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AULAS 1 A 6 CONTABILIDADE GERAL

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DISCIPLINA: 
CONTABILIDADE 
GERAL 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Edicreia Andrade dos Santos 
 
 
2 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Diante do atual cenário econômico, a contabilidade, por intermédio 
do estudo do patrimônio, mostra-se uma ferramenta essencial para a tomada de 
decisões. Ela fornece informações tanto para os usuários internos da empresa – 
como para funcionários e diretores, quanto para os usuários externos – governo, 
fornecedores e acionistas. 
É com base nos relatórios fornecidos pela contabilidade que são tomadas 
decisões nas empresas, pois esse setor é responsável pelo registro e pela 
apuração dos resultados de um determinado período. 
O objetivo desta aula é apresentar aspectos introdutórios a respeito das 
práticas contábeis aplicadas às empresas, para possibilitar a compreensão dos 
fundamentos básicos da contabilidade com vistas à estruturação do 
conhecimento que envolve a escrituração contábil, e com a finalidade de 
desenvolver a capacitação prática por meio da aplicação dos métodos e da 
utilização dos livros contábeis específicos para o registro contábil. Desta 
maneira, serão estudados conceitos como ativo, passivo, patrimônio líquido, 
diferenças entre contas patrimoniais e de resultado, estrutura dos razonetes e 
sua aplicabilidade. Além disso, discutiremos a respeito do plano de contas e o 
balancete de verificação. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Abordaremos alguns temas importantes, os quais você confere a seguir: 
1. Conceito, tipos de contas: contas patrimoniais e de resultado, situação 
das contas, saldo de uma conta; compreensão dos principais conceitos 
relacionados ao estudo do patrimônio. 
2. Razonete, estrutura e funcionamento das contas; aplicar os principais 
conceitos da contabilidade na escrituração contábil. 
3. Contas de resultado, contas de compensação; compreender os principais 
conceitos relacionados ao estudo do resultado. 
4. Planos de contas: conceito, tipos de contas, situação das contas, saldo de 
uma conta; desenvolver a capacitação teórica e prática do plano de 
contas. 
 
 
3 
 
 
5. Balancete de verificação: desenvolver a capacitação teórica e prática do 
balancete de verificação. 
 
A contabilidade surgiu da necessidade de controlar as posses e riquezas, 
ou seja, o patrimônio. Atualmente, ela tem aplicabilidade tanto para pessoas 
físicas quanto jurídicas, com e sem finalidades lucrativas. 
No entanto, para se alcançar tamanha importância, a contabilidade 
passou por diversos processos de modificação e adaptação, o que culminou com 
a indiscutível importância dessa ciência para o mundo dos negócios, pois, por 
intermédio das técnicas da contabilidade, controla-se quanto uma empresa tem 
a receber e a pagar, qual é o valor de seus bens e todas as variações ocorridas 
no patrimônio durante determinado período. 
Isso satisfaz as necessidades de diversos usuários, como pessoas físicas 
(para controlar as finanças pessoais), governo (para controlar do recolhimento 
de tributos), bancos (para assegurar investimentos), acionistas (para assegurar 
rentabilidade) e diretores (para auxiliar na tomada de decisões). 
Logo, entende-se que a contabilidade, mediante o estudo do patrimônio 
das entidades e suas mutações, objetiva fornecer aos usuários – internos e 
externos – informações que possam ajudá-los na tomada de decisão. 
 
TEMA 1 – CONCEITO E TIPOS DE CONTAS: CONTAS PATRIMONIAIS E DE 
RESULTADO, SITUAÇÃO DAS CONTAS, SALDO DE UMA CONTA 
Conforme estatísticas, quase 50% das empresas fecham as portas no 
primeiro ano de atuação, pois lhes falta controle e planejamento. Isso pode ser 
suprido por meio do instrumento da contabilidade. Ela auxilia na tomada de 
decisão, visto que o objetivo é registrar, planejar, acompanhar, resumir, analisar, 
interpretar e controlar todas as situações que afetem o patrimônio das empresas 
(Oliveira; Moreira, 2012). 
Diante desse objetivo, a contabilidade estuda as mutações do patrimônio 
e suas implicações para a tomada de decisão. Com isso, define-se patrimônio 
como o objeto da contabilidade. Essa área, portanto, torna-se indispensável para 
as empresas, com a finalidade de realizar transações com bancos, fornecedores 
ou órgãos governamentais ou para a inserção no mercado de ações. 
 
 
4 
 
Como já definimos, o objeto da contabilidade é o patrimônio, ou seja, um 
conjunto que compreende bens, direitos e obrigações de uma empresa. Em 
síntese, são os elementos necessários para a existência da empresa. Conforme 
Bächtold (2011, p. 173), bens “são os elementos que podem ser avaliados 
monetariamente e podem ser destinados para uso, troca ou venda”. Como 
exemplos podemos citar: carros, máquinas, terrenos, entre outros. 
Vale ressaltar algumas classificações importantes que são utilizadas na 
contabilidade. Por exemplo, existem os bens permanentes e os bens de 
consumo. Estes, por exemplo, serão consumidos em um curto período de tempo, 
como material de expediente. Aqueles, são utilizados pela empresa a longo 
prazo, como um carro. 
Outra classificação existente é entre bens móveis (máquinas) e imóveis 
(terrenos) ou bens tangíveis (carros, máquinas) e intangíveis (marca, direitos 
autorais). Dessa forma, o patrimônio da empresa pode ser composto por cinco 
carros, trinta máquinas e um edifício, por exemplo. 
Bächtold (2011, p. 174) define direitos como “bens (ou o seu equivalente) 
em recursos financeiros de propriedade da empresa, que se encontram 
momentaneamente em poder de terceiros”. Exemplos de direitos são: 
promissórias a receber, caderneta de poupança e duplicatas a receber. 
Outro elemento do conceito de patrimônio são as obrigações. Elas são as 
responsabilidades de realização de pagamentos por bens adquiridos ou dívidas. 
Na contabilidade, atribui-se a nomenclatura “exigível” para as obrigações, pois 
se exige que a empresa realize o pagamento de determinada dívida. Alguns 
exemplos de obrigações são os salários, fornecedores e impostos a pagar. 
Conhecidos os conceitos de bens, direitos e obrigações, agora iremos 
estudar a respeito dos conceitos de ativo, passivo e patrimônio líquido. 
Simplificadamente, ativo são os bens e direitos de uma empresa, como caixa, 
bancos, imóveis, veículos, equipamentos, contas a receber etc. 
Conforme definição do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) 00, 
o ativo “é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos 
passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para 
a entidade”. Por convenção, todos os elementos do ativo devem ser 
apresentados no lado esquerdo do balanço patrimonial. 
 
 
 
5 
 
Já o passivo abrange as obrigações com terceiros de uma empresa, por 
exemplo, contas a pagar, financiamentos a pagar, impostos a pagar etc. 
Conforme o CPC 00, “passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada 
de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de 
recursos capazes de gerar benefícios econômicos”. Em oposição ao ativo, as 
contas do passivo serão apresentadas ao lado direito do balanço patrimonial. 
O patrimônio líquido é resultado de os bens mais os direitos, menos as 
obrigações, ou seja, ativo menos o valor do passivo. O patrimônio líquido pode 
ser constituído por investimentos dos sócios (mediante compra de ações, por 
exemplo) e lucros do período. Assim como o passivo, os elementos do 
patrimônio líquido são apresentados no lado direito do balanço patrimonial. 
Sintetizando: 
Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido 
 
Esses elementos – ativo, passivo e patrimônio – compõem o balanço 
patrimonial de uma empresa, que representa a situação patrimonial em 
determinado instante. Ele pode ser compreendido como uma fotografia da 
empresa em um determinado tempo. Aplicando esses conceitos, tem-se o 
seguinte exemplo da estrutura de um balanço patrimonial. 
 
Quadro 1 – Estrutura de um balanço patrimonial 
Alfenas S.A. 
Balançopatrimonial em 31-1-20X1 
Ativo Passivo e patrimônio líquido 
Caixa 1.000 Passivo 
Bancos 800 Contas a pagar 3.500 
Contas a receber 3.000 Fornecedores 1.800 
Estoque de materiais 3.000 Patrimônio líquido 
Terrenos 1.700 Capital 4.000 
Veículos 500 Lucros acumulados 700 
Total 10.000 Total 10.000 
Fonte: Iudicibus, 2010. 
 
Conforme o exemplo anterior, é necessário descobrir se o caixa é 
classificado como ativo ou passivo. Além disso, é necessário evidenciar se esse 
elemento é positivo ou negativo, com a finalidade de encontrar o saldo 
 
 
6 
 
patrimonial. Conforme Bächtold (2011), isso é necessário para que as contas 
não sejam lançadas simplesmente de forma aleatória na contabilidade, 
necessitando-se de uma padronização. 
Por isso, após a realização de cada operação da empresa (por exemplo, 
compra de mercadorias) seria necessário elaborar um balanço no intuito de 
verificar a igualdade da equação do patrimônio (Ativo = Passivo + Patrimônio 
Líquido). Porém, existe certo grau de dificuldade e aplicabilidade, tornando-se 
bastante oneroso (Iudicibus; Marion, 2010). Então, as operações (seus 
aumentos ou suas diminuições) são registrados em contas. 
Ribeiro (2009), comenta: conta é um nome técnico dado aos bens, direitos 
e obrigações, receitas e despesas. Antigamente, as contas eram registradas em 
fichas e livros. Atualmente, são registradas no computador, de acordo com suas 
características. Os registros são agrupados conforme natureza. Por exemplo, se 
a empresa recebe dinheiro, esse evento é registrado na conta caixa, ou seja, 
aquela que pertence ao ativo, mas se a empresa for pagar algo, será registrada 
a saída do dinheiro na conta caixa. Sendo assim, os itens do ativo, do passivo e 
do patrimônio líquido serão registrados em contas individualizadas, as quais 
posteriormente serão registradas no balanço patrimonial, conforme o grupo a 
que pertencem. 
Nesse sentido, temos as contas patrimoniais e as contas de resultado. Os 
elementos vistos até o momento (caixa, contas a receber, salários a pagar, 
lucros) representam as contas patrimoniais, pois são originárias do balanço 
patrimonial. Assim, as contas de resultado são representadas pelas receitas e 
despesas que no fim do exercício apontarão o resultado, que pode ser positivo 
(lucro) ou negativo (prejuízo). Os conceitos de receitas e despesas serão 
introduzidos no Tema 3. 
Mediante a realização do seguinte cálculo: soma de bens e direitos e 
subtração das obrigações, encontra-se a situação patrimonial de uma empresa. 
A situação pode ser positiva, negativa ou nula. Na situação patrimonial positiva, 
o total de elementos do ativo supera o total de elementos do passivo. Porém, 
quando o total de elementos do passivo supera o total de elementos do ativo, 
tem-se uma situação patrimonial negativa. É também conhecido como passivo a 
descoberto e ocorre quando as obrigações são maiores que os bens e direitos. 
 
 
 
7 
 
Logo, a empresa não consegue cumprir (honrar) as obrigações com terceiros. Já 
a situação patrimonial nula ocorre quando o conjunto de bens e direitos é igual 
às obrigações. 
No quadro 2 a seguir, sintetizamos essas ideias. 
 
Quadro 2 – Síntese de conceitos 
Ativo (bens + direitos) > passivo (obrigações) Situação patrimonial positiva, ou seja, pl > 0 
Ativo (bens + direitos) < passivo (obrigações) Situação patrimonial negativa, ou seja, pl < 0 
Ativo (bens + direitos) = passivo (obrigações) Situação patrimonial nula, ou seja, pl = 0. 
 
Outro conceito importante na contabilidade é a configuração do capital 
que representa o patrimônio líquido, que é apresentado na forma dos seguintes 
conceitos: capital nominal, capital próprio, capital de terceiros e capital total à 
disposição da empresa. 
O capital nominal representa o investimento inicial realizado pelos sócios 
de uma empresa, ou seja, é o patrimônio líquido inicial da empresa. Esse capital 
será alterado quando forem realizados investimentos adicionais, como aumento 
de capital pelos sócios ou pela geração de lucros. Por exemplo: a empresa “Zac 
S.A” foi constituída por dois sócios, com um capital integralizado de $ 200.000 
(sendo $ 50.000 em máquinas e equipamentos). O balanço patrimonial será 
assim representado. 
 
Quadro 3 – Balanço patrimonial da empresa Zac S.A. 
Zac S.A. 
Balanço patrimonial em 31/12/201X 
Ativo Passivo 
Caixa 150.000 
Máquinas e equipamentos 50.000 Patrimônio líquido 
 Capital social 200.000 
Total 200.000 Total 200.000 
 
 
 
 
 
8 
 
Outra forma é o capital próprio, que compreende o capital social inicial e 
suas variações. Por exemplo, considera-se: no ano seguinte, a mesma empresa 
apresentou um lucro de $ 30.000 provenientes de suas atividades. Logo, o 
capital próprio da empresa seria de $ 200.000 mais o lucro, totalizando $ 
230.000, sendo que também haveria um incremento na conta caixa (ou até 
mesmo nas contas a receber), no mesmo valor. Sendo a situação patrimonial da 
empresa assim representada. 
 
Quadro 4 – Balanço patrimonial da empresa Zac S.A. 
 
Zac S.A. 
Balanço patrimonial em 31/12/201X 
Ativo Passivo 
Caixa 180.000 
Máquinas e Equipamentos 50.000 Patrimônio Liquido 
 Capital Social 200.000 
 Lucros 30.000 
Total 230.000 Total 230.000 
 
O capital de terceiros corresponde ao capital (utilizado de terceiros, ou 
seja, não sócios) para financiar as atividades da empresa. Suponha que no 
período seguinte a empresa tenha efetuado uma compra de mercadorias a prazo 
no valor de 10.000. Isso entrará no estoque e gerará uma dívida. 
Quadro 5 – Balanço patrimonial da empresa Zac S.A. 
Zac S.A. 
Balanço patrimonial em 31/12/201X 
Ativo Passivo 
Caixa 180.000 Fornecedores 10.000 
Estoque 10.000 Patrimônio líquido 
Máquinas e Equipamentos 50.000 Capital social 200.000 
 Lucros 30.000 
Total 240.000 Total 240.000 
 
 
 
9 
 
Dessa forma, o capital próprio será de $ 230.000 (capital social + lucros) 
e o capital de terceiros será de $ 10.000 (Fornecedores). 
Por fim, tem-se ainda o capital total à disposição, que consiste na soma 
do capital próprio e capital de terceiros ($ 230.000 + $ 10.000). Diante disso é 
possível salientar que o passivo mostra a origem de capital, ou seja, de onde a 
empresa conseguiu os recursos que possui (capital próprio ou capital de 
terceiros), enquanto que o ativo representa a aplicação do capital, ou seja, onde 
os recursos foram aplicados (por exemplo: compra de máquinas e 
equipamentos, estoque). Resumidamente: 
Figura 1 – Resumo de conceitos 
Ativo 
 (Bens e Direitos) 
Passivo (obrigações) 
 Capital de Terceiros 
Patrimônio líquido 
 Capital próprio 
 
TEMA 2 – RAZONETE, ESTRUTURA DAS CONTAS E FUNCIONAMENTO DAS 
CONTAS 
Conforme estudado anteriormente, a conta é um nome técnico atribuído 
aos bens, direitos e obrigações, assim como para as receitas e despesas. Por 
exemplo, o caixa, as contas a receber e as máquinas são algumas das contas 
pertencentes ao ativo. Cada conta tem uma finalidade. Por exemplo, a conta 
“caixa” representa o dinheiro, isto é, tanto os recebimentos quanto os 
pagamentos. 
Porém, antes de introduzirmos o conceito de razonete, faz-se necessária 
a compreensão de outros conceitos. O primeiro deles é a distinção entre curto e 
longo prazo, fundamental para a estrutura final do balanço patrimonial. 
O curto prazo, na contabilidade, representa um período equivalente a um 
ano; por sua vez o longo prazo representa um período superior a um ano. 
 
 
 
Origem 
de 
recursos 
Aplicação de recursos 
 
 
10 
 
Figura 2 – Curto prazo e longo prazo 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Marion, 2009, p. 67. 
 
Para tanto, utilizam-se os conceitos de circulante e não circulante na 
contabilidade, sendo que o (ativo e passivo) circulante representam as 
operações de curto prazo; o não circulante representa as contas de longo prazo. 
Contudo, vale a observação de Marion(2009) acerca do conceito de curto 
prazo estar relacionado ao ciclo operacional do negócio. Por exemplo, uma 
empresa que fabrica navios de grande porte levará mais do que um ano para 
concluir uma embarcação. Por esse motivo, o curto prazo não será equivalente 
a um ano, será de três anos. Outro exemplo muito comum é aplicado à pecuária: 
o período de nascimento de um bezerro até chegar à condição de boi gordo é 
superior a um ano. 
Voltando ao conceito de circulante e não circulante, tem-se uma 
segregação para as contas de ativo e passivo. Por exemplo, no ativo circulante 
são classificadas contas como disponível (caixa e banco), que são aquelas que 
estão em poder da empresa, além de todos os outros valores que serão 
convertidos em dinheiro no curto prazo, como duplicatas a receber e estoques. 
No ativo não circulante são classificadas todas as contas que serão 
transformadas em dinheiro a longo prazo. Por exemplo, um imóvel que a 
empresa vendeu e irá receber em cinco anos. Este será classificado como um 
realizável a longo prazo. 
Além dessas contas, o ativo também é composto pelos investimentos 
imobilizado e intangível, que são itens os quais dificilmente se transformarão em 
dinheiro, pois não estão destinados à venda, e sim são meios de produção 
utilizados para a obtenção de renda pela empresa. Os investimentos referem-se 
31-12-X0 
Término do 
exercício social 
Curto prazo Longo prazo 
X1 X2 
31-12-X1 
11 
a participações societárias em outras empresas. O imobilizado é compreendido 
pelo conjunto de bens e direitos necessários à manutenção das atividades da 
empresa, como máquinas. Por fim, o intangível é aquele no qual se classificam 
as marcas, patentes e softwares. 
Da mesma forma que no ativo, no passivo também existe a segregação 
em passivo circulante e passivo não circulante. O circulante engloba as dívidas 
com terceiros que serão pagas no curto prazo, como salários, impostos a pagar 
e dívidas com fornecedores de mercadorias. O não circulante, por sua vez, é 
composto pelo exigível a longo prazo, que compreende as dívidas com 
terceiros a serem pagas em um longo prazo, como financiamentos. Além disso, 
no passivo temos o patrimônio líquido. Este, conforme estudamos, representa os 
recursos aplicados pelos proprietários na empresa. 
Sintetizando, a estrutura do Balanço Patrimonial é assim apresentada. 
Quadro 6 – Estrutura do balanço patrimonial 
Ativo Passivo e patrimônio líquido 
Circulante Circulante 
Não circulante 
 Realizável a longo Prazo 
 Investimentos 
 Imobilizado 
 Intangível 
Não circulante 
 Exigível a longo prazo 
Patrimônio líquido 
Agora que conhecemos a estrutura do Balanço Patrimonial, bem como o 
agrupamento das contas conforme a sua natureza, é possível introduzir os 
conceitos de razonete, débito e crédito. 
Se a empresa recebe dinheiro, esse evento é registrado na conta caixa 
que pertence ao ativo, mas se a empresa for pagar algo, será registrada uma 
saída do dinheiro nessa mesma conta. Sendo assim, cada item será registrado 
de forma individualizada para que posteriormente se elabore o balanço 
patrimonial e as demais demonstrações contábeis. O modelo a seguir representa 
uma forma de registro no livro-razão. 
 
 
12 
 
Quadro 7 – Forma de registo no livro-razão 
Nome da conta 
Data Descrição da 
operação 
Débito Crédito Saldo 
 
 
 
Fonte: Iudicibus; Marion, 2010. 
Atualmente, utilizam-se códigos que facilitam o registro, por exemplo, a 
conta caixa tem o código 101; o item contas a receber tem o código 102 
(conforme o plano de contas, que será estudado na sequência). Porém, para 
simplificar esse processo, utiliza-se a representação gráfica “razonetes” ou 
“contas em T”. 
 
 
Caixa 
Débito Crédito 
 
 
Nesse razonete, registram-se todas as movimentações da conta “caixa”, 
tanto de entrada, quanto de saída de dinheiro. Isso deve ser efetuado 
individualmente. Para tanto, o lado esquerdo é chamado de débito; o direito, de 
crédito. A diferença entre o total de débitos e créditos feitos em uma conta é 
denominado saldo. Quando o valor dos créditos for superior ao dos débitos, o 
saldo final da conta será credor. Visto que uma conta tem dois lados, eles podem 
simbolizar tanto aumentos quanto diminuições, isso é determinado pela natureza 
das contas. 
As contas que compõem o ativo encontram-se no lado esquerdo do 
balanço, por isso, as contas do ativo devem sempre apresentar saldo devedor. 
Por exemplo, uma empresa efetuou uma venda ($ 1.000) e recebeu o pagamento 
do cliente a vista. O lançamento na conta Ativo será o seguinte: 
 
 
 
13 
 
Caixa 
Débito (1.000) 
 
Dessa forma conclui-se que quando qualquer conta do Ativo for 
aumentada, será efetuado um débito na conta, e quando a conta do Ativo for 
diminuída, será efetuado um crédito na conta. Por outro lado, as contas do 
Passivo e do Patrimônio Líquido, aparecem no lado direito do balanço, logo, 
possuem saldo credor. Dessa forma os aumentos de Passivo ou Patrimônio 
Líquido são registrados no lado credor. 
 
Contas do ativo Contas do passivo e PL 
Débito 
 
Aumentos 
Crédito 
 
Diminuições 
 Débito 
 
Diminuições 
Crédito 
 
Aumentos 
 
Diante disso, insere-se o método das partidas dobradas, considerando: 
para o registro de qualquer transação, tem-se um débito em uma ou mais contas 
e um crédito equivalente em uma ou mais contas. Assim, a soma dos valores 
debitados tem de ser a mesma dos valores creditados. Por exemplo: três sócios 
fundaram a empresa JIC S.A., integralizando no ato $ 50.000 em dinheiro. 
 
Caixa Patrimônio líquido 
50.000 50.000 
 
Nesse caso, o caixa (débito) e o patrimônio líquido (crédito) foram 
aumentados. Além dessa operação, a empresa decidiu comprar um terreno por 
$ 8.000. Esse montante foi pago à vista. 
 
Caixa Terreno 
50.000 
Saldo = 42.000 
8.000 8.000 
 
 
14 
 
Nesse caso, a conta caixa foi creditada (houve uma redução, pois foi 
retirado dinheiro da empresa para efetuar a compra do terreno). A conta 
Terrenos foi debitada (pois esse bem passou a fazer parte do ativo da empresa). 
Na sequência, a empresa fez uma compra de materiais por $ 7.000 a prazo. 
 
Estoque Contas a pagar 
7.000 7.000 
 
Adquiriu-se um novo ativo, debitando-se estoques. Com isso, a empresa 
assumiu uma nova obrigação, creditando-se contas a pagar. Dessa forma, ao 
fim do período, o balanço patrimonial da empresa JIC S.A. será apresentado da 
seguinte forma. 
 
Quadro 8 – Balanço patrimonial da empresa JIC S.A. 
Ativo Passivo e patrimônio líquido 
Circulante 
Caixa 42.000 
Estoque 7.000 
Circulante 
Contas a pagar 7.000 
Não circulante 
Realizável a longo prazo 
Investimentos 
Imobilizado 
Terrenos 8.000 
Intangível 
Não circulante 
Exigível a longo prazo 
Patrimônio líquido 
Capital Social 50.000 
Total 57.000 Total 57.000 
 
TEMA 3 – CONTAS DE RESULTADO E CONTAS DE COMPENSAÇÃO 
Existem as contas patrimoniais e as contas de resultado, de acordo com 
o estudado anteriormente. As contas patrimoniais são originárias do balanço 
patrimonial, como caixa, estoque e contas a pagar. As contas de resultado são 
representadas pelas receitas e despesas que, no fim do exercício fiscal, 
apontarão o lucro ou prejuízo da empresa. 
 
 
 
 
15 
 
Portanto, a receita representa a entrada de recursos financeiros, em geral 
provenientes da venda de bens ou serviços. As receitas sempre provocam 
aumentos de ativos. Por exemplo, a empresa KA S.A. realizou uma venda de 
mercadorias a vista no valor de $ 1.000. 
 
Caixa (ou clientes) Receita com vendas 
1.000 1.000 
 
Essa venda gera um recebimento que será registrado no caixa. Porém, 
se a venda efetuada fosse a prazo, em vez de realizar um débito na conta caixa, 
seria realizado um débito na conta clientes. 
As despesas, de acordo com Bächtold (2011), são caracterizadas pelo 
consumo de bensou serviços ou mesmo a saída de recursos financeiros. Como 
exemplos, tem-se as despesas com água, luz, telefone, salários, propaganda, 
material de expediente e limpeza. A empresa KA S.A., por exemplo, efetuou o 
pagamento da conta de telefone no valor de $ 200. 
 
 
Caixa Despesa de telefone 
 200 200 
 
Nesse caso, efetuou-se uma retirada do caixa para realizar o pagamento 
da despesa de telefone. Apurados os valores de receitas e despesas, é possível 
elaborar a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), a qual consiste na 
diferença entre receitas e despesas. Considerando o exemplo da empresa KA 
S.A., seria $ 1.000 das receitas, menos $ 200 das despesas, gerando um 
resultado de $ 800 (lucro). 
Com isso, a empresa terá resultado positivo – ou lucro – quando as 
receitas forem maiores que as despesas ou um resultado negativo – ou prejuízo 
– quando as receitas forem menores que as despesas. Esse resultado apurado 
(lucro ou prejuízo) será incorporado ao balanço patrimonial. 
 
 
16 
 
Quadro 9 – Síntese 
Operações À vista A prazo 
Receita Caixa 
(aumenta o ativo) 
Duplicatas a receber 
(aumenta o ativo) 
Despesa Caixa 
(diminui o ativo) 
Contas a pagar 
(aumenta o passivo) 
 
 
 
Dessa forma, quando: 
Receitas > Despesas  Lucro 
Receitas < Despesas  Prejuízo 
 
As contas de receitas e despesas têm por finalidade registrar informações 
de gastos e ganhos, sendo que não representam nenhum elemento patrimonial, 
mas sim de resultado. Sendo assim, são utilizadas apenas para a elaboração da 
demonstração de resultados do último período. Para tanto, elas são abertas no 
início de cada ano e recebem os dados de receitas e de despesas do período e 
são encerradas no fim do período. Posteriormente, faz-se o processo para zerar 
os saldos das contas de receitas e despesas (para que não sejam acumuladas 
para o período seguinte). Isso se denomina como o encerramento das contas de 
resultado. 
As transferências das contas de resultado devem respeitar a natureza de 
cada conta, isto é, como as contas de despesas são a débito, ao transferi-las 
para a conta de Apuração do Resultado do Exercício (ARE), deve-se 
salvaguardar sua natureza, debitando-a na referida conta. 
Já as contas de receitas têm natureza a crédito, portanto, ao transferi-la, 
devemos creditá-la na ARE, para que sua natureza seja respeitada. Todavia, 
isso deve ser efetuado respeitando o método das partidas dobradas (para cada 
débito existe um crédito). Nesse sentido, quando se realiza a transferência de 
uma despesa para a conta de apuração, realiza-se um crédito nessa conta. 
 
DRE Balanço patrimonial 
 
 
17 
 
Exemplificando: a companhia Empreiteiros S.A. tem as seguintes 
movimentações: 
 Saldo de $ 30.000 no caixa e $ 30.000 no capital social. 
 Compra de mercadorias à vista, no valor de $ 10.000. 
 Pagamento de despesa de energia elétrica no valor de $ 1.000. 
 Pagamento de fatura de telefone no valor de $ 500. 
 Venda de mercadorias à vista no valor de $ 8.000 com custo da 
Mercadoria Vendida (CMV) de $ 5.000. 
Os lançamentos serão os seguintes: 
 
Caixa Capital social 
30.000 
8.000 
10.000 
1.000 
500 
 30.000 
 
Receita com vendas Despesa de telefone 
 8.000 500 
 
 
Despesa de energia CMV Estoque 
1.000 5.000 10.000 5.000 
 
Ao realizar a venda, e a companhia receber o valor da mercadoria 
vendida, a empresa terá de entregar ao comprador a mercadoria que estava 
estocada. Para isso, debita-se o CMV, reconhecendo o custo da mercadoria que 
inicialmente foi comprada e estocada até ser vendida ao cliente. 
Concomitantemente, a conta estoque foi creditada, pois, para entregar a 
mercadoria, faz-se necessário dar baixa no estoque e reconhecer a saída da 
 
 
18 
 
mercadoria do estoque para ser entregue ao comprador. Posteriormente, ao 
realizar-se o ARE em uma conta separada, o resultado será transferido para a 
conta lucros (ou prejuízo), a qual será apresentada no balanço, visto que a conta 
ARE é transitória e também deverá ser zerada. 
 
ARE Lucro 
500 
1.000 
5.000 
8.000 1.500 
6.500 8.000 
 1.500 
1.500 
 
Nesse caso, o saldo encontrado ($ 1.500) no lado credor será transferido 
para a conta de lucros; a conta de ARE também será zerada. 
O encerramento das contas é representado por dois traços diagonais no 
fim do razonete (isso também deverá ser efetuado para as contas de receitas e 
despesas e CMV). 
O balanço patrimonial e a demonstração de resultados serão assim 
constituídos. 
 
Ativo Passivo e patrimônio liquido 
Circulante 
Caixa 26.500 
Estoque 5.000 
Circulante 
Contas a pagar 
Não circulante 
Realizável a longo prazo 
Investimentos 
Imobilizado 
Intangível 
Não circulante 
Exigível a longo prazo 
Patrimônio líquido 
Capital social 30.000 
Lucro 1.500 
Total 31.500 Total 31.500 
 
Receita com vendas 8.000 
(-) CVM 5.000 
(=) Resultado Bruto 3.000 
(-) Despesas 
(-) Despesa com telefone 500 
(-) Despesas com energia 1.000 
(=) Resultado líquido do exercício 1.500 
 
 
19 
 
TEMA 4 – PLANOS DE CONTAS: CONCEITO, TIPOS DE CONTAS, SITUAÇÃO 
DAS CONTAS, SALDO DE UMA CONTA 
Até agora, estudamos alguns exemplos de registros contábeis, os quais 
mostram fatos que ocorreram na empresa. Porém, para efetuar essa 
escrituração, o contador necessita de uma relação de todas as contas 
necessárias para realizar o procedimento contábil. 
Conforme Padoveze (2009), um plano de contas é o conjunto de contas 
criado pelo contador para atender às necessidades de registros das transações 
que ocorrem na empresa, para possibilitar a geração dos principais relatórios 
contábeis e atender o usuário da informação. Um plano de contas deve 
apresentar aquelas que serão movimentadas pela contabilidade. 
Vale ressaltar: esse plano é uma das primeiras coisas a serem criadas, 
por isso, demanda muito planejamento. Ele é elaborado conforme as 
necessidades e operações de cada empresa, ou seja, não há um padrão no 
plano de contas (exceto as contas principais). Mas o fato é que ele pode ser 
moldado e alterado conforme a demanda e a necessidade de cada empresa. Por 
exemplo, não há necessidade de uma empresa de serviços ter uma conta de 
estoques no seu ativo, pois ela normalmente não realiza operações com 
mercadorias. 
Os objetivos de um plano de contas são atender às necessidades de 
informação da administração da empresa, observar o formato compatível com 
os princípios de contabilidade e a legislação acerca da elaboração das 
demonstrações, e adaptar-se (tanto quanto possível) às exigências dos agentes 
externos, principalmente às da legislação do imposto de renda. 
Vejamos na sequência o elenco das principais contas a serem utilizadas 
pelas empresas conforme a estrutura exigida pela legislação, para 
posteriormente compreendermos a sua elaboração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
Quadro 9 – Contas patrimoniais 
1. Ativo 2. Passivo e patrimônio liquido 
1.1 Circulante 2.1 Circulante 
1.2 Não circulante 
1.2.1 Realizável a longo prazo 
1.2.2 Investimentos 
1.2.3 Imobilizado 
1.2.4 Intangível 
2.2 Não circulante 
Exigível a longo prazo 
2.3. Patrimônio líquido 
2.3.1 Capital social 
2.3.2 Lucro 
Quadro 10 – Contas de resultado 
3. Despesa 4. Receitas 
3.1 Custo das mercadorias vendidas 
3.2 Despesas operacionais 
3.2.1 Despesas gerais 
4.1 Receita líquida 
4.1.1 Receita bruta de vendas 
4.2 Outras receitas operacionais 
 
A estrutura do plano de contas deve abranger uma numeração, que 
deverá ser separada por níveis. A quantidade de níveis varia de empresa para 
empresa, sendo que o plano de contas geralmente é composto por quatro ou 
mais níveis. 
O primeiro aspecto importante a ser observado é a numeração na 
esquerda das contas, a qual deve sempre observar o seguinte critério: 
Quadro 11 – Critério para numeração de contas 
Algarismo Contas 
1 
2 
3 
4 
Contas do ativoContas do passivo 
Contas de despesas 
Contas de receitas 
 
 
Além disso, deve-se obedecer ao critério do grau de liquidez das contas 
(prazo para se transformar em dinheiro). Por exemplo, no ativo, a conta de 
duplicatas a receber será transformada em dinheiro quando estas forem 
recebidas. Por outro lado, a conta caixa e bancos são as que têm maior grau de 
liquidez, pois representam disponibilidades imediatas (Ribeiro, 2009). Logo, são 
 
 
 
21 
 
as primeiras contas a aparecerem, enquanto os bens serão elencados mais ao 
fim. 
No caso do passivo, deve-se obedecer ao grau de exigibilidade, o qual 
representa o prazo em que as obrigações da empresa devem ser pagas. Por 
isso, tem-se também a segregação em circulante e não circulante. 
Na sequência, observam-se os níveis de cada conta. Para isso, vale 
analisar pela associação de Bächtold (2011) com a matemática. 
Figura 3 – Níveis de contas 
 
 
 
 
 
No primeiro nível, estão representadas as contas de Ativo, Passivo, 
despesas e receitas. Já no segundo nível estão representados um grupo de 
contas do Ativo, por exemplo, e assim sucessivamente. Vejamos o exemplo: 
Quadro 11 – Exemplo de níveis de contas 
1. Ativo 
1.1 Ativo circulante 
1.1.1 Caixa 
1.1.2 Bancos 
 
O plano de contas pode ser ainda mais detalhado. Por exemplo, um item 
1.1.2.1 que represente o Banco Alfa. Contudo, é critério da empresa a adoção 
de um plano de contas mais – ou menos – detalhado. Vale ainda lembrar que se 
a numeração fosse 1.1.2.01, seria possível cadastrar ainda nove contas de 
bancos. Isso é um aspecto importante para ser observado em contas como 
clientes e fornecedores. Vale ainda ressaltar que as contas do último nível são 
denominadas de analíticas. Somente elas podem receber lançamentos na 
contabilidade. As demais são denominadas de sintéticas ou totalizadoras. 
 
 
1. 
1.1 
1.1.1 
 
 
22 
 
Existem formas mais simples de efetuar os registros do que utilizar 
1.1.2.1. Por exemplo, poderia se utilizar o código 121 e saberíamos que estamos 
debitando o creditando dinheiro do Banco Alfa. Na sequência, apresentamos um 
modelo com algumas contas principais de um plano de contas. 
 
Quadro 12 – Modelo de contas de um plano de contas 
1 ATIVO 2 PASSIVO 
1.1 ATIVO CIRCULANTE 2.1 CIRCULANTE 
1.1.1 Caixa 2.1.1 Impostos e Contribuições a recolher 
1.1.1.01 Caixa geral 2.1.1.01 Simples a recolher 
1.1.2 Bancos com movimento 2.1.1.02 INSS 
1.1.2.01 Banco Alfa 2.1.1.03 FGTS 
1.1.3 Contas a receber 2.1.2 Contas a pagar 
1.1.3.01 Clientes 2.1.2.01 Fornecedores 
1.1.3.02 Outras contas a receber 2.1.2.02 Outras contas 
1.1.3.09(-) Duplicatas descontadas 2.1.3 Empréstimos bancários 
1.1.4 Estoques 2.1.3.01 Banco A - Operação X 
1.1.4.01 Mercadorias 
1.1.4.02 Produtos Acabados 2.2 NÃO CIRCULANTE 
1.1.4.03 Insumos 2.2.1 Empréstimos bancários 
1.1.4.04 Outros 2.2.1.01 Banco A - Operação X 
 
1.2 NÃO CIRCULANTE 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
1.2.1 Contas a receber 2.3.1 Capital social 
1.2.1.01 Clientes 2.3.2.01 Capital social subscrito 
1.2.1.02 Outras contas 2.3.2.02 Capital social a realizar 
1.2.2 INVESTIMENTOS 2.3.2. Reservas 
1.2.2.01 Participações societárias 2.3.2.01 Reservas de capital 
1.2.3 IMOBILIZADO 2.3.2.02 Reservas de lucros 
1.2.3.01 Terrenos 2.3.3 Prejuízos acumulados 
1.2.3.02 Construções e benfeitorias 
2.3.3.01 Prejuízos acumulados de exercícios 
anteriores 
1.2.3.03 Máquinas e ferramentas 2.3.3.02 Prejuízos do exercício atual 
1.2.3.04 Veículos 
1.2.3.05 Móveis 
1.2.3.98 (-) Depreciação acumulada 
1.2.3.99 (-) Amortização acumulada 
1.2.4 INTANGÍVEL 
1.2.4.01 Marcas 
1.2.4.02 Softwares 
1.2.4.99 (-) Amortização acumulada 
 
 
23 
 
TEMA 5 – BALANCETE DE VERIFICAÇÃO 
Seguindo o método das partidas dobradas, na escrituração, os valores de 
débitos e créditos das operações devem ser sempre iguais. Logo, o valor total 
dos saldos credores deve ser igual ao valor total dos saldos devedores. Porém, 
é necessário verificar se os lançamentos contábeis realizados no período estão 
corretos. Para verificar essa igualdade de débitos e créditos, relacionam-se 
todas as contas no chamado balancete de verificação. 
Já o Balanço Patrimonial é uma ferramenta contábil disponível para todos 
os usuários da informação. O balancete de verificação, por sua vez, é de uso 
exclusivo do contador e dos usuários internos. Veja o exemplo a seguir. 
Quadro 10 – Exemplo do balancete de verificação simplificado 
ABC S.A. 
Balancete de verificação em 31/01/201X 
Contas 
Saldos 
Débito Crédito 
Caixa 10.000 
Contas a receber 5.000 
Móveis e equipamentos 2.000 
Estoque 3.000 
Veículos 8.000 
Fornecedores 12.000 
Contas a pagar 1.000 
Capital 15.000 
 28.000 28.000 
Fonte: Oliveira e Moreira, 2012, p. 42. 
Este é um modelo de balancete bastante simplificado, porém, existem 
modelos mais completos que apresentam os saldos anteriores das contas, as 
movimentações do período e o saldo atual, conforme exemplo a seguir. 
 
 
 
24 
 
Quadro 11 – Exemplo de balancete de verificação completo 
Cia. Brasília de radiadores 
Balancete de verificação em 31-08-X1 
Contas 
Balancete anterior Movimento do período Balancete atual 
Saldos Débito Crédito Saldos atuais 
Devedores Credores Devedores Credores 
 
 
Fonte: Iudicibus, 2010. 
Um aspecto importante a lembrar é que no balancete de verificação 
constam as contas de resultado (receitas e despesas), enquanto que no balanço 
patrimonial essas contas são sintetizadas na conta de lucros acumulados, no 
patrimônio líquido. 
A periodicidade de elaboração do balancete é estabelecida de acordo com 
as necessidades de cada empresa, todavia, geralmente é efetuado 
mensalmente. Mas em muitos casos ele é produzido diariamente, para 
verificações de trabalho, como nos bancos, onde se tem um volume muito 
grande de lançamentos e os erros não podem perdurar de um dia para o outro. 
Contudo, cabe alertar: o balancete de verificação nem sempre detecta 
erros nos registros contábeis, como uma contabilização indevida, ou a inversão 
de débito por crédito em um lançamento (por exemplo, o contador creditou caixa 
e débito contas a receber, mas na verdade deveria ter efetuado o inverso). O 
balancete de verificação tem a finalidade de verificar se o saldo devedor é igual 
ao saldo credor. 
Conforme Marion (2009), o balancete de verificação (mensal) é um 
importante instrumento para a tomada de decisão, pois a empresa não necessita 
aguardar a elaboração do balanço patrimonial para conhecer o resultado 
financeiro da empresa. Quanto maior for o grau de detalhamento, mais subsídios 
haverá para a tomada de decisão, pois o indivíduo terá mais informações para 
sua sustentação. 
 
 
 
 
25 
 
TROCANDO IDEIAS 
A seguir, indicamos algumas leituras importantes: 
 
A respeito de conceitos e tipos de contas: 
 SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS 
EMPRESAS – SEBRAE. Sobrevivência das empresas no Brasil. Brasília, 
DF, 2013. (Coleção estudos e pesquisas). Disponível em: 
<http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/Sobrevivenci
a_das_empresas_no_Brasil=2013.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2016. 
 
A respeito de ativo e passivo: 
 RODRIGUES, E. Conceitos contábeis: o que são ativos e passivos? NF-e 
PROTECT, 6 jul. 2016. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=2nmLru3Z14c>. Acesso em: 09 dez. 
2016. 
 
A respeito do plano de contas, indicamos outro modelo, mais detalhado, 
que pode ser encontrado no livro elaborado pela equipe de professores da 
FEA/USP (Contabilidade introdutória, a partir da página 191). 
 IUDICIBUS, S. de (Org.). Contabilidade introdutória. 11. ed. São Paulo: 
Atlas, 2010. 
 MODELO de plano de contas de acordo com a Lei n. 11.638/07 e MP n. 
449/08. Disponível em: 
<http://www.portalava.com.br/ava/includes/downloads/Modelo_de_Plano
_de_Contas.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2016. 
 
A respeito do balancetede verificação: 
 Balancete de verificação – parte 1. Jorge Eduardo Scarpin. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=QAN86I0PDaI>. Acesso em: 09 dez. 
2016. 
 
 
 
 
26 
 
 Balancete de verificação – parte 2. Jorge Eduardo Scarpin. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=lk_siJZlpBI>. Acesso em: 09 dez. 
2016. 
 MASCARA, F. Balancete de verificação. Curso Aprovação, 30 mar. 2007. 
Disponível em: 
<http://www.cursoaprovacao.com.br/scasat/arquivos/2007_03_30_Balan
cete_Verificacao.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2016. 
NA PRÁTICA 
Complete a seguinte tabela com a respectiva classificação da conta em 
ativo, passivo ou patrimônio líquido. 
Conta Classificação 
Clientes 
Caixa 
Empréstimos bancários 
Financiamentos a pagar 
INSS a pagar 
Terrenos 
Computadores 
ICMS a recuperar 
Estoque de mercadorias 
Água, luz e telefone a pagar 
Prejuízos 
 
Resposta: 
Conta Classificação 
Clientes Ativo 
Caixa Ativo 
Empréstimos bancários Passivo 
Financiamentos a pagar Passivo 
INSS a pagar Passivo 
Terrenos Ativo 
Computadores Ativo 
ICMS a recuperar Ativo 
Estoque de mercadorias Ativo 
 
 
27 
Água, luz e telefone a pagar Passivo 
Prejuízos Patrimônio líquido 
 
 
Identifique a situação patrimonial da seguinte empresa: 
Contas Situação 1 Situação 2 Situação 3 
Caixa 500,00 400,00 300,00 
Duplicatas a receber 300,00 100,00 200,00 
Impostos a recuperar 250,00 200,00 100,00 
Fornecedores 150,00 500,00 1.000,00 
Empréstimos a pagar 400,00 850,00 300,00 
Bancos 800,00 300,00 700,00 
Situação patrimonial 
Resposta: 
Contas Situação 1 Situação 2 Situação 3 
Caixa 500,00 400,00 300,00 
Duplicatas a receber 300,00 100,00 200,00 
Impostos a recuperar 250,00 200,00 100,00 
Fornecedores 150,00 500,00 1.000,00 
Empréstimos a pagar 400,00 850,00 300,00 
Bancos 800,00 300,00 700,00 
Situação Patrimonial 1.300,00 -350,00 0,00 
 
 
 
 
Classifique as seguintes contas em receita ou despesa. 
Conta Classificação 
Conta de luz 
Receita de serviços 
Aluguel pago 
Material de limpeza 
Aluguel recebido 
Descontos obtidos 
Venda de mercadorias 
Situação 
patrimonial 
Positiva 
Situação 
patrimonial 
Negativa 
Situação 
patrimonial 
Nula 
 
 
28 
 
Resposta: 
Conta Classificação 
Conta de luz 
Receita de serviços 
Aluguel pago 
Material de limpeza 
Aluguel recebido 
Descontos obtidos 
Venda de mercadorias 
Elabore o balancete de verificação com base nas seguintes informações: 
Conta Saldo 
Banco conta corrente 166.200,00 
Caixa 59.200,00 
Capital social 100.000,00 
Clientes 22.000,00 
COFINS a recolher 8.000,00 
CSSL a recolher 2.800,00 
Duplicatas a pagar 3.000,00 
Empréstimos a pagar 25.000,00 
Financiamento a pagar 200.000,00 
Fornecedores 240.000,00 
Imóveis 500.000,00 
IRPJ a pagar 9.000,00 
Reservas de lucros 182.600,00 
Mercadorias 35.000,00 
Móveis e utensílios 8.000,00 
PIS a recolher 2.000,00 
Salários a pagar 40.000,00 
Veículos 22.000,00 
 
 
 
 
29 
Resposta 
Conta Saldo débito Saldo crédito 
Banco conta corrente 166.200,00 
Caixa 59.200,00 
Capital social 100.000,00 
Clientes 22.000,00 
COFINS a recolher 8.000,00 
CSSL a recolher 2.800,00 
Duplicatas a pagar 3.000,00 
Empréstimos a pagar 25.000,00 
Financiamento a pagar 200.000,00 
Fornecedores 240.000,00 
Imóveis 500.000,00 
IRPJ a pagar 9.000,00 
Reservas de lucros 182.600,00 
Mercadorias 35.000,00 
Móveis e utensílios 8.000,00 
PIS a recolher 2.000,00 
Salários a pagar 40.000,00 
Veículos 22.000,00 
 812.400,00 812.400,00 
SÍNTESE 
Um dos objetivos da contabilidade é a geração de informações para a 
tomada de decisões. Por isso, é fundamental existir ferramentas que possibilitem 
conhecer a real situação de uma empresa para atender a esse objetivo. 
É responsabilidade da contabilidade o registro dos atos e fatos 
administrativos e a produção de informações que auxiliem o administrador no 
planejamento e controle de suas ações, bem como delinear os objetivos da 
entidade. 
Visto que todas as entidades têm um objetivo, seja ele por resultados 
financeiros ou sociais, seja de expansão, a contabilidade torna-se indispensável, 
principalmente com o desenvolvimento do mercado de ações. Ela visa assegurar 
a veracidade e credibilidade das informações de uma companhia diante de seus 
interessados. 
 
 
 
 
 
30 
 
Como descrito na Conversa inicial, um grande número de empresas não 
sobrevive ao primeiro ano de atividades. Isso porque não têm controle e 
planejamento. Por esse motivo, a contribuição e importância da contabilidade 
são de grande valia. 
 
REFERÊNCIAS 
BÄCHTOLD, C. Contabilidade básica. Curitiba: Instituto Federal do Paraná, 
2011. 
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). Pronunciamento 
Técnico CPC 00 (R1): Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de 
Relatório Contábil-Financeiro (2011). Disponível em: < 
http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/149_CPC00_R1_Rel_AudPubl
ica.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2016. 
IUDICIBUS, S. de (Org.). Contabilidade introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 
2010. 
IUDICIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade comercial: atualizado 
conforme Lei n. 11.638/07 e Lei n. 111.941/09. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
MARION, J. C. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 
OLIVEIRA, M. S. de; MOREIRA, S. C. Noções de contabilidade básica para 
cursos técnicos. Brasília: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia 
de Brasília, 2012. 
PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória 
e intermediária. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 
RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica fácil. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE 
GERAL 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profa. Edicreia Andrade dos Santos 
 
 
 
 
2 
 
CONVERSA INICIAL 
Olá! A venda de mercadorias é a principal fonte de renda da maioria das 
empresas. Para se vender uma mercadoria é essencial fazer inicialmente a 
compra – no caso de empresas revendedoras – ou a compra de matéria prima – 
no caso das indústrias de transformação. O intervalo de tempo existente entre a 
compra da mercadoria e o recebimento do valor gerado por sua venda é 
entendido como ciclo operacional. 
É importante perceber que durante esse ciclo ocorre um “movimento” de 
entrada e saída de mercadorias. Será assumido, por questão de introdução do 
conceito, apenas o caso de empresas revendedoras. Esse “movimento” pode ser 
entendido como estoque. Para a sustentabilidade financeira da empresa, é 
importante que exista circulação de mercadorias no estoque, ou seja, as 
mercadorias devem entrar e sair na maior intensidade possível. Dada essa 
condição, o controle das mercadorias em estoque configura uma das principais 
formas de mensuração e gerenciamento do resultado da empresa. Por isso, o 
Controle de Estoques é fundamental. 
Por essa razão, esta aula visa a proporcionar a compreensão dos 
fundamentos básicos do controle de Estoque para a estruturação do 
conhecimento que envolve a escrituração contábil e desenvolver a capacitação 
da prática dessa prática, aplicando os métodos de controle de estoques e 
incidência de tributação. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Abordaremos alguns temas importantes, os quais você confere a seguir: 
 Controle de Estoque: Inventário Periódico e Permanente: 
compreender os principais conceitos relacionados ao controle de estoque 
pelo inventário periódico e permanente. 
 Inventário Periódico: Contas e Mercadorias Mistas (ou Sistema de 
Conta Única): compreender os principais conceitos relacionados ao 
controle de estoque pelo inventário periódico. 
 Inventário Permanente: método do custo específico, método PEPS, 
método UEPS e método do custo médio: compreender os principais 
conceitos relacionados ao controle de Estoque pelo Inventário 
Permanente. 
 
 
3 
 Controle deestoque por meio da contabilidade e apresentação do 
reflexo patrimonial (conta estoque) e da conta de resultado (CMV): 
desenvolver a capacitação teórica e prática dos métodos de controle de 
estoque. 
 Apuração dos impostos da movimentação de estoque: desenvolver a 
capacitação teórica e prática da apuração de impostos sobre 
movimentação de mercadorias. 
 
O controle dos estoques deve levar em consideração dois fatores 
importantes: 
 O número de unidades de cada mercadoria; 
 Seus respectivos valores em moeda. 
 
A esse processo de controle detalhado do estoque é dado o nome de 
inventário. Ele pode ser feito de duas formas: a primeira considera o registro 
instantâneo de cada movimentação de estoque tanto de compras, como de 
venda de mercadorias. Ela é denominada de inventário permanente; já a 
segunda é chamada de inventário periódico, forma que considera o controle do 
estoque ao fim de um período de tempo, como um mês, um trimestre ou um ano, 
dependendo da construção das demonstrações financeiras. 
Além do controle do estoque, esse inventário permite a mensuração do 
Custo de Mercadoria Vendida (CMV). A apuração do CMV é importante, pois 
trata-se de uma despesa contábil, visto que esse valor reduz o patrimônio líquido. 
Evidentemente, em compensação, o preço de venda é uma receita, por 
aumentar o patrimônio líquido. 
Então, esta aula visa ao estudo e ao aprofundamento de conceitos que 
envolvem o estoque e o processo de controle, além de mensurar as implicações 
sobre o balanço patrimonial. 
 
TEMA 1 – CONTROLE DE ESTOQUE: INVENTÁRIO PERIÓDICO E 
PERMANENTE 
Para uma empresa, dois conceitos são importantes para a apuração do 
resultado, bem como para a construção do balanço patrimonial. São elas: 
 Resultados Bruto com Mercadorias (RBM). 
 Custo da Mercadoria Vendida (CMV). 
 
 
4 
O primeiro conceito pode ser dado por: 
Resultado Bruto com Mercadorias = 
Receita de Vendas – Custo das Mercadorias Vendidas 
 
Para ilustrar a situação, vamos assumir a situação da empresa A2X Cia., 
uma grande revendedora de automóveis. Em um primeiro balanço, a referida 
empresa tem apenas um exemplar de um modelo de automóvel que foi adquirido 
pelo valor de 100.000,00, assim o balanço da empresa é dado a seguir. 
 
Quadro 1 – Balanço da empresa A2X Cia. 
Ativo Passivo 
Estoque de 
mercadorias 
100.000,00 Patrimônio líquido 100.000,00 
Total 100.000,00 Total 100.000,00 
 
Agora, supondo uma segunda operação da empresa: a compra de um 
outro automóvel exatamente igual ao que existe no estoque. Esse automóvel foi 
adquirido por 120.000,00 e será pago em 30 dias após a compra. O novo balanço 
ficaria assim: 
 
Quadro 2 – Balanço da empresa A2X Cia. após compra 
Ativo Passivo 
Estoque de 
mercadorias 
220.000,00 
Fornecedores 120.000,00 
Patrimônio líquido 100.000,00 
Total 220.000,00 Total 220.000,00 
 
Ocorreu uma alteração no balanço em consideração ao balanço inicial. O 
estoque de mercadorias passou de 100.000,00 para 220.000,00 ocasionado pelo 
débito de 120.000,00 referente à compra do segundo carro. Considerando que 
ela não ocorreu à vista, a empresa criou um passivo denominado fornecedores, 
lançado como crédito, no valor de 120.000,00. 
Ao assumir a ocorrência de um novo fato, a empresa A2X Cia. vendeu um 
carro à vista por 200.000,00. O carro entregue ao cliente será aquele que a 
empresa possuía inicialmente, cujo preço de compra foi de 100.000,00. Assim, 
o novo balanço pode ser apresentado como: 
 
 
 
5 
Quadro 3 – Balanço da empresa A2X Cia. após venda 
Ativo Passivo 
Caixa 200.000,00 Fornecedores 120.000,00 
Estoque de 
mercadorias 
120.000,00 Patrimônio líquido 200.000,00 
Total 320.000,00 Total 320.000,00 
 
Esse balanço consegue captar todo o ciclo operacional da empresa. 
Dessa forma, é possível contabilizar o resultado das operações da empresa no 
período. Ao analisar as alterações do balanço e o resultado da existência do 
fato 2: 
 A conta caixa no ativo passou de zero para 200.000,00, resultado do 
recebimento à vista do carro vendido. 
 O estoque de mercadorias passou de 220.000,00 para 120.000,00, tendo 
em vista que o veículo saído do estoque foi o carro pertencente ao 
estoque inicial. 
 O patrimônio líquido foi aumentado de 100.000,00 para 200.000,00, ou 
seja, ocorreu um acréscimo de 100.000,00 originado pelo lucro ocorrido 
na venda do automóvel. 
 
De acordo com o estudado em aulas anteriores, o patrimônio líquido sofre 
alterações em dois casos principais: aumenta quando há uma receita e diminui 
quando há uma despesa. No exemplo apresentado, a empresa registrou ambas 
as alterações: 
 
Quadro 4 – Alterações ocorridas no patrimônio líquido da empresa 
Receita de venda 200.000,00 (RECEITA) 
Custo da mercadoria vendida 100.000,00 (DESPESA) 
Lucro na venda da mercadoria 100.000,00 (aumento do PL) 
 
Dessa forma, é possível perceber que o custo de mercadoria vendida é 
uma despesa, visto que ele reduz o patrimônio líquido. Em resumo, o valor de 
compra da mercadoria que estava em estoque é uma despesa contábil que 
diminui o patrimônio líquido no ato da saída do estoque. 
A respeito desse contexto, algumas questões devem ser levantadas, 
como: 
 
 
6 
 Em um estoque que tem várias mercadorias de um mesmo tipo, 
compradas por valores distintos, como devem ser reconhecidas suas 
saídas para posterior lançamento de despesa no patrimônio líquido? 
 Em vendas de uma quantidade de produtos de mesma espécie, com 
valores de compra distintos, como estimar o custo da mercadoria 
vendida? 
 Como construir um sistema de controle de estoques que permita o 
controle e mensuração do custo da mercadoria vendida? Essa e outras 
questões são importantes para as rotinas da contabilidade e serão 
abordadas na sequência. 
 
Na contabilidade, uma ferramenta utilizada para efetuar esse controle é o 
inventário. Ele deriva da palavra inventarium, do latim, que significa “relação de 
bens”. Aplicando esse conceito ao contexto empresarial, representa os bens em 
estoque disponíveis para a venda ou a serem utilizados na fabricação de 
produtos. 
Sendo assim, existem dois sistemas de inventário: o permanente e o 
periódico. O sistema de inventário permanente consiste em controlar 
permanentemente o valor do estoque de mercadorias, ou seja, sempre que uma 
mercadoria é comprada ou vendida, efetua-se o registro do respectivo custo. 
Dessa forma, o estoque de mercadorias fica sempre atualizado, pois é registrado 
a cada transação. 
Pelo inventário permanente, a companhia mantém um controle contínuo 
sobre a entrada e saída de mercadorias tanto em valores quanto em 
quantidades, assim, tem disponível a qualquer momento as informações 
atualizadas dos estoques e do custo das mercadorias vendidas. Isso se torna 
um importante aliado da empresa, auxiliando no planejamento de compras e no 
controle, para evitar que ocorra falta ou excesso de mercadorias no estoque. 
No inventário periódico, o valor do estoque de mercadorias é conhecido 
somente no fim de um período, após a realização da contagem física das 
mercadorias. Por isso, exige um sistema bastante simplificado para a apuração 
do custo, pois não exige um controle minucioso de todas as operações de 
compra e venda. Além disso, não é possível saber o valor real do custo durante 
o período, somente ao fim do período, quando é efetuado o levantamento físico. 
7 
O fato de uma empresa adotar, por exemplo, o inventário permanente, 
não significa que ela deva dispensar por completo a conferência física. Ela pode 
ser utilizada como complemento para atestar a veracidade das informações 
obtidas pelos controles (Iudicibus; Marion, 2010). 
Por isso, a adoção de uma ou outra forma de controle deve ser analisada 
pela empresa, considerando a periodicidade com que deseja obter informações 
e a sua qualidade. Outros fatores, como porte da empresa, itens em negociação, 
volume de negociações e comportamentodo preço de compra também devem 
ser considerados ao se tomar essa decisão. 
TEMA 2 – INVENTÁRIO PERMANENTE: MÉTODO DO CUSTO ESPECÍFICO, 
MÉTODO PEPS, MÉTODO UEPS, MÉTODO DO CUSTO MÉDIO 
Como estudado no tema anterior, no inventário periódico o valor do 
estoque de mercadorias é conhecido somente no fim de um período, após a 
realização da contagem física das mercadorias, que será o valor do estoque final. 
Considerando-se que o valor do estoque inicial era conhecido e que o valor das 
compras foi registrado, é possível calcular o valor do Custo das Mercadorias 
Vendidas (CVM). 
CVM = estoque inicial + compras – estoque final 
Por exemplo, vamos considerar que uma empresa tenha em estoque 
(inicial) um valor de 500,00 e, durante o ano, ela tenha adquirido mais 2.000,00 
em mercadorias e tenha apurado se estoque final em 1.110,00. Com essas 
informações é possível identificar o valor do CMV: 
CMV = estoque inicial + compras – estoque final 
CMV = 500 + 2.000 - 1.100 
CMV = 1400 
Além disso, é necessário observar nas compras o valor referente às 
devoluções e abatimentos do fornecedor. Sendo calculado da seguinte forma: 
Compras = aquisições – devoluções – abatimentos 
Vamos agora estudar como deverá ser feito o cálculo e a contabilização 
das compras e vendas, bem como do CMV. 
 
 
8 
Vejamos o seguinte exemplo apresentado por Iudicibus e Marion (2010). 
Deve-se considerar que serão abertos três razonetes, um para estoque, um para 
compras e outro para as vendas. 
A empresa XAC S.A. tem um estoque inicial de 100.00. 
Estoque 
100.000 
 
Agora, suponhamos que a empresa tenha realizado uma compra no valor 
de 223.000 a prazo. Efetua-se um débito na conta compras e um crédito em 
fornecedores. 
Compras Fornecedores 
223.000 223.000 
 
Posteriormente a empresa realizou uma venda no valor de 198.000 à 
vista. Contabiliza-se um débito em caixa e um crédito em receita de vendas. 
Caixa Receita de vendas 
198.000 198.000 
 
Verifica-se que após as operações da empresa a conta Estoques continua 
com o mesmo valor. Porém, ele já não representa mais o real valor que essa 
conta deveria ter (porque a empresa já efetuou outras compras e vendas). 
A próxima etapa consiste na apuração do Custo das Mercadorias 
Vendidas (CMV) utilizando-se da fórmula apresentada anteriormente, visto que 
já temos os valores do estoque inicial e das compras ao efetuar a transferência 
desses saldos para a conta do CMV, de modo que elas sejam zeradas. 
Estoque Compras CMV 
100.000 100.000 223.000 223.000 100.000 
223.000 
 
 
Para isso, creditam-se as contas de estoque e compras e efetua-se um 
débito na conta CMV com os respectivos valores. Posteriormente, necessita-se 
 
 
9 
do valor do estoque final. O valor do estoque final foi apurado pela contagem 
física realizada na empresa. Nele, foi apurado um valor de 205.000,00. 
Posteriormente, efetua-se a contabilização do estoque final, obtido pela 
contagem física (205.000,00). Realiza-se um débito na conta de estoque e um 
crédito na conta do CMV. 
 
Estoque CMV 
100.000 
205.000 
100.000 100.000 
223.000 
118.000 
205.000 
 
Assim, o valor do CMV será assim obtido: 
Estoque inicial (100.000) + compras (223.000) – estoque final (205.000) 
CMV = 118.000 
 
Encontrado o valor do CMV é possível encontrar apurar o valor do 
resultado com mercadorias, que representa as vendas menos o valor do CMV. 
Nesse caso, seria 198.000,00 (vendas) – 118.000,00 (CMV), totalizando um 
lucro de 80.000,00. 
A apuração do CMV pelo inventário periódico necessita de muito cuidado, 
pois o caso será apurado erroneamente e pode distorcer os valores da 
demonstração de resultados. 
 Se o estoque inicial é superestimado, o CMV é superestimado e o 
Lucro é subestimado. Se o estoque inicial é subestimado, o CMV é 
subestimado e o lucro é superestimado. 
 Se o estoque final é superestimado, o CMV é subestimado e o Lucro 
é superestimado. Se o estoque final é subestimado, o CMV é 
superestimado e o lucro é subestimado. 
 
TEMA 3 – INVENTÁRIO PERMANENTE: MÉTODO DO CUSTO ESPECÍFICO, 
MÉTODO PEPS, MÉTODO UEPS, MÉTODO DO CUSTO MÉDIO 
Ao contrário do sistema de inventário periódico, no inventário permanente 
a apuração do valor do CMV não é obtida por uma fórmula. Ela pode ser obtida 
por meio de diversas formas ou métodos. São eles: o método do custo 
 
 
10 
específico, o método PEPS, método UEPS e o método do custo médio 
ponderado. 
Na apuração do custo pelo método do custo específico, o custo da 
mercadoria vendida será exatamente igual ao custo de aquisição. Conforme 
Iudicibus e Marion (2010), esse método é aplicado a casos especiais, como joias 
de elevado valor, produtos feitos em pequenas quantidades, telas raras, entre 
outros. Não é uma metodologia aplicada a atividades comerciais altamente 
repetitivas. 
Consideremos o seguinte exemplo apresentado por Iudicibus e Marion 
(2010). No mês de março uma empresa possui um estoque inicial de 20 unidades 
a 20,00 cada. No mês de março a empresa fez as seguintes movimentações: 
 
Quadro 5 – Exemplo de movimentações financeira de uma empresa 
Data Operação Quantidades e valores 
5 de março Compra 30 unidades a 30,00 cada 
11 de março Venda 10 unidades 
17 de março Venda 20 unidades 
23 de março Compra 30 unidades a 35,00 cada 
29 de março Venda 10 unidades 
Fonte: Iudícibus; Marion, 2010. 
 
Para calcular o CMV, é necessário informar nas vendas quais unidades 
foram vendidas (por exemplo, informar o número da nota fiscal da compra dessa 
mercadoria). Dessa forma, considere as seguintes informações adicionais: 
 As dez unidades vendidas dia 11 de março saíram do lote comprado dia 
5 de março; 
 As 20 unidades vendidas dia 17 de março saíram do estoque inicial; 
 As dez unidades vendidas dia 29 de março saíram do lote comprado dia 
23 de março. 
 
Diante dessas informações, o CMV foi de 1.050,00 
(10 unidades x 30,00 + 20 unidades x 20,00 + 10 unidade x 35,00). E o estoque 
final será de 1.300,00. 
Na apuração do custo pelo Método PEPS (“primeiro a entrar é o primeiro 
a sair” ou, em inglês, First In First Out – FIFO) considera-se que as primeiras 
mercadorias compradas deverão ser as primeiras a serem vendidas. 
 
 
11 
Vejamos o seguinte exemplo da utilização desse método. Considerando 
os seguintes fatos de uma empresa cujo saldo inicial de mercadorias em estoque 
é de 100,00, composto por dez unidades, sendo 10,00 por unidade. 
 Venda à vista de quatro unidades por 20,00 cada uma. 
 Compra à vista de 20 unidades por 12,00 cada uma. 
 Compra à vista de 15 unidades por 14,00 cada uma. 
 Venda à vista de 21 unidades por 23,00 cada uma. 
 Venda, à vista, de 10 unidades por 22,00 cada uma. 
O registro na ficha de controle de estoque será o seguinte: 
 
Quadro 7 – Ficha de registro de controle de estoque 
Ficha de controle 
Data 
Entrada Saídas Saldo 
Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total 
0 10 10,00 100,00 
1 4 10,00 40,00 6 10,00 60,00 
2 20 12,00 240,00 
6 10,00 60,00 
20 12,00 240,00 
3 15 14,00 210,00 
6 10,00 60,00 
20 12,00 240,00 
15 14,00 210,00 
4 
6 10,00 60,00 
15 12,00 180,00 5 12,00 60,00 
 
15 14,00 210,00 
5 
5 12,00 60,00 
5 14,00 70,00 10 14,00 140,00 
Total 35 450,00 35 410,00 10 14,00 140,00 
 
 
Quando ocorreram as vendas, sempre foi efetuada a baixa no estoque 
das mercadorias mais antigas primeiro. Além disso, foram efetuadas compras 
nos dias 2 e 3. Como são de valores diferentes (12,00 e 14,00), eles são 
apresentados de maneira separada. 
A venda de 21 unidades do dia 4, efetuou-se primeiramente a baixa das 
mercadorias mais antigas que eram as seis unidades de 10,00 e, posteriormente, 
para completar a vendas das 21 unidades, foram baixadas mais 15 unidades a 
CMV 
 
 
12 
12,00 cada. De maneira que no estoque ainda restassem cinco unidades de 
12,00 e todas 15 unidades de 14,00 compradasno dia 3. 
Dessa forma, o CMV apurado para esse período foi de 410,00, sendo que 
o valor do estoque é de 140,00. Conforme Oliveira e Moreira (2012), por essa 
metodologia o Estoque Final é avaliado pelas mercadorias mais recentes 
(atualizado) e o CMV é avaliado pelas mercadorias mais antigas (desatualizado). 
Na apuração do custo pelo Método UEPS (“Último a Entrar é o Primeiro a 
Sair”, ou em inglês Last In First Out – LIFO) considera-se que as últimas 
mercadorias compradas deverão ser as primeiras a ser vendidas. 
Consideremos os mesmos fatos do caso anterior para a elaboração da 
Ficha de Controle de Estoque pelo método UEPS. 
 
Quadro 8 – Ficha de Controle do Estoque pelo método UEPS 
Ficha de Controle 
Data 
Entrada Saídas Saldo 
Qtde Preço Total Qtde Preço Total Qtde Preço Total 
00 10 10,00 100,00 
01 4 10,00 40,00 6 10,00 60,00 
02 
20 12,00 240,00 6 
20 
10,00 
12,00 
60,00 
240,00 
03 
15 14,00 210,00 6 
20 
15 
10,00 
12,00 
14,00 
60,00 
240,00 
210,00 
04 
 15 
6 
14,00 
12,00 
210,00 
72,00 
6 
14 
10,00 
12,00 
60,00 
168,00 
05 
 10 12,00 120,00 6 
4 
10,00 
12,00 
60,00 
48,00 
Total 
35 450,00 35 442,00 6 
4 
10,00 
12,00 
60,00 
48,00 
 
 
Diante dessa metodologia, na venda do dia 4, efetuou-se primeiramente 
a saída das 15 mercadorias compradas no dia 3. Posteriormente, mais 6 
unidades (para completar a venda das 21 unidades) por 12,00 (compradas no 
dia 02). 
Nesse caso, o valor do CMV será de 442,00, e o valor do Estoque será de 
108,00. A legislação do Imposto de Renda (IR) não permite o uso do UEPS, pois 
o método UEPS fornece um Estoque Final avaliado pelas mercadorias mais 
CMV 
 
 
13 
antigas (desatualizado) e o CMV avaliado pelas mercadorias mais recentes 
(atualizado). No caso de um aumento geral de preços (inflação), o UEPS 
fornecerá um Estoque Final baixo e um CMV alto, o que resultaria em um lucro 
líquido baixo e consequentemente IR também baixo (Oliveira; Moreira, 2012). 
Por último, tem-se o Método da Média Ponderada Móvel. Nesse método, 
considera-se o valor do custo pelo valor médio unitário. Dessa forma, o valor 
unitário altera-se a cada nova compra de mercadorias por um preço diferente. 
Consideremos ainda os mesmos fatos, dos exemplos anteriores para 
elaborar a ficha de controle de estoques. 
 
Quadro 9 – Ficha de Controle de Estoque pelo Método da Média Ponderada 
Móvel 
Ficha de controle 
Data 
Entrada Saídas Saldo 
Qtde Preço Total Qtde Preço Total Qtde Preço Total 
00 10 10,00 100,00 
01 4 10 40,00 6 10,00 60,00 
02 20 12 240,00 26 11,50 300,00 
03 15 14 210,00 41 12,40 510,00 
04 21 12,40 260,40 20 12,40 248,00 
05 10 12,40 124,00 10 12,40 124,00 
Total 35 450,00 35 424,40 10 12,40 124,00 
 
 
Por exemplo, no Fato 02, soma-se os valores do estoque (60 + 240) e 
divide-se pela quantidade existente (26 unidades) para se obter o valor unitário 
de 11,50. O mesmo se repete para o Fato 03, que consequentemente alterou o 
valor unitário para 12,40. 
Observa-se que o valor unitário das mercadorias é alterado somente 
quando ocorre a compra de mercadorias. As vendas não provocam alterações 
no custo unitário, pois esse custo para as unidades vendidas é sempre o último 
a ser calculado (Iudicibus; Marion, 2010). Por esse método, o CMV resultante foi 
de 424,40 e o valor do estoque é de 124,00. 
Por fim, efetuou-se a comparação dos Métodos PEPS, UEPS e Média 
Ponderada. O método do custo específico não foi considerado, devido à 
aplicabilidade a casos específicos. 
 
CMV 
 
 
14 
Quadro 10 – Comparação entre os Métodos PEPS, UEPS e Média 
Ponderada 
 PEPS UEPS Média Ponderada 
Receita com vendas 785,00 785,00 785,00 
(-) CMV 400,00 432,00 414,40 
(=) Resultado 385,00 353,00 370,60 
 
A receita de vendas foi a mesma para os três critérios de apuração (PEPS, 
UEPS e Média Ponderada). O maior CMV é o do UEPS; o maior saldo do 
Estoque é o do PEPS, pois tem o menor CMV, reduzindo-o menos. Como o 
PEPS tem o menor CMV, então, esse critério teve o maior resultado. 
 
TEMA 4 – CONTROLE DE ESTOQUE POR MEIO DA CONTABILIDADE, 
APRESENTAÇÃO DO REFLEXO PATRIMONIAL (CONTA ESTOQUE) E DA 
CONTA DE RESULTADO (CMV) 
Para fins de contabilização, considerou-se apenas o inventário 
permanente. Para os diferentes métodos, a forma de contabilização é a mesma, 
o que se altera são os valores. Contudo, cabe lembrar: o Método UEPS não é 
aceito pela legislação brasileira. 
Na contabilidade da compra de mercadorias, efetua-se o seguinte 
lançamento: 
Débito – Estoques de Mercadorias 
Crédito – Fornecedores (se for a prazo) ou Caixa (se for à vista) 
 
Na realização da venda de uma mercadoria, realizam-se dois 
lançamentos: o primeiro para reconhecer a receita; o segundo para efetuar a 
baixa do estoque. A contabilização da seguinte forma: 
Débito – Clientes (a prazo) ou Caixa (à vista) 
Crédito – Receita de Vendas (pelo valor da venda) 
Débito – Custo das Mercadorias Vendidas 
Crédito – Estoques de Mercadorias (pelo valor do CMV) 
 
Além da contabilização da compra e venda, existem outras operações que 
podem afetar a empresa, como devoluções, fretes etc. Quando uma mercadoria 
não foi entregue conforme especificado no pedido, o cliente pode exigir a 
 
 
15 
devolução ou solicitar um abatimento (desconto) (Iudicibus; Marion, 2010). Isso 
pode ocorrer quando a empresa faz a compra da matéria prima. 
Caso um cliente solicite a devolução de uma mercadoria, a empresa 
deverá efetuar o lançamento inverso da receita de vendas, porém, em uma conta 
específica de devolução de vendas. 
Débito – Devolução de vendas 
Crédito – Clientes (a prazo) ou Caixa (à vista) 
Débito – Estoques de Mercadorias (pelo valor do CMV) 
Crédito – Custo das Mercadorias Vendidas 
 
Na Ficha de Controle de Estoque, as três colunas de Saídas são lançadas 
com sinal negativo, isto é, são lançamentos que diminui o CMV. Com essa 
operação, o Estoque é aumentado pela entrada da mercadoria devolvida pelo 
cliente. 
Se a empresa já havia registrado a receita de vendas, mas o cliente 
alegou que ela apresentava alguns defeitos e tem a intenção de devolvê-la, a 
empresa pode dar um desconto. 
Débito – Abatimento sobre vendas 
Crédito – Clientes (a prazo) ou Caixa (à vista) 
 
O Abatimento sobre Vendas não é mencionado na Ficha de Controle de 
Estoque, pois não altera o estoque de mercadorias nem o CMV, pois reduz-se 
apenas o valor a ser pago ao fornecedor. 
Isso pode ocorrer com a empresa que, ao receber mercadorias dos 
fornecedores, constata que estavam danificadas, por isso, gostaria de 
devolvê-las. 
Débito – Fornecedores (a prazo) ou Caixa (à vista) 
Crédito – Devoluções de compra 
 
Se a empresa não tiver interesse em efetuar a devolução, poderá solicitar 
um desconto. 
Débito – Fornecedores (a prazo) ou Caixa (à vista) 
Crédito – Abatimentos sobre compra 
 
Na Ficha de Controle de Estoques, o Abatimento sobre Compras é 
lançado somente na coluna total de Entradas, com sinal negativo, pois não 
modifica a quantidade de unidades de mercadorias. No inventário permanente, 
 
 
16 
podem ser utilizadas as contas de Devolução e Abatimento sobre compras, 
porém, elas deverão ser transferidas para a conta Estoque posteriormente. 
Além desses abatimentos, existem os descontos comerciais, os quais são 
dados aos clientes que compram mercadorias em grandes quantidades, por 
exemplo. Entretanto, esses descontos são diferentes dos abatimentos (dados 
após a venda), pois são concedidos no ato da venda, mediante preço baixo, por 
exemplo. Esses descontos geralmente não são registrados na contabilidade, 
mas quando a empresa optar por fazê-lo, cria-se uma conta de Descontos 
Comerciais sobre vendas (Iudicibus; Marion, 2010). 
Além dos abatimentos e devoluções, devem-se considerar os valores 
referentes aos fretes. 
No frete sobre compras efetua-se o seguinte lançamento: 
Débito– Estoque 
Crédito – Caixa ou Contas a Pagar 
 
Na Ficha de Controle de Estoque, o valor do frete é lançado somente na 
coluna total de Entradas, com isso, o valor total das mercadorias em estoque 
aumenta, sem modificar a quantidade de unidades existentes. 
Outra possibilidade é a empresa efetuar o pagamento do frete das vendas. 
Débito – Despesa com Frete 
Crédito – Caixa ou Contas a Pagar 
 
Esse valor é lançado como uma despesa, logo, não aparecerá na Ficha 
de Controle de Estoque. 
Considerando-se todos esses fatos, que podem interferir no resultado no 
Custo das Mercadorias Vendidas, a estrutura da Demonstração do Resultado se 
terá a seguinte estrutura. 
 
 
 
 
17 
Quadro 11 – Receita Bruta com Vendas 
Receita Bruta com Vendas 
 (-) Deduções 
 Devoluções 
 Abatimentos 
(=) Receita Líquida com Vendas 
 (-) CMV 
(=) Lucro Bruto 
 
No próximo tema, vamos verificar a apuração dos impostos da 
movimentação de estoque. 
 
TEMA 5 – APURAÇÃO DOS IMPOSTOS DA MOVIMENTAÇÃO DE ESTOQUE 
Além do custo, dos abatimentos e devoluções, incidem nas operações 
com mercadorias alguns tributos que devem ser registrados. Serão abordados 
especificamente o ICMS e o IPI. 
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), é calculado toda vez 
que houver circulação de mercadorias, seja venda ou compra e está incluso no 
custo das compras e no valor das vendas. Esse imposto é recolhido junto ao 
estado, por isso, a empresa deve pagar a diferença do ICMS das compras e o 
das vendas. Caso o valor do ICMS das compras for maior que o das vendas, a 
empresa ganha o direito de compensar o valor da diferença no mês seguinte; 
caso contrário, ela deverá efetuar o pagamento junto ao estado. Como este é 
um imposto estadual, cada unidade da federação tem um percentual diferente. 
No caso das compras, o ICMS é tido como “por dentro”, porque o valor 
faz parte do valor da mercadoria adquirida (Oliveira; Moreira, 2012). Por 
exemplo, se o ICMS for de 12% e a empresa efetuar uma compra de mercadorias 
por 200,00, entende-se que dos 200,00 pagos, 24,00 são referentes ao imposto. 
 
 
 
 
 
Na compra, o valor do ICMS já é embutido no valor da mercadoria, por 
isso recebe a nomenclatura de “ICMS a recuperar”, uma vez que o valor do 
Compra de mercadorias (200,00) 
Mercadorias (176,00) 
ICMS (24,00) 
 
 
18 
imposto foi pago quando a empresa efetuou a compra. Assim, esse valor é 
registrado no Ativo da empresa. 
Suponhamos que a empresa KE S.A. realizou uma compra de 700,00 a 
prazo. O ICMS incidente é de 17%. A contabilização será realizada da seguinte 
forma: 
Débito – Estoque 581,00 
Débito – ICMS a recuperar 119,00 
Crédito – Fornecedores 700,00 
 
Cabe salientar: para a elaboração da Ficha de Controle de Estoques, 
considera-se o valor já descontado do ICMS, e não o valor total. 
Na venda de mercadorias, o ICMS é considerado como um elemento “por 
fora”, pois o valor não está incluso no valor da venda (contrário a o que ocorre 
na compra). Nesse caso recebe a nomenclatura de ICMS a recolher ou ICMS a 
pagar, sendo apresentado no Passivo da empresa. Além disso, ele será lançado 
em uma conta específica que será uma conta redutora da Receita Bruta de 
Vendas. 
Suponhamos que a empresa KE S.A. realizou uma venda de 2.000,00 a 
prazo. O ICMS incidente é de 17% e o CMV foi de 600,00. A contabilização será 
realizada da seguinte forma: 
Venda: Débito - Cliente 2.000,00 
Crédito – Receita com vendas 2.000,00 
ICMS: Débito – ICMS sobre vendas 340,00 
Crédito – ICMS a recolher 340,00 
Baixa do Estoque: Débito – CMV 600,00 
Crédito – Estoque 600,00 
 
Vale salientar que o ICMS é calculado sobre o valor da mercadoria 
vendida, ou seja, sobre os 2.000,00. 
Considerando a inserção do Imposto, a Demonstração do Resultado será 
assim apresentada: 
 
 
19 
Receita Bruta com Vendas 
(-) Deduções 
Devoluções 
Abatimentos 
ICMS sobre vendas 
(=) Receita Líquida com Vendas 
(-) CMV 
(=) Lucro Bruto 
 
Após a contabilização de todas as compras e vendas da empresa, faz-se 
a confrontação do ICMS a Recuperar e do ICMS a Recolher, pois somente uma 
das duas contas será apresentada no Balanço Patrimonial (a que possuir maior 
saldo). Dessa forma, a conta de menor saldo será zerada e seu saldo será 
transferido à conta de maior saldo. 
Por exemplo, a empresa KE S. A. tem os seguintes saldos nas contas: 
ICMS a Recuperar ICMS a Recolher 
119,00 340,00 
 
Visto que a conta ICMS a Recuperar tem o menor saldo essa conta será 
zerada pelo seguinte lançamento: 
Crédito – ICMS a Recuperar 119,00 
Débito – ICMS a Recolher 119,00 
 
O saldo das contas será o seguinte: 
ICMS a Recuperar ICMS a Recolher 
119,00 119,00 119,00 340,00 
221,00 
 
Dessa forma, o saldo de 221,00 será apresentado no Balanço Patrimonial 
na conta de ICMS a recolher, que pertence ao Passivo da empresa. 
Outro imposto incidente é o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), 
cujo tratamento de registro é equivalente ao ICMS. Nesse entendimento, Oliveira 
e Moreira (2012) argumentam: em algumas vendas, o IPI não é recuperável, 
então, o valor é registrado na conta Estoques, pois se ele for pago na compra, 
mas não for recuperável na venda, configura-se como um custo a mais a ser 
pago para obter as mercadorias. É de valia ressaltar: normalmente, as empresas 
 
 
20 
comerciais não recuperam o valor do IPI nas vendas. Contudo, caso ele seja 
recuperável, a empresa que efetuar, por exemplo, uma compra à vista no valor 
de 3.000,00, com ICMS de 17% e IPI de 10% faria o seguinte lançamento: 
Débito – Estoque 2.190,00 
Débito – ICMS a Recuperar 510,00 
Débito – IPI a recuperar 300,00 
Crédito – Caixa 3.000,00 
 
TROCANDO IDEIAS 
A seguir, indicamos algumas leituras importantes. 
A respeito de Estoques: 
 CANAL IFRS 03 Estoques. TV CRC São Paulo, 16 mar. 2016. Disponível 
em: <https://www.youtube.com/watch?v=vKqpAT8-C1E>. Acesso em: 09 
dez. 2016. 
A respeito de Devolução de compras: 
 SCARPIN, J. E. Devolução de compras. José Eduardo Scarpin, 1 out. 2013. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eRkhhYdobMc>. 
Acesso em: 09 dez. 2016. 
Sobre ficha de controle de estoque, PEPS, UEPS e média ponderada: 
 SCARPIN, J. E. Ficha de Controle de Estoque: PEPS, UEPS e Media. 
José Eduardo Scarpin, 17 jun. 2013. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=EiMd_pbIXOs>. Acesso em: 09 dez. 
2016. 
Sobre o tema estoque e produção, recomendamos, além da leitura do 
artigo publicado na Revista Exame “Uma questão de valores”, a seguinte obra: 
 MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 16. ed. São Paulo: Atlas, 
2012. p. 345. 
 
NA PRÁTICA 
Considere os seguintes fatos e elabore a ficha de controle do estoque 
pelos Métodos PEPS, UEPS e Média Ponderada. Efetue a contabilização pelo 
Método da Média Ponderada. 
A empresa AXV tem um Saldo Inicial de mercadorias em estoque de 
500,00, composto por 100 unidades, sendo 5,00 por unidade. 
 Venda à vista de 40 unidades por 12,00 cada uma. 
 
 
21 
 Compra a prazo de 200 unidades por 4,00 cada uma. 
 Devolução da compra (Dia 03) de 10 unidades. 
 Venda a prazo de 120 unidades por 13 cada uma. 
 Devolução de venda de 5 unidades. 
 
Respostas: 
Ficha de controle – Método PEPS 
Data 
Entrada Saídas Saldo 
Qtde Preço Total Qtde Preço Total Qtde Preço Total 
0 100 5,00 500,00 
1 40 5,00 200,00 60 5,00 300,00 
2 200 4,00 800,00 
60 5,00 300,00 
200 4,00 800,00 
3 -10 4,00 -40,00 
60 5,00 300,00 
190 4,00 760,00 
4 
60 5,00 300,00 
60 4,00 240,00 130 4,00 520,00 
5 -5 4,00 -20,00 135 4,00 540,00 
 
 
Ficha de controle – Método UEPS 
Data 
Entrada Saídas Saldo 
Qtde Preço Total Qtde Preço Total Qtde Preço Total 
0 100 5,00 500,00 
1 40 5,00 200,00 60 5,00 300,00 
2 200 4,00 800,00 
60 5,00 300,00 
200 4,00 800,00 
3 -10 4,00

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