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trabalho do Livro Ensaio sobre a Ceguera (1)

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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
MARIA ETIENE ROCHA DE MORAES DE LIMA – C284EJ-2
ANÁLISE DA LEITURA DO LIVRO ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA
ESCRITOR: JOSE SAMARAGO 
SÃO PAULO
2020
 RESUMO
	Em um dia qualquer, no semáforo estão vários carros parados aguardando o sinal ficar verde, o sinal abre e os carros começam a andar, um carro não sai do lugar e os outros carros começam a buzinar. A pessoa que se encontra dentro do carro começa a ficar agitado, quem esta passando no local no momento percebe e começam a se aproximarem do carro, batem no vidro do carro e o homem abre o vidro, ele fala que não esta enxergando, que esta vendo tudo branco.
	Muitas pessoas se aglomeram no local querendo ajudar, querendo leva-lo ao hospital, porém o homem se recusa e fala que prefere ir para sua casa, um homem se prontificou a levar ele, assim assumiu o volante do carro e o conduziu até a sua casa. Chegando lá, o ajudou a subir, se ofereceu para ficar até que a esposa chegasse, porém o homem cego agradeceu e disse que ele ficaria bem, que não precisava.
	O homem ficou na sua casa sozinho, e sem enxergar tateando nos móveis bateu a mão em um vaso e o quebrou se machucou sua mão, logo sua esposa chegou e deparou com os cacos de vidros e as flores no chão, logo percebeu que seu marido se encontrava deitado no sofá, quando se achegou ele falou que não estava enxergando, que tudo estava branco.
	A esposa imediatamente resolveu buscar ajuda médica, neste momento perguntou ao marido da chave do carro, onde ele se deu conta de que a pessoa que o trouxe não devolveu a chave, assim pediu para a esposa pegar a chave dela.
	Desceram até a rua e a esposa foi buscar o carro, porém não encontrou o que chagaram a conclusão de que o homem que ajudou roubou o carro, assim ela pegou um taxi e foram até um consultório médico.
	Chegando lá outras pessoas aguardavam atendimento, Um senhor idoso com uma venda em um dos olhos, uma rapariga com óculos escuros, uma rapazinho estrábico que estava com sua mãe, porém como seu caso era uma emergência ele foi passado na frente.
	O oftalmologista examinou, fez algumas perguntas, porém nada encontrou de anormal que justificasse a cegueira, e falou que nunca tinha visto nada igual, que seria necessário alguns exames para se ter uma conclusão do caso.
	O oftalmologista voltou para casa pensando naquele paciente, conversou por telefone com um colega e sobre o caso e pensaram nas doenças agnosia ou amaurose, mesmo sabendo que essa doença tratava-se de cegueira negra, diferente do que o cego descreveu.
	Conversou com a sua esposa sobre o assunto e após o jantar foi para o seu escritório pesquisar em seus livros com intuito de chegar a alguma conclusão.
	Após horas de estudo, resolveu ir dormir quando percebeu que também não estava enxergando, sua esposa já tinha ido dormir, e para que ela não percebesse nada, o médico foi para seu quarto segurando nas paredes até encontrar a cama, passou a noite sem dormir pesando o que fazer e como avisar as autoridades competentes sobre a cegueira branca que estava se espalhando.
	Ao amanhecer comunicou o fato a sua esposa, que não estava enxergando, que tudo estava branco como o mar de leite, e que tinha chegado à conclusão que se tratada de uma doença contagiosa. A esposa o abraçou forte apesar de ele tentar afasta-la com medo que ela contraísse a doença também. Ela preparou o café e o ajudou a telefonar para as autoridades. Como a principio não teve sucesso resolveu ligar para o diretor clinico de onde trabalhava e este fez contato com as autoridades.
	Logo recebeu uma ligação do ministério avisando que uma ambulância ia busca-lo, que preparasse as malas, porém não avisou para onde seria levado. 
	Com isso a esposa do médico logo foi preparando a mala com roupas e pertences que seria necessário para o medico e para ela. 
	A ambulância chegou para buscar o médico e a esposa foi entrar na ambulância, porém foi informada que seria levado apenas o médico, ela entrou mesmo assim na ambulância e falou que ela acabara de ficar cega, sendo assim a deixaram ir também.
	A essa altura, já havia noticia que o rapazinho estrábico, a rapariga dos óculos escuros e o ladrão do carro haviam ficado cegos.
	As autoridades resolveram que todos as pessoas que ficaram cegas e as que tiveram contato com eles ficariam de quarentena, pois ainda não sabiam o motivo da cegueira e quanto tempo ia durar.
	Foi escolhido um manicômio desativado para levar os cegos e assim ficarem em quarentena, no local havia duas alas, uma seria ocupada pelos cegos, e a outra pelas pessoas que tiveram contato com eles. 
	Foi colocada uma corda esticada do portão à porta do prédio, para servir de orientação, conforme os cegos fossem chegando atravessariam o corredor e se instalariam na ala.
	Subiram às escadas a mulher guiando seu marido até o fundo da camarata, o deixou sentado enquanto foi conhecer o local. 
	As camaratas eram compridas e tinham duas filas de camas, Os corredores eram estreitos e longos e tinham varias camaratas, uma cozinha e um refeitório, do lado externo tinham uma cerca e algumas arvores.
	Era um ambiente mau cuidado, havia lixo por todos os lados e camisas de força dentro dos armários, sem condições de acomodarem os cegos. 
	Quando a mulher retorna conta para o marido que o local onde estão é um manicômio, é quando ele percebe que ela não esta cega. Ela fingiu estar cega para ficar junto do marido e poder ajuda-lo. 
	Os demais cegos chegaram juntos, o primeiro cedo, o ladrão, a rapariga de óculos escuros e o rapazinho estrábico. Eles sentaram na primeira cama, neste momento que encontraram neste momento ouve-se uma foz forte que saia do alto-falante que estava acima da porta.
	A voz no alto-falante pedia atenção de todos, e informava que o governo lamentava ter sido obrigado a exercer o que consideravam ser o dever para proteger a todos na crise que estava enfrentado, porque acreditavam que estava tendo um surto epidêmico de cegueira designado por mal branco. 
	Neste caso decidiram reunir as pessoas afetadas em um mesmo local, e em local próximo as que elas tiveram contato. 
	O governo alegou estarem perfeitamente consciente das responsabilidades e esperavam que todos que ali estavam cumprissem as suas responsabilidades, que o isolamento que se encontravam representava acima de tudo um ato de solidariedade, para com o resto da comunidade nacional.
	Com isso, pediram a atenção para as instruções a seguir, as luzes deveriam ser mantidas acesas, não poderiam abandonar o edifício sem autorização, pois isso significaria a morte imediata, os telefones que tinham em cada camarata só poderiam ser utilizados para solicitarem a reposição de produtos de higiene e limpeza, cada um deveria lavar suas roupas, foi recomendada a eleição de responsáveis de cada camarata (apenas uma recomendação e não uma ordem), três vezes por dia serão depositados caixas de comida na porta de entrada, destinadas aos pacientes e aos suspeitos de contágio, todos os restos de comida, as sobras, as caixas e talheres deverão ser queimados nos pátios interiores do edifício, sendo que são responsáveis por quaisquer consequências negativas em caso de incêndio, não haverá nenhuma intervenção exterior em caso de virem a ficar doentes, assim como se houver desordens e agressões, em caso de morte, seja qual for à causa devem enterrar o cadáver na cerca, a comunicação entre a ala dos pacientes e a ala dos suspeitos devera ser feito pela ala central do edifício, os suspeitos de contagio que vierem a cegar, imediatamente deverão se transferir para a ala dos que já estão cegos. 
	Para o conhecimento dos que estarão chegando esse comunicado será repetido todos os dias, há mesma hora, assim o governo e a nação esperam que cada um cumpra o seu dever. 
	Todos ficaram em silencio, logo os ladrões se levanta e acusa o primeiro cego de ser culpado de estar cego, logo o primeiro cego percebe que o homem é o ladrão que roubou o seu carro e os dois começam a se agredirem e rolam pelas camas, neste momento o medico e a sua esposa separamos dois. 
	O rapazinho estrábico começa a chorar que quer sua mãe, a rapariga o consola e diz que a mãe dele logo vai chegar, ele pede para fazer xixi e, todos sentem vontade de urinar e decidem ir juntos procurar o banheiro. Fazem uma fila aonde à mulher do médico, a rapariga que vai segundado a mão do rapazinho, o ladrão, o médico, e por fim o primeiro cego.
	Seguiam em fila quando o ladrão se aproveitando da situação começou a acariciar a cabeça e os seios da rapariga, ela falou para ele parar, porém ele continuou, ela lhe deu um chute e o salto do sapato entrou na coxa do homem ferindo-o.
	O homem deu um grito, o sangue corria pela perna e a mulher do médico vendo a ferida o levou na cozinha com a ajuda do seu marido, lavou o ferimento e marrou com um pano ao redor da perna.
	Voltaram à procura do banheiro, porém com a demora o rapazinho fez xixi nas calças. Depois de satisfazerem as suas necessidades, voltaram para a camarata, foram contando as camas para que assim ficasse mais fácil de encontra-las.
	No dia seguinte a mulher do médico foi a primeira a acordar e ficou observando todos dormirem em meio a toda sujeira que tinha naquele local, neste momento ela desejou também estar cega.
	Neste momento começaram a ouvir uma gritaria vinda do corredor, cinco pessoas da outra ala cegaram e foram empurradas para a ala dos cegos, entre eles estavam o policial que encontrou o ladrão, o motorista de taxi, o ajudante da farmácia, a criada do hotel e a esposa do primeiro cego. 
	Em seguida o alto-falante avisou que podia buscar a comida, o medico e sua mulher saíram para pegar a comida e aproveitaram para avisar aos guardas que um cego estava doente e precisava de socorro médico, porém os guardas não deram ouvidos, e mandaram eles retornarem. Pediram uma caixa de primeiros socorros, mas as ordens eram de entrar apenas comida.
	No final da tarde chegaram mais três cegos, a empregada do consultório médico, o homem que estivera com a rapariga no hotel e o policial que a levou a casa de seus pais, assim que se instalaram, entrou na camarata um grupo de cegos e todas as camas foram ocupadas. 
	O ladrão gemia de dor, a ferida infeccionou e ele estava com febre, na madrugada, ele resolve ir se arrastando e pedir ajuda aos guardas, achando que os guardas ficariam sensibilizados e prestariam socorro médico. Foi rastejando até o portão, cheio de dores, ao ouvir barulho o soldado foi verificar o que estava acontecendo e quando viu o cego atirou matando-o. O sargento ordenou que os demais cegos viessem retirar o corpo. 
	Foram chegando mais cegos e o local já não comportava mais tanta gente, já não tinha camas para todos, muitos ficaram nos corredores.
	A comida que estava vindo já não era suficiente para todos que ali estavam os cegos que chegaram por ultimo começaram a buscar os alimentos e não fazer a distribuição corretamente.
	O médico foi falar com os cegos da ala três, para que elegesse um representante para o grupo, os cegos não gostaram e houve ali uma discursão onde o líder do grupo apontou um revolve para o médico.
	O cego da ala três que se colocou como representante do grupo começou a exigir que para que fossem liberadas as caixas com alimentos eles teriam que pagar, deveriam entregar seus pertences (dinheiro, joias, eletrônicos) se quisessem continuar recebendo alimentos.
	Os cegos da ala um e dois, foram obrigados a entregarem seus pertences se não passariam fome, porém a comida que lhes eram entregue não era suficiente. 
	Passado um tempo, os cegos da ala três não queriam mais entregar alimentos sem receber algo em troca, como os cegos das alas um e dois não tinham com que pagar, os cegos da ala três queriam agora as mulheres em troca de alimento.
	Por questão de sobrevivência as mulheres se viram obrigadas a cederem, a primeira vez foi o grupo das mulheres da ala um e na segunda fez o grupo das mulheres da ala dois para satisfazerem aos desejos sexuais dos cegos da ala três. 
	A mulher do médico trouxe em sua mala uma tesoura, que não entregou para os cegos da ala três e a pendurou-a na parede.
	Diante de ter que ceder a abusos sexuais e ver suas companheiras também ter ceder, no dia que seria a vez das mulheres da ala dois ir, a mulher do médico foi também, porém levou a tesoura e foi direto no líder do grupo onde lhe fincou um golpe com a tesoura e o matou. 
	Nesse momento todos começaram a gritar e ela fugiu para sua ala, a vantagem que ninguém podia ver, então não poderia saber que era ela, porém ela contou para seu marido que fora ela que o matou.
	Todos ficaram temerosos porque teria ali uma grande confusão, e viriam para tirar satisfação, e com certeza não iriam mais dar alimentos para o grupo.
	A mulher do médico falou para ele ir buscar a comida, como ele estava assustado ela disse que ia, neste momento percebem cheiro de chumaça no edifício o que os obriga a todos a saírem do prédio, foi quando perceberam que os guardas não estavam a posto, viu que o portão estava aberto e gritou para o grupo que estava livre.
	Saíram todos a rua, e ela pode perceber que a cegueira tinha atingido toda a população, toda a cidade tinha sido acometida do mal da cegueira branca. As ruas estavam um caos, pessoas andando sem rumo.
	Os personagens que dividiam a ala com a mulher do médico e seu marido saem juntos e puderam constatar uma cidade completamente destruída e os cegos vagueiam pelas ruas, alguns poucos habitantes tentando sobreviver. 
	O grupo decide permanecerem juntos, acreditando que essa é a melhor forma de sobreviver, mesmo porque sabiam que no grupo tinha a esposa do médico que enxergava e que poderia ajudar. 
	Sabiam que novos desafios teriam que enfrentar, porem juntos seria mais forte.
	Todos estavam com fome, à mulher do médico encontrou um local onde acomodou o grupo e saiu para encontrar comida, entrou em um supermercado que tinha sido saqueado, e ali conseguiu alimentos.
	Voltou onde os demais estavam aguardando, ali se alimentaram passaram a noite e no dia seguinte a o medico e sua mulher sugeria que todos fossem para sua casa, assim saíram e chegaram a casa onde todos puderam tomar banho e se alimentar.
	O primeiro cego de repente começou a enxergar, e todos ficarem felizes porque pensarem que se ele foi o primeiro a ficar cego e agora estava enxergando, sendo assim logo os demais também estariam enxergando.
ANÁLISE DO LIVRO 
	O presente trabalho tem por objetivo analisar o filme Ensaio sobre a Cegueira do escritor Português Jose Saramago.
	O livro conta a historia de uma epidemia que atinge a população de uma cidade.
	É uma leitura difícil devido a sua gramática, parágrafos enormes e sem pontuação, porém aos poucos se toma gosto pela leitura e facilmente a atenção se volta para os desafios de sobrevivência, superação e organização da capacidade humana diante de uma inesperada adversidade. 
	Este livro mexe com o emocional, uma historia fictícia com o pé na realidade, que nos choca com seus episódios repletos de situações que provoca repulsa, indignação, descaso, preconceito.
	É uma leitura muito impactante, que nos faz refletir e entender como somos frágeis e que somos todos iguais. 
	A leitura leva a uma reflexão: se acontecesse na vida real, como seria a situação?! Acredito que não seria diferente em alguns aspectos.
	No relato do livro, algumas pessoas de repente começam a ficar cegas. As autoridades, sem saber o que fazer e por não ter conhecimento do que realmente pode ser, resolvem colocar as pessoas acometidas pela falta de visão em um manicômio, porque acreditam que a doença é contagiosa.
	Neste livro os personagens não tinham nome, eram identificados por suas características físicas, grau de parentesco e profissões.
	Os personagens eram o médico, a esposa do médico, a rapariga de óculos escuros, o rapazinho estrábico, o ladrão, o primeiro cego e assim por diante.
	A mulher do médico era a única personagem a enxergar e se torna testemunha ocular da degradação que se passa naquele lugar de isolamento, vivenciando a desconstrução da identidade humana, e seres humanos reduzidosaos estágios primitivos jogados ali para morrerem. Não tiveram ajuda médica e nem psicológica. Sem condições de enxergar, eles tiveram que se virarem sozinhos, um verdadeiro ato de desumanidade.
Foram confinados sem nenhum tipo de preparo, apenas recebendo alimento, mesmo assim muito escasso que não dava para todos se alimentarem tendo que dividirem entre eles. A comida era deixada na porta onde os próprios cegos teriam que buscar na entrada do prédio e levar para dentro. Era uma espécie de prisão onde ninguém poderia sair e também ninguém poderia entrar para oferecer algum tipo de ajuda. 
A cegueira descrita por Saramago (2008), ao contrário da cegueira conhecida, era branca. Entendeu-se, então, que o autor, por ressaltar tantas vezes esse dado em sua obra, gostaria de dizer algo com isso. A fenomenologia, como visto, mostra que o mundo é feito de possibilidades e o existencialismo completa dizendo que o homem é livre e responsável por suas escolhas. O neurótico aquele que se cristaliza no passado e não vê as possibilidades que o mundo lhe oferece. Sendo assim, a cegueira branca pode representar essa ofuscação diante das possibilidades. Aqueles cegos não conseguiam eleger o que era figura frente ao que o mundo lhes oferecia, tal como ocorre quando todas as cores, todas as luzes se juntam e tem-se, com isso, o branco.
Elucidando, menciono a seguinte passagem de Saramago (2008): “Mas quem nos diz a nós que esta cegueira branca não se precisamente um mal do espírito, e se o é, ponhamos por hipótese, nunca os espíritos daqueles cegos estiveram tão soltos como agora estão, fora dos corpos, e, portanto mais livres de fazerem o que quiserem” (p.90).
Neste livro, portanto, o autor expõe a cegueira para evidenciar a importância do olhar, como nos explica a professora Teresa Cristina Cerdeira da Silva:
“… esse Ensaio sobre a cegueira pode ser lido inversamente como um ensaio sobre a visão. 
Esses cegos chegaram ao fundo do poço de onde puderam ver surgir suas fraquezas, sua arrogância, sua intolerância, sua impaciência, sua violência, a monstruosidade dos universos concentracionários. Mas assistiram também à sua própria força, à sua solidariedade, à sua generosidade, ao seu espírito revolucionário e à revisão de seus próprios preconceitos. Este, repito, é um ensaio sobre a visão: do outro, das relações humanas, das linguagens e seus clichês, da verdade, do poder e até dos gêneros literários nesse romance que, como se sabe, se quer ensaio. Porque este não é tão-somente um romance cujo assunto é a cegueira, mas também um ensaio entendido como experiência, experimentação que revele a possibilidade de enxergar para além das aparências, para além dos seus próprios limites convencionais.” (SILVA, 1999: 294).
Lendo o livro, a cada virada de página, uma confusão de sentimentos paira na mente e na conclusão da leitura caberia varias interpretações como que o governo foi falho, que houve desumanidade e falta de solidariedade.
	Fazendo um paralelo com nossos dias, o livro propõe não apenas fazer ver a quem tem olhos. É sobre tudo, questionar o que é olhar, o que é ter vista. 
	É importante frisar que o foco é que as pessoas olhem para os outras, não com o olhar físico, mas com o olhar interior, para o ser humano. 
	“Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, cegos que veem, cegos que vendo, não veem”. 
ANÁLISE CRÍTICA DA RELAÇÃO SOBRE A FICÇÃO E A REALIDADE QUE ESTAMOS VIVENDO.
Estamos no ano de 2020 vivendo um momento crítico da nossa história. Uma crise mundial, uma pandemia real.
Um vírus, chamado Corona vírus COVID 19, está vitimando muita gente ao redor do mundo. Tudo começou na China e foi se espalhando, atingindo a Europa, Estados Unidos, Brasil e outros países.
Tanto no Brasil como em outros países, o governo decretou quarentena, onde indústrias, comércio, escolas, parques, cinemas, casas de show e outros estabelecimentos interromperam suas atividades.
Estão em funcionamento apenas algumas áreas de extrema importância como farmácias, supermercados, padaria e postos de gasolina. Em alguns segmentos os funcionários tem conseguido trabalhar de suas casas, em outros foram dispensados do trabalho, ocasionando muito desemprego.
Os médicos e profissionais da saúde estão se desdobrando para dar conta da demanda, os hospitais estão ficando lotados de casos.
Estamos em quarentena, em quase total isolamento social, todos em suas casas para se proteger de um vírus que vem ceifando muitas vidas. A orientação neste momento é para não sairmos de nossas casas, exceto, se necessário, para o abastecimento de mantimentos, compra de remédios e etc.
Diferente do que lemos no livro Ensaio sobre a Cegueira de José Samarago, não é uma ficção, é realidade, porém estamos em nossas casas com nossos familiares tomando todas as precauções e cuidados para nos proteger e recebendo orientações de saúde e de higiene.
Comparando com o livro, o COVID 19 seria a cegueira retratada. E neste momento o que é possível trazer de reflexão é onde estão nossas cegueiras.
Esta é a chance de enxergamos o mundo sobre uma nova ótica, dando valor às coisas importantes da vida. Interessante pensar como um vírus e sua propagação nos dá a oportunidade de refletir e enxergar como estamos nos colocando perante a sociedade e como estão os nossos relacionamentos.
É o momento de se avaliar, desmontar e repensar tudo que envolve a vida, fazer escolhas, é um período de desconstrução e reconstrução, se recriar e se descobrir.
CONCLUSÃO
Diante da crise emergencial que estamos passando, as pessoas estão vivendo um momento de angústia e melancolia, se encontram com o emocional abalado, muitos psicólogos estão fazendo atendimento online para ajudar as pessoas que estão apresentando diversos sintomas, entre eles síndrome do pânico, depressão, entre outros.
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O psicólogo vivencia, portanto, o mesmo ambiente disruptivo marcado por desespero e desamparo, no qual as vítimas se debatem, provocando um inevitável encontro com a imprevisibilidade, a incerteza e o desalojamento, como afirma Noal (2014). Este cenário não se constitui como pano de fundo, mas sim como o ponto de partida a partir do qual é estruturada a intervenção. Sem dúvida, a emergência do imprevisível, da incerteza e do risco estão sempre presentes no dia a dia do fazer psicológico e podem, até certo ponto, instrumentalizar o profissional para atuar em situações extremas. A postura de abertura imprescindível no contexto da clínica psicológica decorre da constatação de ser aquele o lugar do não saber, da ausência de segurança (O’Hara, 1983) e, paradoxalmente, da possibilidade de emergência de novos significados e da reestruturação psicológica da pessoa. 
Contudo, em situações pautadas por perdas bruptas e intensas (Noal, 2014), parece existir uma lente que amplia e concentra as adversidades, potencializando riscos e dificultando a atenção psicológica. Em tais situações, é na ruptura com o que é familiar que deve alicerçar-se a atenção psicológica. Conforme aconselharam os psicólogos (Akin-Little & Little, 2008; Rosser, 2008) que atuaram no Furacão Katrina, “espere pelo inesperado e seja flexível” (Haskett, Scott, Nears, & Grimmett, 2008, p. 98).
	Precisamos estar muito antenados com o que está acontecendo para pensarmos no bem estar e segurança das pessoas e oferecer cuidado e atenção psicológica.
Estamos em uma situação extrema, o mundo está em colapso, o que está causando uma crise emergencial nas pessoas. É importante neste momento oferecer ajuda, acolhimento e escuta.
Lembrando que as pessoas vivem de forma singular, cada pessoa afetada emocionalmente reage de uma forma individual e devemos entender isso.
É claro que é muito preocupante porque não sabemos qual será o saldo final de toda esta situação.
Após o final deste caos as coisas não vão voltar a ser como era antes. Será preciso repensar as rotinas de antes, reconstruir e fazer mudanças, fazer novas escolhas e adaptações. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SAMARAGO; J. – ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA. Romance. Caminho. O Campo da Palavra.Lisboa 1995
PRAXEDES, W. Ensaio sobre a cegueira”: a cegueira como metáfora no livro de José Saramago – Revista Espaço Acadêmico – 23/08/2014
https://espacoacademico.wordpress.com/2014/08/23/ensaio-sobre-a-cegueira-a-cegueira-como-metafora-no-livro-de-jose-saramago/
SILVEIRA,Karina Masci – Ensaios sobre a cegueira: Uma releitura gestáltica da obra de Saramago
Revista IGT na Rede, v. 10, nº 18, 2013, p. 81 – 103. Disponível em http://www.igt.psc.br/ojs
ISSN: 1807-2526
Vasconcelos, T.P, Cury, V.E - Atenção Psicológica em Situações Extremas: Compreendendo a Experiência de Psicólogos.
Psicologia: Ciência e Profissão Abr/Jun. 2017 v. 37 n°2, 475-488. https://doi.org/10.1590/1982-3703002562015
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