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- PETIÇÃO INICIAL - MAURO X PETROS

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EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE JOÃO PESSOA/PB
Mauro de Oliveira Machado, brasileiro, aposentado, casado, inscrito no CPF/MF sob o nº 198.714.064-87, portador do RG nº 662.331 - SSDS/PB, e-mail mmachadojpb7@gmail.com, residente e domiciliado na Rua Caetano de Figueiredo, 173, Cristo Redentor, nesta Capital, CEP 58070-520, vem, por intermédio de seus advogados (instrumento procuratório em anexo), na forma do art. 318 ss. do Código de Processo Civil, propor
AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
em face de FUNDAÇÃO PETROBRÁS DE SEGURIDADE SOCIAL - PETROS, entidade fechada patrocinada de previdência complementar, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 34.053.942/0001-50, com endereço na Rua do Ouvidor, 98, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP 20.040-030, pelas razões de fato e de direito abaixo relacionadas:
I – DOS FATOS – PLANO DE EQUACIONAMENTO PETROS – NECESSIDADE INDIVIDUALIZADA
Primeiramente, esta ação tem como objeto discutir o ABSURDO equacionamento feito unilateralmente pela ré em relação ao déficit que alega existir nos acumulados de 2013 a 2015, com os reajustes para 2017, comprometendo a renda e sustento do Autor e sua família, destacando, por oportuno, a discussão por meio de ações civis públicas em diversos Tribunais Pátrios, com liminares deferidas, contudo sem que tenha sido estendida a eficácia das decisões. 
Isso porque, conforme se verificará, o Regulamento do PPSP (i) imputa às patrocinadoras do plano a integral responsabilidade pela cobertura de todo e qualquer déficit ocorrido no PPSP e, consequentemente, (ii) afasta qualquer obrigação do Autor pelo recolhimento de contribuições extraordinárias previstas no PED.
A pretensão do Autor é a estrita observância da norma contida no seu plano previdenciário, que determina – expressamente – que todo e qualquer déficit ocorrido no plano será de integral responsabilidade das patrocinadoras (empresas com as quais o Autor possui ou possuía vínculo laboral), mantendo-se o equilíbrio de uma relação estabelecida há mais de quarenta anos.
 
O autor é beneficiário do Plano de Previdência Complementar Fechado denominado "Plano Petros do Sistema Petrobrás" ("PPSP"), pela PETROS, entidade fechada de previdência complementar, que tem por objetivos primordiais instituir, administrar e executar planos de benefícios das empresas ou entidades com as quais tiver firmado convênio de adesão; prestar serviços de administração e execução de planos de benefícios de natureza previdenciária; e promover o bem-estar social dos seus participantes, especialmente no que concerne à previdência, conforme previsto no artigo 1º do seu respectivo Estatuto. Após anos de contribuição e cumprimento de todos os requisitos previstos no regulamento do PPSP, recebe, hoje, aposentadoria complementar paga pela PETROS.
O PPSP é um plano de Benefício Definido ("BD") que se caracteriza: (a) pela definição dos benefícios/pensões no momento da adesão do participante, com base no salário de contribuição; (b) pelas contribuições serem feitas para um fundo coletivo; e (c) pelo fato da(s) empresas(s) patrocinadora(s) também contribuir(em) para o plano. As patrocinadoras do PPSP são a "Petróleo Brasileiro S/A" ("Petrobras"), a "Petrobras Distribuidora S/A" ("BR Distribuidora"), além da própria PETROS.
Necessário salientar que a adesão ao plano ocorre de forma compulsória, sendo requisito para aposentadoria do empregado.
A proposta de equacionamento do déficit do PPSP foi aprovada em 12 de setembro de 2017 pelo Conselho Deliberativo da própria ré, implementando os descontos extraordinários a partir de março/2018, nos termos da documentação anexa, sendo o Plano de Equacionamento do Déficit do referido plano de previdência privada, instituído em razão, segundo a PETROS, de déficits atuariais consecutivos nas contas do fundo coletivo. O equacionamento foi instituído para “garantir a continuidade do plano no longo prazo, com o pagamento das aposentadorias, pensões e cumprimento de todos os demais compromissos assumidos com os participantes”.
Aduz a PETROS, que o PPSP sofreu um déficit acumulado nos anos de 2013, 2014 e 2015 de aproximadamente R$ 22,6 bilhões (vinte e dois bilhões e seiscentos milhões de reais), que foi corrigido para R$ 27,7 bilhões (vinte e sete bilhões e setecentos milhões de reais) com base na meta atuarial (inflação + taxa de juros) para o fim do ano de 2017. As causas do apontado déficit atuarial seriam:
(a) a mudança no perfil das famílias brasileiras, com o plano tendo de pagar os benefícios por um número de anos maior do que o que foi previsto quando o participante aderiu e as suas contribuições foram calculadas;
(b) o fim do teto operacional de 90% (noventa por cento), mecanismo que limitava a renda de aposentadoria (benefício PETROS + benefício do INSS) dos participantes a 90% (noventa por cento) do teto pago pelo plano, implantado para corrigir uma distorção criada nos tempos de hiperinflação;
(c) aumento de alguns benefícios em razão do acordo celebrado em 2014 com aposentados e pensionistas do PPSP para estender aos mesmos o aumento de níveis de faixas salariais concedidos aos participantes ativos da patrocinadora Petrobras;
(d) baixa rentabilidade dos investimentos do fundo, fruto da combinação de inflação e retração econômica no cenário de crise do ano de 2015;
(e) resultado líquido dos investimentos do fundo abaixo do necessário para cumprir a meta atuarial do período, que atualizou os compromissos futuros.
Cumpre salientar que o Autor recebeu aviso, conforme contracheque anexo, de que sofrerá 15,20% de contribuição extra aos 10% sobre os quais contribui, em razão do equacionamento.
Sem esclarecer aos seus beneficiários os elementos que levaram às referidas conclusões atuariais, a implementação do equacionamento, além de contrária ao próprio regulamento do plano, é marcada por uma série de violações de direitos dos participantes e assistidos do PPSP pela PETROS, desde seu alijamento dos processos decisórios até sonegação de informações e prestação de esclarecimentos básicos aos mesmos.
O plano aprovou contribuições adicionais – somam-se às já praticadas pelos participantes e assistidos – nos seguintes valores:
Com a pretensão da PETROS de exigir esses pagamentos pelos próximos 18 (dezoito) anos, o autor arcará, no período em que faria jus a alguma tranquilidade por haver trabalhado a vida inteira privado do convívio com sua família, com contribuições "extraordinárias" que comprometerão cerca de 35% (trinta e cinco por cento) de seus rendimentos líquidos mensais. Isso significa um aumento de contribuição de mais de 235% (duzentos e trinta e cinco por cento) do valor da contribuição ordinária DO AUTOR, perfazendo o absurdo valor mensal de R$ 3.501,89 (três mil, quinhentos e um reais e oitenta e nove centavos).
Não é para isso que a autora pagou a vida toda por sua previdência complementar. Aumento de 150% de contribuição é um acinte, uma ofensa, uma afronta à razoabilidade e à proporcionalidade.
Além de todo o absurdo instalado, merece atenção o fato de que o percentual de 150% de aumento não afasta a incidência de IRPF! Isso porque, segundo ementa da Receita Federal sobre Contribuição Extraordinária a Plano Fechado de Previdência Complementar – Indedutibilidade, as contribuições extraordinárias, ou seja, aquelas que se destinam ao custeio de déficit, serviço passado e outras finalidades não incluídas na Contribuição normal às entidades fechadas de previdência complementar não são, repita-se, dedutíveis da base de cálculo do imposto sobre a renda da pessoa física.
Isso significa que tudo que for pago de extra pelos assistidos da Petros não poderá ser deduzido no final do ano no Imposto de Renda. O trabalhador terá que arcar com esse déficit plenamente.
O alvo presumível é este. Mas o efeito deletério sobre os assistidos parece não ter sido considerado. Estes não têm como se retirar do PPSP, dele dependem, e se verão seriamente tolhidos em termos de qualidade de vida, provavelmente não podendo arcar com planos desaúde – sabidamente onerosos em avançada idade.
Contra essa postura da PETROS, só resta ao autor recorrer ao Poder Judiciário, a fim de evitar a continuidade de tamanho arbítrio e os irreparáveis danos que vêm sendo causados à sua manutenção e de sua família, merecendo registro que desde o mês de março/2018 o autor vem sofrendo mensalmente o referido desconto.
II – DO MÉRITO
II. 1 – DECISÕES LIMINARES CONCEDIDAS EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL
MM Juiz, além da questão objetiva acerca do valor exorbitante usurpado mensalmente do aposentado, necessário que seja observada a o caráter subjetivo, de fato, com as peculiaridades da autora. Porém, a de direito é a mesma.
Duas são as pretensões autorais distintas neste processo: 1) afastar a cobrança abusiva ou compelir a ré a realizar o equacionamento pelo valor correto, de acordo com os múltiplos fatores que deverão ser levados em conta pelo MM. Juízo; 2) até que isso seja claramente definido, conceder a tutela de urgência a fim de que não sejam efetuados descontos ou, subsidiariamente, para que seja feito o desconto pelo equacionamento mínimo, com prestações que não comprometam tanto a renda do autor. 
Antes de adentrar nas razões de mérito que justificam a procedência in totum da ação, traz-se a conhecimento desse MM. Juízo um conjunto de liminares já deferidas pelo Judiciário Brasil afora, como evidência da ilicitude do plano de equacionamento na forma proposta:
“(...) Alegam os autores, no entanto, que o art. 48, inciso X, deste Regulamento do Plano de Benefícios atribui somente às patrocinadoras o dever de contribuir para a cobertura de déficit. Há a probabilidade de direito, porque a interpretação deste Regulamento, ao longo do tempo, tem sido no sentido alegado pelos autores. A patrocinadora Petrobras, em outras ocasiões, já fez aportes para cobrir déficits. Ademais, o fato é que o requisito da urgência deve ser prestigiado no caso em tela, em razão da natureza alimentar das verbas retidas a título de contribuição coercitiva para a cobertura do déficit, sendo certo que o elevado percentual majorado pode significar incapacidade para necessidades básicas. Configurado, portanto, o risco de dano irreparável. Pelo exposto, DEFIRO A TUTELA ANTECIPADA para determinar que a ré se abstenha de efetuar descontos ou cobranças adicionais sobre o valor dos benefícios previdenciários dos autores, com o fim de cobrir déficits do plano PPSP, a partir do mês seguinte à sua intimação, sob pena de devolver em dobro o valor descontado. Intime-se com urgência. Antes da citação, aguarde-se o resultado do Agravo de Instrumento supra citado, com o fito de estabilizar as partes integrantes da lide” (TJRJ, ação nº 0031203-45.2018.8.19.0001, 41ª Vara Cível da Comarca da Capital, 21/3/2018).
“O agravante demonstrou perceber proventos brutos de R$ 18.712,11 e líquidos de 8.415,60, resultando estes do que sobre aquele é deduzido, incluindo-se aí R$ 2.058,18 debitados a título de contribuição previdenciária vertida em favor da agravada, cerca de 10,99%. De outro bordo, produziu sólido início de provas da iminência de vir a sofrer a incidência de alíquota adicional de 34,44% em sua cota de participação para superação de expressivo déficit acumulado em 2013, 2014 e 2015. Ou seja, há risco iminente de que o quantum líquido a perceber venha a ser de R$ 4.024,53. A redução é de dramáticos 47,6185%. (...) Sob tal prisma, não se pode admitir que o beneficiário, no caso, aposentado e idoso ― tem 69 anos de idade ― sofra ex abrupto redução da complementação de seus proventos, minguados praticamente à metade em expressão correspondente a menos de 4,5 salários mínimos nacionais. Não é esse o sentido da lei nem é isso o que consoa com seus fins sociais, que são os de bem-estar e, ultima ratio, a dignidade humana, fundamento da República (CRFB, art. 1.º, III), além de cláusula geral dos direitos fundamentais, entre eles o direito à segurança ― segurança psicológica, segurança de sobrevida digna, segurança jurídica e até segurança pública, dentre outras. Aliás, o fato de a dignidade da pessoa humana estar, na Constituição Federal, arrolada entre os fundamentos da República e não na enumeração dos direitos fundamentais implica levar ao intérprete a conclusão de que todo agir do Estado e dos que a seu poder se submetem devem tê-la como legitimadora.(...) A aqui, além da inegável demonstração da plausibilidade do direito, avulta, ademais e por tudo o que se expôs, claro o risco ao resultado útil do processo(...). Portanto, presentes os pressupostos da tutela de urgência, é de se antecipar a pretensão recursal” (TJRJ, Agravo de Instrumento nº 0010359-77.2018.8.19.0000, Relator des. Fernando Foch, 3ª Câmara Cível – 6/3/2018).
“Insta destacar que a concessão da presente medida não trará prejuízos irreversíveis para a ré, uma vez que se constatado durante a dilação probatória que não há cobrança abusiva e os descontos são legítimos, à ré é assegurado o direito de cobrar a quantia eventualmente devida, retroativamente. Ante tais considerações, CONCEDO o pedido liminar, para determinar que a impetrada deixe de efetuar descontos ou cobranças adicionais, sobre o valor dos benefícios previdenciários dos autores, que tenham a intenção de cobrir déficits do plano PPSP, sob pena de multa em valor igual ao triplo de cada desconto realizado indevidamente” (TJRJ, ação nº 0318858-08.2017.8.19.0001, 1ª Vara Cível da Comarca da Capital, 18/12/2017). 
“No que se refere exclusivamente à responsabilidade integral das patrocinadoras, sustentam os autores que a pretensão da ré em exigir a contribuição compulsória dos autores esbarra no art. 48, IX do Regulamento do PPSP. Prevê o dispositivo citado: IX - As Patrocinadoras, no caso de serem insuficientes os recursos do Plano Petros do Sistema Petrobras, assumirão a responsabilidade de encargos adicionais, na proporção de suas contribuições, para cobertura de quaisquer ônus decorrentes das alterações introduzidas em 23-8-84 pelo Conselho de Administração da Petrobras, nos artigos 31, 41 e 42 deste Regulamento e aprovadas pelo Secretário da Previdência Complementar do Ministério da Previdência e Assistência Social, através dos ofícios nº 244/SPC-Gab, de 25-9-84 e nº 250/SPC-Gab, de 5-10-84. Essa questão é de mérito e fulcral para a resolução desta lide e das demais em curso por vários juízos e tribunais, somente recebendo resolução jurisdicional no momento adequado. Muito embora a interpretação realizada pelos autores contrarie em primeira análise a possibilidade de reavaliação dos planos de benefícios para a manutenção do equilíbrio atuarial, - diante de sua própria natureza -, circunstância que retiraria a probabilidade do direito perseguido, o fato é que o requisito da urgência deve ser prestigiado no caso em tela, em razão da natureza alimentar das verbas retidas a título de contribuição coercitiva para a cobertura do déficit, levando-se em conta o elevado percentual majorado que pode significar, inclusive, incapacidade econômica para necessidades básicas. Posta a questão nestes termos, defiro a tutela provisória de urgência para DETERMINAR QUE A RÉ SE ABSTENHA DE EFETUAR DESCONTOS OU COBRANÇAS ADICIONAIS SOBRE O VALOR DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS DOS AUTORES, COM O FIM DE COBRIR DÉFICITS DO PLANO PPSP.” (TJRJ, ação nº 0045151-54.2018.8.19.0001, 28ª Vara Cível da Comarca da Capital, 14/3/2018).
“O pleito atende aos requisitos do artigo 300 do Código de Processo Civil, quanto ao perigo de dano, representado pelo aumento das contribuições e reflexo direto na remuneração dos contribuintes, além da probabilidade do direito, fundamento que resulta do argumento acima colocado, quanto à razoabilidade do limite proposto. A respeito do assunto pontifica a doutrina: “A tutela provisória é necessária simplesmente porque não é possível esperar, sob pena de o ilícito ocorrer, continuar ocorrendo, ocorrer novamente, não ser removido ou de dano não ser reparado ou reparável no futuro”. (“Novo Código de Processo Civil Comentado”, Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenharte Daniel Mitidiero, Ed. Revista dos Tribunais, pág. 312) Pelo exposto, defiro o pedido de tutela de urgência, para determinar que a ré limite o equacionamento ao excedente do limite técnico, nos termos do art. 28 da Resolução MPS/CGPC 26, de 28/09/2008, com a redação dada pela Resolução MTPS/CNPC 22, de 25/11/2015, sob pena de multa diária de R$ 10.000,00 (dez mil reais), limitada a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais)”. (TJRN, ação civil pública nº 0859145-61.2017.8.20.5001, 10ª Vara Cível da Comarca de Natal, 25/01/2018) 
“1. Defiro a liminar, tendo em vista a presença dos requisitos do artigo 300, do CPC, posto que o Sindicato requerente juntou com a inicial documentos que evidenciam a probabilidade inequívoca do direito pretendido. Restou devidamente demonstrada a probabilidade do direito, bem como o perigo da demora e urgência da medida, eis que a aplicação do desconto como previsto para o próximo mês trará significativo prejuízo aos participantes do plano de previdência. Ademais, ressalto a manifestação favorável à concessão apresentada pelo Ministério Público às fls. 73/74. Assim, estando presentes os requisitos legais, defiro a liminar pretendida para determinar que a RÉ se abstenha de promover o equacionamento do déficit técnico do Plano Petros do Sistema Petrobras (PPSP) pelo seu valor total, eis que possível seu equacionamento apenas pelo valor excedente do limite técnico, nos termos da do art. 28 da Resolução MPS/CGPC 26, de 28/09/2008” (TJSP, ação civil pública nº 1100225-12.2017.8.26.0100, 12ª Vara Cível da Comarca de São Paulo, 28/11/2017).
“Por meio dos documentos juntados a inicial restou comprovada a probabilidade inequívoca do direito pretendido e o perigo de dano, a uma porque a forma de equacionamento deve ser a que menos cause impacto nos orçamentos familiares dos participantes e assistidos, sendo razoável que seja realizado com base em fórmula mais branda, prevista no art. 28 da Resolução MPS/CGPC 26/2008; a duas porque o desconto das contribuições extras, como previsto, para o próximo mês (Março/2018) trará prejuízo significativo aos participantes e assistidos do plano de previdência, em virtude do aumento exorbitante do valor total da contribuição, o que significaria uma redução acima de 50% nos ganhos líquidos do aposentado. Nessa circunstância, a não concessão da antecipação pretendida se afiguraria bem mais gravosa do que seu deferimento. Além disso, inexiste perigo de irreversibilidade, uma vez que se comprovada a legitimidade das cobranças adicionais, poderá a requerida cobrar retroativamente a quantia eventualmente devida. Sendo assim, diante da configuração dos requisitos do art 300 do CPC, DEFIRO a antecipação dos efeitos da tutela para que o requerido se abstenha de cobrar/descontar a contribuição extra de equacionamento do PPSP na remuneração dos participantes ou nos benefícios dos assistidos, até o final da questão de mérito ou até que seja apurado o real quantum a ser equacionado e pela possibilidade de se formatar plano de equacionamento menos gravoso” (TJSE, ação civil pública nº 0008007-78.2018.8.25.0001, 4ª Vara Cível da Comarca de Aracaju, 26/2/2018).
“No que tange a pedido de tutela cautelar provisória de urgência, para o fim de “determinar a Ré que se abstenha de promover descontos adicionais extraordinários, seja na remuneração dos Participantes da ativa e nos benefícios dos Assistidos, até que seja apurado o real quantum a ser requacionado e pela possibilidade de se formatar pelo plano de equacionamento menos gravoso”, até o final da questão de mérito, fica tal pedido DEFERIDO. Isto porque em sede de cognição sumária e superficial, verifica-se plausibilidade das alegações expostas na inicial, havendo em tese possibilidade de dano, na hipótese de não deferimento da liminar, diante o aumento exorbitante do valor das contribuições devidas pelos participantes do sistema de previdência complementar da ré. Ante o exposto, DEFERE-SE a liminar pleiteada para determinar a Ré que se abstenha de promover descontos adicionais extraordinários, seja na remuneração dos Participantes da ativa e nos benefícios dos Assistidos, até que seja apurado o real quantum a ser requacionado e pela possibilidade de se formatar pelo plano de equacionamento menos gravoso”, até o final da questão de mérito” (TJSP, ação civil pública nº 1035045-73.2017.8.26.0577, 3ª Vara Cível da Comarca de São José dos Campos, 20/12/2017).
“Entretanto, a forma equacionada deverá ser a que menos cause impacto no orçamento familiar dos associados, razão pela qual, com base no princípio da razoabilidade, o cálculo deverá ocorrer a partir do déficit que ultrapassar o limite técnico, já que até o valor desse limite não é obrigatório majorar as mensalidades. O pedido autoral preenche os requisitos do art. 300, do CPC, já que o perigo de ano está representado pelo aumento das contribuições e com reflexo direto na remuneração dos contribuintes e, a probabilidade do direito, configura-se da razoabilidade do limite proposto. Posto isso, defiro a antecipação dos efeitos da tutela para que seja sustada a cobrança de contribuições adicionais aos participantes e assistidos, determinada no Plano de Equacionamento aprovado em 12 de setembro de 2017, mantendo-se, no entanto, a contribuição adicional que incumbe à patrocinadora do PPSP, a Petrobrás ,sob pena de multa que deverá ser arbitrada, em caso de descumprimento da presente ordem.” (TJRJ, ação civil pública nº 0063706-93.2017.8.19.0021, 5ª Vara Cível Comarca de Duque de Caxias, 06/3/2018)
Frisa-se que há diversas decisões liminares deferidas em ações civis públicas, como por exemplo da decisão liminar proferida em 28/02/2018 nos autos da Ação Civil Pública n. 0008007-78.2018.8.25.0001 proposta pelo SINDIPETRO, em andamento na 4ª Vara Cível de Aracaju, cuja decisão, de lavra do M.M. Juiz de Direito, José Pereira Neto, concedeu a tutela de urgência requerida:
“Conforme dispõe o artigo 300 do Código de Processo Civil, o deferimento da tutela de urgência está condicionado à demonstração, no caso concreto, de seus requisitos legais, quais sejam: a) a probabilidade do direito; b) o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo; e c) a ausência do perigo de irreversibilidade. 
No caso dos autos, verifica-se que houve a configuração dos requisitos supracitados, conforme será demonstrado a seguir. 
Por meio dos documentos juntados a inicial restou comprovada a probabilidade inequívoca do direito pretendido e o perigo de dano, a uma porque a forma de equacionamento deve ser a que menos cause impacto nos orçamentos familiares dos participantes e assistidos, sendo razoável que seja realizado com base em fórmula mais branda, prevista no art. 28 da Resolução MPS/CGPC 26/2008; a duas porque o desconto das contribuições extras, como previsto, para o próximo mês (Março/2018) trará prejuízo significativo aos participantes e assistidos do plano de previdência, em virtude do aumento exorbitante do valor total da contribuição, o que significaria uma redução acima de 50% nos ganhos líquidos do aposentado. 
Nessa circunstância, a não concessão da antecipação pretendida se afiguraria bem mais gravosa do que seu deferimento. 
Além disso, inexiste perigo de irreversibilidade, uma vez que se comprovada a legitimidade das cobranças adicionais, poderá a requerida cobrar retroativamente a quantia eventualmente devida. 
Sendo assim, diante da configuração dos requisitos do art 300 do CPC, DEFIRO a antecipação dos efeitos da tutela para que o requerido se abstenha de cobrar/descontar a contribuição extra de equacionamento do PPSP na remuneração dos participantes ou nos benefícios dos assistidos, até o final da questão de mérito ou até que seja apurado o real quantum a ser equacionado e pela possibilidade de se formatar plano de equacionamento menos gravoso, sob pena de multa de R$ 10.000,00 (-) por desconto indevidamente realizado, a ser revertido em favor da parte lesada. 
Intime-se, pessoalmente, a requerida acerca da tutela ora concedida”.
Em SP o Sindipetro Unificado conseguiubarrar, por meio de uma liminar concedida pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, o equacionamento do déficit do Plano Petros-1 pelo valor máximo. A decisão favorável à ação civil pública ajuizada pelo Sindicato foi proferida no dia 28 de novembro, pela juíza Fabiana Marini.
A liminar garante a suspensão do reajuste da taxa de contribuição pelo teto. Dessa forma, se a Petros fizer o equacionamento, o cálculo terá que ser efetuado pelo valor mínimo estabelecido por lei, minimizando os impactos financeiros aos participantes e assistidos do PP-1. “...a aplicação do desconto como previsto para o próximo mês trará significativo prejuízo aos participantes do plano de previdência”, afirmou a juíza, em sua decisão.
Na sentença, a juíza destaca que o Ministério Público já havia se manifestado a favor do Unificado e determina “que a RÉ se abstenha de promover o equacionamento do déficit técnico do Plano Petros do Sistema Petrobras (PPSP) pelo seu valor total, eis que possível seu equacionamento apenas pelo valor excedente do limite técnico, nos termos da do art. 28 da Resolução MPS/CGPC 26, de 28/09/2008”.
II. 2 – DA RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DAS PATROCINADORAS PARA COBERTURA DOS DÉFICITS – ILEGALIDADE DOS DESCONTOS COMPULSORIOS FRUTO DA MÁ ADMINISTRAÇÃO DA PETROS
Consoante acima exposto, o Autores se enquadram no disposto no art. 1º do Regulamento do PPSP (doc. anexo):
Art. 1º – Este Regulamento disciplina o Plano Petros do Sistema Petrobras, administrado pela Fundação Petrobras de Seguridade Social – Petros. 
Parágrafo único – As normas constantes deste Regulamento se destinam aos Participantes inscritos até 09/08/2002, não se admitindo o ingresso de novos Participantes no Plano Petros do Sistema Petrobras, conforme determinação do Conselho de Administração da Petrobras contida na Ata CA 1.213, item 4, de 09/08/2002. Regulamento aprovado pela Portaria nº 644, de 24/08/2010, publicada no Diário Oficial da União em 26/08/2010.
Importante expor o processo de transição e evolução dos regulamentos adotados pela PETROS ao longo das décadas.
O primeiro Regulamento do PPSP foi concebido no ano de 1969, no qual se estabeleceram direitos e obrigações relacionados à concessão dos benefícios previdenciários. O referido regulamento sofreu alterações nos anos de 1973, 1975 e 1981, relativamente à forma e ao cálculo dos benefícios e das contribuições destinadas ao seu custeio. 
No ano de 1984, por intermédio do Ofício PP 561/84, elaborado pelo então Presidente da Petros (Sr. Joaquim Caetano Gentil Netto) e direcionado ao então Secretário de Previdência Complementar do Ministério de Previdência e Assistência Social (Sr. Ary de Carvalho Alcantara), foram propostas novas alterações no Regulamento do PPSP, com o intuito de, objetivamente, (i) criar teto/piso para reajuste do valor dos benefícios previdenciários, (ii) alterar a metodologia de cálculo dos benefícios e (iii) obrigar as patrocinadoras a assumirem, de forma expressa, a responsabilidade pela realização do aporte de recursos necessárias à cobertura de eventuais déficits (o que já ocorria na prática, mas precisava estar explícito para evitar questionamentos). Veja-se, a seguir, alguns trechos do mencionado Ofício: 
“1. O Conselho de Administração da Petróleo Brasileiro S.A., Instituidora-Patrocinadora desta Fundação, vem examinando, há algum tempo, os reflexos negativos no plano de benefícios da PETROS dos elevados níveis de inflação que vêm ocorrendo nos últimos anos. 
(...) 
6. Nessas condições, o Conselho de Administração da PETROBRÁS modificou o índice adotado no Plano de Benefícios, a fim de estabelecer um piso para os reajustes, vinculado aos reajustes concedidos aos ativos. 
7. Com o propósito de assegurar pleno equilíbrio econômico-financeiro à PETROS, resolveu o Conselho de Administração, outrossim, incluir no Plano de Benefícios dispositivo que estabelece a obrigação de as Patrocinadoras da PETROS fazerem o imprescindível aporte de recursos nos anos que, porventura, ocorrerem déficits técnicos. 
8. Convém esclarecer que não se modifica o atual esquema de cálculo de benefícios. As modificações propostas no Regulamento se destinam a fixar um piso para as suplementações, que serão concedidas na forma do Regulamento em vigor. 
(...)
10. São as seguintes as modificações aprovadas no Regulamento do Plano de Benefícios pelo Conselho de Administração da PETROBRÁS: 
‘a) Alterar o art. 30 do Regulamento do Plano de Benefícios, que terá a seguinte redação: 
(...). 
d) Acrescentar o inciso X no art. 47 (a ser renumerado para art. 48) do Regulamento do Plano de Benefícios: 
‘Art. 47 – ............................................................................ 
X – Aporte de recursos, por parte das patrocinadoras, na mesma proporção de suas contribuições, nos anos em que porventura ocorrerem déficits técnicos.’ 
(...).” 
Note-se que a proposta do então Presidente da Petros, relativamente ao custeio de eventuais déficits do plano, foi extremamente clara: OS DÉFICITS DEVERIAM SER COBERTOS COM RECURSOS DAS PATROCINADORAS, sem qualquer previsão de dever de custeio por parte dos beneficiários. 
Ante o conteúdo do Ofício PP 561/84), o Secretário de Previdência Complementar do Ministério de Previdência e Assistência Social (Sr. Ary de Carvalho Alcantara) elaborou o Ofício nº 244/SPC-Gab nos seguintes termos: 
“1. Refiro-me ao Ofício PP 561/84, mediante o qual essa Fundação submete à consideração do MPAS alterações a serem introduzidas no seu Regulamento, visando a correção das suplementações de benefícios, de modo a que os reajustes correspondam ao crescimento inflacionário reconhecido para fim de política salarial. 
2. Sobre o assunto, comunico a V.Sa. que estou de acordo com a proposição, ressaltando, contudo, a necessidade de as patrocinadoras se comprometerem explicitamente a cobrir quaisquer ônus resultantes das modificações ora aprovadas. 
3. (...).” 
A clareza da proposta anterior se confirmava: TODO E QUALQUER DÉFICIT DEVERIA SER COBERTO EXCLUSIVAMENTE PELAS PATROCINADORAS. 
A lógica do plano é clara: a responsabilidade dos participantes se refere às contribuições destinadas ao custeio dos seus benefícios, enquanto as patrocinadoras respondem por suas contribuições “normais” (destinada ao custeio dos benefícios) e também pela cobertura de qualquer déficit apurado. 
Essa, aliás, era a essência dos planos de previdência privada criados nas décadas de 70 e 80 por empresas de economia mista, pois se buscava um equilíbrio entre funcionários públicos (que não vertiam contribuições para o recebimento de benefícios previdenciários, razão pela qual o custeio era de responsabilidade da patrocinadora) e os empregados de uma mesma entidade. 
Diante de tais manifestações (todas emanadas por pessoas e órgãos competentes), foi proposta e aprovada a inclusão de novo dispositivo no Regulamento, nos seguintes termos: 
“O Conselho de Administração resolveu aprovar a redação final do art. 48, inciso X, do Regulamento do Plano de Benefícios da Fundação Petrobrás de Seguridade Social – PETROS, como se segue: 
Art. 48 ....... X – As patrocinadoras, no caso de serem insuficientes os recursos da PETROS, assumirão a responsabilidade de encargos adicionais, na proporção de suas contribuições, para cobertura de quaisquer ônus decorrentes das alterações introduzidas em 23/08/84 pelo Conselho de Administração da PETROBRÁS nos arts. 30, 41 e 42 deste Regulamento e aprovadas pelo Secretário da Previdência Complementar do Ministério da Previdência e Assistência Social, através dos ofícios nºs 244/SPC-Gab, de 25-09-84, e 250/SPC-Gab, de 05-10-84.’ 
(...).
O Regulamento do PPSP sofreu outras modificações após a inclusão do artigo 48 (docs. 17 e 18), mas nenhuma relacionada a essa regra/artigo. 
De acordo com o disposto no Regulamento do PPSP, aqueles que aderissem ao PPSP teriam direito à percepção de um Benefício com Valor Definido, devendo, para tanto, realizar contribuições mensais correspondentes a um determinado percentual de sua remuneração, por um determinado período.A Petrobrás e demais empresas do setor de petróleo, eram obrigadas, na qualidade de empregadoras e patrocinadoras do plano, a reverter o numerário necessário para a constituição das reservas matemáticas que dariam suporte à concessão dos benefícios. O papel da Petros nesta relação é o de gestão e administração do plano de benefícios. 
O Regulamento do PPSP, em seu artigo 48, enumera as formas de custeio para formação do fundo patrimonial, quer sejam as formas “ordinárias” (incisos I a V) ou as formas “extraordinárias” ou “eventuais” (incisos VI a IX):
“Art. 48 - Os fundos patrimoniais garantidores do Plano Petros do Sistema Petrobras serão constituídos pelas seguintes fontes de receita:
I. contribuição mensal dos Participantes Ativos, mediante desconto em folha de pagamento;
II. contribuição mensal dos Participantes Assistidos, incidente sobre o seu salário-de-participação, de que trata o inciso II do § 1º do artigo 15;
III. contribuição mensal dos Participantes Autopatrocinados, constituída de uma parcela incidente sobre o salário-de-participação de que trata o inciso III do § 1º do artigo 15 e de outra, igual à contribuição da Patrocinadora;
IV. contribuição mensal das Patrocinadoras;
V. contribuição mensal da Petros;
VI. dotação do fundo inicial de Cr$ 18.000.000,00 (dezoito milhões de cruzeiros), feita pela Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobras, para a cobertura dos seguintes encargos: 
a) suplementação das aposentadorias requeridas por empregados da Petrobras em condições de obtê-las antes de 1º/07/1970;
b) suplementação - em condições atuarialmente .fixadas - das aposentadorias concedidas antes de 1º/07/1970, e que vêm sendo pagas pelo INSS a empregados da Petrobras;
c) suplementação - em condições atuarialmente fixadas - das pensões concedidas antes de 1º/07/1970, e que vêm sendo pagas pelo INSS a dependentes de ex-empregados da Petrobras, cujo vínculo trabalhista com essa empresa tenha sido rescindido por motivo de aposentadoria ou morte;
VII. joia admissional dos Participantes, determinada na forma do artigo 7º;
VIII. receitas provenientes de investimentos de reservas;
IX. as Patrocinadoras, no caso de serem insuficientes os recursos do Plano Petros do Sistema Petrobras, assumirão a responsabilidade de encargos adicionais, na proporção de suas contribuições, para cobertura de quaisquer ônus decorrentes das alterações introduzidas em 23/08/1984 pelo Conselho de Administração da Petrobras, nos artigos 31, 41 e 42 deste Regulamento e aprovadas pelo Secretário da Previdência Complementar do Ministério da Previdência e Assistência Social, através dos ofícios nº 244/SPC-Gab, de 25/09/1984 e nº 250/SPC-Gab, de 05/10/1984”.
Como se vê, o inciso IX do artigo 48 prevê que as contribuições “extraordinárias”, decorrentes da insuficiência de recursos (déficits), serão de responsabilidade exclusiva das Patrocinadoras, definidas de forma a respeitar à proporcionalidade da contribuição ordinária de cada uma, conforme o inciso IV e V do referido artigo.
Evidentemente que a proporcionalidade a que se refere o inciso IX é própria da proporção das contribuições relativas à cobertura de déficits entre as patrocinadoras e não a proporcionalidade das contribuições ordinárias de custeio do fundo patrimonial.
Ou seja, o Plano criado pelas Patrocinadoras de repactuação, de forma objetiva, alterava a metodologia de cálculo e custeio dos benefícios previstos no PPSP, com vistas a minimizar riscos de ocorrência de déficits. As informações divulgadas pela Petros e pelas Patrocinadoras sequer mencionaram o artigo 48 do Regulamento do PPSP ou alteração na metodologia empregada em contribuições destinadas ao custeio de eventuais déficits.
Assim, qualquer interpretação em sentido contrário significaria concluir que haveria permissivo legal para alterar disposições expressamente descritas no regulamento de um plano de previdência complementar de forma unilateral, discricionária e em prejuízo dos participantes, o que contraria o disposto nos artigos 17 e 33 da Lei Complementar nº 109/20014.
Em atenção as modificações anteriormente citadas, lá no ano de 84, a Diretoria da PETROS manifestou à Secretaria de Previdência Complementar do Ministério da Previdência e Assistência Social à época o seu receio com os resultados de tais modificações e sinalizou sobre a necessidade das Patrocinadoras do PPSP, em contrapartida, assumirem os ônus por resultados deficitários:
“Com o propósito de assegurar pleno equilíbrio econômico-financeiro à PETROS, resolveu o Conselho de Administração, outrossim, incluir no Plano de Benefícios dispositivos que estabelece a obrigação de as Patrocinadoras da PETROS fazerem o imprescindível aporte de recursos nos anos em que, porventura, ocorrerem déficits técnicos”.
Tais modificações foram aprovadas pelo Ministério da Previdência e Assistência Social que recomendou, ainda, a necessidade das Patrocinadoras cobrirem os futuros e eventuais déficits:
“Sobre o assunto, comunico a V. Sa. que estou de acordo com a proposição, ressaltando, contudo, a necessidade de as patrocinadoras se comprometerem explicitamente a cobrir quaisquer ônus resultantes das modificações ora aprovadas”.
Não foi por outra razão que o Regulamento do PPSP foi alterado e, até hoje, prevê no inciso IX do seu artigo 48 que “as Patrocinadoras (e só elas), no caso de serem insuficientes os recursos do Plano Petros do Sistema Petrobras, assumirão a responsabilidade de encargos adicionais”. 
Portanto Exa., é ilegal o plano de equacionamento proposto pela PETROS por desrespeitar de forma flagrante o seu próprio Regulamento, mediante imposição a quem não cabe o ônus de arcar com os alegados resultados deficitários do fundo. 
Vale o registro de que um dos princípios constitucionais que norteiam o regime de previdência privada é o da autonomia da vontade, insculpido no caput do art. 202 da Constituição Federal. É, pois, eminentemente contratual a natureza dos planos e fundos de previdência privada, fato que torna obrigatório o estrito cumprimento de suas respectivas normas regulamentares por aqueles que estão a elas submetidos:
“Já as relações jurídicas na Previdência Privada complementar, que envolvem o participante (ou beneficiário) e a patrocinadora, originam-se de contratos, normalmente por adesão, sendo-lhes peculiar a facultatividade e, assim, regidos pelo Direito Privado (Direito Civil)”. 
“Dessa forma, podemos concluir que o plano de benefícios é um contrato de adesão, tendo em vista que as cláusulas, observados os limites legais, são previamente contratadas entre a entidade fechada de previdência complementar e a patrocinadora ou instituidora”.
Neste sentido, também a jurisprudência: 
“PREVIDÊNCIA PRIVADA. RECURSO ESPECIAL. COMPLEMENTAÇÃO APOSENTADORIA. LIMITE DE IDADE. FATOR DE REDUÇÃO. DECRETO 81.240/78 QUE REGULAMENTA A LEI 6435/77. LEGALIDADE. (...) 3. A previdência privada é facultativa e tem natureza contratual. Assim, é aplicável o limitador etário ao participante cuja adesão ao plano ocorreu quando já havia previsão no regulamento da FAELCE, acerca do limitador etário. (...) 5. Recurso Especial provido”. (STJ - REsp 1151739/CE - SEGUNDA SEÇÃO – Relatora Ministra Nancy Andrighi – Julgado em 14/11/2012). 
“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. LIMITADOR ETÁRIO. DECRETO N. 81.240/78. LEI 6.435/77. VALIDADE. REGRA NÃO PREVISTA NO REGULAMENTO NO ATO DA FILIAÇÃO. IMPROVIMENTO. 1.- O Decreto n. 81.240/1978, ao tratar do limitador etário para aposentadoria complementar, não extrapolou os limites da Lei n. 6.435/1977, situando-se, portanto, dentro da legalidade, além de ser imperativa a manutenção do equilíbrio atuarial da instituição de previdência complementar; o outro fundamento adotado, e que é suficiente para a manutenção do julgamento, alinha-se com o entendimento também consolidado pela Segunda Seção, no sentido de que, diante da natureza contratual do regime de previdência complementar, o limitador etário é aplicável ao participante que aderiu ao planoprevidência quando esse já continha cláusula com essa previsão (REsp 1.135.796/RS, Relª. Minª. NANCY ANDRIGHI). 2.- Na hipótese, ao tempo da filiação do autor, o Regulamento da entidade previdenciária não continha a previsão da idade mínima para fruição do benefício, sendo, portanto, ilegal a exigência do limitador etário. 3.- Agravo Regimental improvido”. (STJ - AgRg nos EDcl no AREsp 494819/CE - TERCEIRA TURMA – Relator Ministro SIDNEI BENETI – Julgado em 10/6/2014).
Não bastasse isso, é importante destacar que a legislação previdenciária não veda (ao contrário, permite) que o equacionamento de déficits seja realizado por intermédio de aportes exclusivos das Patrocinadoras (ou seja, não é obrigatória a imposição de contribuições adicionais/extraordinárias aos participantes). Nesse sentido, dispõe o §1º, do art. 21 da Lei Complementar nº 109/01: 
“§ 1º O equacionamento referido no caput poderá ser feito, dentre outras formas, por meio do aumento do valor das contribuições, instituição de contribuição adicional ou redução do valor dos benefícios a conceder, observadas as normas estabelecidas pelo órgão regulador e fiscalizador.” 
A esse mesmo respeito, a Resolução MPS/CGPC nº 26/08 – que “dispõe sobre as condições e os procedimentos a serem observados pelas entidades fechadas de previdência complementar na apuração do resultado, na destinação e utilização de superávit e no equacionamento de déficit dos planos de benefícios de caráter previdenciário que administram” – estabelece o seguinte:
Art. 30. Observado o disposto nesta Resolução e nas demais normas estabelecidas pelo órgão regulador, o plano de equacionamento referido no art. 28 poderá contemplar, dentre outras, as seguintes formas, de maneira individual ou combinada: 
I - aumento do valor das contribuições; 
II - instituição de contribuição adicional; 
III - redução do valor dos benefícios a conceder; 
IV - outras formas estipuladas no regulamento do plano de benefícios.
Ora, considerando o disposto no regulamento do PPSP, bem como na legislação aplicável, conclui-se que a responsabilidade pela cobertura de déficits apurados no PPSP sempre foi exclusiva das suas patrocinadoras .
Não obstante, ainda que assim não fosse, a natureza de contrato de adesão dos planos de previdência privada atrai a incidência dos artigos 423 e 424 do Código Civil, impondo que qualquer ambiguidade na redação do referido dispositivo seja interpretada favoravelmente aos aderentes, neste caso, ao Autor. 
Sem qualquer prejuízo, na remota hipótese de se entender que inexiste no Regulamento do PPSP a obrigação das patrocinadoras de fazerem o imprescindível aporte de recursos nos anos em que, porventura, ocorrerem déficits técnicos - o que se admite apenas para argumentar – é de se observar que todos os déficits técnicos ocorridos ao longo da existência do PPSP foram equacionados exclusivamente pelas patrocinadoras. 
A atitude das patrocinadoras, comportamento contraditório, gera no Autor legítima expectativa que não seria jamais diferente e cria verdadeiro direito que, ainda que estivesse imprevisto no Regulamento, vez que surgiu por um direito criado pela conduta constante em desacordo com o estipulado, qualificado pelo decurso do tempo e que despertou a legítima expectativa de que essa conduta seria mantida, tendo como efeitos a modificação da relação jurídica com a aquisição de um direito subjetivo e a inadmissibilidade da conduta adversa à expectativa gerada. 
Desta forma, por terem criado a confiança de que as patrocinadoras cobririam todos os déficits técnicos futuros é manifestamente ilegal impor ao Autor quaisquer ônus em relação ao equacionamento. 
II. 3 – DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E O DEVER DE INFORMAÇÃO – VIOLAÇÃO NO TRÂMITE PARA APROVAÇÃO DO PLANO DE EQUACIONAMENTO – OBSCURIDADE DOS TERMOS DO PLANO AOS SEGURADOS
Ainda que as contribuições extraordinárias contidas no plano de equacionamento em debate pudessem ser impostas ao Autor desta demanda, o que se admite para argumentar, o procedimento de instituição e implementação de cobrança viola, igualmente, uma série de direitos dos assistidos. 
Dentre as principais violações está a maneira “atropelada” dos procedimentos de apuração dos cálculos atuariais que supostamente identificaram os déficits alegados e a sonegação de informações acerca dos elementos que embasaram os cálculos unilateralmente confeccionados pela Diretoria da PETROS. 
Neste sentido, vê-se que o Autor será “expropriado” de parte dos seus rendimentos de aposentadoria sem o devido processo legal, em manifesta violação dos incisos LIV e LV do art. 5º da Constituição Federal. 
Ressalte-se que o PPSP é um plano de Benefício Definido (“BD”) que se caracteriza, dentre outros, pelo fato de que os benefícios/pensões são estimados no momento da adesão do participante, com base no salário do participante. 
Ao contrário, portanto, dos planos de contribuição variável e contribuição definida, cujo montante do benefício de aposentadoria complementar só é conhecido no momento de sua concessão, o aderente tem desde o momento do ingresso no Plano o seu benefício definido (daí o nome), sendo vedada qualquer alteração posterior. Um dos maiores atrativos desse tipo de plano é justamente a possível programação da aposentadoria com ciência prévia do valor que se receberá a título de previdência complementar. 
Nessa linha, é de se entender que uma contribuição “extraordinária” de tal magnitude como a que pretende a PETROS impor aos aposentados implicaria uma redução de fato no valor do benefício que fora definido no momento de ingresso do Autor no PPSP, já que a referida contribuição “extraordinária” é extorsiva e vigerá por, nada menos, do que 18 (dezoito) anos. Significa uma perda patrimonial significativa ao Autor em momento delicadíssimo da vida. Calculada em valor superior ao dobro da cobrança ordinária, significa que o autor pagará muito mais do que contribuiu durante a vida inteira visando a uma aposentadoria digna.
Evidente, portanto, que o plano de equacionamento privará o Autor dos rendimentos que lhe foi garantido há anos, quando ingressou como participante do PPSP. O texto constitucional assegura a aplicação do devido processo legal nas relações privadas, sempre que estiver em jogo a perda ou restrição de direito.
 
No caso concreto, a cláusula geral do devido processo legal e seus conteúdos mínimos se aplicam para garantir que os assistidos do PPSP participem minimamente dos processos decisórios relativos ao plano de equacionamento, no sentido de (i) conhecer os elementos que embasam os cálculos atuariais; e, por meio de seus representantes no Conselho Deliberativo, (ii) contraditar os cálculos atuariais e também participar da confecção dos mesmos. 
Na reunião do Conselho Deliberativo da Petros, os representantes dos assistidos e dos participantes requisitaram uma série de esclarecimentos e proposições que lhes foram negados, bem como chamaram atenção para o fato de que o impacto de tais decisões demandaria participação mais efetiva dos beneficiários, que não tiveram sequer o direito de se manifestar ou conhecer os termos do plano de equacionamento.
Como evidenciam uma série de ações já ajuizadas contra a PETROS e o plano de equacionamento verticalmente imposto por sua Diretoria, a razão para tal postura são as evidentes irregularidades no cálculo do déficit, desconsiderando responsabilidades de terceiros, preceitos legais, dentre outros, no intuito de escamotear decisões de sua diretoria ao longo dos anos e colocar os prejuízos do fundo, em sua maior parte, na conta dos participantes e assistidos do PPSP. 
A ausência das devidas informações, por sua vez, viola o art. 202, §1º, da Constituição Federal, que assegura aos participantes e assistidos o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus respectivos planos de benefícios. A Lei complementar 109/2001 trouxe uma série de dispositivos que consagram esse direito e seu exercício aos participantes e assistidos: 
Art. 3º A ação do Estado será exercida com o objetivo de: 
(...)IV - assegurar aos participantes e assistidos o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus respectivos planos de benefícios; 
Art. 24. A divulgação aos participantes, inclusive aos assistidos, das informações pertinentes aos planos de benefícios dar-se-á ao menos uma vez ao ano, na forma, nos prazos e pelos meios estabelecidos pelo órgão regulador e fiscalizador. 
Parágrafo único. As informações requeridas formalmente pelo participante ou assistido, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal específico deverão ser atendidas pela entidade no prazo estabelecido pelo órgão regulador e fiscalizador. 
Art. 29. Compete ao órgão regulador, entre outras atribuições que lhe forem conferidas por lei:
(...)
III - fixar condições que assegurem transparência, acesso a informações e fornecimento de dados relativos aos planos de benefícios, inclusive quanto à gestão dos respectivos recursos.
Ora, Excelência, é evidente que esse processo para definição dos escopos e condições do plano de equacionamento deveria ter sido feito com o máximo de transparência aos seus maiores interessados que são aqueles que sofreriam os descontos em seus rendimentos ou estariam obrigados a pagar contribuições adicionais pelos próximos 18 (dezoito) anos. A violação a tais comandos, portanto, justifica a intervenção do Poder Judiciário a fim de tutelar o direito do Autor.
E nem se diga que a promoção de encontros pela Diretoria da PETROS com seus participantes e assistidos ou a disponibilização de um site que supostamente explicitaria as causas e procedimentos do equacionamento do déficit seriam suficientes para cumprir o comando legal de assegurar amplo conhecimento sobre as referidas questões, uma vez que (i) tais encontros não eram um ambiente de debates e prestação de contas, mas serviam apenas para que a Diretoria comunicasse aos participantes e assistidos os termos do plano de equacionamento a ser imposto; (ii) ou porque o material disponibilizado era absolutamente precário e pouco minucioso para justificar as decisões tomadas.
Além disso, dada a violação positiva do contrato pela PETROS, a consequência do descumprimento do dever de informar é a impossibilidade de se impor ao Autor os efeitos do plano de equacionamento, com a oposição da exceção de contrato não cumprido.
Desse modo, seja pela nulidade ou pela ineficácia, a violação do devido processo legal e do dever de informar não permite que a PETROS exija do Autor as contribuições extraordinárias que pretende arbitrariamente cobrar. 
III – DA TUTELA ANATECIPADA DE URGÊNCIA 
O Autor requer integralmente a tutela final pretendida em sede de tutela de urgência. Todavia, inclui, também, pedido de antecipação PARCIAL em caso de afastamento do equacionamento pela totalidade, a fim de que se dê pelo patamar mínimo até que reste provado o real equacionamento, com as provas cabíveis, desde que seja respeitada a dignidade do Autor e a proporcionalidade dos descontos futuros.
Ocorre que o equacionamento pelo valor integral informado pela própria autora é ilegal, pois o valor equacionável é o do excedente, conforme as normas aplicáveis. Assim, tendo em vista o déficit, o valor a ser equacionado é, PELO MENOS, 22,22% MENOR do que o efetivamente equacionado.
Ora, O autor se viu numa situação de extrema redução do salário, pois, a partir de março de 2018, terá que pagar quase o TRIPLO de contribuição, pulando de pouco mais de R$ 1.000,00 par quase R$ 3.000,00 (vide comprovante anexo).
Cumpre salientar que o Autor é casado, bem como possui guarda de seu neto, arcando com sua educação e demais despesas, estando com a renda demasiadamente comprometida em vista do desconto exorbitante efetuado mensalmente.
Sobre a tutela se urgência, os requisitos para a concessão da medida de urgência estão configurados: o fumus boni iuris e o periculum in mora. 
A ilegalidade da imputação de responsabilidade ao Autor pela cobertura dos déficits apontados pela Ré representará relevante (e indevido) comprometimento dos seus rendimentos. 
Vale ressaltar que o Autor já está aposentado, o que significa que conta com o valor de seus rendimentos para a manutenção da sua condição de vida (para a qual, aliás, trabalharam toda a vida). A supressão intentada pela Ré causará graves e irremediáveis prejuízos financeiros, não havendo oportunidade de compensá-los futuramente. 
Assim, em relação ao fumus, são manifestas as ilegalidades de se impor ao Autor o plano de equacionamento, face (i) à responsabilidade exclusiva das patrocinadoras em cobrirem os déficits; (ii) o fato do Autor ter repactuado sua condição de reajuste do benefício percebido do PPSP para ter a garantia de que não sofreria outras mudanças; (iii) as ilegalidades manifestas na condução do processo de aprovação do equacionamento, consoante o alijamento do Autor e demais participantes e assistidos dos processos decisórios, além da sonegação de informações de forma contrária à Constituição; e (iv) os erros flagrantes no cômputo do cálculo do déficit e no equacionamento proposto. 
O periculum se vislumbra, por sua vez, por se repetir mensalmente, comprometendo de forma significativa a subsistência do Autor e sua família, que é mantida unicamente com seus rendimentos. 
Salienta-se, por oportuno, que a causa do defict pelo qual o Autor e os demais segurando estão arcando foram causados unicamente pela gestão da PETROS, estando sob investigação da Policia Federal.
Nesse sentido, ao longo da Operação Greenfield, autoridades brasileiras, incluindo o poder Judiciário, TCU, MPF, PF, Previc, têm reconhecido um esquema de corrupção que prejudicou e causou severos danos financeiros à PETROS.
Em virtude do equacionamento, os Participantes estão sendo obrigados a pagar a conta da corrupção, descontando até 40% de suas aposentadorias, durante quase 20 anos, ao fim dos quais possivelmente já estejam mortos. Suas subsistências e de suas famílias vêm sendo severamente comprometidas enquanto os principais responsáveis pelas fraudes se beneficiam da própria torpeza, certos da impunidade dos ilícitos que cometeram.
É urgente o reconhecimento de que os Participantes não deram causa a estes rombos e, que foram vítimas do mesmo mal que assolou a PETROBRAS e que, por isso, exerceu seu poder de ingerência sobre a PETROS, através de indicações temerárias/omissas ao dever fiduciário de bem gerir os interesses dos Participantes.
Outrossim, já ficou claro do quanto exposto nesta petição inicial que há fundamento legal para que o equacionamento seja efetuado apenas e tão somente pelo valor que excede o limite técnico, conforme previsão do art. 28 da Resolução MPS/CGPC 26, de 28/09/2008, de modo que se encontra presente, portanto, a probabilidade do direito, requisito essencial para a concessão da antecipação de tutela.
Por outro lado, não se encontra risco algum de prejuízo à ré (irreversibilidade), na medida em que o equacionamento pelo valor excedente ao limite técnico encontra-se previsto em legislação específica, sendo certo que nada impedirá que, em sendo julgada improcedente a presente ação, a ré promova os descontos do plano de previdência privada fechado.
Até porque inexiste periculum in mora reverso, uma vez que o plano de equacionamento de déficit não se trata de providência para cobrir “rombo”, nem de estar a PETROS “quebrada”, como falsamente se alardeia na mídia, já que o PPSP segue com invejável rentabilidade, noticiada há poucos dias. O equacionamento, na verdade, trata de cobertura de projeções atuariais futuras, que pondera o patrimônio atual do PPSP com as contribuições futuras de todos os participantes dos planos e das respectivas empresas patrocinadoras. 
Reitera a colação, pela importância, da decisão liminar proferida em 28/02/2018 nos autos da Ação Civil Pública n. 0008007-78.2018.8.25.0001 proposta pelo SINDIPETRO, em andamento na 4ª Vara Cível de Aracaju, cuja decisão, de lavra do M.M. Juiz de Direito, José Pereira Neto, concedeu a tutela de urgência requerida: 
“Conforme dispõe o artigo 300 doCódigo de Processo Civil, o deferimento da tutela de urgência está condicionado à demonstração, no caso concreto, de seus requisitos legais, quais sejam: a) a probabilidade do direito; b) o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo; e c) a ausência do perigo de irreversibilidade. 
No caso dos autos, verifica-se que houve a configuração dos requisitos supracitados, conforme será demonstrado a seguir. 
Por meio dos documentos juntados a inicial restou comprovada a probabilidade inequívoca do direito pretendido e o perigo de dano, a uma porque a forma de equacionamento deve ser a que menos cause impacto nos orçamentos familiares dos participantes e assistidos, sendo razoável que seja realizado com base em fórmula mais branda, prevista no art. 28 da Resolução MPS/CGPC 26/2008; a duas porque o desconto das contribuições extras, como previsto, para o próximo mês (Março/2018) trará prejuízo significativo aos participantes e assistidos do plano de previdência, em virtude do aumento exorbitante do valor total da contribuição, o que significaria uma redução acima de 50% nos ganhos líquidos do aposentado. 
Nessa circunstância, a não concessão da antecipação pretendida se afiguraria bem mais gravosa do que seu deferimento. 
Além disso, inexiste perigo de irreversibilidade, uma vez que se comprovada a legitimidade das cobranças adicionais, poderá a requerida cobrar retroativamente a quantia eventualmente devida. 
Sendo assim, diante da configuração dos requisitos do art 300 do CPC, DEFIRO a antecipação dos efeitos da tutela para que o requerido se abstenha de cobrar/descontar a contribuição extra de equacionamento do PPSP na remuneração dos participantes ou nos benefícios dos assistidos, até o final da questão de mérito ou até que seja apurado o real quantum a ser equacionado e pela possibilidade de se formatar plano de equacionamento menos gravoso, sob pena de multa de R$ 10.000,00 (-) por desconto indevidamente realizado, a ser revertido em favor da parte lesada. 
Intime-se, pessoalmente, a requerida acerca da tutela ora concedida.”
Assim, requer a antecipação dos efeitos da tutela, pela urgência alimentar do direito, na forma do art. 300 do novo CPC, PELA TOTALIDADE OU, SUBSIDIARIAMENTE, PELO EQUACIONAMENTO MÍNIMO, COM INTIMAÇÃO VIA OFICIAL DE JUSTIÇA URGENTE A FIM DE QUE HAJA A CESSAÇÃO DAS DEDUÇÕES.
IV – DA JUSTIÇA GRATUITA 
O Autor não dispõe de condições financeira suficientes para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família, vez que, consoante atestam os contra cheques acostados aos Autos, o mesmo está sendo privado de grande parte de seus proventos, inclusive com dificuldade de prover sua família ante a diminuição drástica de sua renda.
Deste modo, requer, preliminarmente os benefícios da justiça gratuita, assegurados pela CRFB/88, art. 5º, LXXIV, art.98 e seguintes da Lei 13.105/2015, Código de Processo Civil/2015, bem como nos termos do artigo 4º da Lei 1060/50.
O Egrégio Supremo Tribunal Federal reconhece ser direito da parte que não dispõe de meios para arcar com as custas processuais, sem que cause prejuízo à sua manutenção e a de sua família, o benefício da justiça gratuita, in verbis:
“A norma constitucional não revogou a de assistência judiciária da lei 1.060, de 1950, aos necessitados, certo que, para obtenção desta, basta a declaração, feita pelo próprio interessado, de que a sua situação econômica não permite vir a juízo sem prejuízo da sua manutenção ou de sua família. (RE 205.746-1 – RS, 2ª T/STF, RT 740.233) (in Constituição Federal interpretada pelo STF, de Antônio Joaquim Ferreira Custódio, 3ª edição, Editora Oliveira Mendes, pág. 21)”
V – DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, requer-se: 
a) A concessão do benefício da JUSTIÇA GRATUITA, conforme art. 5º, LXXIV, art.98 e seguintes da Lei 13.105/2015, Código de Processo Civil/2015, bem como nos termos do artigo 4º da Lei 1060/50;
b) A concessão da tutela da urgência antecipada liminarmente, para determinar que Ré se abstenha de promover o desconto da contribuição extra resultante do equacionamento do déficit técnico, do Plano Petros 1, do Sistema Petrobras (PPSP), eis que a Ré não apresentou provas do real valor eventualmente excedente ao do limite técnico, nos termos do art. 28, da Resolução MPS/CGPC 26, de 28/09/2008, com a redação dada pela Resolução MTPS/CNPC n. 22, de 25 de novembro de 2015, sequer convocando os atingidos a fim de que tomassem conhecimento prévio das medidas e pudessem ter acesso efetivo às informações que justificassem medida tão extrema quanto aumentar em mais de 150% o valor da contribuição do Autor, e também pelos diversos outros motivos acima elencados, expedindo-se o competente mandado de intimação da ré, COM URGÊNCIA e via OFICIAL DE JUSTIÇA, para que cumpra a tutela de urgência deferida, sob pena de pagamento de multa diária pelo descumprimento equivalente ao dobro de cada desconto efetuado; 
c) Caso entenda pela impossibilidade de concessão da tutela da urgência para que a ré se abstenha de promover o equacionamento do déficit técnico do Plano Petros 1, do Sistema Petrobras (PPSP), pelo seu valor total, requer a antecipação PARCIAL a fim de que se dê pelo patamar mínimo até que reste provado o real equacionamento, com as provas cabíveis, desde que seja respeitada a dignidade da autora e a proporcionalidade dos descontos futuros;
d) A citação da ré para que apresente defesa, se desejar, sob pena de aplicação dos efeitos processuais e materiais da revelia relevante, e ainda sob pena de confissão ficta quanto à matéria de fato; 
e) Sejam JULGADOS TOTALMENTE PROCEDENTES os pedidos iniciais para confirmar a tutela antecipada e proibir, em definitivo, a PETROS de impor qualquer contribuição extraordinária ao Autor com vistas a implementar o plano de equacionamento de déficit como pretendido, devendo devolver, eventualmente, algum valor que porventura tenha sido deduzido antes do ajuizamento dessa ação, de eventual deferimento da liminar requerida ou do resultado final desta ação, em razão (i) tanto da previsão do regulamento da Petros de que os déficits serão cobertos pelas Patrocinadoras, (ii) quanto pela legítima expectativa criada ao Autor dessa ação quando aderiu à repactuação de que não sofreria quaisquer descontos em seu benefício em razão de eventuais déficits técnicos; 
f) Seja a ré compelida a apresentar todos os documentos relativos aos balanços financeiros do plano e aqueles exigidos pela legislação vigente, a fim de demonstrar efetivamente o correto valor do déficit técnico do Plano Petros 1 de Previdência Petrobras (PPSP 1), como também apuração de seu limite técnico; assim como seja designada perícia contábil para aferição do déficit técnico do Plano Petros 1 de Previdência Petrobras e qual seu limite técnico e o excedente do déficit técnico para ser equacionado apenas relativamente ao valor excedente ao limite técnico, nos termos do art. 28 da Resolução MPS/CGPC 26, DE 28/09/2008; 
g) Seja a Ré condenara a DEVOLUÇÃO EM DOBRO DOS VALORES DESCONTADOS ILEGALMENTE, com juros e correção monetária, na forma da lei; 
h) A condenação da PETROS nas custas, despesas processuais e honorários advocatícios.
i) O Autor manifesta desde já o seu desinteresse na realização da Audiência de Conciliação, por não vislumbrar possibilidade de acordo diante das recentes notícias veiculadas acerca do posicionamento intransigente da PETROS em relação ao plano de equacionamento e da grande quantidade de processos ajuizados por todo o país sobre o mesmo assunto. 
Protesta em provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial, prova documental, PERICIAL, testemunhal e depoimento pessoal do Promovido, sob as penas da lei.
Atribui-se à causa, para fins efeitos fiscais, o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
Termos em que, 
Pede deferimento.
João Pessoa, 15 de janeiro de 2019.
José Baptista de Mello Neto
OAB/PB 5.949
Deyse Elizia Lopes da Silva
OAB/PB 17.396
Michelle Barbosa Agnoleti
OAB/PB20.949

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