, a pintura, a modelagem, o recorte e colagem, a gravura, a construção, a encenação, a criação de personagens, o tabuleiro de areia, a escrita poética, a tecelagem, a música, a dança, a contação de histórias (VICTÓRIO, 2008). Philippini (2004) ressalta que fica a cargo do arteterapeuta criar um repertório de informações relativo a cada modalidade, adequando-as às necessidades do usuário a ser atendido. Diniz (2010) complementa que a Arteterapia é uma prática terapêutica que utiliza diferentes recursos expressivos como aliados em uma leitura simbólica do fazer artístico: artes plásticas e ciência, música, expressão corporal e a leitura, como contos de fadas, lendas e mitos. Inúmeras são as possibilidades de expressão, Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 8 porém, a objetivação de um conteúdo expressivo faz-se por meio das estratégias arteterapêuticas e pela organização resultante, denominada de suporte ou forma. De acordo com Urrutigaray (2011), é pela forma que a intimidade presente na subjetividade pode ser convertida de elementos fragmentados em possibilidades factíveis de serem vislumbradas. Através das diversas expressões artísticas, o indivíduo tem a possibilidade de manifestar seu mundo interior por meio dos símbolos que serão decodificados, incorporados e/ou transformados. O emprego do material é muito importante para o processo arteterapêutico, porque cada um, em particular, conterá propriedades que mobilizarão as emoções e sentimentos, diferentemente em cada paciente/cliente. É necessário uma análise e estudo prévio, pois poderão penetrar de maneira mais rápida e eficiente, ou se utilizado erroneamente, dificultar e agravar os conflitos do paciente/cliente. Como por exemplo, através da pintura, do uso da tinta, um dos objetivos a alcançar com este material, é o despertar das emoções e sentimentos, por isso precisa ser utilizado cuidadosamente (GOUVÊA, 2015). Outro exemplo, o barro, é um material de fácil construção, ele pode ser “quebrado” e “reconstruído” várias vezes, propiciando momentos de catarse, por isso, é também indicado para pessoas com muita agressividade, para descarregar toda a sua raiva. E não causando no paciente/cliente desconforto por danificar o material. Figura 2: Frida Kahlo – autorretrato. Fonte: http://galeriadefotos.universia.com.br/uploads/2012_02_03_15_18_560.jpg Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 9 Um exemplo de como a Arte pode ser uma forma de lidar com um transtorno ou dor intensa, vem da famosa pintora Frida Kahlo. Frida foi uma mulher que, desde seu nascimento, teve que lidar com a dor – desde o distanciamento da mãe na infância, às sequelas da poliomielite aguda que contraiu aos 6 anos, até o acidente que sofreu aos 18 anos que fraturou sua coluna. Influenciada pelo pai, começou a manejar sua dor expressando-a em seus quadros. Quando não podia andar, um espelho que ficava em cima de sua cama ajudou a manter a mente ocupada ao pintar autorretratos (LEITE; RODRIGUES, 2015). Freud também se interessou pelo assunto. Analisou vida e obra de artistas e escritores, à procura de pistas de que aqueles teriam transtornos mentais, convicto de que encontraria “algumas verdades psicológicas universais” nessas descobertas. E fazia bastante sentido: Vincent Van Gogh, por exemplo, diagnosticado com epilepsia, depressão maníaca e psicose grave, foi um dos maiores pintores que já existiram, sendo estudado até hoje; assim como uma infinidade de artistas que, por algum motivo, encontraram a melhor forma de lidar com suas dores e problemas através da arte e construíram, assim, obras maravilhosas.1.1 O desenho O desenho é uma forma de comunicação que surge na infância e perpassa as diferentes fases do desenvolvimento humano, desde que seja fornecida a oportunidade aos adolescentes, aos jovens, aos adultos e aos idosos, de poderem expressar o seu momento interior, por meio dos traços e cores utilizados na folha de papel. A partir de então, no processo de Arteterapia, o que importa não é o domínio técnico, mas o simbolismo presente na expressão plástica. O que interessa é o conteúdo e não a forma, no percurso percorrido pelo cliente enquanto desenha, no qual ele se colocará, também, através dos gestos e posturas. A intensidade da linha, o movimento, as texturas, a dimensão das formas utilizadas, em relação ao tamanho do papel, são dados importantíssimos para analisar o processo do sujeito, pois tais dados trazem conteúdos da personalidade e da psicodinâmica. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 10 Dessa maneira, o desenho é um recurso terapêutico poderoso, que traz um universo de símbolos a serem interpretados. Através da produção pictográfica, transfere-se a energia psíquica do inconsciente para o ato criativo, por meio dos símbolos, que são assimilados pela consciência (FIORINDO, 2014, p. 3). O desenho envolve precisão, atenção, concentração, coordenação viso- motora e espacial. De acordo com Valladares e Carvalho (2006), o desenho está relacionado ao movimento e ao reconhecimento do objeto, tendo a função ordenadora. Segundo Philippini (2009, p. 49), “O desenho permite expressar histórias pessoais com clareza, apenas utilizando a configuração linear da imagem”. A referida arteterapeuta argumenta, ainda, que o desenho é uma estratégia muito adequada, porque permite que o conteúdo inconsciente gradualmente vá tomando uma configuração, passando de uma ideia difusa para uma forma objetiva, que se tornará o símbolo a ser trabalhado. Prossegue afirmando que o desenho “conta a história, configura o símbolo e facilita a compreensão no nível da consciência” (p. 50-51). O desenho relaciona-se às seguintes possibilidades: percepção espacial; percepção das relações luz-sombra, delimitar e designar; expansão do movimento gráfico; delinear e configurar; objetividade; percepção de ponto-traço-linha (alfabeto visual); coordenação psicomotora entre figura e fundo; coordenação viso-motora, dentre outros. Em se tratando do universo infantil, Francisquetti (2005) explica que a leitura dos desenhos sinaliza as palavras que não podem ou não conseguem ser ditas pelas crianças. Sendo que as aferências de comunicação não verbais se transformam em processo cognitivo, e são importantes de serem comparadas em diferentes momentos para perceber as mudanças externas, como também internas às crianças. Podemos falar em desenho livre, de cópia ou dirigido. No desenho livre ao contrário do desenho de cópia, a pessoa está colocando a sua atenção não na realidade externa e sim, na sua realidade interna. É um trabalho livre ,que vai surgir a partir da emoção, do que lhe vier à mente. A pessoa acessa a sua realidade interna, o seu inconsciente, algo que está pronto para emergir naquele exato momento e com seu processo de vida. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 11 Nos desenhos dirigidos se propõe um tema. No caso de Arteterapia, o arteterapeuta direciona com um objetivo específico (ou seja, ligado a alguma situação específica por que passa aquela pessoa), um tema que mobilize emoções que possam estar bloqueadas e que precisam vir a tona para serem integradas a consciência (FASULO, 2010). O desenho de cópia, por exemplo, enfoca a atenção na realidade exterior e é indicado para pessoas que fantasiam, sonham, obrigando-as a perceber e reproduzir a realidade (GOUVÊA, 2015). Exemplo de uso do desenho: Técnica: uso do lápis de cera e nanquim ou estilete. Procedimento: colorir todo o papel com diferentes cores do lápis de cera. Depois de cobrir todo o desenho com nanquim esperar secar. Desenhar com um alfinete, ou estilete, riscando ou raspando o nanquim. Essa atividade produz um fator surpresa durante o processo, já que a pessoa não sabe o que irá acontecer. Para alguns é um prazer descobrir que através da raspagem do nanquim, ele poderá criar formas e linhas coloridas, porém, para outros, gera desconforto, porque esse desenho não poderá ser apagado nem corrigido. Material: papel tamanho A4 ou A3, nanquim preto, alfinete. Destacam-se nessa modalidade, os diversos materiais que facilitam o desenho (lápis de cor, giz de cera, grafite, carvão, pastel seco, pastel óleo, lápis de cor aquarelado, hidrocor e lápis grafite), cada qual com sua especificidade no uso, mas com a finalidade de ordenação dos conteúdos psíquicos por permitir-lhes tomar uma forma. No desenho, a coordenação motora fina é trabalhada, portanto, o controle é essencial, não só o motor, mas principalmente o intelectual. A atenção, a concentração e o contato com a realidade são explorados. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 12 1.2 A pintura Junto com a pintura fluem as emoções e sentimentos e uma vez que estes materiais despertam facilmente as emoções, eles precisam ser cuidadosamente utilizados (GOUVÊA, 2015). Figura 3: Vincent Van Gogh – Autorretrato – 1889 – 65 x 54 cm – óleo em tela. Fonte: http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/02/17/1082544/pos-impressionismo- autorretrato-vincent-van-gogh.html Segundo Oliveira (2017), a técnica da pintura é tão comum à Arteterapia que pode-se dizer que praticamente se confunde com ela, especialmente pelas possibilidades expressivas que comporta. A atividade de lançar as tintas sobre diferentes suportes mobiliza todo o corpo, em especial a respiração e a parte superior do corpo. E, com a mesma intensidade, mobiliza a fantasia, em função das cores, luzes, sombras e formas que vão surgindo a partir dos gestos que as mãos vão fazendo sobre a tela, tecido ou papel. Enquanto no desenho o traço é “o elemento primordial, na pintura, a cor é o elemento fundamental. A cor evoca a sensação, a sensibilidade e a emoção” (PAIM, 1996, p. 99 apud DUTRA, 2013, p. 28). A pintura, como estratégia utilizada em Arteterapia, permite exercitar novas maneiras de olhar a nós mesmos e a tudo o que nos rodeia. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 13 Figura 4: Pintura. Fonte: Painting tubes via Shutterstock. A variedade de elementos presentes na técnica da pintura: as linhas, as formas, os volumes, a cor, a tonalidade, a luz, (...) pode funcionar como um grupo de amigos que nos estimula a desabafar,a aliviar as nossas tensões, a encontrar soluções diferentes, a ter coragem de tentar novas alternativas, a mudar o nosso olhar e, consequentemente, o nosso sentir (CHRISTO; SILVA, 2002, p. 12). A pintura proporciona intensa mobilização emocional causada pelas experimentações com a cor e também pelos eventos de natureza física que propicia, pois a cor como fenômeno físico apresenta ativos correspondentes fisiológicos, uma vez que as cores quentes são acidificantes e aceleram o metabolismo e a as frias são alcalizadoras e tendem a tornar o metabolismo mais lento (PHILIPPINI, 2009). Para Kandinsky3 (1996 apud OLIVEIRA, 2017), tanto as formas como as cores possuiriam o que ele chama de um “conteúdo intrínseco” próprio, uma capacidade de agir como estímulo psicológico. Desse modo, um triângulo suscitaria movimentos “espirituais” diferentes de um círculo. Assim como as formas, as cores também teriam um conteúdo “semântico” particular. Por fim, o referido conteúdo semântico de uma forma pode variar segundo a cor a que ela está ligada, inaugurando um cruzamento de sentidos complementares de cada cor quando conjugada com uma determinada forma. Ao se referir ao azul, por exemplo, Kandinsky explica que quanto mais profundo é o azul, mais ele atrai o homem para o infinito, mais acorda nele a 3 Wassily Kandinsky (1866-1944), artista plástico russo, introdutor da abstração no campo das artes visuais. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 14 nostalgia da pureza e, enfim, do suprassensorial. É a cor do céu, tal como a imaginamos ao ouvir o som da palavra céu. O azul é a cor tipicamente celeste (KANDINSKY, 1996 apud OLIVEIRA, 2017). Ao se referir ao amarelo, como contraponto, ele explica “O amarelo [...] inquieta o homem, pica-o, irrita-o e mostra o caráter da força expressa na cor, força que atua finalmente sobre a alma de uma forma insolente e importuna” (KANDINSKY, 1996 apud OLIVEIRA, 2017). Trabalhando com um segundo par de opostos, ele contrapõe o vermelho e o negro, explicando que “[...] o vermelho é ‘efervescência e ardor, ‘força imensa consciente do seu objetivo (KANDINSKY, 1996 apud OLIVEIRA, 2017). Por sua vez “O negro tem um som interior de vazio desprovido de possibilidades, um vazio morto, como se o Sol fosse extinto” (KANDINSKY, 1996, apud OLIVEIRA, 2017). É interessante notar o modo poético e psicológico como o autor propõe o significado das cores, indicando a partir de traços idiossincráticos da própria cor seu significado simbólico. Nessa pesquisa poética sobre o espiritual na arte, Kandinsky nos oferece uma possibilidade de compreensão das cores que abrange diferentes aspectos de cada uma delas, como o “movimento da cor”, seu “simbolismo”, sua “temperatura”, seu “som musical”, e possivelmente o mais significativo de todos, seu “estado de espírito”. Ele atribui tais qualidades às cores, alçando-as quase a uma condição de sujeitos, especialmente quando especula sobre seu “estado de espírito”. Vejamos como o autor/pintor aplica esses critérios de análise em relação ao primeiro par de cores por ele proposto (OLIVEIRA, 2017). Amarelo Movimento: o amarelo possui um movimento irradiante e excêntrico (ou seja, excêntrico, para fora do centro), representando um salto para além de todo limite, nele vemos a dispersão da força em torno de si mesma. Simbolismo: uma cor essencialmente material e terrestre, fascinante e extravagante, explosão de energia, desperdício das forças. Temperatura: a cor mais quente de todas. Som musical: associada a sons extremos agudos. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 15 Estado de Espírito: a cor da loucura e do delírio, uma explosão emocional, um acesso de fúria. Uma cor que possui uma forte intensidade e atormenta o homem. Azul Movimento: o azul possui um movimento de distanciamento do homem físico, possui um movimento concêntrico, ou seja, em direção ao centro. Simbolismo: uma cor imaterial, capaz de despertar no ser humano um profundo desejo de pureza e de contato com o divino. Temperatura: é considerada a cor mais fria de todas. Som musical: sons graves. Estado de Espírito: o azul traz consigo a paz e a calma, mas também detecta um estado de tristeza à medida que se escurece na direção do preto. Desse modo, é importante que o arteterapeuta amplie seu repertório para compreender o significado das cores que aparecem, faltam ou dominam as pinturas de seus pacientes, escapando de uma tradução simplista que pode ser encontrada em livros que definem literal e estreitamente o sentido das cores. Na leitura de Kandinsky, temos um rico caminho para mergulhar nos significados das cores a partir dos elementos anímicos das próprias cores, e a partir delas, propor um diálogo com o que provocam na alma do paciente. Evidentemente, esses significados precisam ser conjugados com a perspectiva cultural do indivíduo, pois as cores, como sabemos, congregam significados advindos da experiência pessoal e coletiva (OLIVEIRA, 2017). Philippini (2009) reforça que a utilização da pintura no processo arteterapêutico é um recurso de muita efetividade, devido a sua intensa possibilidade de mobilizar emoções, facilitando a fluência e a expressão de afetos. Essa qualidade da pintura advém, sobretudo, do fato de permitir a interação e as experiências com as cores, que possuem, cada uma, campos simbólicos específicos e alcances vibracionais diversos. Segue, sistematizado por Philippini (2009), indicações, uso e propriedades da pintura, tais como: � ativar o fluxo criativo; � facilitar a liberação de conteúdos inconscientes; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 16 � desbloquear; � experimentações sensoriais e lúdicas com a cor; � experimentações com o inusitado (pigmentos líquidos em movimento); � dissolver (através das experiências de diluição com a cor); � facilitador de inícios de processos em Arteterapia; � (expansão) abranger superfícies através da cor; � percepção emocional das cores; � experimentações com texturas e cromatismo; � facilidade operacional, dentre outras. As tintas geralmente utilizadas são: guache, aquarela, anilina, óleo, acrílica e nanquim. Exemplo de técnica - Uso da Aquarela Material: papel canson, aquarela (bisnagas), pincéis. Procedimento: diluir a aquarela em potes pequenos, com água. Muita água, a cor fica mais clara; pouca água, a cor fica mais escura. Aplicar sobre o Canson utilizando-se movimentos rápidos e precisos, porque depois de seca a água, não se pode mudar. Essa técnica é uma das mais difíceis de ser trabalhada, porém o efeito de camada em tonalidades é muito interessante, embora os desenhos fiquem sem um contorno ou limite bem definido. A aquarela tem a característica da transparência. As pessoas mais controladoras sentem desconforto com essa técnica, como também, aqueles que sentem dificuldade em lidar comsuas emoções (GOUVÊA, 2015). Guarde... A pintura sobre diferentes tipos e tamanhos de suporte é usada na Arteterapia como um dos recursos mais fundamentais para o paciente se deparar com imagens da alma. Elas podem se apresentar mais sombrias ou delineadas, numa pintura abstrata ou figurativa, mobilizando emoções, ideias e afetos, especialmente pelas tonalidades de cores usadas na produção. Martins (2012) deixa algumas dicas interessantes: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 17 � pintar livremente, sem a obrigatoriedade do uso de técnicas, pode trazer ao indivíduo sentimentos de gratificação, e a percepção da sua capacidade criativa. Contudo, para pessoas com dificuldade de “criar a partir do nada”, em que o suporte (tela, papel ou outros) em branco é antigênico, a aplicação de recursos criativos definidos pode ser tranquilizador. O “decalquemania”, por exemplo, é uma técnica projetiva, inspirada no processo de diagnóstico psicológico de Rorschach. Criam-se imagens sobre manchas de tinta de várias cores. Pode-se fazer de maneira abstrata ou figurativa. Trabalha aspetos técnicos de equilíbrio, composição, forma e harmonia. Curiosamente, ao mesmo tempo que oferece segurança, nessa técnica trabalha-se com a imprevisibilidade da forma; � pinturas de murais, em papel cenário de grandes dimensões são estimulantes e requerem esforço físico. Leva a pessoa a movimentar-se ao longo do papel, a dobrar-se, caso o suporte esteja no chão, ou andar de um lado ao outro, esticar braços e pernas se estiver colado à parede. É um interessante trabalho em conjunto, feito em grupos de variadas idades e características, fomentando o sentimento de coesão grupal e cooperação mútua. 1.3 Colagem Colagem é a composição feita a partir do uso de matérias de diversas texturas, ou não, superpostas ou colocadas lado a lado, na criação de um motivo ou imagem. É uma estratégia não muito antiga, criativa e que tem por procedimento juntar numa mesma imagem outras imagens de origens diferentes (MIRÓ, 1937 apud DUTRA, 2012). A colagem é uma técnica muito simples que se traduz em recortar e colar. Pode ser vista como uma técnica “escolar”. Apesar de ter sido aplicada em obras de grandes artistas modernos, a sua produção é tão fácil quanto a de um trabalho dos primeiros anos da escola (MARTINS, 2012). A colagem é uma atividade reestruturante que pode ser realizada com diversos materiais, recortes de revistas, jornais, papéis diferentes, grãos, serragem e outros. A colagem de imagens recortadas é de fácil execução. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 18 Especial para as pessoas que têm dificuldade com o desenho e se sentem inibidas ao desenhar ou pintar. Por isso essa técnica, que já utiliza materiais prontos, cria um ambiente favorável e seguro à desinibição dos primeiros contatos. Através da colagem o paciente/cliente está realizando um trabalho interno, escolhendo imagens que fazem parte da sua vida, do seu interesse, organizando-as no espaço plástico e no espaço interno (GOUVÊA, 2015). Segundo Philippini (2009), a colagem propicia um campo simbólico de infinitas possibilidades de estruturação, integração, organização espacial e descoberta de novas configurações. É instigante como um mapa do tesouro, pois as informações estão ali desde o princípio, embora, num primeiro momento, nem sempre consigamos decifrar os códigos em que estes mapas estão decifrados. Philippini (2009) também acredita que as colagens deem pistas simbólicas, não só analisando a natureza das imagens escolhidas, mas, também por meio da relação estabelecida entre as figuras, pela presença de polaridades cromáticas (policromia e monocromia), pela posição e forma de ocupação no suporte, pelo modo como se movimentam e se relacionam entre si. Figura 5: Colagem. Fonte: http://arteinfantil-elartes.blogspot.com.br/2010/03/colagem.html Em resumo: a colagem propicia composições simbólicas complexas, com pouca dificuldade operacional, permite várias possibilidades de desdobramento para o processo arteterapêutico, entre os quais destaca-se a reprodução Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 19 das imagens através de fotocópias coloridas ou em preto-e-branco de segmentos da colagem para melhor reflexão e contextualização, e o trabalho com fotos do cliente em cronologias diversas (PHILIPPINI, 2009, p. 25). Nas sessões de Arteterapia, as colagens costumam ser bem recebidas, devido à sua facilidade operacional e por abarcar propriedades ordenadoras, sintéticas e integradoras. Por isso, são indicadas, segundo Philippini (2009), como facilitadoras do início do processo arteterapêutico. São variantes da colagem: Colagem de imagens de revistas e jornais. Colagem de tecidos, plásticos, papéis de diversos tipos, azulejos, objetos diversos mediante um tema, missangas e adornos diversos. Colagem em vários suportes, como cartolina, tela, caixas, vidro, placas de madeira. São técnicas de colagem: Composição com imagens; composição com letras e palavras; estruturação de formas obtidas através da composição por figuras, imagens e texturas; colagem com papel colorido recortado com as mãos; composição de vitrais com colagem de celofane; colagem de alimentos como massa, leguminosas, rebuçados; entre outros (MARTINS, 2012). Quanto ao seu potencial, a colagem oferece potencialidades simbólicas e criativas. Carvalho (2008) coloca que “o rasgar pode simbolicamente representar atos prévios de destruição subjetiva, podendo tal ser fonte de satisfação ou de angústia”. A satisfação é obtida pela possibilidade de liberar a agressividade contida, num ato de liberdade catártica. A ansiedade surge por receios primitivos, pelo medo de punição por ter destruído algo (por ter sido mal, e ter feito uma coisa não permitida), por ter justamente colocado a sua agressividade em evidência, simbolicamente atacado o objeto interno, ou ter demonstrado algum desejo de destruição. Rasgar e colar podem ser equivalentes e pôr em ação as funções discriminativas e de síntese do Eu. Dessa maneira, havendo a possibilidade de reparar o que foi destruído. Transformar e dar novo significado ao que se perdeu ou foi danificado (MARTINS, 2012). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 20 Quanto à potencialidade criativa, é possível fazer a colagem com figuras diversas dispostas no suporte, representando determinadas coisas ou situações que a pessoa queira expressar. Também, existe a técnica de se construir uma imagem ou cenário através da fixação de pedaços de revistas ou outros meios de papel, comojornais, brochuras, cartões, para que se possa construir um todo. Isso toma a colagem diferente do tradicional de se colar imagens soltas que não se conjugam entre si (MARTINS, 2012). 1.4 Mosaico O histórico da linguagem expressiva denominada mosaico tem curiosamente o registro de sua origem de forma fragmentada, assim como a apresentação da materialidade do próprio mosaico. Essa linguagem surgiu em determinados períodos, desapareceu por tempos e ressurgiu mais tarde (sec. XX), sendo reconhecida após um período de agitação cultural, quando foi admitida a experimentação de novas técnicas artísticas, permanecendo até os dias de hoje, com suas várias formas de apresentação (DUTRA, 2013). Figura 6: Mosaico. Fonte: https://br.pinterest.com/explore/arte-em-mosaico/ A técnica do mosaico foi resgatada no século XX, graças ao interesse de grandes artistas como Antoni Gaudi (1852-1926), Gustav Klimt (1862 -1918) e Gino Severini (1883-1966). A definição de mosaico na cultura corrente é trabalho Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 21 intelectual ou manual composto de várias partes distintas ou separadas formando uma ideia harmoniosa. O mosaico pode ser feito com azulejos, conchas, botões, papel, E.V.A., sucata, miçangas, sementes, entre outros. Sobre uma variedade de suportes, tais como papel, madeira, pratos de papelão, caixas, entre outros. Complementando esses olhares, diz Elizardo (2007, p. 91) que a técnica expressiva do mosaico através dos cacos atuará não só com a matéria ali manuseada, mas também atuará com a reorganização do caos que estava fora do controle psíquico e reconstrução de conteúdos internos reprimidos, resignificando afetos, reencantando o olhar sobre a beleza do material e sobre si mesmo e transformando emoções, reutilizando, integrando, unindo, ordenando e caminhando assim para seu equilíbrio emocional, no enfrentamento para nova etapa da vida a ser com suas mudanças ocorrentes, trabalhando o desenvolvimento cognitivo e motor. Como se pode perceber, essa modalidade expressiva tem um poder aglutinador e reestruturador no processo arteterapêutico. As partes que compõe um mosaico representam a desconstrução, a busca e a nova construção, ou o renascimento (DUTRA, 2013). Também para Ostrower (1996 apud PHILIPPINI, 2009, p. 88), [...] as experiências com a matéria, suas ordenações, analogamente, conduzem-nos às ordenações internas. Assim, as experiências com mosaico nos auxiliam a organizar o mosaico interno de afetos, emoções e memórias. A atividade de reunir cacos permite partir de um caos e de uma desconstrução para, passo a passo, ressignificar, reconstruir, atribuir um novo sentido e descobrir beleza no material quebrado, descartado, amontoado e confuso. O mosaico traz a representação da expressão do mundo interno de cada um. O mesmo material pode resultar em trabalhos inteiramente diferentes, desenvolvidos em tempos completamente diferentes e todos com excelentes resultados. É um trabalho que requer persistência e muita paciência. Entretanto, os resultados podem não vir de pronto, pois não há precisão de tempo nem resoluções instantâneas para os sintomas (DUTRA, 2013). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 22 1.5 Assemblagem O termo assemblage, segundo a enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais, foi incorporado às artes em 1953, cunhado por Jean Dubuffet (1901-1985), para fazer referência a trabalhos que segundo ele, vão além das colagens. Em 1925, começou a realizar a chamado “arte feia” ou “arte bruta” (arte espontânea e inventiva que se recusa a realizar qualquer efeito de beleza). Dubuffet deseja atrair atenção do público para a vida cotidiana. É categoricamente contra o que se aprende nas escolas ou nos museus. Quer demonstrar que aquilo que o homem considera feio pode esconder maravilhas infinitas. Segundo ele, a arte é feita apenas de embriaguez e loucura. Em 1948, fundou uma sociedade para defender uma arte mais espontânea e não verbal, potente espiritualmente, com qualidades que expressassem culturalmente o primitivo. A força motriz por trás desses trabalhos foi a técnica, extraordinariamente nova usada por Dubuffet. Passou a combinar elementos com a tinta, como cimento, alcatrão, cascalho, folhagem, pó e até mesmo asas de borboleta (GALLO, 2008). O princípio que orienta a feitura de assemblagens é a estética da acumulação. Todo e qualquer tipo de material pode ser incorporado à obra de arte. O trabalho artístico visa romper definitivamente as fronteiras entre a arte e à vida cotidiana, ruptura já ensaiada pelo Dadaísmo . A ideia forte que ancora as assemblagens diz respeito à concepção de que os objetos díspares reunidos na obra, ainda que produzam um novo conjunto, não perdem o sentido original. Menos que síntese, trata-se de justaposição de elementos, em que é possível identificar cada peça no interior do conjunto mais amplo. A referência de Dubuffet às colagens não é casual. Nas artes visuais, a prática de articulação de materiais diversos numa só obra leva a esse procedimento técnico específico que se incorpora à arte do século XX, com o cubismo. Ao abrigar no espaço do quadro elementos retirados da realidade – pedaços de jornal, papéis de todo tipo, tecidos, madeiras, objetos, entre outros, a colagem liberta o artista de certas limitações da superfície. A pintura passa a ser concebida como construção sobre um suporte o que pode dificultar na assemblage o procedimento definir fronteiras rígidas entre pintura e escultura (GALLO, 2008). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 23 A assemblagem é baseada no princípio que todo e qualquer material pode ser incorporado a uma obra de arte, criando um novo conjunto sem que esta perca o seu sentido original. É uma junção de elementos em um conjunto maior. O princípio que orienta a feitura de assemblagens, portanto, é a “estética da acumulação”: todo e qualquer tipo de material pode ser incorporado à obra de arte (DUTRA, 2013). Como explica Gallo (2008, p. 6), assemblage faz uso de técnicas mistas na composição de suas obras. Metaforicamente, parece a trajetória humana, na qual nos utilizamos de vários artifícios para vivenciar nossas glórias e superar nossas dificuldades, compondo um grande mosaico de sentimentos, dúvidas e trajetória, o que faz de cada ser humano, da mesma forma que em obra de arte algo de único inestimável. Figura 7: Assemblagem. Fonte: http://nelyartesemfoco.blogspot.com.br/2013/08/assemblagem.html Segundo Philippini (2009, p. 84), “As assemblagens trabalham com a ideia de reunir materiais descartados, reordená-los e ressignificá-los, no entanto, são objetos maiores que apresentam uma relação com o universo tridimensional”. As assemblagens têm as propriedades de reunião, ordenação, ressignificação, percepção espacial, reutilização, integração e reencantamento do olhar (PHILIPPINI,2009). A assemblage nos remete a caixa de Pandora, expressão utilizada para designar qualquer coisa que incita a curiosidade, mas que é preferível não tocar Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 24 (como quando se diz que “a curiosidade matou o gato”). Existem algumas semelhanças com a história judaico-cristã de Adão e Eva em que a mulher é, também, responsável pela desgraça do gênero humano. Figura 8: Caixa de Pandora. Fonte: http://notivagosodiapelanoite.blogspot.com.br/2016/01/o-misterio-da-caixa-de-pandora.html A caixa de Pandora como suporte de todas as coisas do mundo, analogicamente pode ser comparada ao ser humano composto de tantas emoções e contradições, que se desenrolam de diferentes formas, e que variam de indivíduo para indivíduo, com suas diferentes assimilações de fatos, reações e interações a estímulos externos que podem ser positivas ou negativos. No que se refere à materialidade, é impossível ignorar a coincidência, já que é muito comum, quando trabalhamos com assemblage em Arteterapia que, os pacientes optem pelo uso da caixa como suporte, para explicar seus conteúdos, e nela ressignificando seus objetos. Ainda no que se refere ao mito, da caixa de Pandora, só não sai a esperança que é um elemento fundamental no processo terapêutico pois, sem esperança é impossível almejar qualquer melhora física e mental. A esperança possibilita a crença no recomeço, no renascer, na expectativa de melhora e tudo mais que serve para impulsionar alguém que passa por Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 25 dificuldades. O uso da assemblagem em Arteterapia, é um caminho expressivo pleno em possibilidades, ressignificando objetos temos uma trilha infinita de recursos criativos, é possível trabalhar com qualquer objeto, que pode expressar qualquer conteúdo que a pessoa deseje comunicar, fazendo deles um grande mosaico de emoções, construindo assim verdadeiros relicários da memória (GALLO, 2008). 1.6 Modelagem A modelagem é uma técnica que utiliza materiais pastosos como massa caseira, argila ou barro, cera de abelha, plasticina, papel machê e massa de modelar. Ela traz a possibilidade de fazer emergir algo que está plasmado de modo bidimensional, traz a criação de um estado de concretização visual distinta e necessária para a compreensão de significados como, principalmente, nos casos de trabalhos com clientes muito literais ou atados aos objetos (URRUTIGARAY, 2011, p. 68). A sensação de estar em contato com a argila ou barro, por exemplo, pode ser muito gratificante ou não. Urrutigaray (2011, p. 68) fala que a argila é o material mais próximo de um sentido visceral. Devido a seu aspecto, traz em si uma modalidade de ênfase ao trabalho com as mãos propulsoras de imagens de experiências mais fortes, mais viscerais, que usualmente encontram-se dificultadas na sua expressão, verbalização, em virtude da interferência da consciência do ego. Nesse sentido, a argila age como transformadora, de um estado de desencontro para um estado de equilíbrio, podendo trazer à tona conflitos internos indesejáveis. Por ser facilmente moldável, integra o ser com o mundo exterior, mostrando que pode adaptar-se às situações. Sendo fluida, recebe projeções do inconsciente favorecendo ao manipulador a libertação das tensões, fadigas e depressões. Como o trabalho pode ser feito e refeito, a argila também promove o desenvolvimento da autoconfiança a quem pratica (URRUTIGARAY, 2011). Philippini (2009) elenca outras propriedades da argila: uso e indicação de ser relaxante e liberadora de tensão; da percepção de tridimensionalidade; do desenvolvimento de coordenação motora; propicia a consciência de volume, peso e Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 26 temperatura; estimula a percepção tátil; a percepção e ativa a agilidade e flexibilidade manual e coordenação motora e, por isso, se constitui em um suporte terapêutico capaz de promover transformações intensas. Figura 9: Argila. Fonte: http://priscilamorari21.blogspot.com.br/2014/05/maos-na-argila-para-ampliar-perspectivas.html A autora citada acima chama a atenção para o fato de que: [...] a modelagem em Arteterapia só deve ser utilizada depois de algumas experiências no plano bidimensional, salvo em situações em que o cliente já inicie o processo trazendo experiências anteriores com modelagem. Esta preocupação deve-se ao fato que esta linguagem plástica oferece algumas dificuldades operacionais e inaugura experiências no plano da tridimensionalidade, envolvendo desafios de organização espacial e capacidade de formar estruturas, mantê-las em equilíbrio, além de intensificar experiência com o tato, envolvendo sensações com texturas e relevos (PHILIPPINI, 2009, p. 72). Na promoção da catarse, o contato corporal com a matéria favorece o alívio de tensões acumuladas internamente que necessitam de um canal de descarga. A criação pela modelagem do barro produz uma imagem cheia de vivacidade sugerida pela tridimensionalidade da forma que alimenta a fantasia tornando-a mais próxima e real. A imagem do sentimento é sentida nas próprias mãos. Segundo Gouvêa (1989, p. 84), a imagem gerada pelo barro revela e esconde: “Do encontro com o barro despontará um ego concreto que será, antes de tudo, fruto de um desejo liberado do indivíduo”. A argila pode ser aplicada a várias populações: crianças, pacientes psicóticos, famílias e idosos. Em crianças com perturbações da aprendizagem e perturbações do comportamento é particularmente indicada. Para jovens Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 27 marginalizados, ou idosos institucionalizados, a execução de coisas “úteis” significa reconhecimento de capacidades pessoais. A produção de cerâmica pode fornecer- lhes competências artísticas. Em grupos ou individualmente, com abordagem diretiva e temática, favorece a participação ativa do(s) paciente(s) integrando conceitos cognitivo-comportamentais. Da Educação Artística e de Psicopedagogia (MARTINS, 2012). A motricidade fina pode ser estimulada com a modelagem do barro, entretanto, não é aconselhado para pessoas com essa capacidade extremamente comprometida. Enfim: a criação através do barro pode integrar vários outros recursos técnicos: pintura, desenho, colagens, jogos dramáticos, marionetes, tabuleiros de areia, expressão corporal, música, escrita livre, histórias, entre outros. A integração deixa o trabalho com o barro, bem como o processo de elaboração terapêutica, mais rico, principalmente com pacientes com dificuldades iniciais na modelagem. A expressão elaboradada criação pode acabar por ser desenvolvida através de outro recurso, e a peça “mal feita” é valorizada sendo integrada a outro mediador (MARTINS, 2012). 1.7 Tecelagem O conceito de tecelagem no mundo comum é o ato de tecer, através do entrelaçamento de fios de trama (transversais) com fios de teia. Em Arteterapia, a tecelagem é uma estratégia que pode propiciar as percepções que a pessoa tem do mundo. Possui as propriedades de reunir; tramar; estruturar. A tecelagem favorece a concentração, a organização e o desenvolvimento psicomotor, desde que os teares e as técnicas sejam simples (DUTRA, 2013). Philippini (2009, p. 60) esclarece que [...] a origem do ato de tecer perde-se na noite dos tempos da memória humana. Surgiu da necessidade de cobrir e proteger o corpo das intempéries. A criatividade inerente ao ser humano cuidou de transformar a necessidade de sobrevivência em necessidade de expressão artística. Assim foram surgindo os tecidos mais elaborados [...] no contexto arteterapêutico, a produtividade da tecelagem é grande: tecer, tramar, urdir, [...] dominar o fio e com ele formar estruturas. No imaginário coletivo, as analogias são claras: ‘- perder o fio da meada - estar todo enrolado - e tricotando (com as amigas faladeiras) - achar o fio da meada - deu um nó Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 28 (quando a situação fica complexa) - a linha da vida (passagem cronológica do tempo)’. Figura 10: Tecelagem. Fonte: https://portalfloresnoar.com/floresnoar/oficina-de-tecelagem-artesanal-na-arteterapia-dia-12- de-setembro/ O tecido é composto por fios, que, por sua vez, são compostos por fibras. Das propriedades dos fios depende a qualidade do tecido. Os fios podem ser naturais, derivados de plantas e animais, ou criados pelo homem. As fibras usadas são o algodão, o linho, a lã e a seda. Atualmente, temos inúmeras fibras sintéticas, próprias para serem tecidas, mas podemos utilizar as mais diferentes fibras: cânhamo, ráfia, rami ou outro material que possa ser tecido. A utilização de materiais recicláveis como tiras de sacolas plásticas de supermercado e também tiras de restos de tecidos utilizados na confecção de vestuários integra a tradicional técnica da tecelagem manual numa visão ecológica. Esses materiais proporcionam também uma experiência de ressignificação daquilo que era uma coisa em sua essência, e que pôde ser transformado em algo que não era sua propriedade primordial, tal como em alguns momentos de nossas vidas (DUTRA, 2013). 1.8 Escrita criativa A escrita criativa refere-se à forma de utilizar a palavra através de processos de desbloqueio criativo, levando quem experimenta a uma condição propiciatória para que suas palavras sejam geradoras de outras, sendo este caminho propício Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 29 para a produção e criação de textos e escritas diversas sobre si, sobre as coisas e sobre o mundo (DUTRA, 2013). A escrita criativa em Arteterapia não tem como finalidade o exercício de gramática e ortografia, mas, apenas, um produtivo recurso para ativação do processo criador por possibilitar a emergência de símbolos inconscientes e, com isso, novas informações, muitas vezes sombrias e desconhecidas, poderão ser trazidas à consciência, favorecendo o desbloqueio do potencial criativo. Como modalidade terapêutica a escrita criativa tem uma importante função: possibilitar que o indivíduo escreva para compreender a si mesmo, pois, as palavras guardam em sua essência imagens diversas, que podem surgir em associações livres, produtos da singularidade e da subjetividade de cada um. Uma forma habitual de se utilizar a palavra no processo arteterapêutico é através de processos de desbloqueio criativo, levando quem experimenta a uma condição propiciatória para que suas palavras gerem mais palavras. Sendo este caminho propício para a produção e a criação de textos e escritas diversas (PHILIPPINI, 2009, p.108). Philippini (2009) ainda destaca que nesse processo, uma sucessão de palavras, tendo ou não significados reconhecidos através de uma cadeia de associações livres, poderá gerar grupos de imagens, que por sua vez, gerarão outras novas imagens. Outras estratégias abrangidas pela escrita criativa são: o exercício de livre associação sobre imagens plásticas produzidas, e sua posterior codificação pela escrita, a catalogação de imagens através de títulos e a criação de textos a partir destes escritos iniciais. A escrita criativa possui: � indicações e propriedades de ordenação de temas; � interação entre o campo simbólico de imagens e palavras; � fluência de comunicação; � diálogo silencioso entre fragmentos de si mesmo; � escrita como geradora de imagens plásticas; � documentários de afetos; � simplicidade operacional; � escrever para compreender; � acesso gradual a conteúdos do inconsciente; escrita como desenho de sons internos ou externos; � desbloqueios criativos”; e outros. (PHILIPPINI, 2009). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 30 1.9 Sucata O trabalho com sucata estimula a reconstrução, a criatividade, as percepções, a atenção, a construção, a transformação, o concreto e a mudança. É um material transformador. O que antes poderia ser lixo, agora é reaproveitado. Pode-se utilizar qualquer material reaproveitável. Material: diversos, plásticos, vidros, papéis, madeira, entre outros. Procedimento: livre. Por poder ser aplicado à pintura, à colagem e à modelagem, é uma atividade complexa, que mobiliza o conteúdo interno, e transforma-o, reaproveitando-o de forma benéfica. O terapeuta precisa estar atento porque é uma atividade de muita sutileza (GOUVÊA, 2015). Guarde... Valladares (2001) lembra que o indivíduo deve ser instrumentalizado de forma adequada, ou seja, deve receber material apropriado para executar sua criação que dessa forma surge espontaneamente, agilizando-se a expressão da pessoa, pois não havendo preocupação de domínio da técnica, ocorre o fluir natural de sua subjetividade. As modalidades expressivas mais utilizadas em Arteterapia são: a) desenho – objetiva a forma, a concentração, a coordenação viso-motora e tem função ordenadora; b) pintura – a fluidez da tinta induz o movimento de soltura, atuando sobre os mecanismos defensivos de controle; c) colagem/recorte – favorece a organização de estruturas pela junção de formas prontas; d) gravura – possibilita a reprodução em série e tem função multiplicadora; e) tecelagem – trabalha a coordenação viso-motora, a disciplina e o ritmo; f) modelagem – atividade sensorial, trabalha o toque das mãos; g) escultura – possui função estruturadora, libera a criatividade exercitando o desapego; h) construção – trabalha a estruturação e a organização tridimensional, exigindo mais elaboração; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais.Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 31 i) teatro – possibilita a experimentação de novos papéis, a criação de histórias e personagens; j) tabuleiro de areia – permite a criação de cenários e cenas tridimensionais, numa caixa de tamanho específico, utilizando areia, água e miniaturas realistas; k) escrita criativa – escrever livremente, sem a utilização de pontuação ou uso de borracha, sobre determinado trabalho artístico executado anteriormente ou sonho, contando ainda com a possibilidade de erros gramaticais e de ortografia, possibilitando que os conteúdos inconsciente aflorem facilmente para a consciência. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 32 UNIDADE 2 – ARTETERAPIA NO TRABALHO COMUNITÁRIO 2.1 Trabalho com mulheres em ateliê arteterapêutico – relato de experiência Para Barcellos (2004), a opção por trabalhar em grupo decorre da troca entre os integrantes ser extremamente rica, pois um indica ao outro novas possibilidades de ser e de viver. Além do mais, cada um dá suporte ao outro em momentos de intensa emoção. Para ela, é muito significativo poder constatar quanto cada um cresce ao trabalhar e elaborar seus conflitos, compartilhando seu trabalho individual com os demais em um espaço comum. A importância do trabalho arteterapêutico em grupo também reside no fato de haver uma estreita relação entre a integração do grupo e a criatividade alcançada. Quando cada integrante do grupo consegue expressar-se com maior liberdade e aceitação, construindo e produzindo um trabalho artístico que revela seu potencial criativo, ele adquire maior confiança em si. Pode, então, interagir mais facilmente com o outro, favorecendo oportunidades que o ajudam a descobrir-se e revelar-se. É um pouco o que Carl Rogers denomina “tornar-se pessoa”. A evolução dos grupos é um processo que passa por três fases: individuação, identificação e integração. A autora acima exemplifica as etapas do trabalho arteterapêutico com mulheres. Em um grupo de mulheres com o qual trabalha, a autora percebe como figura o aspecto da individuação da mulher madura que, aos quarenta anos, percebe-se cristalizada em uma situação de vida muitas vezes resultante de circunstâncias e papéis repetidamente assumidos e introjetados. Nesse processo cultural e coletivo, ela quase se perde. No entanto, no decorrer do trabalho, a necessidade de individuação e a figura de cada uma vai despontando no grupo, pois, independentemente da natureza dos trabalhos e da organização formal do coletivo, cada integrante tende a querer se afirmar e a se fazer aceitar como indivíduo. A aceitação na diferenciação, necessidade fundamental de cada uma, vai se delineando pouco a pouco, em um processo que inclui até intensas confrontações e demarcações de espaço em trabalhos coletivos. Surgem divergências de personalidade e de pensamento, que interrompem, em alguns momentos, o Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 33 processo de integração. Emergem, com frequência, os paradigmas que todos temos de certo e errado, de bonito e feio, de bom e ruim, de estético e antiestético, entre outros, de “eu” e “tu”. Contudo, atitudes aparentemente negativas, como monólogos, o prazer em “detalhar suas biografias” (centro no “eu”) ou até as interferências no trabalho do outro (centro no “tu”), trazem para o momento do encontro ocasiões privilegiadas para que o arteterapeuta perceba que a primeira tarefa a ser desenvolvida com o grupo é o cuidado na aceitação de si mesmo e na aceitação do outro, por parte de cada integrante do grupo. Na segunda etapa, o grupo passa à fase de identificação. À medida que prossegue o processo arteterapêutico, com o entrelaçamento de atividades individuais e trabalhos coletivos na dinâmica do grupo, cada um vai se identificando com o espaço e com os demais. Já se fala e se ouve; comparam-se os trabalhos (o meu e o do outro) com observação das diferenças e sem tantos vínculos com o certo ou o errado: percebe-se a autoidentificação e a identificação do outro, é o caminho de superação do monólogo. O foco, seja no “eu”, seja no “tu”, se desestrutura e reestrutura... Essa fase será mais longa quanto mais heterogêneo for o grupo. Quando cada um se sente plenamente aceito, quando seus trabalhos, muitas vezes apresentados timidamente, começam a ser percebidos e admirados pelo grupo, acontece a integração. O indivíduo sente-se à vontade e até sua capacidade verbal é enriquecida. Cada um já consegue visualizar outros modelos e possibilidades para sua dinâmica de vida. Cada um se dispõe, mais tranquilamente, a perceber e analisar seus processos, revendo suas atitudes na relação consigo e com o outro. O grupo está, então, vivendo a terceira fase. Verdade seja dita, a mulher vive em constante busca/luta pelo seu espaço na sociedade e mesmo no seu mundo interno. Essa busca de individuação esbarra nas diferenças entre o masculino e o feminino, que aparece com menor ou maior força, mas quase sempre ocorre nos domínios inconscientes. Muitas vezes, mergulhada em seu mundo interno, ocupada com as descobertas sobre si, sente-se só. Contudo, a solidão pode ser enriquecedora, se orientada para a autoanálise das próprias realizações e barreiras vencidas. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 34 A mulher, nessa fase, terá de dar ouvidos aos sinais emergentes em seu interior, perceber e levar em conta suas sensações, intuições e ideias. Reencontrar o próprio traço, escolher livremente cores e texturas, são passos usados por essa mulher no encontro conciliatório consigo mesma. A individuação do “eu” vai pintando suas cores, preenchendo espaços. No papel, nas tintas, na tela, na modelagem, vai se modelando essa mulher. Ela descobre que a outra metade da vida constitui um novo quebra-cabeças, bem como as novas percepções dão novo significado à sua vida e recuperam sua autoexpressão – talvez um dia não aceita, não valorizada. Toda mulher possui uma vida secreta, pensamentos e sentimentos ocultos e, por mais que estes estejam enfraquecidos, quer descobrir-se inspiradora, intuitiva e criadora. Um anseio que brota quando percebe quão pouco tempo dedica ao desejo de sondar sua vida criativa. O arteterapeuta deve investigar a origem da conduta de cada mulher na expectativa de vê-la e conhecê-la melhor. Por exemplo: se em sua história, ela ocupou seu espaço primeiro com o cuidar do casamento, do companheiro e dos filhos, deixando suas oportunidades criativas adormecidas e, muitas vezes, inibidas pelo olhar crítico da sociedade e por padrões rígidos socialmente impostos. Por outro lado, há nessas mulheres necessidade de buscar um caminho para chegar a um eu mais profundo. E a atividade artísticaé um caminho maravilhoso para isso. Se o silêncio da autoexpressão na vida tem de ser rompido, o grito de seu potencial pode ser expresso em formas e cores. A linguagem artística, capaz de dar lastro ao olhar e ao sentir, opera mudanças em seu ser, capacitando-a a preencher um espaço mais íntegro na sociedade. Integração essa que se faz somando o “eu” e o “tu”. Com certeza, como diz Barcellos, é um objetivo ambicioso do trabalho arteterapêutico oferecer a este ser a oportunidade de expressar-se como mulher, buscando a forma criada e criadora. É preciso, em cada encontro, em cada sessão, trabalhar o nível sensório- motor, explorando o ver, o sentir, o tocar, o pensar e o transmitir, utilizando uma sequência de ideias e técnicas que, em um crescendo, de certo modo vão conduzindo ao autoconhecimento. Uma variada gama de temas e materiais é Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 35 proposta em uma sequência intencional que favorece a consciência do eu e do mundo. Textos sobre geometria, pintura e poesia, entre outros, têm sido utilizados como elementos desencadeadores de reflexões que, em muito, enriquecem esse caminho de autoanálise a partir do que as mãos estão criando. Favorecem também a compreensão e a expressão desse trajeto. No exercício da análise formal, a autora procura estabelecer relações de significado entre o traçado de linhas, cores e formas, aproveitando a riqueza do simbolismo desses elementos geométricos que, em sua dinâmica, espelham o modo de ser de cada uma. Em suma, a arte convida-a a perceber o objeto. Toda a riqueza da obra se revela e toma forma aos poucos, diversificando o fundo, revelando figuras que emergem, assegurando um suporte para novos acontecimentos. Reconhecendo as próprias autoconfigurações, a mulher pode, usando diferentes materiais, ir velando uma cor e realçando outra com movimentos do pincel, diluindo pontos de tensão e figuras cristalizadas. A criatividade é construída no dia-a-dia. A autotransformação vai sendo modelada na busca da individuação, à medida que se conquista equilíbrio e criam-se novas formas. Cada ordenação leva a um produto diferente, pois as possibilidades são múltiplas no caminho da arte, e mediante intervenções mais dirigidas, essa mulher pode fechar gradualmente o ciclo de perguntas e respostas das situações que se apresentam durante sua trajetória. Figuras formam-se e “desformam-se”, abrindo-se para outras novas figuras porque, como diz Fischer (1987, p. 18), “a função da arte é refundir esse homem, torná-lo de novo são e incitá-lo à permanente escalada de si mesmo”. Dinamismo da arte que, na sua expressão plena, busca a plenitude no dinamismo da vida. 2.2 Arteterapia familiar Se fôssemos começar nosso tópico pelo conceito de família, teríamos algumas dificuldades de imediato, afinal de contas, as mudanças foram muitas nos últimos tempos, mas concordamos com Correa (2000), quando diz que a despeito dessas mudanças, entende-se ser possível afirmar a presença, na família, de laços Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 36 de aliança, filiação e fraternidade, cujas relações são influenciadas pelo fenômeno da transmissão psíquica geracional. O fenômeno da transmissão psíquica geracional é entendido como o processo de transmitir conteúdos psíquicos de uma geração à outra, por vezes de forma consciente e passível de elaboração, quando é intitulada como transmissão intergeracional. Outras vezes ocorre por uma via inconsciente, usualmente quando se trata de conteúdos traumáticos, transmitidos de forma bruta, sem elaboração, razão pela qual é denominada como transmissão transgeracional (SCORSOLINI- COMIN; SANTOS, 2016 apud FRANCO; ALMEIDA, SEI, 2016). Mas como podemos utilizar a Arteterapia para as “interações” familiares? Sendo um sistema aberto e com capacidade de transformação, a família está sempre na busca de novas soluções para situações diversas, uma vez que vivencia padrões recorrentes e previsíveis que refletem as tensões, filiações, hierarquias, que possuem um significado para os comportamentos e relacionamentos estabelecidos. A família é um sistema no qual ocorrem alianças, organizam-se hierarquias, definem-se caminhos e tomadas de decisões. Em se tratando da terapia familiar esta pode: � melhorar a comunicação; � desenvolver a autonomia; � desenvolver a individualização; � descentralizar e flexibilizar; � reduzir conflitos interpessoais; � melhorar o desempenho individual. Observa-se que a terapia familiar se apresenta como um tipo de intervenção complexo, haja vista a presença de indivíduos de variadas idades na sessão (MANICOM; BORONSKA, 2003 apud FRANCO; ALMEIDA, SEI, 2016), configurando-se como um grupo, cuja formação transcende o setting terapêutico (KWIATKOWSKA, 2001 apud FRANCO; ALMEIDA, SEI, 2016), com uma dinâmica própria de comunicação (SEI, 2003). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 37 De acordo com Scharff (2006 apud SEI, 2009), no setting terapêutico devem estar presentes crianças, adolescentes e adultos, visto que esta composição colabora para uma melhor compreensão da família ao tornar visíveis problemas mais profundos, fato que facilita uma intervenção mais precoce. Visto que cada familiar possui uma maneira singular de falar, sentir e agir, deve-se empregar diferentes estratégias para facilitar a comunicação e o desenvolvimento dos integrantes do grupo familiar. Quando se inclui a criança, é pertinente a abertura de um espaço para o lúdico, pois o brincar mostra-se como o meio de comunicação da criança, que deve ser valorizado pelo terapeuta e com a mesma importância da comunicação dos demais participantes. Assim, é possível notar as comunicações inconscientes tanto por meio de palavras, silêncios e gestos, como também através da linguagem lúdica característica da criança. Diante desse panorama, acredita-se que há benefícios na utilização de recursos artístico-expressivos no contexto terapêutico (SEI, 2011). Segundo Riley (1998), a Arteterapia familiar contribuirá para que a família construa uma “visão criativa e inovadora” de seus processos, quando entendemos que o objetivo principal da Terapia e da Arte, é mudar uma percepção básica, de modo que a pessoa veja de forma diferente. Com a introdução do novo ou do inesperado, é quebrado um quadro de referência e a estrutura da realidade é harmonizada. Ainda, segundo a autora, quanto mais elementos ou dimensões – visual, auditiva, sinestésica – forem atendidas ou compuser a intervenção, mais efetivamente ela possibilitará mudanças. Dentro do método arteterapêutico, Riley (1998) elenca os seguintes aspectos a serem considerados: � ver a família como um sistema; � usar conotação positiva; � prescrever o sintoma; � utilizar metáforas; � entender o ritual familiar; � entender o duplo vínculo terapêutico; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo
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