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apostila saude da mulher, crianca e adolescente

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1 
 
 
A LÓGICA DO CUIDADO NA 
ESFERA: CRIANÇA, ADOLESCENTE 
E MULHER 
 
 
2 
 
Disciplina 
Nome: A LÓGICA DO CUIDADO NA ESFERA: CRIANÇA, ADOLESCENTE 
E MULHER 
Carga horária: 36h 
Conteudista: Maria Lucia Freitas dos Santos 
 
Introdução: 
 
A Constituição Brasileira elegeu como um de seus princípios norteadores a 
supremacia dos direitos humanos. 
 
Essa prerrogativa remete às políticas públicas, em especial à saúde, a 
identificar os segmentos da população com maior vulnerabilidade, sendo 
crianças, adolescentes e mulheres elegíveis como prioritárias na garantia de 
direitos fundamentais. 
 
Outro pilar que sustenta a política de atenção integral à saúde deste grupo 
populacional está no reconhecimento de crianças e adolescentes como 
sujeitos sociais, portadores de direitos e garantias próprias, 
independentemente de seus pais e/ou familiares e do próprio Estado. 
 
Assim como as relações de gênero desiguais em distintas sociedades, base 
que se distinguem os papéis do homem e da mulher na família, na divisão do 
trabalho, na oferta de bens e de serviços. 
 
O reconhecimento das distinções sociais desses grupos foram as grandes 
mudanças paradigmáticas que estabeleceram obrigações diferenciadas para o 
Estado, para as famílias e para a sociedade em geral, configurando a 
denominada Doutrina da Proteção Integral. 
 
A política de atenção à criança reconhece ser esse período do ciclo de vida 
onde se desenvolve grande parte da potencialidade humana, e da mesma 
 
 
3 
 
forma os distúrbios que incidem nessa época são responsáveis por graves 
consequências no futuro dos indivíduos e comunidades. 
 
Considerando que esses segmentos representam aproximadamente dois 
terços da população brasileira, é importante tratá-los de maneira distinta, 
devido à especificidade dos problemas que os afetam. 
 
As elevadas taxas de morbidade e mortalidade nesse grupo, inclusive por 
problemas preveníveis com ações básicas, são demandas efetivas que se 
apresentam aos serviços de saúde e ao SUS. 
 
A concepção de proteção básica coloca no centro do debate a 
responsabilidade das famílias, da sociedade e do Estado como garantidores, 
com absoluta prioridade, dos direitos fundamentais e de proteção às futuras 
gerações. 
 
Nessa perspectiva, podemos identificar nas diversas ações, serviços e política 
a defesa da garantia do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao 
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma 
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
 
As ações estruturadas em sete eixos estratégicos da política são: 
• Atenção humanizada e qualificada à gestação, parto, nascimento e 
recém-nascido; 
• Aleitamento materno e alimentação complementar saudável; 
• Promoção e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento 
integral; 
• Atenção a crianças com agravos prevalentes na infância e com doenças 
crônicas; 
• Atenção à criança em situação de violências, prevenção de acidentes e 
promoção da cultura de paz; 
 
 
4 
 
• Atenção à saúde de crianças com deficiência ou em situações 
específicas e de vulnerabilidade; 
• Vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno. 
 
Objetivos: 
Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 
 
• Apresentar a abordagem familiar enquanto potente estratégia de 
integração de profissionais, de coordenação do cuidado e de promoção 
projetos terapêuticos singulares; 
• Conhecer os elementos definidores das políticas nacionais de atenção 
primária à criança, ao adolescente e à mulher; 
• Identificar os sinais e sintomas dos principais temas de atenção à saúde da 
criança e do adolescente na pratica ambulatorial de saúde da família; 
• Identificar os sinais e sintomas dos principais temas de atenção à saúde 
mulher na pratica ambulatorial de saúde da família. 
 
1: Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da 
Criança, Adolescente e Jovens 
 
“O espírito esboça, mas é o coração que modela” 
(Auguste Rodin). 
 
A nação jovem era o orgulho brasileiro nos anos de 1970, em que a pirâmide 
etária populacional refletia — com sua base larga que se afilava rapidamente 
ao topo —, confirmando a máxima de país do futuro. 
 
No entanto, uma análise mais atenta mostrava que a população jovem 
decorria de uma alta taxa de natalidade (5,8 filhos/ mulher em idade fértil) 
frente à elevada mortalidade infantil da época (75/1.000 nascidos vivos). 
 
 
 
5 
 
As causas de morte eram desde a desnutrição, que prejudicava a imunidade 
contra infecções e que se repetia num círculo vicioso, até doenças infecciosas, 
consequência de alimentação inapropriada. 
 
Doenças infecciosas respiratórias e as diarreias foram durante muito tempo a 
principal causa de morte das crianças até um ano de idade (Murahovschi, 
2006). 
 
Na verdade, as mortes eram determinadas não somente pelas doenças, mas 
pelas condições socioeconômicas desfavoráveis — a pobreza, a falta de 
saneamento básico, a baixa escolaridade e a consequente falta de educação 
em saúde, os serviços médicos insuficientes e o grande flagelo dos países em 
desenvolvimento, o desmame precoce (Murahovschi, 2006). 
 
O país tem melhorado significativamente nas últimas décadas, com a 
ampliação do saneamento básico e com a criação do SUS, com seus princípios 
e diretrizes — a universalização, a integralidade da atenção à saúde, a 
descentralização das ações e serviços de saúde, a educação em saúde numa 
perspectiva ampliada do processo saúde-doença. 
 
É com esse propósito que foi instituído, a partir da Constituição de 1988, a 
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito 
do Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
A promoção da saúde integral da criança e adolescente e o desenvolvimento 
das ações de prevenção de agravos e assistência têm como objetivos, além da 
redução da mortalidade infantil, prover qualidade de vida para que estas 
possam crescer e desenvolver todo o seu potencial. 
 
Acompanhar o crescimento e o desenvolvimento é o eixo central e integrador 
de todas as ações de saúde da criança e adolescente: o atendimento oportuno 
das necessidades de nutrientes biológicos, afetivos e socioculturais tem por 
 
 
6 
 
características sua elevada eficácia na prevenção de problemas, na vigilância à 
saúde e na promoção de hábitos saudáveis de vida, com impacto 
surpreendente na morbimortalidade. 
 
Neste tópico, vamos apresentar os princípios que fundamentam a Política de 
Atenção Integral à Saude da Criança e Adolescente (PNAISCA) e sua 
importância para a garantia da qualidade de vida e de saúde, analisando o 
conjunto de ações que compõem essa política. 
 
Recentemente atualizada através da PORTARIA MS/GM Nº 1.130, DE 5 DE 
AGOSTO DE 2015, a PNAISC visa integrar diversas ações já existentes. 
 
A ênfase é dada à promoção do aleitamento materno e à saúde da criança, a 
partir da gestação aos nove anos de vida, com especial atenção à primeira 
infância (zero a cinco anos) e às populações de maior vulnerabilidade, como 
crianças com deficiência, indígenas, quilombolas, ribeirinhas e em situação de 
rua. 
 
A faixa etária de atendimento é ampliada para adolescentes de até 15 anos, 
para que seja garantida a cobertura por pediatria. 
 
Para fins de organização das ações e atendimento em serviços de pediatria no 
SUS, serão consideradas as seguintes faixas etárias de abrangência da 
PNAISC, sendo este limite etário passível de alteração de acordo com as 
normas e rotinas do estabelecimento de saúde responsável pelo atendimento: 
 
1. Criança: pessoa na faixa etária de zero a nove anos, ou seja, de zero a 120 
meses; 
 
2. Primeira infância:pessoa na faixa etária de zero a cinco anos, ou seja, de 
zero a 72 meses; 
 
 
 
7 
 
 
3. Crianças e adolescentes até a idade de 15 anos, ou seja, 192 meses. 
 
A PNAISC está orientada pelos seguintes fundamentos e diretrizes: 
 
I - Direito à vida e à saúde, garantido mediante ações de proteção 
básica; 
II - Prioridade absoluta da criança; 
III - Acesso universal à saúde; 
IV - Integralidade do cuidado; 
V - Equidade em saúde; 
VI - Ambiente facilitador à vida; 
VII - Humanização da atenção; 
VIII - Gestão participativa e controle social, elementos captados da 
sessão de direitos sociais da Constituição de 1988. 
 
As diretrizes servem como guias na elaboração dos planos, programas, 
projetos e ações de saúde voltadas para crianças, tais como: 
 
1. Gestão interfederativa das ações de saúde da criança, que corresponde à 
atuação integrada e cooperativa entre as três esferas de governo, na 
definição de prioridades, no financiamento e na gestão da informação; 
 
2. Organização das ações e serviços na rede de atenção, promovendo a 
integração de ações e de profissionais entorno de uma atenção integrada e 
integradora. 
 
A articulação de serviços de saúde e outros setores, visando potencializar 
as ações de promoção, prevenção de agravos, vigilância à saúde, 
tratamento e reabilitação alem do manejo das diversas tecnologias de 
cuidado; 
 
 
 
8 
 
3. Promoção da saúde como potente estratégia de melhoria da qualidade de 
saúde e de vida, que deve considerar o conhecimento interdisciplinar e a 
atuação multiprofissional; 
 
4. Fomento à autonomia do cuidado e da corresponsabilidade da família, 
valorizando a participação e protagonismo das próprias crianças, 
adolescentes e jovens, estimulando o autoconhecimento e autocuidado, 
bem como recuperando a participação da família como estruturante da 
formação de hábitos de vida saudáveis; 
 
5. Qualificação da força de trabalho do SUS, através da educação permanente, 
trazendo informações/ estudos atualizados, a integração de saberes e 
conhecimentos advindos de processos interdisciplinares no qual 
progressivamente os núcleos de competência profissionais específicos vão 
enriquecendo o campo comum de toda a equipe; 
 
6. Planejamento e desenvolvimento de ações, que pressupõe o deslocamento 
do processo de trabalho centrado em procedimentos profissionais, para um 
trabalho centrado na pessoa (criança, adolescente e jovem), no qual o 
cuidado às pessoas é o imperativo ético-político que organiza a intervenção 
técnico-científica; 
 
7. Incentivo à pesquisa e à produção de conhecimento, respeitando princípios 
éticos-políticos e priorizando as necessidades e demandas sociais; 
 
8. Monitoramento e avaliação, considerando que a longitudinalidade do 
cuidado pressupõe a continuidade, o acompanhamento a esses usuários ao 
longo do tempo e de modo permanente, acompanhando os efeitos das 
intervenções e ações em saúde e de outros elementos na vida dos usuários 
e do ambiente em que vive visando reduzir riscos e danos e contribuindo 
para a qualidade de vida; 
 
 
 
9 
 
9. Intersetorialidade, perspectiva na qual a saúde deixa de ser o resultado de 
uma intervenção especializada e isolada sobre alguns fatores e passa a ser 
um produto social resultante de fatos econômicos, políticos, ideológicos e 
cognitivos. 
 
O que diferencia uma organização da atenção a crianças, adolescentes e 
jovens no contexto da atenção primária? Qual é o principal legado desta forma 
de organização? 
 
No contexto da atenção primária em saúde (APS), as ações são planejadas de 
acordo com as necessidades de saúde da população adstrita à unidade de 
saúde, levando-se em consideração as prioridades de intervenção clínica, a 
vulnerabilidade da situação de saúde das crianças, dos adolescentes e jovens. 
 
Enquanto porta preferencial do SUS, a equipe de profissionais da APS deve 
trabalhar utilizando-se das seguintes estratégias: 
 
(a) Atendimento pré-natal e assistência ao parto; 
(b) Planejamento familiar; 
(c) Saúde reprodutiva; 
(d) Imunização; 
(e) Tratamento precoce e adequado de doenças frequentes na infância e na 
adolescência; 
(f) Prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e de abuso de drogas; 
(g) Assistência ao segmento LGBT — Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, 
transexuais e transgêneros. 
 
O Programa Brasileirinhas e Brasileirinhos Saudáveis - Primeiro Passo para o 
Desenvolvimento Nacional, com ênfase ao crescimento e desenvolvimento 
integral da criança, estabelece ações para: 
 
• Garantia da vida da mãe e do bebê; 
 
 
10 
 
• Promoção do aleitamento materno; 
• Monitoramento do estado de saúde da criança; 
• Ampliação do acesso à educação infantil; 
• Prevenção de acidentes, maus-tratos e violência na infância; 
• Monitoramento das ações do Programa Nacional de Imunizações; entre 
outras. 
 
No que se refere à atenção ao adolescente e ao jovem, o objetivo é dar maior 
visibilidade às demandas e necessidades deste público, além de subsidiar a 
estruturação dos serviços de saúde na atenção integral à saúde dessa 
população. 
 
Promover a saúde de adolescentes e jovens exige a compreensão de que os 
comportamentos iniciados nessa idade são cruciais para o restante da vida, 
porque repercutem no desenvolvimento integral da pessoa. 
 
A saúde nessa fase está diretamente relacionada à promoção da participação 
juvenil no exercício da cidadania, em especial, no fortalecimento dos seus 
vínculos familiares e comunitários e por meio de ações de educação em saúde 
e prevenção de agravos. 
 
Por fim, segundo o Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos do 
Milênio (ODM) 2013, o Brasil alcançou em 2012 a meta internacional de 
diminuição da mortalidade na infância (menores de cinco anos). 
 
O índice, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), previa a 
redução em 2/3 da mortalidade desse público entre 1990 e 2015. 
 
No Brasil, a taxa passou de 53,7/1.000 óbitos por nascidos vivos em 1990 
para 17,3/1.000 óbitos por nascidos vivos em 2012, uma redução de 67,7%. 
 
 
 
11 
 
O país também já atingiu a meta estabelecida em relação às mortes de 
crianças com menos de um ano de idade (mortalidade infantil), passando de 
47,1/1000 óbitos por nascidos vivos em 1990 para 14,9/1000 óbitos por 
nascidos vivos em 2012, uma queda de 68,3%. 
 
Os avanços das condições de saúde da criança brasileira são decorrentes de 
ações como a ampliação da cobertura da atenção básica, do acesso à 
vacinação, das taxas de aleitamento materno e do nível de escolaridade da 
mãe, além da diminuição da pobreza (extrema) obtida pelo programa Bolsa 
Família. 
 
Essas ações se somam a outras políticas públicas que levaram à quase 
extinção de internações por desnutrição (agravo praticamente residual no 
país), por doenças imunopreviníveis (sarampo, difteria, tétano neonatal, 
poliomielite, varíola, rubéola, meningites) e por diarreia/ pneumonia. 
 
O aumento das consultas de pré-natal é outro exemplo de ação realizada pelo 
Ministério da Saúde junto com estados e municípios que contribuiu para a 
redução da mortalidade infantil e materna. 
 
Somente em 2014, foram realizadas mais de 20 milhões de consultas de pré-
natal pelo SUS, o que representa um aumento de 57% em relação a 2007 
(quando foram realizadas 12,7 milhões de consultas). 
 
Saiba mais: 
Leia o artigo: Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança, 
adolescente e Jovens. 
Disponível em: 
<http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-
saude/18951-ministerio-cria-politica-de-atencao-a-saude-da-crianca>. Acesso 
em: 28 jan. 2016. 
 
 
 
12 
 
Conheça a Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP. Disponível em: 
<http://www.sbp.com.br/>. Acesso em: 28 jan. 2016. 
 
2: Crescimentoe Desenvolvimento Saudáveis 
 
O segmento da criança tem o objetivo de estreitar e manter o vínculo da 
criança e da família com os serviços de saúde, propiciando oportunidades de 
abordagem para a promoção de hábitos de vida saudáveis, vacinação, 
prevenção de problemas e agravos e a provisão do cuidado em tempo 
oportuno. 
 
O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento faz parte da avaliação 
integral à saúde da criança e do adolescente. 
 
Toda criança deve receber a “Caderneta de Saúde da Criança” (CSC - MS), de 
preferência ainda na maternidade. 
 
Implantada desde 2005, a caderneta é o documento onde são registrados os 
dados de identificação da criança, da história obstétrica e neonatal, da 
alimentação, do crescimento e desenvolvimento, da saúde bucal, auditiva e 
visual, as vacinações, além do registro das intercorrências clínicas. 
 
Contém ainda orientações para a promoção da saúde e prevenção de agravos 
como acidentes e violência doméstica. Entregue às famílias na maternidade, 
deve acompanhar a criança sempre que esta for levada a qualquer serviço de 
saúde. 
 
O registro correto e completo das informações é requisito básico para a 
vigilância e promoção da saúde infantil, além do diálogo com a família sobre 
as anotações realizadas possibilita apropriação do sentido da puericultura, 
favorecendo sua maior adesão e corresponsabilização pelas ações de 
vigilância à saúde. 
 
 
13 
 
 
As visitas domiciliares ou os atendimentos de saúde na ESF são oportunidades 
de entrar em contato com este cartão fazendo atualizações. 
 
Para organizar o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, o 
Ministério da Saúde propõe um calendário mínimo de atendimentos à criança. 
 
Calendário mínimo de atendimentos de crianças, proposto pelo Ministério da 
Saúde 
 
Fonte: Manual para utilização da caderneta de saúde da criança. Ministério da Saúde, 
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Área 
Técnica da Saúde da Criança e Aleitamento Materno. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual%200902.pdf>. Acesso 
em: 28 jan. 2016. 
 
 A Caderneta de Saúde da Criança é um documento fundamental para 
acompanhar a saúde, o crescimento e o desenvolvimento da criança, do 
nascimento até os nove anos. A partir dos 10 anos, a caderneta a ser utilizada 
é a Caderneta de Saúde do Adolescente. 
 
É um documento único para cada criança. A primeira parte é dedicada a quem 
cuida da criança, e contém informações e orientações para ajudar a cuidar 
melhor da saúde da criança. 
 
Apresenta os direitos dela e dos pais, orientações sobre o registro de 
nascimento, amamentação e alimentação saudável, vacinação, crescimento e 
desenvolvimento, sinais de perigo de doenças graves, prevenção de acidentes 
e violências, entre outros. 
 
 
14 
 
 
A segunda parte é destinada aos profissionais de saúde, com espaço para 
registro de informações importantes relacionadas à saúde da criança. 
 
Contém também os gráficos de crescimento, instrumento de vigilância do 
desenvolvimento e tabelas para registros das vacinas aplicadas e do 
adolescente. 
 
Essa carteira permite identificar as condições vacinais, e pode ser solicitada e 
verificada por profissionais de saúde, de educação e de assistência social. 
Permite também acompanhar o cumprimento dos condicionantes 
estabelecidos nos programas de proteção social — Bolsa Família, entre outras. 
 
Crescimento e desenvolvimento (C&D), portanto, são processos 
geneticamente programados, porém fortemente influenciados por fatores 
ambientais, bem como individuais — a exemplo da nutrição, condições de vida 
e higiene, estimulação, proteção contra agravos, uso de drogas e 
medicamentos, atividade física, sono, estresse, incapacidades funcionais e 
doenças crônicas. 
 
Fatores esses que podem modificar, interromper ou reverter os fenômenos 
que caracterizam a puberdade. 
 
As interações herança-meio têm início na fecundação, e a adolescência pode 
ser considerada a última oportunidade para se garantir a plena expressão dos 
potenciais de crescimento e desenvolvimento de cada indivíduo. 
 
Para promover o crescimento e o desenvolvimento saudáveis, é fundamental 
que os adolescentes de ambos os sexos sejam acompanhados 
sistematicamente nas unidades básicas de saúde, sendo referidos a outros 
níveis de complexidade do SUS, quando necessário, podendo-se utilizar a 
 
 
15 
 
caderneta de saúde de adolescentes, de ambos os sexos, nesta ação, como 
instrumento de cidadania para essa população. 
 
As ações intersetoriais complementam a integralidade da atenção no SUS e 
devem fazer parte do modelo de atenção na produção da saúde para esses 
cidadãos. 
 
Saiba mais: 
Leitura recomendada: 
GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C.; GOODWAY, Jackie D. 
Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças, 
Adolescentes e Adultos. AMGH, 2013. Disponível em: 
<https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=R6xIAgAAQBAJ&oi=fnd&pg=PR3&dq=related:XkIP72Rv1cQJ:schol
ar.google.com/&ots=b-
YNmZJYP7&sig=35AuMdQ77mCLMAOdHnIVqFBXYA4#v=onepage&q&f=false
>. Acesso em: 28 jan. 2016. 
Conheça o Centro de Estudos de Crescimento e Desenvolvimento do Ser 
Humano. Disponível em: <http://www.sbgc.org.br/sbgc/>. Acesso em: 28 
jan. 2016. 
 
3- Ações da clínica e do cuidado nos principais agravos da saúde da 
criança 
 
Nesta unidade, vamos conhecer a atenção integral às doenças prevalentes na 
infância. 
 
No contexto do planejamento do trabalho em equipe, abordaremos a 
organização do fluxo de atendimento à criança e adolescentes. 
 
A unidade abrangerá também os pactos e indicadores de saúde; avaliação dos 
fatores de risco nos distintos espaços (no ambiente familiar, escola, social); os 
 
 
16 
 
principais sinais de violência contra criança, o impacto sobre a vida e saúde de 
crianças e adolescente. 
 
Também poderemos entender algumas abordagens no manejo das principais 
doenças e agravos presentes neste ciclo da vida. 
 
As doenças diarreicas e respiratórias há muito persistem como graves 
problemas para a criança, pondo em risco inclusive a sua vida. 
 
Entre as doenças respiratórias, as alergias, pneumonias e a asma constituem 
um motivo frequente de consultas em ambulatórios e serviços de urgência, o 
que demanda equipes de saúde qualificada para uma atenção integral, com 
capacidade de levar a bom termo o cuidado, evitando assim internações 
hospitalares desnecessárias e morte por esse motivo. 
 
As parasitoses intestinais seguem com prevalência significativa na infância e 
também na adolescência, interferindo no desenvolvimento adequado, o que 
demanda, conjuntamente com a doença diarreica, ações intersetoriais 
integradas e promotoras de acesso à água tratada e esgotamento sanitário, 
além de tratamento adequado e oportuno. 
 
Entre as causas de morte infantil, as doenças transmissíveis têm sido 
responsáveis por até 70% dos óbitos nas regiões mais pobres do país e do 
mundo. Além disso, representam até um terço do total das hospitalizações de 
crianças menores de cinco anos na região das Américas. 
 
Tais doenças podem ser evitadas pela melhoria das condições de vida da 
população e disponibilidade de ações eficazes de prevenção, diagnóstico 
precoce e tratamento. 
 
Em nosso país, a saúde infantil tem um perfil que está intimamente ligado ao 
oferecimento, ao conjunto da população, de condições básicas de vida, tais 
 
 
17 
 
como oferta e qualidade de serviços de saúde, alimentação, moradia, 
educação, renda familiar, saneamento básico, condições ambientais, lazer, 
transporte, entre outras. 
 
O conceito de integralidade das ações de atenção à saúde da criança 
fundamentou a Organização Mundial da Saúde (OMS), a OrganizaçãoPan-
Americana da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no 
desenvolvimento de uma iniciativa global em saúde da criança, a estratégia 
Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI). 
 
Essa estratégia surgiu como uma metodologia de atenção à saúde da criança 
em consonância com a atenção primária à saúde, propondo uma avaliação 
sistemática dos principais fatores que afetam a saúde infantil, integrando 
ações curativas com medidas de promoção e prevenção, buscando a 
qualidade do atendimento. 
 
As ações contra a transmissão vertical do HIV, a sífilis e a rubéola congênita e 
o tétano neonatal têm sido realizadas por meio do oferecimento de exames 
sorológicos, tratamento e profilaxia durante o pré-natal, no parto e no 
puerpério, de modo que as medidas de prevenção e controle pertinentes 
sejam tomadas, prevenindo-se novos casos. 
 
Como existem ações de saúde e intersetoriais integradas para prevenção e 
controle das doenças, a prevalência e o índice de incidência aumentados 
determina investigação crítica sobre as circunstâncias de sua ocorrência, 
indicando as que necessitam de implementação. 
 
Reduzir as taxas de morbimortalidade das doenças imunopreveníveis 
compreende conhecer sua situação, ou seja, sua prevalência, incidência, 
letalidade, ocorrência na sua região, situação vacinal, entre outras. 
 
 
 
18 
 
Na ocorrência de alguma delas, a equipe de saúde deve notificar 
imediatamente a vigilância epidemiológica para se traçar medidas de 
prevenção e controle. 
 
A Unidade de Saúde deve garantir o funcionamento da sala de vacina, sem 
restrição de horários, para não se perder a oportunidade de vacinar toda a 
população, acompanhar a cobertura vacinal das crianças de sua área, fazendo 
a busca ativa de faltosos. 
 
A continuidade do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da 
criança nos serviços de saúde possibilita ampliar a cobertura de vacinação, 
principalmente depois dos cinco anos de vida, quando a cobertura não tem 
sido atingida pela ação dos serviços de saúde. 
 
É interessante saber a situação vacinal das famílias para relacioná-la com a 
cobertura da área de abrangência da UBS e da cidade, conhecer o 
funcionamento da sala de vacina, avaliar se as metas estão sendo atingidas e 
quais são as dificuldades para alcançá-las. 
 
Há outras vacinas (contra varicela, hepatite A etc.) que não constam do 
calendário da rede pública, mas estão disponíveis na privada. É importante 
saber a razão desta diferença para orientar e esclarecer as pessoas. 
 
A inexistência do cartão ou a falta de vacinação são informações importantes 
para elaboração de ações que possam auxiliar a família a cumprir com uma 
prevenção tão importante. 
 
Na atenção à criança e ao adolescente portadores de deficiência, sabemos que 
pelo menos 10% das crianças nascem ou adquirem algum tipo de deficiência 
— física, mental ou sensorial —, com repercussão negativa no 
desenvolvimento neuropsicomotor. 
 
 
 
19 
 
Por outro lado, cerca de 70 a 80% das sequelas podem ser evitadas ou 
minimizadas através de condutas e procedimentos simples de baixo custo e de 
possível operacionalização (acompanhamento do crescimento, estimulação 
global do desenvolvimento, imunização e abordagem oportuna das alterações 
observadas). 
 
As crianças com necessidades especiais devem receber atenção integral e 
multiprofissional, devendo ter como referencial a promoção da sua inclusão e 
participação social. 
 
O cuidado integral à criança portadora de deficiência consiste em: 
• Diagnóstico, tratamento, procedimentos de reabilitação, medicamentos, 
assistência odontológica, ajudas técnicas e a nutrição adequada; 
• Fornecimento de órteses, próteses, bolsas pediátricas de colostomias, 
medicamentos, leites especiais. 
 
Esse cuidado obedece ao fluxo local de assistência e pressupõe reabilitar a 
criança na sua capacidade funcional e desempenho humano e proteger sua 
saúde, para que possa desempenhar o seu papel em todas as esferas da sua 
vida social. 
 
Muitas das demandas atuais à saúde mental decorrem da ausência de espaços 
de participação social, de exercício do protagonismo infanto-juvenil, da falta 
de perspectivas e de oportunidades para o desenvolvimento das aptidões e 
mesmo do efetivo exercício de cidadania de crianças e jovens. 
 
Reconhecer a importância e o significado dos espaços de construção coletiva e 
de efetivo exercício da intersetorialidade, fundamentais na luta para assegurar 
o lugar da criança no seu território, na comunidade e na cidade tem a 
potência de reverter em medidas — inclusão em atividades de socialização, 
oficinas culturais e esportivas da própria comunidade —, recursos tão valiosos 
 
 
20 
 
para a promoção da saúde e prevenção dos distúrbios de comportamento e 
das doenças mentais. 
 
Outro aspecto importante e de alta relevância na saúde de crianças, 
adolescentes e jovens está relacionado à violência. 
 
Segundo dados do IBGE, a violência se expressa nos óbitos e nas notificações 
de violência doméstica e sexual, atingindo todas as faixas etárias, com 
prevalência no sexo feminino na fase mais madura (adolescência e 
maturidade), como podemos observar nos gráfico e tabela que segue: 
 
 
 
 
21 
 
 
 
A situação de pobreza da maioria das crianças, adolescentes e jovens que 
sofrem violência traz consigo múltiplos agravos à saúde decorrente, em 
grande parte, da total ausência de suporte social direcionado a suas famílias. 
 
Não deve passar despercebido aos profissionais de saúde que a sociedade 
brasileira nega a esses jovens condições dignas e suficientes para uma 
completa possibilidade de viver e gozar de plena saúde, já que lhes impõe: 
 
• Precárias condições de habitação, com abastecimento de água ligado à 
rede geral com canalização interna, e instalação sanitária ligada à rede 
geral ou à fossa séptica; 
• Situação educacional deficiente; 
• Difíceis condições de trabalho. 
 
Esse panorama ilustra a maneira como vivem as crianças e adolescentes 
vítimas da violência, característica de sociedades marcadas por profundas 
desigualdades na distribuição da riqueza social. 
 
São as chamadas crianças e adolescentes de alto risco, porque têm uma 
imediata probabilidade de sofrer, cotidiana e permanentemente, a violação de 
 
 
22 
 
seus direitos humanos mais elementares devido ao profundo processo de 
espoliação a que são submetidas: direito à vida, à saúde, à alimentação, à 
educação, à segurança, ao lazer, entre outros. 
 
Cabe enfatizar que a adolescência é marcada por profundas mudanças físicas, 
emocionais, mentais e sociais, e a puberdade se refere às mudanças 
fisiológicas e morfológicas. 
 
As principais manifestações são: o estirão puberal, o desenvolvimento gonadal 
e o desenvolvimento dos órgãos de reprodução e das características sexuais 
secundárias. 
 
Do mesmo modo, as modificações nas relações sociais na família, na escola e 
na comunidade fazem com que os adolescentes vivenciem um processo 
contínuo de busca de autonomia e independência, com um novo olhar para a 
vida, acompanhado de um questionamento de valores até então aceitos. 
 
A interação dessas transformações no contexto da família, da sociedade e do 
ambiente sociocultural culmina com a construção da identidade adulta. Esta 
não acontece, na maioria das vezes, tranquilamente. É preciso estar mais uma 
vez atentos aos suportes familiar, comunitário e social. 
 
As mudanças na estrutura familiar e no mercado de trabalho aumentaram o 
tempo em que os adolescentes passam sem a presença dos adultos, 
especialmente dos pais. 
 
Dessa forma, o processo de amadurecimento, que deveria ser gradual, com a 
aquisição de autonomia e responsabilidade, ocorre de forma abrupta. 
 
Além disso, o distanciamento dos pais limitaa comunicação entre os 
adolescentes e suas famílias, constituindo um risco para a iniciação precoce da 
atividade sexual, uso de drogas e comportamentos delinquentes. 
 
 
23 
 
 
O profissional de saúde tem como uma de suas atividades perceber a 
dinâmica familiar e criar espaços para fortalecer essa relação, buscando a 
participação de outras pessoas da família e da comunidade. 
 
A escola tem um grande significado na formação da identidade da criança e 
do adolescente, e por isso representa um lugar privilegiado de aprendizagem 
e de promoção de saúde. 
 
Assim, o espaço de interação com o adolescente e jovem na família deve 
contribuir para o desenvolvimento da cidadania, evidenciando a importância 
de sua participação na vida social e de seu papel protagonista na construção 
de um projeto de vida consciente e responsável. 
 
É importante conhecer o seu engajamento na vida da família e da 
comunidade, como é o acesso para a prática de esporte, lazer, cultura, 
expressão artística e de atividades que promovam a saúde, principalmente na 
discussão de conteúdos ligados à sexualidade e a questões ambientais. 
 
A estratégia de saúde da família, entendida como o conjunto de ações, de 
caráter individual ou coletivo, desempenhadas para a promoção da saúde e a 
prevenção dos agravos, bem como para as ações de assistência aos 
problemas de saúde, é o eixo norteador para a organização da atenção básica 
nas unidades de saúde. 
 
Portanto, a unidade básica de saúde é preferencialmente a porta de entrada 
do sistema; é o momento privilegiado para prover ações resolutivas, que 
contemplem integralmente e de forma mais abrangente as necessidades 
colocadas. 
 
No entanto, não se pode perder de vista que qualquer local do sistema de 
saúde e outros espaços sociais colocam-se como oportunidades de cuidado. 
 
 
24 
 
 
Saiba mais: 
Leia o artigo: Violência contra a criança e o adolescente: proposta preliminar 
de prevenção e assistência á violência doméstica. Brasília: MS, SASA, 1997. 
Disponível em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/0220violencia.pdf>. Acesso em: 
28 jan. 2016. 
 
4- Nutrição e Saúde Bucal 
 
Veremos aqui os conceitos e práticas de alimentação saudável para crianças e 
adolescentes na prevenção de doenças e agravos a saúde. 
 
Destacaremos as ações do programa de promoção e incentivo ao aleitamento 
materno exclusivo até os seis meses de idade; alimentação saudável e a 
saúde bucal na atenção primária. 
 
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição - PNAN traz em sua concepção 
— e explicitamente em seu texto introdutório — que “a alimentação e a 
nutrição constituem requisitos básicos para a promoção e a proteção da 
saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial de crescimento e 
desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania” (Brasil, 2003, 
p. 11). 
 
Tais atributos estão ainda consignados na Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, promulgada em 1948, que foram reafirmados no Pacto 
Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966) e 
incorporados à legislação nacional em 1992. 
 
Portanto, devemos introduzir o conceito de alimentação e nutrição saudáveis 
desde a concepção, buscando estratégias de garantia de oferta de alimentos 
 
 
25 
 
de qualidade, acessíveis a toda a população, com especial prioridade para 
crianças. 
 
Evidências científicas comprovam que o leite humano tem grande potencial 
transformador no crescimento, desenvolvimento e prevenção de doenças na 
infância e idade adulta, não somente pelas vantagens nutricionais, 
imunológicas, como pelo bem-estar e afetividade proporcionados às crianças. 
 
Considerado garantia fundamental para a da saúde infantil, o aleitamento 
materno é exclusivo até os seis meses e pode ser complementado com 
alimentos apropriados até os dois anos de idade (Alves; Moulin, 2008). 
 
É extremamente necessário orientar a mulher ainda durante o pré-natal, sobre 
os cuidados com os mamilos, a importância do alojamento conjunto na 
maternidade e amamentação precoce, informações sobre a licença-
maternidade para a mulher trabalhadora, a atenção aos outros filhos e ao pai, 
que costumam ficar enciumados com a dedicação de que o bebê necessita. 
 
Após o nascimento, é fundamental a escuta qualificada com o objetivo de 
captar as dúvidas, preocupações e dificuldades das mães e familiares. 
Conhecer as crenças que a comunidade cultiva auxilia no desenvolvimento da 
amamentação e envolve todos neste processo. 
 
É muito importante desvelar os mitos negativos sobre o leite materno, 
buscando reconstruir o valor da amamentação, da relação mulher-mãe-filho e 
a mobilização de recursos internos e externos, exigido ao ato de amamentar, 
como os dolorosos momentos iniciais da amamentação. 
 
Por ocasião de uma visita domiciliar, é importante identificar os aspectos 
familiares que podem apoiar o aleitamento exclusivo. 
 
 
 
26 
 
Tais aspectos abrangem a importância que a família dá ao aleitamento 
materno, se a criança está em aleitamento exclusivo ou se foram introduzidos 
outros alimentos, as dificuldades encontradas e se a mulher conhece as leis 
que protegem a criança e portanto seu direito de amamentar. 
 
A introdução de novos alimentos, aos seis meses de idade para as crianças 
que estavam em aleitamento exclusivo, demanda uma observação dos hábitos 
alimentares da família e orientação cuidadosa baseada na nutrição saudável. 
 
Essa é uma forma eficiente de controle dos desvios alimentares e nutricionais 
e prevenção de várias doenças, como as deficiências nutricionais, as doenças 
crônicas, sobrepeso e obesidade. 
 
As ações de vigilância devem identificar, através da CSC, as famílias e crianças 
em risco e priorizar o seu atendimento por programas de transferência de 
renda ou de distribuição de alimentos disponíveis. 
 
Devemos valorizar a observação cuidadosa, o conhecimento e 
desenvolvimento de vínculo com a família, caso contrário estaremos distantes 
da realidade das pessoas. 
 
Em relação à saúde bucal, é importante saber sobre as funções e a 
importância da boca para a saúde das pessoas, incluindo as relações sociais. 
 
As mudanças paradigmáticas no conceito e na política de saúde bucal, 
entendida como parte intimamente associada à saúde da pessoa como um 
todo, reinsere o conceito de complexidade sendo a boa parte fundamental do 
todo. 
 
A partir de então, as ações e serviços passam a ser planejadas de forma 
integral e articular, principalmente na atenção básica através da estratégia 
Saúde da Família. 
 
 
27 
 
 
Portanto, a saúde bucal da criança começa com o cuidado à saúde da mulher 
e da família, entendida como condições favoráveis antes e durante a gravidez, 
inclusive com tratamentos preventivos e curativos que evitam o parto 
prematuro. 
 
O aleitamento materno passa a ser incentivado, também, por promover a 
saúde dos dentes e o correto crescimento dos ossos da face, prevenindo 
problemas ortodônticos e da fala. 
 
O vínculo criado entre a equipe de saúde e a família permite conhecer a 
importância atribuída por esta à sua saúde bucal e seus hábitos de vida, 
principalmente alimentares e de higiene. 
 
Hábitos lesivos (falta de horário para a alimentação, uso de chupetas e 
mamadeiras, ingestão excessiva de medicamentos, consumo de álcool, fumo e 
drogas) podem ser modificados, através de trabalhos em grupos, consultas, 
visitas e observação, para melhorar a saúde de toda a família. 
 
Os cuidados de higiene bucal — que incluem o acesso à água tratada e 
fluoretada, o uso de panos, gaze, escova e fio dental — devem ser 
constantemente estimulados e construídos nas diversas ações das equipes de 
saúde, como a única maneira de se controlar a microbiota bucal no dia a dia. 
 
Os tratamentos preventivos e curativos devem ser realizadosem intervalos 
regulares constantemente. 
 
Os principais agravos que acometem a saúde bucal, e que têm sido objeto de 
estudos epidemiológicos em virtude de sua prevalência e gravidade, são: 
 
(1) Cárie dentária; 
(2) Doença periodontal: (a) gengivite e (b) periodontite; 
 
 
28 
 
(3) Câncer de boca; 
(4) Traumatismos dentários; 
(5) Fluorose dentária; 
(6) Edentulismo; 
(7) Má oclusão. 
 
A lesão cariosa, considerada a de maior prevalência, é a manifestação clínica 
de uma infecção bacteriana. 
 
A atividade metabólica das bactérias resulta em um contínuo processo de 
desmineralização e remineralização do tecido dentário, e o desequilíbrio nesse 
processo pode causar uma progressão da desmineralização do dente, com a 
consequente formação da lesão de cárie. 
 
Esse processo é influenciado por muitos fatores determinantes, o que faz da 
cárie dentária uma doença multifatorial. 
 
Os principais fatores de risco associado são: fatores culturais e 
socioeconômicos; falta de acesso ao flúor; deficiente controle mecânico do 
biofilme (placa bacteriana; consumo excessivo e frequente de açúcar) e 
xerostomia. 
 
Como uma medida simples de promoção da saúde bucal e prevenção da cárie 
dentária, existe a fluoretação da água de abastecimento, que deve ser uma 
política prioritária, de forma a garantir o monitoramento dos teores de flúor 
agregados à água. 
 
A abordagem coletiva pode incluir os seguintes procedimentos: 
• Exame epidemiológico; 
• Educação em saúde bucal; 
• Escovação dental supervisionada; 
 
 
29 
 
• Entrega de escova e dentifrício fluoretado e, sempre que possível, de 
fio dental; 
• Aplicação tópica de flúor (ATF): para se instituir a aplicação tópica de 
flúor de forma coletiva, deve ser levada em consideração a situação 
epidemiológica dos grupos populacionais locais em que a ação será 
realizada. 
 
Sua utilização com abrangência universal é recomendada somente para as 
populações nas quais seja constatada uma ou mais das seguintes situações: 
 
• Exposição à água de abastecimento sem flúor ou com teores abaixo de 
0,4 ppmF e sem acesso a dentifrício fluoretado; 
• CPOD maior que 3 aos 12 anos de idade; 
• Menos de 30% dos indivíduos livres de cárie aos 12 anos de idade. 
 
A ATF pode ser realizada na forma de bochechos fluorados semanais ou 
diários ou aplicação trimestral de flúor gel na escova, moldeira ou com 
pincelamento. 
 
Avaliar o desempenho da equipe de saúde (incluindo a equipe de saúde bucal) 
é fundamental para a análise e avaliação do impacto na qualidade de saúde e 
de vida desse grupo populacional em especial. 
 
Pode-se utilizar as seguintes abordagens: 
• Como é a atenção à saúde bucal da unidade de saúde que você visita? 
• Qual a importância que a família dá a ela, hábitos de higiene bucal, 
acesso ao tratamento dentário? 
 
Saiba mais: 
Leia os artigos: 
1. A importância da Alimentação saudável na infância e na adolescência. 
Disponível em: 
 
 
30 
 
<http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/3149/a_importan
cia_da_alimentacao_saudavel_na_infancia_e_na_adolescencia.htm>. 
Acesso em: 29 jan. 2016. 
 
2. Ações de alimentação e nutrição na atenção básica: a experiência de 
organização no Governo Brasileiro. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
52732011000600002>. Acesso em: 29 jan. 2016. 
 
3. Modelo de avaliação da saúde bucal na atenção básica. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/csp/v27n9/07.pdf>. Acesso em: 29 jan. 
2016. 
 
Conheça a Sociedade Brasileira de Odontologia – SOB. Disponível em: 
<http://www.abo.org.br/site/>. Acesso em: 29 jan. 2016. 
 
5- Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da 
Mulher (PNAISM) – MS 
 
Em função da organização social das relações de gênero, homens e mulheres 
estão expostos a padrões distintos de adoecimento, sofrimento e morte. 
 
Para as mulheres, os problemas são agravados pela discriminação nas 
relações de trabalho e a sobrecarga com as responsabilidades com o trabalho 
doméstico. 
 
Porém, outras variáveis como raça, etnia e situação de pobreza realçam ainda 
mais as desigualdades, em que certas doenças e causas de morte estão mais 
relacionadas com a situação de discriminação na sociedade do que com 
fatores biológicos. 
 
 
 
31 
 
O enfoque de gênero, a integralidade e a promoção da saúde como princípios 
norteadores buscam consolidar os avanços no campo dos direitos sexuais e 
reprodutivos, com ênfase na melhoria da atenção obstétrica, no planejamento 
familiar, na atenção ao abortamento inseguro e no combate à violência 
doméstica e sexual. 
 
Essa é a tônica da abordagem da Política Nacional de Atenção Integral à 
Saúde da Mulher (PNAISM). 
 
Cada ciclo da vida da mulher é marcante para seu corpo e sua história de 
vida, que em cada cultura recebem um significado diverso. 
 
A menstruação e a menopausa são fenômenos naturais da fisiologia feminina 
e por longo tempo foram tratados como incômodos e vistos como doença. 
Ainda nos dias de hoje há uma ideia presente que associa a feminilidade aos 
aspectos da fertilidade e da juventude. 
 
A discriminação de gênero, que interfere nas relações sociais e culturais, pode 
fazer com que as mulheres, no climatério e especialmente após a menopausa, 
venham a se sentir incompetentes e incapazes de desempenhar normalmente 
suas atividades ou empreender em novos projetos de vida. 
 
A Rede Cegonha é uma estratégia de mudança do modelo de atenção 
obstétrica e infantil a ser implementado em todo o território nacional, com 
prioridade de implantação nas regiões da Amazônia Legal e do Nordeste, bem 
como nas regiões metropolitanas. 
 
Esta é uma rede de cuidados que visa assegurar às mulheres o direito ao 
planejamento reprodutivo, à gravidez, ao parto e puerpério seguros e 
humanizados, e às crianças o direito ao nascimento e desenvolvimento 
saudáveis. São cinco fases de implementação, que deverão estar finalizadas 
até 2016. 
 
 
32 
 
 
A atenção integral à saúde da mulher compreende o atendimento à mulher a 
partir de uma percepção ampliada de seu contexto de vida, do momento em 
que apresenta determinada demanda, assim como de sua singularidade e de 
suas condições enquanto sujeito capaz e responsável por suas escolhas. 
 
A atenção integral à saúde da mulher implica, para os prestadores de serviço, 
no estabelecimento de relações com pessoas singulares, seja por razões 
econômicas, culturais, religiosas, raciais, de diferentes orientações sexuais etc. 
 
O atendimento deverá nortear-se pelo respeito a todas as diferenças, sem 
discriminação de qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças 
pessoais. Esse enfoque deverá ser incorporado aos processos de sensibilização 
e capacitação para a humanização das práticas em saúde. 
 
Leia o artigo: 
COELHO, Edméia de Almeida Cardoso et al. Integralidade do cuidado à saúde 
da mulher: limites da prática profissional. Esc Anna Nery Rev Enferm, v. 
13, n. 1, p. 154-60, 2009. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/ean/v13n1/v13n1a21>. Acesso em: 29 jan. 2016. 
Conheça a Rede APS. Disponível em: 
<http://www.rededepesquisaaps.org.br/>. Acesso em: 29 jan. 2016. 
 
6- Ações da Clínica e do Cuidado nas Principais Queixas e Agravos da 
Saúde da Mulher 
 
Abordamos os aspectos clínicos e o manejo das principais queixas e agravos 
ginecológicos; o impacto das doenças sexualmente transmissíveis para a 
saúde e qualidade de vida das mulheres e seus impactos sociais. 
 
O tópico propõe que a saúde da mulher seja vista de forma ampla, 
considerando os aspectos biológicos, variáveis como condições sociais, 
 
 
33 
 
regionais, laborais, faixa etária, ciclo de vida contexto familiar, de modo que 
as ESFs possam atender as especificidades.Garante-se assim a integralidade e humanização do atendimento e escuta 
qualificada na construção de novos projetos terapêuticos voltados para 
problemas específicos e queixas inespecíficas, melhorando a qualidade de 
vida. 
 
Trata da importância da prevenção e detecção do câncer ginecológico, da 
identificação dos papéis da equipe multiprofissional no reconhecimento e 
enfrentamento das queixas, no conhecimento e implementação de medidas de 
busca ativa da prevenção e detecção precoce do câncer ginecológico e no 
reconhecimento e viabilidade do sistema para a identificação de queixas 
associadas à violência. 
 
As mudanças de hábitos, aliadas ao estresse gerado pelo estilo de vida do 
mundo moderno, contribuem para que as doenças crônico-degenerativas 
estejam entre as principais causas de morte na população feminina. 
 
Alguns fatores, como o tipo de alimentação, o sedentarismo, o tabagismo, a 
sobrecarga de responsabilidades — aumento considerável do número de 
mulheres chefes de família —, a competitividade, o assédio moral e sexual no 
mundo do trabalho, têm relevância destacada na mudança do perfil 
epidemiológico das mulheres. 
 
A hipertensão arterial e o diabetes constituem-se nos principais fatores de 
risco populacional para as doenças cardiovasculares que, por sua vez, são a 
primeira causa de morte (31%), segundo dados do SIM/MS/2002. 
 
A hipertensão arterial tem prevalência estimada em cerca de 20% da 
população adulta (maior ou igual a 20 anos) e forte relação com 80% dos 
 
 
34 
 
casos de acidente vascular cerebral e 60% dos casos de doença isquêmica do 
coração. 
 
O diabetes vem apresentando uma prevalência crescente. No Brasil, a 
prevalência é em torno de 7,6% na população de 30 a 69 anos. 
 
Na referida pesquisa realizada por Laurenti (2002), o acidente vascular 
cerebral aparece como a primeira causa de morte em mulheres de 10 a 49 
anos e a doença hipertensiva, a doença isquêmica do coração e o diabetes 
ocupam, respectivamente, o sétimo, oitavo e nono lugar. 
 
O câncer de colo, diferentemente do câncer de mama, pode ser prevenido 
com medidas de fácil execução e de baixo custo. 
 
Segundo o INCA, em 2000, no SUS, a rede de coleta de exames 
citopatológicos cérvico-vaginais era composta por 6.908 unidades. Em 2002, 
estas já totalizavam 12.726. Em 2000, havia 687 laboratórios de citopatologia 
que, em 2002, totalizaram 1.043. 
 
Em 1998, não havia nenhuma unidade de cirurgia de alta frequência e, em 
2002, 308 estavam funcionando. No mesmo ano, 166 hospitais realizavam 
tratamento de câncer. 
 
Mas não basta introduzir a oferta dos exames preventivos na rede básica. É 
preciso mobilizar as mulheres mais vulneráveis a comparecer aos postos de 
saúde e implementar os sistemas de referência para o que for necessário 
encaminhar. 
 
No Brasil, observa-se que o maior número de mulheres que realizam o exame 
papanicolau está abaixo de 35 anos de idade, enquanto o risco para a doença 
aumenta a partir dessa idade. 
 
 
 
35 
 
A prevenção do câncer ginecológico, assim como o diagnóstico precoce e o 
tratamento, requerem a implantação articulada de medidas como 
sensibilização e mobilização da população feminina, investimento tecnológico 
e em recursos humanos, organização da rede, disponibilidade dos tratamentos 
e melhoria dos sistemas de informação. 
 
As mulheres lésbicas ainda consideram que o câncer de colo de útero só afeta 
mulheres heterossexuais e, portanto, não se sentem mobilizadas para sua 
prevenção nem para a prevenção do câncer de mama. 
 
As políticas públicas precisam incorporar o entendimento de que as mulheres 
lésbicas também são mulheres e, portanto, devem ser contempladas no 
conjunto das ações de atenção à saúde da mulher. 
 
A agenda de necessidades de saúde desse grupo populacional diz respeito, 
dentre outras, ao atendimento na área da ginecologia, em que os profissionais 
partem do pressuposto de que a vida sexual ativa das mulheres é sempre de 
caráter heterossexual. 
 
A ausência da variável cor na maioria dos sistemas de informação da área de 
saúde tem dificultado uma análise mais consistente sobre a saúde das 
mulheres negras no Brasil. No entanto, os dados socioeconômicos referentes à 
população negra por si só já são indicadores de seu estado de saúde. 
 
A maioria de mulheres negras encontra-se abaixo da linha de pobreza e a taxa 
de analfabetismo é o dobro, quando comparada a das mulheres brancas. 
 
Por essas razões, elas possuem menor acesso aos serviços de saúde de boa 
qualidade, resultando que as mulheres negras têm maior risco de contrair e 
morrer de determinadas doenças do que as brancas. 
 
 
 
36 
 
Alguns problemas de saúde são mais prevalentes em determinados grupos 
raciais/ étnicos e, no caso das mulheres negras, a literatura refere maior 
frequência de diabetes tipo II, miomas, hipertensão arterial e anemia 
falciforme. 
 
São doenças sobre as quais os dados empíricos são suficientes para 
demonstrar o recorte racial/ étnico relativo à população negra. 
 
A literatura norte-americana afirma que a prevalência de miomas em mulheres 
negras é cinco vezes maior que em brancas. No Brasil, segundo Souza (1995), 
também é alta a incidência e reincidência de miomas em mulheres negras. 
 
No que se refere à hipertensão arterial, sua maior prevalência se dá em 
negros de ambos os sexos, com a peculiaridade de aparecer mais cedo e ser 
mais grave e complicada nesse grupo populacional. 
 
Esse dado adquire maior gravidade quando relacionado à hipertensão arterial 
durante a gravidez, levando à toxemia gravídica, uma das principais causas de 
morte materna no Brasil. 
 
A anemia falciforme é uma doença hereditária que incide majoritariamente em 
negros em todo o mundo, sendo a do tipo banto (a mais grave) a 
predominante no Brasil. 
 
Dados da Organização Mundial da Saúde estimam que nascem no Brasil cerca 
de 2.500 crianças falcêmicas/ ano e, segundo Oliveira (2000), triagens de 
gestantes no pré-natal demonstraram que, em cada mil, 30 são portadoras do 
traço falcêmico. 
 
A precariedade das condições de vida das mulheres negras leva-as a 
apresentar também maiores taxas de doenças relacionadas à pobreza, como o 
 
 
37 
 
câncer de colo de útero, que é duas vezes mais frequente em mulheres 
negras que em brancas. 
 
Saiba mais: 
Leia o artigo: Dossiê, assimetrias raciais no Brasil: alerta para elaboração de 
políticas. Belo Horizonte, 2003. Disponível em: 
<http://pesquisa.bvs.br/brasil/resource/pt/ses-19572>. Acesso em: 29 jan. 
2016. 
 
Conheça a Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos 
Reprodutivos. Disponível em: <http://redesaude.org.br/comunica/>. Acesso 
em: 29 jan. 2016. 
 
7- Atenção Integral à Saúde Mulher no Climatério e na Menopausa 
 
Vamos abordar alguns conceitos e diretrizes de cuidado à mulher no climatério 
e menopausa; abordagem social desta etapa da vida como elemento de 
redefinição do papel social da mulher; riscos e agravos à saúde relacionados a 
esse período. 
 
A sexualidade das mulheres ainda é, em parte, desconhecida, não somente 
para os homens, mas, sobretudo, para elas próprias. Durante anos, o modelo 
de sexualidade dominante, normativo, aceito socialmente, é o que 
corresponde à sexualidade masculina. 
 
A ignorância e os tabus que ainda rodeiam a sexualidade durante o climatério 
trazem como consequência o fato de que as diversas mudanças que 
acontecem no corpo e nas relações sexuais nesse período da vida são 
frequentemente atribuídas, muitas vezes indevidamente, à menopausa. 
 
Os profissionais de saúde que atendem a clientela feminina devem cuidar para 
que haja a maior efetividade possível. Os serviços de saúde precisam adotar 
 
 
38 
 
estratégias que evitem a ocorrência de oportunidades perdidas de atenção às 
mulheresno climatério. 
 
Isso é, evitar ocasiões em que as mulheres entram em contato com os 
serviços e não recebem orientações ou ações de promoção, prevenção e ou 
recuperação, de acordo com o perfil epidemiológico deste grupo populacional. 
 
As oportunidades ocorrem durante a anamnese, que valoriza a escuta, no 
exame clínico, que inclui a aferição do peso, da altura, da circunferência 
abdominal e da pressão arterial, no elenco de exames solicitados. 
 
Também no encaminhamento para grupos psicoeducativos ou para outros 
profissionais (saúde bucal, endocrinologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia 
etc.), na orientação sobre sexualidade, alimentação saudável, prevenção do 
câncer e das DSTs/ AIDS, na oferta de atividades de promoção da saúde e 
outros recursos disponíveis na rede, em outros serviços públicos e na 
comunidade. 
 
Saiba mais: 
Leia o Manual de Atenção à Mulher no Climatério/ Menopausa. Disponível em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_atencao_mulher_climate
rio.pdf>. Acesso em: 29 jan. 2016. 
 
Conheça a Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia – RBGO. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/scielo.php/script_sci_serial/pid_0100-
7203/lng_pt/nrm_iso>. Acesso em: 29 jan. 2016. 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
8- Enfrentamento da Violência contra a Mulher 
 
Veremos o conceito de violência contra mulher; sinais e sintomas da violência; 
estratégias de abordagem das mulheres vitimas de violência; iniciativas de 
proteção à mulher e seus filhos vitimas de violência. 
 
A forma mais frequente de violência sofrida pelas mulheres é a doméstica. 
São atos e comportamentos dirigidos contra a mulher que correspondem a 
agressões físicas ou sua ameaça, maus tratos psicológicos e abusos ou 
assédios sexuais, e desrespeito aos seus direitos na esfera da vida reprodutiva 
ou da cidadania social. 
 
Consistem em agressão verbal, física e psicológica cometidas por um membro 
da família ou pessoa que habite ou tenha habitado o mesmo domicílio. 
 
As mulheres podem estar envolvidas nas situações de violência doméstica 
como agredidas ou como agressoras. 
 
Algumas são mesmo a um só tempo envolvidas em ambas as situações, 
quando, por exemplo, sofrem violência do marido e batem nas crianças. 
Trataremos aqui da abordagem das mulheres no sentido de apoiar sua 
emancipação e consequente superação das situações de violência. 
 
A seguir, discriminamos os atos que podem ser considerados violência física, 
sexual e psicológica. 
 
• Violência física: 
• Tapas 
• Empurrões 
• Chutes 
• Bofetadas 
• Tentativa de asfixia 
 
 
40 
 
• Ameaça com faca 
• Tentativas de homicídios 
• Puxões de cabelo 
• Beliscões 
• Mordidas 
• Queimaduras 
 
• Violência psicológica: 
• Humilhações 
• Ameaças de agressão 
• Privação da liberdade 
• Impedimento ao trabalho ou estudo 
• Danos propositais a objetos queridos 
• Danos a animais de estimação 
• Danos ou ameaças a pessoas queridas 
• Impedimento de contato com a família e amigos 
 
• Violência sexual: 
• Expressões verbais ou corporais que não são do agrado da 
pessoa 
• Toques e carícias não desejados 
• Exibicionismo e voyerismo 
• Prostituição forçada 
• Participação forçada em pornografia 
 
Visibilidade/ invisibilidade da violência doméstica 
 
Apesar da alta magnitude, é raro a violência tornar-se visível. Quando 
mulheres que estão sofrendo violência procuram os serviços de saúde, 
dificilmente revelam espontaneamente esta situação. Mesmo quando 
perguntamos, corremos o risco de este sofrimento não ser revelado. 
 
 
 
41 
 
Isso ocorre porque é bastante difícil a mulher falar sobre a violência, assim 
como não tem sido das mulheres o crédito e o acolhimento diante dessa 
revelação. 
 
Também devemos lembrar que a palavra violência pode não corresponder à 
experiência vivida por algumas mulheres, que não reconhecem os atos 
agressivos cometidos pelo marido como violência, mas sim como “ignorância”, 
“estupidez” ou outros termos parecidos. 
 
Assim sendo, seja por dificuldades das mulheres, seja porque não podem 
ainda confiar nos serviços de saúde, as mulheres geralmente não contam que 
vivem em situação de violência. 
 
 
 
 
 
42 
 
Por definição, a violência sexual é toda a ação na qual uma pessoa, em 
relação de poder e por meio de força física, coerção ou intimidação 
psicológica, obriga outra ao ato sexual contra a sua vontade. 
 
O abuso sexual é muitas vezes difícil de ser detectado. Atos libidinosos, 
atentado ao pudor, sedução, entre outros, podem não deixar marcas físicas. 
 
• Abuso incestuoso: é o abuso sexual envolvendo o pai ou outro parente 
próximo, que se encontra em uma posição de maior poder em relação à 
vitima. 
 
• Sexo forçado no casamento: a mulher é constrangida a manter relações 
sexuais como parte de suas obrigações de esposa. 
 
• Assédio sexual no local de trabalho: atitudes de conotação sexual em que 
ocorre o constrangimento de uma das partes, através do uso do poder de um 
superior na hierarquia em instituições de ensino e locais de trabalho e onde 
quer que se estabeleçam relações desiguais de poder. 
 
• Estupro - quando a mulher é obrigada a manter relações sexuais vaginais 
sob ameaça ou violência. 
 
• Atentado violento ao pudor - quando a mulher é obrigada a manter relação 
sexual anal, oral ou qualquer outro contato íntimo que não seja relação sexual 
vaginal ou quando é obrigada a presenciar outras pessoas tendo relações 
sexuais. 
 
A violência institucional, fruto das desigualdades predominantes em uma 
determinada sociedade, incorpora-se à cultura hegemônica em instituições 
como os serviços públicos, a mídia e as empresas privadas. 
 
 
 
43 
 
No Brasil, não são raras as denúncias da falência do sistema penitenciário e 
suas repercussões junto às mulheres encarceradas, sendo difícil o acesso a 
fontes de informação sobre o tema. 
 
A violência contra mulheres presas não é um fenômeno local, que reporta 
casos de estupros e outros tipos de abuso sexual, restrições cruéis e 
degradantes às mulheres presas que estão grávidas ou seriamente doentes, 
acesso inadequado às necessidades básicas para se manter física e 
mentalmente saudáveis, confinamento e isolamento por períodos muito 
prolongados em condições que reduzem os estímulos sensoriais. 
 
A violência nos serviços de saúde são enfrentadas por muitas mulheres que se 
dirigem aos serviços de saúde para um atendimento que é marcado pela 
violência. 
 
Não são raros os relatos de casos de curetagem sem anestesia, quando em 
situação de aborto; tratamento preconceituoso, negligência e maus-tratos nas 
situações de aborto provocado; falta de esclarecimentos e orientações 
adequadas; exames ginecológicos feitos com pouco cuidado; falta de 
privacidade quando examinadas; abuso sexual por parte dos profissionais e 
tratamento preconceituoso em casos de violência sexual. 
 
Apenas uma em cada dez mulheres em situação de violência que procuram 
atendimento médico é oficialmente reconhecida pelos profissionais de saúde 
como uma mulher espancada. 
 
As respostas dos profissionais a essas mulheres tendem a se limitar ao 
tratamento das lesões físicas causadas pelo espancamento e, em muitos 
casos, a culpar a vítima pela violência. 
 
 
 
 
 
44 
 
Saiba mais: 
Leia o artigo: Violências contra as mulheres: interface com a saúde. Disponível 
em: <www.scielo.br/pdf/icse/v3n5/03.pdf>. Acesso em: 29 jan. 2016. 
 
Conheça a ONU MULHERES. Disponível em: 
<www.onumulheres.org.br/areas.../fim-da-violencia-contra-as-mulheres>. 
Acesso em: 29 jan. 2016. 
 
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Editora do Ministério da Saúde, 2007. 82 p.: il. – (Série C. Projetos, 
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rastreamento do câncer do colo do útero. Rio de Janeiro: INCA, 
2011. 
 
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de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento 
materno e alimentação complementar. Brasília: Editora do Ministério da 
Saúde, 2009. 
 
Bibliografia complementar: 
 
AGÊNCIA BRASIL. Nova Caderneta de Saúde da Criança. Disponível em: 
<http://www.soperj.org.br/download/caderneta_saude_da_crianca_todos.pdf
>. Acesso em: 28 jan. 2016. 
 
 
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Martins Fontes Editora, 2. Ed. brasileira, 1988. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Linha de Cuidado para Atenção Integral à 
Saúde de Criança, Adolescentes e suas Famílias em Situação de 
Violências. Orientação para Gestores e Profissionais de Saúde. Série F 
Comunicação e Educação em Saúde. Brasília, 2010. Disponível em: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_criancas_familias
_violencias.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2016. 
 
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento 
de Ações Programáticas Estratégicas. Texto retirado de Atenção integral 
à saúde de adolescentes e jovens. Documento preliminar para discussão na 
Oficina de Construção da Política Nacional de Atenção à Saúde de 
Adolescentes e Jovens. Brasília: ASAJ, [2003]. 
 
______. Ministério da Saúde. Sistema de Informação em Pré-Natal (Sis-
prenatal). Brasília: Ministério da Saúde; DATASUS, 2002. 
 
______. Ministério da Saúde. Violência Intrafamiliar. Brasília, 2002. 
(Cadernos de Atenção Básica). 
 
______. Ministério da Saúde. Violência intrafamiliar: orientações para a prática 
em serviço. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. 
 
______. Ministério do Trabalho e Emprego. Mapa de indicativos do 
trabalho da criança e do adolescente. Brasília, 2000. 
 
 
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BRAZELTON, T.B.; CRAMER, B.G. As primeiras relações. São Paulo: Livraria 
Martins Fontes Editora, 1992. 
 
CAMPOS, G.W. de S. (2003) Saúde Paidéia. São Paulo: Editora Hucitec, 
terceira edição, 2007. 
 
CECÍLIO, L.C. de O. As Necessidades de Saúde como Conceito Estruturante na 
Luta pela Integralidade e Equidade na Atenção à Saúde. In: Os sentidos da 
Integralidade na atenção e cuidado à saúde. Pinheiro, R. e Mattos, R. 
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CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos: o capital humano das 
Organizações. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2004. 
 
COELHO, M. R. S. Atenção básica à saúde da mulher: subsídios para a 
elaboração do manual do gestor municipal. Dissertação (Mestrado em Saúde 
Coletiva). Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, 
Salvador, 2003b. 
 
COMISSÃO NACIONAL DE POPULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO. Jovens 
acontecendo na trilha das políticas públicas. Brasília, 1998. v. 1. 
 
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE POPULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO, 
1994, Cairo, Egito. Relatório final. [S.l.]: CNPD; FNUAP, 1994. Publicação 
em português. 
 
CONASS. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Para entender a 
gestão do SUS. Brasília, 2003. 
 
CORRAL, T. Agenda social. In: Agenda de desenvolvimento humano e 
sustentável para o Brasil do Século XXI. Brasília: Instituto de Política; 
 
 
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PNUD, 2000. Programa Regional de Estratégias e Desenvolvimento Local. 
 
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Atlas, 2010. 
 
MERHY, E.E. A perda da dimensão cuidadora na produção da saúde. In: 
Campos, C.R. et al. (org). Sistema Único de Saúde em Belo Horizonte: 
reescrevendo o público. São Paulo: Xamã, 1998, p.103-20. 
	Leia os artigos:
	1. A importância da Alimentação saudável na infância e na adolescência. Disponível em: <http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/3149/a_importancia_da_alimentacao_saudavel_na_infancia_e_na_adolescencia.htm>. Acesso em: 29 jan. 2016.
	3. Modelo de avaliação da saúde bucal na atenção básica. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v27n9/07.pdf>. Acesso em: 29 jan. 2016.
	Conheça a Sociedade Brasileira de Odontologia – SOB. Disponível em: <http://www.abo.org.br/site/>. Acesso em: 29 jan. 2016.

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