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Lista - Política 2

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Universidade Estadual de Campinas
Instituto de Economia 
Economia Política II
Questões-roteiro para revisão 
1. Em que consiste o chamado “problema da transformação”? Qual a “solução” dada por Marx? Quais os problemas dessa solução?
A teoria marxista se depara com o problema da transformação de valores em preços. Se transformou em um dos pontos mais discutidos na economia marxista e ainda não foi encontrado uma solução definitiva para o problema.
Marx calcula, em cada setor da economia, como os valores são formados; uma parte do capital constante é transferida para as mercadorias, a parte depreciada pelo uso dos capitais, e uma parte do capital variável é transferido a partir da contratação de trabalhadores. Assim, o valor das mercadorias é formado pela soma de capital constante, capital variável e mais-valia.
Críticos apontam uma falha na argumentação de Marx em mostrar como se podem derivar os preços de mercado transmutando adequadamente as componentes dos valores nas componentes da determinação dos preços. Como na fórmula os preços são formados com base em salários, lucros e preço do capital constante depreciado, Marx terá de transmutar primeiro o capital variável em salário, a mais-valia em lucro e o capital constante medido em valores para o capital constante medido em preços. Ou seja, Marx deixou de realizar a transformação desses componentes antes de importa-los da fórmula dos valores para a fórmula dos preços. Marx tinha consciência dessa inadequação, mas estava mais preocupado em mostrar que, entre todos os setores, a soma dos lucros iguala-se à soma das mais-valias e que a soma dos preços de produção igualam-se às somas dos valores.
Marx coloca que mercadorias não podem ser trocadas de acordo com seu valor trabalho pois apresentariam taxas de lucros diferentes. Sendo assim, não haveria compatibilidade entre teoria do valor e sistema de preços. A solução para Marx foi aplicar uma taxa de lucro média sobre os diferentes preços de custo. O problema dessa solução consiste na determinação dos capitais em valor, quando na verdade o correto seria tê-los determinados em preço; não se consegue chegar ao preço sem a taxa de lucro e nem à taxa de lucro sem os preços.
O problema da transformação consiste em compatibilizar o sistema do valor com o sistema de preços. Marx parte de três pressupostos: composições orgânicas diferentes, taxas de lucro e taxa de mais-valia iguais. Se partisse do valor trabalho, as taxas de lucro não se igualariam justamente pelas diferentes composições orgânicas. Para isso, Marx pega os preços de custo (c consumido + v) dos diversos setores e aplica sobre eles uma mesma taxa média de lucro. O problema dessa solução está no fato de Marx ter partido de taxas médias de lucro medidas em valor para se chegar aos preços. Ou seja, ele chega ao preço partindo da taxa de lucro e à taxa de lucro partindo dos preços; como a taxa de lucro é medida em valor, não é possível fazer essa transição.
2. A discussão em torno do problema da transformação gerou, em alguns intérpretes da obra de Marx, dúvidas em relação à validade ou, ao menos, à centralidade da teoria do valor de Marx. Como Belluzzo responde a isso em sua obra Valor e Capitalismo, particularmente em seu capítulo 3?
Belluzzo, ao responder as críticas à teoria de valor do Marx, coloca que o processo de formação de preços como um fim em si mesmo é de pequena importância para Marx. Faz uma defesa da teoria do valor de Marx como sendo algo central na compreensão o do capitalismo. Portanto, o movimento crucial da “transformação” não é dos valores ao preço, mas da mais-valia para as categorias de renda (juros, salário, lucro) em geral. 
Marx parte da mercadoria para chegar à mais-valia. Assim, a mais-valia possui caráter central – a partir da qual o conceito de lucro é construído, e de onde surge a possível taxa média de lucro.
Por mais que não seja possível extrair diretamente da forma do valor de Marx uma teoria de preços, ela ainda é fundamental para compreender o Capital como valor que se valoriza: a forma especificamente capitalista de reprodução material e social.
3. No capítulo 13 do livro III d’ O Capital, Marx nos diz:
“Como a massa de trabalho vivo empregado diminui sempre em relação à massa de trabalho objetivado, posta por ele em movimento, (…) assim também a parte desse trabalho vivo que não é paga e que se objetiva na mais-valia tem de estar numa proporção sempre decrescente em relação ao volume de valor do capital global empregado. Essa relação da massa de mais-valia com o valor do capital global empregado constitui, porém, a taxa de lucro, que precisa, por isso, cair continuamente.”
 Explique em que consiste a “lei de tendência” enunciada por Marx.
O objetivo do modo de produção capitalista é a acumulação, a transformação da mais-valia em capital. A busca do aumento da mais-valia, dado os limites da jornada de trabalho, resulta na mais-valia relativa; torna a elevação da produtividade um impulso imanente a natureza do próprio capital.
A relação entre capital variável e capital constante se eleva, ou seja, a tendência é ocorrer uma elevação da composição orgânica do capital (capital constante/capital variável).
Supondo que a taxa de mais-valia se mantenha constante, esse aumento progressivo do capital constante em relação ao variável tem como consequência, necessariamente, a queda gradual na taxa de lucro. A tendência gradual da taxa de lucro em cair é expressão peculiar ao modo de produção capitalista, do progresso da produtividade social do trabalho.
Para Marx, a “lei de tendência” seria a expressão do caráter contraditório do movimento capitalista, isso é, dado que a produção capitalista tem seu impulso pela acumulação de capital, a taxa de lucro tenderia a diminuir ao longo do tempo. Tendo em vista que Marx estabelece a relação que o lucro é igual a mais-valia sobre o capital variável mais o capital constante (L = m / c + v), o capital constante, que é fruto do processo de acumulação capitalista, tenderá, então, a aumentar em proporção maior que o trabalho variável. Levando em consideração que o capital variável é que dá origem à mais-valia, a pouco aumentará e a taxa de lucro vai diminuir. Em suma, o aumento da taxa de mais-valia (m/v) não compensa a composição orgânica do capital.
Chega um momento em que o aumento da mais-valia tem sua base de extração estreitada. Assim, a massa de mais-valia começa a ser reduzida à medida que se amplia a composição orgânica do capital.
A lei da tendência enunciada por Marx é a tendência à queda da taxa de lucro devido ao aumento da composição orgânica do capital. A composição orgânica do capital aumenta devido a um aumento do capital constante em relação ao variável. O capital constante tenderá a aumentar em proporção maior que o trabalho variável; o aumento da taxa de mais-valia não compensa a composição orgânica do capital. 
4. No capítulo XIV do livro III d’ O Capital, lê-se:
“Deve haver influências contrariantes em jogo, que cruzam e superam os efeitos da lei geral, dando-lhe apenas o caráter de uma tendência (…)” (p.177)
Quais as chamadas “causas contrariantes” da lei de tendência enumeradas por Marx?
As “causas contrariantes” da lei de tendência são: elevação do grau de exploração do trabalho, compressão do salário abaixo de seu valor, barateamento dos elementos do capital constante, superpopulação relativa (eir), comércio exterior e aumento do capital em ações.
As causas não são suficientes para anular a tendência à queda da taxa de lucro.
Marx não trabalhava com “leis” sociais deterministas, mas sim com o conceito de “resultante de forças”, processo pelo qual tendências podem, ou não, ser anuladas por contratendências. Marx enfatiza que a queda da taxa de lucro constitui-se em uma tendência, não em um processo determinado, certo de ocorrer. 
5. Mazzucchelli, em seu livro A Contradição em Processo nos diz:
“A lei de tendência expressa o caráter progressivo e, ao mesmo tempo, limitado do capital. Limitado porque o capital contém limites que lhe são própriose que tendem a ser negados por seu próprio movimento.”
Para ele, a lei de tendência pode ser entendida como condensação das “contradições imanentes” da produção capitalista. Explique.
O capital contém em si a tendência à superprodução e à negação do trabalho imediato. Essas contradições imanentes da produção capitalista sempre se exteriorizam e se “resolvem” nas crises.
As crises, do mesmo modo que explicitam como o capital ultrapassa “os limites dentro das quais deve-se mover a conservação e valorização do valor-capital”, repõem, através da desvalorização geral, as condições para que a reprodução volte a transcorrer no interior desses mesmos limites.
As crises exteriorizam e resolvem de modo momentâneo as contradições imanentes da produção capitalista, mas não as suprimem. E é por não serem suprimíveis que tais contradições indicam a natureza limitada deste regime de produção. Limitada, porque o capitalismo contém limites que lhes são próprios, aos quais não pode se subtrair.
O capital é a própria contradição em processo: sua produção se move em meio a contradições superadas constantemente, porém postas também constantemente.
As contradições são imanentes da produção capitalista porque se deduzem e se adequam ao conceito mesmo de capital, enquanto valor que se valoriza através da apropriação do trabalho não-pago; se ajustam ao conceito de capital.
A lei de tendência expressa que o capital contém em si mesmo duas tendêndias a superprodução e a negação do trabalho imediato. Em uma tentativa de ampliar sua mais-valia, o capitalista tende a aumentar a composição orgânica de seu capital, ou seja, a participação do capital constante. Assim, reduz-se a participação do capital variável no processo produtivo, o qual justamente consiste na base de extração da mais-valia. Ou seja, neste momento, o aumento da mais-valia tem sua base de extração estreitada, daí o caráter contraditório do movimento do capital e a polêmica da tendência ao declínio da taxa de lucro.
As contradições são periodicamente resolvidas. O capital se aniquila para que seja possível a continuação de sua reprodução. É pela contradição que se dá o movimento, Segundo Marx. Não é possível analisar as crises sem olhar para a dinâmica concorrencial: crise, desemprego estrutural, amostras do caráter contraditório do capital. O Sistema está propenso à crise; o processo produtivo ocorre com atritos, com crise.
Partindo do pressuposto da lei da tendência acima explicada, temos que ha aí uma condensação das contradições imanentes do Sistema capitalista. A primeira contradição diz respeito a tendência à superprodução, ou seja, produzir até o limite estabelecido pelas forças produtivas sem sem levar em conta os limites reais do Mercado. Nessa tendência, vê-se também uma super acumulação de capital uma vez que essas mercadorias são produtos do capital. Quanto à segunda tendência, percebe-se uma negação do trabalho imediato, pois à medida que a composição orgânica tende a aumentar, menor a proporção de capital variável, vivo, utilizado, mesmo que essa seja a base de extração da mais-valia. Se intensifica o capital constante, uma vez que as mercadorias são produto do capital; isso vai estrangular o capital variável, que é a base da extração de mais-valia (negação do trabalho vivo). 
6. Explique a seguinte afirmação de Mazzucchelli:
 “Assim, apesar de a lei de tendência se exteriorizar nas crises, estas, em seu caráter determinado, enquanto crises reais, não podem ser deduzidas diretamente da lei. Não podem ser reduzidas à lei.” (Mazzucchelli:41) 
A lei da queda tendencial da taxa de lucro, dada pelo movimento da taxa de mais-valia e da composição orgânica do capital é que determina as crises do capitalismo, no plano do “capital em geral” e de suas determinações abstratas. A ideia de que a superprodução de capital leva à crise pela queda da taxa de lucro é “traduzida” por Mazzucchelli como crises determinadas pelo caráter instável do investimento.
As crises podem ser vistas como resoluções das contradições imanentes da produção capitalista. Elas são como queimas periódicas de capital, aniquilação do capital, necessárias para que seja possível a continuação da reprodução desse capital mais adiante. Porém, apesar de as crises representarem a lei de tendência “exteriorizada”, elas não podem ser deduzidas diretamente desta lei enquanto crises reais, como diz Mazzucchelli. Isto ocorre pois a lei apresenta-se em uma dimensão extremamente abstrata, ao contrário das crises ocorridas em um ambiente real. É necessário que se realize mediações entre as crises reais e a lei que busca explica-las. Tais mediações incluem a concorrência intercapitalista e a divisão do capital em seus diversos tipos. Assim, torna-se possível passar das crises de caráter abstrato para as crises concretas. Isto não é possível no ambiente de Marx, no qual, segundo Mazzucchelli, a concorrência intercapitalista é algo que chega depois no capitalismo. Ou seja, Marx não realiza as devidas mediações que disse que realizaria.
A lei de tendência explica as crises dentro de um ambiente abstrato. Ao reunir as duas contradições imanentes do capitalismo, a superprodução e a negação do trabalho imediato, a lei de tendência é exteriorizada nas crises, ou seja, a solução para estas contradições. As crises devem ser vistas como queimas periódicas de capitais, aniquilamento de capital que permite a continuação de sua reprodução. Porém, as crises concretas dentro do movimento real do capital são diferentes da explicada pela lei de tendência. Assim, Mazzucchelli diz que é necessário realizar mediações ao passar das crises abstratas para as reais. Essas mediações incluem levar em conta a concorrência intercapitalista e a repartição do capital em suas diversas categorias.
7. Explique, a partir dos esquemas de reprodução de Marx, por que, em uma economia em que os agentes tomam decisões de demanda e de oferta de forma independente e não-coordenada, o processo incessante de transformação de D em D' em escala constante e, principalmente, em escala ampliada, pode ser comprometido.
Drica: Condição de equilibrio em que tudo que é produzido é consumido é uma exceção À regra. Isso se verifica desde a reprodução simples
Anarquia da produção 
8. Discuta de que forma Kalecki avança em relação a Marx na discussão sobre os esquemas de reprodução e, consequentemente, sobre a realização da produção, em geral, e da mais-valia, em particular?
Drica: avança na determinação da renda. A demanda que irá determinar a oferta, e mais que isso, irá hierarquizar a demanda, mostrando que os gastos de investimento são os gastos dinamicamente fundamentais na determinação da renda. A realização da produção é a realização da mais-valia.
Kalecki divide o consumo entre consumo dos capitalistas e consumo dos trabalhadores, nisso ele faz uma hierarquia das decisões de gastos. Partindo do principio da Demanda Efetiva, o Investimento é a variavel chave para entender o nível de produção de uma economia, e isso envolve um processo de tomada de decisões q por sua vez é realizado pela classe capitalista e as suas decisões de gastos. 
As decisoes de gasto dos klistas(investimento e gastos Klistas) determinam as decisoes de oferta que determinam os niveis de produto e ainda das quais dependem as decisoes de gasto dos trabalhadores (Cw)
9. No capítulo XXI do livro III, Marx trata de uma forma funcional específica do capital. Como ele caracteriza esta forma funcional e sua remuneração?
O capital portador de juro: Marx deriva a categoria de “capital portador de juros” do conceito de capital e o apresenta como forma inerente ao modo de produção capitalista, e não como mera modalidade que pode existir ou não dependendo das circunstâncias históricas.
“Nessa condição de capital possível, de meio para a produção do lucro, torna-se mercadoria, mas uma mercadoria sui generis. Ou, o que se dá no mesmo tempo, o capital enquanto capital se torna mercadoria”.
Na circulação de mercadorias, o capital não aparece como capital mas sim como dinheiro ou mercadoria.“A coisa é diferente com o capital portador de juros e justamente essa diferença constitui seu caráter específico. O possuidor de dinheiro que quer valorizar seu dinheiro como capital portador de juros... lança-o na circulação”. Ou seja, na circulação financeira, o capital aparece como capital.
A parte do lucro que lhe paga se chama juro, e que, portanto, nada mais é que um nome particular, uma rubrica particular para uma parte do lucro, a qual o capital em funcionamento, em vez de por no próprio bolso, tem de pagar ao proprietário do capital.
A forma funcional do capital é o capital como portador de juros, que consiste no capital enquanto capital e torna-se uma mercadoria sui genesis. Isso se dá quando o prestamista, o proprietário do capital, aliena o valor de uso do capital, ou seja, sua capacidade de gerar lucro médio para um capitalista funcionante, o mutuário, a partir de um simples acordo entre eles. O mutuário, por sua vez, emprega esse capital na esfera produtiva extraindo assim a mais-valia. O lucro obtido nesse movimento é repartido em duas partes, o juro para remunerar o prestamista e o ganho empresarial que remunerará o capitalista em função (mutuário).
No âmbito da produção capitalista, o dinheiro possui, além do valor de uso de funcionar como dinheiro, o de funcionar como capital. “Nessa qualidade, de meio para a produção do lucro, torna-se uma mercadoria sui generis, capital enquanto capital”.
Juro é o nome particular, específico, para uma parte do lucro – a qual o capital em funcionamento, em vez de por no próprio bolso, tem de pagar ao proprietário do capital.
O capital portador de juros se caracteriza pelo simples acordo entre o prestamista (capitalista monetário) e o mutuário (que recebe, capitalista produtivo, industrial, funcionante), na qual o primeiro abre mão do valor de uso desse capital a um terceiro. O mutuário é o capitalista que aplica o dinheiro na esfera produtiva, gerando assim mais-valia. O lucro obtido ao final do processo, que é o lucro bruto, reparte-se então em lucro líquido, que vai para o mutuário, e juros, que vai para o prestamista.
10. No já referido capítulo XXI, Marx apresenta a “circulação peculiar do capital portador de juros”. Reproduza-a. A seguir discuta as seguintes afirmações, retiradas d’ O Capital, no capítulo assinalado:
“É o valor de uso do dinheiro como capital – a capacidade de produzir o lucro médio – que o capitalista monetário aliena ao capitalista industrial pelo período em que este cede a disposição sobre o capital emprestado”.
“O lucro não se duplica pela dupla existência da mesma soma de dinheiro como capital para duas pessoas. Esta só pode funcionar como capital para ambos mediante repartição dos lucros. A parte que cabe ao prestamista chama-se juro”.
A circulação D-D-M-D’-D’, o primeiro D corresponde ao capital nas mãos do prestamista; o segundo D, o capital nas mãos do mutuário, que será empregado na esfera produtiva para gerar o lucro que será dividido em juros para o prestamista (D’) e em ganho empresarial para o mutuário (D’).
O lucro não se duplica, o capitalista monetário abre mão da capacidade de gerar lucro para um terceiro, o capitalista funcionante, e é esse o capital alienado que promoverá o lucro médio. O lucro não se duplica pela dupla existência da mesma soma de dinheiro como capital para duas pessoas. O que temos é a repartição do lucro.
11. No capítulo XXII do livro III, que tem por objetivo “desenvolver a figura autônoma do capital portador de juros e a autonomização do juro perante o lucro”, Marx apresenta os limites máximo e mínimo do juro. Quais seriam tais limites? Por que Marx afirma que o juro se “autonomiza” perante o lucro?
Os limites aos quais Marx se refere são, no caso do limite máximo, o próprio lucro e, quanto ao limite mínimo, este é totalmente indeterminado. Aqui, o lucro atua como regulador do juro.
Marx irá dizer que o juro aparece como uma grandeza determinada, válido para todo o capital monetário que se encontre no mercado. Assim, o próprio capital passa a ser oferecido em sua forma dinheiro, ter seu preço de mercado fixado como todas as demais mercadorias. Conclui-se, assim, que o juro já seria estabelecido antes do lucro, apesar de depender dele (já que o juro é uma parte do lucro).
12. A pergunta central do capítulo XXIII do livro III, posta pelo próprio Marx, é a seguinte: 
“Como essa divisão puramente quantitativa do lucro em lucro líquido e juro se transforma em qualitativa? Isto é, como explicar que também o capitalista que emprega apenas capital próprio e nenhum emprestado classifique parte de seu lucro bruto na categoria particular de juro e, como tal, a calcule separadamente?
 Responda-a.
Mesmo que o capitalista produtivo utilize o próprio capital, ele se divide em duas pessoas: o proprietário e o aplicador do capital. Desta distinção entre os papeis do capitalista produtivo, nasce a separação qualitativa do lucro bruto – lucro líquido e juro.
Essas duas categorias compartilham a mesma origem, porém diferem entre si qualitativamente assim como no caso de empréstimo de capital de terceiro, quando o lucro bruto se dividiria entre lucro líquido, pertencente ao capitalista produtivo, e juro, pertencente ao capitalista monetário. Neste caso, porém, ambas somas pertencem a um único capitalista, o produtivo.
Quantitativa é a porcentagem de lucro e juro.
13. No mesmo capítulo referido acima, há passagens interessantes sobre a transformação do lucro (mais-valia) do “capitalista em função” numa forma antitética ao juro, chamada “ganho empresarial”. Como aparece este “ganho empresarial”, e o que essa antítese entre juro e “ganho empresarial” ofusca?
A separação dos capitalistas em capitalista monetário e industrial é responsável pela conversão de parte do lucro (mais-valia, trabalho abstrato não pago) em juros. É importante ressaltar que o aplicador do capital, mesmo trabalhando com capital próprio, é o mero proprietário do capital e aplicador deste ao mesmo tempo. Portanto, essa divisão qualitativa do lucro (como duas fontes diferentes) acarreta no aparecimento do ganho empresarial e do juro, sendo aquela um resultado do capital dentro do processo de produção.
Assim, a relação entre juro e ganho empresarial é antitética, isto é, o ganho empresarial deriva do fato de o capitalista em função aplicá-lo no setor produtivo, contrariamente ao capitalista monetário (proprietário do capital). 
O ganho empresarial (lucro líquido), vem como se fosse fruto de uma aplicação no processo produtivo. O juro não, ele vem “do nada”, não teve trabalho nenhum
14. Discuta a seguinte afirmação de Marx, extraída do capítulo XXIV do livro III d’ O Capital:
“No capital portador de juros, a relação-capital atinge sua forma mais alienada e fetichista.”
É a forma mais alienada porque é justamente o capital que você vai emprestar (capital portador de juros do prestamista). É fetichista porque não se conhece da onde vem o D’ (juro do prestamista, lucro do mutuário).
O capital aparece como forma misteriosa, autocriadora do juro, de seu próprio incremento.
No capital portador de juros, o juros diz respeito a remuneração do capitalista prestamista, ou monetário. Este, ao transferir ao mutuário a *função de extrair mais-valia a partir do processo produtivo, aliena o valor de uso do dinheiro para si próprio, transferindo a um terceiro. Por isso, a origem do juro pode ser vista como oculta nesse processo, ou seja, fetichista, sendo que na verdade ela nada mais é do que a extração de valor de trabalho alheio.
15. No capítulo XXVII do livro III, Marx trata do papel do crédito (uma forma específica do capital a juros) na produção capitalista. Discuta a seguinte passagem deste capítulo:
“A valorização do capital, fundada no caráter antitético da produção capitalista, permite o desenvolvimento real, livre, somente até certo ponto, constituindo um limite imanente à produção, que é rompido pelo sistema de crédito de maneira incessante”.
O crédito é importante para mediar a equalização da taxa de lucro. Para diminuir os custosda circulação, o dinheiro “cai fora” da maior parte das transações; acelera a circulação do meio circulante; e substitui o outro por papel. Além disso, por meio do crédito, acelera-se o processo de reprodução do capital em geral e leva à criação das SA’s.
Com a formação da sociedade por ações, há a expansão da escala de produção e transformação (empresas governamentais se tornam, ao mesmo tempo, sociais), e ampliação do consumo; a abolição do capital como propriedade privada, dentro dos limites do próprio modo de produção capitalista; a transformação do capitalista realmente funcionante em mero dirigente, administradores do capital alheio e dos proprietários do capital em meros proprietários, simples capitalistas monetários.
Abstraindo o sistema de ações, o crédito oferece ao capitalista individual uma disposição - com limites - absoluta de capital alheio e propriedade alheia e, em consequência, de trabalho alheio.
O crédito desenvolve, então, a mola propulsora do sistema capitalista (processo de reprodução - por natureza, elásticos - é forçado até seus limites), pois “o sistema de créditos acelera o desenvolvimento das forças produtivas e a formação do mercado mundial, os quais, enquanto bases materiais da nova forma de produção, devem ser desenvolvidas até certo nível como tarefa histórica do capitalismo. Ao mesmo tempo, o crédito acelera as erupções violentas dessa contradição, as crises e, com isso, os elementos da dissolução do antigo modo de produção”.
O caráter antitético da produção capitalista era caracterizado pela tendência à superprodução e à negação do trabalho imediato. Quanto à superprodução, essa mostrava que os capitalistas só se preocupavam em ampliar a escala de produção na medida em que ampliava a acumulação sem levar em conta as limitações representadas pelo mercado consumidor e seu poder aquisitivo. Assim, com o sistema de crédito, amplia-se a capacidade de consumo desse mercado, sendo possível a absorção de uma parcela da produção que antes não era possível. Podemos concluir que o sistema de crédito funciona como uma eliminação dos limites à reprodução do sistema enquanto tal, agindo como uma mola propulsora. 
16. Mazzucchelli, n’ A Contradição em Processo, faz a seguinte afirmação:
“A consolidação dos juros como um atributo inerente à propriedade do dinheiro culmina, por fim, no estabelecimento de um circuito de valorização de capital fictício”.
 A partir daí, explique:
i. O que Mazzucchelli quer dizer com “a consolidação dos juros como um atributo inerente à propriedade do dinheiro”?
Do ponto de vista do capitalista, o juro é apenas a remuneração de seu capital, (naturalização do juros como remuneração da propriedade de capital)
ii. O que ele entende, a partir de Marx, como capital fictício?
iii. Capital investido não tem relação com a remuneração paga por ele.
iv. Como ele trata da relação entre valorização do capital fictício e valorização do capital produtivo?
O movimentos dos capitais fictício e produtivo se tornam independentes, mas não podem ser separados pois o capital produtivo depende da capacidade do capital fictício de mobilizar e distribuir massa monetária. E a valorização do capital a juros não .pode prescindir da valorização do capital produtivo, pois tem aí a origem da sua remuneração.
O conceito de trabalho abstrato é fundamental para entender a valorização do valor. As mercadorias contêm em si um processo de valorização durante sua produção. Processo de produção tem que ser também um processo de valorização. O trabalho abstrato é um prolongamento da jornada de trabalho para uma maior valorização. A teoria do valor é uma consequência direta do trabalho abstrato.

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