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Disciplina: Fisiologia Humana Aula 8: Sistema pulmonar e regulação da ventilação Apresentação O sistema respiratório tem como funções básicas suprir o organismo com oxigênio (O ) e promover a eliminação do produto do metabolismo celular, ou seja, o gás carbônico (CO ). Para isso, nos seres humanos a área de superfície pulmonar encarregada das trocas gasosas é de 70 a 100 metros quadrados. Devido a essa enorme superfície, estruturas microscópicas são necessárias para realizar essa tarefa. Por isso, os pulmões possuem cerca de 480 milhões de alvéolos pulmonares, variando entre 270 e 790 milhões com base na altura e no volume pulmonar do indivíduo. Além de sua função respiratória, os pulmões são responsáveis também pelo equilíbrio térmico, pois, com o aumento da ventilação pulmonar, há maior perda de calor e água pelo processo evaporativo das vias aéreas. Além disso, eles auxiliam ainda na manutenção do pH plasmático dentro da faixa de normalidade através de regulação e eliminação de ácido carbônico (sob a forma de CO ). Veremos nesta aula como a circulação pulmonar desempenha também um papel muito importante na filtração de partículas, evitando, assim, que provoquem obstrução da rede vascular arterial de outros órgãos vitais ao organismo. O endotélio dessa circulação contém enzimas que produzem, metabolizam ou modificam substâncias vasoativas. O homem também utiliza seu aparelho respiratório para outros fins, tendo fundamental destaque a defesa contra agentes agressores e a fonação. 2 2 2 Objetivos Esclarecer a organização anatômica e funcional do sistema respiratório; Reconhecer as principais doenças respiratórias comprometedoras da difusão de gases entre os alvéolos e capilares; Explicar os mecanismos envolvidos no controle da ventilação pulmonar. Organização do sistema respiratório Nos mamíferos, o sistema respiratório pode ser dividido em duas zonas: 1 De transporte gasoso Constituída pelas vias respiratórias superiores e pela árvore traqueobronquial, é responsável pelo acondicionamento e condução do ar até as porções mais internas dos pulmões onde ocorrerão as trocas gasosas; 2 Respiratória Responsável pelas trocas dos gases e pela zona de transição. Está localizada entre essas vias e a árvore, onde começam a ocorrer trocas gasosas em níveis não significativos. Figura 1: Esquema simplificado das subdivisões do sistema respiratório a partir da traqueia. (Fonte: AIRES, 2012) Fonte: VectorMine / Shutterstock. Zona de transporte O ar inspirado pode atingir esta zona por duas cavidades: nasal e oral. A partir daí, o ar penetra na porção da orofaringe. Em seu trajeto pelas vias respiratórias superiores, ele passa pelo processo de filtração, umidificação e aquecimento, equilibrando-se com a temperatura corporal. Isso se deve à presença das conchas nasais (localizadas na cavidade nasal) que permitem o tráfego turbulento do ar com a mucosa úmida que reveste essa região, além da faringe e laringe. Além disso, devido à presença de pelos na região do vestíbulo do nariz, as partículas de maior tamanho são filtradas. Atenção Graças aos pelos do vestíbulo do nariz, acredita-se que a respiração nasal é mais vantajosa que a bucal por sua maior capacidade de filtração e umidificação do ar inspirado. Zonas de transição e respiratória Zona de transição Estende-se do bronquíolo respiratório (caracterizado pela redução da presença de células ciliadas) até o início dos ductos alveolares onde se inicia a zona respiratória. Zona respiratória Constituída pelas estruturas dos ductos e dos sacos alveolares e pelos alvéolos. As trocas gasosas ocorrem na unidade alvéolo-capilar composta de: Alvéolos (pequenas estruturas esperoidais com diâmetro de aproximadamente 250 milímetros). Septo alveolar (formado por vasos sanguíneos, terminações nervosas e fibras elásticas e colágenas, além de possuir poros ao longo de sua superfície, conhecidos como poros de Kohn, que permitem o transporte de ar e líquido). Toda rede de capilares pulmonares. Na superfície alveolar, podemos notar três características diferentes em relação às células: 1 Pneumócitos do tipo I, que correspondem à maior parte da superfície; 2 Pneumócitos do tipo II, que apresentam diversas microvilosidades e secretam o surfactante que recobre a superfície alveolar, reduzindo a tensão superficial (além de serem capazes de se regenerar e se transformar em tipo I quando sofrerem algum dano); 3 Macrófagos alveolares em quantidade significativa, cuja função é fagocitar corpos estranhos, partículas poluentes e bactérias (figura 2). Figura 2: Diagrama estrutural das células presentes na zona respiratória. (Fonte: SILVERTHON, 2010) Mecânica respiratória, volumes e capacidades pulmonares A respiração humana é um processo que depende da geração de força (contração muscular) imposta pela musculatura inspiratória. Em seguida, o ar é transportado para o interior das cavidades pulmonares devido ao gradiente de pressão criado por esses músculos. Durante uma respiração laboriosa (normal e espontânea), os músculos primários envolvidos na inspiração são: Diafragma; Intercostais externos; esternocleidomastoideos; Escalenos. Fonte: MDGRPHCS / Shutterstock. Atenção Na inspiração forçada, outros músculos do tórax podem ser requisitados para auxiliar nesse esforço. Em um exercício físico ou outra condição que ocasione a obstrução (moderada a grave) das vias respiratórias, teremos de realizar o reflexo da tosse ou espirro. O processo expiratório se torna ativo e altamente dependente dos seguintes músculos expiratórios: Abdominais (reto e oblíquos internos e externos). Músculo peitoral maior. Transverso do tórax. Intercostais internos. Fonte: AIRES, 2012, p. 608. Na expiração normal, não há participação dos músculos expiratórios, pois ela se dá de maneira passiva, ocorrendo simultaneamente pelo relaxamento dos músculos inspiratórios e pela retração elástica dos pulmões. Por isso, os pulmões são considerados importantes órgãos com características elásticas. Na figura 3, veremos os fenômenos relacionados com a mecânica respiratória e seu impacto no processo da respiração: Figura 3: Comportamento das curvas de pressão alveolar (vermelho), pressão intrapleural e suas relações com o volume de ar mobilizado para o interior dos pulmões. (Fonte: SILVERTHON, 2010) Clique nos botões para ver as informações. Os músculos inspiratórios se contraem e o volume torácico aumenta. Esse aumento causará a redução da pressão alveolar, que diminui cerca de 1 milímetro de mercúrio (mmHg) abaixo da pressão atmosférica (ponto A2), enquanto o ar flui para dentro dos alvéolos (pontos C1 e C2). Isso ocorre por esse aumento ser mais rápido que o fluxo de ar levado até o interior dos pulmões. Portanto, a pressão alveolar atinge seu valor mínimo aproximadamente na metade da fase inspiratória (ponto A2). À medida que o ar flui continuamente para os alvéolos, notamos o aumento da pressão e o fim da expansão da caixa torácica (ao término da inspiração), momento em que se igualam a pressão dentro dos pulmões e a atmosférica (ponto A3). a. Início da inspiração O volume pulmonar está no seu valor máximo no ciclo respiratório (ponto C2), enquanto a pressão alveolar é igual à atmosférica. Os impulsos provenientes do sistema nervoso somático (dos neurônios motores) para os músculos inspiratórios serão interrompidos. Com isso, esses músculos ficarão relaxados. Durante a expiração passiva (normal em repouso), ocorre a retração elástica dos pulmões e da caixa torácica, o que gera a elevação do diafragma e o rebaixamento das costelas para as suas posições originais. Esse fenômeno é semelhante a um elástico esticado ao retornar a seu tamanho original após ser solto. Essa redução dos volumes pulmonares e torácico causará a elevação da pressão no interior dos pulmões (cerca de 1 mmHg acima da pressão atmosférica) (figura 3, ponto A4). Considerando que agora a pressão alveolar é maior que a pressão atmosférica, o fluxo de ar se inverte e será direcionadopara fora dos pulmões. Ao final da expiração, as pressões alveolar e atmosférica voltam a se igualar, enquanto o fluxo expiratório é interrompido (ponto A5). O volume pulmonar atinge o seu valor mínimo dentro do ciclo respiratório (ponto C3). A partir desse ponto, esse ciclo já interrompido estará pronto para ser novamente iniciado. (SILVERTHON, 2010, p. 548) b. Término da inspiração Dica Na prática médica, volumes e capacidades pulmonares são frequentemente avaliados para quantificar a função pulmonar. Durante essas medidas, solicita-se que o paciente realize os movimentos respiratórios através de comandos próprios da equipe de saúde. Para a realização dessas medidas, é necessária a utilização de um espirômetro simples, instrumento que mede o volume de ar movido a cada ciclo respiratório (figura 4): Figura 4: Traçado exemplificado de uma avaliação espirométrica. (Fonte: SILVERTHON, 2010) Quando conectarmos uma pessoa em um espirômetro que consiga iniciar os ciclos respiratórios normalmente, esta mobilização poderá ser dividida em quatro volumes pulmonares: Volume corrente; Volume de reserva inspiratório; Volume de reserva expiratório; Volume residual. Notem que, na figura 5, os valores referenciados são representativos para volumes médios de um homem com peso próximo de 70 quilos: (AIRES, 2012, p. 612) c. Mobilização do ar Figura 5: Traçado esquemático de um registro através da utilização de um espirógrafo contendo volumes e capacidades pulmonares. (Fonte: SILVERTHON, 2010) Ambos recebem denominações específicas: Volume corrente (VC ou VT): Quantidade de ar mobilizada (durante inspiração ou expiração) espontaneamente em cada ciclo respiratório no repouso. Pode sofrer variações entre 350 e 500 milímetros; Volume de reserva inspiratório (VRI): Compreende o volume máximo que pode ser inspirado voluntariamente a partir do final de uma inspiração espontânea; Volume de reserva expiratório (VRE): É determinado pelo volume de ar máximo que pode ser expirado voluntariamente a partir do final de uma expiração espontânea; Volume residual (VR): Refere-se ao volume de gás que permanece no interior dos pulmões após uma expiração forçada. Note que as capacidades pulmonares representam a soma de dois ou mais volumes respiratórios: Capacidade vital: É caracterizada pela quantidade de gás mobilizada entre uma inspiração e uma expiração máximas (VRI + VC +VRE); Capacidade inspiratória: Compreende a soma do VC e VRI. É o volume máximo inspirado a partir do final de uma expiração espontânea; Capacidade residual funcional: Corresponde à quantidade de gás contida nos pulmões ao final de uma expiração espontânea. É a soma de VRE e VR; Capacidade pulmonar total: É a soma de todos os volumes mencionados. Equivale à quantidade de gás contida nos pulmões ao final de uma inspiração máxima. d. Volumes e capacidades Atenção Em condições normais, esses parâmetros sofrem variações em função de muitos fatores: sexo, idade, superfície corporal, efeito da atividade física e postura. Além disso, em casos patológicos, esses volumes podem apresentar alterações significativas. Portanto, é necessário haver a compreensão desses parâmetros para avaliar corretamente se eles estão normais. (AIRES, 2012, p. 613) Transporte de gases no organismo Os gases no ambiente estão dispostos em uma mistura gasosa que pode ser descrita através da fração equivalente de cada um deles: Oxigênio (O ), 20,93%2 Dióxido de carbono (CO ), 0,04%; 2 Nitrogênio (N ), 79,03%.2 Essa composição percentual se mantém uniforme até uma altitude equivalente a 60 quilômetros. Se considerarmos que a pressão atmosférica (P ) equivale ao somatório das frações de todos os gases do ambiente, podemos determinar a pressão que cada gás exerce no ambiente através de sua fração decimal. ATM Exemplo A fração decimal do O representa 20,93% ÷ 1000 (0,2093). Multiplicando esse valor pela P geralmente próxima dos 760 mmHg, a pressão de O (PO ) atinge cerca de 159 mmHg no ambiente. 2 ATM 2 2 A P , então, representa um fator de fundamental importância na determinação da pressão parcial de determinado gás. Embora a composição do ar não sofra variação até uma altitude de 60 km, a P diminui quando se atingem altitudes mais elevadas. ATM ATM Exemplo A 1.000 metros, a P é de 674 mmHg; a 4.000 m (em La Paz), ela corresponde a 462 mmHg; e, no Monte Everest (8.848 m), equivale a 231 mmHg. A pressão parcial dos gases no ambiente é reduzida à medida que a altitude aumenta - e o ar fica mais rarefeito. ATM a. Quantidade de um gás dissolvido no meio líquido em uma temperatura especí�ca Igual ao produto da pressão parcial deste gás pelo seu coeficiente de solubilidade peculiar a cada combinação gás-líquido determinada pela lei de Henry. Exemplo O coeficiente de solubilidade do oxigênio equivale a 0,003. Portanto, a quantidade de O dissolvido será 0,003 × 100 (100 mmHg de PO alveolar), resultado equivalente a 0,3 ml de O para cada 100 ml de plasma (0,3 ml/100 ml). Por outro lado, o coeficiente de solubilidade da molécula de gás carbônico — que possui um peso molecular mais elevado que O — é 20 vezes maior que o da molécula de oxigênio. Portanto, a pressão de CO será 40 (pressão de CO arterial) multiplicado por 0,06 (20 multiplicado por 0,003 utilizando o coeficiente de solubilidade do O ). Como resultado, o teor de CO dissolvido no plasma será de 2,4 ml/100 ml. Diferentemente do que sempre imaginamos, a quantidade de CO dissolvida no plasma é maior que a de O . 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 No entanto, quando o O sofrer difusão dos alvéolos para o sangue, ele se ligará praticamente por inteiro às hemácias, que irão se combinar à hemoglobina (HB) (98-99% do conteúdo total de O ), enquanto apenas uma pequena quantidade (1-2%) permanece no plasma. Analisando a molécula de hemoglobina, ela possui capacidade de transportar quatro moléculas de O no máximo, expressando em g% a quantidade de hemoglobina no sangue. 2 2 2 Exemplo Em um indivíduo aparentemente saudável, a taxa de hemoglobina é de aproximadamente 15 g% (15 g de hemoglobina em 100 ml de sangue). Considerando essa estimativa, 1 g de hemoglobina é capaz de fixar 1,39 ml de O . Ao determinarmos a taxa de hemoglobina de um indivíduo e multiplicarmos esse valor por 1,39, poderemos calcular a capacidade ou o conteúdo de O . Assim, se a hemoglobina estiver completamente saturada, o sangue será́ capaz de transportar Hb (g%) × 1,39 vol.% de O . 2 2 2 b. Porcentagem de saturação da hemoglobina É a relação (HbO × 100)/Hb total: uma maneira prática de expressar o nível de oxigênio arterial de uma amostra sanguínea independentemente da taxa de hemoglobina. c. Conteúdo de oxigênio 2 Quantidade total de O transportada pelo sangue. Corresponde à soma da quantidade dissolvida com aquela ligada à hemoglobina. d. Curva de dissociação da hemoglobina Ela é descrita através de um comportamento sigmoide (em forma de S). De maneira diferente do O dissolvido, a quantidade de oxigênio combinada com a hemoglobina não mantém uma relação linear com a PO . Em um gráfico, podemos inserir nos eixos: Vertical (das ordenadas): Saturação de O ; Horizontal (das abscissas): PO . Notaremos, assim, o aspecto da curva de equilíbrio entre Hb e O (figura 6): 2 2 2 2 2 2 Figura 6: Diagrama ilustrativo da curva de dissociação da hemoglobina. Fatores que alteram a curva de dissociação da hemoglobina com o O Há quatro fatores bem conhecidos que alteram a afinidade do O pela hemoglobina: 2 2 PCO2 pH Temperatura Concentrações de 2,3- difosfoglicerato Fonte: (AIRES, 2012, p. 642) Observa-se, na figura 6, que, quando a PCO aumentar, ocorrerá o deslocamento da curva de dissociação da hemoglobina para a direita. Esse fenômeno promove a redução da afinidade da hemoglobina pelo O . Paralelamente, quando ocorrer o aumento da concentração dos íons hidrogênio, o pH sanguíneo será reduzido, promovendo um estado de acidose temporária. Podemos observar nesse momento o deslocamento da curva para adireita (figura 6). Outro fator importante no desvio da curva de dissociação da HB (e, consequentemente, na redução da afinidade de HB com o O ) é a elevação da temperatura. Na figura 6, também ocorre o desvio da curva para a direita. 2 2 2 Analisando o meio intracelular das hemácias, observa-se claramente que sua estrutura interna não possui mitocôndrias, o que obriga o metabolismo energético a depender exclusivamente da glicólise anaeróbia. Um dos produtos intermediários do metabolismo anaeróbio é o 2,3-difosfoglicerato (2,3-DPG). Situações como hipoxemia e anemia promovem o aumento da concentração intracelular de 2,3-DPG. A elevação nas concentrações desse intermediário metabólico ocasiona o deslocamento da curva de dissociação da HB para a direita. Como já mencionamos, isso reduz a afinidade do O pela HB (figura 7):2 Figura 7: Fatores que modificam a curva de dissociação da hemoglobina. (Fonte: AIRES, 2012) Transporte de dióxido de carbono (CO ) no organismo2 Em média, o organismo do ser humano produz aproximadamente cerca de 200 ml de CO a cada minuto. Como altas concentrações desse gás são extremamente nocivas para nosso organismo, ele precisa ser eliminado das células de origem o mais breve possível. Todo gás carbônico produzido pelas células precisa, então, obedecer a três procedimentos consecutivos: Transporte até os pulmões por mecanismos específicos; Liberação para os alvéolos pulmonares; Expiração para o meio ambiente. 2 Esse mecanismo de transporte ocorre pela circulação venosa. Quando o CO se difundir das células produtoras para o plasma, ele poderá ser transportado no sangue da seguinte forma: CO dissolvido; Forma de íons bicarbonato (HCO ); Carbamino-hemoglobina e outros; Ácido carbônico (H CO ) e íons carbonato (CO ) em quantidades muito menores. 2 2 3- 2 3 3 2- Poderemos, portanto, analisar todos os tipos de transporte do CO na figura a seguir: (GUYTON; HALL, 2017, 527)2 Figura 8: Esquema didático representativo de todos os mecanismos de transporte de dióxido de carbono no sangue. (Fonte: AIRES, 2012) Regulação da ventilação Durante todas as nossas atividades do cotidiano, a ventilação pulmonar precisa passar por uma série de ajustes para:1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0057/aula8.html Manter adequadamente o teor de O para os tecidos.2 Dos tecidos, promover a remoção de todo CO produzido pelo metabolismo. 2 Quimiorreceptores no controle da respiração Os quimiorreceptores podem ser divididos em centrais e periféricos. Periféricos Localizados na bifurcação das carótidas e no arco aórtico. Embora estejam em regiões diferentes, tanto os quimiorreceptores carotídeos como os aórticos desempenham a mesma função: enviar informações ao centro respiratório por meio de potenciais de ação que trafegam por vias diferentes. Os quimiorreceptores carotídeos as enviam para o centro respiratório através dos nervos glossofaríngeos (IX par craniano), enquanto os aórticos mandam seus impulsos aferentes através dos nervos vagos (X par craniano). Periféricos ainda são: Sensíveis às mudanças nas concentrações de PO , PCO e pH no sangue arterial; Caracterizados por dois tipos de células (tipos I e II). A célula do tipo I apresenta uma atividade metabólica mais significativa que a do tipo 2. Isso se deve à grande quantidade de mitocôndrias e retículo sarcoplasmático desenvolvido, além de vesículas que mostram grande variedade de neurotransmissores (dopamina, acetilcolina, norepinefrina e neuropeptídios, entre outros). Ao redor dessas células, há uma quantidade bem extensa de capilares. Por isso, o fluxo sanguíneo é garantido aos quimiorreceptores. Já as células do tipo II funcionam como células de sustentação, pois envolvem as do tipo I e os capilares. Portanto, as células do tipo I são consideradas os legítimos quimiorreceptores (figura 9): 2 2 Figura 9: Ilustração esquemática da estrutura dos corpos carotídeos onde estão localizadas as células do tipo I e II (quimiorreceptores). Note que as células do tipo I são metabolicamente ativas e apresentam uma grande quantidade de vesículas sinápticas contendo neurotransmissores. Centrais Podem ser distribuídos em três áreas na região ventral do bulbo (figura 10): Região rostral (M) Região intermediária (S) Região caudal (L) Figura 10: Visualização da região anterior (ventral) da superfície do bulbo representando a localização das áreas denominadas quimiossensíveis. Atenção Os mecanismos responsáveis pela atuação dos quimiorreceptores centrais parecem ser um tema controverso. Sabe-se que esses receptores centrais não possuem sensibilidade ao O como ocorre com os periféricos: eles respondem às variações nos níveis liquóricos tanto de CO como de pH. Isso ocorre devido à presença de neurônios quimiossensíveis na proximidade de grandes vasos, o que sugere que esses quimiorreceptores possam responder também a variações de pH vascular cerebral ou a rápidas alterações de CO . 2 2 2 Resumidamente, podemos relacionar as seguintes atuações dos quimiorreceptores: Quimiorreceptores atuarão quando houver uma redução na PO arterial. Eles desencadearão o aumento da ventilação para evitar que ocorra a hipóxia tecidual, mas, quando os tecidos estiverem em hipóxia, os neurotransmissores serão liberados para promover modificações nos padrões ventilatórios; A hipóxia está relacionada à queda nas concentrações de ATP intracelular. Como consequência, ocorrerá a liberação de neurotransmissores capazes de modificar os padrões ventilatórios; A hipóxia promove a elevação nos níveis de CO do organismo, o que acarretará o aumento da ventilação pulmonar; A redução no pH sanguíneo (acidose) também promoverá o aumento da ventilação. Já na alcalose (aumento do pH sanguíneo) temos o efeito inverso: a ventilação pulmonar é inibida. (AIRES, 2012, p. 651) 2 2 Atividade 1 . (PUC-Rio – Vestibular - 2000) Examine as afirmativas abaixo relativas à respiração humana: I. Ela é responsável pela captação de O e remoção de dióxido de carbônico (CO ). II. O feto humano respira através de brânquias enquanto estiver na bolsa amniótica; a partir do oitavo mês, as brânquias se transformam em pulmões. III. O sangue se utiliza dos glóbulos brancos para transportar o oxigênio, pois eles aumentam bastante a capacidade de o sangue de transportar gases. IV. O ar penetra pelo nariz e passa por faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e alvéolos, onde se dá a troca dos gases. Estão corretas somente as afirmativas: 2 2 a) I e II b) II e III c) I e IV d) I, III e IV e) II, III e IV 2. Se considerarmos que a concentração de hemoglobina média se situa em torno de 15 g e que cada grama de hemoglobina, quando completamente saturada, carrega 1,34 ml de O para cada 100 ml de sangue, calcule a quantidade total de oxigênio transportado no sangue arterial. 2 3. Tendo em vista que indivíduos normais, com VT de 500 ml, adotam inconscientemente taxas de 12 ventilações por minuto, perfazendo ventilação-pulmonar de 6.000 ml/min (equivalente à quantidade de ar movido para dentro das vias respiratórias a cada minuto), explique o que aconteceria se adotássemos taxa de 60 ventilações por minuto e VT de 100 ml. Notas Série de ajustes 1 Recapitulemos o diagrama de sistemas apresentado na aula de homeostase: diversos receptores periféricos e centrais (quimiorreceptores) atuarão para detectar as variações nas concentrações de O , CO e H . A partir daí, as aferências serão direcionadas até o centro respiratório, localizado no tronco encefálico, para que o ritmo respiratório seja mantido a fim de estabilizar em valores praticamente constantes as concentrações de O , CO e H . Para sustentar esse mecanismo de controle, o centro respiratório desencadeia uma séria de impulsos para que haja a contração dos músculos envolvidos com a ventilação. Esses músculos atuarão como os efetores no diagrama de sistema de controle homeostático. (GUYTON; HALL, 2017, 533) 2 2 + 2 2 + Referências AIRES, M. M. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2017. COSTANZO, L. S. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. SILVERTHORN D U Fi i l i h b d i t d 5 d P t Al A t d 2010 SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana – uma abordagem integrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. Próxima aula Organização morfofuncional dos néfrons renais; Papel dos rins no controle de osmolaridade, equilíbrio hidroeletrolítico e equilíbrio acidobásico; Função dos rins no controle da pressão arterial. Explore mais Sugestões de vídeo: Sistema respiratório <https://www.youtube.com/watch?v=rBrDmgL1N30> ; Pulmões e sistema pulmonar (respiratório) <https://www.youtube.com/watch?v=hmesAAu6hrU> ; Controle central da respiração <https://www.youtube.com/watch?v=fJlhtQXn5Ps> . https://www.youtube.com/watch?v=rBrDmgL1N30 https://www.youtube.com/watch?v=hmesAAu6hrU https://www.youtube.com/watch?v=fJlhtQXn5Ps
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