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U N O PA R CO N TA B ILID A D E D O SETO R PÚ B LICO CONTABILIDADE DO SETOR PÚBLICO Contabilidade do Setor Público Carla Patricia Rodrigues Ramos Vânia de Almeida Silva Machado Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Machado, Vânia de Almeida Silva M149c Contabilidade do setor público / Vânia de Almeida ISBN 978-85-8482-113-6 1. Orçamento. 2. Patrimônio. I. Ramos, Carla Patricia Rodrigues. II. Título. CDD 657.61 © 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente: Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava Diretor de Produção e Disponibilização de Material Didático: Mario Jungbeck Gerente de Produção: Emanuel Santana Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra Danna Gerente de Disponibilização: Everson Matias de Morais Editoração e Diagramação: eGTB Editora Silva Machado, Carla Patricia Rodrigues Ramos – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A., 2015. 192 p. Sumário Unidade 1 | Orçamento Público e Licitação Seção 1 - Orçamento 1.1 | Conceito e histórico do orçamento 1.2 | Planejamento-orçamento Seção 2 - Princípios Orçamentários 1 | Introdução 2 | Ciclo Orçamentário Seção 3 - Licitações 1 | Introdução 2 | Modalidades de licitações 3 | Princípios licitatórios 7 19 11 11 13 23 30 33 33 35 42 Unidade 2 | Receita e Despesa Pública Seção 1 - Receitas 1 | Conceito 2 | Classificação da receita 3 | Receita orçamentária 55 59 59 60 60 4 | Ingressos Extraorçamentários 5 | Receitas Intraorçamentárias 6 | Receitas originárias e derivadas 7 | Receitas efetivas e não efetivas Seção 2 - Despesas 1 | Conceito 2 | Classificação da despesa 75 70 71 73 73 75 75 111 111 113 117 Unidade 3 | Regimes, Sistemas e Demonstrações Contábeis Seção 1 - Regimes e Sistema Contábil 1 | Regimes contábeis 2 | Princípios de contabilidade 3 | Sistema contábil 107 Seção 2 - Subsistemas de Informações Contábeis e Suas Demonstrações 1 | Subsistema orçamentário 2 | Subsistema financeiro 3 | Subsistema patrimonial 4 | Subsistema compensado 5 | Subsistema de custos 6 | Balanços 7 | Balanço orçamentário 8 | Anexo 13 – balanço financeiro 9 | Anexo 14 – balanço patrimonial 10 | Anexo 15 – demonstração de variações patrimoniais 11 | Demonstração dos fluxos de caixa 12 | Demonstração das mutações do patrimônio líquido 13 | Notas Explicativas Às Demonstrações Contábeis 14 | Formalidades do registro contábil 123 123 125 125 128 128 129 130 134 135 136 137 140 143 144 157 157 162 164 Unidade 4 | Patrimônio Público: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido Seção 1 - Patrimônio Público 1 | Ativo 2 | Passivo 3 | Patrimônio líquido 153 167 167 168 168 168 180 181 Seção 2 - Plano de Contas e Registros Patrimoniais 1 | Conceito de plano de contas 2 | Objetivo de um plano de contas 3 | Conta contábil 4 | Plano de contas padrão 5 | Registros patrimoniais 6 | Exemplo de lançamentos básicos na contabilidade aplicada ao setor público conforme Secretaria do Tesouro Nacional – STN Apresentação Seja bem-vindo à disciplina de Contabilidade do Setor Público, disciplina essa, que coloca o foco nas atividades governamentais voltadas à área orçamentária, financeira, patrimonial e contábil. Vamos iniciar, agora, o nosso estudo da contabilidade do setor público, ou seja, a contabilidade aplicada ou voltada a um setor específico, o campo governamental, aquele onde estão inseridos os entes federados (a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios) e também todas as pessoas que administram recursos, guardam bens ou serviços públicos e estamos incluindo aqui os fundos, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas dependentes, as sociedades de economia mista com os recursos oriundos desta atividade estatal. Nesse setor, mesmo o contador, deve aprender também um pouco do Direito Administrativo, porque no campo privado podemos realizar atos que não estão inseridos em uma norma como proibido, ou seja, se a lei não proíbe então o entendimento é de que o sistema jurídico brasileiro permite tal ato. Mas, no campo público, só podemos realizar o que estiver expressamente permitido, com isso, somente se realiza aquilo que consta em lei, se não está na lei, é proibido sua realização, baseado no Princípio Constitucional da Legalidade. Não que o contador deva ser especialista em Direito Administrativo, mas deve se ter uma boa noção da matéria para que assim possa saber o que ele pode ou não fazer e como deve proceder com determinado ato ou fato, bem como conferir se as receitas e as despesas realizadas estão de acordo com as normas, se o objeto da contabilidade, que é o controle patrimônio, está sendo registrado corretamente, ou ainda, se a execução dos instrumentos de planejamento, legalmente aprovados, está sendo executada conforme os princípios e normas pertinentes. Também na atividade pública o especialista contábil, além do cargo de contador pode estar atuando como auditor e, com isso, se faz necessário saber além da contabilidade, compreender a parte do ordenamento jurídico, direito financeiro, direito administrativo, bem como direito constitucional, não deixando a cargo ou tendo que confiar plenamente na procuradoria do ente. Então, nesse livro, vamos abordar a contabilidade do setor público, adentrando nas receitas e despesas públicas, que são os recursos públicos. Estudaremos a parte orçamentária, já que existem alguns instrumentos de planejamento específicos e obrigatórios a cargo do Poder Executivo, novas normais da contabilidade aplicada ao setor público, de acordo com as normas de padrões internacionais, regimes e sistemas contábeis que envolvem este campo, os novos subsistemas de informações e suas demonstrações contábeis. Por fim, sendo um livro específico para o estudante do Curso de Ciências Contábeis, também abordaremos especificidades a respeito da escrituração contábil e o novo plano de contas padrão. Todo o assunto abordado está baseado em atualizações das normas jurídicas voltadas para as finanças públicas brasileiras. ORÇAMENTO PÚBLICO E LICITAÇÃO Nesta seção, trataremos, primeiramente, do conceito de orçamento público, ou seja, como é o planejamento na administração pública e na sequencia você entenderá quais são os instrumentos para que o planejamento seja colocado em prática e as explicações de quando passou a serem obrigatórias determinadas leis, assim como as particularidades e vigência de cada lei orçamentária. Também abordaremos aspectos históricos das tentativas de reestruturação das finanças no Brasil. Seção 1 | Orçamento Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade, vamos aprender o conceito de orçamento e como é dividido e discriminado o orçamento público. Veremos quais os instrumentos de planejamento à disposição e obrigatórios aos entes públicos, assim como todos os princípios que norteiam a lei orçamentária. Dentro ainda desta unidade, vamos também compreender o conceito do procedimento administrativo dentro dos entes públicos chamados de licitação, qual o objetivo de sua realização e os parâmetros obrigatórios por lei e princípios para que ocorra com transparência e ampla igualdade de competição aos interessados. Vânia de Almeida Silva Machado Unidade 1 Orçamento Público e Licitação U1 10 Nesta seção, o objetivoestá em conceituar e explicar como é o procedimento administrativo, chamado de licitação, que deve ser realizado antes das compras ou contratações de serviços no setor público. Além de conceituar e explicar todo esse procedimento, vamos adentrar nos princípios que norteiam como devem ser, bem como o que pode ou não, tanto pela administração pública, quanto pelos participantes, chamados de licitantes. 1. Princípios Licitatórios. 2. Modalidades de Licitações. 3. Tipos de Licitações. Seção 3 | Licitações Nesta seção, o objetivo é verificar as bases que possui nosso ordenamento jurídico e que delineiam ou norteiam a criação e a execução dos instrumentos de planejamento que os entes públicos são obrigados a dar à iniciativa pelo Poder Executivo, após encaminhado para estudo e aprovação no Poder Legislativo e o retorno para sanção, sendo esse percurso o ciclo orçamentário. Seção 2 | Princípios Orçamentários Orçamento Público e Licitação U1 11 Introdução à unidade Quando se fala em orçamento, o que vem em seu pensamento? Já posso até imaginar. Vem um cálculo do que você recebe como salário e todo o montante das suas despesas mensais. Pois bem, no orçamento público também é essa mesma noção. Nós veremos que na administração não foge a esse pensamento e a essa regra, claro com suas particularidades, mas no todo é a mesma noção, equilibrar ao montante das receitas previstas o planejamento dos gastos públicos. Veremos que existem alguns tipos de instrumentos que ajudam os entes públicos a planejar todo o mandato do seu governante e ainda também há os mais curtos que cuidam do planejamento do exercício financeiro, transcrevendo nessas peças ou nessas leis o plano de governo de cada um. Primeiramente, vamos abordar um histórico do orçamento em nosso país e contar resumidamente a trajetória de reestruturar as finanças públicas no Brasil e como foi acontecendo até que chegou aos dias atuais. Será abordada ainda nesta unidade, a Lei nº 8.666/93, que regulamenta e trata das licitações e suas modalidades. A licitação é o modo legal de o governo adquirir produtos e serviços que irão auxiliar na sua função. Qualquer entidade pública que precisa adquirir qualquer bem ou serviço precisa se basear nesta lei. Assim, quando o gestor estabelece no orçamento que irá executar determinada obra, e para isso, se faz necessária a contratação de uma empresa para satisfazer a tarefa, necessariamente, o orçamento está prevendo a licitação. A modalidade e as regras que irão embasar esta licitação serão estabelecidas pelo administrador público. Por isso, da importância de ser entender a licitação, pois ela será aplicada em vários momentos do orçamento, de diversas formas. Assim, na seção 2 será abordado este tema de grande relevância para a administração e também para a contabilidade pública. Orçamento Público e Licitação U1 12 Orçamento Público e Licitação U1 13 Seção 1 Orçamento O estudo de um tema inicia-se, preferencialmente, pelo estudo etimológico e histórico da palavra. Desta maneira, temos um referencial histórico, demonstrando o surgimento e o desenvolvimento do assunto. Aqui será utilizada a mesma abordagem. Iremos iniciar o estudo falando sobre o conceito e um breve histórico de orçamento, para em seguida, expor as bases legais e teóricas do orçamento público. Com isso, você, caro leitor, poderá, ao fim desta seção, compreender o orçamento dentro das entidades públicas, verificando sua relevância e necessidade para uma boa administração. 1.1 Conceito e histórico do orçamento A palavra orçamento tem origem latina, mais precisamente no idioma italiano "orzare", que denota "fazer cálculos". O orçamento, dentro da entidade pública, possui a finalidade de se mostrar como uma ferramenta democrática que possibilita às pessoas exercerem o direito, por intermédio de seus mandatários, de só vislumbrarem efetivadas as despesas e admitidas as arrecadações tributárias que estiverem autorizadas na lei orçamentária. Dito isso, verifica-se que o orçamento é uma peça jurídica, pois dever ser aprovado pelo poder legislativo para começar a vigorar como lei. O objetivo do orçamento é dispor sobre a atividade financeira do estado, tanto do ponto de vista das receitas, como das despesas. O orçamento público, em sentido amplo, configura, desta maneira, como um documento legal, uma vez que é aprovado por lei, conforme mencionado anteriormente, em que estão previstas as receitas, bem como são estimadas as despesas a serem desenvolvidas por um gestor governamental, dentro de um determinado período. A história principal do orçamento no Brasil começa por volta do ano de 1960, com a construção da capital, Brasília, em que foi necessário um endividamento para que se concretizasse a iniciativa do Presidente Jânio Quadros. Logo em 1964, temos a aprovação da Lei nº 4.320, lei que rege o direito financeiro em meio ao regime militar do então presidente, Castelo Branco. Como o intuito era o de organizar as finanças públicas brasileiras, também Orçamento Público e Licitação U1 14 foi criado o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil, mas os recursos da União ainda eram mantidos no Banco do Brasil. Antônio Delfim Neto, convidado em 1967 para atuar como Ministro da Fazenda pelo presidente Costa e Silva, permaneceu no cargo no período do presidente Emílio Garrastazu Médici. Seu período como Ministro da Fazenda foi considerado como ciclo do "milagre econômico" e institui o sistema de programação financeira. Encerrando-se, assim, a década de 60 com crescimento do Produto Interno Bruto – PIB de quase 10% a.a. e a dívida externa em torno de cinco milhões de dólares. Em 1976, é instituída da Lei das sociedades anônimas, sendo um grande avanço e crescimento do mercado de capitais, mas também endividamento do setor público e redução do endividamento no setor privado. Ao final da década de 70 acontece a segunda crise mundial do petróleo, com crescimento do PIB de 6% a.a. e endividamento em torno de 44 bilhões de dólares. A década de 80 é a década de pagamento das contas, chega a hora do pagamento do endividamento. Esgotam-se os empréstimos para o país e o crescimento do PIB fica em -4%. O Fundo Monetário Internacional aceita, mesmo nestas condições, emprestar dinheiro para o Brasil, com a condição de organizar suas finanças públicas. Com isso, no ano de 1986, José Sarney assume a presidência e institui o plano cruzado, como tentativa de organizar as finanças, como acordado com o FMI, com o objetivo de colocar em prática os quatro pilares para reorganizar as finanças no país. Acontece também a criação da Secretaria do Tesouro Nacional, a STN, em 1986 e, no mesmo ano, a implantação de equipamentos de informática com o sistema integrado, o SIAFI, (considerado como referência mundial), mesmo durante o período considerado de reserva da informática. Com a Constituição Federal é implantada a conta única do Tesouro Nacional que, até então, eram segregadas em diversos bancos, e também a ideia do orçamento único, ou seja, uma única lei orçamentária, a LOA. Com tudo isso, no final da década de 80, a inflação chega em 2000% a.a., resumindo, o dinheiro não vale mais nada. Chega à década de 90 e assume o presidente Fernando Collor de Melo. Nesse momento é retido o dinheiro da população, com isso, a inflação começa a diminuir e em 1991 sai de 2000% a.a. para 492% a.a. Em 1992, temos o movimento dos caras pintadas, e também um marco na contabilidade, a Resolução nº 750 do Conselho Federal de Contabilidade – o CFC e, com isso, consolidam-se as práticas contábeis. Na década de 90, o Plano Real e a inflação chegam a 22% a.a. e o novo presidente, Orçamento Público e Licitação U1 15 Fernando Henrique Cardoso, realiza a segunda tentativa de reajustamentodas finanças públicas brasileiras. A dívida mobiliária deve ser renegociada, pois a dívida contratual estava controlada. Além de renegociar dívida, é editada a Lei Camata, para regulamentar a despesa com pessoal de Estados e Municípios. Assim, encerra- se a década de 90 com a inflação em 6% a.a. No ano de 2000, a tão necessitada Lei de Responsabilidade Fiscal, LRF, é criada para mais uma vez tentar reorganizar as finanças públicas. Tanto União, quanto Estados, Distrito Federal e Municípios começam a controlar seus limites de endividamento, gastos com pessoal, operações de créditos e garantias. Também mesma época, surge a IASB, sendo o órgão responsável pelas normas internacionais de contabilidade. Luiz Inácio Lula da Silva assume a Presidência do Brasil, em um ótimo momento de endividamento, caindo e inflação controlada. Seu objetivo é se preocupar com o desenvolvimento econômico do país. É criada, então, a Lei das Parcerias Público-Privadas – PPP, em que o governo convida os parceiros privados para ajudar o Poder Público que não pode se endividar. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva é reeleito. No ano de 2006 o crescimento aumenta e o endividamento começa a diminuir, com isso, em 2007 as finanças se organizam pela primeira vez na história do país, e colocam o seu endividamento a zero. Neste momento, o Brasil é credor da dívida ainda, mas os países devem um montante ainda maior ao Brasil do que nós devemos a eles, assim, há o equilíbrio da balança negocial. É o momento esperado de reorganização da economia, sendo o país considerado um ótimo lugar para se investir. Então, finalmente, com todos os acontecimentos, os quatro pilares são: STN, SIAFE, conta única e orçamento único instituído pela Constituição Federal. Na participação do presidente em um congresso de contadores no Rio Grande do Sul nasce a Portaria nº 184, para que o Brasil adote os padrões internacionais de contabilidade. Sendo este um momento de revolução na contabilidade. É assinado o acordo com os órgãos internacionais e neste ano é editada a Lei 11.638, que altera a Lei nº 6.404, Lei das Sociedades Anônimas. 1.2 Planejamento-orçamento A Constituição Federal de 1988 institucionalizou um verdadeiro sistema orçamentário ao prever a edição da Lei do Plano Plurianual, Lei de Diretrizes e Lei do Orçamento Anual, que se interligam com o objetivo de dotar o setor público num processo de planejamento orçamentário de curto, médio e longo prazo. Esse planejamento abrange todos os poderes (executivo, legislativo e judiciário) na Orçamento Público e Licitação U1 16 União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios. 1.2.1 Plano Plurianual – PPA É um dos instrumentos de planejamento e compõe as Transparências Públicas. Está previsto no art. 165 da Constituição Federal de 1988, o qual apresenta no artigo 165 que “Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual” (BRASIL, 1988). O Plano Plurianual – PPA, é o que chamamos de planejamento a médio prazo da administração pública, devido a sua vigência de 4 anos. Ao assumir o mandato, já no primeiro ano, o chefe do poder executivo deve elaborar o seu planejamento de gastos, ou seja, o gestor deve estabelecer o que pretende executar, em termos de obras e serviços, durante seu período de governo quatro anos e transcrever no documento o seu programa de governo. Em seu primeiro ano de mandato, o gestor realiza ou cumpre o último ano do Plano Plurianual do gestor anterior. É em decorrência disso, que se fala que o Plano Plurianual, o PPA, tem um ano de defasagem. Se quiser ver um Plano Plurianual – PPA verdadeiro, acesse o link a seguir e veja esse instrumento de planejamento da União: Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/ministerio.asp?inde x=10&ler=s1086##ppaAtual>. 1- Analise as afirmativas abaixo: I- Orçamento: tem como foco os fatos que se relacionam diretamente com o fluxo financeiro da entidade. II- Orçamento: tem como foco as alterações do patrimônio Orçamento Público e Licitação U1 17 da entidade. III- Contabilidade: tem como foco os fatos que se relacionam diretamente com o fluxo financeiro da entidade. IV- Contabilidade: tem como foco as alterações do patrimônio da entidade. É correto o que se afirma em: a) Apenas as alternativas II e III. b) Apenas a alternativa I. c) Apenas a alternativa IV. d) Apenas as alternativas I e IV. e) Apenas a alternativa II. 2- Analise as sentenças a seguir. I- Estabelece as diretrizes, objetivos e metas da administração pública. II- Possui um ano de defasagem e tem vigência de quatro anos. III- Prazo de envio ao legislativo para sua aprovação é de até quatro meses antes do encerramento do primeiro ano de mandato. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a que estas sentenças se referem. a) Lei de Diretrizes Orçamentárias. b) Plano Plurianual. c) Lei Orçamentária Anual. d) Lei 4.320/64. e) Lei 101/00. 1.2.2 Lei de Diretrizes orçamentárias – LDO Instrumento de planejamento que surgiu com a Constituição Federal de 1988. A Lei de Diretrizes Orçamentárias – a LDO, deve orientar a elaboração e execução do orçamento anual e tratar de vários outros temas, dentre eles as alterações Orçamento Público e Licitação U1 18 Art.165, § 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento (BRASIL, 1988). Constata-se assim, que a Lei de Diretrizes Orçamentárias – a chamada LDO, é o elo entre o Plano Plurianual – o PPA, e a Lei de Orçamento Anual – a LOA, e trata-se de uma lei de vigência anual e de iniciativa do poder executivo, ou seja, é o poder executivo que provoca o poder legislativo, enviando a este um projeto de lei para estudo e aprovação, após retornando ao executivo para que o seu chefe sancione e publique a lei. Como chefe do poder executivo, a nível Federal, temos a União com o Presidente da República, a nível estadual os Estados e o Distrito Federal, com seus Governadores e no nível municipal as prefeituras com seus prefeitos. Conforme o artigo 35, §2°, inciso II, dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias deverá ser encaminhado ao Legislativo até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro (meio do mês de abril) e devolvido para a sanção ao poder executivo até o encerramento da sessão legislativa (em meados de dezembro). Art. 35, §2°, inciso II ADCT - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa (BRASIL, 1988). Sobre esse instrumento de planejamento, a LDO, a Lei de Responsabilidade tributárias, os gastos com pessoal, a política fiscal e as transferências da União. Assim, a Constituição Federal afirma: Orçamento Público e Licitação U1 19 Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2º do art. 165 da Constituição e: I- disporá também sobre: a) equilíbrio entre receitas e despesas; b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. 9º e no inciso II do § 1º do art. 31; c) (VETADO) d) (VETADO) e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos; f) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas eprivadas (BRASIL, 2000). Neste artigo citado, vemos que o legislador ampliou o conteúdo do texto da Lei de Diretrizes Orçamentária – LDO, acrescentando assuntos relativos ao equilíbrio financeiro, à limitação de despesa e às normas para controle de custos e avaliação de resultados. Portanto, o que se pretende com essa ampliação de assunto é eliminar a ocorrência de déficit na gestão fiscal. E com esse objetivo incluiu critérios para avaliar os resultados da entidade e os Anexos de Riscos Fiscais e passou a ser uma exigência com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Também neste artigo, há a determinação do controle dos custos no setor público. Dê uma olha na Lei de diretrizes Orçamentária da União, no site do Senado Federal: Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividade- legislativa/orcamentobrasil/ldo/ldo2015>. Fiscal também se manifesta em seu art. 4º: Orçamento Público e Licitação U1 20 Art. 165. § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá: I- o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II- o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III- o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público (BRASIL, 1988). Neste artigo da Constituição Federal, temos o que conterá a lei orçamentária e podemos extrair claramente que, conforme artigo 165 citado e seus incisos, têm- se o princípio da unidade que iremos estudar adiante e que significa que tudo do ente federado - União, Estados, Distrito Federal ou Municípios – estará contido e, consequentemente, autorizado em uma única peça orçamentária, inclusive o orçamento de suas empresas. No Brasil, além da Constituição Federal, a Lei nº 4320 de 17 de março de 1964, a Lei complementar nº 101 de 4 de maio de 2000, Portaria Interministerial STN/SOF nº 163 de 4 de maio de 2001 e a Portaria Conjunta STN/SOF nº 3 de 14 de outubro de 2008, são as principais leis que deverão ser observadas para elaboração da Lei de Orçamento Anual. Assim como no meio empresarial, os governos devem elaborar seus planejamentos. Partindo de uma situação atual e da previsão de alguns cenários políticos e econômicos, pode-se planejar de forma mais ampla os próximos 10 1.2.3 Lei orçamentária Anual - LOA A Lei Orçamentária Anual, prevista no artigo 165, § 5º da Constituição Federal, constitui o mais importante instrumento de gerenciamento orçamentário e financeiro da administração pública brasileira, cuja principal finalidade é administrar o equilíbrio entre receitas e despesas públicas, que também é um dos princípios orçamentários. Orçamento Público e Licitação U1 21 anos, considerado de longo prazo. Este orçamento mais abrangente servirá de norteador para elaboração do Plano Plurianual, que já é a médio prazo e também para o orçamento anual, a curto prazo. No orçamento, as despesas são fixadas, não podendo ter excessos, já as receitas são previstas, isto que dizer que poderão ser menores ou maiores que o valor constante no orçamento. Na Lei Orçamentária Anual, as despesas são fixadas e as receitas estimadas. Isto, porque as receitas poderão se realizar menores ou maiores do que as previstas, já as despesas não poderão acontecer em valor superior ao fixado, podendo, no entanto, ser menores. Ainda com foco constitucional, agora referente a prazos, conforme o artigo 35, §2°, inciso III dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado ao Legislativo até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro (final de agosto) e devolvido para a sanção até o encerramento da sessão legislativa (até meados de dezembro), conforme transcrição do artigo “Art. 35, §2°, inciso III, ADCT - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa” (BRASIL, 1988). Mas agora você me diz, professora, mas o artigo 35 da ADCT diz que a União encaminhará o projeto de lei orçamentária até quatro meses antes do encerramento do ano. Agora pergunto: e no caso dos outros entes federados, qual o prazo para o envio deste projeto de lei? Sim, o artigo diz à União, mas a doutrina aplica, por analogia, aos demais entes federados, ou seja, como se trata da mesma situação, no caso o envio do projeto de lei de orçamento pelo poder executivo ao poder legislativo para estudo e aprovação, a mesma determinação aos demais. Orçamento Público e Licitação U1 22 Se você tivesse influência na elaboração do Plano Plurianual do próximo governo, o que você elencaria como prioritário? E no orçamento anual do próximo ano, para qual despesa você destinaria mais recursos do que normalmente é destinado? 1- Sobre o Princípio Orçamentário da Unidade é correto afirmar: a) Determina que a LOA de cada ente federado deverá conter todas as receitas e despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo poder público. b) Determina a existência de orçamento único para cada um dos entes federados – União, Estados, Distrito Federal e Municípios – com a finalidade de se evitar múltiplos orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política. c) Delimita o exercício financeiro orçamentário: período de Para entender um pouco mais sobre todo o trajeto do orçamento, seu conceito e ciclo de estudo e aprovação, navegue um pouco no site a seguir e acompanhe o ciclo orçamentário federal: Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/orcamentobrasil/ loa/loa-2015>. Orçamento Público e Licitação U1 23 tempo ao qual a previsão das receitas e a fixação das despesas registradas na LOA irão se referir. d) A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei. e) Determina a existência de vários orçamentos, sendo um para cada um dos entes federados – União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 2- Assinale a alternativa que completa corretamente a sentença a seguir: As despesas _____________ são as que necessitam de autorização legislativa para poderem ser realizadas, ou seja, devem figurar no ______________, para que se possa efetivamente realizar o gasto. a) extraorçamentárias; orçamento público. b) orçamentárias; orçamento público. c) correntes; balanço patrimonial. d) orçamentárias; balanço patrimonial. e) extraorçamentárias; balanço patrimonial. Orçamento Público e Licitação U1 24 Orçamento Público e Licitação U1 25 Seção 2 Princípios Orçamentários 1 Introdução Antes de adentrarmos no estudo específico de princípios orçamentários, vamos primeiro saber o que são os princípios. O termo princípio nos dá a noção de começo ou início de alguma coisa, porém, em termos jurídicos, é muito mais amplo do que isto. O princípio quer, na verdade, alicerçar uma estrutura, garantir a sua existência e a sua aplicabilidade, ou seja, ser a base para as leis. Segundo o Dicionário Aurélio, princípio seria o momento ou local, ou ainda, trecho em que algo tem origem, ou o seu começo. Acrescentando a esse conceito do dicionário, conceitua-se princípio, em Filosofia, dizendo ser a origem de algo, de uma ação ou de um conhecimento e, em Lógica, conceitua-se como aproposição que serve de base, ainda que de um modo provisório ou temporário, e cuja verdade não é questionada. Portanto, temos que princípios são pontos norteadores ou que dão rumo para formação das normas jurídicas, ou seja, baseando-se nos princípios existentes é que os legisladores fazem as leis. Os princípios orçamentários têm o objetivo de estabelecer regras básicas que nortearão os processos de elaboração, execução e controle do orçamento público, a fim de conferir racionalidade, eficiência e transparência. Os princípios orçamentários básicos para toda a elaboração, execução e controle do orçamento público, para todos os poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – e em todos os níveis de governo – Federal, Estadual e Municipal – estão definidos na Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 4.320/1964, que estatui normas gerais de direito financeiro aplicadas à elaboração e ao controle dos orçamentos. Então agora vamos ver alguns princípios orçamentários. 1.1 Unidade ou totalidade O princípio da Unidade vem previsto na Lei nº 4.320/64, art. 2º, “A Lei do Orçamento Público e Licitação U1 26 Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos aos princípios de unidade, universalidade e anualidade” (BRASIL, 1964, grifo nosso). A Lei 4.320/64 (BRASIL, 1964) determina que sejam obedecidos e aplicados os princípios da unidade, da universalidade e ainda o princípio da anualidade, além de termos também na Lei maior do nosso país a exigência de tal princípio, conforme artigo 165, § 5º da Constituição Federal. § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá: I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. (BRASIL, 1988). Neste artigo, como se pode ler, está no singular, “a lei orçamentária compreenderá”, dando a noção aqui da peça única e com isso, temos a determinação de existência de orçamento único para cada um dos entes federados – por entes federados entendemos a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios – com a finalidade de se evitarem múltiplos orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política. Dessa forma, todas as receitas previstas e todas as despesas fixadas no orçamento, em cada um dos exercícios financeiro, devem integrar um único documento dentro de cada esfera federativa: a Lei Orçamentária Anual – LOA. 1.2 Universalidade Assim como estudamos no início da unidade, o princípio da universalidade é um princípio orçamentário e não contábil, portanto, agora essa universalidade é somente Orçamento Público e Licitação U1 27 quando se fala em orçamento. Este princípio também vem previsto no mesmo art. 2º da Lei nº 4.320/64, sendo esse artigo recepcionado e normatizado pelo §5º do art. 165 da Constituição Federal, o qual determina que a Lei Orçamentária Anual – LOA, de cada um dos entes federados (União Estados, Distrito Federal e Municípios) deverá conter todas as receitas e todas as despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo poder público. Assim como também nos art. 3º e 4º da Lei nº 4.320/64 há a noção deste princípio: Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá tôdas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações de credito por antecipação da receita, as emissões de papel- moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros. Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada, ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o disposto no artigo 2°. (BRASIL, 1964). Então, o princípio da universalidade deriva da ideia do próprio nome, universo, tudo, e com isso então, o princípio significa que todas as receitas e todas as despesas integrarão o orçamento. 1.3 Anualidade ou periodicidade O próximo princípio, da anualidade, vem expresso, assim os princípios da unidade e da universalidade, também no caput do art. 2º da Lei nº 4.320, de 1964, que delimita o orçamento para o período anual, ou seja, o exercício orçamentário deverá ser realizado e previsto para período de um ano, ao qual a previsão das receitas e a fixação das despesas registradas na LOA irão se referir. Segundo o art. 34 da Lei nº 4.320, de 1964, o exercício financeiro coincidirá com o ano civil e, por isso, será de 1º de janeiro até 31 de dezembro de cada ano, conforme apresentado no artigo 34 “O exercício financeiro coincidirá com o ano civil” (BRASIL, 1964). Orçamento Público e Licitação U1 28 Então, aqui fica claro que além de ser definido que o orçamento deverá ser referente ao período de um ano, ele também deverá coincidir com o ano civil, ou seja, de janeiro a dezembro. 1.4 Exclusividade O §8º do art. 165 da Constituição Federal estabelece que a Lei Orçamentária Anual não inclua em seu texto nenhum dispositivo que não esteja relacionado à previsão da receita ou à fixação da despesa, que é o conceito de orçamento. Existe uma exceção, quanto às autorizações para aberturas dos créditos adicionais e ainda à contratação de operações de crédito. § 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei. (BRASIL, 1988). Essa autorização de abertura de créditos adicionais na própria lei orçamentária é para que já se coloque o limite em que se pretende trabalhar, já tendo a noção devido às ocorrências de anos anteriores. 1.5 Orçamento bruto Previsto pelo art. 6º da Lei nº 4.320, de 1964, este princípio contábil e orçamentário determina que as receitas e despesas dos entes públicos não estejam no orçamento com seus valores líquidos. Como exemplo, podemos citar as receitas que sofrem retenção para o Fundeb, pois de acordo com o artigo 6º “Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções” (BRASIL, 1964). Exemplo: Fundeb, tem estimado para determinado município cinco milhões de recursos do Fundo de Participação dos Municípios – FPM, com isso 20% deverá ser retido para o Fundeb, mas no orçamento constará o valor bruto de cinco milhões. Orçamento Público e Licitação U1 29 1.6 Legalidade A questão da legalidade do orçamento possui paralelo semelhante ao previsto para administração pública, ou seja, somente pode realizar ou deixar de realizar aquilo que está expressamente previsto na lei. O orçamento, portanto, está submetido à lei. O Artigo 37 da Constituição Federal de 1988 estabelece os princípios da administração pública, dentre os quais o da legalidade. Já no Artigo 165, impõe a necessidade de formalização legal das leis orçamentárias: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]. Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I– o plano plurianual; II– as diretrizes orçamentárias;III– os orçamentos anuais. (BRASIL, 1988). 1.7 Publicidade Princípio básico da atividade da administração pública, também previsto no art. 37 da Constituição Federal de 1988, deve divulgar seus atos em seus respectivos Diários Oficiais para dar conhecimento de todos seus atos à sociedade. Com isso, você pode me perguntar: Professora tudo é dado conhecimento à sociedade então? Não, existem exceções, quando o interesse público ou a segurança justificar o sigilo, os atos que envolvam o assunto não serão publicados. Esse princípio da publicidade está relacionado com a transparência no setor público que é o próximo tópico e princípio a ser comentado. 1.8 Transparência Assim como mencionado no princípio anterior, é dever da administração pública Orçamento Público e Licitação U1 30 a publicidade, assim como a transparência dos seus atos. Sendo a transparência o foco do momento e um tópico de cumprimento dos artigos. 48, 48–A e 49 da LRF, como transcrito: Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante: I– incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; II– liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; III– adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda ao padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a: I– quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado; II– quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários. Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade. (BRASIL, 2000). Orçamento Público e Licitação U1 31 Com o artigo da LRF, fica clara a inovação na atividade pública, em que cada vez mais o legislador insere obrigações aos entes públicos para que estes tornem mais claros os gastos e suas atitudes a toda a sociedade e que esta tenha uma maior facilidade para este acompanhamento, podendo-se citar, como exemplo, os relatórios divulgados, inclusive por meio eletrônico, sendo a internet cada dia mais popularizada. 1.9 Não afetação da receita de impostos Esta previsão está expressa no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal de 1988, e veda a vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, salvo exceções estabelecidas pelo próprio texto constitucional, conforme segue: Art. 167. São vedados: [...] IV- a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, §2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, §8º, bem como o disposto no §4º deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); [...] §4º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta. (BRASIL, 1988). As ressalvas são impostas pela própria Constituição Federal e possuem relação à divisão do produto da arrecadação dos impostos entre os fundos municipais, Orçamento Público e Licitação U1 32 estaduais e de desenvolvimento das regiões norte, nordeste e centro-oeste, ao destino de recursos para as áreas de saúde e educação, bem como à oferta de garantias às operações de crédito por antecipação de receitas (BRASIL, 2012). 1.10 Especificação Neste princípio fica estabelecido que as receitas e despesas não podem ser enviadas para aprovação em valores globais, devem ser todas especificadas, discriminadas para atender também aos demais princípios obrigatórios e para que assim não seja aprovado algo não condizente com o tema proposto. 2 Ciclo Orçamentário O ciclo orçamentário pode ser entendido como um processo contínuo e simultâneo, pelo qual se elabora, estuda, aprova, executa, controla e avalia toda a programação orçamentária e financeira das despesas públicas. Conforme o artigo 165 da Constituição Federal de 1988, o planejamento orçamentário ou o ciclo orçamentário será sempre de iniciativa do executivo, ocorrendo em três instrumentos orçamentários, sendo: o Plano Plurianual – PPA, as Leis de Diretrizes Orçamentárias – LDO e a Lei de Orçamento Anual – LOA. O projeto de lei de orçamento é de iniciativa do poder executivo (nível federal a União, nível estadual o governo dos estados ou o governador do distrito federal e a nível municipal os prefeitos) enviando-se ao poder legislativo (a nível federal o poder legislativo corresponde ao Congresso Nacional, enquanto a nível estadual corresponde às Assembleias Legislativas e em se tratando do nível municipal temos a correspondência do poder legislativo, sendo as Câmaras de Vereadores) para que este poder, após o estudo, aprove os projetos de leis orçamentárias. O projeto deve atender à Lei de Responsabilidade Fiscal em seu art. 5º e à Constituição Federal art. 165, § 6º e conter: Art. 5o O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar: I- conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas Orçamento Público e Licitação U1 33 constantes do documento de que trata o § 1o do art. 4o; II- será acompanhado do documento a que se refere o § 6o do art. 165 da Constituição, bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado; III- conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao: a) (VETADO) b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos. (BRASIL, 2000). § 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefíciosde natureza financeira, tributária e creditícia. (BRASIL, 1988). Sendo aprovados os projetos de leis, cada um no seu respectivo tempo, estes projetos serão encaminhados ao chefe do executivo (presidente, governadores ou prefeitos) para sancionar e publicar os projetos que agora são leis e sendo assim, devido ao princípio da publicidade na administração pública, deverão ser publicados para conhecimentos de todos os cidadãos. Se acontecer do poder Executivo, que tem a obrigatoriedade de iniciar o ciclo orçamentário, não o fizer em tempo hábil, poderá o poder legislativo reaprovar o orçamento anterior, ou seja, aquele orçamento que está em vigência e foi aprovado no exercício anterior, será aprovado também para que vigore no exercício seguinte, isso devido ao não encaminhamento pelo poder executivo de um projeto de lei orçamentária. Agora, se o poder legislativo não encaminhar os projetos aprovados para sanção até que se encerre a sessão legislativa daquele ano, poderá o poder executivo executar despesas que constituem previsão constitucional ou legal da União, como, por exemplo, podemos citar a receita que os Estados possuem de transferência da União, o Fundo de Participação dos Estados o FPE, ou também despesas relevantes que não possam esperar essa aprovação tardia da lei de orçamento quando já iniciado o exercício financeiro. Orçamento Público e Licitação U1 34 Para compreender melhor a importância do orçamento, podendo até “brincar” de prefeito com o Jogo do Orçamento, acesse <http://www. plenarinho.gov.br/camara/orcamento>. Será que é possível alguma outra forma de controle do planejamento no setor público e também no ciclo orçamentário? Orçamento Público e Licitação U1 35 Seção 3 Licitações 1 Introdução Com esse tópico adentramos na Lei nº 8.666/93, que objetiva estabelecer normas gerais sobre licitações e contratos administrativos referentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, conforme consta em seu art. 1º: Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. (BRASIL, 1993). Antes de qualquer coisa, o que é licitação? É um procedimento administrativo que se realiza antes da contratação de um serviço ou aquisição de mercadoria para selecionar a proposta mais vantajosa para o ente público. Note que a proposta mais vantajosa não é somente aquela que possui o menor preço, mais sim aquela que melhor atende às necessidades dessa pessoa contratante, o ente público. Pois nessa análise de proposta mais vantajosa, deve-se analisar além do preço proposto, também a qualidade daquilo que irá se Orçamento Público e Licitação U1 36 adquirir através desse procedimento administrativo. A obrigatoriedade de se realizar esse procedimento administrativo é norma constitucional e está expressamente descrito no art. 37 da Constituição Federal de 1988, em seu inciso XXI, conforme transcrito a seguir: XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. (BRASIL, 1988). Mas quem está obrigado a seguir essa lei chamada de “Lei de Licitações”? Para essa resposta, temos também descrito no art. 2º, como transcrevemos a seguir: Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei. (BRASIL, 1993). As pessoas que devem seguir essa lei chamada de “Lei de Licitações” são todos os órgãos da administração direta e indireta, incluindo os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Estes citados possuem a obrigatoriedade de seguir o que determina esta lei em seus processos de despesas para contratação de obras, Orçamento Público e Licitação U1 37 serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações. NÃO ESQUEÇAM Dentre os serviços temos: as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da administração pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei. Esse procedimento licitatório conforme a Lei nº 8.666/93 possui modalidades de licitações e tipos de licitações. Você deve estar pensando: Professora como saber quando é cada um? Não se assuste, pois eu explico, mas vamos com calma. 2 Modalidades de licitações Quando um órgão público vai realizar uma compra, ele faz uma pequena pesquisa de preços no mercado, tais como por telefone e fax, constituindo o seu banco de preços, e assim, já tem uma leve noção em sua pesquisa e fixa o valor máximo no procedimento licitatório. O mesmo acontece com a gente, em nosso dia a dia, pois pesquisamos em diversos lugares os valores do produto que temos o objetivo de adquirir, para que com isso possamos realizar um comparativo e ver qual o lugar que melhor atende às nossas necessidades. Essa pesquisa, apesar de rápida, é importante já que o preço que for apurado é o limite para a licitação, como já foi mencionado no parágrafo anterior, e o ente público não pode pagar mais que o valor pesquisado e considerado o valor de mercado. No momento em que é decidido esse valor, já é possível definir o que chamamos de modalidade de licitação, ou seja, a modalidade que deverá ou poderá ser usada, de acordo com a Lei nº 8.666/93, ou seja, qual o procedimento que deverá ser adotado. Para a escolha do pregão, o critério não é faixa de preço e sim a natureza do produto ou serviço. Depende, então, do órgão público a escolha da modalidade. Entretanto, a legislação brasileira recentemente obrigou o governo a dar preferência sempre ao pregão eletrônico. O que é esse tal de pregão eletrônico? Eu já explico, primeiro vamos verificar como são divididas as modalidades de Orçamento Público e Licitação U1 38 licitações. Os processos licitatórios são divididos em modalidades para uma melhor escolha do fornecedor e conforme o valor da compra a ser realizada. Assim como transcrito no art. 22 da Lei de Licitações: Art. 22. São modalidades de licitação: I- concorrência; II- tomada de preços; III- convite; IV- concurso; V– leilão (BRASIL, 1993). Mas o que é cada uma delas? Concorrência: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto (BRASIL, 1993). Essa modalidade é para as aquisições de valores mais elevados, tanto nas aquisições de serviços e bens, quantonas obras de engenharia, mas existem contratos que devam ser realizados por essa modalidade, independente do valor do seu contrato. É o caso descrito no art. 19 da referida lei: Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da autoridade competente, observadas as seguintes regras: I- avaliação dos bens alienáveis; II- comprovação da necessidade ou utilidade da alienação; III- adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou leilão. (BRASIL, 1993). Assim, alienações de imóveis da administração pública ou serão por concorrência Orçamento Público e Licitação U1 39 ou leilão, nos casos descritos no art. 19. Além de alienações de imóveis temos as concessões de direito real de uso, de serviços ou de obras públicas, das contratações de Parcerias Público-privadas as chamadas PPP, para os registros de preços, para as contratações em que seja adotado o regime de empreitada integral e das licitações internacionais, admitindo-se, nesta última situação, dentro dos limites previstos, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade licitante dispuser de cadastro internacional de fornecedores, ou o convite, quando não houver fornecedor do bem ou serviço no país. Quando realizar alienações pela modalidade concorrência, na fase de habilitação, deve limitar-se a comprovação do recolhimento da quantia corresponde a 5% da avaliação do bem. Essa modalidade, como dito antes, tem os valores máximos para as realizações de licitações e por isso pode ser utilizada para as contratações de bens e serviços de qualquer valor, mas existem aquelas situações em que não vale a pena realizá-la, devido o seu custo processual ser grande demais para o objeto do procedimento. Tomada de preços: é a modalidade de licitação entre os interessados cadastrados ou que atenderem a todas as condições solicitadas para cadastramento até três dias antes do recebimento das propostas (BRASIL, 1993). Esta modalidade está descrita no art. 22, § 2º da Lei de licitações. Convite: é a modalidade de licitação utilizada para contratações de menor vulto, entre interessados do ramo ligado à descrição do objeto, cadastrados ou não no ente público, devendo ser escolhidos e convidados em número mínimo de três pela unidade administrativa, e ainda devendo fixar, em local adequado, cópia do edital ou instrumento convocatório e o estendendo aos demais cadastrados na mesma especialidade que manifeste seu interesse com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas, conforme o § 3º (BRASIL, 1993). Pelo entendimento do Tribunal de Contas da União deve haver três propostas válidas e não somente três participantes e convidados, ou apresentar justificativa plausível a não participação do número mínimo exigido. § 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos no § 3º deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no processo, sob pena de repetição do convite. (BRASIL, 1993). Orçamento Público e Licitação U1 40 Concurso: é a modalidade de licitação entre qualquer pessoa que tenha interesse no procedimento de escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante o repasse de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme condições estabelecidas no edital publicado na imprensa com antecedência de no mínimo 45 dias (BRASIL 1993). Essa modalidade também é utilizada para escolha de projetos arquitetônicos e como pagamento do prêmio, encerra-se a licitação sem haver assinatura de contrato e assim, o vencedor, não poderá participar de uma licitação futura para a realização do projeto. Não confundir modalidade concurso com concurso público, pois a modalidade é para escolha de trabalhos técnicos, científicos ou artísticos, como, por exemplo, podemos citar a feitura de uma escultura do padroeiro da cidade na entrada principal do edifício administrativo do município que não é realizada para contração de servidores públicos. Leilão: esta é a modalidade de licitação também entre qualquer pessoa que tenha interesse no procedimento que vise à venda de bens móveis inservíveis da administração pública ou de produtos que foram legalmente apreendidos ou penhorados, ou ainda, para a alienação (venda) de bens imóveis, tal como está previsto no art. 19, a quem oferecer o maior valor, igual ou superior ao valor da avaliação do bem objeto do procedimento administrativo (BRASIL, 1993). Notem que os procedimentos são abertos a todos interessados, sendo dado a todos aqueles que possuem os requisitos mínimos exigidos para participação do certame, como também é chamado o procedimento licitatório, conforme a modalidade proposta, para que seja respeitado o princípio da isonomia entre os participantes, ou dentre aqueles que se encontram na mesma situação. Além dessas modalidades citadas na Lei nº 8.666 de 1993, a Lei de Licitações, temos mais uma modalidade inserida pela Lei nº 10.520 de 2002, a qual institui no âmbito de todos os entes federados, União, Estados, Distrito Federal e Municípios a nova modalidade intitulada de pregão. Temos então, conforme a nova legislação, que pregão é a modalidade inserida para aquisições de bens e serviços considerados comuns, conforme o art. 1º e § único da lei: Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei. Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste Orçamento Público e Licitação U1 41 artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado. (BRASIL, 1993). Este procedimento é realizado em sessão pública ou também por meio eletrônico, através de propostas e lances para menor preço, iniciando o certame através de convocação de interessados por meio de publicação em jornais de grande circulação ou jornais oficiais ou ainda na internet. Algumas opções são dadas ao ente público, conforme art. 4º da lei dos pregões. Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras: I- a convocação dos interessados será efetuada por meio de publicação de aviso em diário oficial do respectivo ente federado ou, não existindo, em jornal de circulação local, e facultativamente, por meios eletrônicos e conforme o vulto da licitação, em jornal de grande circulação, nos termos do regulamento de que trata o art. 2º (BRASIL, 2002). Nessa modalidade, além dos princípios comuns a todos os procedimentos licitatórios, possui como objetivo a celeridade do procedimento, ou seja, é mais rápido e ágil realizar um pregão do que qualquer outra modalidade. Há uma particularidade nesta modalidade que a difere das demais, pois o pregão tem primeiro a habilitação das empresas participantes e depois são verificados os lances apenas dos participantes habilitados e nas demais modalidades verifica-se os documentos da empresa selecionada com a proposta mais vantajosa, conforme inciso VII do art. 4º da Lei do Pregão: VII - aberta a sessão, os interessados ou seus representantes, apresentarão declaração dando ciência de que cumprem plenamente Orçamento Público e Licitação U1 42 os requisitos de habilitação e entregarão os envelopes contendo a indicação do objeto e do preço oferecidos, procedendo-se à sua imediata abertura e à verificação da conformidade das propostas com os requisitos estabelecidos no instrumento convocatório. (BRASIL, 2002). Mostrando assim ainda mais a celeridade do procedimento, não perdendo tempo com participantes que possuemproblemas nas documentações. 2.1 Os limites de valores Para cada modalidade, dentre concorrência, tomada de preço e convite, se tem um parâmetro de valores, como apresentado no art. 23, incisos de I e II da Lei de licitações: Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação: I- para obras e serviços de engenharia: a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais); b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); II- para compras e serviços não referidos no inciso anterior: a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais); c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais). (BRASIL, 2000). Nesse artigo, fica claro quanto aos parâmetros e também não se pode desmembrar em vários convites (procedimento mais simples) uma aquisição ou Orçamento Público e Licitação U1 43 serviço que na verdade caberia a uma modalidade concorrência, isso seria burlar a lei e fraudar a licitação. 2.2 As formas de execução das obras e ou serviços Conforme temos apresentado na Lei de Licitações em seu art. 10: Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas seguintes formas I - execução direta; II - execução indireta, nos seguintes regimes: a) empreitada por preço global; b) empreitada por preço unitário; c) (Vetado). d) tarefa; e) empreitada integral (BRASIL, 2000). I) Execução Direta: pela administração ou ente público, com seus próprios meios. II) Execução Indireta: através de terceiros, se dividindo nos seguintes regimes: a) empreitada por preço global: preço certo e total, na proposta o participantes já apresenta o valor total do serviço ou obra a ser realizada; b) empreitada por preço unitário: preço certo de unidades determinadas, como, por exemplo, realizar os pagamentos por medição de uma obra, podendo ser na construção de um prédio cada andar realizado; c) tarefa: mão de obra para pequenos trabalhos por preço certo, podendo ser incluído ou não os materiais empregados no serviço prestado; d) empreitada integral: quando se contrata o empreendimento em condições de entrar em operação, ou seja, não somente a construção de um prédio, mas todo o sistema de ar condicionado e as instalações incluídas no preço. 2.3 Os tipos de licitações? O primeiro ponto que devemos deixar bem claro é nunca confundir tipos de licitações com modalidades de licitações, pois tipos são as formas como serão Orçamento Público e Licitação U1 44 escolhidos os vencedores de cada procedimento licitatório. Temos também esse ponto na lei que trata do assunto, Lei de Licitações, no § 1º, do art. 45: § 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade concurso: I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço; II - a de melhor técnica; III - a de técnica e preço. IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso. (BRASIL, 2000). Quando se fala em menor preço, inciso I citado, não interessa mais nada, apenas o valor em si do objeto descrito no edital da licitação, como seu próprio nome já menciona. No inciso seguinte do parágrafo, II, tem a melhor técnica, nesse tipo são analisados os parâmetros técnicos na execução do trabalho que normalmente são trabalhos complexos, tais como serviços de natureza intelectual, especialmente na execução de projetos, cálculos, projetos básicos ou executivos de obras de engenharia. Para se aprofundar um pouco mais e acompanhar tudo sobre o tema licitações, acesse <http://www.licitacao.com.br/>. 3 Princípios licitatórios Há vários princípios relacionados com este procedimento administrativo, princípios Orçamento Público e Licitação U1 45 que limitam o campo de atuação do agente público e também do participante do procedimento licitatório. Tal como vemos no art. 3º da Lei de licitações: Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. (BRASIL, 2000). Então, vamos verificar no tema licitação cada um dos princípios abordados no artigo transcrito, assim como fizemos com os princípios orçamentários. 3.1 Legalidade No campo público somente é feito aquilo que está expressamente permitido em lei, se não consta em lei, o ente público, consequentemente, está proibido de fazer até que conste em lei. Diferentemente na área privada, em que se tal fato não está sendo vedado em uma lei, pode a entidade realizar sem problemas algum. Temos no art. 37 da Constituição Federal expressamente alguns princípios que a administração pública está sujeita e dentre eles o princípio da legalidade. “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (BRASIL, 1988, grifo nosso). Ainda temos no art. 5º da Constituição Federal, inciso II, dentre os direitos e garantias fundamentais, que todos apenas serão obrigados ou não a fazer algo se contido em lei estiver. “Art. 5º - II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (BRASIL, 1988). Portanto, isso se aplica na atividade pública, se estiver permitindo em lei, poderá ser feito, se não é mencionado em nenhum ato normativo, não quer dizer que está autorizado. Orçamento Público e Licitação U1 46 Quando se refere à licitação, o princípio da legalidade é interpretado de forma que todos os envolvidos, seja o ente público ou o participante no procedimento licitatório, assim como o procedimento administrativo e o consequente contrato surgido disso tudo, deverão obedecer ao texto legal, ou seja, à lei. 3.2 Impessoalidade Também é um dos princípios que está expresso no art. 37 da constituição Federal quando trata da Administração Pública, “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (BRASIL, 1988, grifo nosso). Este princípio não permite que o gestor deixe a sua vontade individual ou particular prevalecer ou influenciar sobre as atitudes que tome na sua gestão, ou em razão do seu cargo, pois ali quem age não é pessoa individual e sim a pessoa pública que ganhou um cargo público e age em prol de toda a sociedade. Voltando o princípio ao tema de licitação, o procedimento licitatório objetiva a proposta mais vantajosa para a administração pública, sendo isso não somente em razão de valores, mas sim em razão da proposta que atenda da melhor forma a todas as necessidades do ente governamental. Assim, temos, portanto, que a impessoalidade fica totalmente fora, pois a análise é quanto ao atendimento dos quesitos relacionados com o objeto licitado e não com as vontades do gestor. 3.3 Moralidade Quando falamosem atos administrativos e principalmente licitatórios, não se deve atentar somente ao que é licito, ou seja, ao que está dentro de leis, mais sim focar também no que é moral, no que está inserido como os bons costumes e estar totalmente ligado ao comportamento ético e honesto. Este princípio está intimamente ligado ao princípio da probidade administrativa que falaremos em um dos próximos tópicos, mas já adiantando, temos pela probidade o comportamento “probo” do agente público, ou seja, um comportamento pautado na ética e na honestidade e para punir os atos que não sigam este comportamento, há a Lei de nº 8.429, de 2 de junho de 1992, a chamada Lei de Improbidade Administrativa, essa lei dispõe sobre sanções aplicadas aos agentes públicos em situações de enriquecimento ilícito no cargo, função, ou emprego na administração direta ou indireta. Todo aquele que administre ou guarde recursos ou patrimônio público deve agir com foco na moralidade, ou seja, ser ético e honesto em suas atitudes. Orçamento Público e Licitação U1 47 3.4 Igualdade ou isonomia O princípio da igualdade na sua essência é de que todos devem ser tratados de forma igual, ou ainda pensando mais a fundo sobre essa igualdade, os doutrinadores, principalmente na área tributária, trazem que todos devem ser tratados conforme a sua desigualdade, ou seja, todos aqueles que estão na mesma situação devem ser tratados iguais. Trazendo o princípio para o campo licitatório, é o que traz ao procedimento o direito de participação por todos os interessados que atendam às exigências constantes no edital, sem restringir demais, a ponto que haja o direcionamento do procedimento e favoreça algum licitante, passando assim por cima do princípio da impessoalidade. 3.5 Publicidade Os atos da administração devem ser publicados, dados ampla publicidade e divulgação, devido à transparência pública. Em casos específicos, tal como segurança pública, pode haver o sigilo. No caso da licitação, que é um ato administração para a escolha da proposta mais vantajosa ao poder público, também deve se seguir ao princípio da publicidade e dado ampla divulgação de todos os atos do processo. O único sigilo que existe nos procedimentos licitatórios são as propostas até sua abertura, após isso não existe mais nenhum ato se quer que seja revestido de sigilo. Também é um principio constitucional expresso no artigo 37, tal como já citado “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (BRASIL, 1988, grifo nosso). 3.6 Probidade administrativa Assim como mencionado no princípio da moralidade, que as atitudes do administrador devem ser pautadas na ética e na honestidade, isso é, que esse gestor dever ser probo e moral, para o princípio da probidade há a Lei de nº 8.429/92, a Lei de Improbidade Administrativa, que atinge todo aquele que estiver envolvido de forma direta ou indireta com a administração pública, assim como transcreve no art. 2º e 3º da referida lei citada: Orçamento Público e Licitação U1 48 Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. (BRASIL, 1992). Nesta lei está incluída até mesmo aquela pessoa que não possui vínculos ou ligação com o ente público, mas de alguma forma obtenha vantagem no fato ilícito realizado. Além do art. 37 da constituição Federal citado em outros princípios, nessa lei de Improbidade Administrativa, em seu art. 4º também há a observância na realização dos atos administrativos aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade “Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos” (BRASIL, 1992, grifo nosso). Falando no princípio da probidade com o foco em licitações, o princípio norteia que a atuação dos agentes no procedimento licitatório deve ser realizada com ética em todas as suas etapas. Também na Constituição Federal há sanções aos infratores da probidade administrativa, no § 4º também no art. 37, que aborda a administração Pública “§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível” (BRASIL, 1988). Assim, todo aquele que não seguir o firmado em lei quanto à moralidade e à probidade estará sujeito a suspensão dos seus direitos políticos, votar e ser votado, não exercer nenhuma função pública, ter seus bens bloqueados e ainda a devolução da quantidade prejudicada aos cofres públicos. Orçamento Público e Licitação U1 49 3.7 Vinculação ao instrumento convocatório O procedimento licitatório emite e publica um edital ditando as regras do certame que todos os participantes estão vinculados. Esse edital possui força de lei para esses procedimentos realizados e tal amarração da licitação com o edital está expressa na Lei nº 8.666/93, a Lei de Licitações, em seu art. 41, art. 41. A administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada (BRASIL, 1993). Nesta mesma, o § 1º dá o direito a todo e qualquer cidadão de denunciar se constatar alguma irregularidade nesse procedimento e verificar se as normas estão sendo cumpridas. 3.8 Julgamento objetivo Ser objetivo é ser direto naquilo que é proposto, portanto, na licitação temos o seu edital, o qual tem forma de lei perante todos os envolvidos e para julgar ou decidir, seja na habilitação ou nas propostas, deve se ter como critérios o que está estabelecido em edital, estando todos os envolvidos, participantes, comissão ou a própria administração, vinculados aos critérios ali propostos, sem haver discricionariedade no julgamento. No TCE PR temos o mural de licitações e todo mês temos que alimentar o sistema com as informações dos andamentos de todo e qualquer procedimento licitatório na fase em que se encontra. Acesse: <http://www1. tce.pr.gov.br/conteudo/licitacoes-municipais-mural-de-licitacoes/216>. Dentro do que você aprendeu sobre licitação, você acredita que a lei serve para burocratizar e complicar o processo de governança, ou efetivamente colabora para coibir a prática nociva à gestão pública? Orçamento Público e Licitação U1 50 1- Os processos licitatórios são divididos em modalidades para uma melhor escolha do fornecedor e conforme o valor da compra a ser realizada. Qual processo licitatório apresenta as seguintes características? [...] é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de três pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas. a) Tomada de Preços. b) Concurso. c) Convite. d) Leilão. e) Concorrência. 2- Os processos licitatórios são divididos em modalidades para uma melhor
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