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TRANSTORNO PSICÓTICO PROFA CRISTINA COSTA BESSA PSICOPATOLOGIA Psico-pato-logia" é composta de três palavras gregas: "psychê", que produziu "psique", "psiquismo", "psíquico", "alma"; "pathos", que resultou em "paixão", "excesso", "passagem", "passividade", "sofrimento", "assujeitamento", "patológico" e ; "logos", que resultou em "lógica", "discurso", "narrativa", "conhecimento". Psico-patologia seria, então, um discurso, um saber, (logos) sobre a paixão, (pathos) da mente, da alma (psiquê). Ou seja, um discurso representativo a respeito do pathos psíquico; um discurso sobre o sofrimento psíquico; sobre o padecer psíquico. A psychê é alada; mas a direção que ela toma lhe é dada pelo pathos, pelas paixões. (CECCARELLI, 2005) A Psicopatologia Fundamental, no esteio das posições freudianas, concebe o psiquismo como uma organização que se desenvolveu para proteger o ser humano contra os ataques, internos e externos, que punham sua vida em perigo. O psiquismo é parte integrante do sistema imunológico: da mesma forma que um sujeito pode ser mais suscetível de contrair doenças por possuir um sistema de defesa debilitado, ele pode também estar menos equipado para responder aos ataques, internos (pulsionais, passionais) e externos (mudanças ambientais, perdas diversas), que encontra ao longo da vida e, por conseguinte, “adoecer” psiquicamente. TRANSTORNOS DO PENSAMENTO Termo usado para descrever um sintoma psicótico ou transtorno mental caracterizado pela desestruturação do pensamento, dificuldade de comunicação, por isolamento e introversão, desagregação da personalidade e perda do contato com a realidade. O pensamento, a afetividade e o comportamento são comprometidos. Principais sintomas: delírios, alucinações, discurso e comportamento desorganizados. Alterações do pensamento: Forma ou produção – observar se o paciente tem um discurso coerente, se as associações entre as ideias fazem sentido. Obs.: considerar a cultura do paciente; Curso – caracteriza-se pela quantidade de ideias que surgem, indo de abundante a escassa e pela velocidade (rápido, lento ou bloqueado); Conteúdo – observar a presença de delírio (ideia falsa ou crença irreal com impossibilidade de conteúdo, certeza extraordinária não compartilhada por outros da mesma cultura, religião e sociedade). (CARVALHO, 2012) DISTÚRBIO DO CURSO DO PENSAMENTO DISTÚRBIOS DO CONTEÚDO DO PENSAMENTO DISTÚRBIO DA LINGUAGEM (STERIAN, 2001) DISTÚRBIO DE PSICOMOTRICIDADE ESQUIZOFRENIA • O termo surgiu em 1908 (Dr. Eugen Bleuler); • Doença grave (grupo das psicoses); • Etimologicamente significa fragmentação da mente (frenia-mente e esquizo-fragmentada). ESQUIZOFRENIA - CAUSAS A esquizofrenia é considerada inexplicável, porque não representa uma doença homogênea de causa única explicável. POSSIBILIDADES: • Teoria genética; • Teoria psicanalítica (remete a fase oral na qual a ausência de gratificação verbal ou da relação inicial entre mãe e bebê estimula a doença); • Teoria familiar (mães com comportamentos possessivos e dominadores); • Teoria dopaminérgica; Teoria neurobiológica Defendem que a esquizofrenia é essencialmente causada por alterações bioquímicas e estruturais do cérebro, em especial, com uma disfunção dopaminérgica. A maioria dos neurolépticos (antipsicóticos) atua precisamente nos receptores da dopamina no cérebro, reduzindo a produção endógena deste neurotransmissor. Essa teoria é parcialmente comprovada porque a maioria dos fármacos utilizados no tratamento da esquizofrenia (neurolépticos) atuam através do bloqueio dos receptores (D2) da dopamina. CRITÉRIO DIAGNÓSTICO O critério que define a sintomatologia característica continua requerendo a presença de no mínimo dois dos cinco sintomas para ser preenchido, mas a atual versão exige que ao menos um deles seja positivo (delírios, alucinações ou discurso desorganizado). (DSM – 5) EXEMPLO Uma cabeleireira há cerca de seis meses começou a escutar vozes que dizem que suas filhas (de 7 e 5 anos) foram contaminadas pelas bactérias do cuspe do diabo e que precisam ser lavadas em nome de Jesus. A mulher lava suas filhas com detergente, Pinho Sol, água sanitária e o que mais estiver ao alcance para livrá-las de uma doença incurável. Caracteriza-se por uma coleção de sintomas: • Alterações do pensamento; • Alucinações (ouvir vozes); • Delírios e perda do contato com a realidade. ESQUIZOFRENIA - SINTOMAS • Não é considerada uma doença por si só e sim um grupo de sintomas. • Atinge todas as classes sociais e grupos humanos. • Atinge 1% da população mundial, manifestando-se habitualmente entre os 15 e os 25 anos nos homens e na mulheres, podendo igualmente ocorrer na infância ou na meia-idade. ESQUIZOFRENIA - SINTOMAS • Caracteriza-se essencialmente por uma fragmentação da estrutura básica dos processos de pensamento, acompanhada pela dificuldade em estabelecer a distinção entre experiências externas e internas. • Inicialmente afeta os processos cognitivos (de conhecimento) e posteriormente as emoções. ESQUIZOFRENIA - SINTOMAS ESQUIZOFRENIA - SINTOMAS • Variam de indivíduo para indivíduo; • Podem se manifestar de forma insidiosa e gradual ou de forma explosiva ou instantânea; • Dividem-se em duas grandes categorias: sintomas positivos e sintomas negativos. SINTOMAS POSITIVOS Estão presentes com maior visibilidade na fase aguda da doença e referem-se as perturbações mentais além do normal. DELÍRIOS • As ideias delirantes, pensamentos irreais (acha que está sendo perseguido, que é o responsável pelas guerras do mundo). ALUCINAÇÕES • Ouvir, ver, saborear, cheirar ou sentir algo irreal; • Mais frequentes as alucinações auditivo-visuais; • Elaborar frases sem qualquer sentido ou inventar palavras; alterações do comportamento, ansiedade, impulsos e agressividade. SINTOMAS POSITIVOS SINTOMAS NEGATIVOS São resultados da perda ou diminuição das capacidades mentais, acompanham a evolução da doença e refletem um estado deficitário ao nível da motivação, das emoções, do discurso, do pensamento e das relações interpessoais, a saber: a falta de vontade ou iniciativa, isolamento social, apatia, indiferença emocional. SINTOMAS NEGATIVOS AVOLIA é uma redução em atividades motivadas, autoiniciadas e com uma finalidade. ALOGIA é manifestada por produção diminuída do discurso. ANEDONIA é a capacidade reduzida de ter prazer resultante de estímulos positivos, ou degradação na lembrança do prazer anteriormente vivido. A FALTA DE SOCIABILIDADE refere-se à aparente ausência de interesse em interações sociais. (DSM-V) ATENÇÃO O DSM-V abandonou a divisão da esquizofrenia em subtipos: paranoide, desorganizada, catatônica indiferenciada e residual. Os subtipos apresentavam pouca validade e não refletiam diferenças quanto ao curso da doença ou resposta ao tratamento. TIPOS DE ESQUIZOFRENIA (DSM IV) PARANOIDE É forma mais comum da doença, predominando os sintomas positivos. O quadro clínico é dominado por um delírio paranoide relativamente bem organizado. Os doentes com esquizofrenia paranoide são desconfiados, reservados, podendo ter comportamentos agressivos. DESORGANIZADA Os sintomas afetivos e as alterações do pensamento são predominantes. As ideias delirantes, embora presentes, não são organizadas. Em alguns doentes pode ocorrer uma irritabilidade marcada associada a comportamentos agressivos. Existe um contato muito pobre com a realidade. CATATÔNICA É caracterizada pelo predomínio de sintomas motores e por alterações da atividade, que podem ir desde um estado de cansaço até à excitação. A imobilidade motora pode se manifestar como catalepsia ou estupor. Outros fatores incluem negativismo extremo, mutismo, peculiaridades dos movimentos voluntários, ecolalia e ecopraxia. INDIFERENCIADA Apresenta habitualmenteum desenvolvimento insidioso com um isolamento social marcado e uma diminuição no desempenho laboral e intelectual. Observa-se nestes doentes uma certa apatia e indiferença relativamente ao mundo exterior. RESIDUAL Nesta forma existe um predomínio de sintomas negativos, os doentes apresentam um isolamento social marcado por um embotamento afetivo e uma pobreza ao nível do conteúdo do pensamento. Existe também a denominada esquizofrenia hebefrênica, que incide desde a adolescência, com o pior dos prognósticos em relação às demais variações da doença e com grandes probabilidades de prejuízos cognitivos e sócio- comportamentais. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Os antipsicóticos são eficazes no alívio dos sintomas da esquizofrenia em 70% dos casos. Alguns deles, conhecidos como antipsicóticos típicos, inibem fortemente os receptores D2 da Dopamina das vias dopaminérgicas ligadas ao Sistema límbico do cérebro, e o seu sucesso constitui uma forte evidência da importância das alterações bioquímicas na patogenia da doença conhecida como hipótese dopamínica (que talvez sejam uma resposta secundária a eventos causadores da doença como o são as alterações comportamentais). Antipsicóticos atípicos (inibem fracamente os receptores D2 da Dopamina, tendo ação inibidora serotoninérgica simultânea – ex.: clozapina). Estes têm um sucesso maior sobre os casos refratários ao tratamento com antipsicóticos típicos ou sobre os casos com sintomatologia negativa predominante. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO • Existe uma nova geração de antipsicóticos atípicos como a risperidona e a olanzapina, que devem ser utilizados como primeira escolha por pacientes psicóticos, exceto nos casos em que o fator sócio econômico tiver peso dominante (o custo de aquisição da droga é alto). • Os antipsicóticos atípicos, justamente por agirem fracamente sobre os receptores D2, são uma evidência contrária à hipótese dopamínica. TRATAMENTO PSICOSSOCIAL Terapias individuais; Terapias em grupo; Terapia de incremento cognitivo: (Treinamento cognitivo em computador com sessões em grupos - melhorar o déficits neurocognitivos). Terapia familiar (diminuição dos efeitos negativos da doença). REFERÊNCIAS CARVALHO, M. B. Psiquiatria para a Enfermagem. São Paulo: Rideel, 2012. DSM – 5. DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. STERIAN, A. Esquizofrenia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. OBRIGADA!
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