Buscar

Relatorio-Macroeconomico-Serasa-Experian-1T20

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

Relatório Macroeconômico Serasa Experian 
1º Trimestre de 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 Relatório Macroeconômico Serasa Experian – 1º Trimestre de 2020 | 2 
 
1. Atividade Econômica 
1.1) Produto Interno Bruto (PIB) 
Segundo divulgado pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,1% no ano passado, cravando o 
terceiro ano consecutivo de crescimento da economia brasileira após a recessão de 2015/16. 
Pelo prisma da oferta agregada, o setor 
agropecuário expandiu-se em 1,3% em 
2019, puxado pelo incremento das safras de 
milho (23,6%), algodão (39,8%), laranja 
(5,6%) e feijão (2,2%). A indústria avançou 
0,5% com destaque para o setor de 
eletricidade, gás, água e esgoto (1,9%) e 
pelo setor de construção civil (1,6%). Os 
serviços cresceram 1,3% liderados pelos 
segmentos de informação/comunicação 
(4,1%), atividades imobiliárias (2,3%) e 
comércio (1,8%). 
Pelo lado da demanda agregada tivemos alta de 1,8% no consumo das famílias e de 2,2% nos 
investimentos produtivos. O consumo do governo recuou 0,5% e as exportações declinaram 2,5%. Por fim, 
as importações subiram 1,1%. 
É claro que antes do impacto da Covid-19 na economia brasileira e mundial, as expectativas eram de uma 
ligeira aceleração do PIB em 2020. Entretanto, dado este novo cenário bastante adverso, o qual produzirá 
impactos severos tanto no consumo das famílias, investimentos empresariais e exportações, estamos 
projetando recuo de 2,7% no PIB em 2020, seguido de uma recuperação, ainda não integral, de 2,5% em 
2021. 
1.2) Varejo 
De acordo com o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio, o varejo nacional exibiu forte recuo 
em março/20 dados os efeitos deletérios causados pelas políticas de restrição da mobilidade urbana e 
distanciamento social. Feitos os ajustes sazonais, a queda de março/20 foi de 16,7% ante o mês anterior 
(recorde negativo de toda a série histórica iniciada em jan/00), sendo que ante março/19 o tombo foi de 
13,7%. 
Os segmentos mais negativamente impactados 
foram aqueles relacionados ao chamado consumo 
discricionários (itens que podem ser 
adiados/postergados),tais como: móveis, 
eletrodomésticos, eletroeletrônicos e informática (-
15,1%); veículos, motos e peças (-26,3%); 
material de construção (-17,9%); tecidos, 
vestuário, calçados e acessórios (-11,1%). Os 
segmentos menos impactados foram aqueles 
mais ligados ao consumo não-discricionário e ao 
abastecimento/transporte de mercadorias: 
supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas (-2,4%) e combustíveis e lubrificantes (-8,7%). 
Para o ano de 2020, mesmo que haja um início de recuperação da atividade varejista a partir do segundo 
semestre, dificilmente o varejo conseguirá terminar o ano com crescimento. Assim, nossa projeção é de um 
recuo de 1,5% do varejo nacional. 
 
Fonte: IBGE
5,9%
4,2%
2,2%
3,4%
0,3%0,5%
4,4%
1,4%
3,1%
1,1%
5,8%
3,2%
4,0%
6,1%
5,1%
-0,1%
7,5%
4,0%
1,9%
3,0%
0,5%
-3,6% -3,3%
1,3% 1,3% 1,1%
-2,7%
2,5%
1
9
94
1
9
95
1
9
96
1
9
97
1
9
98
1
9
99
2
0
00
2
0
01
2
0
02
2
0
03
2
0
04
2
0
05
2
0
06
2
0
07
2
0
08
2
0
09
2
0
10
2
0
11
2
0
12
2
0
13
2
0
14
2
0
15
2
0
16
2
0
17
2
0
18
2
0
19
2
0
20
E
2
0
21
E
PIB Anual - Var. %
Cresc. Acum.
jan-mar/20
Geral -13,7% -2,7%
Supermercados, Hipermercados, Alimentos e Bebidas -2,4% 3,4%
Móveis, Eletrodomésticos, Eletroeletrônicos e Informática -15,1% -1,5%
Combustíveis e Lubrificantes -8,7% -6,3%
Veículos, Motos e Peças -26,3% -10,6%
Tecidos, Vestuário, Calçados e Acessórios -11,1% 1,1%
Material de Construção -17,9% -4,9%
Fonte: Serasa Experian
Atividade do Comércio
Mar/20 x 
Mar/19
 Relatório Macroeconômico Serasa Experian – 1º Trimestre de 2020 | 3 
 
1.3) Indústria 
A produção industrial braslieira havia avançado 0,5% em fevereiro/20, perante o mês imediatamente anterior, 
já efetuados os devidos ajustes sazonais.Tal resultado foi puxado pelo crescimento de 1,2% na produção de 
bens de capital e da alta de 0,5% na produção de bens intermediários, já que a indústria de bens de consumo 
havia recuado 0,6% em fevereiro/20 por causa da retração de 0,7% na indústria de bens de conusmo 
duráveis. 
Aliás, foi a própria indústria de bens de 
consumo duráveis que, recuando 11,6%, foi a 
principal responsável pela retração de 0,4% da 
produção industrial de fevereiro/20 na 
comparação com fevereiro/19 (diga-se de 
passagem que, como o feriado do carnaval 
neste ano de 2020 caiu em fevereiro e o do ano 
passade em março, houve dois dias úteis a 
menos em fevereiro/20 contra fevereiro/19). 
De qualquer forma, com o impacto da Covid-19 
sobre os hábitos de consumo da população 
brasileira, é justamente o setor industrial de 
bens duráveis que vai ser um dos mais negativamente impactados. Por exemplo, segundo a Anfavea, a 
produção de veículos automotores recuou 21,1% em março/20 contra o mesmo mês do ano passado, 
perfazendo um recuo de 16,0%. 
Diante desta nova realidade, estimamos recuo de 3,8% na atividade industria em 2020. 
2. Inflação e Política Monetária 
2.1) Inflação 
A inflação medida pelo IPCA variou 0,07% em março/20, encerrando o primeiro trimestre de 2020 com alta 
acumulada de 0,53%, quase um ponto percentual menor que o mesmo período acumulado do ano passado. 
Nos últimos 12 meses encerrados em março/20 a inflação acumulada neste período foi de 3,30%, bem 
abaixo do centro da meta de inflação prevista para este ano, que é de 4,0%. 
Vale notar que, mesmo com a acentuada 
desvalorização cambial acumulada neste primeiro 
trimestre, aparentemente seus efeitos sobre a 
inflação parecem estar bastante contidos. E isto por 
duas razões: a) recuo dos preços das commodities, 
em dólares, o que, de certa forma, mantém mais ou 
menos inalterados os seus preços em reais; b) 
expressiva redução da demanda doméstica como 
um todo. 
Para 2020, mantido o atual cenário recessivo, não 
se vislumbram pressões inflacionárias que possam 
colocar em risco o cumprimento da meta de 
inflação. Pelo contrário, estimamos uma inflação acumulada para o ano de apenas 3,0%, o que permitirá 
inclusive o Banco Central prosseguir reduzindo a taxa Selic ao longo dos próximos meses. 
2.2) Política Monetária 
Fonte: IBGE
75
80
85
90
95
100
105
110
ab
r/
07
no
v/
07
ju
n/
08
ja
n/
09
ag
o
/0
9
m
ar
/1
0
ou
t/
10
m
ai
/1
1
de
z/
11
ju
l/
12
fe
v/
13
se
t/
13
ab
r/
14
no
v/
14
ju
n/
15
ja
n/
16
ag
o
/1
6
m
ar
/1
7
ou
t/
17
m
ai
/1
8
de
z/
18
ju
l/
19
fe
v/
20
Prudução Industrial (2012 = 100)
Diferença
2020 2019 p.p.
Geral 0,53% 1,51% -0,98
Alimentação e Bebidas 1,63% 3,09% -1,46
Habitação 0,28% 0,87% -0,59
Artigos de Residência -1,23% 0,79% -2,02
Vestuário -1,00% -1,03% 0,03
Transportes -0,80% 1,11% -1,91
Saúde e Cuidados Pessoais 0,62% 1,17% -0,55
Despesas Pessoais 0,43% 0,96% -0,53
Educação 4,47% 3,99% 0,48
Comunicação 0,36% -0,19% 0,55
Fonte: IBGE
Inflação Acumulada - 1o Tri.
IPCA
 Relatório Macroeconômico Serasa Experian – 1º Trimestre de 2020 | 4 
 
O Banco Central, em sua última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) realizada em 18/03, ou 
seja, já diante das ameaças da Covid-19, reduziu em 0,5 ponto a taxa Selic colocando-a em 3,75% a.a., o 
menor patamar mínimo histórico desde a estabilização monetária promovida pelo Plano Real. 
E, na medida em que os impactos adversos da 
pandemia sobre a economia brasileira foram 
ficando cada vez mais evidentes, o Banco Central 
prosseguiu adotando uma série de medidas de 
afrouxamento monetário (p.ex. reduções de 
compulsórios) bem como medidas para favorecer 
a liquidez do Sistema Financeiro Nacional e 
preservar a sua solvência 
Desta forma, todo o arsenal monetário foi 
acionado visando minimizar o tombo da 
economia brasileira e prepará-la para uma 
recuperação mais rápida, assim que possível. 
Neste sentido, medidas adicionais ainda não estão descartadas e, quanto à própriataxa Selic, estimamos 
mais duas quedas ainda neste semestre, colocando-a no nível de 3,0% a.a., patamar que deverá prevalecer 
ao longo de todo o segundo semestre. 
3. Balança Comercial, Setor Externo e Taxa de Câmbio 
3.1) Balança Comercial 
A Balança comercial registrou em março/20 superávit de US$ 4,7 bilhões, fruto de exportações no montante 
de US$ 19,2 bilhões e importações de US$ 14,5 bilhões. Com este resultado, a balança comercial acumula 
superávit de US$ 6,1 bilhões nos três primeiros meses do ano, um recuo de 33,1% na comparação com o 
mesmo período do ano passado, quando o superávit 
fora de US$ 9,0 bilhões. 
Com a covid-19 afetando todas as economias globais, 
tanto as exportações quanto as importações brasileiras 
cairão em 2020: as primeiras pela queda dos preços da 
commodities e pela retração do comércio mundial, e as 
segundas pela própria recessão doméstica. 
Portanto, o superávit da balança comercial brasileira 
deverá recuar de US$ 48,0 bilhões em 2019 para algo 
em torno de US$ 40 bilhões em 2020. 
3.2) Setor Externo 
No primeiro bimestre de 2019, o déficit externo em transações correntes do país foi de US$ 15,8 bilhões, 
maior que o déficit de US$ 12,3 bilhões verificado no mesmo período de 2019. A redução do saldo 
comercial, já comentada no item acima, foi principal fator de deterioração das contas externas do país já 
que a balança de serviços (aluguel de equipamentos, seguros, fretes, viagens, etc.) e a de rendas 
(pagamento de juros, remessa de lucros, etc.) apresentaram saldos negativos muito semelhantes aos do 
mesmo período do ano passado: déficit acumulado nestas duas contas de US$ 15,8 bilhões no primeiro 
bimestre deste ano contra déficit de US$ 16,1 bilhões no mesmo período do ano passado. 
Este maior déficit em transações correntes acabou não sendo coberto pelo ingresso de investimentos 
diretos no país que, no primeiro bimestre deste ano, atingiu US$ 11,6 bilhões. 
Fonte: BC
2,5
4,5
6,5
8,5
10,5
12,5
14,5
16,5
ag
o
/1
1
fe
v/
1
2
ag
o
/1
2
fe
v/
1
3
ag
o
/1
3
fe
v/
1
4
ag
o
/1
4
fe
v/
1
5
ag
o
/1
5
fe
v/
1
6
ag
o
/1
6
fe
v/
1
7
ag
o
/1
7
fe
v/
1
8
ag
o
/1
8
fe
v/
1
9
ag
o
/1
9
fe
v/
2
0
ag
o
/2
0
Taxa Selic - % a.a.
 Relatório Macroeconômico Serasa Experian – 1º Trimestre de 2020 | 5 
 
As reservas internacionais brasileiras mantiveram-se relativamente estabilizadas durante o primeiro 
bimestre de 2020. Fecharam o mês de fevereiro/20 em US$ 362 bilhões contra US$ 359 bilhões em 
janeiro/20 e US$ 357 bilhões em dezembro/20. 
3.3) Taxa de Câmbio 
A cotação da moeda norte-americana disparou frente 
ao real no mês de março/20. Subiu 15,6% em relação 
a cotação de fechamento de fevereiro/20 (R$ 4,50) e 
encerrou o primeiro trimestre em R$ 5,20, recorde 
histórico nominal. No ano, a alta do dólar frente ao 
real acumula 29%. 
Vários fatores estão por trás desta expressiva 
desvalorização da moeda local. Como já exposto, a 
piora do déficit em transações correntes dado o 
menor saldo da balança comercial já era um fator de 
pressão sobre o real desde o início do ano. Este fator 
foi agravado pela queda do preço das commodities, em fevereiro, ainda quando a covid-19 estava restrita 
apenas à economia chinesa. 
Com o alastramento da epidemia para fora das fronteiras asiáticas e atingindo praticamente todas os 
continentes, o movimento de “flight-to-quality” (aumento da aversão ao risco nos mercados globais) 
exacerbou o movimento de desvalorização cambial apesar das seguidas intervenções do Banco Central no 
mercado de divisas. 
Para o fechamento do ano, acreditamos num ligeiro recuo da cotação do dólar frente ao real 
comparativamente às cotações. Subjacente a esta hipótese reside a perspectiva da retomada do 
crescimento da economia brasileira e mundial, superando o presente trauma sanitário, a partir do quarto 
trimestre deste ano. Neste sentido, estimamos um patamar de R$ 4,90 para a moeda norte-americana ao 
final de 2020. 
4. Mercado de Trabalho 
4.1) Emprego 
A taxa de desocupação, registrada pela PNAD Contínua do IBGE, atingiu 11,6% no trimestre encerrado em 
fevereiro/20. Foi a menor para este trimestre desde fevereiro/17, perfazendo um contingente de 12,3 
milhões de pessoas desocupadas. O volume de pessoas fora da força de trabalho (65,9 milhões de 
pessoas) atingiu um recorde histórico em fevereiro/20 e número de pessoas desalentadas (4,7 milhões), isto 
é, que desistiram de procurar emprego, não mostrou variação significativa. 
Com a economia brasileira entrando em 
recessão, a qual deverá durar pelo menos dois 
trimestres, a tendência é de que a tendência 
de redução gradual da taxa de desemprego 
seja revertida e, portanto, deveremos 
presenciar aumento nas taxas de desemprego 
especialmente durante o segundo e o terceiro 
trimestres. 
Caso a nossa hipótese de retomada da 
atividade econômica a partir do quatro 
trimestre se confirme, poderemos ter algum 
estancamento da ascensão do desemprego Fonte: IBGE
4
6
8
10
12
14
16
ju
n
/1
2
o
u
t/
1
2
fe
v/
1
3
ju
n
/1
3
o
u
t/
1
3
fe
v/
1
4
ju
n
/1
4
o
u
t/
1
4
fe
v/
1
5
ju
n
/1
5
o
u
t/
1
5
fe
v/
1
6
ju
n
/1
6
o
u
t/
1
6
fe
v/
1
7
ju
n
/1
7
o
u
t/
1
7
fe
v/
1
8
ju
n
/1
8
o
u
t/
1
8
fe
v/
1
9
ju
n
/1
9
o
u
t/
1
9
fe
v/
2
0
Taxa de Desocupação (%)
 Relatório Macroeconômico Serasa Experian – 1º Trimestre de 2020 | 6 
 
mais para o final do ano. Todavia, a taxa média de desemprego em 2020 será, certamente maior, que a 
taxa média observada em 2019, podendo retornar aos níveis de 2017 (taxa média de 13,5%). 
4.2) Rendimento 
O rendimento médio real habitual (R$ 2.375) 
havia recuado 0,3% no trimestre encerrado 
em fevereiro/20 na comparação anual. Mas, 
mesmo com esta ligeira oscilação negativa, 
ela vinha numa tendência de recuperação 
iniciada a partir do segundo semestre do ano 
passado. 
No entanto, tal tendência não se sustentará 
com a recessão e com a diminuição tanto do 
nível de emprego, quanto pela redução das 
horas trabalhadas concomitante à redução 
salarial proporcional que alguns setores, 
sobretudo os industriais, deverão praticar em boa parte destes próximos dois trimestres. 
Desta forma, tanto o rendimento real médio quanto a massa salarial real deverão recuar em 2020, sendo 
este um dos fatores que determinará a queda do consumo das famílias bem como do PIB em 2020. 
5. Política Fiscal 
5.1) Arrecadação Tributária 
No acumulado do primeiro bimestre de 2020, a 
arrecadação tributária federal havia atingido R$ 292 
bilhões, um ganho real de 1,6% frente ao primeiro 
bimestre do ano passado. 
Se considerarmos tão somente a arrecadação própria da 
RFB, que mais se relaciona diretamente ao ciclo da 
economia, a arrecadação tributária atingira R$ 276 
bilhões no primeiro bimestre de 2020, um ganho real de 
0,7% em relação ao mesmo período do ano passado. 
Claro que com a mudança radical do cenário econômico 
a partir de meados de março/20, todo este avanço real 
que começava a ser ensaiado em relação à arrecadação 
fiscal foi por água abaixo. Isenções tributárias 
temporárias, reduções de alíquotas de importações, 
postergação de pagamentos de alguns tributos, além da 
própria redução da atividade econômica promoverão uma queda na arrecadação tributária provavelmente 
maior que a própria retração do PIB, contribuindo para um expressivo crescimento do déficit primário e da 
dívida pública neste ano. 
5.2) Resultado Primário e Dívida Pública 
2020 2019
Imposto s/Importação 7.409 7.136 3,8%
IPI 9.085 9.602 -5,4%
Imposto de Renda 91.706 88.460 3,7%
IOF 6.981 6.624 5,4%
ITR 58 61 -4,0%
COFINS 43.253 44.650 -3,1%
PIS/PASEP 12.330 12.376 -0,4%
CSLL 23.500 24.000 -2,1%
CIDE 424 506 -16,3%
PSS - Plano de Seguridade do Servidor5.037 5.416 -7,0%
Outras Administradas pela SRF 4.422 3.852 14,8%
Subtotal (A) 204.205 202.684 0,8%
Arrecadação Previdenciária (B) 72.294 71.786 0,7%
Administradas pela RFB (C) = (A) + (B) 276.499 274.470 0,7%
Administradas por Outros Órgãos (D) 15.360 12.768 20,3%
Total Geral (E) = (C) + (D) 291.858 287.238 1,6%
Fonte: SRF. Obs.: a preços de fevereiro/20
RECEITAS (R$ Milhões)
Janeiro a Fevereiro
Var. (%)
Fonte: IBGE
2150
2200
2250
2300
2350
2400
ju
n
/1
2
o
u
t/
1
2
fe
v/
1
3
ju
n
/1
3
o
u
t/
1
3
fe
v/
1
4
ju
n
/1
4
o
u
t/
1
4
fe
v/
1
5
ju
n
/1
5
o
u
t/
1
5
fe
v/
1
6
ju
n
/1
6
o
u
t/
1
6
fe
v/
1
7
ju
n
/1
7
o
u
t/
1
7
fe
v/
1
8
ju
n
/1
8
o
u
t/
1
8
fe
v/
1
9
ju
n
/1
9
o
u
t/
1
9
fe
v/
2
0
Rendimento Real Médio (R$)
 Relatório Macroeconômico Serasa Experian – 1º Trimestre de 2020 | 7 
 
No acumulado do primeiro bimestre de 2020, 
o Setor Público Consolidado (Governo 
Federal, Estados, Municípios e Empresas 
Estatais) acumulou um superávit primário de 
2,9% do PIB, ligeiramente melhor que o 
resultado positivo e 2,8% do PIB observado 
no mesmo período do ano passado. Com 
este resultado, o déficit primário acumulado 
em 12 meses encerrados em fevereiro/20 
atingiu 0,8% do PIB (R$ 58,5 bilhões). 
Mas esta tendência de diminuição do déficit 
público será revertida neste ano dada a 
necessidade de se acionar a Política Fiscal 
para evitar uma recessão ainda maior na 
economia por causa da pandemia. Quedas 
na arrecadação tributária e ampliação do 
gasto público, especialmente em ações que 
efetuarão transferências de renda para 
milhões de brasileiros, deverão levar o 
resultado primário para um déficit da ordem 
de 5% do PIB em 2020. 
Com um déficit primário da ordem acima 
descrita, com uma despesa anual de juros 
que também orbita em torno de 5% do PIB, o 
déficit nominal do setor público consolidado 
deverá atingir algo como 10% do PIB este 
ano, levando a dívida bruta, que estava se estabilizando entre 75% e 80% do PIB, para algo entre 85% e 
90% do PIB ao final de 2020. 
6. Inadimplência e Crédito 
6.1) Inadimplência 
O mês de fevereiro/20 encerrou com um total de 63,9 milhões de brasileiros inadimplentes, o maior patamar 
de toda a série histórica. O total de dívidas vencidas e não pagas atingiu 225,8 milhões, o que representa 
uma média de 3,5 dívidas distintas por inadimplente. O montante financeiro das dívidas em atraso foi de R$ 
255,1 bilhões, o que representa um valor médio de R$ 3.992 por consumidor inadimplente e um ticket médio 
de R$ 1.130. 
Também em fevereiro/20 havia 6,2 milhões de 
empresas inadimplentes no país, o mesmo 
nível de janeiro/20 e, da mesma forma, 
recorde histórico em termos absolutos. O total 
de dívidas em atraso das empresas atingiu 
53,5 milhões, o que representa uma média de 
8,7 dívidas por empresa inadimplente. O 
montante financeiro das dívidas em atraso em 
fevereiro/20 foi de R$ 114,9 bilhões, um valor 
médio de R$ 18.650 por empresa inadimplente 
e um ticket médio de R$ 2.148. 
Os números de fevereiro/20 já não eram bons e tenderão a piorar com a recessão, tanto para as empresas 
quanto para os consumidores, apesar de nos encontrarmos com uma taxa de juros em patamar mínimo 
Fonte: BC
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
fe
v/
0
9
a
go
/0
9
fe
v/
1
0
a
go
/1
0
fe
v/
1
1
a
go
/1
1
fe
v/
1
2
a
go
/1
2
fe
v/
1
3
a
go
/1
3
fe
v/
1
4
a
go
/1
4
fe
v/
1
5
a
go
/1
5
fe
v/
1
6
a
go
/1
6
fe
v/
1
7
a
go
/1
7
fe
v/
1
8
a
go
/1
8
fe
v/
1
9
a
go
/1
9
fe
v/
2
0
Resultado Primário 12 meses - % do PIB
Fonte: BC
50
55
60
65
70
75
80
85
fe
v/
0
9
a
go
/0
9
fe
v/
1
0
a
go
/1
0
fe
v/
1
1
a
go
/1
1
fe
v/
1
2
a
go
/1
2
fe
v/
1
3
a
go
/1
3
fe
v/
1
4
a
go
/1
4
fe
v/
1
5
a
go
/1
5
fe
v/
1
6
a
go
/1
6
fe
v/
1
7
a
go
/1
7
fe
v/
1
8
a
go
/1
8
fe
v/
1
9
a
go
/1
9
fe
v/
2
0
Dívida Bruta do Setor Público - % do PIB
Inadimplência (Fevereiro/20) Consumidores Empresas
Total (Milhões) 63,9 6,2 
Dívidas (Milhões) 225,8 53,5 
Dívidas (R$ Bilhões) 255,1 114,9 
Dívida / Inadimplente 3,5 8,7 
Dívida / Inadimplente (R$) 3.992 18.650 
Ticket Médio (R$) 1.130 2.148 
Fonte: Serasa Experian
 Relatório Macroeconômico Serasa Experian – 1º Trimestre de 2020 | 8 
 
histórico. A deterioração do fluxo de caixa, sobretudos nas micro e pequenas empresas, que representam 
94% de todo universo das empresas inadimplentes, no caso das empresas, e o aumento do desemprego 
concomitante à queda da renda real, no caso dos consumidores, serão os fatores preponderantes no 
aumento das curvas de inadimplência ao longo dos próximos trimestres. 
6.2) Crédito 
A quantidade de pessoas que buscaram crédito caiu 8,4% no mês de março/20 em comparação ao mesmo 
mês do ano passado. Se lembrarmos que o mês de março deste ano teve dois dias úteis a mais que março 
de 2019 – porque no ano passado o carnaval caiu em março – este recuo de 8,4% na demanda do 
consumidor por crédito equivale a um tombo de expressivos 16,8%, o que significa um retorno da busca do 
consumidor por crédito aos níveis de 2017. 
Voltando aos dados de março/20, notamos que a 
retração da demanda ocorreu mais intensamente nas 
faixas de rendas mais baixas. Isto é normal que seja 
assim pois os consumidores de rendas menores 
geralmente não contam com reservas financeiras e 
são mais vulneráveis do ponto de vista de renda e 
emprego, retraindo-se mais intensamente na busca 
por crédito comparativamente aos consumidores de 
maior renda. 
Num comportamento similar, porém menos intenso, o 
desempenho da demanda por crédito por parte das 
empresas avançou 1,7% em março/20. Mas, 
ajustando pela quantidade de dias úteis, teríamos 
tido uma queda de 7,5%. 
Dado o atual momento de enfraquecimento da demanda dos consumidores e das empresas por crédito, 
reduzimos a projeção da expansão do mercado de crédito em 2020 de 8,5% para 3,5%, ou seja, 
crescimento real quase nulo, com destaque para as linhas de crédito mais voltadas a cobertura de déficits 
de caixa, renegociação de dívidas, etc., do que em linhas voltadas à expansão do consumo, patrimônio e 
investimentos produtivos. 
7. Balanço e Projeções1 
É inquestionável que o cenário econômico mudou radicalmente a partir de meados de março/20 com o 
alastramento da Covid-19 para fora das fronteiras chinesas, atingindo todas as economias globais, Brasil 
inclusive. Se antes, projetávamos uma trajetória de aceleração do crescimento econômico, crédito com 
expansão de dois dígitos, redução gradual da inadimplência e do desemprego, contas fiscais em 
recuperação, estabilização da taxa cambial, agora enfrentamos tendências diametralmente opostas. 
Dado que o choque sanitário adverso é uma realidade, o debate econômico centra-se, agora, em tentar 
vislumbrar de que modo e quando as economias globais darão os seus primeiros passos em direção à 
superação desta crise. E, ainda com bastante grau de incerteza, os cenários possíveis são, pelos 
economistas, simbolizados por algumas letras: V (recuperação rápida); U (recuperação lenta); L (grande 
depressão). 
É bem provável que alguns países consigam realizar uma recuperação em V, ou seja, apresentem uma 
normalização das suas atividades produtivas mais rapidamente. Isto poderá mesmo ocorrem naqueles 
 
1 Disclaimer. Este relatório foi produzido pela área de Indicadores de Mercado da Serasa Experian e as opiniões, 
análises e projeções aqui contidas expressam a visão dos analistas responsáveis por sua elaboração. Neste sentido, a 
Serasa Experian não se responsabiliza e nem tampouco se responsabilizará pelas consequênciasde decisões tomadas 
por quaisquer usuários deste relatório. 
jan-mar/20
Var. Acum. %
Consumidores (por faixa de renda) -8,4% 1,0%
até R$ 500 -13,0% -2,1%
R$ 500 a R$ 1.000 -8,7% 1,6%
R$ 1.000 a R$ 2.000 -7,3% 1,2%
R$ 2.000 a R$ 5.000 -7,3% 1,4%
R$ 5.000 a R$ 10.000 -6,8% 1,2%
mais de R$ 10.000 -6,7% 1,5%
Empresas (por porte) 1,7% -0,5%
Micro e Pequenas 1,7% -0,6%
Médias 0,3% 3,2%
Grandes 4,8% 5,2%
Fonte: Serasa Experian
Demanda por Crédito
Mar/20 x 
Mar/19
 Relatório Macroeconômico Serasa Experian – 1º Trimestre de 2020 | 9 
 
países que, de uma forma ou de outra, obtiveram sucesso em controlar com maior eficiência a propagação 
do vírus em suas populações, como por exemplo ocorreu com a Coréia do Sul e com a própria China, que 
inclusive já desativou os hospitais emergenciais que haviam sido construídos em tempo recorde e já 
reabriu, sem maiores restrições, a circulação das pessoas, inclusive nas regiões que se caracterizaram 
como o epicentro da pandemia. 
Mas esta não é a situação da maioria dos países. Na verdade, todo o arsenal monetário, fiscal e de rendas 
que foram anunciados e que estão sendo colocados em prática por praticamente todos eles, tem como 
objetivo evitar que o “U” se transforme em “L”, ou seja, que a crise atual acabe se transformando numa 
verdadeira crise de crédito, com quebradeira de empresas e bancos, acompanhada de explosão da 
inadimplência das famílias. Daí porque, basicamente, todo conjunto de medidas econômicas que foram 
utilizadas durante a crise financeira internacional de 2008 está sendo agora elevado à enésima potência. 
E aqui no Brasil, as reações de política econômica não estão sendo diferentes. Neste sentido, o cenário 
mais provável para a economia brasileira é de uma curva em “U”: dois trimestres de recessão com início de 
recuperação a partir do quarto trimestre deste ano. Desnecessário dizer que esta perspectiva ainda carrega 
um elevado grau de incerteza mas, por enquanto, parece ser a que faz mais sentido. 
Seguem as principais projeções da Serasa Experian para a economia brasileira em 2020. 
Quadro das Projeções Macroeconômicas 
 Variável Macro 2019 2020 Tendência 
PIB – Crescimento Real (%) 1,1 -2,7 ↓ 
Produção Industrial – Crescimento Real (%) -1,1 -3,8 ↓ 
Desemprego (%) – (Média Anual) 11,9 13,5 ↑ 
Inflação (IPCA) – Acumulado Anual (%) 4,3 3,0 ↓ 
Taxa Selic (%) - (Final de Ano) 4,50 3,00 ↓ 
Dólar (Final de Ano) 4,03 4,90 ↑ 
Crédito - Crescimento Nominal (%) 6,5 3,5 ↓

Outros materiais