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ASPECTO LEGAL DA RADIOGRAFIA DIGITAL LEGAL ASPECT OF DIGITAL RADIOGRAPHIC Autores: *Elaine Cristina de Carvalho BEDA **Júlio Cezar de Melo CASTILHO **Luiz Cesar de MORAES **Edmundo MEDICI FILHO * Mestranda em Radiologia Odontológica, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - UNESP. ** Professor Assitente Doutor da Disciplina de Radiologia Odontológica, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - UNESP. Endereço para contato: Endereço para correspondência: Av. Francisco José Longo, 777, São Dimas, CEP.12245-000 - São José dos Campos, S.P. - Tel.: 3921-8166 - E-mail: elaineccb@uol.com; castilho@foscjc.unesp.br RESUMO: O objetivo deste trabalho é relatar que a radiografia digital não tem validade em processos jurídicos e citar um método em que essa imagem poderá ser mantida em segurança obtendo valor legal. A radiografia digital, do ponto de vista técnico, é uma seqüência de números armazenados em um computador e quando esses sofrerem alterações, pode-se originar outras formas de apresentações ou medições na imagem. Vários programas de imagens (ex.: Photoshop, Corel Photopaint, Picture Publisher) podem alterar e falsificar as radiografias digitais e digitalizadas, mudando o diagnóstico original. Atualmente a segurança dos documentos digitais em geral, está baseada na utilização da Tecnologia da Assinatura Digital, que é a aplicação da criptografia, utilizando uma codificação dos dados referentes a imagem digital. No entanto é preciso um programa usado especificamente para as radiografas digitais que tenha o mesmo princípio desta tecnologia. PALAVRAS - CHAVE: Radiografia digital, aspecto legal, assinatura digital. ABSTRACT: The objective of this study is shows that the digital radiography doesn't have validity in juridical processes and we will describe a method where this image could be kept in security obtaining legal value. The digital radiography, of the technician point of view, is a sequence of numbers stored in a computer and when those suffer alterations, would be originated other forms of presentations or measurements in the image. Some software to work with image like (Photoshop, Corel Photopaint, Picture Publisher) that can alter and to falsify the digital radiography and digital image stored, changing the original diagnosis. Currently the security of the digital documents in general, is based on the use of the Technology of the Digital Signature, that is the application of the cryptography, utilizing the code of data referring a digital image. However it is necessary a program specifically used to digital radiography that has the same beginning of this technology. KEY-WORDS: Digital radiography, legal aspect, digital signature. INTRODUÇÃO Nos últimos anos o avanço científico e tecnológico tem sido marcante na radiologia odontológica, as imagens radiográficas passaram a ser visualizadas em computadores, não necessitando do filme radiográfico. Existem dois métodos que resultam em uma imagem processada por um computador: radiografia digitalizada e a radiografia digital. A radiografia digitalizada inicia com uma radiografia que a imagem é capturada com uma câmara de vídeo ou scanner e uma imagem radiográfica análoga é formada convertendo em uma imagem digital. A radiografia digital, refere-se a uma radiografia feita com uso de uma placa de imagem substituindo o filme (Freitas5, 2000). Os computadores utilizam o chamado sistema binário, com dois números 1 ou 0 (interruptores ligado ou desligado) e cada uma dessas unidades informativas são chamadas de bit. Ao interruptor com suas duas posições, podem ser acrescentados mais interruptores, segundo a necessidade e assim formar várias posições, por exemplo 28= 256 posições. A reprodução das imagens são formadas por uma matriz de "linhas" horizontais e "colunas" verticais, que modulado por duas linhas e duas colunas são chamados de pixel (Pasler10 1999). O mercado odontológico apresentam dois diferentes sistemas de aquisição de imagem, os chamados CCD (Charge Couple Device) e os de Armazenamentos de Fósforo, o sistema CCD é um tipo de chip de silício com arranjos bidimensionais de transistores onde cada um desses elementos correspondem a um pixel e o de Armazenamento de Fósforo, caracteriza-se por não possuir fio acoplado, a placa de fósforo é introduzida em um scanner apropriado para fazer a leitura e ser transmitido por via fibra óptica, convertendo em sinais elétricos, exibindo a imagem armazenada ao computador por meio de um conversor A/D (Analógico/ Digital) (Oliveira9 , 2001). O armazenamento da imagem radiográfica digital é feito com a imagem original no banco de dados, essas podem ser alteradas com o uso de software e para que as radiografias digitais apresentem valor legal, a imagem visualizada e armazenada no computador precisa de meios seguros para não ocorrer uma modificação da imagem original. Então, citaremos a aplicação da criptografia, por meio da assinatura digital, tecnologia usada para garantir validade dos documentos digitais. REVISÃO DE LITERATURA Nelvig et al.8 (1992), relatou que o primeiro sistema radiográfico digital lançado no mercado odontológico, em 1987, foi o RadioVisioGraphy (Trophy Radiology, Vincennes, France) e posteriormente a Regan System em 1991, lança um novo sistema de radiografia digital intrabucal, o Sens-A-Ray (Sundsvall, Suécia), apresentando CCD com exposição direta aos raios X. O sistema de Armazenamento de Fósforo foi introduzido no mercado em 1994, pela SOREDEX15 com o nome de Digora System. Existem métodos que melhoram o diagnóstico com auxilio de técnicas de manipulação da imagem radiográfica digital, como a subtração radiográfica, mudança de cor da imagem e a sua reconstrução, citado por Van der Stelt17 (1992). Então, pode ocorrer uma modificação da imagem digital com a finalidade de obter maior informação quanto ao diagnóstico. As vantagem das radiografias digitais citadas por Wenzel20 (1993) são a redução da dose de exposição aos raios X, a fácil aquisição da imagem, sem precisar de processamento químico, sendo esta a sua principal vantagem, podendo assim conservar o meio ambiente e também tem como vantagem a qualidade da imagem, que é melhorada por meio da manipulação. Para garantir segurança ao documento digital, Taubes16 (1994), descreve a aplicação da criptografia por uso de "chaves pública e privada" para imagens digitais, pois este método irá garantir a integridade das imagens que ao serem manipuladas, apresentam fraudes em processos judiciais. A tecnologia da criptografia, é também citado por Smith14 (1995), que utilizou o sistema de certificação de imagens digitais com a Tecnologia da Assinatura Digital para Ressonância Magnética e provou que essa tecnologia estabelece autenticidade e tem um nível de confiança adquirida pelo banco eletrônico. Richardson et al.13 (1995), relataram que a alteração da imagem radiográfica digital pode ser necessária quando houver erros de técnica, exemplo; aumento ou diminuição do tempo de exposição, prejudicando a interpretação. As imagens serão melhoradas usando software, melhorando o brilho, contraste e nitidez, entretanto, cita o autor que a manipulação mal intencionada da imagem leva ao falso diagnóstico. Boss2 (1996), ressaltou a importância da assinatura digital como segurança para os arquivos da área de saúde e para ser aplicado em todos os setores. Jonnes et al.7 (1996), citaram que as radiografias digitais são uma inovação na odontologia e tem como uma das vantagens os vários métodos de alterar a imagem, para visualizar melhor as áreas de difícil interpretação. No entanto, alertaram quanto a credibilidade dos sistemas de armazenamento nos computadores, pois a manipulação da imagem diferente da original interfere no aspecto legal das radiografias digitaisou digitalizadas. Horner et al.6 (1996), alertaram o possível risco de processos legais que os Cirurgiões- Dentistas (CD) venham enfrentar e ressaltaram que as radiografias digitais não constituem meios de validade jurídica, pois tem a possibilidade de serem alteradas. Sugeriram o uso da criptografia para evitar fraudes da imagem. Visser & Kruger18 (1997), em pesquisa fizeram alterações, adicionando ou removendo características específicas, por meio de um programa de software (Corel Photo Paint, Corel Corporation, Canadá, ou Aldus Photostyler, Aldus Corporation, USA.), em 12 radiografias periapicais digitalizadas. Verificaram se os CDs examinadores, ao fazerem o reconhecimento das áreas manipuladas, se foram ou não percebidas. Confirmaram a possibilidade não ser reconhecida uma alteração indevida da imagem radiográfica digital. Bruder et al.3 (1999), relataram que as imagens radiográficas digitais foram bem aceitas e adicionadas como um benefício para a prática odontológica, no entanto essas imagens são relativamente fáceis de serem alteradas. Então, citaram a necessidade de implementar uma segurança na imagem radiográfica digital prevenindo possíveis abusos. Costa et al.4 (2000), citaram que as radiografias e as fotografias digitais só poderão ser aceitas em processos judiciais para qualquer esclarecimento, se estiverem acompanhadas de negativo, original ou se a pessoa contra quem é a prova lhe admitir a conformidade, pois o perito pode deparar com uma alteração de imagem imperceptível, o que cria a exigência de conhecer bem a informática para elaborar o laudo. Então, concluíram que é primordial que seja elaborada uma legislação específica sobre o uso de imagens digitais. Wang et al.19 (2001), avaliaram a aplicação da técnica de criptografia para a área de saúde e acreditam que essa tecnologia assume uma autenticidade que dará segurança no documento eletrônico utilizados para dados do paciente. Araújo1 (2001), explica em seu artigo, a tecnologia geradora das assinaturas digitais, a Infra-estrutura de Chaves Públicas (ICP). O princípio usado na assinatura digital é um sistema de criptografia assimétrica que está baseado na combinação de chaves ou segredos, sendo uma pública e outra privada e apenas uma chave do par aplica a criptografia (chave privada) e a outra irá abrir (chave pública). Relatou também que o conteúdo de uma mensagem recebida digitalmente, não sofre alteração quando estiver criptografada e assumem um papel de prova legal. Pereira12 (2001), citou que: "Os arquivos digitais não são ilegais. Apenas até o momento, as leis não se referem a eles, o que não afasta a sua legalidade e, muito menos, os caracteriza como ilegais. Os arquivos digitais só seriam ilegais se existisse uma lei que os caraterizasse como ilegais. Por outro lado, a lei diz que qualquer prova idônea será aceita nos Tribunais. Não seria difícil convencer ao juiz da idoneidade dos arquivos digitais, quando apresentados por profissional de conduta ética inquestionável, que afirma a sua originalidade inalterada." DISCUSSÃO A existência da manipulação indevida da imagem radiográfica digital tem causado polêmica sobre o seu valor legal. A radiografia digital pode ser manipulada para melhorar na visualização desta imagem (Wenzel20, 1993; Van der Stelt17, 1992). Costa et al.4 2000), citou que um documento digital quando alterado poderá não ser reconhecido pelo perito. Para Pereira12 2001), as radiografias digitais são válidas como prova legal, citando ainda que o profissional pela ética não modificaria a imagem digital. Porém ainda não está comprovado que essa imagem ficará intacta, pois pode ser alterada, o que coloca em risco sua autenticidade. A idoneidade do CD esta sendo colocada a prova, pois o mesmo estará passando por um processo de julgamento e por isso deverá ter provas válidas legalmente. A autenticidade da imagem digital é obtida com o uso da criptografia, um procedimento que garante a sua segurança, possuem o sistema de chaves usadas para a codificação da imagem que está integrado no software e não é acessível ao usuário, apenas uma chave complementar, será de conhecimento público. Este sistema deverá estar tecnicamente ligado aos dados originais dos sensores e placas de fósforos que destinam a formação da imagem, Pasler11 2001). Este método é citado ainda por Araujo1 (2001), que demonstra aplicação prática das "chaves" pública e privada, e por meio desta combinação origina-se a assinatura digital para os documentos digitais. CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluímos neste trabalho que : - as radiografias digitais não apresentam valor legal em processos jurídicos. - em um futuro próximo, as radiografias digitais serão aceitas como documento legal, com o uso da criptografia, utilizada como segurança dos documentos digitais. - salientamos que as radiografias convencionais são provas legais e de grande importância na Odontologia Legal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ARAUJO, A.C. Os efeitos da certificação digital, como a sociedade pode se beneficiar da regulamentação eletrônica. Rev Ecommerce, v.2, n.18, p.98, Ago. 2001. 2. BOS, J. Digital signature and the electronic health records: providing legal and security guarantees. Int J Bio-Med Comp., v.42, p.157-63, 1996. 3. BRUDER, G.A. et al. Alteration of computer dental radiography images. J End, v. 25, n. 4, p.275-6, 1999. 4. COSTA, F. et al. Anais Forense 2000: alterações digitais em radiografias digitais. Disponível em: http://www.ibemol.com.br/forense2000/default.asp. 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