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UNIDADE 3 – O FENÔMENO DO PODER E O PODER POLÍTICO – AULA DIA 24/03/2020 O Poder Político É a possibilidade efetiva que tem o Estado de obrigar os indivíduos a fazer ou não fazer algo, tendo como objetivo o bem coletivo. Quando o poder não visa o bem público, ele retrata apenas a força daqueles que estão no governo. Nas democracias clássicas, o poder político é a vontade que os governantes, escolhidos pelo povo, realizam, de acordo com a Constituição, o que eles próprios entendem por bem público. Nas democracias contemporâneas, o poder político é a vontade que os governantes, eleitos pelo povo, realizam o que o próprio povo entende ser o bem público. Nas ditaduras, o poder político é a vontade (pessoal) dos governantes, sem a obediência a qualquer ditame constitucional ou legal. A formação social do poder (análise progressiva) Poder difuso: Por poder difuso se entende que nas sociedades há sempre uma pressão externa sobre o indivíduo, e que se manifesta sob vários aspectos, desde a força material até a persuasão psicológica. Esta pressão, nas chamadas sociedades primitivas, é que constitui o poder e, em geral, não há nenhum órgão especializado para exercê-la. O poder procedia diretamente da sociedade, não sendo exercido por uma só pessoa, mas sim, por todos que compõem tal sociedade. Ex: uma transgressão das “leis” do grupo tinha como consequência a repulsa geral e unânime e a penalidade poderia variar desde uma sanção leve até a mais grave. As proibições provinham de crenças supersticiosas. Poder personalizado Por poder personalizado se entende o exercício do poder por uma ou mais pessoas O poder personalizado quase sempre é tido como propriedade do governante; ele o conquista de determinada maneira e o exerce tão discricionariamente até onde sua vontade se puder impor aos governados, sem provocar uma reação indesejada. Poder institucionalizado O Poder Institucionalizado existe quando há uma estrutura organizada para cumprir a função social do poder e quando essa estrutura obedece a normas preestabelecidas, independentemente da vontade própria dos que exercem o poder. Assim, na fase institucional, o poder volta à massa dos indivíduos e são as normas por eles editadas ou aprovadas que regulam a ação dos governantes e as relações dos indivíduos entre si. O conjunto dessas normas, costumeiras ou escritas, é o direito, e a organização daí decorrente é o Estado moderno. Causas sociais e psicológicas do poder Causa social: é o fato de o homem viver em sociedade. Ou seja, inexistindo o poder estatal, por exemplo, a sociedade não teria regras a seguir, valendo-se cada cidadão de sua própria concepção do que é certo e errado, o que ensejaria em odiosa desordem. Causa psicológica: é a coexistência entre duas tendências fundamentais (ordenar e obedecer). Condições do poder Força: é a possibilidade que o Governo tem de aplicar a força material para ser obedecido. Essa força, contudo, é considerada virtual, na medida em que ela existe a todo momento, contudo, somente é aplicada em situações excepcionais (ex: intervenção federal RJ). Consentimento: o poder, para ser obedecido, precisa do consentimento da maior parte do grupo social. Propaganda: meio pelo qual o Governo demonstra o seu “trabalho”, dando enfoque, na maioria dos casos, aos seus maiores feitos, de maior repercussão social. Prestígio: compreende o respeito, a simpatia e a confiança que a população deposita em seu governante. Êxito: trata-se da capacidade de se realizar grandes feitos no poder. A linguagem do poder Os atos de coação devem sem excepcionais no exercício do poder político. Ele repousa, principalmente, na obediência voluntária e habitual, no consentimento. Por isso, o meio normal de exercício do poder é a linguagem, que compreende todos os meios de comunicação do pensamento, desde a ordem, pura e simplesmente enunciada na lei, até os regulamentos e decisões administrativas. As normas de atividade social editadas pelo poder, para serem compreendidas e obedecidas, manifestam-se, portanto, por palavras. Verba plusquam gladium, et vocês plusquam manus = palavras valem mais que espadas, e propaganda mais que mãos. Necessário se faz deixar clara a diferença entre linguagem e propaganda. A linguagem é imperativa, ou seja, não tem por fim convencer, mas sim obrigar. A propaganda, outrossim, objetivas disseminar ideias, criar atitudes, convicções e opiniões. A Opinião Pública Opinião: é um juízo ou sentimento que se manifesta em um assunto sujeito a deliberação. A opinião é um estado de espírito que consiste em julgar verdadeiro um fato ou uma afirmação, mas admitindo que talvez estejamos enganados. É uma convicção mais ou menos profunda, que nos leva a afirmar uma coisa e a proceder de um certo modo, sendo, contudo, uma convicção que não tem infalibilidade, ou seja, a certeza de uma verdade científica. Público: quer dizer “do povo, da sociedade”. Opinião Pública: é a opinião do povo. Gabriel Tarde assim define a opinião pública: “é um grupo momentâneo e mais ou menos lógico de julgamentos que, respondendo a problemas propostos, em dado momento, é partilhado por numerosas pessoas do mesmo país, do mesmo tempo, da mesma sociedade. A opinião pública é a opinião da maioria quando a minoria, mesmo discordando, a ela se submete pacificamente, sem perigo da força, ou seja, se a minoria se conforma com a opinião da maioria, considerando-a de acordo com o sistema legal adotado, ainda que a considere errônea, há opinião pública. Para que haja opinião pública é preciso que, acima das divergências de opinião entre maioria e minoria, exista entre ambas um acordo sobre a legitimidade, o direito da maioria em impor o próprio modo de pensar. Para constituir a opinião pública de uma sociedade determinada, a opinião da maioria não pode ferir nem desconhecer os direitos individuais, as liberdades essenciais do regime democrático. E isso porque, desde que a opinião da maioria não infringe os direitos individuais, a minoria não lhe pode negar legitimidade, e, ainda, que discordando e combatendo-a, deve respeitá-la, e cumpri-la lealmente se for transformada em lei. Quando o povo está subdividido em facções inimigas e irreconciliáveis, que pensam de modo diverso sobre as linhas fundamentais e os problemas essenciais do Estado, e não estão dispostas a se respeitarem mutuamente, não se pode formar uma opinião pública. a opinião pública não tem por função pôr em prática métodos técnicos de governar, e sim decidir sobre a orientação geral, os princípios fundamentais e os casos concretos de maior relevância. Como se forma a opinião pública: a opinião pública se forma a partir de observações feitas pela maioria de indivíduos sobre determinado assunto, contrapondo-se à opinião da minoria. Limites da opinião pública: em verdade, não é possível traçar regras para determinar rigorosamente os limites da opinião pública, face à sua abrangência. REFERÊNCIAS: AZAMBUJA, D. Introdução à ciência política. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2008.
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