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Manual de Toxicologia Clínica Orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudasCoordenadoria de Vigilância em Saúde - COVISASecretaria Municipal da Saúde de São Paulo 2017 ©Secretaria Municipal da Saúde – Prefeitura de São Paulo Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para a venda ou qualquer fim comercial. São Paulo (Cidade). Secretaria Municipal da Saúde. Coordenadoria de Vigilância em Saúde. Divisão de Vigilância Epidemiológica. Núcleo de Prevenção e Controle das Intoxicações. Manual de Toxicologia Clínica: Orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudas / [Organizadores] Edna Maria Miello Hernandez, Roberto Moacyr Ribeiro Rodrigues, Themis Mizerkowski Torres. São Paulo: Secretaria Municipal da Saúde, 2017. 465 p. 1.Toxicologia. 2. Intoxicação 3. Vigilância epidemiológica I. Título II. Hernandez, Edna Maria Miello III. Rodrigues, Roberto Moacyr Ribeiro IV. Torres, Themis Mizerkowski Ficha catalográfica CDU 615.9 Coordenadoria de Vigilância em Saúde - COVISA Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo Manual de Toxicologia Clínica Orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudasCoordenadoria de Vigilância em Saúde - COVISASecretaria Municipal da Saúde de São Paulo PREFEITURA DE SÃO PAULO João Doria Júnior Prefeito Secretaria Municipal da Saúde Wilson Modesto Pollara Secretário Coordenadoria de Vigilância em Saúde Cristina Emiko Maruyama Shimabukuro Coordenadora Divisão de Vigilância Epidemiológica Rosa Maria Dias Nakazaki Diretora Núcleo de Prevenção e Controle das Intoxicações Edna Maria Miello Hernandez Coordenadora MANUAL DE TOXICOLOGIA CLÍNICA Orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudas 1ª edição São Paulo-SP 2017 Coordenadoria de Vigilância em Saúde - COVISA Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo Autores Alexandre Dias Zucoloto Carolina Dizioli Rodrigues de Oliveira Edna Maria Miello Hernandez Eryberto Steves Tabosa do Egito Giselle Marques de Rezende Dias Leite Ivanita Aurora Prado Ivo Barbosa De Faria Marcondes Leticia Nunes de Souza Ligia Veras Gimenez Fruchtengarten Marcia Boccatto De Oliveira Marcia Veras Gimenez Tristão Paulo Tenório de Cerqueira Neto Roberto Moacyr Ribeiro Rodrigues Sergio Emmanuele Graff Themis Mizerkowski Torres Valéria Chaves Revisão Miriam Carvalho de Moraes Lavado Selma Anequini Costa Revisão técnica Alexandre Dias Zucoloto Carolina Dizioli Rodrigues de Oliveira Edna Maria Miello Hernandez Ligia Veras Gimenez Fruchtengarten Roberto Moacyr Ribeiro Rodrigues Themis Mizerkowski Torres Organizadores Edna Maria Miello Hernandez Roberto Moacyr Ribeiro Rodrigues Themis Mizerkowski Torres Diagramação Mariana Teodoro de Barros Núcleo Técnico de Comunicação em Vig. em Saúde - NTCOM Núcleo de Prevenção e Controle das Intoxicações Núcleo de Prevenção e Controle das Intoxicações Núcleo de Prevenção e Controle das Intoxicações Núcleo Técnico de Comunicação em Vig. em Saúde - NTCOM Manual de Toxicologia Clínica Orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudas PR EF ÁC IO Ao aceitar o convite para escrever este prefácio, várias cenas foram desenhando-se à minha frente, capturadas de um tempo especial de atividade profissional. Pareceram- me pouco os mais de trinta anos de atuação na área clínica da Toxicologia, atendendo aos chamados telefônicos, percorrendo corredores de hospitais, lutando contra os tempos alheios – dos doentes graves no setor de emergência ou na unidade de terapia intensiva (UTI) e dos profissionais orientados à distância. Recordei-me de crianças em súbita apneia, que choravam logo após serem admitidas à UTI (intoxicação por nafazolina), de jovens vencendo estados de coma e negando a participação em festas perigosas (drogas ilícitas), além de idosos confusos solicitando seus remédios habituais antes mesmo da alta hospitalar (interação medicamentosa). Senti- me novamente constrangida ao lembrar-me de pacientes e familiares em difíceis retornos ao hospital para o necessário seguimento clínico-toxicológico, psicológico, psiquiátrico ou social (intoxicações por praguicidas, tentativas de suicídio, maus tratos), quando só era possível recebê-los em salas desconfortáveis, improvisadas no Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI). Revivi momentos agradáveis em que me atrevia a ensinar quando precisava aprender, com alunos e profissionais que tinham a oportunidade de visitar o CCI ou quando recebia convites para ministrar aulas em universidades. Lá estavam graduandos de diversas áreas, médicos-residentes ou já especialistas e até mestres ou doutores esperando por ”um especialista em intoxicações”. Muito foi construído em diálogos abertos nessas ocasiões, assim como em outros mais discretos, que ocorriam à beira dos leitos dos doentes, sem formalidades porque para isso não havia tempo. Coordenadoria de Vigilância em Saúde - COVISA Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo PR EF ÁC IO Lembrei-me com tristeza das inúmeras crises políticas e econômicas, das substituições repentinas e desnecessárias de gestores em vários níveis. Esses transtornos afetavam profundamente o nosso trabalho, mas não nos impedia de continuar. Mantínhamos com esforço uma equipe mínima para não se fecharem as portas de um centro tão importante na assistência à saúde da população. Ao dizer tudo isso, percebo que faço um paralelo da minha biografia com a história dos profissionais do CCI e chega o momento de falar sobre o Manual de Toxicologia – orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudas. Em desenho gráfico singelamente atraente, os temas principais tratados de forma concisa fluem diante dos meus olhos e encantam-me. Ativo, então, a crítica com armas discretas e o que posso antever é que este trabalho simples e necessário será um sucesso. Um manual sobre intoxicações agudas é um sonho de consumo de todo estudante ou profissional que se inicia no campo da Toxicologia Clínica. No entanto, pequena ou grande, toda obra de sucesso pode transformar-se em letra apagada pelo tempo, uso ou desuso. Para que isso não ocorra com esta pérola, é preciso mais do que o contentamento durante o lançamento ou a aquisição da obra. Todo trabalho didático de apoio precisa de suporte continuado e esse recurso deve ser disponibilizado a todos os que tiverem conhecimento deste material e dele desejarem servir-se. Por outro lado, as pessoas que tiverem a oportunidade de ler o texto precisam debruçar-se sobre ele, desejar mais conteúdo, utilizar as referências citadas e confrontar as informações com o próprio conhecimento e a experiência prática. Não é bom ignorar que este pequeno livro foi escrito com objetivos definidos por uma equipe que cultiva uma história real, dinâmica, competente, por isso, tem muito mais a oferecer além do que aqui está posto. Essa equipe sabe que é necessário posicionar-se diante de diagnósticos difíceis ou condutas terapêuticas controversas e do seu compromisso de atualizar os conhecimentos. E continua atenta, disponível, solícita tanto nos atendimentos telefônicos quanto ao lado dos doentes no hospital e, certamente, manterá abertas as portas do CCI. Creio que muitos sabem dos limitados recursos de um manual técnico, mas poucos têm a noção do quão difícil é para o especialista reduzir seu conhecimento para caber dentro desse limite. A equipe técnica participante e os organizadores deste trabalho conhecem bem essa dificuldade, mas não devem se desculpar por isso, pois fizeram um Manual de Toxicologia Clínica Orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudas PR EF ÁC IO trabalho de qualidade no espaço-tempo que tiveram, cumprindo o seu propósito. Revisões e novas edições serão necessárias. Para isso, esperamos que a equipe cresça em número, qualidade e diversidade e que as contribuições sejam espontâneas, mas vinculadas ao objetivomaior – servir a quem necessita. Assim, a Toxicologia Clínica continuará sendo apaixonante, desafiadora, porém, mais agradável será o aprendizado. Refaço, agora virtualmente, o caminho entre o Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya, no Jabaquara e a sede da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (COVISA), na região central da cidade, tantas vezes trilhado por profissionais idealistas em busca de apoio. Desejávamos a criação de um programa de vigilância e controle de intoxicações para o município de São Paulo e, confesso, deixamos de insistir na ideia original, gestada no CCI, somente depois de conseguirmos a parte essencial. Hoje, é gratificante ver como a equipe cresceu em competência e qualidade. Isso chama-se progresso. Finalmente, de muito longe, resta-me gritar bem alto: PARABÉNS! Trabalhem, estudem, discutam, escrevam e aceitem sugestões! Depois, multipliquem e compartilhem seus conhecimentos, pois quem retém informações preciosas distancia-se dos grandes cérebros, correndo risco de isolamento. Isso não queremos e os que precisam de nós não merecem. Com carinho e sincero agradecimento, Darciléa Alves do Amaral Maastricht, 30 de agosto de 2017. Coordenadoria de Vigilância em Saúde - COVISA Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo SU M ÁR IO INTRODUÇÃO ............................................................................................. 5 1. Atendimento inicial das intoxicações agudas ..................................... 9 Avaliação inicial ..................................................................................... 9 Diagnóstico da intoxicação .................................................................10 História da exposição ..........................................................................10 Exame físico ........................................................................................11 Exames complementares ....................................................................13 Tratamento ...........................................................................................13 Descontaminação ................................................................................13 Antídotos ..............................................................................................16 2. O diagnóstico laboratorial toxicológico na suspeita de intoxicação aguda .......................................................................................................21 3. Antídotos e medicamentos auxiliares no tratamento das intoxicações .............................................................................................27 4. Intoxicação por drogas de abuso .......................................................47 Classificação ........................................................................................48 4.1 - Drogas depressoras do SNC .......................................................50 Etanol ........................................................................................................................50 GHB - Gama-Hidroxibutirato ...........................................................................61 Heroína .....................................................................................................................67 Inalantes e solventes ...........................................................................................73 4.2 - Drogas estimulantes do SNC ......................................................81 Anfetaminas ...........................................................................................................81 Cocaína ......................................................................................................................87 4.3 - Drogas perturbadoras do SNC ....................................................97 Canabinóides ..........................................................................................................97 Cetamina ...............................................................................................................103 Fenciclidina ...........................................................................................................108 LSD ..........................................................................................................................113 MDMA (Ecstasy) .................................................................................................118 Nitritos ...................................................................................................................124 Novas drogas sintéticas ..................................................................................128 Canabinoides sintéticos ...................................................................................128 Catinonas ..............................................................................................................135 DOB .........................................................................................................................141 SU M ÁR IO 5. Intoxicação por medicamentos ........................................................147 Ácido valproico ........................................................................................................147 Anti-inflamatório não esteroides (AINEs) .....................................................152 Antagonistas de canais de cálcio .....................................................................160 Anticolinérgicos .......................................................................................................166 Antidepressivos ISRS ............................................................................................171 Antidepressivos tricíclicos e tetracíclicos ......................................................176 Antieméticos (metoclopramida, bromoprida e domperidona) ..............181 Antipsicóticos ..........................................................................................................186 Benzodiazepínicos .................................................................................................195 Betabloqueadores .................................................................................................200 Carbamazepina .......................................................................................................206 Digoxina .....................................................................................................................210 Fenobarbital .............................................................................................................215 Imidazolinas (de uso nasal e oftálmico) .........................................................221 Lítio ..............................................................................................................................226 Opiáceos e opioides ..............................................................................................231 Paracetamol .............................................................................................................236 Sais de ferro .............................................................................................................244 Hipoglicemiantes....................................................................................................250 Biguanidas ................................................................................................................250 Insulina .......................................................................................................................255 Outros antidiabéticos ...........................................................................................260 Sulfonilureias ...........................................................................................................267 6. Intoxicação por álcoois tóxicos ........................................................273 Metanol ......................................................................................................................273Etilenoglicol ..............................................................................................................280 7. Intoxicação por metais .....................................................................287 Chumbo......................................................................................................................287 Mercúrio ....................................................................................................................298 8. Intoxicação por gases tóxicos ..........................................................305 8.1 - Asfixiantes químicos .................................................................305 Cianeto ...................................................................................................................305 Monóxido de carbono .......................................................................................312 SU M ÁR IO 8.2 - Asfixiantes simples ...................................................................317 Dióxido de carbono ............................................................................................317 Gás de cozinha ....................................................................................................321 9. Intoxicação por saneantes domésticos ...........................................325 Cáusticos alcalinos e ácidos ...............................................................................325 Desinfetantes e antissépticos ...........................................................................332 Naftaleno e Paradiclorobenzeno ......................................................................335 Solventes, Ceras e Polidores ..............................................................................340 10. Intoxicação por praguicidas ...........................................................343 10.1 - Inibidores da colinesterase: carbamatos e organofosforados ..............................................................................345 10.2 - Inseticidas Organoclorados ...................................................353 10.3 - Inseticidas Piretróides............................................................357 10.4 - Herbicida glifosato .................................................................361 10.5 - Herbicida paraquat .................................................................366 11. Intoxicação por rodenticidas ..........................................................371 Chumbinho ...............................................................................................................373 Rodenticidas antagonistas da vitamina K.....................................................375 12. Intoxicação por produtos veterinários ..........................................381 Avermectinas e milbemicinas ............................................................................384 Fenilpirazois (Fipronil) ...........................................................................................389 Formamidinas (Amitraz) ......................................................................................394 13. Intoxicação por plantas ..................................................................399 Plantas que contêm alcalóides beladonados ..............................................400 Plantas que contêm cristais de oxalato de cálcio ......................................407 Plantas que contêm ésteres diterpênicos ....................................................414 Plantas que contêm glicosídeos cardioativos .............................................419 Plantas que contém glicosídeos cianogênicos ...........................................426 Plantas que contêm graianotoxinas ...............................................................433 Plantas que contém saponinas ........................................................................438 Plantas que contêm toxalbuminas ..................................................................444 Planta de origem desconhecida .......................................................................451 Anexo I - Portaria GM/MS Nº 204 de 17 de fevereiro de 2016 ..........453 Anexo II - Ficha de Investigação de Suspeita de Intoxicação (FIIE) – SINAN.....................................................................................................464 5 IN TR OD UÇ ÃO A intoxicação é um problema de Saúde Pública de importância global. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2012, foi estimado que 193.460 pessoas morreram em todo mundo devido a intoxicações não intencionais. Em torno de 1.000.000 pessoas morrem a cada ano devido ao suicídio, sendo significante o número relacionado às substâncias químicas e os pesticidas foram responsáveis por 370.000 destas mortes. Nos Estados Unidos, em 2014, foram registrados, pelos Centros de Controle de Intoxicação, 2.165.142 atendimentos de casos de exposição humana. No Brasil, embora a dimensão ainda não seja conhecida em sua plenitude, foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), entre 2010 a 2014, 376.506 casos suspeitos de intoxicação. Deste total, o estado de São Paulo representou 24,5% (n=92.020). O município de São Paulo, nesse mesmo período, registrou 21.407 casos, representando 23% do total notificado no estado de São Paulo e 5,7% do total do Brasil, conferindo ao município de São Paulo o título de maior notificador do país. A notificação das Intoxicações Exógenas se tornou obrigatória a partir de 2011, com a publicação da Portaria GM/ MS nº 104 de 25 de janeiro de 2011, que incluiu a intoxicação exógena (IE) na lista de agravos de notificação compulsória, posteriormente a Portaria GM/MS nº 1271, de 06 de junho de 2014, manteve a IE na lista de doenças e agravos de notificação compulsória e definiu sua periodicidade de notificação como semanal. A mesma portaria definiu também que a tentativa de suicídio, contida no agravo da violência, é de notificação compulsória imediata e deve ser realizada pelo profissional de saúde ou responsável pelo serviço assistencial que prestar o primeiro atendimento ao paciente, em até 24 (vinte e quatro) horas desse atendimento, pelo meio mais rápido disponível. Portaria mais recente, a GM/MS nº 204, de 17 de fevereiro de 2016 (anexo I) veio substituir a última, sem modificações em relação às IE. 6 voltar ao menu Apesar da importância do agravo na demanda diária dos serviços de saúde da atenção primária, secundária e terciária, o tema é ainda negligenciado na graduação dos profissionais de saúde, diretamente envolvidos em seu atendimento, em especial, na graduação médica. A atualização médica nos temas de toxicologia é imprescindível para a atuação prática, principalmente, no setor de atendimento de emergências, urgências e pronto atendimento no município de São Paulo, tornando este manual um instrumento muito útil para os profissionais de saúde. A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo conta com o Centro de Controle de Intoxicações, (CCI-SP) que foi criado em 1971 e está instalado no Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya (HMARS), no bairro do Jabaquara. A equipe multiprofissional do CCI-SP, composta por médicos, enfermeiros e psicólogos, oferece orientações e informações, por telefone sobre o diagnóstico e tratamento das intoxicações e atendimento presencial ao pacientes da área de referencia do HMARS. Os organizadores deste manual, baseados na experiência do CCI- SP, não tiveram a pretensão de esgotar os assuntos abordados em seus capítulos. Os objetivos principais deste manual são: fornecer informações essenciais para construir ou descartar o diagnóstico das intoxicações, contribuir para seu tratamento e registrar sua ocorrência no instrumento de notificação compulsória FIIE (anexo II). À medida que o conhecimento dos agentes tóxicos, suas características de toxicidade, mecanismos de ação e o quadro clínico que produzem passam a ser de domíniodos profissionais de saúde, a hipótese diagnóstica da intoxicação pode ser incluída na avaliação dos pacientes. Da mesma forma, o reconhecimento do agravo e o desenho de seu perfil epidemiológico facilitam o desenvolvimento das políticas de saúde necessárias para sua prevenção e controle. No município de São Paulo, essas medidas são urgentes, uma vez que a intoxicação, principalmente por drogas de abuso, tem sido importante causa de óbito em adolescentes e adultos jovens. Para a escolha dos temas que compõem este manual, nesta primeira edição, foi considerada principalmente a epidemiologia do agravo, onde os agentes tóxicos mais frequentes foram contemplados. Foram incluídos também outros agentes, que embora não representem frequência expressiva em nosso meio, podem levar a quadros graves ou de difícil diagnóstico como: intoxicações por cianeto, opioides, digoxina, metanol, novas drogas de abuso, entre outras. IN TR OD UÇ ÃO 7 Referências WHO. International Programme on Chemical Safety. Disponível em: <http://www.who.int/ipcs/poisons/en/>. Acesso em: 23 dez. 2015. MOWRY, J. B. et al. 2013 Annual Report of the American Association of Poison Control Centers’ National Poison Data System (NPDS): 31st Annual Report. Clinical Toxicology, New York; v. 52, p. 1032–1283, 2014. Disponível em: <https://aapcc.s3.amazonaws.com/pdfs/annual_ reports/2014_NPDS_Annual_Report.pdf>. Acesso em: 23 dez. 2015. DATASUS. Informações de Saúde (TABNET). Disponível em: <http:// www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0203&VObj=http:// tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sih/cnv/fi>. Acessos em: 22 jun. 2015; e 10 fev. 2015. Portaria GM/MS nº 104 de 25 de janeiro de 2011. Disponível em: http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011. html. Acesso em: 13 de fev. de 2017. Portaria GM/MS nº 1271, de 06 de junho de 2014. Disponível em: http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt1271_06_06_2014. html. Acesso em: 13 de fev. de 2017. Portaria GM/MS nº 204, de 17 de fevereiro de 2016. Disponível em: http://www.saude.rs.gov.br/upload/1470317018_2.%20Portaria%20 204%20-%20LNC.pdf. Acesso em: 13 de fev. de 2017. IN TR OD UÇ ÃO 8 voltar ao menu 9 1 Toda intoxicação suspeita ou confirmada deverá ser tratada como uma situação clínica potencialmente grave, pois mesmo pacientes que não apresentam sintomas inicialmente, podem evoluir mal. Desta forma, a abordagem inicial deve ser feita de forma rápida e criteriosa. Este capítulo visa estabelecer os princípios e condutas básicas para o atendimento de um paciente com suspeita de intoxicação. Avaliação inicial O primeiro passo no atendimento de um paciente intoxicado é a realização de um breve exame físico para identificar as medidas imediatas necessárias para estabilizar o indivíduo e evitar a piora clínica. Portanto, neste momento, é de fundamental importância checar: • Sinais vitais; • Nível e estado de consciência; • Pupilas (diâmetro e reatividade à luz); • Temperatura e umidade da pele; • Oximetria de pulso; • Medida de glicose capilar (dextro); • Obter ECG e realizar monitorização eletrocardiográfica se necessário; • Manter vias aéreas abertas e realizar intubação oro- traqueal (IOT), se necessário; • Obter acesso venoso calibroso (neste momento, podem ser coletadas amostras para exames toxicológicos); Atendimento inicial das intoxicações agudas At en di m en to in ic ia l d as in to xi ca çõ es a gu da s 1 10 voltar ao menu • Administrar tiamina e glicose via intravenosa (IV) se o paciente se apresentar com alteração do nível de consciência, a menos que os diagnósticos de intoxicação alcoólica e hipoglicemia possam ser ra- pidamente excluídos; • Administrar naloxona em pacientes com hipótese de intoxicação por opioide. A hipótese de intoxicação por opioide é feita com base na exposição à substância e sinais clínicos como rebaixamento do nível de consciência, depressão respiratória e pupilas mióticas pun- tiformes; • Procurar sinais de trauma, infecção, marcas de agulha ou edema de extremidades. Diagnóstico da intoxicação A abordagem diagnóstica de uma suspeita de intoxicação envolve a história da exposição, o exame físico e exames complementares de rotina e toxicológicos. História da exposição Utiliza-se a estratégia dos “5 Ws”, isto é, deve-se obter os dados relacionados ao paciente (Who? - Quem?), à substância utilizada (What? - O quê?), horário da exposição (When? - Quando?), local da ocorrência (Where? - Onde?) e motivo da exposição (Why? - Por quê?). Atentar para o fato de que muitas informações podem ser distorcidas ou omitidas, principalmente quando há tentativas de suicídio ou homicídio envolvidas, uso de drogas ilícitas, abortamento ou maus- tratos. • Paciente: obter o histórico de doenças, medicações em uso, tenta- tivas de suicídio anteriores, ocupação, acesso a substâncias, uso de drogas e gravidez. • Agente tóxico: procurar saber qual foi a substância utilizada e a quantidade. Sempre que possível, solicitar para os acompanhantes trazerem os frascos ou embalagens e questionar se pode ser um produto clandestino. • Tempo: verificar qual foi o horário da exposição e por quanto tempo a substância foi utilizada, nos casos de exposições repetidas. Ques- tionar se houve algum sintoma prévio à exposição. • Local: saber onde ocorreu a exposição e se foram encontrados frascos, embalagens, seringas ou cartelas de comprimidos próxi- mos ao paciente. Verificar quais medicamentos são utilizados pe- At en di m en to in ic ia l d as in to xi ca çõ es a gu da s 1 11 los familiares ou pelas pessoas onde o indivíduo foi encontrado. Também é útil saber se foi encontrada alguma carta ou nota de despedida em casos de tentativa de suicídio. • Motivo: identificar a circunstância da exposição, já que é de extre- ma importância saber se foi tentativa de suicídio, homicídio, aci- dente, abuso de drogas e outras. Exame físico Realizar exame físico do paciente verificando os principais sinais e sintomas descritos abaixo: • Odores característicos: ex.: hálito etílico (uso de álcool), odor de alho (organofosforados); • Achados cutâneos: sudorese, secura de mucosas, vermelhidão, palidez, cianose, desidratação, edema; • Temperatura: hipo ou hipertermia; • Alterações de pupilas: miose, midríase, anisocoria, alterações de reflexo pupilar; • Alterações da consciência: agitação, sedação, confusão mental, alucinação, delírio, desorientação; • Anormalidades neurológicas: convulsão, síncope, alteração de reflexos, alteração de tônus muscular, fasciculações, movimentos anormais; • Alterações cardiovasculares: bradicardia, taquicardia, hiperten- são, hipotensão, arritmias; • Anormalidades respiratórias: bradipneia ou taquipneia, presença de ruídos adventícios pulmonares; • Achados do aparelho digestório: sialorreia, vômitos, hematême- se, diarreia, rigidez abdominal, aumento ou diminuição de ruídos hidroaéreos; Estes sinais e sintomas descritos, quando agrupados, podem caracterizar uma determinada síndrome tóxica. As principais síndromes tóxicas utilizadas para o diagnóstico da intoxicação aguda são: síndrome sedativo-hipnótica, opioide, colinérgica, anticolinérgica, adrenérgica, serotoninérgica e extrapiramidal. At en di m en to in ic ia l d as in to xi ca çõ es a gu da s 1 12 voltar ao menu Sí nd ro m es tó xi ca s Hi pn ót ic a Se da tiv a N ar có tic a Co lin ér gi ca An tic ol in ér gi ca Si m pa to m im ét ic a Ex tr ap ira m id al Si na is V ita is Pu pi la s SN C Ou tr os S is te m as Ag en te s Tó xi co s Hi po te rm ia Br ad ica rd ia Hi po te ns ão Br ad ip né ia Hi po te rm ia Br ad ica rd ia Hi po te ns ão Br ad ip né ia Hi pe rt er m ia Ta qu ica rd ia Hi pe rt en sç ão Ta qu ip né ia Hi pe rt er m ia Hi pe rt en sã o Ta qu ica rd ia Hi pe rp né ia Nã o ca ra ct er ístico s M io se M io se M id ría se M id ría se M id ría se De pr es sã o SN C De pr es sã o re sp ira tó ria Co nf us ão m en ta l Co nv ul sõ es Co m a Ag ita çã o Al uc in aç ão De lír io Co nv ul sõ es Ag ita çã o Al uc in aç õe s Pa ra nó ia Co nv ul sõ es So no lê nc ia Cr ise o cu ló gi ra Si al or ré ia in te ns a Su do re se La cr im ej am en to Ná us ea /v ôm ito Di sp né ia Br on co co ns tr içã o Fa sc icu la çõ es Or ga no fo sf or ad os Ca rb am at os Ni co tin a Hi po rre fle xia Ed em a Pu lm on ar Re te nç ão u rin ár ia M io clo ni ai s Co nv ul sõ es M uc os as se ca s Di af or es e Tr em or es Hi pe rre fle xia Tr em or es Hi pe rt on ia m us c. Op ist ót on o Tr ism o Ba rb itú ric os Be nz od ia ze pí ni co s Op ió id es At ro pí ni co s An ti- hi st am ín ico s An tid ep re ss iv os tr icí cli co s Co ca ín a An fe ta m in a Te of ilin a Ef ed rin a Ca fe ín a Ha lo pe rid ol Fe no tia zín ico s M et oc lo pr am id a Br om op id a Quadro 1 - Principais síndromes tóxicas At en di m en to in ic ia l d as in to xi ca çõ es a gu da s 1 13 Exames complementares Gerais Dependendo do agente envolvido podem ser solicitados exames laboratoriais, ECG, exames de imagem (RX, TC) ou endoscopia digestiva alta. Toxicológicos Ver capítulo 2 – O diagnóstico laboratorial toxicológico na suspeita de intoxicação aguda. Tratamento O manejo adequado de um paciente com suspeita de intoxicação depende do agente envolvido e da sua toxicidade, assim como do tempo decorrido entre a exposição e o atendimento. Além do suporte, o tratamento envolve medidas específicas como descontaminação, administração de antídotos e técnicas de eliminação, descritas a seguir: Descontaminação Visa a remoção do agente tóxico com o intuito de diminuir a sua absorção. Durante o procedimento, a equipe de atendimento deverá tomar as precauções para se proteger da exposição ao agente tóxico. Os seguintes procedimentos estão indicados, de acordo com a via de exposição: • Cutânea: retirar roupas impregnadas com o agente tóxico e lavar a superfície exposta com água em abundância; • Respiratória: remover a vítima do local da exposição e administrar oxigênio umidificado suplementar; • Ocular: instilar uma ou duas gotas de colírio anestésico no olho afetado e proceder a lavagem com SF 0,9% ou água filtrada, sem- pre da região medial do olho para a região externa, com as pálpe- bras abertas durante pelo menos cinco minutos. Solicitar avaliação oftalmológica; • Gastrintestinal (GI): consiste na remoção do agente tóxico do trato gastrintestinal no intuito de evitar ou diminuir sua absorção. At en di m en to in ic ia l d as in to xi ca çõ es a gu da s 1 14 voltar ao menu Descontaminação Gastrintestinal A indicação da descontaminação GI depende da substância ingerida, do tempo decorrido da ingestão, dos sintomas apresentados e do potencial de gravidade do caso. Recomenda-se avaliação criteriosa do nível de consciência do paciente, antes de iniciar o procedimento e sempre considerar intubação orotraqueal, caso julgar necessário, para proteção de vias aéreas. Os benefícios maiores desse procedimento estão nas seguintes situações: • Na ausência de fatores de risco para complicações, como torpor e sonolência; • Na ingestão de quantidades potencialmente tóxicas da(s) substân- cia(s); • Nas ingestões recentes, isto é, até 1 a 2 horas da exposição; • Nos casos envolvendo agentes que diminuam o trânsito intestinal (anticolinérgicos, fenobarbital, etc.) ou de substâncias de liberação prolongada, a indicação da descontaminação pode ser mais tardia. Habitualmente, o procedimento divide-se em duas etapas: a realização da lavagem gástrica seguida da administração do carvão ativado: Lavagem gástrica (LG) Consiste na infusão e posterior aspiração de soro fisiológico a 0,9% (SF 0,9%) através de sonda nasogástrica ou orogástrica, com o objetivo de retirar a substância ingerida. Sempre avaliar criteriosamente a relação risco x benefício antes de iniciar o procedimento, pois há grande risco de aspiração. • É contraindicada na ingestão de cáusticos, solventes e quando há risco de perfuração e sangramentos. Evitar a infusão de volumes superiores aos indicados, pois pode facilitar a passagem da subs- tância ingerida pelo piloro e aumentar a absorção do agente tóxico. • Deve-se utilizar sonda de grande calibre, adultos de 18 a 22 e crian- ças de 10 a 14, mantendo o paciente em decúbito lateral esquerdo para facilitar a retirada do agente tóxico, e diminuir a velocidade do esvaziamento gástrico para o intestino. • Infundir e retirar sucessivamente o volume de SF 0,9% recomen- dado de acordo com a faixa etária, até completar o volume total recomendado ou até que se obtenha retorno límpido, da seguinte forma: º Crianças: 10 mL/Kg por infusão até volume total de: □ Escolares: 4 a 5 L. At en di m en to in ic ia l d as in to xi ca çõ es a gu da s 1 15 □ Lactentes: 2 a 3 L. □ RN: 0,5 L. º Adultos: 250 mL por vez até um volume total de 6 a 8 L ou até que retorne límpido. Carvão ativado (CA) É um pó obtido da pirólise de material orgânico, com partículas porosas com alto poder adsorvente do agente tóxico, que previne a sua absorção pelo organismo. Geralmente é utilizado após a LG, mas pode ser utilizado como medida única de descontaminação GI. Nestes casos, a administração pode ser por via oral sem necessidade da passagem de sonda nasogástrica. Na maioria das vezes deverá ser utilizado em dose única, porém pode ser administrado em doses múltiplas como medida de eliminação, em exposições a agentes de ação prolongada ou com circulação êntero- hepática, como o fenobarbital, carbamazepina, dapsona, clorpropramida, dentre outros. As formas de administração estão descritas a seguir: • Dose Única: º Crianças: 1 g/kg, em uma suspensão com água ou SF 0,9% na proporção de 4-8 mL/g. º Adultos: 50 g em 250 mL de água ou SF 0,9%. • Múltiplas doses: º Intervalos de 4/4 horas; associar catártico, preferencialmente salino, junto à 3ª dose, e repetir quando necessário. Utilizar o catártico como parte da suspensão do CA. Exemplo: utilizar 100 mL Sulfato de Magnésio 10% (10 g), acrescentar 150 mL de SF 0,9% (total 250 mL) e acrescentar 50 g de Carvão Ativa- do (suspensão 1:5) (Ver capítulo 3). Contraindicações ao uso do carvão ativado: • RN, gestantes ou pacientes muito debilitados, cirurgia abdominal recente, administração de antídotos por VO. • Pacientes que ingeriram cáusticos ou solventes ou que estão com obstrução intestinal. • Pacientes intoxicados com substâncias que não são efetivamente adsorvidas pelo carvão, como os ácidos, álcalis, álcoois, cianeto e metais como lítio, ferro, entre outros. Complicações que podem ocorrer com o uso do CA: • Constipação e impactação intestinal, principalmente quando utili- zado em doses múltiplas. • Broncoaspiração, especialmente quando realizado em pacientes torporosos, sem a proteção da via aérea. At en di m en to in ic ia l d as in to xi ca çõ es a gu da s 1 16 voltar ao menu Lavagem intestinal Consiste na administração de solução de polietilenoglicol (PEG) via sonda naso-enteral para induzir a eliminação do agente através do trato gastrintestinal pelas fezes. É raramente utilizada, salvo nos casos de ingestão de pacotes contendo drogas (body-packing) ou de quantidades potencialmente tóxicas de substâncias não adsorvidas pelo carvão ativado (ex.; ferro, lítio, etc). Está contraindicada na presença de íleo paralítico, perfuração gastrintestinal, hemorragia gastrintestinal e instabilidade hemodinâmica. A dose recomendada é: • Crianças de 9 meses a 6 anos: 500 mL/h. • Crianças de 6 a 12 anos: 1000 mL/h. • Adolescentes e adultos: 1500 a 2000 mL/h.Antídotos São substâncias que agem no organismo, atenuando ou neutralizando ações ou efeitos de outras substâncias químicas. A administração desses medicamentos não é a primeira conduta a ser tomada na maioria das situações. A maior parte das intoxicações pode ser tratada apenas com medidas de suporte e sintomáticos. Entretanto, algumas situações exigem a administração de antídotos e, às vezes, de medicamentos específicos. A disponibilidade destas substâncias é estratégica do ponto de vista de saúde pública. Devem estar disponíveis seja para uso imediato, no primeiro atendimento, em ambulâncias ou nas unidades de emergência, seja em poucas horas para uso hospitalar ou em serviços de referência. Ver em detalhes o capítulo 3 - Antídotos e substâncias auxiliares no tratamento das intoxicações, para conhecer as indicações, mecanismos de ação, posologias e outros. Medidas de eliminação São utilizadas para potencializar a eliminação do agente tóxico. As principais medidas utilizadas são: • Carvão ativado em dose-múltipla: indicado em casos de intoxica- ção por medicamentos como fenobarbital, dapsona e carbamazepi- na. A forma de utilização está descrita no item Descontaminação. • Alcalinização urinária: pode potencializar a excreção urinária de alguns agentes. Alcalinizar a urina favorece a conversão de ácidos fracos lipossolúveis (como fenobarbital e salicilatos) para a forma de sal, impedindo a sua reabsorção pelo túbulo renal. As contrain- dicações são insuficiência renal, edema pulmonar ou cerebral e At en di m en to in ic ia l d as in to xi ca çõ es a gu da s 1 17 doenças cardíacas. Técnica: o objetivo é atingir pH urinário > 7,5 enquanto o pH sérico deve se manter em torno de 7,55 a 7,6. Por- tanto, é recomendada a administração em bolus de 1-2 mEq/Kg de bicarbonato de sódio (NaHCO3) a 8,4%, seguida por infusão contí- nua de 150 mEq de NaHCO3 em 1 litro de soro glicosado a 5% (SG 5%) (manter infusão entre 200-250 mL/h). • Hemodiálise ou hemoperfusão: são técnicas raramente utilizadas. São geralmente indicadas quando a velocidade de depuração da substância pode ser maior pela remoção extracorpórea do que pelo próprio clearance endógeno, que ocorre nos casos de nítida dete- rioração do quadro clínico do paciente ou quando os níveis séricos da substância determinam mau prognóstico. A hemodiálise pode ser útil em intoxicações por fenobarbital, teofilina, lítio, salicilatos e álcoois tóxicos. º Hemodiálise: é realizada em 90% dos casos que requerem um método de remoção extracorpórea. Durante a hemodiálise, até 400 mL de sangue por minuto atravessam um circuito ex- tracorpóreo em que compostos tóxicos difundem-se em uma membrana semipermeável e são retirados do organismo. É mais efetiva na remoção de compostos com as seguintes características: □ Baixo peso molecular (< 500 daltons); □ Pequeno volume de distribuição (< 1 L/Kg); □ Baixa ligação a proteínas plasmáticas. º Hemoperfusão: consiste na depuração do agente tóxico fa- zendo o sangue passar através de uma coluna de resinas não iônicas ou de microcápsulas de carvão ativado. Tem a capa- cidade de remover mais efetivamente as toxinas adsorvidas pelo carvão ativado quando comparada à hemodiálise, porém a disponibilidade desta técnica nos centros de emergência é limitada. At en di m en to in ic ia l d as in to xi ca çõ es a gu da s 1 18 voltar ao menu AVALIAÇÃO INICIAL VIA DE EXPOSIÇÃO SIM NÃO SIM NÃO Agente cáustico ou irritante? Não realizar LG* *EDA precoce Lavagem gástrica + carvão ativado Ingestão até 1h? Descontaminação cutânea Descontaminação gástrica Descontaminação ocular Cutânea Oral Ocular *CABD: Guideline*AHA Agente: Dose x Toxicidade História da exposição Exame físico: Pupilas, Sinais Vitais, Nível de consciência Oberservação clínica Tratamento Sintomático + Suporte Avaliação especialista S/N (cirurgia geral - oftalmologia) Em caso de dúvida quanto ao agento tóxico/tratamento entrar em contato com o CCI-SP: 5012-5311 ou 0800-771-3733 *CABD - Circulation Airways Breathing Desfibrilation *AHA - American Heart Association *LG - Lavagem Gástrica *EDA - Endoscopia Digestiva Alta Figura 1 - Fluxograma do atendimento inicial At en di m en to in ic ia l d as in to xi ca çõ es a gu da s 1 19 Referências BAILEY, B. Gastrointestinal Decontamination Triangle. Clinical toxicology, New York, v. 43, n. 1, p. 59-60, 2005. BENSON, B. E.; et al. Position paper update: gastric lavage for gastrointestinal decontamination. Clinical toxicology, New York, v. 51, p. 140-146, 2013. BOTTEI, E. 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Goldfrank’s Toxicologic Emergencies, New York: McGraw-Hill, 9ed., p. 37-45, 2011. OLSON, K. R. Emergency evaluation and treatment. In: OLSON, K. R. Poisoning & Drug Overdose, v. 1, ed. 6, San Francisco: McGraw-Hill, 2012. THANACOODY, R.; et al. Position paper update: whole bowel irrigation for gastrointestinal decontamination of overdose pacients. Clinical Toxicology, Philadelfia, v. 53, n.1, p.5-12, 2015. At en di m en to in ic ia l d as in to xi ca çõ es a gu da s 1 20 voltar ao menu 21 2O diagnóstico laboratorial toxicológico na suspeita de intoxicação aguda A análise toxicológica é um componente essencial de um programa de controle de intoxicações. O Laboratório de Análises Toxicológicas da Prefeitura do Município de São Paulo (LAT-PMSP) tem como principais atribuições: contribuir para o diagnóstico das exposições agudas na emergência clínica, o monitoramento de drogas de abuso e drogas terapêuticas e o monitoramento biológico de exposição química ocupacional. O LAT-PMSP atende todos os serviços de saúde da atenção básica, média a alta complexidade da rede pública e privada, 24 horas por dia, ininterruptamente, todos os dias. Como serviço tradicional e de referência recebe amostras principalmente de unidades de saúde do MSP, mas também de outros municípios da região metropolitana de São Paulo, do estado de SP ou mesmo de outros estados da federação. A Toxicologia analítica, aplicada à área da toxicologia clínica, compreende a detecção, identificação e frequentemente a quantificação de fármacos, xenobióticos e seus produtos de biotransformação em matrizes biológicas para auxiliar no diagnóstico, tratamento, prognóstico e prevenção de intoxicações: O di ag nó st ico la bo ra to ria l t ox ico ló gi co n a su sp ei ta d e in to xi ca çã o ag ud a 2 22 voltar ao menu • No diagnóstico, poderá confirmar ou excluir substâncias suspeitas, baseada nas síndromes tóxicas sugeridas a partir da história e exa- me físico. No caso de intoxicação por múltiplas substâncias, onde os sinais e sintomas são mistos, ou na detecção da presença de substâncias com início de ação mais demorado e ainda para distin- guir psicoses orgânicas de tóxicasa toxicologia analítica também pode contribuir; • No tratamento, guiar o manejo das intoxicações apoiando nas de- cisões médicas (hospitalização, observação, UTI, monitorização, intervenções, eliminação forçada ou uso de antídotos); • No prognóstico, avaliar a gravidade da intoxicação, obter resposta sobre a precisão clínica, confirmar diagnóstico, apoiar os estudos de casos e auxiliar na determinação de padrões de exposição. As solicitações pela equipe clínica de um screening toxicológico (diagnóstico diferencial) surgem, na maioria das vezes, da falsa ideia da existência de uma única e rápida análise capaz de confirmar a presença de qualquer agente tóxico determinante da intoxicação. Um laboratório de análises toxicológicas, de fato, dispõe de diferentes métodos orientados através de um planejamento toxicológico. Dos milhares de agentes capazes de provocar intoxicação, um laboratório tem habilidade para detectar somente cerca de um décimo desse total e de quantificar dezenas deles nas diversas matrizes biológicas disponíveis. O método analítico inclui o conjunto de procedimentos ou técnicas desde o pré-tratamento da amostra até seu resultado final. Pode ter finalidade qualitativa, onde se verifica a presença ou ausência do agente tóxico na matriz biológica; ou quantitativa, onde se realiza a determinação dos analitos nas mesmas; podendo ser útil para evidenciar a natureza e a magnitude da exposição a um composto em particular ou a um grupo de compostos. Além disso, as técnicas analíticas podem ser divididas em: • Testes de triagem: são rápidos e fornecem informações qualitati- vas ou semi-quantitativas para uma classe de agentes tóxicos (por exemplo, teste positivo para benzodiazepínicos, mas não neces- sariamente o diazepam), e algumas vezes podem gerar resultados falso-positivos. Assim, o resultado de uma técnica de triagem pode ser confirmado por técnicas analíticas mais definitivas. • Testes de confirmação: identificam o composto específico em vez de simplesmente sua classe. Estes ensaios carecem de mais tem- po (horas/dias) e intensivo trabalho, são de limitada disponibilida- de, além de serem caros de se realizar. A técnica confirmatória de escolha para a grande maioria dos compostos é a cromatografia O di ag nó st ico la bo ra to ria l t ox ico ló gi co n a su sp ei ta d e in to xi ca çã o ag ud a 2 23 gasosa acoplada à espectrometria de massas; e essa análise pode ser qualitativa ou quantitativa. Se disponíveis, análises confirmató- rias serão necessárias quando houver possível envolvimento mé- dico-legal ou do serviço social. Devido à complexidade do diagnóstico e tratamento das intoxicações agudas, os resultados toxicológicos, quando disponíveis no tempo apropriado, podem influenciar no diagnóstico e tratamento subsequente do paciente intoxicado. Assim, avaliando a abordagem emergencial da intoxicação aguda, os resultados analíticos devem ser fornecidos rapidamente, usualmente dentro de 1 a 2 horas da chegada do paciente ao hospital, priorizando os casos onde o resultado terá influência na conduta a ser tomada. A integração entre o clínico e o analista é indispensável para a obtenção de resultados apropriados, permitindo direcionar a análise e despender o menor tempo possível para o desfecho da contribuição laboratorial: indicando, confirmando, estabelecendo ou excluindo a suspeita de intoxicação. Para que o diagnóstico laboratorial seja efetivo e colabore para a condução do caso, algumas informações são importantes para a definição do tipo de análise a ser realizada e interpretação dos resultados obtidos. Abaixo, seguem algumas informações que devem ser investigadas pelo profissional ao solicitar a análise toxicológica: • Possíveis toxicantes, • Data e hora da exposição, • Data e hora da coleta da amostra, • Qual a quantidade estimada do(s) agente(s) tóxico(s) ao qual o pa- ciente foi exposto, • Produtos/medicamentos encontrados próximos ao paciente, • Vias de exposição, • Medicamentos utilizados pelo paciente (uso crônico), • Medicamentos administrados ao paciente durante o atendimento de emergência, • Ocupação do paciente, • Presença de outras patologias (p. ex. alteração de função hepática, função renal) e • Informações complementares. No LAT-PMSP são realizadas análises qualitativas (identificação) e quantitativas (dosagem) do agente tóxico pesquisado, conforme quadro a seguir. O di ag nó st ico la bo ra to ria l t ox ico ló gi co n a su sp ei ta d e in to xi ca çã o ag ud a 2 24 voltar ao menu Quadro 2 - Análises qualitativas An ál is es q ua lit at iv as TE ST E IM ED IA TO P AR A DE TE CÇ ÃO D E DR OG AS DE A BU SO Te st es /s in ôn im os Am os tr a an al is ad a Vo lu m e da am os tr a Es pe ci fic id ad e da am os tr a Te m po p ar a em is sã o do la ud o* An fe ta m ín ico s, A nt id ep re ss iv os tr icí cli co s, B ar bi tú ric os , Be nz od ia ze pi na s, C oc aí na , Fe nc icl id in a, M DM A (e cs ta sy ), M et ad on a, M et an fe ta m in a, M or fin a, Op iá ce os , e Te tr ai dr oc an ab in oi s. 1 - C ro m at og ra fia e m ca m ad a de lg ad a; 2 - T ria ge m d e ag en te s tó xic os o u tr ia ge m to xic ol óg ica o u sc re en in g to xic ol óg ico . UR IN A PL AS M A OU SO RO UR IN A FL UI DO GÁ ST RI CO OU TR OS 10 -2 0 m L 10 -2 0 m L 10 -2 0 m L 10 -2 0 m L 10 m L - a du lto s 5 m L - c ria nç as 1 – En vi ar a m os tr a re fri ge ra da ; 2 – Co le ta a ss is tid a e co m Te rm o de Co ns en tim en to p re en ch id o e as si na do pe lo s: so lic ita nt e, co le to r d a am os tr a e pa cie nt e. 1 - A m os tr a de s an gu e de ve rá v ir, pr ef er en cia lm en te , a co nd ici on ad a em tu bo s ec o. P or ém , a m os tr as ac on di cio na da s em tu bo co m an tic oa gu la nt es s ão v iá ve is p ar a an ál is e; 2 - A m os tr as d e sa ng ue h em ol is ad o po de rã o se r a na lis ad as d ep en de nd o do ag en te tó xic o pe sq ui sa do . 2 h TE ST E IM ED IA TO P AR A DE TE CÇ ÃO D E PA RA QU AT 1 - P ar aq ua t; UR IN A OU TR OS 20 m L 2 h 5 h TE ST E DE T RI AG EM P AR A AG EN TE S TÓ XI CO S 1 - A rs ên io (A s) ; 2 - A nt im ôn io (S b) ; 3 - B is m ut o (B i); 3 - M er cú rio (H g) ; 4 - P ra ta (A g) . 5 - C hu m bo . UR IN A FL UI DO GÁ ST RI CO OU TR OS 20 m L 20 m L 1 – Es sa s an ál is es tê m fi na lid ad e so m en te p ar a di ag nó st ico d e ex po si çõ es ag ud as co m g ra nd e qu an tid ad e de a ge nt e tó xic o. 2 – Es sa s an ál is es n ão s ão in di ca da s pa ra di ag nó st ico e m e xp os içõ es cr ôn ica s. PE SQ UI SA P AR A ID EN TI FI CA ÇÃ O DE M ET AI S PE SA DO S 10 -2 0 m L 10 -2 0 m L TE ST E IM ED IA TO P AR A DE TE CÇ ÃO D E AZ UL D E M ET IL EN O 1 - A zu l d e M et ile no ; 2 - M et ile no . UR IN A 20 m L 2 h 2 h 1 - N es te ca so , a u rin a po de rá s e ap re se nt ar co m co r a zu l e sv er de ad o a az ul es cu ro . O di ag nó st ico la bo ra to ria l t ox ico ló gi co n a su sp ei ta d e in to xi ca çã o ag ud a 2 25 * Tempo estimado por análise realizada. An ál is es q ua lit at iv as DE TE RM IN AÇ ÃO D A AT IV ID AD E EN ZI M ÁT IC A DA C OL IN ES TE RA SE PL AS M ÁT IC A Te st es /s in ôn im os Am os tr a an al is ad a Vo lu m e da am os tr a Es pe ci fic id ade da am os tr a Te m po p ar a em is sã o do re su lta do * Co lin es te ra se p la sm át ica , Bu tir ilc ol in es te ra se - Bu ch E, Ps eu do co lin es te ra se - Pc hE Co lin es te ra se e rit ro cit ár ia , Ac et ilc ol in es te ra se – A ch E SA NG UE CO M ED TA SA NG UE CO M ED TA 5 m L 5 m L 1 - A m os tr a de ve rá ch eg ar a o LA T co m a té 4 h ap ós a co le ta . 1 - A m os tr a de ve rá ch eg ar a o LA T co m a té 4 h ap ós a co le ta . 2 h DE TE RM IN AÇ ÃO SA N GU ÍN EA D E ÁL CO OI S Al co ol em ia o u do sa ge m a lco ól ica ou d et er m in aç ão d e et an ol e /o u m et an ol . SA NG UE CO M ED TA 3 h 2 h DE TE RM IN AÇ ÃO D A AT IV ID AD E EN ZI M ÁT IC A DA C OL IN ES TE RA SE ER IT RO CI TÁ RI A M et em og lo bi ne m ia o u m et aH b. SA NG UE HE PA RI NI ZA DO 1 - A m os tr a de s an gu e de ve rá v ir ac on di cio na da s om en te e m tu bo co m he pa rin a; 2 - A m os tr as d e sa ng ue co ag ul ad o/ he m ol is ad o nã o sã o vi áv ei s pa ra m ét od o; 3 - O p ro ce di m en to d e co le ta d a am os tr a sa ng uí ne a, d ev er á se r r ea liz ad a no m om en to d a sa íd a do tr an sp or te d a un id ad e so lic ita nt e, p ar a ev ita r r ev er sã o da M et aH b; 4 - A m os tr a de s an gu e de ve ch eg ar a o LA T co m a té 2 h a pó s a co le ta . DE TE RM IN AÇ ÃO D A PO RC EN TA GE M D E M ET EM OG LO BI N A 5 m L 5 m L DE TE RM IN AÇ ÃO D O N ÍV EL S ÉR IC O DE PA RA CE TA M OL Pa ra ce ta m ol o u ac et am in of en o. SO RO 5 m L 3 h 2 h 1 - C ol et ar a m os tr a pr ef er en cia lm en te 4 h ap ós a e xp os içã o. P oi s, tr at a- se d o pi co d e co nc en tr aç ão p la sm át ica d o pa ra ce ta m ol ; 2 - A m os tr as co le ta da s ap ós 4 h d a ex po si çã o ta m bé m s ão v iá ve is p ar a an ál is e. DE TE RM IN AÇ ÃO N ÍV EL SÉ RI CO D E SA LI CI LA TO S Ác id o ac et ils al icí lic o ou A AS o u sa lic ile m ia o u sa lic ila to s. SO RO 5 m L 3 h 1 - C ol et ar a m os tr a pr ef er en cia lm en te d e 2 a 4 h ap ós a in ge st ão . P oi s, tr at a- se d o pi co d e co nc en tr aç ão p la sm át ica d o ag en te . 1 - E nv ia r a m os tr a re fri ge ra da ; 2 - A m os tr a de ve rá v ir ac on di cio na da e m tu bo b em v ed ad o; 3 - F az er a ss ep si a do lo ca l d a pu nç ão sa ng uí ne a co m á gu a e sa bã o; 4 - N ão u til iza r s ol uç õe s al co ól ica s na as se ps ia d o lo ca l d a pu nç ão s an gu ín ea ; 5 - A m os tr as d e sa ng ue co ag ul ad o nã o sã o vi áv ei s pa ra o m ét od o. O di ag nó st ico la bo ra to ria l t ox ico ló gi co n a su sp ei ta d e in to xi ca çã o ag ud a 2 26 voltar ao menu Referências AZEVEDO, J.L.S. A Importância dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica e sua Contribuição na Minimização dos Agravos à Saúde e ao Meio Ambiente no Brasil. Dissertação de mestrado - Universidade de Brasília, 2006. 247 p. CAZENAVE, S. O. S., CHASIN, A. A. M. Análises toxicológicas e a questão ética. RevInter, São Paulo, v.2, n.2, p. 5-17, 2009. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Gestão da qualidade laboratorial: é preciso entender as variáveis para controlar o processo e garantir a segurança do paciente. Encarte de Análises Clínicas. n. 1, p. 1-12, 2009. Disponível em: http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/132/ encarte_analises_clinicas.pdf . Acesso em: 07 ago. 2015. FLANAGAN, R.J. Role of the Toxicology Laboratory in the Treatment of Acute Poisoning. In: DART, R.C. Medical Toxicology, Londres: Wiley; 3ed, p. 337-358, 2004. WHO. International Programme on Chemical Safety, II. Technical guidance - 4. Analytical toxicology and other laboratory services. Disponível em: http://www.who.int/ipcs/publications/training_poisons/guidelines_ poison_control/en/index4.html. Acesso em: 11 ago. 2015. 27 3Antídotos e medicamentos auxiliares no tratamento das intoxicações Os quadros a seguir apresentam os principais antídotos e medicamentos auxiliares no tratamento das intoxicações, distribuídos em ordem alfabética, com suas respectivas dosagens, indicações, posologias e mais algumas informações pertinentes. Alguns são encontrados comercialmente no Brasil, outros manipulados e alguns necessitam serem importados. An tíd ot os e m ed ica m en to s a ux ili ar es n o tr at am en to d as in to xi ca çõ es 3 28 voltar ao menu Quadro 4 - Principais antídotos e medicamentos auxiliares no tratamento das intoxicações N OM E GE N ÉR IC O / CO M ER CI AL An tic or po a nt i-d ig ox in a (F ra çã oF ab ) / D ig ib in d® DC B AP RE SE N TA ÇÃ O IN DI CA ÇÃ O M EC AN IS M O DE AÇ ÃO PO SO LO GI A OB SE RV AÇ ÕE S Am po la co nt en do 3 8 m g na fo rm a de p ó lio fil iza do + 7 5 m g de so rb ito l. Re co ns tit ui r e m 4 m L de ág ua e st ér il p ar a in je çã o. M an te m -s e es tá ve l ap ós re co ns tit ui çã o po r 4 h , r ef rig er ad o (2 – 8º C) . M an ip ul ar Fr as co -a m po la m ul tid os e de 1 0 m L, n a co nc en tr aç ão d e 5 m g/ m L, co nt en do 1 ,5 % de á lco ol b en zíl ico p ar a us o IV . In to xic aç õe s gr av es p or di gi tá lic os . R ev er te o di st úr bi o de co nd uç ão AV , a s ar rit m ia s ve nt ric ul ar es , a br ad ica rd ia s in us al e a hi pe rc al em ia . In to xic aç õe s po r p la nt as qu e co nt em g lic os íd eo s ca rd io gê ni co s (D igi ta lis Pu rp úr ea , N er iu m Ol ea nd er , T he ve tia pe ru via na ). In to xic aç ão p or M et an ol . Di lu ir ca da a m po la e m 4 m L de ág ua d es til ad a. D os e va riá ve l co nf or m e a qu an tid ad e in ge rid a. 1 am po la n eu tr al iza 0 ,5 m g de di go xin a ou d ig ito xin a. D os e m éd ia : 4 - 6 am po la s pa ra ca so s cr ôn ico s e 10 a 2 0 am po la s pa ra ca so s ag ud os . In fu sã o le nt a em 30 m in ut os p re fe re nc ia lm en te at ra vé s de fi ltr o de 0 ,2 2 m icr on . Nã o di sp on ív el n o Br as il. Nã o ut iliz ar o p ro du to qu an do h ou ve r a le rg ia co nh ec id a a pr ot eí na d e ov el ha s ou a p ap aí na . De ve e st ar d is po ní ve l pa ra u so e m 1 h . É ut iliz ad o em as so cia çã o ao tr at am en to . De ve e st ar d is po ní ve l pa ra u so im ed ia to . Re aç ão an tíg en o- an tic or po Ca ta lis a a ox id aç ão do á cid o fó rm ico em p ro du to s m en os tó xic os (d ió xid o de ca rb on o e ág ua ). Ad m in is tr ar 1 m g/ Kg a té 5 0 m g di lu íd os e m 1 00 m L de S G 5% IV a ca da 4 h p el o pe río do q ue p er du ra r a in to xic aç ão . Ác id o Fó lic o A AN TÍ DO TO S E M ED IC AM EN TO S AU XI LI AR ES N O TR AT AM EN TO D AS IN TO XI CA ÇÕ ES Ác id o Fó lic o An tíd ot os e m ed ica m en to s a ux ili ar es n o tr at am en to d as in to xi ca çõ es3 29 Ác id o Fo lín ic o / Le uc ov or in cá lc ic o in je tá ve l® Ca rt uc ho co m 1 fra sc o- am po la co m 5 0 m g pa ra u so IV Ác id o Fo lín ico So lu çã o in je tá ve l e m am po la s de 1 m L co nt en do 0 ,2 5 m g/ m L ou 0 ,5 m g/ m L. Em in to xic aç õe s po r m et an ol (p od e se r ut iliz ad o em s ub st itu içã o ao á cid o fó lic o) . In to xic aç ão p or in ib id or es d a ac et ilc ol in es te ra se : ag ro tó xic os , ca rb am at os , or ga no fo sf or ad os , g ás Sa rin , e tc . Ad m in is tr ar 1 m g/ Kg a té 5 0 m g di lu íd os e m 1 00 m L de S G 5% IV a ca da 4 h pe lo p er ío do q ue pe rd ur ar a in to xic aç ão . Su a ef icá cia d ep en de d a ad m in is tr aç ão p re co ce (a té u m a ho ra da in to xic aç ão s e po ss ív el ); nã o ag ua rd ar o s ní ve is s ér ico s de m et ot re xa to .A s do se s sã o m ui to va riá ve is , m as n o ca so d e nã o se di sp or d o ní ve l s ér ico d o m et ot re xa to , f az er d e 10 a 2 5 m g/ m 2 a ca da 6 h p or 3 d ia s. De ve e st ar d is po ní ve l pa ra u so em 1 h . De ve e st ar d is po ní ve l pa ra u so im ed ia to . Au m en ta a tr an sf or m aç ão do á cid o fó rm ico e m di óx id o de ca rb on o e ág ua . Fo rm a m et ab ol ica m en te fu nc io na l d o ác id o fó lic o, nã o re qu er re du çã o pe la di id ro fo la to -r ed ut as e e po r co ns eg ui nt e po de pa rt ici pa r d ire ta m en te n as re aç õe s de tr an sf er ên cia de ca rb on o ne ce ss ár ia sp ar a a bi os sí nt es e de p ur in as e n a pr od uç ão d e DN A e RN A ce lu la r. An ta go ni st a da ac et ilc ol in a ap en as n os re ce pt or es m us ca rín ico s do ó rg ão e fe to r e e m al gu m as s in ap se s co lin ér gi ca s ce nt ra is . Do se IV in ici al : a du lto s 1 - 4 m g; cr ia nç as : 0 ,0 1- 0, 05 m g/ Kg d e pe so . R ep et ir em 5 , 1 0, 1 5 ou 3 0 m in . a té o bt er a tr op in iza çã o ad eq ua da (B oa S at .O 2, F C em to rn o de 1 20 b pm e re du çã o da hi pe rs ec re çã o pu lm on ar ).D os e de m an ut en çã o: A d os e e in te rv al o de a dm in is tr aç ão de ve m s er m od ifi ca do s de ac or do co m a re sp os ta cl ín ica , va ria nd o co m o ti po d e In Ch E, gr au d e in ib içã o da A Ch E e us o co nc om ita nt e de o xim as . Su lfa to d e at ro pi na At ro pi na An tíd ot os e m ed ica m en to s a ux ili ar es n o tr at am en to d as in to xi ca çõ es 3 30 voltar ao menu Az ul d e m et ile no M an ip ul ar s ol uç ão a 1 % em a m po la s de 5 m L Cl or et o de m et ilt io ní ni o M et em og lo bi ne m ia pr ov oc ad a po r in to xic aç ão p or n itr ito s, an ilin a, d ap so na , fe na zo pi rid in a, e m pa cie nt es s in to m át ico s ou co m M et aH b > 30 %. Ad m in is tr ar 1 - 2 m g/ kg (0 ,1 -0 ,2 m L/ Kg ) d e um a so lu çã o a 1% Iv e m 5 m in ut os .R ep et ir se ne ce ss ár io a ca da 6 - 8 h, e m ca so d e in to xic aç ão p or ox id an te s de lo ng a aç ão co m o a Da ps on a. De ve e st ar d is po ní ve l pa ra u so im ed ia to . Re du çã o da M et em og lo bi na à he m og lo bi na , v ia NA DP H- m et em og lo bi na - re du ta se A AN TÍ DO TO S E M ED IC AM EN TO S AU XI LI AR ES N O TR AT AM EN TO D AS IN TO XI CA ÇÕ ES N OM E GE N ÉR IC O / CO M ER CI AL DC B AP RE SE N TA ÇÃ O IN DI CA ÇÃ O M EC AN IS M O DE AÇ ÃO PO SO LO GI A OB SE RV AÇ ÕE S An tíd ot os e m ed ica m en to s a ux ili ar es n o tr at am en to d as in to xi ca çõ es 3 31 Bi ca rb on at o de Só di o Bi ca rb on at o de s ód io a 5% : 5 0 m g/ m L - c ai xa co m 3 5 fra sc os p lá st ico s de 2 50 m L. B ica rb on at o de s ód io a 8 ,4 %: 8 4 m g/ m L - c ai xa co m 1 00 am po la s de v id ro in co lo r de 1 0 m L, ca ixa co m 3 5 fra sc os p lá st ico s de 2 50 m L, ca ixa co m 1 00 am po la s pl ás tic as d e 10 m L. B ica rb on at o de só di o a 10 %: 1 00 m g/ m L - c ai xa co m 1 00 am po la s de v id ro in co lo r de 1 0 m L, ca ixa co m 3 5 fra sc os p lá st ico s de 2 50 m L, ca ixa co m 1 00 am po la s pl ás tic as d e 10 m L. Al ca lin iza çã o sa ng uí ne a em in to xic aç õe s po r an tid ep re ss iv os tr icí cli co s e an tia rr ítm ico s cla ss e Ia (d is op ira m id a, hi dr oq ui ni di na , p irm en ol , pr oc ai na m id a, q ui ni di na ) e Ic (p ro pa fe no na ). Ad ul to s: In ici al : 1 - 2 m Eq /K g IV em 1 h . M an ut en çã o: 1 - 1, 5 m Eq /K g di lu íd os e m 1 00 0 m L de SG 5 %, in fu nd ir 2 - 3 m L/ Kg /h p ar a m an te r d éb ito u rin ár io 2 m L/ Kg /h . Cr ia nç as a té 2 a no s de id ad e: Re co m en da -s e so lu çã o a 4, 2% e a ta xa d e ad m in is tr aç ão IV n ão d ev e ex ce de r 8 m Eq /K g/ di a. De ve e st ar d is po ní ve l pa ra u so im ed ia to . Co rre çã o de ac id os e Bi ca rb on at o de Só di o N OM E GE N ÉR IC O / CO M ER CI AL DC B AP RE SE N TA ÇÃ O IN DI CA ÇÃ O M EC AN IS M O DE AÇ ÃO PO SO LO GI A OB SE RV AÇ ÕE S B - C AN TÍ DO TO S E M ED IC AM EN TO S AU XI LI AR ES N O TR AT AM EN TO D AS IN TO XI CA ÇÕ ES An tíd ot os e m ed ica m en to s a ux ili ar es n o tr at am en to d as in to xi ca çõ es 3 32 voltar ao menu Bi pe rid en o/ Ak in et on ® Am po la s de 1 m L co m 5 m g/ m L. Cl or id ra to de bi pe rid en o Co m pr im id os d e 2, 5 m g em e m ba la ge m co nt en do 2 8 co m pr im id os . Ut iliz ad o no tr at am en to do s si nt om as ex tr ap ira m id ai s oc as io na do s po r In to xic aç õe s co m ne ur ol ép tic os (fe no tia zin as , ha lo pe rid ol ) e ta m bé m co m m et oc lo pr am id a e br om op rid a Sí nd ro m e ne ur ol ép tic a m al ig na ca us ad a po r ne ur ol ép tic os ta is co m o ha lo pe rid ol e o ut ro s an tip si có tic os Ad ul to s: 3 - 5 m g (6 /6 h S/ N) . Cr ian ça s: 0, 06 - 0, 1 m g/ Kg /d os e 6/ 6 h. Re aç õe s ad ve rs as : Po de o co rre r: bo ca se ca , r ub or , t aq ui ca rd ia , ag ita çã o, h ip er te rm ia . Fá rm ac o de a bu so (co nt ro la do ). De ve e st ar d is po ní ve l pa ra u so em 1 h . Em ca so s se ve ro s de ve s er co ns id er ad a a te ra pi a as so cia da co m D an tr ol en e. De ve e st ar d is po ní ve l pa ra u so e m 4 h . Ag en te a nt ico lin ér gi co É um a go ni st a ce nt ra l d a do pa m in a. Ad m in is tr ar 2 ,5 -1 0 m g VO o u po r S NG 3 - 4 ve ze s ao d ia .M es ila to d e br om oc rip tin a M an ip ul ar e m p ó fin o, co nf or m e no rm as in te rn ac io na is De sc on ta m in aç ão ga st rin te st in al : 1 g co rre sp on de a m ai s de 1 m 2 de s up er fíc ie ab so rv en te . Nã o ad so rv e ál co oi s e m et ai s. Co nt ra in di ca do n a pr es en ça d e le sõ es co rro si va s es of ag og ás tr ica s De ve e st ar d is po ní ve l pa ra u so e m 1 h . Ad so rç ão d a su bs tâ nc ia tó xic a. Nã o ad so rv e ál co oi s e m et ai s Do se ú ni ca V O ou p or S NG : Cr ia nç as : 1 g /K g (cr ia nç as ) a té 5 0 g. A du lto s: 50 g . P re pa ra r e m ág ua o u SF 0 ,9 % (5 0 g/ 25 0 m L) . Do se s m úl tip la s po r S NG : Po de m s er u til iza da s em al gu m as in to xic aç õe s co m o po r an tid ep re ss iv os tr icí cli co s e po r fe no ba rb ita l e q ua nd o sã o ut iliz ad as s ub st ân cia s de lib er aç ão p ro lo ng ad a. N es te s ca so s ad ici on ar u m la xa nt e na te rc ei ra d os e. Ca rv ão ve ge ta l at iv ad o Br om oc rip tin a/ Pa rlo de l® Ca rv ão a tiv ad o N OM E GE N ÉR IC O / CO M ER CI AL DC B AP RE SE N TA ÇÃ O IN DI CA ÇÃ O M EC AN IS M O DE AÇ ÃO PO SO LO GI A OB SE RV AÇ ÕE S B - C AN TÍ DO TO S E M ED IC AM EN TO S AU XI LI AR ES N O TR AT AM EN TO D AS IN TO XI CA ÇÕ ES An tíd ot os e m ed ica m en to s a ux ili ar es n o tr at am en to d as in to xi ca çõ es 3 33 Ci pr oe pt ad in a Di sp on ív el e m as so cia çã o (1 m g de co ba m am id a e 4 m g de cip ro ep ta di na ). Fo rm ul aç õe s co m er cia is : C ob av ita l® , co ba ct in ®, e tc . Cl or id ra to d e cip ro ep ta di na Sí nd ro m e se ro to ni né rg ica : p od e se r b en éf ica p ar a al iv ia r si nt om as le ve s a m od er ad os . Ad ul to s: Do se in ici al 4 - 12 m g or al , s eg ui do p or 4 m g a ca da 1 - 4 h , d e ac or do co m a ne ce ss id ad e at é o de sa pa re cim en to d os si nt om as . M áx im o de 3 2 m g/ di aC ria nç as : 0 ,2 5 m g/ Kg /d os e di vi di do s a ca da 6 h. M áx im o de 1 2 m g po r d ia . Ge ra lm en te co nt ra in di ca do n a pr es en ça d e le sõ es co rro si va s es of ag og ás tr ica s. De ve e st ar d is po ní ve l pa ra u so im ed ia to . Pa re ce a nt ag on iza r a es tim ul aç ão e xc es si va do s re ce pt or es 5 -H T1 A e 5- HT 2, re su lta nd o em m el ho ria d os s in to m as clí ni co s. An tíd ot os e m ed ica m en to s a ux ili ar es n o tr at am en to d as in to xi ca çõ es 3 34 voltar ao menu Da nt ro le no / Da nt ro le n® Pó L ió fil o: C ai xa co m 1 2 fra sc os -a m po la d e 20 m g. Ág ua p ar a In je çã o: Ca ixa co m 1 2 fra sc os -a m po la co m 6 0 m L. Hi pe rt er m ia co m ra bd om ió lis e in du zid a po r h ip er at iv id ad e m us cu la r n ão co nt ro la da p or o ut ro s m ét od os (s ín dr om e ne ur ol ép tic a m al ig na ). Do se : a du lto s e cr ia nç as : 2 -3 m g/ Kg IV in b ol us , a ca da 5 a 1 0 m in a té d os e to ta l d e no m áx im o 10 m g/ Kg /d ia . In fu nd ir em a ce ss o ve no so p er ifé ric o ou ce nt ra l ex clu si vo . De ve e st ar d is po ní ve l pa ra u so e m 4 h . Re du z a a tiv id ad e da m us cu la tu ra es qu el ét ica a p ar tir d a in ib içã o da lib er aç ão d e cá lci o pe lo re tíc ul o sa rc op la sm át ico , re du zin do a te m pe ra tu ra co rp or al e o co ns um o de o xig ên io . De fe ro xa m in a / De sf er al ® Ca da fr as co -a m po la co nt ém 5 00 m g de m es ila to d e de fe ro xa m in a na fo rm a lio fil iza da M es ila to d e de fe ro xa m in a In to xic aç ão p or de riv ad os d o fe rro , qu an do s ua co nc en tr aç ão s ér ica é su pe rio r a 4 50 - 50 0 µ g/ dL . Pa cie nt es po lit ra ns fu nd id os . Em ca so s gr av es u til iza r 1 5 m g/ Kg /h IV e m cr ia nç as e ad ul to s, n ão e xc ed en do u m to ta l de 6 g . O ob je tiv o fin al d a te ra pi a in clu i au sê nc ia d e co lo ra çã o vi nh o na ur in a e ní ve is s ér ico s de fe rro ab ai xo d e 35 0 µg /d L. Do se s de F e el em en ta r e s ua to xic id ad e m en or d e 20 m g/ kg : As si nt om át ico . De 2 0 a 40 m g/ kg : In to xic aç ão le ve : si nt om as G I. De 4 0 a 60 m g/ kg : In to xic aç ão m od er ad a a gr av e: si nt om as co rro si vo s GI e s is tê m ico s. M ai or d e 60 m g/ kg : In to xic aç ão po te nc ia lm en te fa ta l. De ve e st ar di sp on ív el p ar a us o im ed ia to . Fe rro : é ca pa z d e de sl oc ar o fe rro , t an to em fo rm a liv re q ua nt o lig ad o à fe rr iti na e à he m os si de rin a, fo rm an do o co m pl ex o es tá ve l f er rio xa m in a (F O) . Da nt ro le no Só di co D - E N OM E GE N ÉR IC O / CO M ER CI AL DC B AP RE SE N TA ÇÃ O IN DI CA ÇÃ O M EC AN IS M O DE AÇ ÃO PO SO LO GI A OB SE RV AÇ ÕE S AN TÍ DO TO S E M ED IC AM EN TO S AU XI LI AR ES N O TR AT AM EN TO D AS IN TO XI CA ÇÕ ES An tíd ot os e m ed ica m en to s a ux ili ar es n o tr at am en to d as in to xi ca çõ es 3 35 Di az ep am Am po la s co m 1 0 m g/ 2 m L Di az ep am Em to do s os ca so s em qu e ha ja n ec es si da de de s ed aç ão co m o po r ex em pl o: in to xic aç ão po r c oc aí na e o u po r an fe ta m in as , s ín dr om e ne ur ol ép tic a m al ig na , co nv ul sõ es ,e tc . Do se s sã o m ui to v ar iá ve is de pe nd en do d a pa to lo gi a. E m ca so d e in to xic aç ão p or co ca ín a em a du lto s, p od e- se u til iza r a té um m áx im o de 1 00 m g IV (p ar ce la da m en te ). Em cr ia nç as u til iza r 0 ,3 a 0 ,5 m g/ Kg IV o u Re ta l, p od en do re pe tir s e ne ce ss ár io . De ve e st ar d is po ní ve l pa ra u so im ed ia to . In cr em en to d a ne ur ot ra ns m is sã o do GA BA e m to do o S NC Di m er ca pr ol / BA L@ Br its h An ti- le w es ite DM SA - Su cc im er (Á ci do 2, 3- di m er ca pt os uc cí ni co ) / C he m et ® Am po la s co m 1 00 m g / m L Di m er ca pr ol In to xic aç õe s ag ud as e cr ôn ica s po r m er cú rio in or gâ ni co , a rs ên ico . ou ro e , e m a ss oc ia çã o co m o E DT A cá lci co di ss ód ico , n as in to xic aç õe s po r ch um bo cu rs an do co m en ce fa lo pa tia . Ch um bo : 4 m g / K g IM d e 4 / 4 h. p or 3 a 5 d ia s. Ou tr os m et ai s: 3 a 5 m g / K g de 4 / 4 h o u 6 / 6 h p or 2 d ia s; ap ós , d e 12 e m 1 2 h po r 1 0 di as . Di sp on ib ili da de n ão em er ge nc ia l. Po ss ui d
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