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Módulo 4 - Exames em vidros Apresentação do módulo

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Módulo 4 - Exames em vidros 
 
Apresentação do módulo 
 
O exame em vidros rompidos por projéteis em locais de crime possui 
peculiaridades e características singulares. Pela análise da ruptura, muitas 
informações importantes para a compreensão da dinâmica da cena de um 
crime podem ser obtidas, como a direção e sentido dos disparos e, no caso 
de mais de um disparo, independente do sentido, o estabelecimento da 
ordem cronológica destes disparos. 
 
Os exames dos cones de fratura e das linhas de fraturas (radiais e 
concêntricas) podem representar os únicos vestígios materiais capazes de 
esclarecer a dinâmica de um fato delituoso, quando este aconteceu dentro 
de um veículo. 
 
Alguns aspectos nos exames de vidros rompidos por projéteis merecem 
especial atenção, como os vidros laminados, comumente utilizados em 
veículos. Neste caso, a utilização de produto sintético na laminação resulta 
em um comportamento com características próprias, que pode representar 
cuidados a serem adotados quando do exame pericial. 
 
Outro ponto de destaque são os vidros utilizados em veículos blindados. Os 
vidros utilizados nesses veículos são resistentes aos impactos de projéteis 
de armas de fogo, uma vez que não existem vidros totalmente blindados. 
Para a análise desses vidros é necessário seguir padrões normativos, como 
por exemplo os que são adotados pelo National Institute of Justice (NIJ) - 
EUA. 
 
Neste módulo você estudará sobre esses exames. 
 
 
 
Objetivo do Módulo 
 
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: 
 
 Identificar o sentido da força que produziu a ruptura no vidro, pela 
análise do cone de fratura; 
 Identificar a inclinação dessa trajetória do projétil pela análise do 
cone de fratura e pela distribuição das linhas radiais e 
concêntricas; 
 Estabelecer a ordem cronológica dos disparos, no caso de placas 
de vidro atingidas por mais de um projétil; 
 Conhecer outros métodos para confirmar a trajetória, caso a 
análise menos acurada do cone de fratura conduza a enganos pela 
plasticidade do material sintético que o forma; 
 Identificar as falsas zonas de tatuagem e esfumaçamento 
deixadas nas lesões pela interação entre projétil e vidros 
rompidos; 
 Reconhecer os cuidados a serem tomados quando o local é fruto 
de incêndio. 
 
Estrutura do Módulo 
 
Aula 1 – Exames de vidros em locais de crime 
Aula 2 – Exames em superfícies transversas 
Aula 3 - Fratura em lâminas de vidro por projéteis com baixa velocidade 
Aula 4 – Falsa tatuagem 
Aula 5 – Outros pontos importantes em relação a exames em vidros 
 
 
 
 
Aula 1 - Exames de vidros em locais de crime 
 
O exame de vidros fraturados em locais de crime permite conhecer detalhes 
importantes para a determinação da dinâmica de um evento, além de 
possibilitar, em muitos casos, a identificação presumida dos autores. 
 
Mesmo que os vidros, como geralmente ocorre nos locais de crime, 
apresentem-se reduzidos a fragmentos (produzidos a partir de vidraças de 
janelas, garrafas ou copos, dentre outros objetos), certamente, parte 
desses fragmentos poderá estar aderida ou mesmo incrustada, 
temporariamente, às roupas, nos sapatos ou no próprio corpo do suspeito. 
 
Da mesma forma que fragmentos de faróis, para-brisas ou retrovisores, em 
muitos casos, permitem identificar a marca e o modelo do veículo envolvido 
em ocorrência de trânsito, a justaposição destes fragmentos, previamente 
coletados no local do fato, com as partes restantes presas ao veículo 
envolvido também possibilitará várias informações, principalmente, quando 
justaposição, que aquele veículo em particular foi o veículo envolvido na 
ocorrência em apuração. 
 
Vale ressaltar, ainda, que as placas de vidro são suportes ideais para a 
coleta de impressões digitais ou a deposição de outros vestígios, como 
resíduos secundários de disparos, poeiras e outros. 
 
A interação de projéteis de armas de fogo e placas de vidro apresenta 
características singulares de grande interesse para os peritos em locais de 
crime, pela determinação de elementos essenciais para a compreensão da 
dinâmica do fato ocorrido, tais como o sentido do disparo, a ordem destes 
disparos, dentre outros dados importantes. 
 
 
 
Essas interações serão estudadas neste módulo. 
 
1.1 Interação de projéteis contra placas de vidro 
 
Determinar o sentido de aplicação da força que resultou em partir uma 
placa de vidro, durante o levantamento de um local de crime, ou a ordem 
cronológica dos disparos quando diversos projéteis atingem uma mesma 
vidraça, constituem-se em questões muito importantes para estabelecer a 
dinâmica do ocorrido. 
 
Geralmente, um projétil, ao atravessar uma placa de vidro em alta 
velocidade, produzirá ali uma perfuração de bordas tendentes a regulares, 
com o formato que irá variar conforme o ângulo de disparo, apresentando, 
ainda, linhas de fraturas radiais e concêntricas, entre outras características. 
Nos casos de um projétil que esteja no final de sua trajetória quando atinge 
a placa de vidro, animado com baixa velocidade, em função do maior tempo 
de contato com o vidro, ele comporta-se como a maioria dos objetos de 
massa considerável e pequena quantidade de movimento, resultando, 
muitas vezes, no estilhaço da placa de vidro. Contudo, podem apresentar 
um comportamento ligeiramente diferenciado, como será estudado mais a 
frente. 
Nos casos de disparos efetuados com a boca do cano da arma relativamente 
próxima da placa de vidro pode, também, verificar-se a ruptura estilhaçada, 
em função da súbita liberação dos gases oriundos da queima de 
propelentes, exercendo uma pressão não mais concentrada sobre um 
ponto, porém distribuída devido à expansividade dos gases. 
 
1.1.1 Sentido e trajetória do disparo 
 
 
 
 
 
Quando do impacto de projéteis de armas de 
fogo contra lâminas de vidro, geralmente, 
observa-se como resultado dessa transfixação 
uma figura espacial semelhante a um tronco 
de cone na superfície onde ocorreu o impacto, 
produzindo um orifício cujo diâmetro é 
significativamente menor do que o orifício 
verificado por ocasião da saída na mesma 
placa de vidro. 
 
Na fotografia 47 verifica-se, em primeiro plano, um orifício de maior 
diâmetro, característico do plano de saída da placa de vidro, (indicado com 
seta e a letra A e ainda, o tronco de cone e a regularidade do orifício no 
plano de entrada indicado com a letra B). 
 
Nos casos de impactos diretos, 
sem que o projétil tenha sofrido 
impactos anteriores, com uma 
trajetória praticamente em 
ângulo reto com a placa de 
vidro, tanto o orifício de entrada 
quanto o orifício de saída 
apresentam um formato 
tendente a circular. 
 
 
 
 
Fotografia 47. Foto operada em exame 
de local do ICDF, de propriedade 
daquele Instituto, que mostra lâmina de 
vidro atingida por disparo de arma de 
fogo cujo plano fotográfico mostra a 
saída do projétil de arma de fogo. 
 
Fotografia 48. Foto operada em 
exame de local do ICDF, de 
propriedade daquele Instituto, que 
mostra tanto o orifício de entrada 
quanto o orifício de saída, com 
lâmina de vidro atingida por disparo 
de arma de fogo, cujo plano 
formato tendente a circular. 
 
 
Quando a trajetória do disparo for oblíqua à placa de vidro, os orifícios 
verificados na entrada e saída dessa placa apresentarão formato tendente a 
elíptico. A inclinação da trajetória pode ser inferida em função dos eixos da 
elipse. Observa-se que a menor porção do eixo maior (dividindo-a em eixos 
ortogonais, o quadrante de menor propagação de fraturas e de menor raio) 
está orientada no mesmo sentido desta trajetória e, ainda, que a maior 
perda de material constituinte, na superfície contrária ao impacto (saída) se 
dará no vértice oposto à posição do atirador. Veja a figura 3. 
 
Independente do ângulo do disparo, a consideração a respeito do maior 
diâmetro observadona saída do que na entrada permanece válida, variando 
apenas o formato da figura quando vista no plano. 
 
 
Como regra geral, é fácil determinar a 
direção de onde partiu o disparo que 
transfixou uma placa de vidro, 
considerando que o orifício produzido 
pela passagem de projétil de arma de 
fogo será sempre maior no lado onde 
ocorreu a saída. 
 
 
 
 
 
 
Especificamente para o caso de projéteis de armas de fogo, as 
características básicas a serem analisadas, que deverão estar sempre 
presentes, em maior ou menor intensidade são: 
 
 
 
Sentido da Trajetória 
 
Figura 3 - Desenhada pelo autor. Nela, 
observa-se o formato elíptico do orifício e o 
sentido da trajetória, determinado pelos 
eixos da elipse. 
 
 
 
 Cone de ruptura; 
 Linhas de fraturas radiais (rupturas radiais); 
 Linhas de fraturas concêntricas (rupturas concêntricas); 
 
Estude a seguir cada uma delas. 
A figura 2 
 
 Cone de ruptura 
 
Ao se aplicar uma força concentrada 
em um ponto, essa força gera na 
superfície circundante ao ponto de 
aplicação, um esforço de compressão 
que resulta em compelir, direcionar 
as estruturas moleculares para o 
ponto de aplicação da força. 
 
No lado oposto à superfície na qual se aplica a força, o esforço resultante é 
de tração, tendendo a afastar a estrutura molecular do ponto onde é 
aplicada a força. A dinâmica de esforços relatada é a que ocorre quando do 
impacto de um projétil de arma de fogo sobre uma placa de vidro. No ponto 
de impacto têm-se a aplicação da força na superfície que se verificou a 
entrada, nesse caso, o esforço é o de compressão; no lado oposto (o da 
saída), o esforço verificado é o de tração. Como resultado, observa-se uma 
ruptura de formato cônico, com maior perda de material no lado que se 
verifica o esforço de tração provocando o corte irregular (denteado) do 
vidro neste ponto. (cone de ruptura). 
 
 
 
 
Figura 4. Desenhada pelo 
autor. Nela observa-se o 
formato cônico do cone de 
ruptura. 
 
 
Logicamente, este resultado, embora 
ocorra com todos os vidros, só pode 
ser observado nas placas de vidro 
que permanecem nos seus suportes 
(esquadrias das janelas, borrachas 
dos automóveis, entre outros) ou 
apoiadas, sem se estilhaçar, apesar 
de perfuradas. A figura tendente a 
circular ou elíptica, decorre do 
movimento de rotação do projétil e, é 
observada em qualquer suporte. 
 
O cone de ruptura é observado também em outras superfícies ou suportes 
de disparo, como nos tecidos ósseos. 
 
 Linhas de fraturas radiais (rupturas radiais) 
 
Na certa, você já observou em uma placa de vidro atingida por uma pedra, 
projétil ou outro objeto rígido lançado contra ela, rupturas que partem do 
seu centro em formas de raios e rupturas que mais lembrariam 
circunferências irregulares propagando-se a partir do centro, como uma 
pedra na água. 
 
Como consequência da aplicação de força concentrada, resultante da ação 
de um projétil de arma de fogo ou qualquer outro objeto, surgem no vidro 
linhas de fraturas, que podem se estender até pontos relativamente 
distantes do ponto de impacto. Na superfície oposta ao choque ocorre o 
esforço de tração, como já descrito, o que traz como resultado a formação 
de linhas de fraturas radiais. As linhas de fraturas radiais são fendas que 
 
Figura 5 Desenhada pelo 
autor. Nela observa-se o 
formato, ainda que cônico, 
irregular do cone de ruptura, 
ocasionado pela inclinação da 
trajetória. 
 
 
 
partem do ponto de aplicação da força em todas as direções. O formato 
dessas linhas se aproxima ao de um segmento de reta. 
 
O desenvolvimento das linhas de fraturas radiais ocorre em função do baixo 
módulo de flexão dos vidros, e pode ser explicado da seguinte maneira: 
 
Quando a placa de vidro recebe o impacto 
em uma das suas superfícies, a força 
aplicada ao tentar deslocar a placa de vidro 
no seu sentido de aplicação faz com que 
essa placa se flexione, deformando-a. 
Devido à sua baixa flexibilidade, ela se 
estilhaçará ao longo das linhas de fraturas 
radiais, começando pelo ponto onde fora 
aplicada a força (orifício de passagem do 
projétil de arma de fogo). Estas rupturas 
radiais se originam na superfície oposta do 
ponto de aplicação da força no vidro, porque 
é nesta superfície que surge o esforço de 
tração, causando um progressivo 
afastamento das moléculas até ultrapassar 
a coesão molecular, quando então ocorre a 
fratura. 
 
 Linhas de fraturas concêntricas (rupturas concêntricas) 
 
 
 
 
Figura 6 - Desenhada pelo autor. 
Nela observa-se o deslocamento 
da placa de vidro e a formação 
das linhas de fratura. 
 
 
 
Enquanto estão sendo formadas as linhas de fraturas radiais, definem-se 
segmentos, compreendidos entre estas linhas, com formato semelhante a 
triângulos. Estes triângulos de vidro, formados entre as linhas radiais, 
também se curvam. Isso dá origem a um esforço de tração (antes somente 
compressão) na face frontal do vidro que, ao atingir o limite de flexibilidade, 
alcança a ruptura e causa a formação das linhas de fratura concêntricas. 
 
As linhas de fraturas concêntricas 
são rupturas de formato tendente a 
circular ou elíptico, conforme o 
ângulo de incidência, que circundam 
o orifício deixado pela passagem do 
projétil ou objeto que transfixou a 
placa de vidro. O conjunto das linhas 
de fraturas concêntricas apresenta o 
formato similar aos de propagação 
de ondas em meio líquido, causadas 
quando do impacto num ponto 
qualquer. 
 
As linhas de fraturas concêntricas originam-se na parte frontal do vidro, ou 
seja, no lado da superfície que sofreu o impacto. 
 
Pode-se afirmar que as rupturas radiais são formadas em consequência da 
ação e da força exercida pelo projétil. As linhas de fraturas concêntricas 
são ocasionadas, além da força, pela pequena elasticidade do vidro em face 
da pressão e das deformações definidas pelas fraturas radiais, sem as quais 
não ocorreriam. 
 
 
 
Fotografia 49. Foto operada em exame 
de local do ICDF, de propriedade daquele 
Instituto, que mostra as linhas de 
fraturas radiais e concêntricas. 
 
 
 
 
Como as fraturas concêntricas são 
formadas a partir das fraturas 
radiais, elas são limitadas por essas. 
Da mesma forma, na hipótese de 
uma placa de vidro ser atingida por 
mais de um disparo, as linhas de 
fraturas radiais do segundo disparo 
ficarão limitadas pelas linhas de 
fratura do primeiro disparo, no 
ponto de encontro dessas linhas. 
 
O mesmo se verifica com as linhas de um terceiro em relação ao segundo e 
ao primeiro. Este fato permite estabelecer uma cronologia dos disparos 
efetuados contra uma mesma lâmina de vidro, independente do sentido 
desses disparos, ou seja, mesmo que em sentidos opostos, é possível 
estabelecer a ordem cronológica dos disparos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7. Desenhada pelo autor. Mostra a 
interação das linhas de fraturas radiais 
sendo que as fraturas radiais do segundo 
disparo ficarão limitadas pelas linhas de 
fratura do primeiro disparo. 
 
 
 
Fotografia 50 Foto operada em exame de local do 
ICDF, de propriedade daquele Instituto, que mostra 
a interação das linhas de fraturas radiais, o sentido 
da força de produção de cada perfuração e a ordem 
dos disparos. 
A fotografia 50 foi operada do 
interior de um veículo, que se 
encontra em cima de um 
veículo reboque (guincho). 
Nela é possível definir o 
sentido da força de produção de 
cada perfuração e a ordem dos 
disparos. 
 
 
O mesmo pode ser observado na fotografia 51. Preste atenção na diferença 
dos cones de ruptura e na dificuldade em definir os encontros e origem das 
fraturas radiais. No entanto, é possível, apenas pela análise da fotografia 
estabelecer a ordem cronológica dos três disparos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fotografia 51. Foto operada em exame de local do ICDF, depropriedade 
daquele Instituto, que mostra a interação das linhas de fraturas radiais, e a 
ordem dos disparos. 
 
O estudo dos fenômenos descritos nesta aula possibilita descobrir, dentre 
outras, as seguintes informações: 
 
 Ponto do impacto; 
 Sentido da força que produziu a perfuração dos disparos; 
 Ângulo aproximado de incidência do disparo; 
 A ordem cronológica das perfurações. 
 
 
 
Aula 2 - Exames nas superfícies transversas 
 
 No exame da seção transversal de um fragmento de lâmina de vidro 
partido por força mecânica, verifica-se a presença de riscos, os quais 
começam perpendiculares em relação à superfície submetida a esforços de 
tração, e se curvam em relação à outra superfície; tais riscos são a 
propagação em escamas. 
Como você já estudou na aula anterior, o esforço de tração acontece na 
superfície oposta ao ponto de aplicação da força. 
 
 O professor Eraldo Rabello comenta sobre a propagação em escamas: 
 
(...)verifica-se que a fratura se propaga, aparentemente, em 
forma de onda, e que o seu plano, pois não é liso, porém 
ondulado por uma sucessão de figuras em escama, de 
forma conchoidal, paralelas entre sí e de contorno parabólico, 
sendo uma das extremidades da parábola perpendicular e a 
outra paralela às superfícies respectivamente adjacentes da 
lamina fraturada. Estas linhas são sempre perpendiculares ao 
plano da placa de vidro pelo qual a fratura se iniciou, e 
paralelas ao plano oposto da referida placa; por isso, nas 
fraturas radiais elas são perpendiculares à face que fica em 
oposição à origem do tiro e nas fraturas concêntricas, 
perpendiculares a face voltada para aquela origem.(...) 
(RABELLO, 1995, p. 416) 
 
Outra marca superficial de significativo interesse são pequenos filetes 
retilíneos, com origem na superfície que sofreu o impacto, que se 
desenvolvem perpendicularmente a essa superfície, no mesmo sentido ao 
da aplicação da força. A presença desses filetes deve-se, na maioria das 
vezes, a esforços de cisalhamento1. Desta forma, fica evidente que esses 
 
1
 é um tipo de tensão gerado por forças aplicadas em sentidos iguais ou opostos, em direções 
semelhantes, mas com intensidades diferentes no material analisado. Exemplo: a aplicação de forças 
paralelas, mas em sentidos opostos. É a típica tensão que gera o corte em tesouras. 
 
 
são formados a partir da superfície onde foi aplicada a força. A análise 
dessas marcas permite determinar o sentido da trajetória mesmo a partir 
de fragmentos. (RABELLO, 1995). 
 
Muitas vezes, nos casos de vidros partidos por projéteis de armas de fogo, 
só restam os fragmentos e a grande maioria deles fora da moldura das 
janelas. Contudo, na maioria das vezes, é possível determinar qual a 
superfície voltada para o lado exterior pelos desgastes produzidos por 
intempéries, pela aderência de sujidades e pelo sol, que acabam tornando a 
superfície mais áspera. A análise das marcas e filetes presentes na seção 
transversal permite determinar o sentido dos disparos. 
 
 
 
 
Figura 8 - Figura ilustrativa desenhada pelo autor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 3 - Fratura em lâminas de vidro produzida por projéteis com 
baixa velocidade 
 
Nos casos em que se verifica a transfixação da lâmina de vidro por projéteis 
com baixa velocidade, o cone de fratura é menos acentuado. O orifício de 
saída, embora maior que o orifício de entrada, não apresenta dimensões tão 
acentuadas como as deixadas por projéteis animados com velocidades bem 
maiores. As características dos orifícios de entrada e de saída no tocante ao 
formato circular ou elíptico permanecem as mesmas. 
A principal diferença deve-se ao menor número de fraturas radiais que 
apresentam e ao fato de serem menos sinuosas. Da mesma forma, o 
número de fraturas concêntricas também é menor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
De acordo com que comenta 
Barberá (1998), quando do 
impacto de projéteis animados 
com baixa velocidade (inferior a 
50 m/s), contra lâminas de vidro, 
este pode ou não produzir um 
orifício. Isso dependerá da 
espessura da lâmina de vidro, da 
massa e da velocidade residual do 
projétil. 
 
 
 
 
Figura 9. Ruptura por projétil com baixa 
velocidade (50 m/s) comparado a outra ruptura 
por projétil com velocidade intermediária (220 
m/s). Desenho ilustrativo de Celso Nenevê 
 
 
É importante observar que quando o projétil não consegue transfixar a 
lâmina de vidro devido à baixa velocidade associada à pouca massa e /ou à 
resistência da lâmina de vidro, pode ocorrer o desprendimento de um 
pequeno fragmento, de formato circular ou semicircular, do lado oposto à 
região impactada. Isso pode induzir a erro na interpretação do sentido da 
trajetória do disparo, uma vez que o orifício de maior diâmetro encontra-se 
do lado de onde provém o disparo. Exemplos da situação acima ocorrem 
com os projéteis (“chumbinhos”) desferidos por carabinas de ar 
comprimido. A análise do conjunto dos elementos (cone de fratura, fraturas 
radiais, fraturas concêntricas, a quantidade de fragmentos existentes em 
cada lado da lâmina de vidro e, em alguns casos, a presença do próprio 
projétil) permite definir o sentido da trajetória. 
Nos casos de projéteis animados com alta velocidade (acima de 600 m/s), 
as características são praticamente as mesmas dos projéteis com 
velocidades intermediárias (75 a 600m/s). Observar-se-á uma maior 
 
 
quantidade e menor extensão das fraturas radiais e concêntricas e uma 
grande desagregação do material constituinte, havendo perda, em parte, na 
região atingida, da característica translúcida do vidro, sendo esta 
substituída por uma tonalidade esbranquiçada. 
Aula 4 - Falsa Tatuagem 
É importante observar que quando uma pessoa encontra-se próxima a uma 
vidraça e é atingida por um projétil de arma de fogo, que transfixou essa 
vidraça, no momento da ruptura da lâmina de vidro pequenos fragmentos são 
projetados. Dependendo da distância entre a vítima do disparo e o vidro, esses 
fragmentos podem atingir a pessoa causando diminutas lesões (falsa 
tatuagem), que circundam o ferimento de entrada, deixando um aspecto 
semelhante àqueles verificados nas zonas de tatuagem. Essa semelhança 
permite interpretações equivocadas quanto à distância do disparo, sentido da 
trajetória e, ainda, posição relativa da vítima no momento em que foi atingida. 
Nesses casos, normalmente, verifica-se a presença de pequenos fragmentos 
incrustados no projétil que transfixou uma superfície de vidro, que podem 
definir, pelo simples exame do projétil, entre uma falsa tatuagem ou zona de 
tatuagem, uma vez que, é de se esperar que os efeitos secundários do disparo 
fiquem retidos na lâmina de vidro. 
 
 
 
 
 
 
Fotografia 52 
A fotografia 52 mostra os 
vestígios observados numa folha 
de papel, colocada atrás de uma 
lâmina de vidro de veículo dotada 
de película enegrecida, que foi 
atingida por projétil oriundo de 
disparo de calibre 5,56 x 45 mm, 
em distância superior a 20 
metros. O cartucho era do tipo SS 
106, o que resultou na 
fragmentação do projétil 
observada nas diversas entradas, 
o que pode não ocorrer para 
outros tipos de cartucho. Observe 
a posição de tonalidade escura, 
que facilmente poderia ser 
confundida com zona de 
esfumaçamento. Os pontos 
enegrecidos dispostos ao redor do 
orifício são minúsculos 
fragmentos de vidro que 
incrustaram no papel, com 
formato sugestivo de tatuagem, 
principalmente em se tratando de 
pele humana. 
 
Fotografia 52. Operada pelo autor em curso pela SENASP realizado na 
Academia Nacional de Polícia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na fotografia 53, percebe-se 
os momentos ligeiramente 
posteriores que um projétil 
transfixou as lâminas de vidro 
do veículo. Perceba a 
projeção de fragmentos de 
vidro, tanto no para-brisa 
onde sedeu a entrada, 
quanto na saída, assinalados 
pelas setas. 
 
Fotografia 53. Operada pelo autor em curso pela SENASP realizado no Rio 
de Janeiro. 
 
 
 
Aula 5 – Outros pontos importantes em relação a exames em vidros 
5.1 Reconstruções de placa de vidro (Total ou Parcial) 
 
Embora constitua tarefa extremamente trabalhosa e demorada, é possível 
reconstituir uma placa de vidro pela união dos seus fragmentos. O vidro, ao 
partir, deixa arestas bem definidas, o que facilita a justaposição de um 
fragmento a outro e, como um jogo de quebra-cabeça, faz com que seja 
possível reconstruir a placa, mesmo que de forma parcial, devido à ausência 
de parte dos fragmentos. Para reconstruir a placa de vidro, deve-se estar 
atento ao fato de que sempre, em um dos lados (geralmente nas faces 
externas), o acúmulo de sujeira será maior, e por isso apresentará um 
aspecto mais envelhecido. 
 
Uma vez determinada a diferença entre as duas faces de cada fragmento do 
vidro, os pedaços podem ser montados em um suporte e afixados com 
 
 
algum adesivo ou mesmo enumerados em sequência, o que irá facilitar a 
remontagem da placa em outro lugar e a qualquer tempo. 
 
Importante 
 
A melhor forma de preservar esta placa reconstruída é através de 
fotografias gerais e de detalhes, uma vez que, por mais cuidado que se 
tome com transporte e depósito, os fragmentos podem ser danificados. 
Preferencialmente, a placa será reconstruída no mesmo local do fato. 
5.2 Vidros de veículos 
 
Normalmente os vidros de veículos são constituídos tomando-se duas 
lâminas de vidro e utilizando-se, entre elas, de uma lâmina de material 
plástico (manta butílica), de igual transparência, que faz com que o 
conjunto das três lâminas comporte-se como uma placa única. Essa 
associação tem por finalidade não permitir que fragmentos resultantes de 
uma ruptura por colisão venham a atingir os ocupantes do veículo, fazendo 
com que estes fragmentos permaneçam aderidos à lâmina interna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As características de ruptura desses vidros são as mesmas, no tocante ao 
cone de ruptura, às linhas de fraturas radiais e concêntricas, bem como ao 
plano de origem dessas linhas de ruptura. Contudo, a lâmina interna, por 
ser constituída de material plástico, apresentará, no caso de uma 
transfixação, o orifício menor do que qualquer uma das placas de vidro, 
dada a grande deformação admitida por esses materiais. Isso requer uma 
observação detalhada na determinação do sentido da força que produziu a 
transfixação. Note, na fotografia de número 54, que no centro da 
perfuração o perceptível é o material sintético de coloração esbranquiçada. 
 
 
 
 
 
 
 
Fotografia 54. Nela observa-se o 
material de coloração esbranquiçada, 
após o disparo, devido à lâmina plástica 
de adesão localizada entre as lâminas 
dos vidros. Foto operada quando de 
exame de veículo no ICDF. 
 
 
Importante! 
Como você já estudou, a determinação do sentido da força que produziu a 
transfixação pode ser de difícil conclusão. Assim ocorrendo, pode ser feito 
um teste adicional para esses vidros, simplesmente correndo-se a unha 
sobre a sua superfície. Se forem sentidas as fendas espirais e não as 
radiais, este é o lado do choque. Caso contrário, na ausência de rupturas 
em espiral, sendo somente as rupturas radiais sentidas, tem-se que o 
choque ocorreu do outro lado. 
 
O exame de vidros rompidos de veículos não deve ficar restrito ao vidro. 
Deve ser examinado também o interior do veículo na busca do objeto que 
produziu essa ruptura, bem como outros possíveis pontos de impacto desse 
objeto. É comum ver vidros de veículos serem perfurados por pedriscos no 
momento em que são ultrapassados ou ultrapassam outro veículo. 
 
Importante! 
Caso o veículo atingido venha a ser submetido a exames periciais e o vidro 
tenha sido atravessado, o objeto deve ser cuidadosamente procurado no 
seu interior. 
 
No caso de disparos contra veículo, é importante, sempre que possível, 
estabelecer todo o trajeto do projétil, desde o ponto de entrada até o seu 
repouso final ou a saída. Se existe uma perfuração em um dos vidros do 
veículo, em casos de suspeita de disparo por arma de fogo, pode-se fazer 
uma coleta cuidadosa nos contornos do orifício, buscando-se resíduos do 
material constituinte do projétil. 
 
Outra forma de energia capaz de quebrar vidraças são as energias de 
ordem física, como as variações de temperatura e o calor, conforme se 
estudará a seguir. 
 
 
 
5.3 Vidro X Calor 
 
As placas de vidro estão sujeitas a se partir em decorrência do calor, cuja 
fonte pode ser difusa, como os raios solares, ou direta, como as chamas de 
um incêndio. As placas de vidro que racham ou quebram após serem 
expostas ao calor ou a uma brusca variação de temperatura, apresentam 
fraturas onduladas características. Observados os seus cortes transversais, 
geralmente se percebe pequenas figuras curvas, como ondas. 
 
Um cuidado especial na análise dos fragmentos de vidro refere-se à posição 
relativa desses. De modo geral, os fragmentos caem para o lado da fonte 
de calor, diferente das rupturas por energia mecânica onde os fragmentos 
são projetados no sentido da força que produziu a ruptura. Dessa forma, ao 
verificar fragmentos de vidro no chão, do lado interno, de um local onde 
ocorreu um incêndio, o primeiro cuidado está em determinar a fonte de 
energia que produziu a ruptura, que pode ser devido ao calor das chamas 
ou a uma força que o tenha quebrado no sentido de fora para dentro. 
 
5.4 Vidros blindados 
Vidros à “prova de balas”, ou vidros blindados, são projetados para resistir 
a um ou mais impactos de projéteis oriundos de disparos de armas de fogo 
ou objetos lançados contra eles. Logicamente, essa resistência varia em 
função da espessura do vidro e do calibre da arma usada nos disparos. Vale 
a pena ressaltar que os vidros tidos como à “prova de bala”, na realidade 
são resistentes aos impactos de projéteis de armas de fogo, sendo que 
uma série de disparos pode ocasionar sua ruptura e, por conseguinte, a 
passagem do projétil. 
 
 
Os vidros a prova de balas são vidros laminados, ou seja, são formados por 
várias lâminas de vidro, geralmente temperadas, intercaladas por camadas 
plásticas reforçadas (policarbonatos ou Polivinil Butiral). Tais camadas 
plásticas amortecem o impacto, absorvendo energia, enquanto o vidro 
oferece resistência ao projétil. O polivinil butiral (PVB) é uma resina que 
permite excelente adesão, flexibilidade e nível óptico que torna esse 
produto próprio para a produção de vidros laminados. Da mesma forma, o 
policarbonato é um plástico resistente e transparente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A espessura dos vidros resistentes a balas é diretamente proporcional a sua 
resistência. Dessa forma, enquanto um vidro com 22 mm de espessura, na 
maioria dos casos, resiste a até três tiros de revolver calibre .38 SPL sem 
ser perfurado, um vidro com mais de 50 mm de espessura é capaz de 
suportar cinco impactos de projéteis oriundos de disparos de fuzis de calibre 
5,56 x 45mm. É possível encontrar vidros resistentes a projéteis de armas 
de fogo com espessuras de até 70 milímetros, sendo que vidros para 
veículos (constituídos de policarbonato) à prova de bala de nível 4, maior 
nível de resistência, apresentam espessura de cerca de 38 milímetros. 
Ensaios realizados com vidros de laminação média de 30 mm de espessura, 
apresentaram resultados satisfatórios para impactos de projéteis oriundos 
 
Fotografia 55. Foto operada pelo 
autor. Espessura de um vidro 
blindado. 
 
 
de disparos de calibre .38 SPL dotados de projéteis de chumbo nu, 9 x 
19mm jaquetados e projéteis 3T de cartuchos de calibre 12. 
 
Fotografia 56 Fotografia 57 
FOTOGRAFIA 56 - foto operada pelo 
autor. Mostra oresultado do impacto de 
projétil oriundo de disparo de cartucho 
de calibre .357 Magnum em lâmina de 
vidro resistente a impacto de projéteis 
com 30 mm de espessura. 
FOTOGRAFIA 57 - foto operada pelo 
autor. Mostra o resultado do impacto 
de projéteis oriundos de disparo de 
cartucho de calibre12 com balins 3T, em 
lâmina de vidro resistente a impacto de 
projéteis com 30 mm de espessura. 
 
 
A norma de proteção vidros blindados mais aceita em todo o mundo é a NIJ 
0108.01, do National Institute of Justice - EUA. 
No Brasil, temos a Norma do Exército Brasileiro, a NEB/T E-316 Proteção 
Balística de Carros de Passeio2. 
 
2 http://www.abrablin.com.br/web/images/documentos/E-316%20-
%20N.E.B.%20COMPLETA%20ALTERADA%20COM%20ESTUDO%20TECNICO.pdf. 
 
 
Essas duas normas definem os níveis de proteção e o calibre que devem 
suportar em faixas específicas de blindagem. Basicamente, as normas para 
testes desse tipo de vidro definem uma área no vidro e, contra essa área, 
são efetuados disparos que o vidro deve suportar sem deixar passar o 
projétil. Conforme estabelece a norma a resistência ao impacto acima citada 
são: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em ensaios efetuados com vidros de nível 2, que são construídos para 
resistir a impactos de projéteis oriundos de disparos até o calibre limite 
.357 Magnum (foto 58), verificou-se uma boa resistência para três tipos de 
impactos. Sendo que em ensaio semelhante, o terceiro impacto de projétil 
de calibre “.40 S&W”, gold CBC, perfurou o vidro. (foto 59). 
 
Fotografia 58 
 
 
 
 
 
Fotografia 59 
Foto operada pelo autor. Mostra o 
resultado do impacto de projétil oriundo 
de disparo de cartucho de calibre .357 
Magnum em lâmina de vidro resistente 
a impacto de projéteis com nível 2 de 
resistência. 
Foto operada pelo autor. Placa de vidro 
resistente a impacto de projéteis com 
nível 2 de resistência. 
 
As fotografias 60 a 63 mostram uma série de disparos de ensaios realizados 
com fuzil de assalto AK 47. Observe na fotografia 60 que, apesar dos 
desprendimentos de fragmentos de vidro, não há formação do cone de 
fratura, uma vez que só aconteceu ruptura das primeiras camadas de vidro. 
 
Foto 7 
 
 
 
Fotografia 60 
 
Fotografia 61 
FOTOGRAFIA 60. Foto operada pelo 
autor. Placa de vidro resistente a impacto 
de projéteis com nível III A. Observe que 
apesar do nível de resistência não ser 
próprio, como pode ser visto na tabela 
acima, ela resistiu ao impacto. 
FOTOGRAFIA 61. Foto operada pelo 
autor. Verso da placa de vidro resistente 
a impacto de projéteis com nível III A., 
após o primeiro impacto de projétil de 
calibre 7,62 x 39mm. 
 
Fotografia 62 
 
 
 
 
 
Fotografia 63 
FOTOGRAFIA 62. Foto operada pelo 
autor. Impactos de projéteis calibre 7,62 
x 39mm em placa de vidro com nível III A. 
 
FOTOGRAFIA 63. Foto operada pelo 
autor. Verifica-se o desprendimento da 
lâmina de policarbonato no verso da face 
de impacto de projétil calibre 7,62 x 
39mm, de vidro com nível III A. 
 
A sequência de fotografias de 61 a 63 mostra três impactos de projéteis de 
calibre 7,62 x 39mm de um fuzil AK 47, em vidro blindado de nível 3 A.É 
 
 
interessante observar que apesar de não perfurar, a deformação resultante 
do impacto é extremamente característica. A fotografia 61 mostra, ainda, o 
início do desprendimento da lâmina de policarbonato no verso da face de 
impacto. 
A fotografia 62 mostra os três pontos de impacto, de projéteis encamisados 
totais, calibre 7,62 x 39 mm. 
 
 
 
 
Finalizando... 
Neste módulo você estudou que: 
 
 O exame de vidros fraturados em locais de crime permite conhecer 
detalhes importantes para a determinação da dinâmica de um 
evento, além de possibilitar, em muitos casos, a identificação 
presumida dos autores. 
 O exame possibilita descobrir, dentre outras, as seguintes 
informações: o ponto do impacto; sentido da força que produziu a 
perfuração dos disparos; ângulo aproximado de incidência do disparo 
e a ordem cronológica das perfurações. 
 No exame da seção transversal de um fragmento de lâmina de vidro 
partido por força mecânica, observa-se a presença de riscos, os quais 
começam perpendiculares, em relação à superfície submetida a 
esforços de tração, e se curvam em relação à outra superfície. 
 Segundo a literatura, quando do impacto de projéteis animados com 
baixa velocidade (inferior a 50 m/s), contra lâminas de vidro, estes 
podem, ou não, produzir um orifício; dependendo, para tanto, da 
espessura da lâmina de vidro, da massa e da velocidade residual do 
projétil. 
 O vidro, ao partir, deixa arestas bem definidas, o que facilita a 
justaposição de um fragmento a outro e, como um jogo de quebra-
cabeça, é possível reconstruir a placa, mesmo que de forma parcial, 
devido à ausência de parte dos fragmentos. 
 Os vidros de veículos são constituídos de duas lâminas de vidro e, 
entre elas, é utilizada uma lâmina de material plástico (manta 
butílica), de igual transparência, que faz com que o conjunto das três 
lâminas comporte-se como uma placa única. Essa associação tem por 
 
 
finalidade não permitir que fragmentos resultantes de uma ruptura 
por colisão venham a atingir os ocupantes do veículo, fazendo com 
que estes fragmentos permaneçam aderidos à lâmina interna. 
 As placas de vidro que racham ou quebram após serem expostas ao 
calor ou a uma brusca variação de temperatura apresentam fraturas 
onduladas características. Observados os seus cortes transversais, 
geralmente se pode perceber pequenas figuras curvas, como ondas. 
 Vidros à “prova de balas” ou vidros blindados, são projetados para 
resistir a um ou mais impactos de projéteis oriundos de disparos de 
armas de fogo ou objetos lançados contra eles e, logicamente, essa 
resistência varia com a espessura do vidro e com o calibre da arma 
usada nos disparos. 
 
Exercícios 
1. A determinação da direção de onde se originou um projétil que 
atravessou (transfixou) uma lâmina de vidro pode ser determinada 
através de: 
a. Pela observação do cone de fratura; observando-se que este 
cone apresenta o maior diâmetro na superfície oposta à origem 
do disparo. 
b. Pela observação do cone de fratura; observando-se que este 
cone apresenta o menor diâmetro na superfície oposta à 
origem do disparo. 
c. Pela observação das linhas ou fraturas radiais. 
d. Pela observação das fraturas concêntricas, bem como da 
distância entre elas. 
 
 
2. A cronologia dos disparos efetuados contra uma mesma lâmina de 
vidro pode ser determinada por meio da: 
a. Análise das linhas de fraturas concêntricas, 
b. Observação das linhas ou fraturas radiais, sabendo-se que 
estas são interrompidas quando se encontram com outras 
fraturas radiais formadas por disparo anterior. 
c. Análise do cone de fratura, quando todos os disparos 
apresentam trajetória no mesmo sentido. 
d. Análise das superfícies transversas e dos filetes formados pelos 
esforços de cisalhamento. 
3. Nos casos em que se verifica a transfixação da lâmina de vidro 
ocasionada pela passagem de projétil animado com baixa velocidade, as 
características observadas são: 
a. O cone de fratura é menos acentuado, 
b. A ocorrência de um menor número de fraturas radiais que 
apresentam, ainda, a característica de serem menos sinuosas. 
c. A ocorrência de um menor número de fraturas concêntricas, 
d. Todas as anteriores. 
4. Assinale a única afirmativa falsa dentre as afirmativas abaixo: 
a. ( ) Os vidros a “prova de bala”, na realidade, são resistentes 
aos impactos de projéteis de armas de fogo, sendo que uma 
série de disparos pode ocasionar sua ruptura e, por 
conseguinte, a passagem do projétil. 
 
 
b. ( ) Nos vidros a “prova de bala”, a resistência varia com a 
espessura do vidro e com o calibre da arma usada nos 
disparos. 
c. ( ) Os vidros a provade balas são vidros laminados formados 
por várias lâminas de vidro, geralmente temperadas, 
intercaladas por camadas plásticas reforçadas. As camadas 
plásticas amortecem o impacto, absorvendo energia, enquanto 
o vidro oferece resistência ao projétil. 
d. ( X ) As normas para testes desse tipo de vidro definem uma 
área no vidro e, contra essa área, são efetuados até três 
disparos, sendo que o vidro deve suportar dois deles sem 
deixar passar o projétil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
 
1 - A 
2 - B 
3 - D 
4 - D

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