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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 18º VARA CRIMINAL DA COMARCA DE JUAZEIRO DO NORTE

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 18º VARA CRIMINAL DA COMARCA DE JUAZEIRO DO NORTE – CE
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
AUTOS Nº 000000000.2019
FULANO, brasileiro, solteiro, motorista de aplicativo, ensino médio completo, nascido em 17/09/1999, filho de Maria Gomes e Robson Gomes e Gomes, RG sob nº, CPF sob nº, domiciliado nesta urbe, residente na rua Tancredo Neves s/n, bairro Alto do Seminário, na cidade de Juazeiro do Norte – CE, vem, respeitosamente na presença de Vossa Excelência, representado por seu advogado que subassina, apresentar Resposta à Acusação, com fulcro no art. 396 do Código de Processo Penal, que os faz nos seguintes termos de fato e de direito.
1. LIDE PROCESSUAL PENAL
Fulano, foi acusado pelo Ministério Público, por suposta autoria do delito descrito no art. 155 caput do Código Penal. fl.05
Foi determinada a citação do acusado para que apresente resposta por escrito no prazo legal, sua notificação foi realizada no dia 11/05/2020. fl.08
2. SINOPSE FÁTICA
Consta na peça vestibular que Fulano é suposto autor do crime de furto, entretanto, não foi bem assim que ocorreram os fatos. Ocorre que no dia em questão o acusado estava participando de uma confraternização com seus amigos, comemorando a aprovação de um deles em um rigoroso vestibular. O acusado por não querer eventuais interferências em sua permanência na festa, resolve a não levar o seu aparelho celular para o evento.
Ao chegar no local do evento Fulano se reúne com mais três amigos acompanhados que resolvem a ficarem juntos na festa. Fulano então, após um longo período se sente mal, resolvendo antecipar sua volta para casa, pois estava passando por um atordoamento causado pelo excessivo barulho do local. Quando de sua ida ele atordoado, vendo o celular de mesma marca, cor e modelo ao seu, imaginando ser o seu, por estar atordoado, o pega e vai para sua casa.
Após um período de descanso Fulano pega o aparelho e verifica que se trata de outro, então ele liga o celular e observa ser o aparelho da namorada de um de seus amigos que estavam na festa. O acusado então liga imediatamente para o seu amigo e informa o ocorrido, solicitando o modo como pode restituir o aparelho a proprietária e se desculpar pelo mal entendido.
Entretanto neste momento, o acusado foi informado que a sua namorada não conseguindo encontrar o celular e por por ele está descarregado impossibilitando o seu rastreio, ela resolveu noticiar a policia e realizou uma ocorrência policial do fato.
Em sede policial o acusado foi ouvido junto com dois amigos que estavam presente na festa, e eles ratificaram a versão do acusado quanto ao seu estado e quanto ao ocorrido.
3. PRELIMINARES
3.1. Do Sursis
É cediço no ordenamento jurídico que o réu atendendo aos requisitos legais, deve lhe ser imposta condição de suspensão do processo, pois cuida-se de direito subjetivo do acusado. De modo que a não propositura do sursis processual pelo parquet, é causa de nulidade processual. Requer então, que Vossa Excelência suscite ao MP sobre a medida, devendo ser anulado a exordial.
Requer-se que seja juntado as certidões de antecedentes criminais do acusado para a concessão do benefício, conforme art. 89 da lei nº 9.099/95.
4. DO DIREITO
4.1. Erro de Tipo
Conforme a doutrina, o erro é referente a essência do tipo penal, é o falso conhecimento de um fato, se mostrando então em erro de tipo invencível, pois diante de dada circunstância qualquer pessoa poderia ter se equivocado e ter pego o celular conforme ocorreu com o acusado. Nestes sentido entende Damásio “Quem subtrai de outrem uma coisa que erroneamente supõe sua, encontra-se em erro de tipo;1”
E leciona o autor:
O erro de tipo pode incidir sobre esses elementos (elementares e circunstâncias qualificadoras). Quando isso ocorre, tratando-se de erro essencial invencível, há exclusão do dolo e da culpa. Suponha-se que o agente, ao retirar-se da residência do vizinho, em vez de apanhar o chapéu próprio, apanhe o alheio. Não responde por crime de furto. é que o erro incidiu sobre uma elementar do crime, qual seja, a que se refere à qualidade de ser alheia a coisa móvel 2.
De modo que, não restou demonstrado pela inquirição policial preliminar, suporte para oferecimento da denúncia, haja vista a ausência do Animus furandi na conduta do acusado, conforme já demonstrado. Da leitura da denúncia não há demonstração de dolo na conduta, tampouco, culpa, mas o mero erro foi o que o parquet se utilizou para fundamentar sua delação.
Frise-se que para a configuração do delito de furto não se exigi apenas a apoderação do objeto, mas como o próprio dispositivo dispõe, carece de dolo na conduta o que de modo inquestionável não houve.
Por fim, é oportuno neste momento frisar que o acusado não ostenta quaisquer acusações criminais ou cíveis diversas desta, “Cumpre destacar, ainda, que, havendo adequação social ou insignificância, trata-se sempre de caso de atipicidade, ainda que haja violência ou grave ameaça”3.
Ressalta-se Excelência que o acusado estava atordoado e imaginando ser seu o aparelho celular, o pegou por engano, pois o celular era de mesmo modelo, marca e cor que o seu. Ademais, inexiste vontade de subtrair o celular, pois sua intenção foi apenas de assegurar a sua propriedade. E nas lições de Bitencourt: “O erro relevante em Direito Penal é aquele que vicia a vontade, causando uma falsa percepção da realidade, e também aquele que vicia o conhecimento da ilicitude””4.
Por isso e diante de todo exposto até aqui, resta demonstrado o erro de tipo essencial como colaciona Damásio, “Há erro de tipo essencial quando a falsa percepção impede o sujeito de compreender a natureza criminosa do fato5”.
Por tanto Excelência, superada e demonstrado quanto ao erro essencial e invencível, resta sua absolvição, haja vista inexistir punibilidade quando afastada o dolo e a culpa da conduta, conforme sedimentado entendimento doutrinário.
ESTUPRO DE VULNERÁVEL – PRETENDIDA A ABSOLVIÇÃO – ACOLHIMENTO – ERRO DE TIPO, PLENAMENTE JUSTIFICADO PELAS CIRCUNSTÂNCIAS DO FATO, EXCLUSÃO DA TIPICIDADE – art. 386, iii, cpp – recurso provido. (TJ-SP – APR: 15006663620188260279 SP 1500666-36.2018.8.26.0279, Relator: Amaro Thomé, Data de Julgamento: 31/03/2020, 2ª Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 08/05/2020)
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 171 DO CP E 386, III E VII, DO CPP. ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE DA CONDUTA OU POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS PARA A CONDENAÇÃO. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. É assente que cabe ao aplicador da lei, em instância ordinária, fazer um cotejo fático e probatório a fim de analisar a tipicidade da conduta descrita, bem como proceder à análise da existência de provas suficientes a embasar o decreto condenatório ou a ensejar a absolvição, porquanto é vedado na instância especial o reexame do caderno fático probatório dos autos. Incidência da Súmula 07 do STJ. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg no AREsp: 452867 DF 2013/0416662-6, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 01/04/2014, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 14/04/2014).
“APELAÇÃO CRIME. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. ABSOLVIÇÃO. A condenação exige certeza quanto à existência do fato e sua autoria pelo réu. Se o conjunto probatório não é suficiente para esclarecer o fato, remanescendo dúvida insuperável, impositiva a absolvição do acusado com fundamento no art. 386, VII, do CPP.” (Apelação Crime nº 70040138802, 8ª Câmara Criminal do TJRS, Rel. Danúbio Edon Franco. j. 16.02.2011, DJ 16.03.2011). ‘A prova para a condenação deve ser robusta e estreme de dúvidas, visto o Direito Penal não operar com conjecturas” (TACrimSP, ap. 205.507, Rel. GOULART SOBRINHO). “O Direito Penal não opera com conjecturas ou probabilidades. Sem certeza total e plena da autoria e da culpabilidade, não pode o Juiz criminal proferir condenação.” (Ap. 162.055.TACrimSP, Rel. GOULART SOBRINHO). “Sentença absolutória. Para a condenação do réu a prova há de ser plena e convincente, ao passo que para a absolvição basta a dúvida, consagrando-se o princípio do in dubio pro reo, contido no art. 386, VI, do CPP.” (JUTACRIM, 72:26, Rel. ÁLVARO CURY).
4.2. Ausência de Justa Causa
Preliminarmente a peça acusatória não merece prosperar em relação ao fato,pois há flagrante ausência de justa causa para o prosseguimento da ação penal ajuizada pela sua notória insuficiência de provas. Isso porque o parquet apresentou denúncia em face do acusado, por ter praticado em tese o delito de furto, art. 155 caput. Todavia, sequer na exordial fica demonstrado o animus furandi na conduta do agente, apenas se verifica pelo conjunto probatório juntado aos autos, o erro na conduta do agente. A flagrante ausência lógica por parte do órgão ministerial em sua peça vestibular, na tangente acusatória quanto a imputação do delito.
Sobre isso, a doutrina trata sobre a justa causa, vejamos então a lição do autor Afrânio Silva Jardim
“Julgamos que a justa causa funciona como uma verdadeira condição para o exercício da ação penal condenatória. Na verdade, levando em linha de conta que a simples instauração do processo penal já atinge o chamado status dignitatis do réu, o legislador exige do autor o preenchimento de mais uma condição para se invocar legitimamente a tutela jurisdicional. Assim, impõe-se que a denúncia ou a queixa venha acompanhada do inquérito policial ou das peças de informação, conforme se depreende dos arts. 39, § 5o, e 46, § 1º, todos do Código de Processo Penal”. (Editora Forense, p. 97)6.
E então conclui o autor
“Desta forma, torna-se necessário ao regular exercício da ação penal a demonstração, prima facie, de que a acusação não é temerária ou leviana, por isso que lastreada em um mínimo de prova” (Editora Forense, p. 97)7.
Conclui-se então, que mostra-se completamente frágeis as provas nos autos para o prosseguimento da presente ação penal, “ora, se a acusação não tem provas nem as declina na inicial, não deve propor ação “ Editora DelRey, p. 95.
5. DA POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO DE TESE DEFENSIVA EM MOMENTO POSTERIOR AO OFERECIMENTO DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO
O contraditório e à ampla defesa são assegurados constitucionalmente aqueles acusados como forma de garantir o devido processo legal, ou seja, até a fase de alegações finais, momento em que apresentará todas as provas e argumentos, incluindo-se rol de testemunhas, afim de, comprovar perante esse juízo a veracidade dos fatos.
Conforme doutrina sedimentada no ordenamento jurídico brasileiro:
O direito ao contraditório, sob a ótica do réu, guarda estreita relação com a garantia da ampla defesa. Não é por outra razão que ambos são assegurados no mesmo dispositivo constitucional, qual seja o art. 5.º, LV, que dispõe: “aos litigantes em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.8
Neste sentido o contraditório se revela um dos mais importantes postulados no sistema jurídico acusatório nacional, pois “Trata-se do direito assegurado às partes de serem cientificadas de todos os atos e fatos havidos no curso do processo, podendo manifestar-se e produzir as provas necessárias antes de ser proferida a decisão jurisdicional”.9
6. REQUERIMENTOS
Por todo o exposto, requer à Vossa Excelência:
a) Que seja absolvido sumariamente do delito descrito no art. 155 caput, com base no art. 397, II, III do Código de Processo Penal; OU
b) Rejeitada a denúncia em relação ao delito, conforme o art. 395, III, do CPP, em razão da ausência de justa causa para prosseguimento da ação penal; OU
c) Rejeitada a Denúncia com decretação da concessão da suspensão condicional do processo, com fulcro no art. 89, da lei nº 9.099/95;
d) Protesta pela gratuidade da justiça, na forma da lei.
Nestes termos, pede deferimento
Juazeiro do Norte – Ce, 19 de maio de 2020
Adv,
OAB nº
Rol de Testemunhas
João, casado, empresário, domiciliado em Juazeiro do Norte – ce, bairro Seminário, rua Tristão Gonçalves nº 0101.
Breno, solteiro, taxista, domiciliado em Juazeiro do Norte – ce, bairro Vila da Penha, rua São Pedro s/n, próximo ao cruzamento com a rua Atlanta.

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