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FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL 10º PERÍODO CECÍLIA DA MATA CALHAU GOUVÊA CORRÊA KEVIN AUGUSTO VIEIRA THAÍS DUARTE BOY THAYS MENEZES DA SILVA COMPARATIVO DAS METODOLOGIAS DE CÁLCULO PARA A DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DA FUNDAÇÃO EM ESTACA HÉLICE CONTÍNUA UTILIZANDO O SPT EM RELAÇÃO A PROVA DE CARGA DINÂMICA IPATINGA 2018 CECÍLIA DA MATA CALHAU GOUVÊA CORRÊA KEVIN AUGUSTO VIEIRA THAÍS DUARTE BOY THAYS MENEZES DA SILVA COMPARATIVO DAS METODOLOGIAS DE CÁLCULO PARA A DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DA FUNDAÇÃO EM ESTACA HÉLICE CONTÍNUA UTILIZANDO O SPT EM RELAÇÃO A PROVA DE CARGA DINÂMICA Monografia apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Faculdade Única de Ipatinga como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Marcelo de Lima Beloni IPATINGA 2018 FACULDADE ÙNICA DE IPATINGA ENGENHARIA CIVIL CECÍLIA DA MATA CALHAU GOUVÊA CORRÊA KEVIN AUGUSTO VIEIRA THAÍS DUARTE BOY THAYS MENEZES DA SILVA COMPARATIVO DAS METODOLOGIAS DE CÁLCULO PARA A DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DA FUNDAÇÃO EM ESTACA HÉLICE CONTÍNUA UTILIZANDO O SPT EM RELAÇÃO A PROVA DE CARGA DINÂMICA Monografia apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Faculdade Única de Ipatinga como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Engenharia Civil. Aprovada em ___/___/___ BANCA EXAMINADORA _____________________________________ Marcelo de Lima Beloni Faculdade ÚNICA de Ipatinga - ÚNICA _____________________________________ Avaliador (a) Faculdade ÚNICA de Ipatinga - ÚNICA _____________________________________ Avaliador (a) Faculdade ÚNICA de Ipatinga - ÚNICA AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus pela oportunidade em se graduar e a sabedoria para desenvolver este trabalho. Aos nossos familiares e amigos pelo incentivo e amor incondicional ao longo do tempo. E a todos os docentes da Faculdade Única que compartilharam conosco seus conhecimentos e experiências no período da graduação. Ao nosso orientador Marcelo de Lima Beloni pelo suporte essencial para a realização deste estudo. Também agradecemos ao Warley L. Vilela por fornecer os materiais necessários para o desenvolvimento do trabalho e o auxílio para completo entendimento dos mesmos. RESUMO De modo a se determinar a capacidade de carga no sistema solo-estaca, diversos autores desenvolveram metodologias de cálculos das quais se utilizam valores provenientes do ensaio SPT. De maneira complementar a se reconhecer o terreno de fundação, o ensaio de prova de carga se torna um método amplamente empregado, onde este se determina a deformabilidade e a resistência do terreno através de carregamento dos elementos estruturais de fundação. Com o objetivo de realizar um estudo comparativo de valores resultantes das metodologias de cálculos para capacidade de carga de estaca hélice contínua proposta por certos autores com resultados referentes a prova de carga dinâmica (PDA), o presente trabalho dispõe como foco de estudo um estabelecimento presente na cidade de Ipatinga- MG. O mesmo forneceu dados referentes aos ensaios de SPT e prova de carga dinâmica realizados no local. Em acréscimo, tenciona-se identificar as metodologias que garanta o melhor aproveitamento do valor da carga admissível das estacas. Os cálculos efetuados comprovam que os resultados providos das formulações de Décourt e Quaresma mais se aproximaram do valor referente ao teste de prova de carga dinâmica, ao passo que os de Gotlieb et. al se distanciaram. Em suma, devido a variação dos valores resultantes das metodologias dos autores em virtude de suas particularidades presentes nas fórmulas, o emprego da média aritmética possibilita o balanceamento dos mesmos a fim de se obter resultados mais próximos da carga admissível real do solo e que atenda a segurança. Palavras-chave: Hélice contínua. SPT. Metodologias de cálculos. Prova de Carga Dinâmica. ABSTRACT In order to determine the load capacity in the soil-pile system, several authors developed calculation methodologies using values from the SPT assay. In addition to recognizing the foundation ground, the load test becomes a widely used method where it determines the deformability and strength of the terrain by loading the structural foundation members. In order to carry out a comparative study of values resulting from calculation methodologies for continuous propeller cutting capacity proposed by certain authors with results related to dynamic load test (PDA), the present study focuses on a present establishment in the city of Ipatinga-MG. It provided data on the SPT tests and dynamic load test performed on site. In addition, it is intended to identify the methodologies that guarantee the best use of the value of the permissible pile load. The calculations made prove that the results provided by the Décourt and Quaresma formulations more closely approximated the value of the dynamic load test, whereas those of Gotlieb et. al distance. In sum, due to the variation of the values resulting from the authors' methodologies, due to their peculiarities present in the formulas, the use of the arithmetic mean makes it possible to balance them in order to obtain results that are closer to the actual permissible load of the soil and that meets safety. Keywords: Continuous propeller. SPT. Methodologies of calculations. Dynamic Load Test. LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – Elementos básicos associados à aparelhagem. ................................ 46 QUADRO 2 – Elementos básicos associados aos procedimentos. .......................... 46 QUADRO 3 – Elementos básicos associados ao solo.............................................. 47 QUADRO 4 – Resolução a partir da metodologia dos autores Aoki e Velloso. ......... 72 QUADRO 5 – Resolução a partir da metodologia dos autores Décourt e Quaresma. ................................................................................................................................. 73 QUADRO 6 – Resolução a partir da metodologia dos autores Vorcaro e Velloso. ... 74 QUADRO 7 – Resolução a partir da metodologia dos autores Antunes e Cabral. .... 74 QUADRO 8 – Resolução a partir da metodologia dos autores Kárez e Rocha. ........ 75 QUADRO 9 – Resolução a partir da metodologia dos autores Gotlieb et al. ............ 76 QUADRO 10 – Informações sobre as estacas. ........................................................ 78 QUADRO 11 – Correlação dos valores mediante as metodologias de cálculos utilizando SPT e ensaio PDA da estaca 01A. ........................................................... 80 QUADRO 12 – Correlação dos valores mediante as metodologias de cálculos utilizando SPT e ensaio PDA da estaca 01B. ........................................................... 81 QUADRO 13 – Correlação dos valores mediante as metodologias de cálculos utilizando SPT e ensaio PDA da estaca 126A. ......................................................... 82 QUADRO 14 – Correlação dos valores mediante as metodologias de cálculos utilizando SPT e ensaio PDA da estaca 126B. ......................................................... 82 QUADRO 15 – Correlação dos valores mediante as metodologias de cálculos utilizando SPT e ensaio PDA da estaca 25A. ........................................................... 83 QUADRO 16 – Correlação dos valores mediante as metodologias de cálculos utilizando SPT e ensaio PDA da estaca 25B. ........................................................... 84 QUADRO 17 – Medição da eficiênciaa partir da média aritmética dos valores correlacionados do SPT de todos os autores e a prova de carga............................. 85 QUADRO 18 – Medição da eficiência a partir da média aritmética dos valores correlacionados do SPT dos autores de Décourt e Quaresma, Vorcaro e Velloso e Gotlieb et. al. e a prova de carga. ............................................................................ 86 QUADRO A1 – Cálculo do SPT 01-A em relação à estaca 01A. .............................. 97 QUADRO A2 – Cálculo do SPT 01-A em relação à estaca 01B. .............................. 98 QUADRO A3 – Cálculo do SPT 5-A em relação à estaca 126A. .............................. 99 QUADRO A4 – Cálculo do SPT 5-A em relação à estaca 126B. ............................ 100 QUADRO A5 – Cálculo do SPT 17 em relação à estaca 25A. ............................... 101 QUADRO A6 – Cálculo do SPT 17 em relação à estaca 25B. ............................... 102 QUADRO B1 – Cálculo do SPT 01-A em relação à estaca 01A. ............................ 103 QUADRO B2 – Cálculo do SPT 01-A em relação à estaca 01B. ............................ 104 QUADRO B3 – Cálculo do SPT 5-A em relação à estaca 126A. ............................ 105 QUADRO B4 – Cálculo do SPT 5-A em relação à estaca 126B. ............................ 106 QUADRO B5 – Cálculo do SPT 17 em relação à estaca 25A. ............................... 107 QUADRO B6 – Cálculo do SPT 17 em relação à estaca 25B. ............................... 108 QUADRO C1 – Cálculo do SPT 01-A em relação à estaca 01A. ............................ 109 QUADRO C2 – Cálculo do SPT 01-A em relação à estaca 01B. ............................ 110 QUADRO C3 – Cálculo do SPT 5-A em relação à estaca 126A. ............................ 111 QUADRO C4 – Cálculo do SPT 5-A em relação à estaca 126B. ............................ 112 QUADRO C5 – Cálculo do SPT 17 em relação à estaca 25A. ............................... 113 QUADRO C6 – Cálculo do SPT 17 em relação à estaca 25B. ............................... 114 QUADRO D1 – Cálculo do SPT 01-A em relação à estaca 01A. ............................ 115 QUADRO D2 – Cálculo do SPT 01-A em relação à estaca 01B. ............................ 116 QUADRO D3 – Cálculo do SPT 5-A em relação à estaca 126A. ............................ 117 QUADRO D4 – Cálculo do SPT 5-A em relação à estaca 126B. ............................ 118 QUADRO D5 – Cálculo do SPT 17 em relação à estaca 25A. ............................... 119 QUADRO D6 – Cálculo do SPT 17 em relação à estaca 25B. ............................... 120 QUADRO E1 – Cálculo do SPT 01-A em relação à estaca 01A. ............................ 121 QUADRO E2 – Cálculo do SPT 01-A em relação à estaca 01B. ............................ 122 QUADRO E3 – Cálculo do SPT 5-A em relação à estaca 126A. ............................ 123 QUADRO E4 – Cálculo do SPT 5-A em relação à estaca 126B. ............................ 124 QUADRO E5 – Cálculo do SPT 17 em relação à estaca 25A. ............................... 125 QUADRO E6 – Cálculo do SPT 17 em relação à estaca 25B. ............................... 126 QUADRO F1 – Cálculo do SPT 01-A em relação à estaca 01A. ............................ 127 QUADRO F2 – Cálculo do SPT 01-A em relação à estaca 01B. ............................ 128 QUADRO F3 – Cálculo do SPT 5-A em relação à estaca 126A. ............................ 129 QUADRO F4 – Cálculo do SPT 5-A em relação à estaca 126B. ............................ 130 QUADRO F5 – Cálculo do SPT 17 em relação à estaca 25A. ................................ 131 QUADRO F6 – Cálculo do SPT 17 em relação à estaca 25B. ................................ 132 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Tipos de fundações profundas. ............................................................ 18 FIGURA 2 – Execução de estaca hélice contínua. ................................................... 19 FIGURA 3 – Colocação da armadura no fuste após a concretagem, pode ser inserida manualmente ou com auxílio de equipamento. ........................................... 20 FIGURA 4 – Computador de bordo para o monitoramento da estaca – TARACORD. ................................................................................................................................. 21 FIGURA 5 – Folha de execução de estaca hélice contínua...................................... 22 FIGURA 6 – Ensaio de carregamento dinâmico. ...................................................... 27 FIGURA 7 – Quantidade de provas de carga. .......................................................... 28 FIGURA 8 – PDA (Pile Driving Analyser). ................................................................ 30 FIGURA 9 – Acelerômetros. ..................................................................................... 30 FIGURA 10 – Curva Carga X Recalque. .................................................................. 31 FIGURA 11 – Equipamentos utilizados na prova de carga dinâmica. ....................... 32 FIGURA 12 – Equipamentos de execução do SPT. ................................................. 36 FIGURA 13 – Compacidade das areias em função do SPT. .................................... 40 FIGURA 14 – Consistências das argilas em função do SPT. ................................... 40 FIGURA 15 – Relatório de sondagem SPT. ............................................................. 41 FIGURA 16 – Estágios de cravação do amostrador no solo. .................................... 43 FIGURA 17 – Definições de eficiências (KOVACS & SALOMONE, 1982). .............. 43 FIGURA 18 – Eficiência média de energia incidente do ensaio SPT. ....................... 45 FIGURA 19 – Variação da eficiência de energia transferida às hastes do spt de acordo com o país e o sistema de martelo. .............................................................. 49 FIGURA 20 – Diagrama de resistência à penetração em função da penetração do amostrador (adaptado de HVORSLEV, 1949). ......................................................... 54 FIGURA 21 – Resistências de uma estaca. ............................................................. 55 FIGURA 22 – Valores de ĸ e α. ................................................................................ 57 FIGURA 23 – Valores de k e α. ................................................................................ 57 FIGURA 24 – Valores de C. ..................................................................................... 58 FIGURA 25 – Valores de atrito médio. ..................................................................... 59 FIGURA 26 – Valores do fator α. ............................................................................. 60 FIGURA 27 – Valores do fator β. ............................................................................. 60 FIGURA 28 – Fatores β’1 e β’2. ................................................................................ 62 FIGURA 29 – Laudo SPT-01A referente ao local de estudo..................................... 69 FIGURA 30 – Continuação do laudo SPT-01A referente ao local de estudo. ........... 70 FIGURA 31 – Continuação do laudo SPT-01A referente ao local de estudo. ........... 71 FIGURA 32 – Resumos dos resultados da prova de carga realizado na estaca E01A. ................................................................................................................................. 77 FIGURA 33 – Fatores de segurança globais mínimos.............................................. 78 FIGURA 34 – Realização de Prova de Carga Dinâmica na área de estudo. ............ 79 FIGURA 35 – Ensaio de Prova de Carga Dinâmica no local em estudo. .................. 79 LISTA DE SILGAS/ABREVIATURAS ABNT NBR Associação Brasileira de Normas Técnicas ASTM Standard Test Method for High Strain Dynamic Testing of Piles ou Método de teste padrão para testes dinâmicosde alta tensão de pilhas CAPWAP Case Pile Wave Analysis Program ou Programa de análise de onda de pilha de casos ECD Ensaio de Carregamento Dinâmico IRTP International Reference Test Procedure ou Procedimento Internacional de Teste de Referência ISSMFE International Society for Soil Mechanics and Foundation Engineering ou Sociedade Internacional de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica PDA Pile Driving Analyser ou Prova de Carga Dinâmica SPT Standard Penetration Test ou Ensaio de Sondagem à Percussão SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 14 1.1 Apresentação do tema .............................................................................. 14 1.2 Justificativa ................................................................................................ 15 1.3 Problemática .............................................................................................. 16 1.4 Hipóteses ................................................................................................... 16 1.5 Objetivos .................................................................................................... 16 1.5.1 Objetivo geral .............................................................................................. 16 1.5.2 Objetivos específicos ................................................................................... 16 2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 17 2.1 Fundações profundas ............................................................................... 17 2.2 Tipo Hélice Contínua ................................................................................. 18 2.2.1 Introdução ................................................................................................... 18 2.2.2 Processo executivo ..................................................................................... 19 2.2.3 Controle e monitoramento ........................................................................... 21 2.2.4 Cuidados, vantagens e desvantagens ......................................................... 23 2.3 Capacidade de carga das fundações profundas ..................................... 24 2.4 Prova de carga dinâmica .......................................................................... 25 2.4.1 Normatização .............................................................................................. 27 2.4.2 Execução..................................................................................................... 29 2.5 Sondagem à percussão SPT..................................................................... 33 2.5.1 Conceituação e histórico ............................................................................. 33 2.5.2 Princípios..................................................................................................... 34 2.5.2.1 Equipamentos ............................................................................................ 34 2.5.2.2 Quantidade de furos .................................................................................. 36 2.5.2.3 Processo de perfuração ............................................................................ 37 2.5.2.4 Critérios de paralização ............................................................................ 38 2.5.2.5 Nível de lençol freático.............................................................................. 39 2.5.2.6 Amostragem e perfil .................................................................................. 39 2.5.3 Importâncias ................................................................................................ 41 2.5.4 Medição de energia ..................................................................................... 42 2.5.4.1 Eficiência.................................................................................................... 43 2.5.5 Fatores que interferem nos resultados do ensaio ........................................ 45 2.5.5.1 Uso de circulação de água na perfuração acima do lençol freático ...... 47 2.5.5.2 Dimensionamento da bomba e direção do jato d’água do trépano ....... 47 2.5.5.3 Limpeza inadequada do furo de sondagem ............................................ 48 2.5.5.4 Desequilíbrio hidrostático ........................................................................ 48 2.5.5.5 Tipo de martelo .......................................................................................... 48 2.5.5.6 Altura de queda do martelo ...................................................................... 49 2.5.5.7 Frequência de golpes ................................................................................ 50 2.5.5.8 Tipo, idade e diâmetro da corda ............................................................... 50 2.5.5.9 Amostrador com imperfeições ................................................................. 50 2.5.5.10 Desaceleração do martelo por conta de atrito .................................... 51 2.5.5.11 Comprimento, tipo e estado de conservação das hastes .................. 51 2.5.5.12 Excentricidade do martelo em relação às hastes ............................... 51 2.5.5.13 Erros de contagem e anotações........................................................... 52 2.5.5.14 Alívio de tensões do solo devido à perfuração ................................... 52 2.5.5.15 Presença de pedregulhos e seixos ...................................................... 52 2.5.5.16 Intervalo de penetração ........................................................................ 52 2.5.5.17 Peso da cabeça de bater ....................................................................... 53 2.5.5.18 Condições do solo ................................................................................ 53 2.5.5.19 Resistência à penetração do solo – NSPT ........................................... 53 2.6 Metodologias de cálculo ........................................................................... 55 2.6.1 Método de Aoki e Velloso (1975) ................................................................. 56 2.6.2 Método de Décourt e Quaresma (1978, modificado em 1996) ..................... 58 2.6.3 Método de Vorcaro e Velloso (2000) ........................................................... 61 2.6.4 Método de Antunes e Cabral (1996) ............................................................ 61 2.6.5 Método Kárez e Rocha (2000) ..................................................................... 62 2.6.6 Método Gotlieb et al. (2000) ........................................................................ 63 3 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 65 3.1 Investigações do ensaio SPT ................................................................... 65 3.2 Investigações da Prova de Carga Dinâmica ............................................ 66 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................. 68 4.1 Ensaios SPT ............................................................................................... 68 4.1.1 Aoki e Velloso (1975) .................................................................................. 72 4.1.2 Método de Décourt e Quaresma (1996) ...................................................... 73 4.1.3 Método de Vorcaro e Velloso (1996) ........................................................... 73 4.1.4 Método de Antunes e Cabral (1996) ............................................................ 74 4.1.5 Método Kárez e Rocha (2000) ..................................................................... 75 4.1.6 Método Gotlieb et al. (2000) ........................................................................ 75 4.2Ensaios de prova de carga dinâmica (PDA) ............................................ 76 4.3 Resultados ................................................................................................. 80 4.3.1 Comparativo dos resultados ........................................................................ 80 4.3.1.1 Estaca 01A ................................................................................................. 80 4.3.1.2 Estaca 01B ................................................................................................. 81 4.3.1.3 Estaca 126A ............................................................................................... 81 4.3.1.4 Estaca 126B ............................................................................................... 82 4.3.1.5 Estaca 25A ................................................................................................. 83 4.3.1.6 Estaca 25B ................................................................................................. 83 4.3.2 Média aritmética .......................................................................................... 84 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 87 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 89 APÊNDICE A – Apresentação dos resultados da metodologia dos autores Aoki e Velloso 97 APÊNDICE B – Apresentação dos resultados da metodologia dos autores Décourt e Quaresma ............................................................................................ 103 APÊNDICE C – Apresentação dos resultados da metodologia dos autores Vorcaro e Velloso ................................................................................................. 109 APÊNDICE D – Apresentação dos resultados da metodologia dos autores Antunes e Cabral.................................................................................................. 115 APÊNDICE E – Apresentação dos resultados da metodologia dos autores Kárez e Rocha ...................................................................................................... 121 APÊNDICE F – Apresentação dos resultados da metodologia dos autores Gotlieb et. al. ........................................................................................................ 127 ANEXO A – LAUDOs DOS SPT’S ........................................................................ 133 ANEXO B – RESULTADOS DA PROVA DE CARGA DINÂMICA (PDA) ............. 135 14 1 INTRODUÇÃO 1.1 Apresentação do tema O solo é um material natural e muito variável devido à sua composição e o seu comportamento ao ser submetido a uma carga. Sendo assim, é necessário realizar uma investigação geotécnica, com o objetivo de descobrir as condições que a natureza oferece (CINTRA et al., 2013). Conforme a ABNT NBR 6122/2010, sondagem a percussão (com SPT1) é uma investigação geotécnica preliminar obrigatória que determina a estratigrafia do solo. Sendo executada de forma correta, pode trazer benefícios para as edificações, oferecendo maior qualidade e reduzindo possíveis patologias. De forma a complementar às investigações preliminares, as provas de carga são atividades comumente realizadas, pois sua execução se compreende em medir as características e resistências das fundações e da estrutura de uma obra, garantindo dessa forma mais segurança para a edificação (ABNT NBR 6122/2010). O desenvolvimento de projeto de fundações é realizado mediante a determinação da capacidade de carga dos solos. Sendo assim, o terreno deve resistir à carga transmitida pela fundação com segurança à ruptura (MARAGON, 2013). Para definir a capacidade de carga dos mais variados tipos de fundações, diversos autores apresentam metodologias de cálculos, onde algumas destas por sua vez são realizadas por meio dos valores referentes ao ensaio de SPT e demais parâmetros. No âmbito da engenharia geotécnica tem sido observado erros na fase de sondagem de solo, afetando assim, diretamente no custo da mesma. Dada a sua importância, o presente estudo visa comparar as metodologias de cálculo existentes para a determinação da capacidade de carga de fundação em estaca hélice utilizando o ensaio SPT em relação ao teste de carga dinâmico PDA, de forma a analisar a sua confiabilidade para o máximo aproveitamento dos elementos construtivos. 1 Standard Penetration Test 15 1.2 Justificativa A sondagem do solo é procedimento técnico vital em qualquer tipo de obra, essa sendo como a primeira etapa do processo construtivo. Dependendo dos resultados obtidos com o estudo, o projeto pode até ser financeiramente inviabilizado. Investigar as características do terreno através de ensaios de campos é primordial para identificar as camadas que formam o perfil geotécnico. Para a Engenharia Civil, o método de sondagem mais utilizado é o ensaio SPT, no qual é importante para reconhecer e explorar as características nele presente, uma vez que as estruturas das edificações são dimensionadas a partir dos valores de resistência do solo (LOPES; VELLOSO, 2012). De forma a realizar estudos de capacidade de cargas em fundações para seu dimensionamento, Pedreira e Pacheco (2016, p.2) afirmam que “foram desenvolvidos métodos baseados em formulações empíricas a partir de resultados in situ e ajustados com provas de carga”. Assim como o método SPT é considerado como sendo um ensaio de penetração in situ em solos, pretende-se comparar os valores obtidos com o ensaio de teste de carga através das metodologias de cálculo existentes. Apesar do SPT ser imprescindível e normatizado, há controvérsias a respeito dos valores de resistência gerados pelo relatório, cujo valores apresentam ser minorados quando comparados com o ensaio de prova de carga. O ensaio SPT tem sido criticado devido a sua prática ter participação empírica e sem embasamento científico. Além disso, os diferentes tipos de equipamentos, procedimentos científicos e formas de execução pelo operador interferem na dispersão dos resultados (LUKIANTCHUK, 2012). Através deste estudo, pretende-se comprovar se o ensaio SPT minora a capacidade de carga originada pelas metodologias de cálculo existentes em relação a prova de carga dinâmica. Por meio da comparação destes resultados poderá possibilitar a confiabilidade do SPT e a existência de possíveis majorações nos cálculos de dimensionamento para arranjos estruturais. 16 1.3 Problemática Tem-se discutido se o SPT é realmente confiável, uma vez que ele nos oferece parâmetros que a partir deles é possível calcular a capacidade de carga que o solo é capaz de suportar, e essa informação é extremamente importante para que não haja problemas construtivos futuros. Com esse intuito será estudado: qual é o nível de confiabilidade das metodologias de cálculo existentes que utilizam o ensaio SPT para a determinação da capacidade de carga de fundação em estaca hélice contínua em relação a prova de carga dinâmica? 1.4 Hipóteses A capacidade de carga admissível do solo para fins de cálculo de fundação de estaca do tipo hélice continua é minorada devido aos parâmetros numéricos de resistência do solo apresentado pelo ensaio de SPT quando comparado á prova de carga de dinâmica. 1.5 Objetivos 1.5.1 Objetivo geral Analisar o nível de confiabilidade das metodologias de cálculo existentes utilizando o ensaio SPT para a determinação da capacidade de carga de fundação em estaca hélice em relação a prova de carga dinâmica. 1.5.2 Objetivos específicos Conhecer sobre a capacidade de carga em fundações profundas; Demonstrar os métodos de cálculo que utilizam o ensaio SPT para determinação da capacidade de carga da fundação em estaca hélice; Identificar as metodologias das quais mais se aproximam do valor real da capacidade de carga do solo; 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Fundações profundas Um dos cuidados que deve-se ter quanto ao projeto de fundações é a prática da terminologia correta. As fundações são convencionalmente separadas em dois grandes grupos: fundações superficiais, também conhecidas como diretas ou rasas, e fundações profundas (VELLOSO; LOPES, 2004). As fundações profundas são aquelas cujo mecanismo de ruptura de base não atinge a superfície do terreno (FIG. 1). A ABNT NBR 6122/2010, considera fundação profunda aquela cuja base está implantada há mais de duas vezes da sua menor dimensão, e a pelo menos 3 m de profundidade, projetada para transmitir a carga ao terreno pela base (resistência de ponta), pelo fuste (resistência de atrito lateral) ou por uma combinação das duas. As fundações profundas dividem-se em três categorias: estacas (a), tubulões (b) e caixões (c): a) Estacas: componente de fundação profunda executado com o auxílio de equipamentos e ferramentas, onde não há a necessidade de descida de operário durante o processo de execução (escavação, vibração, cravação a percussão ou prensagem). Possui grande comprimento e seções transversais pequenas, podem ser de madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto moldado in loco ou mistos. b) Tubulões: elemento cilíndrico de fundação profunda, na sua fase final, há a necessidade de descida de operário, pode ser executado a céu aberto ou sob ar comprimido e ter ou não sua base alargada. Pode ser de concreto ou aço, com ou sem revestimento. c) Caixões: elemento de fundação de forma prismática, concretado na superfície do terreno, e instalado por escavação interna, podendo-se ainda na sua instalação usar, ou não, ar comprimido, e ter, ou não, a sua base alargada. 18 FIGURA 1 – Tipos de fundações profundas. Fonte: VELLOSO e LOPES, p. 12/ 2004 O presente trabalho abordará somente o tipo de fundação profunda em estaca Hélice Contínua, pois o estudo comparativo se realizará em uma obra calculada para esse tipo de fundação. 2.2 Tipo Hélice Contínua 2.2.1 Introdução A estaca hélice contínua é definida por “estaca de concreto moldada in loco, executada mediante a introdução, por rotação, de um trado helicoidal contínuo no terreno” (NBR 6122, 2010). A estaca tipo Hélice Contínua, teve seu surgimento inicial nos Estados Unidos, no ano de 1950 e era composta por guindastes de torre acoplada, atribuídos de mesa perfuradora e que executavam estacas de diversos diâmetros. Em 1970, com a introdução e conhecimento do sistema na Alemanha, ele foi propagado para o restante da Europa e Japão. Nos Estados Unidos, Japão e Europa, a partir da década de 80, as estacas hélice contínua tiveram um grande avanço, inicialmente com equipamentos adaptados para a sua execução e, posteriormente, com equipamentos apropriados e específicos para a execução destas estacas (PENNA et. al., 1999, apud NETO; KOCHEN, 2003). No Brasil, teve sua introdução em 1987. Mas, somente em 1993 houve um grande crescimento na utilização do equipamento e isso só foi possível com o avanço e intensificação das pesquisas a respeito de seu comportamento, através dos ensaios de carga. Esse tipo de fundação profunda tem alcançado altos patamares por possuir um controle do processo construtivo e possibilidades de execução em diversos subsolos (LÁZARO; WOLLE, 2004). 19 2.2.2 Processo executivo O processo executivo da estaca tipo hélice contínua será tratado nesse trabalho em três etapas: perfuração do solo, concretagem simultânea a retirada do trado e a colocação da armadura. A perfuração do solo é inicialmente realizada com o trado helicoidal composto de chapas em espiral que desenvolvem em torno do tubo central como apresentado na FIG. 2. Uma vez cravada no terreno, ele possui um alto torque capaz de vencer grandes resistências e alcançar a profundidade desejada em projeto. A hélice depois que iniciou a perfuração, não pode ser retirada do furo de modo a manter a estabilidade das paredes e o solo não desmoronar. O torque é aplicado através de uma mesa rotativa situada no topo da hélice (NETO; KOCHEN, 2003). FIGURA 2 – Execução de estaca hélice contínua. Fonte: VELLOSO; LOPES/ 2010 Segundo Filho (2016), “a haste de perfuração é constituída por uma hélice espiral solidarizada a um tubo central. A hélice é responsável pela retirada de solo, sendo dotada de dentes na extremidade inferior que facilita a penetração no solo”. 20 Alcançada a cota prevista no projeto é iniciada a concretagem continuamente (sem interrupções) da estaca pelo tubo central. A pressão com que o concreto é bombeado é de fundamental importância, pois isso garantirá o preenchimento dos vazios do solo. Com o controle da velocidade de extração da hélice é possível evitar estrangulamentos ou seccionamentos do fuste da estaca (NETO; KOCHEN, 2003). “Durante o processo de concretagem e à medida que o trado é retirado do furo, dá-se início a limpeza que comumente é executado, manualmente com a ajuda de um operário, que faz a limpeza com o auxílio de enxada” (FILHO, 2016). No processo de execução da estaca hélice contínua é estabelecida a colocação da armadura como apresentado na FIGURA 3 após a concretagem. “A armadura é introduzida na estaca manualmente por operários ou com auxílio de um peso ou, ainda, com o auxílio de um vibrador” (VELLOSO; LOPES, 2010). FIGURA 3 – Colocação da armadura no fuste após a concretagem, pode ser inserida manualmente ou com auxílio de equipamento. Fonte: BATEC FUNDAÇÕES/ 2015 21 2.2.3 Controle e monitoramento “A execução dessas estacas pode ser monitorada eletronicamente, por meio de um computador ligado a sensores instalados na máquina” (VELLOSO; LOPES, 2010). A execução da estaca hélice contínua, é monitorada através de sensores que estão instalados na perfuratriz. Seu monitoramento é feito eletronicamente. Pelo menos 1% das estacas, e no mínimo uma por obra, deve ser exposta abaixo da cota de arrasamento e, se possível, até o nível d’água, para verificação de sua integridade e qualidade do fuste (FILHO, 2016, p. 5). Há um sistema computadorizado específico para monitoria da execução das estacas hélice contínua. O mais comum utilizado no Brasil é o aparelho chamado Taracord como apresentado na FIG. 4. Através destes equipamentos é possível a obtenção dos dados seguintes: comprimento da estaca, tempo, inclinação da torre, velocidade de penetração do trado, velocidade de rotação do trado, torque, velocidade de retirada (extração) da hélice, volume de concreto lançado e pressão do concreto (NETO; KOCHEN, 2003). FIGURA 4 – Computador de bordo para o monitoramento da estaca – TARACORD. Fonte: SOLONET Após a execução da estaca, é produzido pelo equipamento uma folha de controle com os dados especificados. É possível fazer a impressão da folha de controle no local, sendo apenas necessário conectar uma impressora ao equipamento. É fornecido pela monitoração o valor do sobre consumo de concreto e 22 a variação da seção ao longo da profundidade, contudo, ainda se discute sobre a precisão e confiabilidade dela. A imprecisões no fornecimento de dados pode ser relacionado a vários fatores: falta de calibração correta no sistema de monitoração, danificação nos sensores, bombas desgastadas e defeitos nos cabos de transmissão de dados, entre outros (VELLOSO; LOPES, 2010). A precisão no valor de sobreconsumo ou subconsumo de concreto depende da precisão do volume medido. O volume de concreto é fornecido por um transdutor de pressão que informa o volume de concreto por bombeada, ou seja, a cada pico de pressão. A medida correta do volume de concreto é muito importante, pois a partir dela, por meio de correlações, determina-se se o fusteda estaca está íntegro, ou se está havendo seccionamento do mesmo (NETO; KOCHEN, 2003, p. 91). Através desses dados é reproduzida uma folha de controle como apresentada na FIG. 5. FIGURA 5 – Folha de execução de estaca hélice contínua. Fonte: VELLOSO; LOPES/ 2010 23 2.2.4 Cuidados, vantagens e desvantagens O tamanho e o porte dos maquinários necessários para execução das estacas hélice contínua, é uma grande desvantagem desse tipo de fundação, há exigência quanto à avaliação de possíveis trajetos e itinerários para uma rota acessível para o local da obra e instalações. Na obra também há necessidade de acessibilidade (o terreno deve ser plano) e deslocamentos para a perfuratriz e de capacidade de suporte do terreno mediante o equipamento. E por último da indispensabilidade da pá carregadeira para a limpeza e remoção do solo, extraído pela broca (NETO; KOCHEN, 2003). Conforme o autor supracitado, um aspecto importante a ser monitorado é quanto aos componentes do concreto, uma vez que o concreto é de responsabilidade da concreteira e não da empresa que executará a estaca, pode ocorrer por exemplo troca de pedrisco por pó de pedra, diminuindo assim a resistência do concreto e podendo entupir a mangueira de injeção. A pressão com que o concreto é bombeado interfere na homogeneidade e integridade da estaca, influenciando, portanto, em sua resistência. Quando se aumenta a pressão há um maior atrito lateral e confinamento do concreto (NETO; KOCHEN, 2003). A dificuldade de execução das estacas hélice contínua quando não há monitoramento no processo é discutida por ALLONSO (1996), principalmente na etapa de concretagem, quando então poderia acontecer o seccionamento da estaca devido à rápida extração do trado, ou mesmo uma contaminação do concreto devido a uma eventual lentidão (ALBUQUERQUE, 2001, p. 7). Um grande fator a ser inspecionado é quanto ao estado de funcionamento e a limpeza adequada do sistema de injeção de concreto (bomba, mangueira, etc.) pois devem estar em perfeitas condições para o uso correto (NETO; KOCHEN, 2003). Ao final de um dia de trabalho, o cocho é limpo com aplicação de óleo. Antes de se começar a primeira estaca do dia seguinte a rede precisa ser lubrificada para permitir uma fluência do concreto. Comparando o comportamento de duas estacas hélice contínua de pequeno diâmetro (25 cm e 12 m de comprimento), distantes entre si de 1,40 m e executadas, uma sem limpeza e a outra com limpeza de rede. A estaca executada com limpeza de rede teve, durante a prova de carga estática, um comportamento normal, enquanto que a executada sem limpeza, sofreu um recalque brusco (VELLOSO; ALONSO, 2000, apud, NETO; KOCHEN, 2003, p. 92). 24 É ressaltado “que uma importante vantagem da estaca hélice contínua é a possibilidade de um monitoramento eletrônico contínuo, além de fornecer a documentação da execução da estaca” (BOTTIAU, 1993, apud, ALBUQUERQUE, 2001). Além da possibilidade de monitoramento eletrônico contínuo, as estacas hélice contínua possuem uma alta capacidade de carga das estacas, viabilizando a diminuição dos blocos de coroamento. Através do poder de perfuração do equipamento, é admissível atravessar camadas de solos com SPT alto. Por fim e importante, é a rapidez na execução dos trabalhos, um fator influente na decisão da fundação, uma vez que as pessoas querem agilidade na construção. 2.3 Capacidade de carga das fundações profundas A capacidade de carga baseia na aplicação de força em uma estaca ou tubulão isolado, induzindo um recalque que é possível ser suportado pela construção, sem que haja inapropriação e ofertando, paralelamente, segurança eficiente ao solo ou ao elemento de fundação sem haver ruptura ou escoamento (FURTADO, 2014). De acordo com o autor supracitado, os objetivos de estimar a capacidade de carga de ruptura de uma fundação profunda são: evitar o colapso do elemento estrutural e evitar o escoamento do solo que lhe dá suporte. Marangon (2018) afirma que com o objetivo de impedir uma ruína ou o escoamento do solo que lhe atribui suporte, a capacidade de carga de ruptura de fundações profundas, é determinada através do valor inferior de um dos dois fatores: da resistência estrutural da constituição do material que confere o elemento de fundação ou da resistência do solo que lhe atribui suporte. Para determinar a capacidade de carga de uma estaca podem ser utilizados os métodos dinâmicos, estáticos (que se subdividem em teóricos ou semi empíricos) ou provas de carga. Nos métodos estáticos são utilizados para avaliação métodos convencionais da Mecânica dos Solos, já nos métodos dinâmicos a obtenção dos dados que são utilizados, provém da cravação da estaca no campo (FURTADO, 2014). “Nas provas de carga é permitido verificar aspectos importantes como a capacidade de carga, os deslocamentos do elemento da fundação, e ainda, no caso 25 de estacas instrumentadas, a transferência de carga em profundidade” (ALBUQUERQUE, 2001). 2.4 Prova de carga dinâmica As fundações no projeto de construção civil dão toda a sustentação à edificação. A escolha correta da mesma faz toda diferença ao final do projeto, podendo evitar inúmeras patologias que podem vir acontecer com a escolha incorreta do tipo de fundação. Para determinar a carga de cada estaca de uma edificação é realizado o ensaio de prova de carga. O procedimento possibilita sanar dúvidas relacionadas a estabilidade de uma estrutura (OLIVEIRA; JUNIOR, 2006). Para Navajas e Niyama (1996) afirmam que a prova de carga dinâmica de um elemento de fundação é um ensaio em que se aplica um carregamento dinâmico axial, com o intuito de obter, principalmente, uma estimativa da sua capacidade de carga, com a utilização de uma instrumentação adequada e da aplicação da teoria da equação de onda. A Prova de Carga Dinâmica, também conhecida por Ensaio de Carregamento Dinâmico (ECD), consiste na aplicação de um carregamento no topo da estaca através de um martelo ou dispositivo similar, para determinar especificamente a capacidade de carga. Este difere das tradicionais provas de carga estáticas pelo fato do carregamento ser aplicado dinamicamente, através de golpes de um sistema de percussão adequado (BLOG HBM, 2018). Segundo Niyama (2010, p. 3), “estruturas suportadas por estacas cravadas remontam às eras pré-históricas. Referências de estacas de madeira utilizadas na Babilônica são encontradas na Bíblia”. Há relatos ainda que as estacas de madeiras também eram utilizadas na Idade Média, porém, diante da Revolução Industrial que gerou a necessidade de um projeto mais rápido, forma inventadas martelos acionados por um motor a vapor, iniciando assim a modernização desse método. Leonardo da Vinci foi o primeiro a documentar testes de carregamento com o objetivo de avaliar o comportamento estrutural dos materiais, no século XV. Em uma de suas notas, intitulada “Testando a resistência de barras de ferro de vários comprimentos”, descreve o teste de carregamento proposta que faz a seguinte observação: “O objetivo deste teste é encontrar a carga que uma barra de ferro pode suportar” (TIMOSHENKO, 1953 apud MARTINI et al. 2014, p. 2). 26 Diante da necessidade do aumento de demanda o desenvolvimento tecnológico passou a ser essencial nos novos tempos, e com isso, as provas de carga ganharam um importante significado. Para que isso fosse possível a engenharia teve que criar novas formas de desenvolvimento e os ensaios assim ganharam uma nova técnica de estrutura em várias partes do mundo (OLIVEIRA; JUNIOR, 2006). O ensaio de prova de carga dinâmica teve seu início no ano de 1964 na Case Western Reserve University, Instituição situada na cidade de Cleveland em Ohio, Estados Unidos, para que isso fosse possível, foi necessário que uma outra empresa patrocinasse o estudo, assim temo o OhioDepartment of Transportation e sob coordenação do professor George Goble. Para continuar seus estudos o professor, fundou a empresa Pile Dynamics Inc. em 1972, tendo como sócios os engenheiros Frank Rausche e Garland Likins, introduzindo no mercado o primeiro equipamento PDA (Pile Driving Analyser) e o software CAPWAP (Case Pile Wave Analysis Program), instrumentos necessários para materialização do ensaio de prova de carga dinâmica (PARAÍSO; ROSA, 2016). A utilização do teste de prova de carga dinâmica foi trazido para o Brasil em 1981 pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT. Segundo Niyama (2010, p.13), “para atender às necessidades de controle de qualidade de cravação de estacas das inúmeras plataformas marítimas “offshore” que a Petrobrás instalaria ao longo de toda a costa brasileira”. Outra forma na qual foi utilizada, era em obras terrestres, porém só começou a ser utilizada em 1983. Para realizar a execução do teste de prova de carga dinâmica (FIG.6), é necessário seguir as normas estabelecidas na NBR 13208/07, que será descrita a seguir. 27 FIGURA 6 – Ensaio de carregamento dinâmico. Fonte: TKNIER/ 2016 2.4.1 Normatização A norma brasileira para o ensaio de carregamento dinâmico (PDA) é a ABNT NBR 13208/2007, esta tem como objetivo prescrever o método de ensaio de carregamento dinâmico em estacas, com análise fundamentada na teoria da equação da onda unidimensional. Pode ser aplicada em estacas verticais e inclinadas, não dependendo do processão de instalação ou de execução, visando sempre avaliar cargas mobilizadas, sua eficiência no sistema de impacto, tensões de compressão e de tração, e a sua integridade estrutural (ABNT NBR 13208, 2007). As normas relacionas a seguir contêm disposições que, ao serem citadas neste texto, constituem prescrições para esta norma. As edições indicadas estavam em vigor no momento desta publicação. Como toda norma está sujeita a revisão, recomenda-se àqueles que realizam acordos com base nesta que verifiquem a conveniência de se usarem as edições mais recentes das normas citadas a seguir. A ABNT possui a informação das normas em vigor em um dado momento. ABNT NBR 6122:1996 – Projeto e execução de fundações ABNT NBR 12131:2006 – Estacas – Prova de carga estática – Método de ensaio. (ABNT NBR 13208, 2007, p. 1). A norma 13208, recomenda que os ensaios dinâmicos sejam executados em pelo menos 5% das estacas da obra e no mínimo três estacas (para todos os casos). Essa recomendação possivelmente está associada a elevação das solicitações do elemento estrutural de fundação, já que há um crescimento da 28 demanda dos testes de carga dinâmica e, assim, o aumento no número de empresas executoras (PARAÍSO; ROSA, 2016). A NBR 6122/2010 com o título Projeto e execução de fundações estabelece no item 9.2.2.1 que é obrigatório a realização de provas de carga estática em obras que tiverem um número de estacas superior ao valor mostrado segundo a FIGURA 7 a seguir. Quando isso ocorrer, deve ser executado um número de provas de carga igual a no mínimo 1% da quantidade total de estacas, arredondando-se sempre para cima. FIGURA 7 – Quantidade de provas de carga. Fonte: NBR 6122/ 2010 29 Contudo, no item 9.2.2.3, determina-se que as provas de carga estáticas podem ser substituídas por ensaios dinâmicos na proporção de cinco ensaios dinâmicos para cada prova de carga estática em obras que apresentem um número de estacas entre os valores da coluna B da figura acima e duas vezes esse valor. Quando acima deste número de estacas, é obrigatória pelo menos uma prova de carga estática. 2.4.2 Execução Usualmente o ensaio é executado como elemento estrutural de fundação, com intuito de monitorar todo o processo de percussão e avaliar a resistência do sistema estaca-solo durante o processo de cravação, acompanhado ao longo da profundidade a evolução das tensões. A importância deste procedimento é grande, porque, além de medir a resistência das fundações e da estrutura de uma obra, serve para avaliar a adequação das mesmas ao projeto (OLIVEIRA, 2006). O ensaio é realizado fixando-se à superfície lateral da estaca, acelerômetros e sensores de força, seguido da aplicação de golpes de um pilão, usualmente com alturas de queda crescentes, em que se obtêm para cada impacto, dentre outros parâmetros, valores da resistência estática mobilizada e de deslocamento, os quais possibilitam visualizar a ocorrência, ou não, da ruptura geotécnica (PARAÍSO; ROSA, 2016, p. 55). Para realizar a execução dinâmica, é preciso utilizar um sistema denominado como PDA (Pile Driving Analyser) (FIG. 8), este por sua vez é composto por dois acelerômetros (FIG. 9), dois transdutores de deformação específica e um analisador de cravação. Os dois primeiros devem ser colocados sempre em posições diametralmente opostas, próximos ao topo da estaca, compensando assim os efeitos de momento fletor, os sinais coletados a cada golpe são enviados por cabos para o analisador (MORAES, 2005). 30 FIGURA 8 – PDA (Pile Driving Analyser). Fonte: PARAÍSO; ROSA, p.55/ 2016 FIGURA 9 – Acelerômetros. Fonte: PARAÍSO; ROSA, p.55/ 2016 Os sinais dos sensores, que mostram a aceleração e o deslocamento, durante o teste, são armazenados e processados no equipamento PDA, que podemos ver na FIGURA 8, o equipamento analisa à curva carga x recalque, demonstrado na FIGURA 10, obtida através do procedimento. Com a análise dos dados podemos extrair a carga admissível de uma estaca que resulta a razão entre a maior carga mobilizada, naturalmente limitada à ruptura geotécnica, e o coeficiente de segurança adotado para a obra ou por recomendação (ABNT NBR 6122, 2010). 31 FIGURA 10 – Curva Carga X Recalque. Fonte: PARAÍSO; ROSA, p.57/ 2016 De acordo com Moraes (2005), os sinas recebidos pelos instrumentos são identificados pelo PDA, e assim, é possível calcular diversos parâmetros, de acordo com o interesse, sendo que a principal finalidade é a penetração da estaca no solo, o método utilizado é simples, conhecido como CASE. O método CASE tem o nome da instituição na qual foi desenvolvido nas décadas de 60 e 70 (Case Western Research University, Ohio, EUA). Ele permite que estime a resistência estática mobilizada em um golpe do martelo, através dos resultados de leituras de força e velocidade em uma seção instrumentada de uma estaca. (MORAES, 2005, p.34) O sistema de PDA também permite obter: Deslocamentos máximos (DMX); Eficiência do sistema de cravação; Verificação de dano estrutural e sua posição; Avaliação da distribuição da resistência; Força máxima do impacto; Resistência máxima mobilizada (RMX); Energia máxima do golpe; Energia aplicada ao sistema (EMX). 32 É possível quantificar de forma separada as parcelas de tensão na ponta e fuste, para isso é necessário utilizar a associação do método de PDA e do programa CAPWAP, o que irá permitir uma análise dos métodos existentes de previsão da capacidade de carga. O modelo CAPWAP, utiliza-se de valores de força e velocidade ao logo do tempo dos quais temos como resultado o sinal de onda e tensão (PARAÍSO e ROSA, 2016). O método CAPWAP, é definido como: É um método que utiliza um programa computacional que discretiza todo o sistema martelo, cepo, capacete, coxim e estaca em elementos de massa, mola e amortecedores e utilizando os registros capturados pela instrumentação faz a consistência entre valores medidos e calculados (NIYAMA, 2010, p.39). Ao final da realização do método deve-se apresentar um relatório específico da empresa que executou os ensaios, no qual devem conter dados gerais (identificação do projeto, locação do ensaio, fornecedor ou executor da estaca, dados da sondagemmais próxima e referencia normativa), além dos equipamentos pra a cravação da estaca, detalhado na FIG.11. FIGURA 11 – Equipamentos utilizados na prova de carga dinâmica. Fonte: NIYAMA, P.46/ 2010 33 2.5 Sondagem à percussão SPT 2.5.1 Conceituação e histórico O termo SPT é uma sigla de origem inglesa na qual significa “Standard Penetration Test”, onde no Brasil é conhecido como sendo sondagem a percussão ou sondagem de simples reconhecimento (MORGENTAL, 2017, p.16). Conforme a NBR 6484 (2001, p. 2), o SPT é um ensaio pelo qual se determina o tipo de solo através do índice de resistência à penetração, bem como da observação do nível do lençol freático. O SPT é o ensaio mais difundido no Brasil para reconhecimento de subsolos (MARTINS; SILVA, 2015, p. 17). Além de este ensaio ser econômico e um instrumento indispensável nas investigações preliminares para o projeto de fundações, o mesmo proporciona facilidades de execução e aplicações de seus resultados (SEED et al., 1985 apud CARVALHO, 2012, p. 19). A origem do ensaio SPT se deu nos Estados Unidos por volta de 1902, e foi introduzido por Charles R. Gow. O método utilizado para fazer a identificação do solo baseava-se no recolhimento de detritos resultantes da perfuração com circulação de água, assim como através da abertura de poços de grande diâmetro e escavações em grande escala. Entretanto esses métodos naturalmente provocam a perca das características naturais que compõem a estrutura do solo, o que não resultava precisa identificação do tipo de solo e de suas propriedades (CAVALCANTE, 2002 apud MARTINS; SILVA, 2015, p. 17). Em 1948, a publicação do livro “Soil Mechanics in Engineering Practice” feita por Terzaghi e Peck apresentava as primeiras correlações entre o índice de resistência à penetração do solo com propriedades importantes tais como compacidade, consistência e resistência, onde também ressaltou importantes ensinamentos quanto ao equipamento e os procedimentos de ensaio. Entre tais recomendações, destacam-se a fixação de valores para a altura de queda e para o peso do martelo, para o intervalo de assentamento do amostrador e para seus diâmetros externo e interno, além da utilização linear e da sistemática para medir o índice de resistência à penetração do solo (CARVALHO, 2012, p. 28). O período entre a exposta publicação de Terzaghi e Peck até na década de 70 foi marcado pelas primeiras tentativas de normatização do ensaio. A partir de 34 então, o desenvolvimento de estudos com medição de energia que atinge o amostrador foram iniciados, pois a importância da padronização do ensaio foi vista mediante os resultados que eram apresentados pela prática do ensaio, onde dependiam em sua maior parte do operador e a diversidade de procedimento e equipamento utilizados. A publicação elaborada pela ISSMFE2 que se trata do Procedimento Internacional de referência para o SPT (IRTP3) estabelece recomendações a serem adotadas por códigos e normas nacionais, padronizando equipamentos e procedimentos, em que por onde, permitiu à normalização de resultados entre diferentes países (LOBO, 2005). O ensaio SPT é normatizado pela NBR 6484 (2001) no Brasil, na qual em 2001 foi atualizada em relação à mesma norma de 1980. A mesma estabelece os objetivos, equipamentos e métodos que devem ser empregados para a execução do ensaio. 2.5.2 Princípios 2.5.2.1 Equipamentos Segundo Souza et al. (1998, p. 185) o equipamento utilizado durante o ensaio é simples, pois consta basicamente de um tripé, uma bomba de água, um tanque de água de 200 litros e ferramentas destinadas ao corte de solo. A NBR 6484 (2001) prescreve os equipamentos necessários para a realização do ensaio SPT e que são apresentados a seguir: a) Torre com roldana: pode ter guincho motorizado ou sarilho, para auxílio nas manobras. b) Tubos de revestimento: devem ser de aço, com diâmetro nominal interno 63,5 (Dext =76,1mm ± 5 mm e Dint = 68,8 mm ± 5 mm). c) Composição de perfuração ou cravação: deve ser constituída de hastes de aço com diâmetro nominal interno 25 (Dext = 33,4 mm ± 2,5 mm e Dint = 24,3 mm ± 5 mm) e peso teórico de 32 N/m. d) Trado-concha ou cavadeira: deve ter diâmetro de (100 ± 10) mm. 2 International Society for Soil Mechanics and Foundation Engineering 3 International Reference Test Procedure 35 e) Trado helicoidal: a diferença entre o diâmetro do trado helicoidal (diâmetro mínimo de 56 mm) e o diâmetro interno do tubo de revestimento deve estar compreendida entre 5 mm e 7 mm. f) Trépano de lavagem: deve ser constituído por peça de aço, com diâmetro nominal 25. g) Amostrador-padrão: deve apresentar diâmetro externo de 50,8 mm ± 2 mm e diâmetro interno de 34,9 mm ± 2 mm. É constituído por cabeça, corpo e sapata ou bico. h) Cabeças de bateria: deve ser constituída por tarugo de aço de (83 ± 5) mm de diâmetro, (90 ± 5) mm de altura e massa nominal entre 3,5 kg e 4,5 kg. i) Martelo padronizado para a cravação do amostrador: pode ser maciço ou vazado, e possuir sua massa em ferro de um total de 65 kg. j) Baldinho para esgotar o furo; k) Medidor de nível d’água; l) Metrodebalcão; m) Recipientes para amostras; n) Bomba d’água centrífuga motorizada; o) Caixa d’água ou tambor com divisória interna para decantação; p) Ferramentas gerais necessárias à operação da aparelhagem. 36 A FIG. 12 a seguir representa os equipamentos para a execução do ensaio. FIGURA 12 – Equipamentos de execução do SPT. Nota:(a) sondagens com avanço por lavagem e (b) por penetração dinâmica. Fonte: WELTER/ 2014 apud MARTINS; SILVA, 2015 2.5.2.2 Quantidade de furos É normatizado que: O número de sondagem e a sua localização em planta dependem do tipo de estrutura, de suas características especiais e das condições geotécnicas do subsolo. O número de sondagens deve ser suficientemente grande de modo que seja possível fornecer um quadro, o melhor possível, da provável da provável variação das camadas do subsolo do local em estudo (ABNT NBR 8036, 1983, p.1). Segundo a mesma, a sondagem deve ser no mínimo uma para cada 200 m² em uma projeção de área em planta em até 1200 m². Entre 1200 m² e 2400 m² a 37 sondagem deve ser feita a cada 400 m² que excederem 1200 m². E acima de 2400 m² o número é estabelecido de acordo com o plano particular da construção. Para em qualquer situação, deve-se realizar dois furos para uma área em planta de até 200m² e três para área entre 200m² e 400m². O diâmetro normal da perfuração é de 2,5’’ (aproximadamente 6,3 cm) e, em geral, sua profundidade varia de 10 a 20 m. Sondagens a percussão são limitadas pela presença de material duro, como por exemplo, a camada rija de transição solo- rocha, matacões, seixos ou cascalhos de diâmetros grandes (SOUZA et al., 1998, p.185). 2.5.2.3 Processo de perfuração A sondagem SPT é executada em três etapas distintas, na qual que são repetidas para cada metro de profundidade: a perfuração, ensaio de penetração e amostragem (CINTRA et al.,2008b apud LUKIANTCHUKI, 2012). De forma inicial é montado o ponto onde estão locados os furos no terreno, um cavalete de quatro pernas, onde no seu topo é montado um conjunto de roldanas, por onde passa uma corda, geralmente de sisal (ANDRADE, 2009, p. 44). A abertura do furo deve ser iniciada com o trado-concha ou cavadeira manual até a profundidade de 1 m, sequencialmente, a instalação, até essa profundidade, do primeiro segmento do tubo de revestimento. Nas operações subsequentes de perfuração deve utilizar o trado helicoidal até se atingir o nível d’água freático (NBR 6484, 2001). O índice de resistência dinâmica à penetração do solo (NSPT) é determinado através do ensaio de penetração. Tal método consiste na cravação do amostrador no solo, através da aplicação de golpes sucessivos de um martelode 65 kg que cai em queda livre a uma altura de 75 cm. Os golpes são aplicados sucessivamente até que 45 cm do amostrador-padrão tenha sido penetrado no solo, e deve ser anotado o número de golpes necessários à cravação de cada segmento de 15 cm. A cada metro de perfuração, a partir de 1m de profundidade, devem-se coletar as amostras do solo que se encontra no amostrador-padrão (NBR 6484, 2001). O índice de NSPT corresponde o somatório dos golpes necessário para cravar os últimos 30 cm do amostrador no solo (LUKIANTCHUKI, 2012). 38 Quando se atinge o nível de água ou material resistente ao trato, a sondagem deve continuar com o uso de trépano como ferramenta de escavação e circulação de água, tal procedimento nomeado de lavagem. Este material auxilia para desagregar o material do fundo do furo. A operação se faz por repetidas quedas do conjunto trépano/hasteamento contra o fundo do furo, por uma altura de 30 cm. Então é injetado água sob pressão pela moto bomba por meio das hastes, por onde circula pelo furo, desta forma os detritos de perfuração são arrastados até a superfície e depositados em um poço. Durante este processo é instalado um revestimento metálico de proteção de forma a evitar o desmoronamento das paredes do solo (SOUZA et al., 1998, p.185). A identificação precisa do tipo dos tipos de solo é difícil pelo processo de perfuração com circulação de água devido a quebra das partículas pela ponteira e da mistura que ocorre quando elas se depositam no poço. Este método é inadequado como meio que visa obter amostras de solo. Ele somente é usado como meio de prolongar o furo de sondagem para retirar amostras tubulares ou para realizar ensaios in situ abaixo do fundo do furo (CRAIG, 2013, p. 318). 2.5.2.4 Critérios de paralização Em síntese, a sondagem SPT é interrompida quando se alcança camadas impenetráveis, ou seja, solo com resistência muito elevada. A paralização pode ocorrer também em solos de menor resistência à penetração, contando que tenha uma justificativa geotécnica ou solicitação do cliente (MARTINS; SILVA, 2015, p. 25). A cravação do amostrador-padrão é interrompida antes dos 45 cm: a) em qualquer dos três segmentos de 15 cm, o número de golpes ultrapassar 30; b) um total de 50 golpes tiver sido aplicado durante toda a cravação; c) não se observar avanço do amostrador-padrão durante a aplicação de cinco golpes sucessivos do martelo (ABNT NBR 6484, 2001, p.13). O processo de perfuração por circulação de água, deve ser paralisada sempre: a) quando, em 3 m sucessivos, se obtiver 30 golpes para penetração dos 15 cm iniciais do amostrador-padrão; 39 b) quando, em 4 m sucessivos, se obtiver 50 golpes para penetração dos 30 cm iniciais do amostrador-padrão; c) quando, em 5 m sucessivos, se obtiver 50 golpes para a penetração dos 45 cm do amostrador-padrão (ABNT NBR 6484, 2001, p.13). 2.5.2.5 Nível de lençol freático É muito importante em uma sondagem do solo, definir as profundidades nas quais a água subterrânea foi encontrada e consecutiva mudanças dos níveis (SAVES, 2011, p. 23). A umidade aparente do solo retirado durante uma escavação pode ser um indicador de que se alcançou o nível d’água, ou então que se tenha atravessado a um, logo, o operador deve se atentar a isso. Quando essa situação é vista, a operação de perfuração deve ser interrompida e então começar a observar a elevação do nível d’água no furo de forma a realizar leituras a cada cinco minutos dentro de um prazo mínimo de quinze minutos. Quando a execução da sondagem é interrompida, tanto no início quanto no fim da interrupção, é preciso fazer a medição do nível d’água no furo, bem como da profundidade aberta do furo e da posição do tubo de revestimento. No término da sondagem, com o auxílio de um baldinho a água interna do furo é retirada, assim como deve ser retirado o tubo de revestimento doze horas após o encerramento do ensaio, será preciso também realizar novamente a medida da posição do nível d’água, caso o furo não estiver obstruído (NBR 6484, 2001). 2.5.2.6 Amostragem e perfil As amostras retiradas do amostrador-padrão devem ser conservadas em frascos herméticos e rijos, de forma a preservar a umidade natural e suas estruturas geológicas. As amostras obtidas por sedimentação da água de lavagem também devem ser guardadas. Estas são formadas basicamente pela fração arenosa do solo original, em razão dos finos quase sempre serem levados pela água de circulação da sondagem (SOUZA et al., 1998, p.187). As amostram sendo então recolhidas são enviadas ao laboratório para confirmação do resultado em campo e para a realização de ensaios caso necessária. O perfil de sondagem deve descrever de forma detalhada as camadas dos estratos, e que nos níveis dos limites de cada tipo de solo seja indicada a altura 40 em que a furação foi encerrada. A profundidade do lençol freático também deve ser detalhada. O solo deve está descrito baseado em sua granulometria e plasticidade. Informações sobre a cor do solo, da forma e composição das partículas também devem ser identificadas. O grau de compacidade das areias e rigidez das argilas deve ser indicado (CRAIG, 2013, p. 317). Por meio das FIGURAS 13 e 14 é possível classificar as areias e argilas segundo o ensaio SPT. FIGURA 13 – Compacidade das areias em função do SPT. Fonte: PINTO/ 2006, p.48 apud MORGENTAL, 2017 FIGURA 14 – Consistências das argilas em função do SPT. Fonte: PINTO/ 2006, p.48 apud MORGENTAL, 2017 Schnaid e Odebrecht (2012 apud MORGENDAL, 2017, p. 20) evidenciam que os resultados devem ser mostrados em planilha onde que descreva as características do solo, o número de golpes necessários para a cravação do amostrador a cada profundidade, a posição do nível d’água, assim como a cota e a posição do furo. A FIG. 15 abaixo representa um perfil de uma sondagem SPT. 41 FIGURA 15 – Relatório de sondagem SPT. Fonte: MARTINS; SILVA/ 2015 2.5.3 Importâncias Para garantir a qualidade de um projeto de fundação é necessário adquirir o conhecimento do solo no qual o projeto será desenvolvido (SAVES, 2011, p. 16). O SPT é um procedimento geotécnico de campo no qual permite medir a resistência do solo ao longo da profundidade perfurada, assim como identificar o tipo de solo presente na área de estudo, a partir da retirada de uma amostra de solo, como também detectar a posição do nível ou dos níveis d’água. À vista disso, todos esses dados são primordiais para a realização de diversos cálculos, uma vez que contribuem para calcular os valores da tensão que o solo é capaz de suportar sem 42 romper, a escolha do tipo de fundação melhor a ser adotada, estimativa da capacidade de carga e recalque da fundação no solo, a cota de assentamento do elemento de fundação e o dimensionamento da mesma (ANDRADE, 2009, p. 45). 2.5.4 Medição de energia Os aspectos que devem ser observados no processo de cravação do amostrador no solo se relacionam com o modo de transferência de energia e o tempo. O modo de transferência de energia está diretamente ligado ao movimento do martelo. Este material utilizado durante o ensaio SPT possui uma energia potencial quando posicionada em dada altura, em que posteriormente será transformada em energia cinética quando estiver em queda. No entanto, devido às perdas por atrito nas cordas e roldanas, a energia potencial não é totalmente transformada em cinética. Quando o martelo atinge a extremidade superior da haste, sua energia cinética transforma-se em energia cinética e elástica, em que é percorrida na haste em forma de onda longitudinal de compressão, e em energia térmica, sonora e outras, que também acabam sendo perdidas. Logo, pode-se afirmar que, devido às perdas ocasionadas durante o impacto pelo mau contato das superfícies, desalinhamento entre as superfícies, reflexões nas luvas, entreoutros, tal energia cinética disponível no instante do impacto não é totalmente transformada em energia cinética e elástica contida na onda de compressão. A eficiência do sistema corresponde a relação entre a energia cinética com a energia potencial (ODEBRECHT, 2003, p. 51). No que se refere à variação de energia com o tempo, o mesmo é dividido em três estágios (FIG. 16). O primeiro instante consiste imediatamente antes da liberação da queda do martelo (t1= 0). O segundo relaciona-se ao momento imediatamente anterior ao impacto do martelo sobre a cabeça de bater (t2= t). E a última fase (t = ∞) equivale ao tempo em que todo o processo de penetração do amostrador no solo já ocorreu. Neste estágio, devido a cravação do amostrador, as energias potencial gravitacional da haste e do martelo foram devolvidas elasticamente e amortecidas dinamicamente no interior dos mesmos, sendo assim, então consumidas (LOBO, 2005). 43 FIGURA 16 – Estágios de cravação do amostrador no solo. Fonte: ODEBRECHT/ 2003 2.5.4.1 Eficiência Segundo Odebrecht (2003, p. 51) diversos estudos foram realizados objetivando a determinação da eficiência do golpe do martelo sobre a haste de sondagem. A FIG. 17 a seguir aborda relações que utilizam parâmetros de cálculo na estimativa da eficiência do sistema. FIGURA 17 – Definições de eficiências (KOVACS & SALOMONE, 1982). Fonte: ODEBRECHT/ 2003 Em que: h = altura de queda efetivamente medida; W = peso do martelo; 44 Vi = velocidade de queda do martelo medida imediatamente antes do impacto; Vhi = velocidade de queda do martelo imediatamente antes do impacto, estimada através da força de impacto; Energia: Ev = ½ W Vi2 : energia cinética do martelo no instante do impacto; Ehi = ½ W Vhi2: energia cinética do martelo no instante do impacto estimada através de Vhi; E* = energia potencial nominal de um martelo padrão de 63,5 Kg caindo de uma altura de 760mm [473,4 Joules (Nm)]; Er = Ei = 𝑥 = 1 A√𝐸ρ 𝐾 𝐾𝑙 ∫ [𝐹(𝑡)]²𝑑𝑡 ∆𝑡 0 : denominada por Schmertmann e Palacios (1979). Onde: A = área da haste; E = módulo de elasticidade do aço; ρ= massa especifica do aço das hastes; K = fator de correção que leva em consideração a posição da instrumentação Kl= fator de correção que leva em consideração o comprimento da haste descrita por Schmertmann e Palácios (1979); Eficiência: Erv = eficiência de energia cinética do martelo no instante do impacto; ERr = eficiência de energia transferida à haste referente á primeira onda longitudinal de compressão incidente; ERhi = Eficiência de energia cinética disponível no martelo no instante do impacto; ERi = Eficiência da energia transferida à haste na primeira onda longitudinal de compressão incidente. OBS: equações (2.1) e (2.2) – Kovacs et al. (1982); equações (2.3) e (2.4) – Schertmann & Palacios (1979); Nota-se, por meio das equações, que a eficiência do ensaio se relaciona com parâmetros relacionados da haste e martelo. 45 Segundo Neves (2004, p.15), quando o ensaio SPT é pouco eficiente é preciso realizar mais golpes para que o amostrador crave os últimos 30 cm do solo, pois a energia que é chegada para o mesmo é baixa, em razão disso, os valores de Nspt acabam sendo contabilizados acima dos reais. Quando o ensaio é altamente eficiente, o efeito ocorre de forma ao contrário, pois poucos golpes são necessários para a penetração do amostrador devido à grande energia que é chegada á este, reduzindo assim os valores do Nspt. A eficiência média de energia do sistema adotada em alguns países é vista através da FIG. 18 abaixo, onde que a eficiência ideal é aquela que corresponde o mesmo valor à média da eficiência da prática local, onde os métodos de cálculos para fundações foram fundamentados. FIGURA 18 – Eficiência média de energia incidente do ensaio SPT. Fonte: DÉCOURT/ 1989 apud NEVES, 2004 2.5.5 Fatores que interferem nos resultados do ensaio Até os anos 70, o SPT passou por uma fase de certo descrédito em função do desconhecimento da influência dos fatores que supostamente afetavam seus resultados, desse modo, o ensaio era muito questionado. Segundo Lukiantchuki (2012), muitos experimentos em campo e em laboratórios foram desenvolvidos de forma a buscar identificar as influências que ocorrem na determinação do índice de NSPT, uma vez que este índice está relacionado pela variação da energia transmitida ao conjunto haste e ao amostrador, e que diferentes energias transferidas às hastes ocasionariam resultados discrepantes. 46 É certo que o SPT sofre a influência de diversos fatores e que na maioria dos ensaios se relacionam aos de naturezas humana, de equipamento e de procedimento (CAVALCANTE, 2002, p. 25). Hvorslev (1949 apud CAVALCANTE, 2002, p. 25) classifica os fatores influenciadores em três categorias: aparelhagem, procedimento e condições do solo. Os QUADROS 1, 2 e 3 a seguir representam de forma sintetizada os fatores de influência que ocorrem durante o ensaio SPT, como citado por Cavalcante (2002, p. 25-26). QUADRO 1 – Elementos básicos associados à aparelhagem. Elementos básicos associados à aparelhagem Aparelho Fatores de influência Martelo Peso e altura de queda Haste Comprimento Revestimento do furo Razão entre seu diâmetro interno e o externo do amostrador Amostrador Diâmetro; razão da área projetada; rugosidades externa e interna (uso ou não de líner); forma e estado da sapata cortante; alargamento externo e interno (clearance); área e forma das aberturas de alívio de pressão ou ventosas (vents) Fonte: CAVALCANTE/ 2002 QUADRO 2 – Elementos básicos associados aos procedimentos. Elementos básicos associados aos procedimentos Fatores de influência Avanço, limpeza e estabilidade do furo Profundidade relativa do furo e do revestimento Intervalo de tempo entre a perfuração e a amostragem Espaçamento entre amostragens subseqüentes Profundidades de penetração do amostrador Fonte: CAVALCANTE/ 2002 47 QUADRO 3 – Elementos básicos associados ao solo. Elementos básicos associados ao solo Fatores de influência Resistência Compacidade relativa ou consistência Permeabilidade Grau de saturação Sensibilidade (argilas) Forma, distribuição e tamanho dos grãos (areias) Fonte: CAVALCANTE/ 2002 Cavalcante (2002) em sua tese cita que por meio de estudos e contribuição de vários autores é possível listar uma série de fatores que podem ser responsáveis por discrepâncias significativas nos resultados do SPT e que serão apresentados a seguir. 2.5.5.1 Uso de circulação de água na perfuração acima do lençol freático Quando se substitui o trado manual pela perfuração com circulação de água acima do lençol freático pode ocorrer alterações consideráveis nos resultados, pois esse processo, não recomendado pela NBR 6484 (2001), provoca elevada desagregação do solo e uma destruição da sua estrutura natural, aliviando as tensões do solo, tanto vertical quanto horizontal (CAVALCANTE, 2002, p. 28). 2.5.5.2 Dimensionamento da bomba e direção do jato d’água do trépano Se a pressão exercida pela bomba for baixa, a vazão é pequena, e a lavagem do furo será ineficaz. Porém, quando é alta, o efeito da vazão da bomba e da pressão na perfuração poderá causar expressivas perturbações tanto nas paredes do furo quanto na cota de assentamento do amostrador. Quando a direção do jato d’água lançado pelo trépano é radial, dependendo da pressão e da vazão, poderá acontecer também grandes perturbações nas paredes do furo, e o diâmetro do mesmo acabará aumentando (MOHR, 1966 apud CAVALCANTE, 2002, p.28). 48 2.5.5.3 Limpeza inadequada do furo de sondagem Quando se executa a perfuração através da lavagem, para a limpeza do furo é preciso um tempo para que todos os resíduos sólidos oriundos do processo sejam removidos
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