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7 Atividade antibacteriana do alecrim (Rosmarinus officinalis L.) Talita Mara Paulino de Sousa Graduanda em Medicina Veterinária do Centro Universitário Anhanguera - Unidade Leme e-mail: talitamara2003@yahoo.com.br Douglas Monte Conceição Mestre em Microbiologia Aplicada pela Universidade Estadual Paulista - UNESP Professor do Centro Universitário Anhanguera - Unidade Leme e-mail: douglasmonte@yahoo.com.br Resumo Muitos profissionais utilizam plantas com propriedades medicinais como alternativa no tratamento, cura e prevenção de importantes enfermidades. Considerando que a atenção primária em saúde animal pode ser definida pelo uso de tecnologias práticas, cientificamente seguras, socialmente aceitáveis e economicamente viáveis ao alcance de toda comunidade, e a importância farmacológica e agrícola do uso de plantas na composição de antimicrobianos, esta pesquisa analisou a atividade antimicrobiana de soluções aquosas e etanólicas obtidos de folhas do alecrim (Rosmarinus officinalis L.), em diferentes concentrações. As soluções foram testadas com Escherichia coli ATCC 25922 e Staphylococcus aureus ATCC 6538. Os testes mostraram que as soluções alcoólicas e aquosas apresentaram um efeito inibitório ao crescimento S. aureus. Palavras-chave: Farmacognosia; Plantas Medicinais; Rosmarinus officinalis; Alecrim.; Atividade antimicrobiana. Abstract Many professionals use plants with medicinal properties as alternative in the treatment, cure and prevention of important diseases. Considering that the primary attention in animal health can be defined by the use of practical technologies, scientifically safe, socially acceptable and economically viable to the reach of every community, and the pharmacological and agricultural importance of use of plants to compose antimicrobial agents, this research analyzed the antimicrobial activity of aqueous and ethanolic solutions obtained from rosemary (Rosmarinus officinalis L.) leaves, in different concentrations. The solutions were tested with Escherichia coli ATCC 25922 and Staphylococcus aureus ATCC 6538. The tests showed that the alcoholic and aqueous solutions presented an inhibitory effect to the growth of S. aureus. Key-words: Pharmacognosy; Medicinal Plants; Rosmarinus officinalis; Rosemary.; Antimicrobial Activity. Introdução Como alternativa ao tratamento de determinadas enfermidades muitos recorrem à utilização de plantas com fins medicinais, esta constitui uma das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade. No início da década de 90, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou que 65-80% da população dos países em desenvolvimento dependiam das plantas medicinais como única forma de acesso aos cuidados básicos de saúde (GARCIA et al., 2005). Entretanto, pesquisas realizadas para avaliação do uso seguro de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil ainda são incipientes, assim como o controle da comercialização pelos órgãos fiscalizadores em feiras livres, mercados públicos ou lojas de produtos naturais (VEIGA et al., 2005). A seleção etnofarmacológica de plantas para pesquisa e desenvolvimento, pode ser baseada em relatos populares, ferramenta valiosa para descoberta de novos fármacos. Segundo Elisabetsky (2003) a etnofarmacologia por se basear nos relatos populares da utilidade terapêutica das espécies é particularmente útil no reconhecimento de doenças com a patofisiologia desconhecida. Os relatos dos efeitos e da terapêutica podem conduzir a identificação de produtos com novos mecanismos de ação, desta forma, modelos “in vivo” 8 possuem um papel fundamental nos estudos etnofarmacológicos, destacando-se a busca de compostos antimicrobianos (ELISABETSKY, 2003; AVANCINI et al., 2000). O uso de plantas medicinais ou de substâncias ativas das plantas na Medicina Veterinária é de grande importância, principalmente no que diz respeito a resíduos deixados por medicamentos alopáticos em produtos de origem animal, fato que tem levado o mercado a rejeitar tais produtos (BENEZ et al., 2002). Com a utilização inadequada alguns antimicrobianos estão perdendo muito rapidamente sua eficácia, o que torna necessário o desenvolvimento de novos medicamentos e técnicas eficazes de manejo. Assim as perspectivas para uso de drogas antimicrobianas no futuro é incerta. Portanto, devem ser tomadas atitudes que possam remediar este problema, como o controle do uso destes compostos potencialmente prejudiciais (VARGAS et al., 2004). Os antimicrobianos químicos sintéticos constituem a principal opção diante dos agentes bacterianos, cita- se a mastite bovina e a indução de cepas bacterianas, esta situação tem estimulado a busca por meios alternativos que reduzam ou eliminem tais problemas (PINTO et al., 2001; VARGAS et al., 2004). Assim, recomenda-se encontrar soluções antimicrobianas de fácil obtenção que favoreçam os produtores rurais e a medicina veterinária preventiva. Neste sentido, extratos e óleos essenciais de plantas mostraram-se eficientes no controle do crescimento de uma ampla variedade de microrganismos, incluindo fungos filamentosos, leveduras e bactérias. Utilizações práticas dessas atividades são sugeridas em humanos e animais (DUARTE, 2006). O uso de plantas medicinais busca ampliar os recursos tecnológicos nacionais no setor de desinfetantes e anti-sépticos biológicos, contornando possíveis efeitos negativos que algumas substâncias químicas sintéticas possam ter sobre o usuário, o hospedeiro, o ambiente, a resistência de agentes causais, além da redução de custos das práticas de higiene (AVANCINI et al., 2000). Considerando ainda que o uso indiscriminado e prolongado de antimicrobianos determina um processo de seleção de microrganismos patogênicos mutantes que apresentem resistência as compostos químicos utilizados comumente, o que torna o uso de antimicrobianos de origem natural uma alternativa eficaz e econômica (VARGAS et al., 2004). Compostos secundários presentes em plantas medicinais podem desempenhar funções importantes na interação planta-patógeno, através da ação antimicrobiana direta ou ativando mecanismos de defesa de outras plantas que venham a ser tratadas com esses compostos (BONALDO et al, 2004). Caule, flor, folha, fruto, raiz e cascas são partes utilizadas que apresentam propriedades medicinais, e dentre aquelas propriedades atribuídas pela medicina popular citam-se as adstringentes, anti-diarréicas, antiinflamatórias, depurativas, diuréticas, febrífugas e antimicrobianas (COELHO et al., 2003; DEGÁSPARI et al., 2005). Na literatura são descritas diversas plantas com propriedades medicinais como espécimes pertencentes à família Lamiaceae, composta por aproximadamente 200 gêneros incluindo Melissa officinalis (erva-cidreira), Ocimum basilicum L. (alfavaca), Rosmarinus officinalis L. (alecrim) apresentando propriedades estimulantes, antiespasmódicas, anti-sépticas, antifúngicas e antibacterianas (JOLY, 1993; PORTE e GODOY, 2001; SARTORATTO et al., 2004; ADIGÜZEL et al., 2005). Rosmarinus officinalis apresenta diversos nomes populares dentre os quais alecrim-de-cheiro, alecrim- das-hortas, alecrim-da-casa, alecrim-comum, alecrim- verdadeiro, rosmaninho. Dentre as principais características cita-se folhas lineares coriáceas, cores azulado-claras de forma tubular de aroma forte e agradável, sendo arbusto perene de porte subarbustivo (1,5 metros). O alecrim é uma planta oriunda da região mediterrânea da Europa, e seus principais produtores são a Itália, Iugoslávia, Espanha, Grécia, Turquia, França, Portugal, Egito e norte da África. Apesar de ser cultivado em quase todo o território brasileiro e importado como condimento para o consumo interno poucos estudos têm sido realizados sobre esta importante planta medicinal (JOLY, 1993; PORTE e GODOY, 2001; FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO RIO GRANDE DO SUL, 2005). As propriedades antioxidantes do alecrim podem ser atribuídas à presença rosmanol, diterpenos rosmaridifenol e rosmariquinona, e as propriedades antimicrobianas parecem estar relacionadas com a presença de borneol, pinenos,cineol e cânfora (PORTE e GODOY, 2001). Nascimento et al. (2000) relataram a ação antimicrobiana de extratos alecrim frente a bactérias sensíveis e resistentes a antibióticos sintéticos, verificando sinergismo entre antibióticos e os extratos usados, possibilitando que antibióticos ineficazes apresentassem ação sobre bactérias resistentes. Packer e Luz (2007) demostraram atividade bacteriostática e fungiostática do alecrim empregando a técnica do orifício em ágar. Diferentes plantas medicinais foram estudadas para aplicação em medicina veterinária, cita-se o trabalho de 9 Souza et al. (2000) com Tagetes minuta L. (Chinchilho) revelou atividade antimicrobiana com marcada seletividade sobre as bactérias Gram-positivas como Staphylococcus aureus e Enterococcus faecium. Schmitt et al. (2003) com o intuito de validar o seu uso no estado de Mato Grosso, avaliaram a atividade antimicrobiana da planta Bryophyllum pinnatum Kurz. (“Folha-da-fortuna”) frente a três bactérias isoladas de cães com lesões de pele e uma de fezes de suínos, encontrando atividade contra bactérias Gram-positivas. Loguercio et al. (2005) testando o extrato hidro- alcoólico a 10% (m/v) de folhas de jambolão (Syzygium cumini L. Skells) encontraram atividade antibacteriana frente a 17 isolados bacterianos, Gram positivos e Gram negativos, de importância patogênica para animais e humanos. As substâncias antimicrobianas nas plantas são detectadas pela observação do crescimento de microrganismos colocados em contato com tecidos e ou extratos, e para detectar estas substâncias são utilizados diversos métodos, diferenciados pela sensibilidade ou princípios. Os resultados obtidos serão influenciados pelo método escolhido, assim como pelos microrganismos usados nos testes. A região ou estrutura da planta e suas características fisiológicas são determinantes para a medição da atividade antibiótica, bem como a forma de uso: suco, óleo essencial e extração por água ou outros solventes (SOUZA et al., 2000). Considerando que a atenção primária em saúde animal é definida pela utilização de tecnologias práticas, cientificamente seguras, socialmente aceitáveis e economicamente viáveis ao alcance de toda comunidade, e a importância farmacológica e agropecuária da utilização de plantas na composição de antimicrobianos, o presente trabalho teve o intuito detectar a presença de atividade antibacteriana no alecrim (Rosmarinus officinals L.) para contribuir com estudos aplicáveis às ciências veterinárias e agropecuária familiar. Material e métodos As atividades iniciaram-se a partir do plantio das mudas do alecrim (Rosmarinus officinalis) (FIGURA 1) obtidas em viveiros de mudas da região do município de Rio Claro - SP. As plantas selecionadas foram transferidas para vasos de concreto suspensos contendo terra enriquecida com húmus e adubo vegetal, protegidas de sol direto e chuva, localizados no herbário da Unidade Leme do Centro Universitário Anhanguera. As atividades laboratoriais começaram a partir dos vinte e oito dias após o acondicionamento das mudas. No preparo das soluções foram colhidas folhas da parte superior das plantas no início da tarde, e em seguida as folhas foram fracionadas utilizando-se uma tesoura e pesadas em balança. O decocto foi obtido a partir de uma modificação da técnica referenciada na Farmacopéia Brasileira, da mistura do material vegetal grosseiramente picado, em água destilada, levando-os à cocção pelo período de 15 minutos, com a água em ebulição, utilizando como recipiente um Erlenmeyer coberto com placa de Petri (SOUZA et al., 2000), considerou-se esta solução aquosa 1% (m/v). As soluções aquosas foram estocadas em frascos de vidro de B.O.D., sem material vegetal, armazenados em local seco e sem exposição à luz. Para o preparo das soluções alcoólicas 1% as folhas foram fracionadas e pesadas em balança analítica, em seguida foram misturadas com álcool absoluto 99,3°GL (Santa Cruz®) em frascos de vidro B.O.D, resultando em uma solução alcoólica de concentração 1%. Estas soluções foram armazenadas em lugar sem luminosidade, durante um período de cinco dias, os frascos foram agitados durante um minuto diariamente. No preparo das soluções alcoólicas 3% as folhas fracionadas foram acrescidas a uma solução contendo álcool absoluto 99,3ºGL (Santa Cruz®) e água destilada a 1:1 (v/v), resultando em 3 gramas de folhas para 100 mL de solução alcoólica. As soluções foram armazenadas em lugar sem luminosidade, agitadas durante um minuto diariamente durante um período de cinco dias. Nas análises foram utilizadas as cepas Escherichia coli ATCC 25922 e Staphylococcus aureus ATCC 6538, sendo que os inóculos foram preparados a partir do cultivo das cepas selecionadas por 24 horas em meio BHI a 37ºC, e transferência de colônias com alça de inoculação até a turvação comparativa a 0,5 da escala 10 nefelométrica de McFarland, técnica adaptada de Bauer et al. 1966. Utilizando as soluções aquosas 1% fram realizadas diluição, sendo 100%, 50%, 25% e 10% a partir da solução mãe. O mesmo procedimento foi aplicado a solução alcoólica, excluindo-se a diluição a 10%. Os inóculos foram semeados na superfície do meio Müller Hinton (duplicata) com o auxílio de “swab” estéril, cobrindo a superfície da placa com inóculo, em seguida foram feitos 4 poços (“hole plate”) em diferentes placas com o auxílio de uma pipeta Pasteur plástica cortada (diâmetro de 6 mm). Em cada poço foi adicionado com uma pipeta automática 20 µL das soluções (FERNANDES et al, 2005; PACKER e LUZ, 2007) em diferentes concentrações (100%, 50%, 25% e 10%). As placas foram incubadas à 37ºC por 24 - 48 horas. Utilizando as soluções alcoólicas 1% foram realizadas diluições, sendo 50%, 25% e 10% a partir da solução mãe. Em seguida foram depositados três discos estéreis de papel para teste de antibiograma em cada tubo (100%, 50%, 25% e 10%) para as plantas selecionadas, onde ficaram imersos por duas horas. Após o período de imersão estes foram secos em estufa (50ºC) por 5 minutos. A partir da secagem os discos de papel impregnados pelas soluções teste foram depositados na superfície de placas de Petri contendo Agar Müller Hinton inoculado com Escherichia coli ATCC 25922 e Staphylococcus aureus ATCC 6538, segundo a técnica de Bauer et al (1966) para testes de antibiograma. Estas placas foram incubadas a 37ºC por 24 horas para mediação do halo de inibição dos microrganismos. Realizaram-se testes de contato para bactéria S. aureus ATCC 6538 com as soluções alcoólicas a 1%, onde foi realizada diluição em série a partir da solução alcoólica 1%, sendo 0,1%, 0,01% e 0,001% em tubos contendo solução salina 0,9%, estes foram inoculado com 0,1 mL de inóculo S. aureus. Após 15 minutos e 30 minutos de exposição foram transferidos 1 mL para placas contendo agar para contagem em placas (PCA, Merck®) pela técnica de “pour plate”. As placas foram incubadas durante 24-48h a 37º.C para posterior contagem das unidades formadoras de colônias. No controle foram utilizados 0,1 mL do inóculo em 10 mL de solução salina e 1 mL do álcool a 99,3º.GL em 9 mL de solução salina, acrescido da mesma alíquota de inóculo S. aureus na escala 0,5 de MacFarland. Resultados e discussão Os resultados da formação de halo de inibição em meio Müller-Hinton para técnica de perfuração do agar (“hole plate”) para soluções aquosas 1% (solução mãe) de alecrim durante 24 e 48 horas estão dispostos na TABELA 1. As soluções testadas não apresentaram atividade inibitória para bactéria Gram-negativa E. coli. O alecrim demonstrou atividade inibitória contra o S. aureus nas concentrações 100%, 50% e 25% a partir da solução aquosa a 1%, mas não apresentou atividade na solução de concentração 10%, não houve variações nos resultados na comparação entre os tempos 24 e 48 horas de incubação. Em relação às diluições da solução alcoólica 3% somente foi visualizado halo de inibição na concentração 100% (TABELA 2). A utilização de discos de antibiograma imersos por duas horas nas diferentes concentrações da solução alcoólica1% de alecrim (Rosmarinus officinalis L.) em meio Müller-Hinton após as 24 horas, não demonstrou formação de halo de inibição para bactéria S. aureus e E. coli. Observou-se formação de inibição irregular e não mensurável, sendo assim considerou-se a metodologia não eficaz para comprovação de atividade antimicrobiana, o que sugere a realização de testes com maiores concentrações ou maior tempo de exposição dos discos em relação às soluções teste. Os resultados obtidos para as soluções aquosas e alcoólicas do Rosmarinus officinalis concordam com as citações realizadas por Porte e Godoy (2001) para óleos essenciais, estas relatam alta sensibilidade de bactérias Gram positivas aos óleos essenciais de alecrim, incluindo Sthaphylococcus aureus, Micrococcus sp. e Sarcina sp., bem como a levedura Saccharomyces cerevisiae. Entretanto, nenhum ou muito pouco efeito foi verificado contra as bactérias Gram negativas Pseudomonas fluorences, Escherichia coli e Serratia 11 marcescens (PORTE e GODOY, 2001). Este fato também foi observado nos experimentos realizados com soluções aquosas e etanólicas utilizando técnicas de difusão em placa E. coli, desta forma não foram realizados teste de contato para esta bactéria nas concentrações propostas. Na leitura da placas PCA preparadas a partir da exposição da bactéria S. aureus após 15 minutos de exposição nas soluções com diferentes concentrações de alecrim mostraram a formação 9 UFC/ mL (unidades formadoras de colônias por mililitro) para solução 0,1 %, 30 UFC/ mL para a solução 0,01 % e 195 UFC/ mL na solução 0,001% e na placa controle foram acima de 300 UFC/ mL, mostrando que o aumento de concentração da solução teste, melhorou a atividade inibitória do alecrim frente à bactéria S. aureus. A TABELA 3 mostra a contagem das unidades formadoras de colônias para Staphylococcus aureus ATCC 6538 submetidas ao contado com diferentes concentrações de solução alcoólica de alecrim (Rosmarinus officinalis L.). As placas preparadas após sessenta minutos de exposição do S. aureus nas soluções com diferentes concentrações de alecrim apresentaram ausência de crescimento para as soluções 0,1% e 0,01%. Na solução 0,001% observou-se 83 UFC / mL demonstrando que o maior tempo de exposição do S. aureus às soluções contendo alecrim aumentou a efetividade do tratamento. Valores acima de 300 UFC /mL foram observados nas placas controle que continhan somente inócilo, e valores maiores que 300 UFC / mL para controle contendo álcool após 30 minutos de exposição. Os experimentos demonstraram positiva atividade antibacteriana do alecrim (Rosmarinus officinalis) frente a S. aureus, pelo fato de terem sido testadas soluções com baixas concentrações comparadas com as propostas na literatura para plantas antimicrobianas, como citado no trabalho realizado por Pereira et al. (2006) que observam efeito antimicrobiano para alecrim em concentrações de 1500 mg/ mL, desta forma o aumento da concentração poderá melhorar os resultados obtidos inicialmente. Considerações finais Os resultados sugerem que o decocto e soluções aquosas e alcoólicas de Rosmarinus officinales têm potencial para composição de anti-sépticos ou desinfetantes frente aos agentes Gram positivos utilizados neste estudo. Considerando que cepas ATCC são recomendadas para este tipo de avaliação por apresentarem estabilidade genética e são recomendadas para monitorização de diversos parâmetros de qualidade em microbiologia (SEJAS et al., 2003). A atividade antibacteriana das soluções testadas apontam perspectivas, no sentido de desenvolver um agente antimicrobiano eficaz e de baixo custo, podendo 12 futuramente ser componente de formulações que ajam no controle de microrganismos presentes no ambiente e superfícies corpóreas. Outros estudos devem ser realizados para melhor compreender-se e quantificar a ação antimicrobiana do alecrim, considerando que não existe um consenso sobre o nível de inibição aceitável para produtos naturais quando comparados com antimicrobianos padrões, alguns autores consideram somente resultados similares aos de antibióticos e antimicrobianos padrão, enquanto outros consideram com bom potencial mesmo aqueles com níveis de inibições superiores ou ainda que atuem em sinergismo com outros agentes comuns (ECHEVARRIA, 2002; DUARTE, 2006). A metodologia apresentou-se eficaz na detecção da atividade inibitória do alecrim, e poderá ser aplicada na triagem de plantas com potencial para compor agentes antimicrobianos, considerando o efeito observado nas baixas concentrações propostas. Nas últimas décadas as mudanças culturais, o fenômeno de degradação das florestas e extinção das espécies vegetais tem determinado o desaparecimento de um considerável número de plantas com propriedades medicinais, o que torna urgente a intensificação nos investimentos para o reconhecimento dos diferentes compostos químicos e suas atividades farmacêuticas, não somente pela preservação das espécies vegetais, bem como, o enriquecimento científico aplicado ao bem estar humano e animal (GARCIA et al, 2005; ELISABETSKY, 2003). Referências Bibliográficas ADIGÜZEL A.; GÜLLÜCE, M.; SENGÜL, M., OGUTCU, H., SAHIN, F.; KARAMAN, I. Antimicrobial Effects of Ocimum basilicum (Labiatae) Extract. Turkish Journal of Biology. v. 29, p. 155-160, 2005. 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