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DISCIPLINA: CONTABILIDADE GERAL AULA 1 Prof.ª Edicreia Andrade dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Olá! Diante do atual cenário econômico, a contabilidade, por intermédio do estudo do patrimônio, mostra-se uma ferramenta essencial para a tomada de decisões. Ela fornece informações tanto para os usuários internos da empresa – como para funcionários e diretores, quanto para os usuários externos – governo, fornecedores e acionistas. É com base nos relatórios fornecidos pela contabilidade que são tomadas decisões nas empresas, pois esse setor é responsável pelo registro e pela apuração dos resultados de um determinado período. O objetivo desta aula é apresentar aspectos introdutórios a respeito das práticas contábeis aplicadas às empresas, para possibilitar a compreensão dos fundamentos básicos da contabilidade com vistas à estruturação do conhecimento que envolve a escrituração contábil, e com a finalidade de desenvolver a capacitação prática por meio da aplicação dos métodos e da utilização dos livros contábeis específicos para o registro contábil. Desta maneira, serão estudados conceitos como ativo, passivo, patrimônio líquido, diferenças entre contas patrimoniais e de resultado, estrutura dos razonetes e sua aplicabilidade. Além disso, discutiremos a respeito do plano de contas e o balancete de verificação. CONTEXTUALIZANDO Abordaremos alguns temas importantes, os quais você confere a seguir: 1. Conceito, tipos de contas: contas patrimoniais e de resultado, situação das contas, saldo de uma conta; compreensão dos principais conceitos relacionados ao estudo do patrimônio. 2. Razonete, estrutura e funcionamento das contas; aplicar os principais conceitos da contabilidade na escrituração contábil. 3. Contas de resultado, contas de compensação; compreender os principais conceitos relacionados ao estudo do resultado. 4. Planos de contas: conceito, tipos de contas, situação das contas, saldo de uma conta; desenvolver a capacitação teórica e prática do plano de contas. 3 5. Balancete de verificação: desenvolver a capacitação teórica e prática do balancete de verificação. A contabilidade surgiu da necessidade de controlar as posses e riquezas, ou seja, o patrimônio. Atualmente, ela tem aplicabilidade tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, com e sem finalidades lucrativas. No entanto, para se alcançar tamanha importância, a contabilidade passou por diversos processos de modificação e adaptação, o que culminou com a indiscutível importância dessa ciência para o mundo dos negócios, pois, por intermédio das técnicas da contabilidade, controla-se quanto uma empresa tem a receber e a pagar, qual é o valor de seus bens e todas as variações ocorridas no patrimônio durante determinado período. Isso satisfaz as necessidades de diversos usuários, como pessoas físicas (para controlar as finanças pessoais), governo (para controlar do recolhimento de tributos), bancos (para assegurar investimentos), acionistas (para assegurar rentabilidade) e diretores (para auxiliar na tomada de decisões). Logo, entende-se que a contabilidade, mediante o estudo do patrimônio das entidades e suas mutações, objetiva fornecer aos usuários – internos e externos – informações que possam ajudá-los na tomada de decisão. TEMA 1 – CONCEITO E TIPOS DE CONTAS: CONTAS PATRIMONIAIS E DE RESULTADO, SITUAÇÃO DAS CONTAS, SALDO DE UMA CONTA Conforme estatísticas, quase 50% das empresas fecham as portas no primeiro ano de atuação, pois lhes falta controle e planejamento. Isso pode ser suprido por meio do instrumento da contabilidade. Ela auxilia na tomada de decisão, visto que o objetivo é registrar, planejar, acompanhar, resumir, analisar, interpretar e controlar todas as situações que afetem o patrimônio das empresas (Oliveira; Moreira, 2012). Diante desse objetivo, a contabilidade estuda as mutações do patrimônio e suas implicações para a tomada de decisão. Com isso, define-se patrimônio como o objeto da contabilidade. Essa área, portanto, torna-se indispensável para as empresas, com a finalidade de realizar transações com bancos, fornecedores ou órgãos governamentais ou para a inserção no mercado de ações. 4 Como já definimos, o objeto da contabilidade é o patrimônio, ou seja, um conjunto que compreende bens, direitos e obrigações de uma empresa. Em síntese, são os elementos necessários para a existência da empresa. Conforme Bächtold (2011, p. 173), bens “são os elementos que podem ser avaliados monetariamente e podem ser destinados para uso, troca ou venda”. Como exemplos podemos citar: carros, máquinas, terrenos, entre outros. Vale ressaltar algumas classificações importantes que são utilizadas na contabilidade. Por exemplo, existem os bens permanentes e os bens de consumo. Estes, por exemplo, serão consumidos em um curto período de tempo, como material de expediente. Aqueles, são utilizados pela empresa a longo prazo, como um carro. Outra classificação existente é entre bens móveis (máquinas) e imóveis (terrenos) ou bens tangíveis (carros, máquinas) e intangíveis (marca, direitos autorais). Dessa forma, o patrimônio da empresa pode ser composto por cinco carros, trinta máquinas e um edifício, por exemplo. Bächtold (2011, p. 174) define direitos como “bens (ou o seu equivalente) em recursos financeiros de propriedade da empresa, que se encontram momentaneamente em poder de terceiros”. Exemplos de direitos são: promissórias a receber, caderneta de poupança e duplicatas a receber. Outro elemento do conceito de patrimônio são as obrigações. Elas são as responsabilidades de realização de pagamentos por bens adquiridos ou dívidas. Na contabilidade, atribui-se a nomenclatura “exigível” para as obrigações, pois se exige que a empresa realize o pagamento de determinada dívida. Alguns exemplos de obrigações são os salários, fornecedores e impostos a pagar. Conhecidos os conceitos de bens, direitos e obrigações, agora iremos estudar a respeito dos conceitos de ativo, passivo e patrimônio líquido. Simplificadamente, ativo são os bens e direitos de uma empresa, como caixa, bancos, imóveis, veículos, equipamentos, contas a receber etc. Conforme definição do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) 00, o ativo “é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade”. Por convenção, todos os elementos do ativo devem ser apresentados no lado esquerdo do balanço patrimonial. 5 Já o passivo abrange as obrigações com terceiros de uma empresa, por exemplo, contas a pagar, financiamentos a pagar, impostos a pagar etc. Conforme o CPC 00, “passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos”. Em oposição ao ativo, as contas do passivo serão apresentadas ao lado direito do balanço patrimonial. O patrimônio líquido é resultado de os bens mais os direitos, menos as obrigações, ou seja, ativo menos o valor do passivo. O patrimônio líquido pode ser constituído por investimentos dos sócios (mediante compra de ações, por exemplo) e lucros do período. Assim como o passivo, os elementos do patrimônio líquido são apresentados no lado direito do balanço patrimonial. Sintetizando: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido Esses elementos – ativo, passivo e patrimônio – compõem o balanço patrimonial de uma empresa, que representa a situação patrimonial em determinado instante. Ele pode ser compreendido como uma fotografia da empresa em um determinado tempo. Aplicando esses conceitos, tem-se o seguinte exemplo da estrutura de um balanço patrimonial. Quadro 1 – Estrutura de um balanço patrimonial Alfenas S.A. Balançopatrimonial em 31-1-20X1 Ativo Passivo e patrimônio líquido Caixa 1.000 Passivo Bancos 800 Contas a pagar 3.500 Contas a receber 3.000 Fornecedores 1.800 Estoque de materiais 3.000 Patrimônio líquido Terrenos 1.700 Capital 4.000 Veículos 500 Lucros acumulados 700 Total 10.000 Total 10.000 Fonte: Iudicibus, 2010. Conforme o exemplo anterior, é necessário descobrir se o caixa é classificado como ativo ou passivo. Além disso, é necessário evidenciar se esse elemento é positivo ou negativo, com a finalidade de encontrar o saldo 6 patrimonial. Conforme Bächtold (2011), isso é necessário para que as contas não sejam lançadas simplesmente de forma aleatória na contabilidade, necessitando-se de uma padronização. Por isso, após a realização de cada operação da empresa (por exemplo, compra de mercadorias) seria necessário elaborar um balanço no intuito de verificar a igualdade da equação do patrimônio (Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido). Porém, existe certo grau de dificuldade e aplicabilidade, tornando-se bastante oneroso (Iudicibus; Marion, 2010). Então, as operações (seus aumentos ou suas diminuições) são registrados em contas. Ribeiro (2009), comenta: conta é um nome técnico dado aos bens, direitos e obrigações, receitas e despesas. Antigamente, as contas eram registradas em fichas e livros. Atualmente, são registradas no computador, de acordo com suas características. Os registros são agrupados conforme natureza. Por exemplo, se a empresa recebe dinheiro, esse evento é registrado na conta caixa, ou seja, aquela que pertence ao ativo, mas se a empresa for pagar algo, será registrada a saída do dinheiro na conta caixa. Sendo assim, os itens do ativo, do passivo e do patrimônio líquido serão registrados em contas individualizadas, as quais posteriormente serão registradas no balanço patrimonial, conforme o grupo a que pertencem. Nesse sentido, temos as contas patrimoniais e as contas de resultado. Os elementos vistos até o momento (caixa, contas a receber, salários a pagar, lucros) representam as contas patrimoniais, pois são originárias do balanço patrimonial. Assim, as contas de resultado são representadas pelas receitas e despesas que no fim do exercício apontarão o resultado, que pode ser positivo (lucro) ou negativo (prejuízo). Os conceitos de receitas e despesas serão introduzidos no Tema 3. Mediante a realização do seguinte cálculo: soma de bens e direitos e subtração das obrigações, encontra-se a situação patrimonial de uma empresa. A situação pode ser positiva, negativa ou nula. Na situação patrimonial positiva, o total de elementos do ativo supera o total de elementos do passivo. Porém, quando o total de elementos do passivo supera o total de elementos do ativo, tem-se uma situação patrimonial negativa. É também conhecido como passivo a descoberto e ocorre quando as obrigações são maiores que os bens e direitos. 7 Logo, a empresa não consegue cumprir (honrar) as obrigações com terceiros. Já a situação patrimonial nula ocorre quando o conjunto de bens e direitos é igual às obrigações. No quadro 2 a seguir, sintetizamos essas ideias. Quadro 2 – Síntese de conceitos Ativo (bens + direitos) > passivo (obrigações) Situação patrimonial positiva, ou seja, pl > 0 Ativo (bens + direitos) < passivo (obrigações) Situação patrimonial negativa, ou seja, pl < 0 Ativo (bens + direitos) = passivo (obrigações) Situação patrimonial nula, ou seja, pl = 0. Outro conceito importante na contabilidade é a configuração do capital que representa o patrimônio líquido, que é apresentado na forma dos seguintes conceitos: capital nominal, capital próprio, capital de terceiros e capital total à disposição da empresa. O capital nominal representa o investimento inicial realizado pelos sócios de uma empresa, ou seja, é o patrimônio líquido inicial da empresa. Esse capital será alterado quando forem realizados investimentos adicionais, como aumento de capital pelos sócios ou pela geração de lucros. Por exemplo: a empresa “Zac S.A” foi constituída por dois sócios, com um capital integralizado de $ 200.000 (sendo $ 50.000 em máquinas e equipamentos). O balanço patrimonial será assim representado. Quadro 3 – Balanço patrimonial da empresa Zac S.A. Zac S.A. Balanço patrimonial em 31/12/201X Ativo Passivo Caixa 150.000 Máquinas e equipamentos 50.000 Patrimônio líquido Capital social 200.000 Total 200.000 Total 200.000 8 Outra forma é o capital próprio, que compreende o capital social inicial e suas variações. Por exemplo, considera-se: no ano seguinte, a mesma empresa apresentou um lucro de $ 30.000 provenientes de suas atividades. Logo, o capital próprio da empresa seria de $ 200.000 mais o lucro, totalizando $ 230.000, sendo que também haveria um incremento na conta caixa (ou até mesmo nas contas a receber), no mesmo valor. Sendo a situação patrimonial da empresa assim representada. Quadro 4 – Balanço patrimonial da empresa Zac S.A. Zac S.A. Balanço patrimonial em 31/12/201X Ativo Passivo Caixa 180.000 Máquinas e Equipamentos 50.000 Patrimônio Liquido Capital Social 200.000 Lucros 30.000 Total 230.000 Total 230.000 O capital de terceiros corresponde ao capital (utilizado de terceiros, ou seja, não sócios) para financiar as atividades da empresa. Suponha que no período seguinte a empresa tenha efetuado uma compra de mercadorias a prazo no valor de 10.000. Isso entrará no estoque e gerará uma dívida. Quadro 5 – Balanço patrimonial da empresa Zac S.A. Zac S.A. Balanço patrimonial em 31/12/201X Ativo Passivo Caixa 180.000 Fornecedores 10.000 Estoque 10.000 Patrimônio líquido Máquinas e Equipamentos 50.000 Capital social 200.000 Lucros 30.000 Total 240.000 Total 240.000 9 Dessa forma, o capital próprio será de $ 230.000 (capital social + lucros) e o capital de terceiros será de $ 10.000 (Fornecedores). Por fim, tem-se ainda o capital total à disposição, que consiste na soma do capital próprio e capital de terceiros ($ 230.000 + $ 10.000). Diante disso é possível salientar que o passivo mostra a origem de capital, ou seja, de onde a empresa conseguiu os recursos que possui (capital próprio ou capital de terceiros), enquanto que o ativo representa a aplicação do capital, ou seja, onde os recursos foram aplicados (por exemplo: compra de máquinas e equipamentos, estoque). Resumidamente: Figura 1 – Resumo de conceitos Ativo (Bens e Direitos) Passivo (obrigações) Capital de Terceiros Patrimônio líquido Capital próprio TEMA 2 – RAZONETE, ESTRUTURA DAS CONTAS E FUNCIONAMENTO DAS CONTAS Conforme estudado anteriormente, a conta é um nome técnico atribuído aos bens, direitos e obrigações, assim como para as receitas e despesas. Por exemplo, o caixa, as contas a receber e as máquinas são algumas das contas pertencentes ao ativo. Cada conta tem uma finalidade. Por exemplo, a conta “caixa” representa o dinheiro, isto é, tanto os recebimentos quanto os pagamentos. Porém, antes de introduzirmos o conceito de razonete, faz-se necessária a compreensão de outros conceitos. O primeiro deles é a distinção entre curto e longo prazo, fundamental para a estrutura final do balanço patrimonial. O curto prazo, na contabilidade, representa um período equivalente a um ano; por sua vez o longo prazo representa um período superior a um ano. Origem de recursos Aplicação de recursos 10 Figura 2 – Curto prazo e longo prazo Fonte: Marion, 2009, p. 67. Para tanto, utilizam-se os conceitos de circulante e não circulante na contabilidade, sendo que o (ativo e passivo) circulante representam as operações de curto prazo; o não circulante representa as contas de longo prazo. Contudo, vale a observação de Marion(2009) acerca do conceito de curto prazo estar relacionado ao ciclo operacional do negócio. Por exemplo, uma empresa que fabrica navios de grande porte levará mais do que um ano para concluir uma embarcação. Por esse motivo, o curto prazo não será equivalente a um ano, será de três anos. Outro exemplo muito comum é aplicado à pecuária: o período de nascimento de um bezerro até chegar à condição de boi gordo é superior a um ano. Voltando ao conceito de circulante e não circulante, tem-se uma segregação para as contas de ativo e passivo. Por exemplo, no ativo circulante são classificadas contas como disponível (caixa e banco), que são aquelas que estão em poder da empresa, além de todos os outros valores que serão convertidos em dinheiro no curto prazo, como duplicatas a receber e estoques. No ativo não circulante são classificadas todas as contas que serão transformadas em dinheiro a longo prazo. Por exemplo, um imóvel que a empresa vendeu e irá receber em cinco anos. Este será classificado como um realizável a longo prazo. Além dessas contas, o ativo também é composto pelos investimentos imobilizado e intangível, que são itens os quais dificilmente se transformarão em dinheiro, pois não estão destinados à venda, e sim são meios de produção utilizados para a obtenção de renda pela empresa. Os investimentos referem-se 31-12-X0 Término do exercício social Curto prazo Longo prazo X1 X2 31-12-X1 11 a participações societárias em outras empresas. O imobilizado é compreendido pelo conjunto de bens e direitos necessários à manutenção das atividades da empresa, como máquinas. Por fim, o intangível é aquele no qual se classificam as marcas, patentes e softwares. Da mesma forma que no ativo, no passivo também existe a segregação em passivo circulante e passivo não circulante. O circulante engloba as dívidas com terceiros que serão pagas no curto prazo, como salários, impostos a pagar e dívidas com fornecedores de mercadorias. O não circulante, por sua vez, é composto pelo exigível a longo prazo, que compreende as dívidas com terceiros a serem pagas em um longo prazo, como financiamentos. Além disso, no passivo temos o patrimônio líquido. Este, conforme estudamos, representa os recursos aplicados pelos proprietários na empresa. Sintetizando, a estrutura do Balanço Patrimonial é assim apresentada. Quadro 6 – Estrutura do balanço patrimonial Ativo Passivo e patrimônio líquido Circulante Circulante Não circulante Realizável a longo Prazo Investimentos Imobilizado Intangível Não circulante Exigível a longo prazo Patrimônio líquido Agora que conhecemos a estrutura do Balanço Patrimonial, bem como o agrupamento das contas conforme a sua natureza, é possível introduzir os conceitos de razonete, débito e crédito. Se a empresa recebe dinheiro, esse evento é registrado na conta caixa que pertence ao ativo, mas se a empresa for pagar algo, será registrada uma saída do dinheiro nessa mesma conta. Sendo assim, cada item será registrado de forma individualizada para que posteriormente se elabore o balanço patrimonial e as demais demonstrações contábeis. O modelo a seguir representa uma forma de registro no livro-razão. 12 Quadro 7 – Forma de registo no livro-razão Nome da conta Data Descrição da operação Débito Crédito Saldo Fonte: Iudicibus; Marion, 2010. Atualmente, utilizam-se códigos que facilitam o registro, por exemplo, a conta caixa tem o código 101; o item contas a receber tem o código 102 (conforme o plano de contas, que será estudado na sequência). Porém, para simplificar esse processo, utiliza-se a representação gráfica “razonetes” ou “contas em T”. Caixa Débito Crédito Nesse razonete, registram-se todas as movimentações da conta “caixa”, tanto de entrada, quanto de saída de dinheiro. Isso deve ser efetuado individualmente. Para tanto, o lado esquerdo é chamado de débito; o direito, de crédito. A diferença entre o total de débitos e créditos feitos em uma conta é denominado saldo. Quando o valor dos créditos for superior ao dos débitos, o saldo final da conta será credor. Visto que uma conta tem dois lados, eles podem simbolizar tanto aumentos quanto diminuições, isso é determinado pela natureza das contas. As contas que compõem o ativo encontram-se no lado esquerdo do balanço, por isso, as contas do ativo devem sempre apresentar saldo devedor. Por exemplo, uma empresa efetuou uma venda ($ 1.000) e recebeu o pagamento do cliente a vista. O lançamento na conta Ativo será o seguinte: 13 Caixa Débito (1.000) Dessa forma conclui-se que quando qualquer conta do Ativo for aumentada, será efetuado um débito na conta, e quando a conta do Ativo for diminuída, será efetuado um crédito na conta. Por outro lado, as contas do Passivo e do Patrimônio Líquido, aparecem no lado direito do balanço, logo, possuem saldo credor. Dessa forma os aumentos de Passivo ou Patrimônio Líquido são registrados no lado credor. Contas do ativo Contas do passivo e PL Débito Aumentos Crédito Diminuições Débito Diminuições Crédito Aumentos Diante disso, insere-se o método das partidas dobradas, considerando: para o registro de qualquer transação, tem-se um débito em uma ou mais contas e um crédito equivalente em uma ou mais contas. Assim, a soma dos valores debitados tem de ser a mesma dos valores creditados. Por exemplo: três sócios fundaram a empresa JIC S.A., integralizando no ato $ 50.000 em dinheiro. Caixa Patrimônio líquido 50.000 50.000 Nesse caso, o caixa (débito) e o patrimônio líquido (crédito) foram aumentados. Além dessa operação, a empresa decidiu comprar um terreno por $ 8.000. Esse montante foi pago à vista. Caixa Terreno 50.000 Saldo = 42.000 8.000 8.000 14 Nesse caso, a conta caixa foi creditada (houve uma redução, pois foi retirado dinheiro da empresa para efetuar a compra do terreno). A conta Terrenos foi debitada (pois esse bem passou a fazer parte do ativo da empresa). Na sequência, a empresa fez uma compra de materiais por $ 7.000 a prazo. Estoque Contas a pagar 7.000 7.000 Adquiriu-se um novo ativo, debitando-se estoques. Com isso, a empresa assumiu uma nova obrigação, creditando-se contas a pagar. Dessa forma, ao fim do período, o balanço patrimonial da empresa JIC S.A. será apresentado da seguinte forma. Quadro 8 – Balanço patrimonial da empresa JIC S.A. Ativo Passivo e patrimônio líquido Circulante Caixa 42.000 Estoque 7.000 Circulante Contas a pagar 7.000 Não circulante Realizável a longo prazo Investimentos Imobilizado Terrenos 8.000 Intangível Não circulante Exigível a longo prazo Patrimônio líquido Capital Social 50.000 Total 57.000 Total 57.000 TEMA 3 – CONTAS DE RESULTADO E CONTAS DE COMPENSAÇÃO Existem as contas patrimoniais e as contas de resultado, de acordo com o estudado anteriormente. As contas patrimoniais são originárias do balanço patrimonial, como caixa, estoque e contas a pagar. As contas de resultado são representadas pelas receitas e despesas que, no fim do exercício fiscal, apontarão o lucro ou prejuízo da empresa. 15 Portanto, a receita representa a entrada de recursos financeiros, em geral provenientes da venda de bens ou serviços. As receitas sempre provocam aumentos de ativos. Por exemplo, a empresa KA S.A. realizou uma venda de mercadorias a vista no valor de $ 1.000. Caixa (ou clientes) Receita com vendas 1.000 1.000 Essa venda gera um recebimento que será registrado no caixa. Porém, se a venda efetuada fosse a prazo, em vez de realizar um débito na conta caixa, seria realizado um débito na conta clientes. As despesas, de acordo com Bächtold (2011), são caracterizadas pelo consumo de bensou serviços ou mesmo a saída de recursos financeiros. Como exemplos, tem-se as despesas com água, luz, telefone, salários, propaganda, material de expediente e limpeza. A empresa KA S.A., por exemplo, efetuou o pagamento da conta de telefone no valor de $ 200. Caixa Despesa de telefone 200 200 Nesse caso, efetuou-se uma retirada do caixa para realizar o pagamento da despesa de telefone. Apurados os valores de receitas e despesas, é possível elaborar a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), a qual consiste na diferença entre receitas e despesas. Considerando o exemplo da empresa KA S.A., seria $ 1.000 das receitas, menos $ 200 das despesas, gerando um resultado de $ 800 (lucro). Com isso, a empresa terá resultado positivo – ou lucro – quando as receitas forem maiores que as despesas ou um resultado negativo – ou prejuízo – quando as receitas forem menores que as despesas. Esse resultado apurado (lucro ou prejuízo) será incorporado ao balanço patrimonial. 16 Quadro 9 – Síntese Operações À vista A prazo Receita Caixa (aumenta o ativo) Duplicatas a receber (aumenta o ativo) Despesa Caixa (diminui o ativo) Contas a pagar (aumenta o passivo) Dessa forma, quando: Receitas > Despesas Lucro Receitas < Despesas Prejuízo As contas de receitas e despesas têm por finalidade registrar informações de gastos e ganhos, sendo que não representam nenhum elemento patrimonial, mas sim de resultado. Sendo assim, são utilizadas apenas para a elaboração da demonstração de resultados do último período. Para tanto, elas são abertas no início de cada ano e recebem os dados de receitas e de despesas do período e são encerradas no fim do período. Posteriormente, faz-se o processo para zerar os saldos das contas de receitas e despesas (para que não sejam acumuladas para o período seguinte). Isso se denomina como o encerramento das contas de resultado. As transferências das contas de resultado devem respeitar a natureza de cada conta, isto é, como as contas de despesas são a débito, ao transferi-las para a conta de Apuração do Resultado do Exercício (ARE), deve-se salvaguardar sua natureza, debitando-a na referida conta. Já as contas de receitas têm natureza a crédito, portanto, ao transferi-la, devemos creditá-la na ARE, para que sua natureza seja respeitada. Todavia, isso deve ser efetuado respeitando o método das partidas dobradas (para cada débito existe um crédito). Nesse sentido, quando se realiza a transferência de uma despesa para a conta de apuração, realiza-se um crédito nessa conta. DRE Balanço patrimonial 17 Exemplificando: a companhia Empreiteiros S.A. tem as seguintes movimentações: Saldo de $ 30.000 no caixa e $ 30.000 no capital social. Compra de mercadorias à vista, no valor de $ 10.000. Pagamento de despesa de energia elétrica no valor de $ 1.000. Pagamento de fatura de telefone no valor de $ 500. Venda de mercadorias à vista no valor de $ 8.000 com custo da Mercadoria Vendida (CMV) de $ 5.000. Os lançamentos serão os seguintes: Caixa Capital social 30.000 8.000 10.000 1.000 500 30.000 Receita com vendas Despesa de telefone 8.000 500 Despesa de energia CMV Estoque 1.000 5.000 10.000 5.000 Ao realizar a venda, e a companhia receber o valor da mercadoria vendida, a empresa terá de entregar ao comprador a mercadoria que estava estocada. Para isso, debita-se o CMV, reconhecendo o custo da mercadoria que inicialmente foi comprada e estocada até ser vendida ao cliente. Concomitantemente, a conta estoque foi creditada, pois, para entregar a mercadoria, faz-se necessário dar baixa no estoque e reconhecer a saída da 18 mercadoria do estoque para ser entregue ao comprador. Posteriormente, ao realizar-se o ARE em uma conta separada, o resultado será transferido para a conta lucros (ou prejuízo), a qual será apresentada no balanço, visto que a conta ARE é transitória e também deverá ser zerada. ARE Lucro 500 1.000 5.000 8.000 1.500 6.500 8.000 1.500 1.500 Nesse caso, o saldo encontrado ($ 1.500) no lado credor será transferido para a conta de lucros; a conta de ARE também será zerada. O encerramento das contas é representado por dois traços diagonais no fim do razonete (isso também deverá ser efetuado para as contas de receitas e despesas e CMV). O balanço patrimonial e a demonstração de resultados serão assim constituídos. Ativo Passivo e patrimônio liquido Circulante Caixa 26.500 Estoque 5.000 Circulante Contas a pagar Não circulante Realizável a longo prazo Investimentos Imobilizado Intangível Não circulante Exigível a longo prazo Patrimônio líquido Capital social 30.000 Lucro 1.500 Total 31.500 Total 31.500 Receita com vendas 8.000 (-) CVM 5.000 (=) Resultado Bruto 3.000 (-) Despesas (-) Despesa com telefone 500 (-) Despesas com energia 1.000 (=) Resultado líquido do exercício 1.500 19 TEMA 4 – PLANOS DE CONTAS: CONCEITO, TIPOS DE CONTAS, SITUAÇÃO DAS CONTAS, SALDO DE UMA CONTA Até agora, estudamos alguns exemplos de registros contábeis, os quais mostram fatos que ocorreram na empresa. Porém, para efetuar essa escrituração, o contador necessita de uma relação de todas as contas necessárias para realizar o procedimento contábil. Conforme Padoveze (2009), um plano de contas é o conjunto de contas criado pelo contador para atender às necessidades de registros das transações que ocorrem na empresa, para possibilitar a geração dos principais relatórios contábeis e atender o usuário da informação. Um plano de contas deve apresentar aquelas que serão movimentadas pela contabilidade. Vale ressaltar: esse plano é uma das primeiras coisas a serem criadas, por isso, demanda muito planejamento. Ele é elaborado conforme as necessidades e operações de cada empresa, ou seja, não há um padrão no plano de contas (exceto as contas principais). Mas o fato é que ele pode ser moldado e alterado conforme a demanda e a necessidade de cada empresa. Por exemplo, não há necessidade de uma empresa de serviços ter uma conta de estoques no seu ativo, pois ela normalmente não realiza operações com mercadorias. Os objetivos de um plano de contas são atender às necessidades de informação da administração da empresa, observar o formato compatível com os princípios de contabilidade e a legislação acerca da elaboração das demonstrações, e adaptar-se (tanto quanto possível) às exigências dos agentes externos, principalmente às da legislação do imposto de renda. Vejamos na sequência o elenco das principais contas a serem utilizadas pelas empresas conforme a estrutura exigida pela legislação, para posteriormente compreendermos a sua elaboração. 20 Quadro 9 – Contas patrimoniais 1. Ativo 2. Passivo e patrimônio liquido 1.1 Circulante 2.1 Circulante 1.2 Não circulante 1.2.1 Realizável a longo prazo 1.2.2 Investimentos 1.2.3 Imobilizado 1.2.4 Intangível 2.2 Não circulante Exigível a longo prazo 2.3. Patrimônio líquido 2.3.1 Capital social 2.3.2 Lucro Quadro 10 – Contas de resultado 3. Despesa 4. Receitas 3.1 Custo das mercadorias vendidas 3.2 Despesas operacionais 3.2.1 Despesas gerais 4.1 Receita líquida 4.1.1 Receita bruta de vendas 4.2 Outras receitas operacionais A estrutura do plano de contas deve abranger uma numeração, que deverá ser separada por níveis. A quantidade de níveis varia de empresa para empresa, sendo que o plano de contas geralmente é composto por quatro ou mais níveis. O primeiro aspecto importante a ser observado é a numeração na esquerda das contas, a qual deve sempre observar o seguinte critério: Quadro 11 – Critério para numeração de contas Algarismo Contas 1 2 3 4 Contas do ativoContas do passivo Contas de despesas Contas de receitas Além disso, deve-se obedecer ao critério do grau de liquidez das contas (prazo para se transformar em dinheiro). Por exemplo, no ativo, a conta de duplicatas a receber será transformada em dinheiro quando estas forem recebidas. Por outro lado, a conta caixa e bancos são as que têm maior grau de liquidez, pois representam disponibilidades imediatas (Ribeiro, 2009). Logo, são 21 as primeiras contas a aparecerem, enquanto os bens serão elencados mais ao fim. No caso do passivo, deve-se obedecer ao grau de exigibilidade, o qual representa o prazo em que as obrigações da empresa devem ser pagas. Por isso, tem-se também a segregação em circulante e não circulante. Na sequência, observam-se os níveis de cada conta. Para isso, vale analisar pela associação de Bächtold (2011) com a matemática. Figura 3 – Níveis de contas No primeiro nível, estão representadas as contas de Ativo, Passivo, despesas e receitas. Já no segundo nível estão representados um grupo de contas do Ativo, por exemplo, e assim sucessivamente. Vejamos o exemplo: Quadro 11 – Exemplo de níveis de contas 1. Ativo 1.1 Ativo circulante 1.1.1 Caixa 1.1.2 Bancos O plano de contas pode ser ainda mais detalhado. Por exemplo, um item 1.1.2.1 que represente o Banco Alfa. Contudo, é critério da empresa a adoção de um plano de contas mais – ou menos – detalhado. Vale ainda lembrar que se a numeração fosse 1.1.2.01, seria possível cadastrar ainda nove contas de bancos. Isso é um aspecto importante para ser observado em contas como clientes e fornecedores. Vale ainda ressaltar que as contas do último nível são denominadas de analíticas. Somente elas podem receber lançamentos na contabilidade. As demais são denominadas de sintéticas ou totalizadoras. 1. 1.1 1.1.1 22 Existem formas mais simples de efetuar os registros do que utilizar 1.1.2.1. Por exemplo, poderia se utilizar o código 121 e saberíamos que estamos debitando o creditando dinheiro do Banco Alfa. Na sequência, apresentamos um modelo com algumas contas principais de um plano de contas. Quadro 12 – Modelo de contas de um plano de contas 1 ATIVO 2 PASSIVO 1.1 ATIVO CIRCULANTE 2.1 CIRCULANTE 1.1.1 Caixa 2.1.1 Impostos e Contribuições a recolher 1.1.1.01 Caixa geral 2.1.1.01 Simples a recolher 1.1.2 Bancos com movimento 2.1.1.02 INSS 1.1.2.01 Banco Alfa 2.1.1.03 FGTS 1.1.3 Contas a receber 2.1.2 Contas a pagar 1.1.3.01 Clientes 2.1.2.01 Fornecedores 1.1.3.02 Outras contas a receber 2.1.2.02 Outras contas 1.1.3.09(-) Duplicatas descontadas 2.1.3 Empréstimos bancários 1.1.4 Estoques 2.1.3.01 Banco A - Operação X 1.1.4.01 Mercadorias 1.1.4.02 Produtos Acabados 2.2 NÃO CIRCULANTE 1.1.4.03 Insumos 2.2.1 Empréstimos bancários 1.1.4.04 Outros 2.2.1.01 Banco A - Operação X 1.2 NÃO CIRCULANTE 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.2.1 Contas a receber 2.3.1 Capital social 1.2.1.01 Clientes 2.3.2.01 Capital social subscrito 1.2.1.02 Outras contas 2.3.2.02 Capital social a realizar 1.2.2 INVESTIMENTOS 2.3.2. Reservas 1.2.2.01 Participações societárias 2.3.2.01 Reservas de capital 1.2.3 IMOBILIZADO 2.3.2.02 Reservas de lucros 1.2.3.01 Terrenos 2.3.3 Prejuízos acumulados 1.2.3.02 Construções e benfeitorias 2.3.3.01 Prejuízos acumulados de exercícios anteriores 1.2.3.03 Máquinas e ferramentas 2.3.3.02 Prejuízos do exercício atual 1.2.3.04 Veículos 1.2.3.05 Móveis 1.2.3.98 (-) Depreciação acumulada 1.2.3.99 (-) Amortização acumulada 1.2.4 INTANGÍVEL 1.2.4.01 Marcas 1.2.4.02 Softwares 1.2.4.99 (-) Amortização acumulada 23 TEMA 5 – BALANCETE DE VERIFICAÇÃO Seguindo o método das partidas dobradas, na escrituração, os valores de débitos e créditos das operações devem ser sempre iguais. Logo, o valor total dos saldos credores deve ser igual ao valor total dos saldos devedores. Porém, é necessário verificar se os lançamentos contábeis realizados no período estão corretos. Para verificar essa igualdade de débitos e créditos, relacionam-se todas as contas no chamado balancete de verificação. Já o Balanço Patrimonial é uma ferramenta contábil disponível para todos os usuários da informação. O balancete de verificação, por sua vez, é de uso exclusivo do contador e dos usuários internos. Veja o exemplo a seguir. Quadro 10 – Exemplo do balancete de verificação simplificado ABC S.A. Balancete de verificação em 31/01/201X Contas Saldos Débito Crédito Caixa 10.000 Contas a receber 5.000 Móveis e equipamentos 2.000 Estoque 3.000 Veículos 8.000 Fornecedores 12.000 Contas a pagar 1.000 Capital 15.000 28.000 28.000 Fonte: Oliveira e Moreira, 2012, p. 42. Este é um modelo de balancete bastante simplificado, porém, existem modelos mais completos que apresentam os saldos anteriores das contas, as movimentações do período e o saldo atual, conforme exemplo a seguir. 24 Quadro 11 – Exemplo de balancete de verificação completo Cia. Brasília de radiadores Balancete de verificação em 31-08-X1 Contas Balancete anterior Movimento do período Balancete atual Saldos Débito Crédito Saldos atuais Devedores Credores Devedores Credores Fonte: Iudicibus, 2010. Um aspecto importante a lembrar é que no balancete de verificação constam as contas de resultado (receitas e despesas), enquanto que no balanço patrimonial essas contas são sintetizadas na conta de lucros acumulados, no patrimônio líquido. A periodicidade de elaboração do balancete é estabelecida de acordo com as necessidades de cada empresa, todavia, geralmente é efetuado mensalmente. Mas em muitos casos ele é produzido diariamente, para verificações de trabalho, como nos bancos, onde se tem um volume muito grande de lançamentos e os erros não podem perdurar de um dia para o outro. Contudo, cabe alertar: o balancete de verificação nem sempre detecta erros nos registros contábeis, como uma contabilização indevida, ou a inversão de débito por crédito em um lançamento (por exemplo, o contador creditou caixa e débito contas a receber, mas na verdade deveria ter efetuado o inverso). O balancete de verificação tem a finalidade de verificar se o saldo devedor é igual ao saldo credor. Conforme Marion (2009), o balancete de verificação (mensal) é um importante instrumento para a tomada de decisão, pois a empresa não necessita aguardar a elaboração do balanço patrimonial para conhecer o resultado financeiro da empresa. Quanto maior for o grau de detalhamento, mais subsídios haverá para a tomada de decisão, pois o indivíduo terá mais informações para sua sustentação. 25 TROCANDO IDEIAS A seguir, indicamos algumas leituras importantes: A respeito de conceitos e tipos de contas: SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE. Sobrevivência das empresas no Brasil. Brasília, DF, 2013. (Coleção estudos e pesquisas). Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/Sobrevivenci a_das_empresas_no_Brasil=2013.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2016. A respeito de ativo e passivo: RODRIGUES, E. Conceitos contábeis: o que são ativos e passivos? NF-e PROTECT, 6 jul. 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2nmLru3Z14c>. Acesso em: 09 dez. 2016. A respeito do plano de contas, indicamos outro modelo, mais detalhado, que pode ser encontrado no livro elaborado pela equipe de professores da FEA/USP (Contabilidade introdutória, a partir da página 191). IUDICIBUS, S. de (Org.). Contabilidade introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MODELO de plano de contas de acordo com a Lei n. 11.638/07 e MP n. 449/08. Disponível em: <http://www.portalava.com.br/ava/includes/downloads/Modelo_de_Plano _de_Contas.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2016. A respeito do balancetede verificação: Balancete de verificação – parte 1. Jorge Eduardo Scarpin. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QAN86I0PDaI>. Acesso em: 09 dez. 2016. 26 Balancete de verificação – parte 2. Jorge Eduardo Scarpin. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=lk_siJZlpBI>. Acesso em: 09 dez. 2016. MASCARA, F. Balancete de verificação. Curso Aprovação, 30 mar. 2007. Disponível em: <http://www.cursoaprovacao.com.br/scasat/arquivos/2007_03_30_Balan cete_Verificacao.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2016. NA PRÁTICA Complete a seguinte tabela com a respectiva classificação da conta em ativo, passivo ou patrimônio líquido. Conta Classificação Clientes Caixa Empréstimos bancários Financiamentos a pagar INSS a pagar Terrenos Computadores ICMS a recuperar Estoque de mercadorias Água, luz e telefone a pagar Prejuízos Resposta: Conta Classificação Clientes Ativo Caixa Ativo Empréstimos bancários Passivo Financiamentos a pagar Passivo INSS a pagar Passivo Terrenos Ativo Computadores Ativo ICMS a recuperar Ativo Estoque de mercadorias Ativo 27 Água, luz e telefone a pagar Passivo Prejuízos Patrimônio líquido Identifique a situação patrimonial da seguinte empresa: Contas Situação 1 Situação 2 Situação 3 Caixa 500,00 400,00 300,00 Duplicatas a receber 300,00 100,00 200,00 Impostos a recuperar 250,00 200,00 100,00 Fornecedores 150,00 500,00 1.000,00 Empréstimos a pagar 400,00 850,00 300,00 Bancos 800,00 300,00 700,00 Situação patrimonial Resposta: Contas Situação 1 Situação 2 Situação 3 Caixa 500,00 400,00 300,00 Duplicatas a receber 300,00 100,00 200,00 Impostos a recuperar 250,00 200,00 100,00 Fornecedores 150,00 500,00 1.000,00 Empréstimos a pagar 400,00 850,00 300,00 Bancos 800,00 300,00 700,00 Situação Patrimonial 1.300,00 -350,00 0,00 Classifique as seguintes contas em receita ou despesa. Conta Classificação Conta de luz Receita de serviços Aluguel pago Material de limpeza Aluguel recebido Descontos obtidos Venda de mercadorias Situação patrimonial Positiva Situação patrimonial Negativa Situação patrimonial Nula 28 Resposta: Conta Classificação Conta de luz Receita de serviços Aluguel pago Material de limpeza Aluguel recebido Descontos obtidos Venda de mercadorias Elabore o balancete de verificação com base nas seguintes informações: Conta Saldo Banco conta corrente 166.200,00 Caixa 59.200,00 Capital social 100.000,00 Clientes 22.000,00 COFINS a recolher 8.000,00 CSSL a recolher 2.800,00 Duplicatas a pagar 3.000,00 Empréstimos a pagar 25.000,00 Financiamento a pagar 200.000,00 Fornecedores 240.000,00 Imóveis 500.000,00 IRPJ a pagar 9.000,00 Reservas de lucros 182.600,00 Mercadorias 35.000,00 Móveis e utensílios 8.000,00 PIS a recolher 2.000,00 Salários a pagar 40.000,00 Veículos 22.000,00 29 Resposta Conta Saldo débito Saldo crédito Banco conta corrente 166.200,00 Caixa 59.200,00 Capital social 100.000,00 Clientes 22.000,00 COFINS a recolher 8.000,00 CSSL a recolher 2.800,00 Duplicatas a pagar 3.000,00 Empréstimos a pagar 25.000,00 Financiamento a pagar 200.000,00 Fornecedores 240.000,00 Imóveis 500.000,00 IRPJ a pagar 9.000,00 Reservas de lucros 182.600,00 Mercadorias 35.000,00 Móveis e utensílios 8.000,00 PIS a recolher 2.000,00 Salários a pagar 40.000,00 Veículos 22.000,00 812.400,00 812.400,00 SÍNTESE Um dos objetivos da contabilidade é a geração de informações para a tomada de decisões. Por isso, é fundamental existir ferramentas que possibilitem conhecer a real situação de uma empresa para atender a esse objetivo. É responsabilidade da contabilidade o registro dos atos e fatos administrativos e a produção de informações que auxiliem o administrador no planejamento e controle de suas ações, bem como delinear os objetivos da entidade. Visto que todas as entidades têm um objetivo, seja ele por resultados financeiros ou sociais, seja de expansão, a contabilidade torna-se indispensável, principalmente com o desenvolvimento do mercado de ações. Ela visa assegurar a veracidade e credibilidade das informações de uma companhia diante de seus interessados. 30 Como descrito na Conversa inicial, um grande número de empresas não sobrevive ao primeiro ano de atividades. Isso porque não têm controle e planejamento. Por esse motivo, a contribuição e importância da contabilidade são de grande valia. REFERÊNCIAS BÄCHTOLD, C. Contabilidade básica. Curitiba: Instituto Federal do Paraná, 2011. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). Pronunciamento Técnico CPC 00 (R1): Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro (2011). Disponível em: < http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/149_CPC00_R1_Rel_AudPubl ica.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2016. IUDICIBUS, S. de (Org.). Contabilidade introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. IUDICIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade comercial: atualizado conforme Lei n. 11.638/07 e Lei n. 111.941/09. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARION, J. C. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. OLIVEIRA, M. S. de; MOREIRA, S. C. Noções de contabilidade básica para cursos técnicos. Brasília: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília, 2012. PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e intermediária. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009. RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica fácil. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. CONTABILIDADE GERAL AULA 2 Profa. Edicreia Andrade dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Olá! A venda de mercadorias é a principal fonte de renda da maioria das empresas. Para se vender uma mercadoria é essencial fazer inicialmente a compra – no caso de empresas revendedoras – ou a compra de matéria prima – no caso das indústrias de transformação. O intervalo de tempo existente entre a compra da mercadoria e o recebimento do valor gerado por sua venda é entendido como ciclo operacional. É importante perceber que durante esse ciclo ocorre um “movimento” de entrada e saída de mercadorias. Será assumido, por questão de introdução do conceito, apenas o caso de empresas revendedoras. Esse “movimento” pode ser entendido como estoque. Para a sustentabilidade financeira da empresa, é importante que exista circulação de mercadorias no estoque, ou seja, as mercadorias devem entrar e sair na maior intensidade possível. Dada essa condição, o controle das mercadorias em estoque configura uma das principais formas de mensuração e gerenciamento do resultado da empresa. Por isso, o Controle de Estoques é fundamental. Por essa razão, esta aula visa a proporcionar a compreensão dos fundamentos básicos do controle de Estoque para a estruturação do conhecimento que envolve a escrituração contábil e desenvolver a capacitação da prática dessa prática, aplicando os métodos de controle de estoques e incidência de tributação. CONTEXTUALIZANDO Abordaremos alguns temas importantes, os quais você confere a seguir: Controle de Estoque: Inventário Periódico e Permanente: compreender os principais conceitos relacionados ao controle de estoque pelo inventário periódico e permanente. Inventário Periódico: Contas e Mercadorias Mistas (ou Sistema de Conta Única): compreender os principais conceitos relacionados ao controle de estoque pelo inventário periódico. Inventário Permanente: método do custo específico, método PEPS, método UEPS e método do custo médio: compreender os principais conceitos relacionados ao controle de Estoque pelo Inventário Permanente. 3 Controle deestoque por meio da contabilidade e apresentação do reflexo patrimonial (conta estoque) e da conta de resultado (CMV): desenvolver a capacitação teórica e prática dos métodos de controle de estoque. Apuração dos impostos da movimentação de estoque: desenvolver a capacitação teórica e prática da apuração de impostos sobre movimentação de mercadorias. O controle dos estoques deve levar em consideração dois fatores importantes: O número de unidades de cada mercadoria; Seus respectivos valores em moeda. A esse processo de controle detalhado do estoque é dado o nome de inventário. Ele pode ser feito de duas formas: a primeira considera o registro instantâneo de cada movimentação de estoque tanto de compras, como de venda de mercadorias. Ela é denominada de inventário permanente; já a segunda é chamada de inventário periódico, forma que considera o controle do estoque ao fim de um período de tempo, como um mês, um trimestre ou um ano, dependendo da construção das demonstrações financeiras. Além do controle do estoque, esse inventário permite a mensuração do Custo de Mercadoria Vendida (CMV). A apuração do CMV é importante, pois trata-se de uma despesa contábil, visto que esse valor reduz o patrimônio líquido. Evidentemente, em compensação, o preço de venda é uma receita, por aumentar o patrimônio líquido. Então, esta aula visa ao estudo e ao aprofundamento de conceitos que envolvem o estoque e o processo de controle, além de mensurar as implicações sobre o balanço patrimonial. TEMA 1 – CONTROLE DE ESTOQUE: INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE Para uma empresa, dois conceitos são importantes para a apuração do resultado, bem como para a construção do balanço patrimonial. São elas: Resultados Bruto com Mercadorias (RBM). Custo da Mercadoria Vendida (CMV). 4 O primeiro conceito pode ser dado por: Resultado Bruto com Mercadorias = Receita de Vendas – Custo das Mercadorias Vendidas Para ilustrar a situação, vamos assumir a situação da empresa A2X Cia., uma grande revendedora de automóveis. Em um primeiro balanço, a referida empresa tem apenas um exemplar de um modelo de automóvel que foi adquirido pelo valor de 100.000,00, assim o balanço da empresa é dado a seguir. Quadro 1 – Balanço da empresa A2X Cia. Ativo Passivo Estoque de mercadorias 100.000,00 Patrimônio líquido 100.000,00 Total 100.000,00 Total 100.000,00 Agora, supondo uma segunda operação da empresa: a compra de um outro automóvel exatamente igual ao que existe no estoque. Esse automóvel foi adquirido por 120.000,00 e será pago em 30 dias após a compra. O novo balanço ficaria assim: Quadro 2 – Balanço da empresa A2X Cia. após compra Ativo Passivo Estoque de mercadorias 220.000,00 Fornecedores 120.000,00 Patrimônio líquido 100.000,00 Total 220.000,00 Total 220.000,00 Ocorreu uma alteração no balanço em consideração ao balanço inicial. O estoque de mercadorias passou de 100.000,00 para 220.000,00 ocasionado pelo débito de 120.000,00 referente à compra do segundo carro. Considerando que ela não ocorreu à vista, a empresa criou um passivo denominado fornecedores, lançado como crédito, no valor de 120.000,00. Ao assumir a ocorrência de um novo fato, a empresa A2X Cia. vendeu um carro à vista por 200.000,00. O carro entregue ao cliente será aquele que a empresa possuía inicialmente, cujo preço de compra foi de 100.000,00. Assim, o novo balanço pode ser apresentado como: 5 Quadro 3 – Balanço da empresa A2X Cia. após venda Ativo Passivo Caixa 200.000,00 Fornecedores 120.000,00 Estoque de mercadorias 120.000,00 Patrimônio líquido 200.000,00 Total 320.000,00 Total 320.000,00 Esse balanço consegue captar todo o ciclo operacional da empresa. Dessa forma, é possível contabilizar o resultado das operações da empresa no período. Ao analisar as alterações do balanço e o resultado da existência do fato 2: A conta caixa no ativo passou de zero para 200.000,00, resultado do recebimento à vista do carro vendido. O estoque de mercadorias passou de 220.000,00 para 120.000,00, tendo em vista que o veículo saído do estoque foi o carro pertencente ao estoque inicial. O patrimônio líquido foi aumentado de 100.000,00 para 200.000,00, ou seja, ocorreu um acréscimo de 100.000,00 originado pelo lucro ocorrido na venda do automóvel. De acordo com o estudado em aulas anteriores, o patrimônio líquido sofre alterações em dois casos principais: aumenta quando há uma receita e diminui quando há uma despesa. No exemplo apresentado, a empresa registrou ambas as alterações: Quadro 4 – Alterações ocorridas no patrimônio líquido da empresa Receita de venda 200.000,00 (RECEITA) Custo da mercadoria vendida 100.000,00 (DESPESA) Lucro na venda da mercadoria 100.000,00 (aumento do PL) Dessa forma, é possível perceber que o custo de mercadoria vendida é uma despesa, visto que ele reduz o patrimônio líquido. Em resumo, o valor de compra da mercadoria que estava em estoque é uma despesa contábil que diminui o patrimônio líquido no ato da saída do estoque. A respeito desse contexto, algumas questões devem ser levantadas, como: 6 Em um estoque que tem várias mercadorias de um mesmo tipo, compradas por valores distintos, como devem ser reconhecidas suas saídas para posterior lançamento de despesa no patrimônio líquido? Em vendas de uma quantidade de produtos de mesma espécie, com valores de compra distintos, como estimar o custo da mercadoria vendida? Como construir um sistema de controle de estoques que permita o controle e mensuração do custo da mercadoria vendida? Essa e outras questões são importantes para as rotinas da contabilidade e serão abordadas na sequência. Na contabilidade, uma ferramenta utilizada para efetuar esse controle é o inventário. Ele deriva da palavra inventarium, do latim, que significa “relação de bens”. Aplicando esse conceito ao contexto empresarial, representa os bens em estoque disponíveis para a venda ou a serem utilizados na fabricação de produtos. Sendo assim, existem dois sistemas de inventário: o permanente e o periódico. O sistema de inventário permanente consiste em controlar permanentemente o valor do estoque de mercadorias, ou seja, sempre que uma mercadoria é comprada ou vendida, efetua-se o registro do respectivo custo. Dessa forma, o estoque de mercadorias fica sempre atualizado, pois é registrado a cada transação. Pelo inventário permanente, a companhia mantém um controle contínuo sobre a entrada e saída de mercadorias tanto em valores quanto em quantidades, assim, tem disponível a qualquer momento as informações atualizadas dos estoques e do custo das mercadorias vendidas. Isso se torna um importante aliado da empresa, auxiliando no planejamento de compras e no controle, para evitar que ocorra falta ou excesso de mercadorias no estoque. No inventário periódico, o valor do estoque de mercadorias é conhecido somente no fim de um período, após a realização da contagem física das mercadorias. Por isso, exige um sistema bastante simplificado para a apuração do custo, pois não exige um controle minucioso de todas as operações de compra e venda. Além disso, não é possível saber o valor real do custo durante o período, somente ao fim do período, quando é efetuado o levantamento físico. 7 O fato de uma empresa adotar, por exemplo, o inventário permanente, não significa que ela deva dispensar por completo a conferência física. Ela pode ser utilizada como complemento para atestar a veracidade das informações obtidas pelos controles (Iudicibus; Marion, 2010). Por isso, a adoção de uma ou outra forma de controle deve ser analisada pela empresa, considerando a periodicidade com que deseja obter informações e a sua qualidade. Outros fatores, como porte da empresa, itens em negociação, volume de negociações e comportamentodo preço de compra também devem ser considerados ao se tomar essa decisão. TEMA 2 – INVENTÁRIO PERMANENTE: MÉTODO DO CUSTO ESPECÍFICO, MÉTODO PEPS, MÉTODO UEPS, MÉTODO DO CUSTO MÉDIO Como estudado no tema anterior, no inventário periódico o valor do estoque de mercadorias é conhecido somente no fim de um período, após a realização da contagem física das mercadorias, que será o valor do estoque final. Considerando-se que o valor do estoque inicial era conhecido e que o valor das compras foi registrado, é possível calcular o valor do Custo das Mercadorias Vendidas (CVM). CVM = estoque inicial + compras – estoque final Por exemplo, vamos considerar que uma empresa tenha em estoque (inicial) um valor de 500,00 e, durante o ano, ela tenha adquirido mais 2.000,00 em mercadorias e tenha apurado se estoque final em 1.110,00. Com essas informações é possível identificar o valor do CMV: CMV = estoque inicial + compras – estoque final CMV = 500 + 2.000 - 1.100 CMV = 1400 Além disso, é necessário observar nas compras o valor referente às devoluções e abatimentos do fornecedor. Sendo calculado da seguinte forma: Compras = aquisições – devoluções – abatimentos Vamos agora estudar como deverá ser feito o cálculo e a contabilização das compras e vendas, bem como do CMV. 8 Vejamos o seguinte exemplo apresentado por Iudicibus e Marion (2010). Deve-se considerar que serão abertos três razonetes, um para estoque, um para compras e outro para as vendas. A empresa XAC S.A. tem um estoque inicial de 100.00. Estoque 100.000 Agora, suponhamos que a empresa tenha realizado uma compra no valor de 223.000 a prazo. Efetua-se um débito na conta compras e um crédito em fornecedores. Compras Fornecedores 223.000 223.000 Posteriormente a empresa realizou uma venda no valor de 198.000 à vista. Contabiliza-se um débito em caixa e um crédito em receita de vendas. Caixa Receita de vendas 198.000 198.000 Verifica-se que após as operações da empresa a conta Estoques continua com o mesmo valor. Porém, ele já não representa mais o real valor que essa conta deveria ter (porque a empresa já efetuou outras compras e vendas). A próxima etapa consiste na apuração do Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) utilizando-se da fórmula apresentada anteriormente, visto que já temos os valores do estoque inicial e das compras ao efetuar a transferência desses saldos para a conta do CMV, de modo que elas sejam zeradas. Estoque Compras CMV 100.000 100.000 223.000 223.000 100.000 223.000 Para isso, creditam-se as contas de estoque e compras e efetua-se um débito na conta CMV com os respectivos valores. Posteriormente, necessita-se 9 do valor do estoque final. O valor do estoque final foi apurado pela contagem física realizada na empresa. Nele, foi apurado um valor de 205.000,00. Posteriormente, efetua-se a contabilização do estoque final, obtido pela contagem física (205.000,00). Realiza-se um débito na conta de estoque e um crédito na conta do CMV. Estoque CMV 100.000 205.000 100.000 100.000 223.000 118.000 205.000 Assim, o valor do CMV será assim obtido: Estoque inicial (100.000) + compras (223.000) – estoque final (205.000) CMV = 118.000 Encontrado o valor do CMV é possível encontrar apurar o valor do resultado com mercadorias, que representa as vendas menos o valor do CMV. Nesse caso, seria 198.000,00 (vendas) – 118.000,00 (CMV), totalizando um lucro de 80.000,00. A apuração do CMV pelo inventário periódico necessita de muito cuidado, pois o caso será apurado erroneamente e pode distorcer os valores da demonstração de resultados. Se o estoque inicial é superestimado, o CMV é superestimado e o Lucro é subestimado. Se o estoque inicial é subestimado, o CMV é subestimado e o lucro é superestimado. Se o estoque final é superestimado, o CMV é subestimado e o Lucro é superestimado. Se o estoque final é subestimado, o CMV é superestimado e o lucro é subestimado. TEMA 3 – INVENTÁRIO PERMANENTE: MÉTODO DO CUSTO ESPECÍFICO, MÉTODO PEPS, MÉTODO UEPS, MÉTODO DO CUSTO MÉDIO Ao contrário do sistema de inventário periódico, no inventário permanente a apuração do valor do CMV não é obtida por uma fórmula. Ela pode ser obtida por meio de diversas formas ou métodos. São eles: o método do custo 10 específico, o método PEPS, método UEPS e o método do custo médio ponderado. Na apuração do custo pelo método do custo específico, o custo da mercadoria vendida será exatamente igual ao custo de aquisição. Conforme Iudicibus e Marion (2010), esse método é aplicado a casos especiais, como joias de elevado valor, produtos feitos em pequenas quantidades, telas raras, entre outros. Não é uma metodologia aplicada a atividades comerciais altamente repetitivas. Consideremos o seguinte exemplo apresentado por Iudicibus e Marion (2010). No mês de março uma empresa possui um estoque inicial de 20 unidades a 20,00 cada. No mês de março a empresa fez as seguintes movimentações: Quadro 5 – Exemplo de movimentações financeira de uma empresa Data Operação Quantidades e valores 5 de março Compra 30 unidades a 30,00 cada 11 de março Venda 10 unidades 17 de março Venda 20 unidades 23 de março Compra 30 unidades a 35,00 cada 29 de março Venda 10 unidades Fonte: Iudícibus; Marion, 2010. Para calcular o CMV, é necessário informar nas vendas quais unidades foram vendidas (por exemplo, informar o número da nota fiscal da compra dessa mercadoria). Dessa forma, considere as seguintes informações adicionais: As dez unidades vendidas dia 11 de março saíram do lote comprado dia 5 de março; As 20 unidades vendidas dia 17 de março saíram do estoque inicial; As dez unidades vendidas dia 29 de março saíram do lote comprado dia 23 de março. Diante dessas informações, o CMV foi de 1.050,00 (10 unidades x 30,00 + 20 unidades x 20,00 + 10 unidade x 35,00). E o estoque final será de 1.300,00. Na apuração do custo pelo Método PEPS (“primeiro a entrar é o primeiro a sair” ou, em inglês, First In First Out – FIFO) considera-se que as primeiras mercadorias compradas deverão ser as primeiras a serem vendidas. 11 Vejamos o seguinte exemplo da utilização desse método. Considerando os seguintes fatos de uma empresa cujo saldo inicial de mercadorias em estoque é de 100,00, composto por dez unidades, sendo 10,00 por unidade. Venda à vista de quatro unidades por 20,00 cada uma. Compra à vista de 20 unidades por 12,00 cada uma. Compra à vista de 15 unidades por 14,00 cada uma. Venda à vista de 21 unidades por 23,00 cada uma. Venda, à vista, de 10 unidades por 22,00 cada uma. O registro na ficha de controle de estoque será o seguinte: Quadro 7 – Ficha de registro de controle de estoque Ficha de controle Data Entrada Saídas Saldo Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total 0 10 10,00 100,00 1 4 10,00 40,00 6 10,00 60,00 2 20 12,00 240,00 6 10,00 60,00 20 12,00 240,00 3 15 14,00 210,00 6 10,00 60,00 20 12,00 240,00 15 14,00 210,00 4 6 10,00 60,00 15 12,00 180,00 5 12,00 60,00 15 14,00 210,00 5 5 12,00 60,00 5 14,00 70,00 10 14,00 140,00 Total 35 450,00 35 410,00 10 14,00 140,00 Quando ocorreram as vendas, sempre foi efetuada a baixa no estoque das mercadorias mais antigas primeiro. Além disso, foram efetuadas compras nos dias 2 e 3. Como são de valores diferentes (12,00 e 14,00), eles são apresentados de maneira separada. A venda de 21 unidades do dia 4, efetuou-se primeiramente a baixa das mercadorias mais antigas que eram as seis unidades de 10,00 e, posteriormente, para completar a vendas das 21 unidades, foram baixadas mais 15 unidades a CMV 12 12,00 cada. De maneira que no estoque ainda restassem cinco unidades de 12,00 e todas 15 unidades de 14,00 compradasno dia 3. Dessa forma, o CMV apurado para esse período foi de 410,00, sendo que o valor do estoque é de 140,00. Conforme Oliveira e Moreira (2012), por essa metodologia o Estoque Final é avaliado pelas mercadorias mais recentes (atualizado) e o CMV é avaliado pelas mercadorias mais antigas (desatualizado). Na apuração do custo pelo Método UEPS (“Último a Entrar é o Primeiro a Sair”, ou em inglês Last In First Out – LIFO) considera-se que as últimas mercadorias compradas deverão ser as primeiras a ser vendidas. Consideremos os mesmos fatos do caso anterior para a elaboração da Ficha de Controle de Estoque pelo método UEPS. Quadro 8 – Ficha de Controle do Estoque pelo método UEPS Ficha de Controle Data Entrada Saídas Saldo Qtde Preço Total Qtde Preço Total Qtde Preço Total 00 10 10,00 100,00 01 4 10,00 40,00 6 10,00 60,00 02 20 12,00 240,00 6 20 10,00 12,00 60,00 240,00 03 15 14,00 210,00 6 20 15 10,00 12,00 14,00 60,00 240,00 210,00 04 15 6 14,00 12,00 210,00 72,00 6 14 10,00 12,00 60,00 168,00 05 10 12,00 120,00 6 4 10,00 12,00 60,00 48,00 Total 35 450,00 35 442,00 6 4 10,00 12,00 60,00 48,00 Diante dessa metodologia, na venda do dia 4, efetuou-se primeiramente a saída das 15 mercadorias compradas no dia 3. Posteriormente, mais 6 unidades (para completar a venda das 21 unidades) por 12,00 (compradas no dia 02). Nesse caso, o valor do CMV será de 442,00, e o valor do Estoque será de 108,00. A legislação do Imposto de Renda (IR) não permite o uso do UEPS, pois o método UEPS fornece um Estoque Final avaliado pelas mercadorias mais CMV 13 antigas (desatualizado) e o CMV avaliado pelas mercadorias mais recentes (atualizado). No caso de um aumento geral de preços (inflação), o UEPS fornecerá um Estoque Final baixo e um CMV alto, o que resultaria em um lucro líquido baixo e consequentemente IR também baixo (Oliveira; Moreira, 2012). Por último, tem-se o Método da Média Ponderada Móvel. Nesse método, considera-se o valor do custo pelo valor médio unitário. Dessa forma, o valor unitário altera-se a cada nova compra de mercadorias por um preço diferente. Consideremos ainda os mesmos fatos, dos exemplos anteriores para elaborar a ficha de controle de estoques. Quadro 9 – Ficha de Controle de Estoque pelo Método da Média Ponderada Móvel Ficha de controle Data Entrada Saídas Saldo Qtde Preço Total Qtde Preço Total Qtde Preço Total 00 10 10,00 100,00 01 4 10 40,00 6 10,00 60,00 02 20 12 240,00 26 11,50 300,00 03 15 14 210,00 41 12,40 510,00 04 21 12,40 260,40 20 12,40 248,00 05 10 12,40 124,00 10 12,40 124,00 Total 35 450,00 35 424,40 10 12,40 124,00 Por exemplo, no Fato 02, soma-se os valores do estoque (60 + 240) e divide-se pela quantidade existente (26 unidades) para se obter o valor unitário de 11,50. O mesmo se repete para o Fato 03, que consequentemente alterou o valor unitário para 12,40. Observa-se que o valor unitário das mercadorias é alterado somente quando ocorre a compra de mercadorias. As vendas não provocam alterações no custo unitário, pois esse custo para as unidades vendidas é sempre o último a ser calculado (Iudicibus; Marion, 2010). Por esse método, o CMV resultante foi de 424,40 e o valor do estoque é de 124,00. Por fim, efetuou-se a comparação dos Métodos PEPS, UEPS e Média Ponderada. O método do custo específico não foi considerado, devido à aplicabilidade a casos específicos. CMV 14 Quadro 10 – Comparação entre os Métodos PEPS, UEPS e Média Ponderada PEPS UEPS Média Ponderada Receita com vendas 785,00 785,00 785,00 (-) CMV 400,00 432,00 414,40 (=) Resultado 385,00 353,00 370,60 A receita de vendas foi a mesma para os três critérios de apuração (PEPS, UEPS e Média Ponderada). O maior CMV é o do UEPS; o maior saldo do Estoque é o do PEPS, pois tem o menor CMV, reduzindo-o menos. Como o PEPS tem o menor CMV, então, esse critério teve o maior resultado. TEMA 4 – CONTROLE DE ESTOQUE POR MEIO DA CONTABILIDADE, APRESENTAÇÃO DO REFLEXO PATRIMONIAL (CONTA ESTOQUE) E DA CONTA DE RESULTADO (CMV) Para fins de contabilização, considerou-se apenas o inventário permanente. Para os diferentes métodos, a forma de contabilização é a mesma, o que se altera são os valores. Contudo, cabe lembrar: o Método UEPS não é aceito pela legislação brasileira. Na contabilidade da compra de mercadorias, efetua-se o seguinte lançamento: Débito – Estoques de Mercadorias Crédito – Fornecedores (se for a prazo) ou Caixa (se for à vista) Na realização da venda de uma mercadoria, realizam-se dois lançamentos: o primeiro para reconhecer a receita; o segundo para efetuar a baixa do estoque. A contabilização da seguinte forma: Débito – Clientes (a prazo) ou Caixa (à vista) Crédito – Receita de Vendas (pelo valor da venda) Débito – Custo das Mercadorias Vendidas Crédito – Estoques de Mercadorias (pelo valor do CMV) Além da contabilização da compra e venda, existem outras operações que podem afetar a empresa, como devoluções, fretes etc. Quando uma mercadoria não foi entregue conforme especificado no pedido, o cliente pode exigir a 15 devolução ou solicitar um abatimento (desconto) (Iudicibus; Marion, 2010). Isso pode ocorrer quando a empresa faz a compra da matéria prima. Caso um cliente solicite a devolução de uma mercadoria, a empresa deverá efetuar o lançamento inverso da receita de vendas, porém, em uma conta específica de devolução de vendas. Débito – Devolução de vendas Crédito – Clientes (a prazo) ou Caixa (à vista) Débito – Estoques de Mercadorias (pelo valor do CMV) Crédito – Custo das Mercadorias Vendidas Na Ficha de Controle de Estoque, as três colunas de Saídas são lançadas com sinal negativo, isto é, são lançamentos que diminui o CMV. Com essa operação, o Estoque é aumentado pela entrada da mercadoria devolvida pelo cliente. Se a empresa já havia registrado a receita de vendas, mas o cliente alegou que ela apresentava alguns defeitos e tem a intenção de devolvê-la, a empresa pode dar um desconto. Débito – Abatimento sobre vendas Crédito – Clientes (a prazo) ou Caixa (à vista) O Abatimento sobre Vendas não é mencionado na Ficha de Controle de Estoque, pois não altera o estoque de mercadorias nem o CMV, pois reduz-se apenas o valor a ser pago ao fornecedor. Isso pode ocorrer com a empresa que, ao receber mercadorias dos fornecedores, constata que estavam danificadas, por isso, gostaria de devolvê-las. Débito – Fornecedores (a prazo) ou Caixa (à vista) Crédito – Devoluções de compra Se a empresa não tiver interesse em efetuar a devolução, poderá solicitar um desconto. Débito – Fornecedores (a prazo) ou Caixa (à vista) Crédito – Abatimentos sobre compra Na Ficha de Controle de Estoques, o Abatimento sobre Compras é lançado somente na coluna total de Entradas, com sinal negativo, pois não modifica a quantidade de unidades de mercadorias. No inventário permanente, 16 podem ser utilizadas as contas de Devolução e Abatimento sobre compras, porém, elas deverão ser transferidas para a conta Estoque posteriormente. Além desses abatimentos, existem os descontos comerciais, os quais são dados aos clientes que compram mercadorias em grandes quantidades, por exemplo. Entretanto, esses descontos são diferentes dos abatimentos (dados após a venda), pois são concedidos no ato da venda, mediante preço baixo, por exemplo. Esses descontos geralmente não são registrados na contabilidade, mas quando a empresa optar por fazê-lo, cria-se uma conta de Descontos Comerciais sobre vendas (Iudicibus; Marion, 2010). Além dos abatimentos e devoluções, devem-se considerar os valores referentes aos fretes. No frete sobre compras efetua-se o seguinte lançamento: Débito– Estoque Crédito – Caixa ou Contas a Pagar Na Ficha de Controle de Estoque, o valor do frete é lançado somente na coluna total de Entradas, com isso, o valor total das mercadorias em estoque aumenta, sem modificar a quantidade de unidades existentes. Outra possibilidade é a empresa efetuar o pagamento do frete das vendas. Débito – Despesa com Frete Crédito – Caixa ou Contas a Pagar Esse valor é lançado como uma despesa, logo, não aparecerá na Ficha de Controle de Estoque. Considerando-se todos esses fatos, que podem interferir no resultado no Custo das Mercadorias Vendidas, a estrutura da Demonstração do Resultado se terá a seguinte estrutura. 17 Quadro 11 – Receita Bruta com Vendas Receita Bruta com Vendas (-) Deduções Devoluções Abatimentos (=) Receita Líquida com Vendas (-) CMV (=) Lucro Bruto No próximo tema, vamos verificar a apuração dos impostos da movimentação de estoque. TEMA 5 – APURAÇÃO DOS IMPOSTOS DA MOVIMENTAÇÃO DE ESTOQUE Além do custo, dos abatimentos e devoluções, incidem nas operações com mercadorias alguns tributos que devem ser registrados. Serão abordados especificamente o ICMS e o IPI. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), é calculado toda vez que houver circulação de mercadorias, seja venda ou compra e está incluso no custo das compras e no valor das vendas. Esse imposto é recolhido junto ao estado, por isso, a empresa deve pagar a diferença do ICMS das compras e o das vendas. Caso o valor do ICMS das compras for maior que o das vendas, a empresa ganha o direito de compensar o valor da diferença no mês seguinte; caso contrário, ela deverá efetuar o pagamento junto ao estado. Como este é um imposto estadual, cada unidade da federação tem um percentual diferente. No caso das compras, o ICMS é tido como “por dentro”, porque o valor faz parte do valor da mercadoria adquirida (Oliveira; Moreira, 2012). Por exemplo, se o ICMS for de 12% e a empresa efetuar uma compra de mercadorias por 200,00, entende-se que dos 200,00 pagos, 24,00 são referentes ao imposto. Na compra, o valor do ICMS já é embutido no valor da mercadoria, por isso recebe a nomenclatura de “ICMS a recuperar”, uma vez que o valor do Compra de mercadorias (200,00) Mercadorias (176,00) ICMS (24,00) 18 imposto foi pago quando a empresa efetuou a compra. Assim, esse valor é registrado no Ativo da empresa. Suponhamos que a empresa KE S.A. realizou uma compra de 700,00 a prazo. O ICMS incidente é de 17%. A contabilização será realizada da seguinte forma: Débito – Estoque 581,00 Débito – ICMS a recuperar 119,00 Crédito – Fornecedores 700,00 Cabe salientar: para a elaboração da Ficha de Controle de Estoques, considera-se o valor já descontado do ICMS, e não o valor total. Na venda de mercadorias, o ICMS é considerado como um elemento “por fora”, pois o valor não está incluso no valor da venda (contrário a o que ocorre na compra). Nesse caso recebe a nomenclatura de ICMS a recolher ou ICMS a pagar, sendo apresentado no Passivo da empresa. Além disso, ele será lançado em uma conta específica que será uma conta redutora da Receita Bruta de Vendas. Suponhamos que a empresa KE S.A. realizou uma venda de 2.000,00 a prazo. O ICMS incidente é de 17% e o CMV foi de 600,00. A contabilização será realizada da seguinte forma: Venda: Débito - Cliente 2.000,00 Crédito – Receita com vendas 2.000,00 ICMS: Débito – ICMS sobre vendas 340,00 Crédito – ICMS a recolher 340,00 Baixa do Estoque: Débito – CMV 600,00 Crédito – Estoque 600,00 Vale salientar que o ICMS é calculado sobre o valor da mercadoria vendida, ou seja, sobre os 2.000,00. Considerando a inserção do Imposto, a Demonstração do Resultado será assim apresentada: 19 Receita Bruta com Vendas (-) Deduções Devoluções Abatimentos ICMS sobre vendas (=) Receita Líquida com Vendas (-) CMV (=) Lucro Bruto Após a contabilização de todas as compras e vendas da empresa, faz-se a confrontação do ICMS a Recuperar e do ICMS a Recolher, pois somente uma das duas contas será apresentada no Balanço Patrimonial (a que possuir maior saldo). Dessa forma, a conta de menor saldo será zerada e seu saldo será transferido à conta de maior saldo. Por exemplo, a empresa KE S. A. tem os seguintes saldos nas contas: ICMS a Recuperar ICMS a Recolher 119,00 340,00 Visto que a conta ICMS a Recuperar tem o menor saldo essa conta será zerada pelo seguinte lançamento: Crédito – ICMS a Recuperar 119,00 Débito – ICMS a Recolher 119,00 O saldo das contas será o seguinte: ICMS a Recuperar ICMS a Recolher 119,00 119,00 119,00 340,00 221,00 Dessa forma, o saldo de 221,00 será apresentado no Balanço Patrimonial na conta de ICMS a recolher, que pertence ao Passivo da empresa. Outro imposto incidente é o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), cujo tratamento de registro é equivalente ao ICMS. Nesse entendimento, Oliveira e Moreira (2012) argumentam: em algumas vendas, o IPI não é recuperável, então, o valor é registrado na conta Estoques, pois se ele for pago na compra, mas não for recuperável na venda, configura-se como um custo a mais a ser pago para obter as mercadorias. É de valia ressaltar: normalmente, as empresas 20 comerciais não recuperam o valor do IPI nas vendas. Contudo, caso ele seja recuperável, a empresa que efetuar, por exemplo, uma compra à vista no valor de 3.000,00, com ICMS de 17% e IPI de 10% faria o seguinte lançamento: Débito – Estoque 2.190,00 Débito – ICMS a Recuperar 510,00 Débito – IPI a recuperar 300,00 Crédito – Caixa 3.000,00 TROCANDO IDEIAS A seguir, indicamos algumas leituras importantes. A respeito de Estoques: CANAL IFRS 03 Estoques. TV CRC São Paulo, 16 mar. 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vKqpAT8-C1E>. Acesso em: 09 dez. 2016. A respeito de Devolução de compras: SCARPIN, J. E. Devolução de compras. José Eduardo Scarpin, 1 out. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eRkhhYdobMc>. Acesso em: 09 dez. 2016. Sobre ficha de controle de estoque, PEPS, UEPS e média ponderada: SCARPIN, J. E. Ficha de Controle de Estoque: PEPS, UEPS e Media. José Eduardo Scarpin, 17 jun. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=EiMd_pbIXOs>. Acesso em: 09 dez. 2016. Sobre o tema estoque e produção, recomendamos, além da leitura do artigo publicado na Revista Exame “Uma questão de valores”, a seguinte obra: MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 345. NA PRÁTICA Considere os seguintes fatos e elabore a ficha de controle do estoque pelos Métodos PEPS, UEPS e Média Ponderada. Efetue a contabilização pelo Método da Média Ponderada. A empresa AXV tem um Saldo Inicial de mercadorias em estoque de 500,00, composto por 100 unidades, sendo 5,00 por unidade. Venda à vista de 40 unidades por 12,00 cada uma. 21 Compra a prazo de 200 unidades por 4,00 cada uma. Devolução da compra (Dia 03) de 10 unidades. Venda a prazo de 120 unidades por 13 cada uma. Devolução de venda de 5 unidades. Respostas: Ficha de controle – Método PEPS Data Entrada Saídas Saldo Qtde Preço Total Qtde Preço Total Qtde Preço Total 0 100 5,00 500,00 1 40 5,00 200,00 60 5,00 300,00 2 200 4,00 800,00 60 5,00 300,00 200 4,00 800,00 3 -10 4,00 -40,00 60 5,00 300,00 190 4,00 760,00 4 60 5,00 300,00 60 4,00 240,00 130 4,00 520,00 5 -5 4,00 -20,00 135 4,00 540,00 Ficha de controle – Método UEPS Data Entrada Saídas Saldo Qtde Preço Total Qtde Preço Total Qtde Preço Total 0 100 5,00 500,00 1 40 5,00 200,00 60 5,00 300,00 2 200 4,00 800,00 60 5,00 300,00 200 4,00 800,00 3 -10 4,00
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