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SEMINÁRIO VI - REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA – HIPÓTESE TRIBUTÁRIA 1 Seminário VI – Regra Matriz de Incidência – Hipótese Tributária 1. Que é regra-matriz de incidência tributária? Qual sua funcionalidade operacional no direito positivo? Resposta: Regra Matriz pode ser conceituada como a norma que vai estabelecer e regulamentar a relação jurídica tributária do Estado com o sujeito passivo, ou seja, o contribuinte. Uma vez que ocorreu os fatos anteriormente previstos de forma hipotética na norma vigente, fazendo com que se concretize, nasce a obrigação de pagar em moeda corrente referido tributo. O legislador, coloca na lei os dados básicos para se estabelecer a relação jurídica enquanto que no mundo exterior se realiza, tendo assim o encaixe e a formação da relação jurídica tributária. Cabe destacar, que a relação jurídica tributária, pode ser comparada com a obrigação civil, onde temos figurando o polo ativo (credor) os entes públicos, seja ele a União, Estados, Distrito Federal ou Município, lembrando que pode ser ainda uma pessoa jurídica de Direito Público a quem tenha sido delegado tal capacidade ativa. De outro lado, temos o particular no polo passivo (devedor) que tenha realizado o fato abstrato é assim assumido a obrigação de recolher o tributo previsto em lei. Partindo de tais entendimentos, concluímos que o papel da Regra Matriz, no Direito Positivo, é validar a relação jurídica tributária estabelecida. 2. Que é hipótese de incidência tributária? Qual sua função na composição RMIT? Há necessidade de um critério pessoal compor a SEMINÁRIO VI - REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA – HIPÓTESE TRIBUTÁRIA 2 hipótese da RMIT? Por quê? Resposta: Podemos definir que incidência trata-se do encaixe perfeito do fato ocorrido no mundo exterior, com o que foi previsto na norma vigente, a chamada por alguns doutrinadores de “subsunção do fato a norma”. Ocorrendo esse fato, nasce a obrigação tributária, fazendo com que o contribuinte tenha o dever de pagar e o fisco tenha o direito de cobrar, podendo ser exigido todos os efeitos da lei. Cabe destacar, que a hipótese de incidência, antecede a Regra Matriz, sendo que ocorrendo a hipótese (H) surge a consequência (C), onde temos a fórmula H-C. Para fechar esse entendimento, podemos citar o entendimento do doutrinador Vittorio Cassone1: “Descrição que a lei faz de um fato tributário que, quando ocorrer fará nascer a obrigação tributária (obrigação de o sujeito passivo ter de pagar ao sujeito ativo tributo correspondente” Considerando tais entendimentos, podemos afirmar que não é necessário adotar um critério pessoal para se compor a regra matriz, pois ocorrendo o fato previsto na lei, a incidência é automática, como já estudado é aí que nasce a obrigação de pagar e o direito de receber por parte do sujeito ativo. O critério pessoal, será apreciado em um plano secundário, quando for majorar o quanto deverá ser pago. Por exemplo, quem aufere maior quantidade de 1 CASSONE, Vittorio – Direito Tributário – 18° edição – pg 143 SEMINÁRIO VI - REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA – HIPÓTESE TRIBUTÁRIA 3 renda, tem o valor do imposto maior do que aquele que auferiu menos, aqui temos presente também o critério quantitativo. 3. Que é incidência? Descrever, com suas palavras, a fenomenologia da incidência tributária, diferenciando, se possível, incidência de aplicação do direito. Resposta: Incidência, pode ser definido como o fenômeno através do qual surge a subsunção do fato a norma, ou seja, acontece no mundo exterior o que foi anteriormente previsto pela lei. Em relação a fenomenologia, explicamos que ela está presente quando o fato previsto na norma, deixa o mundo abstrato do texto da lei e passa a compor a realidade da pessoa que pratica tal conduta. Podem, cabe destacar, que a fenomenologia se distingue da figura da aplicação do Direito, uma vez que esta última é realizada pelo operador que interpreta o texto legal. 4. Que é evento? E fato? E fato jurídico? Qual a relação entre fato jurídico e teoria das provas? Resposta: A seguir, conceituaremos evento, fato e fato jurídico: Evento - Pode ser entendido como todo acontecimento da nossa realidade, uma situação existencial, mas este por si só, não tem relevância para formar uma relação jurídica tributária. Fato - Também pode receber a nomenclatura de “fato social”, sendo entendido como o acatamento de um evento no meio social. São enunciados linguísticos SEMINÁRIO VI - REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA – HIPÓTESE TRIBUTÁRIA 4 sobre acontecimentos e situações. Porém ainda não foi reconhecido pelo Direito, uma vez que não possui uma linguagem jurídica específica. Para distinguir fato de evento, citaremos o entendimento de Tércio Sampaio Ferraz Júnior2: “É preciso distinguir entre fato e evento. A travessia do Rubicão por César é um evento. Todavia, ´César atravessou o Rubicão´ é um fato. Quando, pois, dizemos que é um fato que César atravessou o Rubicão´, conferimos realidade ao evento. Fato não é, pois, algo concreto, sensível, mas um elemento linguístico capaz de organizar uma situação existencial como realidade” Fato jurídico Tributário - É a adequação do fato anteriormente estudado a hipótese que antecede a Regra Matriz. Estes são capazes de produzir efeitos, vez que tem relevância para o Direito. 5. Por que a expressão “fato gerador” é equívoca? Analisar os arts. 4º; 16, 105, 113, §1º, 114 e 144 do CTN e o REsp 215273 (vide anexo I), explicando o sentido em que o termo “fato gerador” foi empregado em cada uma de suas aparições. Resposta: Para alguns doutrinadores, a expressão “fato gerador” é equívoca, pois há entendimento que ela pode nos levar a duas realidades distintas, uma vez que pode significar a hipótese trazida pela lei bem como também o fato concretamente realizado. 2 FERRAZ JUNIO, Tércio Sampaio - Introdução ao estudo do direito - técnica, decisão, dominação - 4ª edição - São Paulo - Editora Atlas p.274. SEMINÁRIO VI - REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA – HIPÓTESE TRIBUTÁRIA 5 Assim, a seguir, apreciaremos individualmente o emprego da palavra “fato gerador” nos artigos extraídos do vigente Código Tributário Nacional: Art. 4º - Necessária a ocorrência da hipótese prevista na lei para cobrança do tributo (hipótese tributária); Art. 16 - A expressão neste artigo, busca justificar a cobrança do imposto, também dependente da ocorrência no mundo de situações previstas na lei de forma hipotética; Art. 105 - Aqui temos o fato gerador como um critério temporal, ou seja, a partir de quando a norma será válida é aplicável; Art. 113 - Busca definir o que é obrigação principal e o momento de seu surgimento; Art. 114 - Referido artigo, diferente dos demais, tem o objetivo de aclarar ao intérprete, o que é fato gerador; e, Art. 144 - Aqui o fato gerador, delimita o momento em que ocorre o lançamento do crédito tributário. 6. Diferençar: a data do fato jurídico tributário da data no fato jurídico tributário (vide anexo II) e, os conceitos de erro de fato e erro de direito. Resposta: A data no fato jurídico refere-se à ocorrência do evento no mundo. Enquanto que a data do fato é sua ocorrência no fato jurídico tributário. Em relação ao Erro de Fato, podemos esclarecer que refere-se as provas que sejam capazes de comprovar uma nova situação jurídica, quando houve reanalise, diferente daquele prevista na norma. Por fim, Erro de Direito, refere-sea limitação da norma geral abstrata a ser aplicada no caso concreto. SEMINÁRIO VI - REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA – HIPÓTESE TRIBUTÁRIA 6 7. Alteração no texto constitucional que acarrete a modificação em algum aspecto da hipótese de incidência da RMIT (alargamento do critério material, por exemplo), é suficiente para autorizar a tributação nos novos moldes? (Vide anexo III) Resposta: A simples alteração do texto constitucional é não suficiente para permitir a alteração nos moldes da tributação, considerando o princípio da legalidade tributaria, sendo necessária a criação de lei especifica que regulamente a nova situação. Cabe destacar, que o princípio da legalidade tributária, está consagrado na Constituição Federal no seu artigo 150, conforme transcrito abaixo: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; BIBLIOGRAFIA CARVALHO, Paulo de Barros – Direito Tributário: Linguagem e Método – 4ª Edição – Editora Noeses, São Paulo, 2011. CARVALHO, Paulo de Barros – Direito Tributário: Linguagem e Método – 4ª Edição – Editora Noeses, São Paulo, 2011. ALEXANDRE, Ricardo – Direito Tributário Esquematizado – 7° edição – Editora Método – São Paulo, 2013. SEMINÁRIO VI - REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA – HIPÓTESE TRIBUTÁRIA 7 FERRAZ JUNIO, Tércio Sampaio - Introdução ao estudo do direito - técnica, decisão, dominação - 4ª edição - São Paulo - Editora Atlas
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