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Sociologia da
Educação
1ª edição
2017
Sociologia da
Educação
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Palavras do professor
Bem-vindo à disciplina Sociologia da Educação! Nela, você terá a opor-
tunidade de refletir como a educação e a sociedade se entrelaçam de 
maneira indissociável: se a educação pode transformar a sociedade, por 
outro lado, ela também é conformada e estruturada para atender aos 
anseios dessa mesma sociedade.
Pense nisto: quando as políticas públicas decidem incentivar programas 
de profissionalização em uma área e não em outra, estão atendendo às 
pressões de mercado. Ao mesmo tempo, pais, professores e alunos podem 
realizar movimentos que visam à mudança, como a busca por ambiente 
sustentáveis, inclusivos e com menos violência e mais respeito.
Mas é necessário pensar também que a Educação não ocorre somente 
nos espaços formais: hoje, com o avanço das tecnologias virtuais, cada 
vez mais os indivíduos investem em uma educação continuada, que se 
prolonga pelo resto da vida fora dos bancos escolares – e cabe à Sociolo-
gia da Educação investigar esses fenômenos. Nesta disciplina, portanto, 
você poderá verificar como o ambiente escolar é também um campo de 
poder, o qual reflete os embates de uma sociedade multifacetada. São 
oito unidades, abrangendo os seguintes temas instigantes:
• Unidade 1: Introdução à Sociologia da Educação;
• Unidade 2: Sociologia Clássica e Educação;
• Unidade 3: Relações entre desigualdades sociais e desigualdades 
escolares;
• Unidade 4: O paradigma da reprodução;
• Unidade 5: Trajetórias escolares e estratos sociais;
• Unidade 6: Diversidade e exclusão;
• Unidade 7: Relação família-escola;
• Unidade 8: Currículo, poder e ideologia.
Como você pode ver, é um conteúdo muito interessante, que provocará 
vários debates. Além disso, você, como estudante, poderá trazer sua pró-
pria experiência de vida para enriquecer as discussões.
Bons estudos! 
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Unidade 1
Introdução à Sociologia
da Educação
Para iniciar seus estudos
Para início de conversa, é necessário que você tenha conhecimento das 
origens da Sociologia. Já ouviu falar do Filósofo Auguste Comte? Se já 
ouviu, vai relembrar. Se ainda não ouviu, vai conhecê-lo. Ele é conhecido 
como o Pai da Sociologia. Há uma curiosidade acerca da Corrente de Pen-
samento que ele criou que deixou marcas no Brasil. Você vai descobrir 
qual é ao longo do estudo. Quer uma dica? Tem a ver com um de nossos 
símbolos nacionais... 
Também nesta unidade, você terá a oportunidade de conhecer a Disci-
plina Sociologia da Educação e refletir em como ela é importante para 
sua Formação Docente. Também irá conhecer mais um pensador, que é 
Emile Durkheim. Ele é o criador da Sociologia da Educação. Foi fortemente 
influenciado por Auguste Comte e desenvolveu a Sociologia dando ênfase 
ao processo educacional. Para Durkheim não é possível pensar em uma 
escola que não reflita os acontecimentos do mundo e não desenvolva a 
capacidade crítica e o posicionamento político. Assim, ele compreende a 
escola como o espaço privilegiado para a formação de hábitos e valores 
que garantirão ao indivíduo a inserção na sociedade respeitando e repro-
duzindo as regras dela. Vamos em frente! É hora de aprofundar!
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Objetivos de Aprendizagem
• identificar os conceitos gerais de Sociologia e Sociologia da 
Educação;
• refletir sobre a relevância dessas ciências na formação docente.
Tópicos de Estudos
1. Sociologia e Educação
2. Origens da Sociologia
3. O Positivismo no Brasil
4. Introdução à Sociologia da Educação
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Sociologia da Educação | Unidade 1: Introdução à Sociologia da Educação
1.1 Sociologia e Educação
Sabe uma forma muito interessante e eficaz de construir conhecimento? Pesquisar o significado e a Etimologia 
das Palavras e dos Conceitos. Já começamos com uma, não é mesmo? Etimologia refere-se a:
Pesquisa e estudo da origem, da formação e da evolução de uma palavra de determinada língua. 
Disciplina que tem como função explicar as evoluções sucessivas das palavras remontando o mais 
longe possível no passado até chegar ao seu étimo. Origem de uma palavra, seja na sua forma 
mais antiga, seja em alguma fase de sua evolução. A etimologia de “embora” é a contração da 
locução “em boa hora” (MICHAELIS, 2017).
Deixe sempre um Dicionário da Língua Portuguesa perto de você e, se possível, um dicionário 
etimológico. Você pode encontrar muitos dicionários on-line.
Vamos continuar com as definições, pois elas são fundamentais para os nossos estudos, a fim de que possamos 
ter uma mesma linguagem a respeito dos assuntos que iremos abordar. Confira.
Sociologia:
Ciência que tem com objeto de estudo a organização e o funcionamento das sociedades huma-
nas e as leis essenciais que regem as relações numa determinada sociedade, atendo-se à descri-
ção sistemática e à análise de certos comportamentos sociais, no seu conjunto e na sua genera-
lidade (MICHAELIS, 2017).
Educação:
Processo que visa ao desenvolvimento físico, intelectual e moral do ser humano, através da apli-
cação de métodos próprios, com o intuito de assegurar-lhe a integração social e a formação da 
cidadania (MICHAELIS, 2017).
Vamos agora juntar Sociologia + Educação e teremos a Sociologia da Educação, com seu campo específico de 
saber e com seus instrumentos e ferramentas próprias para investigação e análise dos fatos observados e das 
relações que ocorrem no âmbito educacional, seja formal, seja informal, como você descobrirá no decorrer desta 
disciplina. Afinal, não é apenas nos bancos da escola que construímos os conhecimentos!
Sociologia da educação:
Ramo da sociologia que trata dos aspectos sociológicos da educação, os valores sociais que nor-
teiam os objetivos do ensino, os métodos de ensino e a relação entre a educação e outras insti-
tuições, como, por exemplo, a economia, a política, a religião etc. A educação contribui para que o 
indivíduo assimile uma série de normas e princípios (morais, religiosos, éticos, comportamentais 
etc.), que guiam sua conduta individual no grupo (MICHAELIS, 2017).
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Sociologia da Educação | Unidade 1: Introdução à Sociologia da Educação
1.2 Origens da Sociologia
Quem criou a Sociologia foi o filósofo Auguste Comte. Há muita coisa interessante sobre ele. Aguce sua curiosi-
dade para desbravarmos o conhecimento já construído e construirmos outros!
Auguste Comte é considerado O Pai da Sociologia. Ele nasceu em 1798, em Montpellier, na França. Criou uma 
Ciência conhecida como Física Social, que depois se transformaria em Sociologia. Para organizar suas ideias 
acerca da sociedade, Comte fundou uma corrente social chamada de Positivismo.
Agora que identificamos os termos em suas origens e significados, iremos conhecer os fundamentos da Sociolo-
gia da Educação, começando pelas origens da Sociologia.
Figura 1.1 – Auguste Comte (1798-1857).
Comte é considerado o Pai da Sociologia.
Fonte: <http://positivists.org/blog/archives/593>. 
Comte viveu em um período turbulento da história da França: a Revolução Francesa. Lembremos que foi nesse 
momento que a França estabeleceu o fim do Absolutismo e inicia seu projeto de um Estado republicano; e isso 
ocorreu por meio de um violento enfrentamento militar, inspirado nas Ideias Iluministas.
Absolutismo: sistema de governo em que a autoridade do governante é exercida sem limi-
tações ou reservas; despotismo, tirania. A França pré-revolução estava sob domínio de Luís 
XVI, um rei absolutista.
Glossário
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Sociologia da Educação | Unidade 1: Introdução à Sociologia da Educação
Embora Comte tenha nascido no período do Diretório (1795-1799), terceira fase da Revolução Francesa, sua 
infância acompanhará o expansionismo napoleônico e suas terríveis consequências. 
Figura 1.2 – Napoleão Bonaparte.
A figura de Napoleão Bonaparte, suas conquistas e sua ideologia marcam o perí-
odo em que Comte desenvolve seu projeto de uma nova ciência: a Sociologia.
Imagem: Musee de L´armee, Paris — Fonte: https://goo.gl/aXKB3K
Foi nesse contexto de crises e instabilidades queComte buscou responder aos problemas que analisava com sua 
Teoria Positivista.
O Positivismo afirma que existe a possibilidade de pensar os problemas sociais pelos critérios 
das ciências naturais. Dessa forma, seria plenamente possível organizar a sociedade nas suas 
variadas dimensões.
O Positivismo responde às questões sociais com um caráter de exatidão, contrapondo-se à visão de mundo colo-
cada pela Teologia e pela lógica da Metafísica. É nisso que reside a importância da Física Social e, posterior-
mente, do Positivismo, que procuram explicar os fatos utilizando a lógica do conhecimento que dará origem ao 
conhecimento científico, o qual se apoia na experiência e na observação, e não no idealismo ou no subjetivismo.
Metafísica: para o positivismo e para o materialismo, é a modalidade imperfeita do conhe-
cimento, ao contrário do conhecimento positivo, baseado em fenômenos naturais e em suas 
propriedades e relações, conforme o demonstram as ciências empíricas.
Glossário
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Sociologia da Educação | Unidade 1: Introdução à Sociologia da Educação
O conhecimento, no modelo positivista, para ser verdadeiro deve ser aferido, medido, comprovado cientifica-
mente e, também, fundamentado pela experimentação. Podemos perceber aqui a estreita relação dessa “nova 
ciência” com as chamadas Ciências Físicas e Naturais; ou, pelo menos, sua tentativa de se aproximar delas e 
empregar as mesmas abordagens e ferramentas adotadas naquelas áreas de saber.
Auguste Comte elaborou de forma muito sistemática suas ideias para defender o Positivismo. Ele baseou sua 
teoria nos modelos das ciências naturais, tendo como principal objetivo encontrar leis universais para os fenô-
menos sociais.
Ciências Naturais: áreas do conhecimento cujos objetivos são: observar e estudar a natu-
reza, bem como os fenômenos naturais.
Glossário
Figura 1.3 – Ciências Naturais.
As Ciências Naturais englobam várias áreas do conhecimento humano, como geografia, biologia, física, astro-
nomia e outras que se dedicam a estudar quaisquer aspectos relacionados ao universo da Natureza.
ID: 123Rf 56423463 — Fonte: https://br.123rf.com
Por escolher as Ciências Naturais como modelo, Comte intitulou sua reflexão acerca da sociedade como uma 
Física Social. Era preciso produzir um conhecimento real para compreender as leis que regem as interações 
sociais entre os indivíduos. O Positivismo propõe ao indivíduo que ele:
• seja cientista;
• não explique os fenômenos sociais pela dimensão religiosa;
• rejeite explicações sobrenaturais;
• busque explicações nos próprios fenômenos.
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Sociologia da Educação | Unidade 1: Introdução à Sociologia da Educação
A partir dessa abordagem, e buscando se aproximar de seus objetivos, ele desenvolve a teoria da Lei dos Três Esta-
dos, situando, assim, os estados do conhecimento humano. Todas as ciências e o espírito humano se desenvolvem, 
para Comte, por meio de três ramos do conhecimento. Ele afirma em sua obra “Discurso Sobre o Espírito Positivo”: 
[existem] três estados históricos diferentes: estado teológico ou fictício, estado metafísico ou 
abstrato, estado científico ou positivo. Em outros termos, o espírito humano, por sua natureza, 
emprega sucessivamente, em cada uma de suas investigações, três métodos de filosofar, cujo cará-
ter é essencialmente diferente e mesmo radicalmente oposto: primeiro, o método teológico, em 
seguida, o método metafísico, finalmente, o método positivo [ou científico]. Daí três sortes de filo-
sofia, ou de sistemas gerais de concepções sobre o conjunto de fenômenos, que se excluem mutu-
amente: a primeira é o ponto de partida necessário da inteligência humana; a terceira, seu estado 
fixo e definitivo; a segunda, unicamente destinada a servir de transição (COMTE, 1978, p. 3-4). 
Embora nossa disciplina possua uma Bibliografia Básica, na qual você encontra os elementos 
essenciais de nosso conteúdo, em tempos de fontes digitais é fundamental saber aproveitar 
o que existe no mundo virtual. O livro de Comte intitulado “Discurso Sobre o Espírito Positivo” 
está disponível on-line. Vale a pena conhecer o estilo de escrita desse importante autor. Con-
fira em: <http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/comte.pdf>
Vamos continuar bebendo na fonte do conhecimento de Auguste Comte e analisar mais profundamente os três 
estados do conhecimento descritos por ele. 
No estado teológico:
[...]o espírito humano, dirigindo essencialmente suas investigações para a natureza íntima dos 
seres, as causas primeiras e finais de todos os efeitos que o tocam, numa palavra, para os conhe-
cimentos absolutos, apresenta os fenômenos como produzidos pela ação direta e contínua de 
agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária explica todas as 
anomalias aparentes do universo (COMTE,1978, p. 3-4).
No estado metafísico:
[...] que no fundo nada mais é do que simples modificação geral do primeiro, os agentes sobre-
naturais são substituídos por forças abstratas, verdadeiras entidades (abstrações personificadas) 
inerentes aos diversos seres do mundo, e concebidas como capazes de engendrar por elas pró-
prias todos os fenômenos observados, cuja explicação consiste, então, em determinar para cada 
um uma entidade correspondente (COMTE,1978, p. 3-4).
No estado positivo:
[...] o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a 
procurar a origem e o destino do universo, a conhecer as causas íntimas dos fenômenos, para 
preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da obser-
vação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis de sucessão e de similitude. A explica-
ção dos fatos, reduzida então a seus termos reais, se resume de agora em diante na ligação esta-
belecida entre os diversos fenômenos particulares e alguns fatos gerais, cujo número o progresso 
da ciência tende cada vez mais a diminuir (COMTE,1978, p. 3-4).
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Sociologia da Educação | Unidade 1: Introdução à Sociologia da Educação
Figura 1.4 – Os três estados do conhecimento.
Para Auguste Comte, as formas de explicar o mundo e os fatos poderiam ocorrer em três cam-
pos distintos, cabendo ao positivismo propor abordagens científicas e comprováveis.
ID: 123RF 41304812, 15442253 e 18885195 — Fonte: https://br.123rf.com
Você pode estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com a Educação, não é mesmo? Podemos compreen-
der esses estados do conhecimento como diferentes formas de encaminhar uma proposta educativa, propostas 
estas sobre as quais você necessita refletir e que iremos explorar no decorrer desta disciplina. Cabe à Educação 
dar conta de formar o indivíduo para a argumentar sólida e criticamente acerca dos fatos sociais. 
Não se trata de negar o estado Teológico e o Metafísico. Ambos são importantes, necessários e válidos, mas 
devem ser utilizados nas interpretações dos fatos que têm ligação direta com eles,por exemplo, a relação do 
homem com a transcendência. Não nos parece possível negar que esta é uma das dimensões da humanidade.
Também não se trata de se menosprezar as interpretações na dimensão metafísica, pois ela faz parte do universo 
cultural dos povos e precisa ser compreendida no contexto de diversidades culturais. São muitas culturas, e não 
há uma superior à outra. Cada uma se manifesta por meio de suas muitas performances. A respeito da dimensão 
mística, por exemplo, confira o que afirma Comte:
Essa revolução geral do espírito humano pode ser facilmente constatada hoje, duma maneira 
sensível embora indireta, considerando o desenvolvimento da inteligência individual. O ponto de 
partida sendo necessariamente o mesmo para a educação do indivíduo e para a da espécie, as 
diversas fases principais da primeira devem representar as épocas fundamentais da segunda. Ora, 
cada um de nós, contemplando sua própria história, não se lembra de que foi sucessivamente, no 
que concerne às noções mais importantes, teólogo em sua infância, metafísico em sua juventude 
e físico em sua virilidade?Hoje é fácil esta verificação para todos os homens que estão ao nível de 
seu século (COMTE, 1978, p. 4).
Voltemos à Educação. Veja o que Comte pensa a respeito:
Acredito ser de tal modo indispensável que vejo o ensino científico incapaz de realizar os resultados 
gerais mais essenciais que se destina a produzir em nossa sociedade, a fim de renovar o sistema inte-
lectual, se os diversos ramos principais da filosofia natural não forem estudados na ordem conve-
niente. Não esqueçamos que, em quase todas as inteligências, mesmo as mais elevadas, as ideias 
permanecem ordinariamente encadeadas segundo a ordem de sua aquisição primeira, sendo, por 
conseguinte, um mal muitas vezes irremediável não ter começado pelo começo (COMTE, 1978, p. 36).
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Sociologia da Educação | Unidade 1: Introdução à Sociologia da Educação
A afirmação de Comte de que o ensino científico deve ser “estudado na ordem conveniente”, 
referindo-se explicitamente à escola, não faz você se lembrar de sua vida escolar e de como 
tantos conteúdos pareciam completamente alienados à sua realidade? Confira neste vídeo 
como ocorre a construção do conhecimento sobre o ambiente escolar:
 <https://www.youtube.com/watch?v=P5LRa8P6-Qk>.
Comte tem convicções claras e elaboradas acerca da Educação, por isso, antes de estudarmos a Sociologia da 
Educação, precisamos conhecer mais sobre ele e seu impacto aqui no Brasil.
1.3 O Positivismo no Brasil
O Positivismo de Comte influenciou muito a nossa história. Sim, a corrente positivista tomou forma e ganhou 
espaço em nosso território. Você sabe de onde vem o lema da bandeira nacional brasileira? Isso mesmo: do Posi-
tivismo. Como já vimos, a França vivia uma grave crise política, social e econômica na época de Comte. E ele 
almejava encontrar soluções para resolver os problemas que assolavam o território francês, pois deduzia que 
a causa do atraso e da dificuldade em implementar medidas voltadas para o progresso era o caos estabele-
cido. Comte desejava, assim, reestruturar toda sua sociedade, e o Positivismo se apresentava como canal para a 
reforma intelectual do homem. Para ele, uma vez de posse do conhecimento científico, a sociedade conseguiria 
se reorganizar e sair da crise. 
Para que essa reorganização acontecesse, o Positivismo postulava que somente pela “Ordem” e pelo “Progresso” 
seria possível existir uma sociedade estruturada que pudesse ecoar e aperfeiçoar todas as estruturas permanen-
tes: religião, família, propriedade, linguagem, acordo entre poder espiritual e temporal e as demais dimensões do 
saber humano. Para Comte (1978, p. 166), “o progresso constitui, como a ordem, uma das duas condições funda-
mentais da civilização moderna”. Comte também explicita claramente o lema do Positivismo: “O Amor por prin-
cípio, a Ordem por base, e o Progresso por fim” (COMTE, 1978, p. 145). Esse lema é o mesmo que está fixado na 
maioria dos Templos Positivistas. Mas você deve estar se perguntando: como assim, “Templos”? Um templo não 
está relacionado com o conhecimento teológico, que é radicalmente oposto ao Positivismo? Como se explica tal 
contradição? Veremos isso logo a seguir.
Perceba que o lema do positivismo é o mesmo que encontramos na bandeira do Brasil: Ordem e Progresso!
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Sociologia da Educação | Unidade 1: Introdução à Sociologia da Educação
Figura 1.5 – Bandeira Nacional Brasileira.
O Lema da Bandeira do Brasil é Positivista. Você já tinha ouvido falar sobre isso? Uma grande curiosidade, não é mesmo?
Fonte: https://goo.gl/1JiRnl
Os Republicanos, que criaram nossa atual bandeira, assumiram o Positivismo como o ideal para a República que 
nascia e juraram que o bem comum seria o fundamento dela. Era preciso acelerar o Progresso que o Império 
tinha impedido de ocorrer – e a Ordem era o caminho para realizá-lo.
Embora seja dada muita ênfase à influência de Benjamin Constant na elaboração de nossa bandeira, os prin-
cipais responsáveis por sua idealização foram o próprio Teixeira Mendes, além de Miguel de Lemos e Manuel 
Pereira Reis. Esse último era astrônomo do Imperial Observatório do Rio de Janeiro, o que explica as constelações 
colocadas na bandeira.
A presença de astrônomos do Imperial Observatório do Rio de Janeiro no movimento positivista 
reforça o caráter científico e voltado para as ciências naturais desse modelo de pensamento. 
O Positivismo tem como fundamento as Ciências Naturais. Por isso, vale a pena conhecer um 
pouco dessa influência no site sobre nossa bandeira (<http://www.bandeiranacional.com.br>).
Império – forma de governo cujo soberano tem o título de imperador ou de imperatriz. Seu 
caráter é hereditário (o poder passa de pai para filho). O Brasil possui um único período Impe-
rial, mas dividido em Primeiro Reinado (1822-1831) e o Segundo Reinado (1849-1889).
República - Forma de governo na qual o Estado tem em vista servir à coisa pública e aos 
interesses comuns dos cidadãos. O poder é exercido pelos representantes eleitos pelo povo 
(direta ou indiretamente). No Brasil, a República foi instituída em 1889 por meio de um movi-
mento militar, que derrubou o regime imperial. É a atual forma de governo.
Glossário
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Sociologia da Educação | Unidade 1: Introdução à Sociologia da Educação
O divulgador do Positivismo no Brasil foi Benjamin Constant. Para levar à frente suas ideias de valorização e divul-
gação dessa corrente, ele criou, junto com outros adeptos, em 1876, a Fundação da Sociedade Positivista do Brasil. 
O primeiro deles foi Teixeira Mendes, que era o presidente de uma Associação Positivista chamada Aposto-
lado Positivista do Brasil. Isso mesmo, Apostolado, pois o Positivismo ganhou status de uma “Nova Religião” e 
tinha seguidores.
Figura 1.6 – Representante do Positivismo no Brasil.
Benjamin Constant Botelho de Magalhães, grande mobilizador e divulgador do ideal positivista no Brasil.
Fonte: https://goo.gl/mO56nI
Eminente político do final do Império e início da República em nosso país, Benjamin Constant também exerceu, entre 
outras funções, a de Ministro da Instrução Pública e promoveu importante reforma curricular na educação brasileira. 
Assim, chegamos à fusão da Sociologia com a Educação! Vamos iniciar, portanto, nossos estudos nesse setor.
1.4 Introdução à Sociologia da Educação
É mesmo importante estudar Sociologia da Educação? Esta é uma interrogação que você pode estar fazendo. A 
resposta de antemão é: Sim!
Até aqui, você descobriu como a Sociologia surgiu, suas raízes e seu nascimento. Daqui para frente, vamos nos 
debruçar sobre essa área específica da Sociologia, que se chama Sociologia da Educação. Portanto, vamos fazer 
um convite: volte para o início e leia as definições de Sociologia, Educação e Sociologia da Educação.
Relembrou? Então vamos continuar. Comte é o Pai da Sociologia, mas o Criador da Sociologia da Educação é 
outro pensador. Ele se chama Emile Durkheim. 
Auguste Comte é considerado o “Pai da Sociologia” por ter usado pela primeira vez o conceito de Sociologia em 
seu Curso de Filosofia Positiva. Esse legado é dele! Emile Durkheim continuou por esse caminho, aprofundou as 
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Sociologia da Educação | Unidade 1: Introdução à Sociologia da Educação
abordagens de Comte e definiu a Sociologia como Ciência do Estudo dos Fatos Sociais. Alguns autores afirmam que 
ele também deve ser considerado um dos pais da Sociologia. 
Para outros autores, ele é considerado mesmo como o “Primeiro Sociólogo”, pois utilizava dados empíricos para 
estudar os fenômenos sociais. Ele herdou de Comte a abordagem de que é possível construir uma sociedade 
melhor por meio do conhecimento sociológico, pois é com esse conhecimento que se pode entender as diferen-
ças entre diversas culturas e sociedades para, então, aceitá-las, sem julgar uma melhor do que a outra, ou que 
uma dada civilização tem o direito de se sobrepor ou aniquilar outro povo.
Figura 1.7 – Émile Durkheim (1858 – 1917).
Emile Durkheim também é considerado um dos fundadores da Sociologia. Ele criou o con-
ceito de “fato social”e investigou de maneira profunda diferentes ocorrências que se encon-
tram na sociedade, como o suicídio, divisão do trabalho, educação, religião e muito mais.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Émile_Durkheim
Para Durkheim, fatos sociais devem ser tratados como “coisas”, a fim de poderem ser analisados. O indivíduo ao 
nascer já encontra uma sociedade na qual se insere: é conformado por ela. Nela, esse sujeito já encontra uma 
série de representações sociais que o impele a pensar e agir de uma dada forma. Durkheim afirma:
Eis, portanto uma ordem de fatos que apresentam características muito especiais: consistem em 
maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo, e que são dotadas de um poder de 
coerção em virtude do qual esses fatos se impõem a ele. Por conseguinte, eles não poderiam se 
confundir com os fenômenos orgânicos, já que consistem em representações e em ações; nem 
com fenômenos psíquicos, os quais só têm existência na consciência individual e através dela. 
Esses fatos constituem, portanto, uma espécie nova, e é a eles que deve ser dada a qualificação 
de sociais (DURKHEIM, 1978, p. 2). 
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Sociologia da Educação | Unidade 1: Introdução à Sociologia da Educação
Nesse sentido, para Durkheim, o fato social tem três características fundamentais. Confira.
• Generalidade: é comum aos membros de um grupo. 
• Exterioridade: existe independentemente da vontade individual e subjetiva.
• Coercitividade: obriga os membros a seguirem o comportamento estabelecido.
Você já fez algo porque o grupo exerceu alguma pressão, e você agiu mesmo contra sua 
vontade? Como você escolhe suas roupas, seu corte de cabelo? “Seguir a moda” ou “Ir contra 
a moda” são representações de fatos sociais externos, que impulsionam você a agir desta 
ou daquela maneira. É muito comum observar a pressão do grupo durante uma partida de 
futebol, ou quando ocorrem brigas de rua: algo que a pessoa jamais faria individualmente, 
acaba realizando pela força do grupo. Pense nisso.
Portanto, o que significa dizer que os “fatos Sociais devem ser tratados como coisas”? O que essa interrogação 
lhe sugere depois de ter refletido sobre o Positivismo?
A resposta indica que, assim como a Biologia, Química, Física entre outras, estudam os fatos da natureza, a Socio-
logia também deve estudar os fatos sociais. Estes são o objeto de estudo da Sociologia. O fato social que é alvo 
da Sociologia da Educação são os cenários e as relações onde os processos educacionais ocorrem. A sala de aula, 
por exemplo, é um campo por excelência para o estudo da Sociologia da Educação. 
Figura 1.8 – Alunos.
A disposição como os alunos se posicionam em uma sala de aula é um indica-
dor de como as relações sociais se constroem nesse ambiente.
Fonte: Domínio Público <http://www.dominiopublico.gov.br/download/imagem/mf000201.jpg>.
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Sociologia da Educação | Unidade 1: Introdução à Sociologia da Educação
Durkheim não criou nenhuma teoria educacional, mas compreendeu que a Educação tem papel fundamental 
nas relações sociais. A educação, ao mesmo tempo que forma o indivíduo para o convívio social, é resultado 
desse mesmo convívio já estabelecido. Ao analisar esse “fato social” – o ambiente onde ocorre o processo de 
ensino-aprendizagem – você perceberá que alguns elementos são característicos a todo e qualquer processo 
educacional, seja em uma sala de aula do Brasil, seja em uma sala de aula na França. Outros aspectos, no entanto, 
irão refletir a especificidade de cada grupo sociocultural.
Não cabe, para Durkheim, a ideia de que a Educação escolar transformará sozinha a sociedade, pois ela é fruto de 
muitas experiências sociais. Ele afirma que a Educação deve suscitar na criança:
[...] um certo número de estados físicos e mentais  que a sociedade a que pertença  considere 
como indispensáveis a todos os seus membros; certos estados físicos e mentais que o grupo 
social particular  (casta, classe família, profissão)  considere igualmente indispensáveis a todos 
quantos o formem (DURKHEIM, 1978, p. 40).
Durkheim acreditava ainda na socialização metódica das novas gerações. Para formar essas gerações, ele afir-
mava que “A autoridade moral é a qualidade essencial do educador” (DURKHEIM, 1978, p. 53-54). Ele defendia a 
escola como lugar para ensinar as normas sociais às crianças: elas deveriam ser educadas por meio de aparatos 
metodológicos envolvendo técnicas, linguagens, infraestrutura e todas as demais dimensões organizativas que 
fazem parte da dimensão “educação”. Carvalho reflete sobre isso: 
O mundo racionalizado, usando dos mecanismos burocráticos, transforma a escola em um meio 
para almejar a posição de algum modelo, elaborado por esta mesma sociedade, de acordo com 
as suas necessidades, obrigando o ser humano, inserido em todo esse processo, a limitar suas 
opções (CARVALHO, 2006, p. 160).
O saber ensinado, assim, deveria garantir a ordem social a partir da reprodução do modelo social vigente. Para 
Durkheim, a Educação deveria desenvolver os hábitos para o cumprimento das regras sociais. Veremos, nas pró-
ximas unidades, como outras abordagens propõem uma educação emancipadora – e não conformadora. Até lá!
Agora que você já conhece os fundamentos da Sociologia, do Positivismo e da Sociologia 
da Educação, pode participar de maneira crítica do desafio proposto no Fórum. Como você 
enfrentaria, com as ferramentas da Sociologia da Educação, um ambiente escolar vio-
lento? Coloque suas ideias, suas propostas e debata com seus colegas! 
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Considerações finais
Nesta unidade, você começou a mapear os principais conceitos que envol-
vem a Sociologia e a Sociologia da Educação, incluindo o estudo de suas 
origens e de seus principais representantes. Nesse percurso, você viu que:
• a sociologia é a “ciência que tem com objeto de estudo a orga-
nização e o funcionamento das sociedades humanas e as leis 
essenciais que regem as relações numa determinada sociedade” 
(MICHAELIS, 2017);
• a Sociologia da Educação é o “ramo da sociologia que trata dos 
aspectos sociológicos da educação, os valores sociais que nor-
teiam os objetivos do ensino, os métodos de ensino e a relação 
entre a educação e outras instituições” (MICHAELIS, 2017);
• Auguste Comte foi o criador da Sociologia a partir do enfoque 
positivista;
• o Positivismo afirma que existe a possibilidade de pensar os pro-
blemas sociais pelos critérios das ciências naturais;
• para Comte, existem três estados de conhecimento: o teológico, o 
metafísico e o positivista;
• o conhecimento teológico é revelado, é um ato de fé;
• o conhecimento metafísico é uma abstração, está para além da 
Física: é um exercício lógico e mental;
• o conhecimento positivista é um conhecimento científico, que per-
mite a experimentação e a comprovação dos resultados obtidos;
• para os positivistas, a sociedade pode ser reorganizada seguindo 
o lema de Ordem e Progresso, o mesmo lema que consta da ban-
deira brasileira, elaborada por seguidores de Comte;
• outro grande pensador, também considerado um dos pais da 
Sociologia, foi Emile Durkheim;
• Durkheim criou o conceito de “fato social”, análogo aos fatos 
observados pelas Ciências Naturais;
• o fato social apresenta três características: generalidade, exterio-
ridade e coercitividade;
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Considerações finais
• o “fato social”, que é objeto de estudo na Sociologia da Educa-
ção, são todos os elementos e fenômenos envolvidos com o pro-
cesso de ensino-aprendizagem, desde a própria infraestrutura do 
ambiente até os papeis desempenhados por professores, alunos, 
família etc.;
• para Durkheim, a educação é conformada pela sociedade e mol-
dada para atender às demandas sociais.
Referências bibliográficas
CARVALHO, A. B. de; SILVA, W. C. L. da (Org.). Sociologia e educação: lei-
turas e interpretações. São Paulo: Avercamp, 2011. 
COMTE, A. Discurso preliminar sobre o espírito positivo. Tradução de 
Renato Barboza Rodriguez Pereira. Disponível em <http://www.ebooks-
brasil.org/adobeebook/comte.pdf>.Acesso: 24 fev. 2017.
DICIONÁRIO Michaelis Online. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.
br/moderno-portugues/>. Acesso: 23 fev. 2017.
DURKHEIM, É. Educação e sociologia. 11. ed. São Paulo: Melhoramentos, 
1978. 
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