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Módulo 15 - POLITICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
POLÍTICAS PÚBLICAS E 
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 2.861 DO DIA 13/09/2004 
 
0800 283 8380 
 
www.portalprominas.com.br 
 
 
Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. 
Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive 
fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do 
Instituto Prominas. 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 3 
UNIDADE 1 – POLÍTICAS PÚBLICAS ...................................................................................................... 7 
1.1 TIPOLOGIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS....................................................................................................... 8 
1.2 OS ATORES NAS POLÍTICAS PÚBLICAS .................................................................................................... 11 
1.3 O CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS ......................................................................................................... 15 
UNIDADE 2 – POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS .................................................................... 19 
UNIDADE 3 - A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LDB) LEI Nº 
9.394/96 ........................................................................................................................................................... 23 
UNIDADE 4 – O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO ........................................................................ 45 
4.1 O PNE DE 2014 ..................................................................................................................................... 47 
4.2 AS PRINCIPAIS METAS DO PNE .............................................................................................................. 48 
UNIDADE 5 – O FUNDEB – LEI Nº 11.494/07 .......................................................................................... 51 
UNIDADE 6 – FUNDO DE FINANCIAMENTO ESTUDANTIL (FIES) ................................................ 57 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................ 62 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Políticas públicas são os meios necessários para a efetivação dos direitos 
fundamentais, uma vez que pouco vale o mero reconhecimento formal de direitos se 
ele não vem acompanhado de instrumentos para efetivá-los (FREIRE JR, 2005). 
Instrumento de um Governo ou uma ação elaborada para enfrentar um 
problema público, também podendo ser elaborada por uma instituição privada desde 
que se refira à “coisa pública”, a um “problema público” (RUA, 1998; SOUZA, 2006; 
SECCHI, 2012). 
A implementação de Políticas Públicas requer uma disseminação do 
conhecimento, com a garantia de acesso das pessoas aos recursos tecnológicos, 
garantia de motivação para a participação e demandam não só o investimento 
adequado, mas também a existência de pessoal habilitado a lidar com tais 
ferramentas para que tais ações possam ser concebidas realmente como públicas. 
Política pública refere-se, portanto, à ação dos governantes que detêm a autoridade 
e o poder para dirigir a coletividade organizada, bem como às ações da coletividade 
em apoio ou contrárias às autoridades governamentais (SILVA, 2009). 
Vamos partir desses entendimentos para discorrermos sobre políticas 
públicas e legislação educacional. 
Falar em políticas públicas nos leva de imediato a algumas questões 
básicas: 
1º As demandas que podem ser novas, as demandas recorrentes e as 
demandas reprimidas. 
2º Ajuste fiscal! Sim. Essa é uma questão crucial nos dias atuais e que 
Estados e Municípios ainda não conseguiram fazer a leitura correta de como 
equilibrar as contas públicas para atender às necessidades básicas para a 
população. 
Quanto à legislação educacional ela se constitui de um conjunto de leis que 
regulariza determinada matéria e tem como objetivo, organizar a vida de um país. 
No nosso caso, a educação é organizada e regida por um desses conjuntos que 
chamamos de ‘legislação educacional’ e se baseia na Constituição Federal de 
 
 
4 
19881, em leis como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) - Lei 
nº 9.394/962, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - Lei nº 8.069/903, o 
Plano Nacional de Educação (PNE) - Lei nº 13.005/144 e outras documentos mais 
específicos como os Atos Normativos do Conselho Nacional de Educação e as 
resoluções. 
 
 
A existência de uma legislação representa muito mais que um conjunto de 
ordens a serem cumpridas. Trata-se, antes de tudo, da superação do poder 
do mais forte, do mais rico ou qualquer outro fator de distinção entre os 
indivíduos. Representa o estabelecimento de uma igualdade entre as 
pessoas na definição ou garantia dos direitos. Com as leis, todos passaram 
a ter sua conduta limitada, mas, por outro lado, têm maior possibilidade de 
proteção de seus direitos (PACHECO; CERQUEIRA, 2013, p. 24). 
 
 
Nosso módulo começa então por conceitos básicos como política, política 
pública, política educacional, algumas tipologias e seu ciclo e fecharemos com a 
legislação voltada à educação. 
O Plano Nacional de Educação, a lei que rege o Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da 
Educação (FUNDEB) e o Fundo de Financiamento ao Estudante (FIES) completam 
nosso módulo. 
Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se 
fazem necessárias: 
1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas 
efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da 
World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao 
acesso facilitado na atualidade e até mesmo democrático, ajudam sobremaneira 
para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura surjam ao longo 
da leitura e, mais, para manterem-se atualizados. 
 
1
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm 
2
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm 
3
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm 
4
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm 
 
 
5 
2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo 
original5, pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que 
têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também 
reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser 
deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos 
estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de 
comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado 
pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância. 
3) Em se tratando de Jurisprudência, entendida como “Interpretação 
reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu 
julgamento” (FERREIRA, 2005)6, ou conjunto de soluções dadas às questões de 
direito pelos tribunais superiores, algumas delas poderão constar em nota de rodapé 
ou em anexo, a título apenas de exemplo e enriquecimento. 
4) Por uma questão ética, a empresa/instituto não defende posições 
ideológico-partidária, priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento 
crítico. 
5) Pedimos compreensão por usar a lógica ocidental tradicional que funciona 
como uma divisão binária: masculino x feminino, macho x fêmea ou homem x 
mulher, mas na medida do possível iremos nos adequandoà identidade de gênero, 
cientes de que no mundo atual as pessoas tem liberdade de se expressarem de 
forma tão diversa e plural e que o respeito à singularidade e a tolerância de cada 
indivíduo torna-se fator de extrema importância. 
6) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou 
seja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para 
fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que 
os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. 
Por fim: 
 
5
 Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou similares. 
 
6
 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. Editora 
Positivo, 2005. 
 
 
6 
7) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para 
consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última 
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl + 
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis 
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material 
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
UNIDADE 1 – POLÍTICAS PÚBLICAS 
 
Denomina-se política a ciência de bem governar um povo, constituído em 
Estado. Em um Estado democrático, essa governabilidade é exercida pelo poder 
público, via representantes conduzidos ao poder, direta ou indiretamente, pelo povo 
(MACHADO; KYOSEN, 2000). 
Assim, a política tem como objetivo estabelecer os princípios que se 
mostrem indispensáveis à realização de um governo, tanto mais perfeito, quanto 
seja o desejo de conduzir o Estado ao cumprimento de suas precípuas finalidades, 
isto é, em melhor proveito dos governados. 
A política mostra o corpo de doutrinas, indispensáveis, ao bom governo de 
um povo, dentro das quais devem ser estabelecidas as normas jurídicas necessárias 
ao bom funcionamento das instituições administrativas do Estado. 
Quando o Estado busca, em suas realizações, o atendimento a 
necessidades sociais básicas da população, seja através de garantias e ações 
concernentes à assistência social, saúde, educação, segurança, entre outros, 
verifica-se a implementação e efetivação da política social por parte daquele. 
Apesar de surgir como uma concepção universalista, por exemplo, na 
França, pós-revolução de 1789, com o passar do tempo vai ganhando uma 
conotação mais focalizada – destinada aos mais “desfavorecidos”, como políticas 
compensatórias promovidas pelo Estado para minimizar a “questão social” (a forma 
como as elites político-econômicas chamavam as epidemias, os enormes 
contingentes de desempregados, a violência urbana e as manifestações populares 
contra a pobreza e a exploração fabril). Somente no século XX, em especial na 
Europa Ocidental, após a Segunda Guerra Mundial, é que ressurge a ideia de 
política pública como um direito que todo cidadão possui, independente da sua 
condição social. 
Assim, as políticas públicas sociais são um dos principais instrumentos de 
integração entre Estado, Governos e sociedade, e, por isso, torna-se indispensável 
entender os fatores históricos, políticos, culturais e ideológicos, bem como os 
movimentos sociais que desencadearam os construtos político-sociais do Estado 
 
 
8 
como promotor de bens e serviços públicos, percebendo seu papel dentro do quadro 
das ideias neoliberais apresentadas pela dinâmica do Estado contemporâneo no 
qual nos situamos hoje, compreendendo a importância das políticas públicas sociais 
como instrumento de desenvolvimento e inclusão social (PEREIRA; SILVA, 2014). 
 
Guarde... 
Política Pública é um conceito muito utilizado no discurso dos gestores e das 
lideranças da sociedade civil, mas dificilmente paramos para pensar em seu 
significado. Sua caracterização foi necessária quando, em dado momento da história 
moderna, as pessoas perceberam que a burocracia estatal não deveria apenas 
garantir a ordem e a segurança social, mas também prover serviços destinados a 
diminuir as desigualdades sociais e promover o crescimento econômico. Portanto, 
política pública compreende o conjunto de intervenções e ações do Estado 
orientadas para a geração de impactos nas relações sociais, sendo as mais 
conhecidas as políticas de educação, saúde, assistência social, transporte e 
habitação, entre outros (SANTOS, 2009). 
A expressão “política social” refere-se às políticas consideradas do ponto de 
vista setorial, ou de uma questão pública em particular da sociedade. Entre elas 
incluem-se as de educação, saúde, transportes, entre tantas outras (HEIDEMANN, 
2010). 
Pode-se dizer que toda política social é uma política pública, no entanto, 
nem toda política pública é uma política social. Ou seja, as políticas sociais se 
configuram em um subconjunto de um conjunto maior que denominamos políticas 
públicas. Assim, as políticas sociais são direcionadas a aspectos particulares da 
sociedade e por isso são consideradas políticas setoriais. 
 
 
1.1 Tipologia das políticas públicas 
São vários os caminhos que podemos seguir quando se trata de apresentar, 
analisar e escolher o tipo de política a ser escolhida e/ou implementada, 
 
 
9 
principalmente se pensarmos que as políticas públicas podem e têm objetivos e 
particularidades distintas. 
Por “tipo” podemos entender modelo, coisa que reúne em si características 
distintivas de uma classe, ou ainda símbolo, algo exemplar. 
Em sua revisão de literatura sobre políticas públicas, Souza (2012) fala dos 
principais modelos explicativos que foram desenvolvidos para se entender melhor 
como e por que o governo faz ou deixa de fazer alguma ação que repercutirá na vida 
dos cidadãos. 
Antes de falarmos desses modelos, vamos aos critérios expostos por 
Teixeira (2002), ao considerar importante alguns tipos de políticas, para que se 
possa definir o tipo de atuação que se pode ter frente a sua formulação e 
implementação. 
a) Quanto à natureza ou grau da intervenção: 
a.1) estrutural – buscam interferir em relações estruturais como renda, 
emprego, propriedade, entre outros; 
a.2) conjuntural ou emergencial – objetivam suavizar uma situação 
temporária, imediata. 
 
b) Quanto à abrangência dos possíveis benefícios: 
b.1) universais – para todos os cidadãos; 
b.2) segmentais – para um segmento da população, caracterizado por um 
fator determinado (idade, condição física, gênero, entre outros); 
b.3) fragmentadas – destinadas a grupos sociais dentro de cada segmento. 
 
c) Quanto aos impactos que podem causar aos beneficiários, ou ao seu 
papel nas relações sociais: 
c.1) distributivas – visam distribuir benefícios individuais, costumam ser 
instrumentalizadas pelo clientelismo; 
 
 
10 
c.2) redistributivas – visam redistribuir recursos entre os grupos sociais, 
buscando certa equidade, retiram recursos de um grupo para beneficiar outros, o 
que provoca conflitos; 
c.3) regulatória – visam definir regras e procedimentos que regulem 
comportamento dos atores para atender interesses gerais da sociedade; não 
visariam benefícios imediatos para qualquer grupo. 
Ainda para falarmos dessa tipologia, o cientista político americano Theodore 
Lowi (1931-2017) desenvolveu a talvez mais conhecida tipologia sobre política 
pública, elaborada através de uma máxima: a política pública faz a política. Com 
essa máxima Lowi quis dizer que cada tipo de política pública vai encontrar 
diferentes formas de apoio e de rejeição e que disputas em torno de sua decisão 
passam por arenas diferenciadas. 
Para Lowi, a política pública pode assumir quatro formatos: 
a) o primeiro é o das políticas distributivas, decisões tomadas pelo governo, 
que desconsideram a questão dos recursoslimitados, gerando impactos mais 
individuais do que universais, ao privilegiar certos grupos sociais ou regiões, em 
detrimento do todo; 
b) o segundo é o das políticas regulatórias, que são mais visíveis ao público, 
envolvendo burocracia, políticos e grupos de interesse; 
c) o terceiro é o das políticas redistributivas, que atinge maior número de 
pessoas e impõe perdas concretas e no curto prazo para certos grupos sociais, e 
ganhos incertos e futuro para outros; são, em geral, as políticas sociais universais, o 
sistema tributário, o sistema previdenciário e são as de mais difícil encaminhamento; 
d) o quarto é o das políticas constitutivas, que lidam com procedimentos. 
Cada uma dessas políticas públicas vai gerar pontos ou grupos de vetos e de apoios 
diferentes, processando-se, portanto, dentro do sistema político de forma também 
diferente. 
 
 
 
11 
1.2 Os atores nas políticas públicas 
 
Aos participantes (pessoas e/ou grupos) que apresentam propostas, que 
reivindicam alguma ação ou que a executam transformando-as em políticas 
públicas, podemos denominar ‘atores’. 
Esses atores que participam do processo que envolve desde a discussão, 
criação, execução e avaliação das Políticas Públicas, são geralmente divididos em 
dois grupos: os ‘estatais’ (oriundos do Governo ou do Estado) e os ‘privados’ 
(oriundos da Sociedade Civil). Os atores estatais são aqueles que exercem funções 
públicas no Estado, tendo sido eleitos pela sociedade para um cargo por tempo 
determinado (os políticos), ou atuando de forma permanente, como os servidores 
públicos (que operam a burocracia) (SEBRAE/MG, 2008). 
No processo de definição de políticas públicas, sociedades e Estados 
complexos como os constituídos no mundo moderno estão mais próximos da 
perspectiva teórica daqueles que defendem que existe uma “autonomia relativa do 
Estado”, o que faz com que o mesmo tenha um espaço próprio de atuação, embora 
permeável a influências externas e internas (EVANS, RUESCHMEYER e 
SKOCPOL, 1985 apud SOUZA, 2006). 
Essa autonomia relativa gera determinadas capacidades, as quais, por sua 
vez, criam as condições para a implementação de objetivos de políticas públicas. A 
margem dessa “autonomia” e o desenvolvimento dessas “capacidades” dependem, 
obviamente, de muitos fatores e dos diferentes momentos históricos de cada país. 
Apesar do reconhecimento de que outros segmentos que não os governos 
se envolvem na formulação de políticas públicas, tais como os grupos de interesse e 
os movimentos sociais, cada qual com maior ou menor influência a depender do tipo 
de política formulada e das coalizões que integram o governo, e apesar de uma 
certa literatura argumentar que o papel dos governos tem sido encolhido por 
fenômenos como a globalização, a diminuição da capacidade dos governos de 
intervir, formular políticas públicas e de governar não está empiricamente 
comprovada. Visões menos ideologizadas defendem que, apesar da existência de 
limitações e constrangimentos, estes não inibem a capacidade das instituições 
governamentais de governar a sociedade (PETERS, 1998, p. 409 apud SOUZA, 
 
 
12 
2006), apesar de tornar a atividade de governar e de formular políticas públicas mais 
complexa. 
Santos (2009) explica de maneira bem didática a estrutura/rotina de 
elaboração e funcionamento das políticas públicas que merece ser exposta. 
Vejamos: 
O Estado só existe se for financiado pela sociedade, por meio de impostos 
coletados entre pessoas físicas (cidadãos) e jurídicas (empresas). Esses impostos 
formam um fundo público, ou seja, um caixa administrado pelo Poder Executivo no 
qual devem ser depositadas todas as receitas e retiradas todas as despesas do 
Estado. Além dos recursos orientados para sua própria manutenção, parte dessas 
receitas estatais deve custear as políticas públicas que, ao lado da administração da 
justiça e da segurança, é uma das suas principais funções. 
Entretanto, a concepção de política pública nasce entrelaçada com a ideia 
de intervenção estatal. Nesse sentido, só poderia ser elaborada e executada pelos 
agentes públicos, em outras palavras, funcionários selecionados para compor a 
burocracia estatal. O desenho institucional para a política pública seria, nessa 
concepção, o seguinte: a democracia representativa garantiria a seleção (por meio 
de eleições periódicas) dos ocupantes do Executivo e do Legislativo; os primeiros 
seriam responsáveis pela seleção (via concursos) e gestão dos funcionários 
públicos; esses utilizariam seus conhecimentos técnicos para planejar, construir, 
executar e monitorar um conjunto de ações estatais visando ao atendimento dos 
direitos dos cidadãos. 
Ainda de acordo com essa concepção, caberia a outros órgãos estatais – 
Tribunais de Contas, Controladorias, Ministério Público, Legislativo – todo o 
processo de fiscalização orçamentária e de toda a execução das atividades do 
Executivo. Nessa forma de compreensão de política pública, ela é uma atividade 
técnica e só pode ser questionada “tecnicamente” por outros profissionais da 
burocracia ou, no limite, “politicamente” no parlamento pelos representantes eleitos 
pelo povo. E essa concepção fica ainda mais reforçada quando essas ações estatais 
perdem seu traço universalista para um contorno mais focalizado, pois nesse caso é 
preciso utilizar as ferramentas teóricas da Economia, da Estatística e da Sociologia 
para definir quem é “pobre” e quem deve ser beneficiado pelas ações do Estado. 
 
 
13 
O mesmo autor ressalta que essa visão, bastante limitada sobre a 
formulação da política pública, implica reconhecer apenas a burocracia estatal como 
protagonista de todo o processo de construção e execução. Ocorre que a 
Constituição de 1988 e outras leis infraconstitucionais que a sucederam atribuem a 
outros atores sociais uma participação significativa em toda elaboração e 
monitoramento dessas ações e atividades. 
Antes de responder quem seriam esses atores, devemos lembrar que 
mesmo dentro de um Governo, nem todos pensam e aspiram igualmente. Podemos 
encontrar os interesses “técnicos” dos funcionários de carreira e os interesses 
“políticos” dos funcionários nomeados. Em geral, aos primeiros é atribuída a 
preocupação com as ações de longo prazo (políticas de Estado), enquanto aos 
segundos é associada a preocupação com as ações de curto prazo (políticas de 
governo). Ainda que essa divisão não seja assim tão rígida, e muitas vezes é 
possível observar até uma inversão nessas expectativas, é preciso considerar que 
aquilo que chamamos Governo não é um bloco com uma posição única, logo, é 
natural emergir conflitos em seu próprio seio; um exemplo disso seria a relação entre 
o gestor e os sindicatos de funcionários públicos. Poderíamos até mesmo discorrer 
sobre as diferentes perspectivas de ocupantes de secretarias com funções 
diferentes, como seria, por exemplo, o caso de um secretário de educação – 
preocupado com a expansão dos gastos nessa área – e de um secretário de 
finanças – focado na missão de conter qualquer tipo de gasto. Mas fiquemos por ora 
com essa ideia da multiplicidade de interesses governamentais (SANTOS, 2009). 
Desmembrando o grupo de atores públicos ou estatais, poderíamos citar os 
deputados e senadores (responsáveis pela aprovação do orçamento que define 
quanto será gasto por cada Política Pública), governadores, deputados estaduais 
(responsáveis pela elaboração de Políticas Públicas estaduais), prefeitos e 
vereadores (que, além de elaborar as políticas municipais, se utilizam de seu 
prestígio político para apresentar reivindicações de suas localidades a deputados, 
senadores e ao Poder Executivo Federal e Estadual), ministros de Estado, 
servidores do MDIC (mais especificamente do Departamento de Micro, Pequenas e 
Médias Empresas), do Ministério da Cultura; do Ministério do Turismo (uma vez que 
uma das ações da política é a chamada Rotas de Turismo),servidores dos órgãos 
estaduais referentes ao artesanato, dentre outros. 
 
 
14 
Já os artesãos e suas associações, entidades de apoio ao desenvolvimento 
das micro e pequenas empresas, bem como as que se dedicam ao desenvolvimento 
do empreendedorismo em nossa sociedade, grupos ligados a atividades turísticas e 
culturais são alguns dos atores privados envolvidos nessa política (SEBRAE/MG, 
2008). 
Também no grupo de atores privados, vamos encontrar aqueles que não 
possuem vínculo direto com a estrutura administrativa do Estado. 
Fazem parte desse grupo: 
 a imprensa; 
 os centros de pesquisa; 
 os grupos de pressão, os grupos de interesse e os lobistas; 
 as Associações da Sociedade Civil Organizada (SCO); 
 as entidades de representação empresarial; 
 os sindicatos patronais; 
 os sindicatos de trabalhadores; 
 outras entidades representativas da Sociedade Civil Organizada (SCO). 
 
Vamos pensar nos fornecedores de insumos e serviços ao poder público. 
Como o Estado precisa contratar dessas empresas, quase tudo para 
oferecer a execução das políticas sociais à população, então foi preciso construir 
processos para esse tipo de contratação, e o principal deles é a licitação, espécie de 
leilão, na qual as empresas que oferecem o menor preço dentro das especificações 
exigidas ganham o contrato. Essa relação é um dos principais focos de corrupção 
quando a devida transparência não é garantida. Mas mesmo quando não há 
irregularidades do ponto de vista legal, pode aparecer outro problema: as relações 
informais entre os gestores públicos e as empresas. Como o Estado é, muitas vezes, 
o principal cliente dessas empresas, ocorre todo o tipo de persuasão das empresas 
para com os gestores, tanto os de carreira quanto os comissionados. E pode ocorrer 
muitas vezes uma verdadeira ingerência do setor privado na própria elaboração do 
desenho da política pública, no sentido de “sugestões” para favorecê-los como o 
 
 
15 
principal fornecedor, ainda que não apareça como ilegal ou irregular (SANTOS, 
2009). 
Como exemplo mais que recente, temos os desdobramentos da Operação 
Lava-jato que está em andamento e não precisa maiores esclarecimentos, não é 
mesmo? Já nos basta os jornais e telejornais com novidades a cada dia... 
Por fim, no grupo da sociedade civil, encontraremos os usuários dos 
serviços provenientes das políticas públicas e aqueles que lutam pela garantia dos 
direitos dos cidadãos. 
Enfim, a diversidade de interesses acaba sendo um problema para o gestor 
de políticas públicas. Pautas muito específicas, pouca arrecadação, pouco caixa, 
desvios de verbas, mal uso do dinheiro público, controle ineficiente são apenas 
alguns dos gargalos para que as políticas públicas sejam efetivas, eficientes e 
atendam aos cidadãos que geram impostos para tais fins. 
 
1.3 O ciclo das políticas públicas 
Último ponto que precisamos entender um pouco antes de falarmos das 
políticas públicas voltadas para a educação é justamente o modo como acontece a 
formulação de um políticas pública. 
O modelo do “ciclo das políticas públicas”, “policy cicle” é uma concepção 
abstrata do processo político, que embora não corresponda exatamente ao que 
acontece na prática, funciona como um recurso de análise das políticas públicas. 
Por isso é chamado “Modelo Heurístico” (RUA, 2013). 
É um esquema de visualização e interpretação que organiza a vida política 
pública em fases sequenciais e interdependentes, no entanto, apesar de sua 
utilidade heurística, o ciclo de políticas públicas raramente reflete a real dinâmica ou 
vida de uma política pública, tanto que as fases geralmente se apresentam 
misturadas e as sequências se alternam, mas basicamente são sete as fases 
principais: 
i. Identificação do problema; 
ii. Formulação da agenda; 
 
 
16 
iii. Formulação de alternativas; 
iv. Tomada de decisão; 
v. Implementação; 
vi. Avaliação; 
vii. Extinção. 
A importância da concepção do “ciclo das políticas públicas” decorre do fato 
de que suas etapas correspondem a uma sequência de elementos do processo 
político-administrativo e podem ser investigadas no que diz respeito aos atores, às 
suas relações, seus recursos de poder, às redes políticas e sociais e às práticas que 
se encontram tipicamente em cada fase (RUA, 2013). 
Basicamente é isto: 
 agenda, em que são selecionadas as prioridades; 
 formulação, em que são apresentadas soluções ou alternativas; 
 implementação, em que são executadas as políticas; 
 avaliação, em que ocorre a análise das ações tomadas. 
 
Rua (2013) reafirma a questão colocada acima: na teoria, são estas as fases 
que correspondem às Políticas Públicas, mas na prática, tais etapas se misturam 
entre si e nem sempre seguem a sequência proposta, sendo tal segmentação mais 
significativa para uma melhor compreensão do assunto. 
 
 
 
17 
 Versão simplificada 
 
 
 
 
 
 
 
Versão detalhada 
 
 
 
 
 
 
Para Frey (2000), o ciclo das políticas compreende as seguintes fases: 
percepção e definição de problemas, ‘agenda-setting’, elaboração de programas e 
 
 
18 
decisão, implementação de políticas e, finalmente, a avaliação de políticas e a 
eventual correção da ação. 
Saravia (2006) distingue os seguintes estágios: formação da agenda, 
elaboração das alternativas, formulação, implementação, execução, 
acompanhamento e avaliação. 
Enfim, apesar dessas ponderações, o ciclo de políticas públicas tem uma 
grande utilidade: ajuda a organizaras ideias, faz com que a complexidade de uma 
política pública seja simplificada e ajuda políticos, administradores e pesquisadores 
a criar um referencial comparativo para casos heterogêneos (SECCHI, 2012). 
 
 
 
 
19 
UNIDADE 2 – POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS 
 
No capítulo II da Constituição Federal de 1988, encontramos no artigo 6º 
que fazem parte dos direitos sociais, a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o 
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a 
assistência aos desamparados, na forma dessa Constituição. 
Especificamente para a educação, a CF reserva a partir do artigo 205 os 
desejos, direitos e deveres para sua promoção, com vistas ao pleno 
desenvolvimento da pessoa. 
Não há dúvidas de que é dever do Estado implementar políticas públicas 
capazes de garantir sua qualidade social, bem como o acesso e permanência de 
todos e de todas; construir espaços de participação direta, indireta e representativa, 
nos quais a sociedade civil possa atuar efetivamente na definição, gestão, execução 
e avaliação de políticas públicas educacionais. É necessário que os governos 
garantam prioridade de recursos financeiros para a educação pública, pois o 
compromisso com a qualidade é também compromisso financeiro com a educação 
(FÓRUM MUNDIAL DE EDUCAÇÃO). 
Também se constitui tarefa de todos acreditarem no direito à educação e 
exigir que o Estado efetive políticas públicas para a educação de qualidade, 
concebendo-a não como simples acesso às cadeiras escolares e sim à garantia ao 
conhecimento historicamente construído. 
Como subeixos das políticas públicas para educação, podemos enumerar: 
1. organizar a educação através de planos e de diretrizes; 
2. definir as políticas para infância e juventude; para a diversidade étnico-racial; 
para a educação inclusiva, para educação infantil, ensino fundamental, ensino 
médio, educação de jovens e adultos, pós-médio profissionalizante; para o 
ensino superior; para a educação a distância; para a inclusão digital; para a 
educação não formal; 
3. erradicar o analfabetismo; 
4. ampliar as universidades públicas; 
 
 
20 
5. promover avaliação educacional e institucional e o compromisso social; 
6. favorecer e incentivar a gestão democrática, direta, participativa e 
representativa; 
7. valorizar os profissionais da educação, dentre outras mais específicas. 
O movimento de descentralização tambémvale para a educação, 
transferindo para os municípios uma série de responsabilidades e expectativas, cuja 
maioria das localidades por falta de infraestrutura física e financeira, tem encontrado 
sérias dificuldades em atender, mesmo com o repasse de recursos financeiros. 
Segundo Martins (2007), educação é na prática, o que possibilita 
instrumentalizar o indivíduo para o desenvolvimento de potencialidades, habilidades 
e apropriação de conhecimentos que lhe possibilitam alcançar níveis cada vez mais 
elevados de crítica, criatividade e autonomia, reconhecendo seu valor e capacidade 
de agir e transformar a realidade, com vistas à melhoria da sua qualidade de vida e 
da sociedade. 
Numa analogia em se tratando de políticas públicas, Hofling (2001) assinala 
que sua definição para uma sociedade reflete os conflitos de interesses, os arranjos 
feitos nas esferas de poder que perpassam as instituições do Estado e da sociedade 
como um todo. Um dos elementos importantes deste processo – hoje 
insistentemente incorporado na análise das políticas públicas – diz respeito aos 
fatores culturais, àqueles que historicamente vão construindo processos 
diferenciados de representações, de aceitação, de rejeição, de incorporação das 
conquistas sociais por parte de determinada sociedade. Com frequência, localiza-se 
aí procedente explicação quanto ao sucesso ou fracasso de uma política ou 
programas elaborados; e também quanto às diferentes soluções e padrão adotados 
para ações públicas de intervenção. 
Segundo Hofling (2001), a relação entre sociedade e Estado, o grau de 
distanciamento ou aproximação, as formas de utilização ou não de canais de 
comunicação entre os diferentes grupos da sociedade e os órgãos públicos – que 
refletem e incorporam fatores culturais, como acima referidos – estabelecem 
contornos próprios para as políticas pensadas para uma sociedade. 
Indiscutivelmente, as formas de organização, o poder de pressão e articulação de 
diferentes grupos sociais no processo de estabelecimento e reivindicação de 
 
 
21 
demandas são fatores fundamentais na conquista de novos e mais amplos direitos 
sociais, incorporados ao exercício da cidadania. 
Em um Estado de inspiração neoliberal, como vive o Brasil atualmente, as 
ações e estratégias sociais governamentais incidem essencialmente em políticas 
compensatórias, em programas focalizados, voltados àqueles que, em função de 
sua “capacidade e escolhas individuais”, não usufruem do progresso social. 
A presença do Neoliberalismo na educação e os compromissos assumidos 
pelo governo brasileiro com as determinações das agências internacionais, no 
traçado das políticas educacionais é o retrato da situação atual. 
Para Dourado (2002, p. 239), “o Banco Mundial, o Banco Interamericano de 
Desenvolvimento (BID) e agências da Organização das Nações Unidas (ONU) 
configuram-se como importantes interlocutores multilaterais da agência brasileira” 
ficando visível, a partir da década de 80, o papel do Banco Mundial, ou seja, sua 
orientação no sentido de articular educação e produção de conhecimento, por meio 
do binômio privatização X mercantilização da educação. 
De acordo com Hofling (2001), ao nos reportamos para a política 
educacional, ações pontuais voltadas para maior eficiência e eficácia do processo de 
aprendizagem, da gestão escolar e da aplicação de recursos são insuficientes para 
caracterizar uma alteração da função política deste setor. Enquanto não se ampliar 
efetivamente a participação dos envolvidos nas esferas de decisão, de planejamento 
e de execução da política educacional, estaremos alcançando índices positivos 
quanto à avaliação dos resultados de programas da política educacional, mas não 
quanto à avaliação política da educação. 
Numa sociedade extremamente desigual e heterogênea como a brasileira, a 
política educacional deve desempenhar importante papel ao mesmo tempo em 
relação à democratização da estrutura ocupacional que se estabeleceu e à formação 
do cidadão, do sujeito em termos mais significativos do que torná-lo “competitivo 
frente à ordem mundial globalizada. 
Fato é que necessitamos de uma postura firme do Governo Federal em 
adotar políticas educacionais eficazes para aumentar e melhorar o aprendizado. 
Essa postura tem grandes chances de levar qualidade para as escolas, situação 
essencial para aumentar a competitividade e a produtividade da economia brasileira. 
 
 
22 
Guarde... 
Se “políticas públicas” é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer, 
políticas públicas educacionais é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer 
em educação. Porém, educação é um conceito muito amplo para se tratar das 
políticas educacionais. Isso quer dizer que políticas educacionais é um foco mais 
específico do tratamento da educação, que em geral se aplica às questões 
escolares. Em outras palavras, pode-se dizer que políticas públicas educacionais 
dizem respeito à educação escolar (OLIVEIRA, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
UNIDADE 3 - A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA 
EDUCAÇÃO NACIONAL (LDB) - LEI Nº 9.394/96 
 
Para começo de conversa, vamos à Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 
1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, seja pública ou 
privada. Conhecê-la é condição essencial para quem vai trabalhar na área 
educacional. 
A organização da educação nacional encontra-se no Título IV: 
Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes 
condições: 
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivo 
sistema de ensino; 
II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo Poder 
Público; 
III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da 
Constituição Federal. 
A liberdade de ensino à iniciativa privada deve atender as condições de 
cumprimento das normas que regem a educação e, para além disso, devem ter 
autorização de funcionamento, sendo avaliadas sua qualidade, sob pena de 
fechamento. Além disso, deve ter capacidade de se autofinanciarem. 
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, 
em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. 
§ 1º. Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, 
articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, 
redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais. 
§ 2º. Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos 
desta Lei. 
Quando o legislador fala em organização está preocupado em definir os 
elementos estruturadores da educação escolar, começando pelos sistemas e 
chegando às escolas. 
 
 
24 
Os artigos 9, 10, 11, 12 e 13 são de natureza atributiva, ou seja, trata da 
atribuição de responsabilidade dos níveis Federal, Estadual, Municipal, institucional 
e docente. Portanto, a leitura compreensiva de cada um supõe uma visão de 
conjunto dos demais, a fim de se preservar o eixo compreensivo de distribuição das 
tarefas das respectivas incumbências. 
O art. 14 define as normas da gestão democrática, o qual nos faz lembrar da 
importância da participação da comunidade escolar para que o projeto político 
pedagógico (ou proposta pedagógica) seja formatado com “a cara” dessa 
comunidade e não seja um mero documento burocrático. 
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas 
de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e 
administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito 
financeiro público. 
As escolas podem criar seus projetos políticos, havendo forma de gerirem 
parte dos recursos financeiros que recebem, desde que o façam de acordo com as 
normas. 
Os artigos 16, 17 e 18 fazem referência aos elementos que constituem cada 
sistema (Federal, Estadual, do DF, dos municípios e da iniciativa privada). 
Já que aestrutura e o funcionamento da educação no Brasil são 
estabelecidos sob a forma de um sistema, art. 16, vejamos rapidamente o que é um 
sistema. 
No dicionário Aurélio (FERREIRA, 2005), sistema é definido em uma página 
inteira...indo desde um conjunto de elementos, materiais ou ideais, entre os quais se 
possa encontrar ou definir alguma relação, passando por disposição das partes ou 
dos elementos de um todo, coordenados entre si, e que funcionam como estrutura 
organizada, ou ainda, reunião de elementos naturais da mesma espécie, que 
constituem um conjunto intimamente relacionado. Também se reporta a um conjunto 
de instituições políticas ou sociais, e dos métodos por elas adotados, encarados 
quer do ponto de vista teórico, quer do de sua aplicação prática. 
Lalande (1960 apud SILVA, 2006, p. 10) apresenta uma das definições mais 
didáticas e de fácil compreensão sobre o termo. Ele o define como “conjunto de 
elementos, materiais ou não, que dependem reciprocamente uns dos outros, de 
 
 
25 
maneira a formar um todo organizado”. Essa definição apresenta o sistema como 
um todo formado de partes interdependentes e harmônicas, mas tem sua atenção 
voltada apenas para o interior do sistema, ignorando o que se passa a sua volta. 
Drew (1986 apud SILVA, 2006, p. 10), em seu conceito, incorpora as 
relações com o meio externo à noção de sistema, ao defini-lo como 
 
 
conjunto de componentes ligados por fluxos de energia e funcionando como 
uma unidade [...] se o sistema recebe energia exterior e devolve energia, 
diz-se que é um sistema aberto. Se a energia é retida dentro do sistema, 
diz-se que é um sistema fechado. 
 
 
Um sistema aberto apresenta, necessariamente, fronteira permeável ao 
ambiente, ou seja, existe um movimento de entrada e saída de elementos através 
das fronteiras. Ele recebe do ambiente externo novos elementos (inputs) e devolve 
ao ambiente produtos do sistema (outputs). 
Na realidade, não podem existir sistemas absolutamente fechados nem 
completamente abertos. Um sistema absolutamente fechado tenderia à destruição 
(entropia), por não conseguir renovar-se. Um sistema completamente aberto, em 
que os elementos entrem e saiam livremente, já não seria um sistema, por não 
conseguir manter um mínimo de organização. Sendo assim, o sistema aberto 
sempre dispõe de um subsistema de fronteira, que lhe permite selecionar os inputs e 
outputs (RODRIGUES, 2008). 
Em geral, o sistema está contido dentro de um sistema mais amplo, que 
pode ser chamado de seu “supersistema”. Por outro lado, ele é constituído de partes 
que também são sistemas de menor magnitude e podem ser chamados de 
subsistemas. 
A estrutura sistêmica exige, para seu bom funcionamento, um conjunto de 
regras orientadoras, normatizadoras da vida em sociedade. Isso significa dizer que a 
base de sustentação do supersistema ou macrossistema vem traduzida na 
Constituição Federal (SILVA; FERNANDES, 2011). 
 
 
26 
Sistema, na LDB, refere-se às instituições, que neste caso incluem-se as 
escolas de vários níveis, e também aos órgãos de gerenciamento (FIRMINO; LIMA, 
2016). 
Nessa linha de pensamento, vejamos a estrutura, ou os tipos de sistemas da 
educação no Brasil, passando necessariamente por sistema educacional e sistema 
de ensino, tomando por base as explicações de Branco (2011). 
a) O sistema educacional é o mais amplo de todos os sistemas, pois 
abrange processos de ensinar e de aprender que tem raiz na família, na escola, nos 
partidos políticos, na mídia, nas relações interpessoais, nas associações em geral. O 
sistema educacional, portanto, vincula-se à educação formal, informal e não formal. 
O sistema educacional formal é aquele construído dentro da instituição 
socialmente reconhecida como escola. O processo ensino-aprendizagem traduzido 
por este sistema é obrigatoriamente sistematizado, ou seja, vem organizado dentro 
de parâmetros específicos encontrados no mundo da escola, ou seja: currículo, 
disciplinas, metodologias, objetivos, avaliação e planejamento, num corpo de 
recursos humanos tecnicamente preparado para alcançar a eficiência e eficácia 
desse processo. O corpo normativo de sustentação deste sistema é a LDB. 
O sistema educacional não formal está vinculado às demais instituições 
socialmente reconhecidas como: família, igreja, mídia, partidos políticos, 
associações. O processo ensino-aprendizagem que se estrutura nesse modelo 
sistêmico dispensa o rigor da sistematização das ações presentes no sistema 
educacional formal, porém o processo de aprendizagem se estrutura efetivamente a 
partir das especificidades de cada uma dessas instituições. 
O sistema educacional informal se estrutura basicamente nas relações 
interpessoais travadas no cotidiano de cada indivíduo e se pauta no senso comum, 
no conhecimento ou cultura popular, nas interpretações, nas deduções que o 
homem faz das coisas e dos acontecimentos do seu mundo diário. 
b) Sistema de ensino diz respeito ao “como” o aluno percorre o sistema 
educacional formal em seus diferentes níveis e modalidades. O sistema de ensino 
pode ter uma composição múltipla, ou seja, admite-se a organização do sistema de 
ensino brasileiro em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular 
de períodos de estudos, com base na idade, na competência e em outros critérios, 
 
 
27 
sempre que o processo de aprendizagem assim recomendar. Vejamos o art. 23 da 
LDB: 
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos 
semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, 
com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de 
organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o 
recomendar. 
§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tratar de 
transferências entre estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo como 
base as normas curriculares gerais. 
§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, 
inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem 
com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei. 
c) Sistema escolar diz respeito a uma rede de escolas e sua estrutura de 
sustentação, estrutura essa representada pela esfera administrativa do ensino 
(sentido macro) e pela esfera normativa. Essas duas esferas referidas têm 
vinculação às diferentes estruturas de poder, quais sejam: Poder Federal, Estadual e 
Municipal. 
Na esfera ou nível Federal, temos o Ministério da Educação (MEC) como 
órgão máximo da administração do ensino brasileiro, cabendo-lhe formular e avaliar 
a política nacional de educação e zelar pela qualidade do ensino. Esse órgão se 
comunica diretamente com o Conselho Nacional de Educação (CNE), o qual possui 
atribuições normativas, deliberativas e de assessoramento ao MEC. 
Em nível Estadual, no polo administrativo, encontramos a Secretaria 
Estadual de Educação, a qual possui no Estado competência no que se refere à 
administração, à coordenação e à supervisão das políticas educacionais estaduais. 
No polo normativo estadual, temos o Conselho Estadual de Educação, órgão 
consultivo, deliberativo e fiscalizador do sistema estadual de educação. 
Em nível municipal, temos a Secretaria Municipal de Educação como órgão 
executivo da administração do ensino. Como órgão normativo municipal, temos o 
Conselho Municipal de Educação com competência para orientar normativamente 
toda a rede municipal de ensino. 
 
 
28 
Observe as vinculações da rede de escolas que compõem o sistema 
escolar: 
 Instituições Públicas Federais de Nível Superior (IFES) – MEC/CNE; 
 Instituições Públicas Estaduais de Ensino Fundamental e Médio – 
SEED/CEE; 
 Instituições Públicas Municipais de Ensino Infantil e Fundamental – 
SEMEC/CME. 
 
A base das categorias públicas e privadas (Art. 19 e 20 da LDB) encontra 
apoiono artigo 206 da Constituição Federal, inciso III, que prevê: “pluralismo de 
ideias e de concepções pedagógicas e a coexistência de instituições públicas e 
privadas de ensino”. 
A vinculação administrativa das instituições educacionais de natureza 
privada prende-se num primeiro plano à mantenedora da referida organização 
educacional; no entanto, no que diz respeito ao polo normativo, a iniciativa privada 
deve obrigatoriamente voltar-se para um dos órgãos normativos do ensino (CNE, 
CEE ou CME), dependendo do nível ou modalidade de educação ou ensino que 
ofereça (BRANCO, 2011). 
Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes 
categorias: 
I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e 
mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não 
apresentem as características dos incisos abaixo; 
II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de 
pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas 
educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora 
representantes da comunidade; (Redação dada pela Lei nº 12.020, de 2009) 
III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de 
pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem à orientação 
confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior; 
 
 
29 
IV - filantrópicas, na forma da lei. 
Sobre as instituições filantrópicas, é importante saber que o que as qualifica, 
de fato, é o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social. Um exemplo 
de instituição filantrópica é a Fundação Bradesco. As instituições confessionais e 
filantrópicas prestam serviços importantes, relacionados à bolsas de estudo e de 
projetos sociais (FIRMINO; LIMA, 2016). 
De modo geral, a estrutura do sistema escolar brasileiro apresenta: 
a) Estrutura propriamente dita – constituída por uma rede de unidades 
escolares em seus vários níveis e modalidades, que se dedica à atividade fim do 
sistema. Possui uma estrutura didática com duas dimensões: 
a.1) vertical – diferentes níveis de ensino (Educação Básica e Ensino 
Superior); 
a.2) horizontal – diferentes modalidades de ensino (Educação de Jovens e 
adultos, Educação Profissional, Educação Especial, Educação a Distância, entre 
outras). 
 
 
b) Estrutura de sustentação – refere-se à estrutura administrativa e 
normativa que sustenta o sistema e compreende: 
b.1) elementos não materiais – normas, diplomas legais, metodologia de 
ensino, currículos programas, entre outros; 
b.2) entidades mantenedoras – Poder Público, entidades particulares, 
autarquias; 
 
 
30 
b.3) administração – Ministério da Educação, Conselho Nacional de 
Educação, Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, secretarias de 
educação, entre outros. 
Essa estrutura representada pela esfera administrativa do ensino e pela 
esfera normativa tem vinculação com as diferentes estruturas de poder, ou seja: 
Poder Federal, Estadual e Municipal. 
Ainda sobre os sistemas de ensino, a LDB nº 9394/96 dispõe que estes: 
definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica 
(art. 14); assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os 
integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão 
financeira (art. 15). 
Além disso, afirma que a União é responsável pela coordenação da política 
nacional de educação e da articulação entre os diferentes níveis e sistemas de 
ensino (art. 8º § 1º). 
A educação nacional está, pois, organizada em três sistemas de ensino 
distintos, conforme a dependência político-administrativa. Cada um deles é 
responsável pela organização e manutenção das instituições de ensino de seu 
sistema e, também, pela elaboração e execução de políticas e planos educacionais 
para o mesmo. Os sistemas de ensino são: 
a) Sistema Federal: 
Sob a responsabilidade da União, do Governo Federal, refere-se às 
instituições, aos órgãos, às leis e normas, concretizando-se nos Estados e 
Municípios, nos seus sistemas de ensino. 
Segundo a LDB (art. 16), o Sistema Federal de Ensino compreende: as 
instituições de ensino mantidas pela União; as instituições de educação superior 
criadas e mantidas pela iniciativa privada; e os órgãos federais de educação. 
E mais: supervisiona e inspeciona as diversas instituições privadas de 
educação superior. 
O Governo Federal mantém as seguintes instituições: 
 Universidades Federais; 
 
 
31 
 Instituições Isoladas de Ensino Superior; 
 Institutos Federais IFETs; 
 Estabelecimentos de Educação Básica (Colégios de Aplicação); 
 Instituições de Educação Especial. 
Mais especificamente, no âmbito do Sistema Federal de Ensino, a Rede 
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada ao Ministério 
da Educação e de acordo com a Lei nº11.892/087 é constituída pelas seguintes 
instituições: 
 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia; 
 Centros Federais de Educação Tecnológica; 
 Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais; 
 Universidade Tecnológica Federal do Paraná; 
 Colégio Pedro II. 
 
b) Sistema Estadual: 
É responsável por grande parte dos estudantes de vários graus e 
modalidades de ensino, professores, servidores, unidades escolares públicas e 
privadas, além de exercer o controle sobre o ensino supletivo e os cursos livres que 
ocorrem fora do âmbito escolar, assumindo ainda funções de manutenção do ensino 
nessa esfera, também exerce funções normativas, deliberativas, consultivas e 
fiscalizadoras nas redes oficial e particular. 
O sistema estadual de ensino, bem como o do Distrito Federal, conforme 
previsto na Constituição Federal de 1988, podem legislar sobre a educação, a 
cultura, o ensino e o desporto (art. 24 alínea IX). A esse respeito, a LDB, art.10, 
incisos I e III, explicita que os estados incumbir-se-ão de organizar, manter e 
desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino; e elaborar 
e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e os 
 
7
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11892.htm e que institui 
a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de 
Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. 
 
 
32 
planos nacionais de educação, integrando e coordenando suas ações e as dos seus 
municípios. 
Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Federal compreendem, de 
acordo com o art. 17: 
I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público 
Estadual e pelo Distrito Federal; 
II - as instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público 
municipal; 
III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas e mantidas pela 
iniciativa privada; 
IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente. 
Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de educação infantil, 
criadas e mantidas pela iniciativa privada, integram seu sistema de ensino. 
 
Para a regulamentação do ensino na esfera Estadual, sua legislação inclui: 
 a Constituição Federal; 
 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; 
 os pareceres e resoluções do Conselho Nacional de Educação; 
 resoluções, portarias e pareceres do Conselho Estadual de Educação; 
 a Legislação Estadual de Diretrizes e Bases do Sistema Educativo; 
 decretos e atos administrativos do Poder Executivo. 
 
c) Sistema Municipal: 
A Constituição Federal de 1988 reconheceu o município como uma instância 
administrativa, possibilitando-lhe, no campo educacional, a organização de seus 
sistemas de ensino em colaboração com a União e os Estados. 
A Constituição Federal também prescreveu que os municípios deverão 
atuar,sobretudo no ensino fundamental, tanto na zona urbana, quanto na zona rural 
 
 
33 
e na pré-escola, priorizando o atendimento às crianças de 0 a 5 anos, nas creches e 
pré-escolas. 
A respeito disso, a LDB dispõe que: 
Art.11 – os municípios incumbir-se-ão de: 
I – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais de 
ensino, integrando-os às políticas e aos planos educacionais da União e dos 
Estados; 
II – exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; 
III – baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; 
IV – autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu 
sistema de ensino; 
V – oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas e, com prioridade, 
o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente 
quando atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com 
os recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à 
manutenção e ao desenvolvimento do ensino; 
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. (Incluído 
pela Lei nº 10.709, de 31.7.2003) 
Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao 
Sistema Estadual de Ensino ou compor com ele um sistema único de educação 
básica. 
Os Sistemas Municipais de ensino (art. 18) compreendem: 
 as instituições do ensino fundamental, médio e de educação infantil mantidas 
pelo poder público municipal; 
 as instituições de ensino infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada; 
 os órgãos municipais de educação. 
Quanto aos níveis e modalidades da educação básica, no Brasil, a educação 
escolar está organizada em dois níveis: educação básica e educação superior (Arts. 
21 a 60). 
 
 
34 
A educação básica está organizada da seguinte maneira: educação infantil, 
ensino fundamental e ensino médio. A educação infantil (creche e pré-escola) 
destina-se ao atendimento de crianças de zero a cinco anos de idade; o ensino 
fundamental destina-se ao atendimento de crianças de seis a quatorze anos; e, o 
ensino médio, etapa final da educação básica, articula-se à educação profissional. 
A educação superior está organizada nos seguintes cursos e programas: 
cursos de graduação; programas de mestrado e doutorado e cursos de 
especialização, aperfeiçoamento e atualização, no nível de pós-graduação; cursos 
sequenciais de diferentes campos e níveis; e cursos e programas de extensão. 
Quanto à categoria administrativa (art.19), as instituições de ensino nos 
diferentes níveis poderão ser públicas (mantidas e administradas pelo poder público) 
ou privadas (mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito 
privado) (SILVA; FERNANDES, 2011; BRANCO, 2011). 
Com a política de descentralização da educação, a União repassou aos 
Estados e aos Municípios muitas de suas atribuições. A LDB regulamentou a criação 
de sistemas, objetivando o estabelecimento de metas, a gestão de recursos 
financeiros destinados à educação, a supervisão de suas unidades de ensino e seu 
padrão de qualidade, entre outras necessidades, preconizando a existência de 
conselhos de educação em nível Nacional, Estadual e Municipal. 
São modalidade da educação escolar: 
A educação profissional técnica de nível médio (art. 36) poderá ser 
articulada com o ensino médio e será desenvolvida de forma integrada para 
aqueles que tenham concluído o ensino fundamental; concomitante para quem 
ingresse no ensino médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrículas distintas 
para cada curso, e podendo ocorrer: 
 na mesma instituição de ensino; 
 em instituições de ensino distintas; 
 em instituições de ensino distintas, mediante convênios de 
intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de 
projeto pedagógico unificado. 
 
 
35 
A Educação de Jovens e de Adultos (EJA) é a modalidade de ensino 
prevista nos artigos 37 e 38 da LDB para jovens e adultos concluírem o Ensino 
Fundamental ou Médio. 
Frise-se que o artigo 37 dá a oportunidade de reparar o direito negado ao 
cidadão em idade própria, aos estudos, além de equalizar a possibilidade de acesso, 
permanência e aprendizagem, via educação escolar, visando qualificar, capacitando 
para o exercício da cidadania e ampliando a chance de torná-lo um cidadão 
participativo e socialmente produtivo (FIRMINO; LIMA, 2016). 
O Art. 38 diz que a EJA deverá articular-se, preferencialmente, com a 
educação profissional, na forma do regulamento (Incluído pela Lei nº 11.741, de 
2008). 
A Educação Profissional não se coloca como um nível de ensino, mas tipo 
de formação que se integra ao trabalho, à ciência e à tecnologia e conduz ao 
permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. Está regulamentada 
nos artigos 39, 40 e 41 da LDB. 
A Educação Especial, de acordo com o artigo 58 da LDB, é modalidade de 
educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para 
educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 
habilidades ou superdotação (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013). 
Firmino e Lima (2016) observam que o termo especial não é dado à toa. É 
muito importante que o sistema escolar esteja preparado para atender todas as 
diferenças, oferecendo um acesso igualitário e uma educação de qualidade. Isto é 
possível com um corpo docente especializado, preparado com condições adequadas 
de trabalho, para que o educando com deficiência não seja apenas um corpo 
estranho na turma regular. 
A criação do cadastro (art. 59-A) é um avanço para a Educação Especial, 
pois possibilita um maior controle do público com altas habilidades e superdotação, 
visando direcionar a atenção para eles. 
A modalidade de educação a distância é mais uma forma diferenciada de 
comunicação pedagógica e de interação professor-aluno, que usa novas tecnologias 
de comunicação escolar, as quais podem ser usadas no nível da Educação Básica e 
do Ensino Superior. 
 
 
36 
Na modalidade de Educação Básica do Campo, a educação para a 
população rural está prevista com adequações necessárias às peculiaridades da 
vida no campo e de cada região, definindo-se orientações para três aspectos 
essenciais à organização da ação pedagógica: 
a) conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades 
e interesses dos estudantes da zona rural; 
b) organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar 
às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; 
c) adequação à natureza do trabalho na zona rural. 
 
Art. 26-A – Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, 
públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira 
e indígena (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). 
A Educação Escolar Indígena ocorre em unidades educacionais inscritas em 
suas terras e culturas, as quais têm uma realidade singular, requerendo pedagogia 
própria em respeito à especificidade étnico-cultural de cada povo ou comunidade e 
formação específica de seu quadro docente, observados os princípios 
constitucionais, a base nacional comum e os princípios que orientam a Educação 
Básica brasileira. 
Na estruturação e no funcionamento das escolas indígenas, é reconhecida a 
sua condição de possuidores de normas e ordenamento jurídico próprios, com 
ensino intercultural e bilíngue, visando à valorização plena das culturas dos povos 
indígenas e à afirmação e manutenção de sua diversidade étnica, ou seja, a 
Constituição garante-lhes o direito de utilizar suas línguas maternas e processos 
próprios de aprendizagem, o que se justifica pela existência de cerca de 1.600 
escolas indígenas que hoje possuem cerca de 80 mil alunos índios (Res. CEB nº 
3/998). 
O estudo da história e da cultura afro-brasileira pretende resgatar o débito 
que a sociedade tem para com os povos indígenas e os afrodescendentes.8
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb03_99.pdf - fixa Diretrizes Nacionais 
para o funcionamento das escolas indígenas, e dá outras providências. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm#art1
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb03_99.pdf
 
 
37 
Conhecer a história desse povo, ajuda na conscientização e objetiva, também, 
diminuir o preconceito (FIRMINO; LIMA, 2016). 
Quanto ao art. 28 que se reporta à oferta de educação básica para a 
população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à 
sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: 
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades 
e interesses dos alunos da zona rural; 
II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar 
às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; 
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. 
Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, indígenas e 
quilombolas será precedido de manifestação do órgão normativo do respectivo 
sistema de ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de 
Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da 
comunidade escolar. (Incluído pela Lei nº 12.960, de 2014) 
A peculiaridade quer dizer que os conteúdos curriculares e metodologias 
estejam apropriadas às reais necessidades. Ou seja: baseado no contexto em que 
vivem, devendo observar, ainda, as condições de clima, organizando o calendário às 
fases do ciclo agrícola (FIRMINO; LIMA, 2016). 
O ensino religioso! Polêmicas à parte, vamos às decisões do Supremo 
Tribunal Federal que, após quatro sessões de intenso debate, o seu Plenário 
declarou constitucional, por 6 votos a 5, o ensino religioso confessional na rede 
pública de ensino brasileira. O voto divergente do ministro Alexandre de Moraes 
prevaleceu em relação ao do relator, Luís Roberto Barroso, e ficou decidido pela 
improcedência da ação direta de inconstitucionalidade (ADI 4439) proposta pela 
Procuradoria-Geral da República contra trechos da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação e do acordo firmado entre o Brasil e a Santa Sé (Decreto 7.107/20109). 
No modelo não confessional, as aulas de ensino religioso consistem na 
exposição neutra e objetiva da prática, história e dimensão social das diferentes 
religiões, incluindo posições não religiosas. No modelo confessional, uma ou mais 
 
9
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7107.htm 
http://www.conjur.com.br/2017-ago-31/moraes-estudante-escolher-qual-religiao-aprender
http://www.conjur.com.br/2017-ago-30/ensino-religioso-rede-publica-facultativo-defende-barroso
 
 
38 
confissões são objeto de promoção; no interconfessional, o ensino de valores e 
práticas religiosas se dá com base em elementos comuns entre credos dominantes 
na sociedade. 
Frise-se que a decisão vale apenas para escolas públicas e não deverá ser 
seguida pelas instituições privadas de ensino. 
A educação superior foi contemplada no Capítulo IV, artigos 43 a 57. Há que 
se observar as muitas exclusões e inclusões ao longo dos seus 21 anos de 
promulgação, como por exemplo a inclusão do inciso VIII no art. 43 
VIII - atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação 
básica, mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização de 
pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão que 
aproximem os dois níveis escolares. (Incluído pela Lei nº 13.174, de 2015) 
Segundo Fagundes (2017), esse dispositivo legal pretende, portanto, impor 
às instituições de educação superior a obrigação de “atuar em favor da 
universalização e do aprimoramento da educação básica”, estabelecendo que esta 
obrigação deva ser desempenhada através da “formação e capacitação de 
profissionais e realização de pesquisas pedagógicas”, bem como pelo 
“desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem os dois níveis 
escolares”. 
Para esse consultor da Associação Brasileira de Mantenedores do Ensino 
Superior (ABMES), tem se mostrado uma crença típica de nossa cultura positivista o 
entendimento de que os eventuais problemas sociais e culturais podem ser 
resolvidos com a açodada criação de normas legais. 
Também tem sido prática recorrente do Estado transferir para os ombros da 
iniciativa privada encargos que sua incompetência não permite executar de forma 
satisfatória, sendo exemplos claros disso a formatação imposta pelo Programa Mais 
Médicos para os cursos de Medicina e a ampliação das exigências de atendimento 
aos portadores de necessidades educacionais especiais pelas instituições privadas, 
sempre em evidente substituição à histórica incapacidade do poder público nacional 
de atendimento dessas relevantes demandas. 
O exemplo mais recente dessa política de transferência de obrigações, 
combinada com a crença de que leis formais resolvem problemas sociais e culturais, 
 
 
39 
foi justamente a edição da Lei n° 13.174/2015, acrescentando ao texto do artigo 43 
da LDB uma nova finalidade para a educação superior, como já exposto acima. 
Outro caso de inclusão vem do Decreto n° 9.057/201710 e da Portaria 
Normativa n° 11/201711 que trouxeram uma nova era para essa modalidade de 
ensino, na qual as instituições gozam de mais autonomia, inclusive para abertura 
dos polos de EAD. 
O artigo 6º da referida portaria normativa, estabelece as condições para 
criação dos cursos superiores em EAD, por parte das instituições devidamente 
credenciadas para a modalidade em comento, condições estas decorrentes da 
categoria administrativa das IES. 
Ficou evidente o respeito às prerrogativas de autonomia universitária, de 
modo que as instituições dela detentoras poderão autorizar, por ato interna corporis, 
a oferta de cursos superiores na modalidade EAD (respeitado o disposto no Decreto 
n° 5.773/2006), ao passo que as demais instituições deverão observar a obtenção 
do ato autorizativo necessário. 
Havia certa controvérsia acerca da obrigatoriedade ou não da existência de 
atividades presenciais nos cursos de graduação ofertados em EAD, sendo certo, no 
entanto, que a obrigatoriedade desse tipo de atividade deverá observar o disposto 
nas diretrizes curriculares nacionais dos cursos ofertados de modo que, havendo 
previsão de sua obrigatoriedade, serão realizadas na sede e nos polos de apoio 
presencial, como claramente previsto nos artigos 7º e 8º da normativa em comento: 
Art. 7º - A organização e o desenvolvimento de cursos superiores a distância 
devem observar as Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN – expedidas pelo 
Conselho Nacional de Educação – CNE – e a legislação em vigor. 
Parágrafo único. As formas de cooperação institucional entre as 
modalidades presencial e a distância deverão estar previstas no PDI e no PPC. 
 
10
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/D9057.htm que 
regulamenta o art. 80 da LDB, o qual versa sobre o Poder Público incentivar o desenvolvimento e a 
veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de 
educação continuada. 
11
 Disponível em: 
http://www.lex.com.br/legis_27450329_PORTARIA_NORMATIVA_N_11_DE_20_DE_JUNHO_DE_20
17.aspx e que estabelece normas para o credenciamento de instituições e a oferta de cursos 
superiores a distância. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/D9057.htm
http://www.lex.com.br/legis_27450329_PORTARIA_NORMATIVA_N_11_DE_20_DE_JUNHO_DE_2017.aspx
http://www.lex.com.br/legis_27450329_PORTARIA_NORMATIVA_N_11_DE_20_DE_JUNHO_DE_2017.aspx
 
 
40 
Art. 8º - As atividades presenciais, como tutorias, avaliações, estágios, 
práticas profissionais e de laboratório e defesa de trabalhos, previstasno PDI e 
PCC, serão realizadas na sede da IES, nos polos EaD ou em ambiente profissional, 
conforme definido pelas DCN. 
Conforme Fagundes (2017), as instituições poderão, através de seu PDI e 
dos projetos pedagógicos de seus cursos superiores, prever a realização obrigatória 
de atividades presenciais nas situações não exigidas pelas respectivas diretrizes 
curriculares nacionais, sendo certo, ainda, que não poderão deixar de prever tais 
atividades quando expressamente exigidas nas mesmas, sendo certo que o artigo 
11 da portaria sob análise traz claramente definidas as características necessárias 
para os polos de EAD onde serão desenvolvidas tais atividades: 
Art. 11 O polo EaD deverá apresentar identificação inequívoca da IES 
responsável pela oferta dos cursos, manter infraestrutura física, tecnológica e de 
pessoal adequada ao projeto pedagógico dos cursos a ele vinculados, ao 
quantitativo de estudantes matriculados e à legislação específica, para a realização 
das atividades presenciais, especialmente: 
I - salas de aula ou auditório; 
II - laboratório de informática; 
III - laboratórios específicos presenciais ou virtuais; 
IV - sala de tutoria; 
V - ambiente para apoio técnico-administrativo; 
VI - acervo físico ou digital de bibliografias básica e complementar; 
VII - recursos de Tecnologias de Informação e Comunicação –TIC; e, 
VIII - organização dos conteúdos digitais. 
Um aspecto essencial trazido pela Portaria Normativa n° 11/2017 é a 
definição acerca da sistemática para criação dos polos de EAD pelas instituições 
credenciadas, em virtude da extinção da figura do credenciamento dessas unidades. 
Com efeito, a criação dos polos de EAD será atribuição exclusiva de cada 
instituição de ensino superior e terá como instrumento de balizamento o conceito 
institucional obtido no processo de credenciamento ou recredenciamento 
 
 
41 
institucional, a partir do qual fica estabelecido o quantitativo anual de polos que a 
instituição pode abrir enquanto vigente o conceito satisfatório, nos termos de seus 
PDI e com vinculação dos cursos ofertados em conformidade com os respectivos 
projetos pedagógicos, nos termos dos artigos 12 e seguintes da portaria em 
comento (FAGUNDES, 2017). 
Nos artigos 61 a 67 da Lei nº 9394/96 encontramos as diretrizes para os 
profissionais da educação, que de pronto nos mostram os parâmetros para que a 
formação desses profissionais possa atender aos objetivos dos diferentes níveis e 
modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do 
aluno, mas este tema discutiremos noutro momento do curso junto com a LEI nº 
11.494/07 que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da 
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). 
Cabe no momento lembrar que o artigo 206, V da Constituição Federal prevê 
a obrigatoriedade de admissão de professores somente por concurso público de 
provas e títulos, mas esta realidade ainda está longe de ser alcançada. A ideia com 
o artigo 67 da LDB é a valorização do profissional, além das condições adequadas 
de trabalho. Sabemos que estamos um pouco distantes dessa realidade. 
 O Título VII da LDB, em seus artigos 68 a 77, trata dos recursos financeiros, 
os quais virão de: 
 RECEITAS DE IMPOSTOS – vêm dos tributos arrecadados por cada uma das 
esferas da administração pública (União, Estados, DF e Municípios); 
 TRANSFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS OU OUTRAS TRANSFERÊNCIAS 
– vêm de múltiplas bases, por exemplo, 20% do que for arrecadado pela 
União quando se institui um novo imposto e transferência, aos Estados e DF, 
de 10% do que for arrecadado, a partir da cobrança de impostos de produtos 
industrializados pela União. Essas justificativas encontram-se nos artigos 157, 
158 e 159 da Constituição; 
 SALÁRIO-EDUCAÇÃO – é uma contribuição social, que tem como objetivo 
“suplementar as despesas públicas com a educação elementar.”; 
 RECEITA DE INCENTIVOS FISCAIS – é formada dos incentivos fiscais, como 
o Imposto de Renda, ou de isenções fiscais. Funciona assim: pessoas físicas 
ou jurídicas que financiarem programas escolares ou bolsas de estudo, com 
 
 
42 
recursos próprios, poderão ter estas despesas abatidas no imposto de renda 
a pagar; 
 OUTROS RECURSOS PREVISTOS EM LEI – são criadas em situações de 
emergência, para atender, em caráter provisório. 
O artigo 69 fala dos valores mínimos fixados na lei orçamentária anual: 
 UNIÃO – aplicará nunca menos que 18%, da receita resultante de seus 
impostos; 
 ESTADOS, MUNICÍPIOS E DF – nunca menos que 25%. 
Esses percentuais são os mínimos que as diversas esferas administrativas 
são obrigadas a aplicar em manutenção e desenvolvimento do ensino. Como são 
percentuais mínimos, em alguns estados, como São Paulo e Rio Grande do Sul, o 
percentual aplicado é superior aos 25% obrigatórios em lei (FIRMINO; LIMA, 2016). 
Quanto ao art. 75 - A ação supletiva e redistributiva da União e dos Estados 
será exercida de modo a corrigir, progressivamente, as disparidades de acesso e 
garantir o padrão mínimo de qualidade de ensino. 
Ação redistributiva é de cunho quantitativo, refere-se à dimensão de 
insuficiência de recursos (CARNEIRO, 2012). 
Ação supletiva é de cunho qualitativo. Refere-se à dimensão das 
dissimetrias sociais. 
Este dispositivo estabelece uma relação baseada no volume de recursos 
existentes para a manutenção e desenvolvimento do ensino, e também, no esforço 
fiscal que cada instância faz para o uso obrigatório em educação básica (FIRMINO; 
LIMA, 2016). 
De acordo com o art. 77, as instituições privadas estão fora do rol de alcance 
dos recursos que trata o mesmo. 
Por fim, temos as disposições gerais no Título VIII, as quais farão par com 
tudo o que a LDB afirma em seu texto, estendendo aos índios e seus povos. 
Sabemos que os povos indígenas foram os primeiros habitantes do Brasil e eles 
mantêm tradições que devem ser respeitadas. Além disso, o legislador se preocupou 
em garantir o acesso à informação e conhecimento, para eles e demais povos, 
 
 
43 
visando a integração, tanto que o art. 79 diz que a União apoiará técnica e 
financeiramente os sistemas de ensino no provimento da educação intercultural às 
comunidades indígenas, desenvolvendo programas integrados de ensino e 
pesquisa. 
Isso quer dizer que não basta oferecer uma educação indígena qualquer. É 
imperativo que haja adequação das condições de acesso e aprendizagem. Em 
função disso, a LDB se preocupa em planejar o ensino de acordo com as 
peculiaridades dos índios, fortalecendo as práticas socioculturais e a língua materna 
de cada comunidade, oferecendo uma educação que atenda aos anseios, com o 
aval da própria comunidade indígena (FIRMINO; LIMA, 2016). 
 
Em resumo 
 
Na Constituição Federal de 1988, a educação enquanto parte dos direitos 
sociais, de segunda geração, foi amplamente contemplada, e passou a ter um 
regime jurídico complexo, envolvendo poderes e capacidades, com deveres do 
Estado e das pessoas (art. 205, CF). 
Foram várias as situações concretas a serem criadas pelo Poder Público: 
vagas em creches, escolas, capacitação de profissionais, material didático, entre 
outros; entretanto, diante da escassez de recursos financeiros, a concretização 
desses direitos se torna um obstáculo, pois envolve escolhas dos governantes. 
Todavia, em relação à educação, a CF/1988 impõe como obrigatória sua oferta 
gratuita pelo Poder Estatal (art. 208, CF). 
Em relação à LDB, foi um grande avanço em termos de organização, 
oferecimento e controle das atividades públicas e privadas na educação, pois 
pormenorizou de forma minuciosa regras para o ensino. Privilegiou ampla liberdade 
de conteúdo e forma para todos os níveis, em todos os sistemas de ensino, sem 
criar amarras institucionais e burocráticas (BUENO, 2013). 
Articulação entre os entes federativo; descentralização para as 
competências das unidades da federação

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