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RECURSO ORDINÁRIO Prof. Marcelo Franco Previsão Legal = Art. 895 CLT Denominação – Não se confunde com o Recurso Ordinário Constitucional (art. 102, II e art. 105, II, CF). Há autores que entendem que a melhor denominação do Recurso Ordinário seria APELAÇÃO, para evitar a confusão com o ROC. HIPÓTESES DE CABIMENTO Art. 895, CLT - Cabe recurso ordinário para a instância superior: I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos. 1º. Grau de jurisdição - Sentença definitiva – Sentença que aprecia o mérito da causa (art. 487 CPC). Obs: A sentença homologatória de acordo não é impugnável por Recurso Ordinário (art. 831, par. único, CLT), salvo para a Previdência Social quanto às Contribuições previdenciárias devidas. Para as partes que celebraram o acordo, o instrumento processual para desfazer a coisa julgada será a Ação rescisória. - Sentença terminativa – Sentença que extingue o processo sem análise do mérito (art. 485 CPC). - Decisões interlocutórias não recorríveis no curso do processo (art. 893, par. 1º. CLT) 2º. Grau de jurisdição - Cabe Recurso Ordinário para impugnar acórdão proferido pelo TRT, no julgamento de ações de sua competência originária (sejam conflitos individuais ou coletivos de trabalho), como por exemplo: - Mandado de segurança, ação rescisória; - Ações anulatórias de cláusula de acordo e CCT e dissídio coletivo OUTRAS HIPÓTESES DE CABIMENTO - Decisões interlocutórias terminativas do feito, na Justiça do trabalho. Exemplos: 1) A decisão interlocutória do Juiz do trabalho que reconhece a incompetência absoluta da Justiça do Trabalho para julgar a causa e remete o processo para a Justiça comum (art. 799, par. 2º. CLT); 2) A decisão interlocutória que acolhe exceção de incompetência territorial (art. 800 CLT) e remete os autos para Vara do trabalho pertencente a outro TRT (Súmula 214, c, TST); 3) A decisão que julga parcialmente e de forma antecipada, o mérito da causa (art. 5º. IN/TST 39/2016, que declara ser aplicável ao processo do trabalho o art. 356, I e II, pars. 1º. ao 4º. do CPC). ATENÇÃO: No processo civil, o recurso cabível será o agravo de instrumento (art. 356, par. 5º. CPC). NÃO CABE RECURSO ORDINÁRIO 1) Da sentença proferida nas Reclamações trabalhistas submetidas ao Procedimento sumário (Lei 5584/70, art. 2º. pars. 3º. e 4º.), em que o valor da causa é inferior a 2 salários mínimos. OBS: Caberá Recurso Extraordinário da sentença, para o STF, se houver violação direta à Constituição Federal. 2) Da sentença proferida em processo de execução, pois cabível será o agravo de petição (art.897, a, CLT). CAMPO TEMÁTICO DO R.O. O R.O. permite rediscutir matéria de fato e de direito e reanalisar provas e pode ter por objetivo: 1) Reformar a sentença. Busca corrigir error in judicando, neste caso. Corrige injustiças e reanalisa provas. 2) Anular a sentença. Busca corrigir error in procedendo, nesta hipótese. EFEITOS DO RECURSO ORDINÁRIO EFEITO DEVOLUTIVO – Aplica-se de forma subsidiária o art. 1013, caput, pars. 1º. e 2º. do CPC. Ver Súmula 393 TST. - Art. 1.013, caput. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. (EFEITO DEVOLUTIVO EM EXTENSÃO) REGRA: tantum devolutum quantum appellatum § 1º. Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. (EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE) § 2º. Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. (EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE) OBSERVAÇÕES - O recurso ordinário, por possuir, como regra, apenas efeito devolutivo, permite o início da execução provisória do julgado; - O Juiz não precisa declarar o efeito em que recebe o Recurso Ordinário, pois o efeito devolutivo é o previsto em lei. JURISDIÇÃO DO TRT NO JULGAMENTO DO R. O. Art. 1013 CPC – CAUSA MADURA § 3º .Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I - reformar sentença fundada no art. 485 ; II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. § 4º. Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau. EFEITO SUSPENSIVO É excepcional no R.O., pois como regra não possui tal efeito. No entanto, é possível sim a atribuição de tal efeito ao Recurso Ordinário, em situações pontuais: - No R.O. interposto em Ação de Dissídio coletivo (Lei 10.192/2001, art. 14 – IN/TST 24/2003) - É possível requerer ao TRT a concessão de efeito suspensivo ao Recurso Ordinário (Súmula 414, I, TST), por aplicação analógica do art. 1029, par. 5º. CPC, em casos em que se demonstre o justo receio de um dano irreparável ou de difícil reparação, pela ausência do efeito suspensivo. EFEITO TRANSLATIVO Questões de ordem pública (relacionadas às Condições da ação e pressupostos processuais - CPC, arts. 485, § 3º, e 337, § 5º), ainda que não arguidas no Recurso Ordinário, ficam automaticamente submetidas à análise do TRT, quando for julgar o R.O. Para as questões de ordem pública, não há preclusão e o Juiz deve conhecer tais matérias “de ofício”. As partes podem alega-las a qualquer momento na instância ordinária (1º. e 2º. Grau de jurisdição). NOVAS QUESTÕES DE FATO E DOCUMENTO NOVO NO R.O. O recorrente pode suscitar novas questões de fato no R.O., não arguidas perante o 1º. Grau, desde que comprove a força maior (justo motivo) que o levou a não apresentar o fato ao magistrado da Vara do Trabalho (art. 1014 CPC e S. 394 TST). O Tribunal deve dar “vista” à parte contrária, sobre o documento ou fato novo alegado, antes de realizar o julgamento para que não ocorra qualquer alegação de nulidade processual ou cerceamento do direito de defesa, vindas da parte contrária. EXEMPLO: A empresa prova que um documento que seria usado em sua defesa foi furtado e tendo sido recuperado somente após a sentença, providencia a juntada deste documento com o Recurso Ordinário (S. 8 TST). PROCEDIMENTO DO R.O. 1) Recurso é interposto por petição, no prazo de 8 dias, perante o órgão jurisdicional que proferiu a decisão atacada (Vara do Trabalho, Juízo de Direito ou TRT); 2) O magistrado “a quo” decide se admite ou não o Recurso Ordinário (juízo de admissibilidade provisório). Se não admitir, desta decisão caberá Agravo de instrumento (art. 897, b, CLT), que será julgado pelo Tribunal “ad quem”; 3) A parte contrária será intimada para, se quiser, apresentar Contrarrazões ao R.O. no prazo de 8 dias. Neste momento, se ainda não tiver interposto o seu recurso, o recorrido poderá, se quiser, interpor o Recurso Ordinário adesivo (S. 283 TST); 4) Recebido o R.O. pelo Tribunal “ad quem”, será sorteado um Desembargador (ou Ministro, se o R.O. for julgado pelo TST), que será o relator do recurso; 5) Deve-se observar, deste ponto em diante, o que está previsto no Regimento Interno de cada Tribunal (art. 930 CPC), para tramitação do R.O. 6) Os autos são remetidos para o Ministério Público, para parecer. 7) O relator passa a analisar o recurso, inclusive se é caso de proferir as decisões monocráticas previstas no art. 932 do CPC. 8) Se o relator não admitir o recurso (art. 932, III, CPC), desta decisão caberá o agravo regimental (8 dias) para o órgão colegiadocompetente. 9) Admitido o recurso, após o visto do Juiz revisor, o recurso será colocado em pauta de julgamento. PECULIARIDADES DA TRAMITAÇÃO NO R. O. DO PROC. SUMARÍSSIMO Possui as seguintes peculiaridades (art. 895, II, III, CLT): 1) Será imediatamente distribuído no Tribunal e o relator deverá liberar o recurso no prazo máximo de 10 dias; 2) A secretaria do Tribunal deverá colocar o recurso imediatamente em pauta de julgamento. 3) Terá parecer oral do MP, na própria sessão de julgamento, se o membro do parquet entender necessário; 4) O acórdão será apenas certidão do julgamento, com indicação suficiente do processo. 5) Os Tribunais poderão designar turmas específicas para julgar os Recursos Ordinários interpostos em ações de rito sumaríssimo.
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