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Método Dialético na Compreensão da Realidade e no Direito

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Elisabeth A Oliveira Viana – Direito Matutino – RA M3078 – Sociologia – Profa. Neyde – UNIFACP
		Atividades para o curso de Direito
Responder as seguintes questões:
1. De acordo com o método dialético não se pode compreender nenhum fenômeno isoladamente, pois sempre existe uma relação de interdependência entre eles, isto é, tudo se relaciona.
Como podemos exemplificar este princípio na realidade que estamos vivendo?
Método Dialético ou Dialética: é o caminho que melhor permite a compreensão de uma realidade dinâmica, a discussão entre duas ou mais pessoas que possuam pontos de vista diferentes sobre um mesmo assunto, mas que pretendem estabelecer a verdade através de argumentos fundamentados e não simplesmente vencer um debate ou persuadir opositores.
O método dialético passou por diferentes caminhos, na Grécia antiga, era entendido como a “arte do diálogo. Em grego dialético = dialegein que significa discutir. A arte do Diálogo foi definida por Platão e, aos poucos a arte do diálogo passou a ser encarada como argumentação necessária para a produção do conhecimento através da discussão de ideias.
Na concepção moderna a dialética é vista como meio de entendimento para a compreensão da realidade, por meio da contradição e da transformação, seria o caminho entre as ideias.
Portanto, o método dialético é o conceito de dialética usado hoje pelos intelectuais é uma mistura do modo de pensar idealista de Hegel (pensador alemão) e da materialidade de K. Marx, fundamentado na contradição, que organiza o raciocínio para a busca da verdade.
Um exemplo prático do movimento seria pensar da seguinte forma, que através da análise de uma situação contraditória de certa realidade para comprovar uma TESE (realidade), o investigador usa uma antítese (contradição) ou seja, a negação da tese original, porém a negação não é suficiente para compreender o “fenômeno” investigado, toda negação tem algo de “positivo” da própria tese, portanto, não pode apenas negar sem afirmar alguma coisa, então é preciso aproveitar algumas coisas existentes na tese e na antítese para se chegar a síntese dos dados obtidos.
Desse modo, o investigador chegou, por meio de toda essa análise dialética, ao conjunto de conclusões que seria a síntese e, mesmo assim não se pode afirmar que é definitivo, porque toda a realidade está sempre sujeita a contradição começando uma nova situação do movimento tese-antítese-síntese.
Na realidade que estamos vivendo podemos exemplificar este princípio na Saúde Pública no Brasil e, todo o cuidado com a saúde, desde o uso da cloroquina até a obrigatoriedade do uso de máscaras. Podemos ouvir as discussões a todo instante sobre a saúde a política econômica, diariamente os jornais do mundo inteiro falam sobre isso, no Brasil se fala muito do colapso que podemos ter no Sistema Único de Saúde (SUS) e, surgem os dilemas enfrentados pelos profissionais da saúde com a falta de estrutura dos serviços e equipamentos e, no outro extremo a impossibilidade do provedor da família em parar suas atividades diante de uma Pandemia como a COVID19 e, exatamente por ser ele um provedor.
Alguns dizem que a necessidade econômica não pode determinar nossa ação individual ou coletiva, mas a economia estabelece nossos limites. Portanto, no mundo inteiro pessoas como Macron, Angela Merkel, Boris Johnson e, até o Armínio Fraga, defendem e estão aplicando intervenções do Estado sobre a sociedade para salvar o que for possível do nosso sistema capitalista neoliberal. Muitos que criticavam a presença do Estado na Economia, na regulação da vida social e nas relações trabalhistas, se viram obrigados a mudar de posição para defender que o Estado deve agir, muitos se veem obrigados a mudar de posição para defender que o Estado deve agir de modo intenso para evitar a catástrofe absoluta!
O atual momento nos impôs mudanças pelo movimento em tempo real, pela dialética, que proporciona movimento e transformação, resultantes das contradições entre forças opostas unidas no mesmo fenômeno, torna-se necessário captar dentro da mudança o que não muda e, observar as consequências do que compõe esses momentos contraditórios, o que não é passa a ser, o que é deixa de ser.
Na política brasileira precisamos pensar de uma maneira mais dialética, discutir mais para chegarmos a sínteses positivas ao invés de ficarmos do lado de uma ideia ou de outra, seria muito melhor para o país se participássemos do processo dialético e não dessa polarização “burra” da política que vivenciamos nos dias de hoje. 
2. Explicar de que forma o método dialético, enquanto choque de ideias contrárias, é usado no Direito.
O pensador Hegel se opõe a Kant que separa o sujeito do objeto, Hegel “junta” o sujeito ao objeto e, é totalmente contrário ao conceito de Kant. A dialética Hegeliana vê o direito como algo inserido dentro de um contexto social, para ele não existe um direito independente da sociedade ou das relações com a sociedade, o direito não é um objeto, o direito é sujeito e objeto, portanto, não poder analisado como uma célula, já dizia um pensador: “quem só sabe direito não sabe nada. ”
O direito é a relação entre sujeito e objeto em interação com as várias políticas sociais, religião etc., não é autônomo, não pode se auto fazer é a sociedade quem diz o que é o direito, o conhecimento da sociedade pode mudar a interpretação que diz o que é o direito e não o direito somente, essa é a contradição. Não se trata de mudar o texto da lei, apesar de que ela poderá ser alterada com o tempo sim, mas trata-se da interpretação da realidade, que é dinâmica. 
A sociedade pode mudar a maneira do Superior Tribunal Federal na interpretação da Lei, de acordo com a época, o momento, é a sociedade com a sua realidade dinâmica quem provoca essa alteração, através do processo de contradição, pois, a dialética não é um método de pensar a realidade, mas o movimento da Realidade.
Exemplo: Princípio da Anterioridade Tributária
Referido entendimento já foi inclusive chancelado pelo STF, por ocasião do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 939-7/DF. Nesta ação, cujo relator foi o então Ministro Sydney Sanches, a Suprema Corte apreciou a constitucionalidade da Emenda Constitucional nº 3/93, a qual estabelecia a não aplicação do princípio da anterioridade anual (art. 150, III, “b”) em relação à instituição do antigo IPMF pela União. Confira-se abaixo trecho da ementa do julgamento:
EMENTA: [...] 2. A Emenda Constitucional n. 3, de 17.03.1993, que, no art. 2., autorizou a União a instituir o I.P.M.F., incidiu em vício de inconstitucionalidade, ao dispor, no parágrafo 2. Desse dispositivo, que, quanto a tal tributo, não se aplica "o art. 150, III, b e VI", da Constituição, porque, desse modo, violou os seguintes princípios e normas imutáveis (somente eles, não outros): 1. - o princípio da anterioridade, que e garantia individual do contribuinte (art. 5., par.2., art. 60, par.4., inciso IV e art. 150, III, b da Constituição); 2. - o princípio da imunidade tributária reciproca (que veda a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a instituição de impostos sobre o patrimônio, rendas ou serviços uns dos outros) e que e garantia da Federação (art. 60, par.4., inciso I, e art. 150, VI, a, da C.F.) (STF, ADI 939 DF, Tribunal Pleno, rel. Min. Sydney Sanches, j. 15/12/1993) (Grifou-se).
Vê-se que o STF reconheceu o princípio da anterioridade como uma garantia individual do contribuinte – e, portanto, garantia fundamental. A decisão acima colacionada é considerada um importante marco em matéria tributária, tendo em vista que, pela primeira vez, o STF conferiu a um princípio tributário caráter de norma inalterável, verdadeira cláusula pétrea, estando, portanto, restrita aos limites impostos pelo art. 60, § 4º[7], da Constituição Federal.
Pode se concluir pela impossibilidade de vir a surgir emenda constitucional tendente a abolir o princípio da anterioridade, em quaisquer de suas vertentes, uma vez que tal princípio está incluso nas matérias que compõem o núcleo imodificáveldo texto constitucional.
Fonte: https://jus.com.br/artigos/47875/o-principio-da-anterioridade-tributaria-e-a-revogacao-de-isencoes-nao-onerosas
Outro exemplo:
A penhora salarial para pagamento de dívidas: 
“STJ permite penhora salarial para quitar dívida. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), em decisão recente, autorizou a penhora de parte do salário de um trabalhador para o pagamento de uma dívida. ... A legislação processual brasileira proíbe a penhora absoluta de salários e rendimentos. ”
A dialética está na preservação do bem jurídico, apesar a legislação não permitir penhora salarial, os magistrados começaram a entender que os credores estavam sendo extremamente prejudicados e para preservar a saúde das empresas pelo inadimplemento o STF passou a autorizar as penhoras salariais, com condições que também preservam o bem jurídico dos devedores.
3. O Direito do Trabalho modificou as relações de produção.
Falso ou Verdadeiro? Justifique sua resposta 
É verdadeiro.
Direito do Trabalho: é o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade. 
Relações de Produção é um conceito elaborado por Karl Marx e que recebeu muitas definições e utilizações posteriores. Resumidamente, as relações de produção são as formas como os seres humanos desenvolvem suas relações de trabalho e distribuição no processo de produção e reprodução da vida material.
O Taylorismo, o Fordismo e o Toyotismo são modos de produção capitalista.
Na evolução histórica do trabalho, o homem passou da cooperação simples à manufatura, evoluindo para as grandes indústrias, no século XX surgiram grandes fábricas e foram diversos esforções direcionados para a racionalização do trabalho, Taylor é um dos nomes em evidência nesse período, foram vários os sistemas de produção apresentados, todos tentado se adequar às necessidades econômicas do capitalismo de acordo com época histórico-social, a intensa subordinação ao sistema Taylor (Taylorismo) foi atenuada com o Fordismo e exercida pela estrutura do Toyotismo, desses sistemas apresentados tem como principal fundamento a produção e o lucro, não se preocupam com o trabalhador.
A Revolução Industrial acarretou mudanças no setor produtivo e deu origem à classe operária, transformando as relações sociais. As relações de trabalho guiadas pelas corporações de ofício foram substituídas por uma regulamentação autônoma. Surgiu assim, uma liberdade econômica sem limites, com opressão dos mais fracos.
No contexto mundial, os vícios e as consequências da liberdade econômica, do liberalismo político, do maquinismo, a grande concentração de massas humanas e de capitais, levaram às lutas de classes e como consequências, surgiram grandes rebeliões sociais como os Iudistas ou cartistas na Inglaterra (Revoluções de 1848 e 1871) e na Alemanha em 1848, livres acordos entre grupos econômicos e profissionais regulando as relações entre patrões e operários, mais tarde foi reconhecido pelo Estado como Lei, sendo chamada de Encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII, e pôr fim a Guerra de 1914 a 1918, cujo fim em 1919 conferiu ao Direito do Trabalho posição definitiva nos ordenamentos jurídicos nacionais e internacionais, elevando o Direito do trabalho ao status de ferramenta indispensável e fundamental à garantia do respeito à dignidade humana e as relações de trabalho foram-se insurgindo contra os princípios liberais e reclamando modificações. 
O cunho humanitário da intervenção estatal refletiu-se no aparecimento do Direito do Trabalho de praticamente todos os povos e, foram os aprendizes, os menores e os acidentados que provocaram grande parte da legislação laboral, de caráter mais humanitário do que jurídico.
Portanto, o Direito do Trabalho modificou as relações de produção, e as relações de trabalho têm claramente que ser normatizadas (pelo Estado e/ou pelos particulares) pois o capitalismo tem dado demonstrações perfeitas que o filósofo Thomas Hobbes estava certo ao apregoar que “o homem é o lobo do homem”. O trabalho sempre foi importante na vida do homem, desde o início dos tempos até os dias de hoje e, evoluiu tanto que necessitou de uma legislação para regulamentar e organizar a relação entre patrão (empregador) e operário (empregado).

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