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unidade_4 fundamentos filósoficos e sociológicos da educação

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Rosângela de Oliveira Pinto e 
Graziella Rollemberg
Fundamentos Filosóficos e 
Sociológicos da Educação
Sumário
03
CAPÍTULO 4 – O Cenário Social Pedagógico Brasileiro ...................................................05
Introdução ....................................................................................................................05
4.1 A “sociologização” do discurso pedagógico no Brasil ...................................................05
4.1.1 A constituição da Sociologia da Educação como campo de conhecimento .............06
4.1.2 A Sociologia da Educação na atualidade ...........................................................08
4.2 As Vertentes Teórico-Metodológicas da Sociologia da Educação ....................................09
4.2.1 Análises sociológicas sobre a educação: dois paradigmas ...................................09
4.2.2 Análises macro e microssociais da educação ......................................................13
4.3 As contribuições da Sociologia da Educação para a formação docente ..........................15
4.3.1 História da formação de professores no Brasil ....................................................16
4.3.2 A Sociologia da Educação na Formação Docente ...............................................17
Síntese ..........................................................................................................................19
Referências Bibliográficas ................................................................................................20
Capítulo 4 
05
Introdução
No cenário social educacional atual, qual é o sentido de renovar as práticas pedagógicas? Qual 
é a viabilidade da luta pela incorporação da pluralidade como modo de fortalecer a busca por 
uma educação democrática? De que modo se deve abarcar a complexidade das dinâmicas so-
ciais contemporâneas no processo educativo? Qual é o papel da formação docente no contexto 
socioeducacional atual? Que importância tem o docente na formação para a emancipação dos 
indivíduos e a formação do pensamento crítico? Qual a relevância dos estudos sociológicos so-
bre a educação na formação docente e na compreensão dos fundamentos das políticas públicas 
para a educação no Brasil?
As desigualdades da sociedade brasileira, apesar de minimizadas por políticas públicas empre-
endidas pelo Estado durante a história recente, permanecem presentes e causam impacto nos 
sistemas educacionais. Apesar da ampliação do ensino e de seu alcance, através do qual uma 
parcela cada vez maior tem acesso à escola e à educação superior, vemos manter-se a dualidade 
do sistema de ensino brasileiro. No Ensino Básico, membros das classes sociais mais altas fre-
quentam a rede privada de ensino enquanto alunos com origem nas classes menos favorecidas 
frequentam a rede pública. Esse cenário praticamente se inverte no Ensino Superior, a despeito 
dos esforços no sentido de garantir mecanismos de inserção dos alunos oriundos das escolas 
públicas nas universidades mantidas pelo Estado.
O desafio da formação inicial e continuada de educadores é formar professores que compreen-
dam essa realidade social e sejam capazes de nela intervir de modo crítico. Tal dinâmica só se faz 
possível com a valorização de disciplinas como a Sociologia da Educação no currículo dos cursos 
de Pedagogia e das formações em serviço. Conhecer o mundo para transformá-lo e formar para 
a transformação, esse é o intuito de conhecermos a história dos estudos sociológicos sobre a 
educação no Brasil e as possibilidades de aplicação dos conceitos desse campo de conhecimento 
no cenário educacional atual.
4.1 A “sociologização” do discurso pedagógico 
no Brasil
O que o olhar sociológico pode trazer ao pensamento e ao discurso pedagógico? De que modo 
as teorias sociológicas contribuíram para a constituição da Sociologia da Educação como campo 
científico? A análise social aplicada à educação pode favorecer os processos de transformação 
das práticas pedagógicas? A formação docente sofre influências dos estudos sociológicos?
Neste capítulo, conheceremos as principais perspectivas sociológicas que orientaram os estudos 
sobre educação, discutiremos a autonomia da Sociologia da Educação como campo científico, 
compreenderemos o desenvolvimento histórico dos estudos sociológicos sobre educação no con-
texto pedagógico brasileiro e analisaremos a relevância dos estudos em Sociologia da Educação 
para o processo de formação de professores. Vamos lá?
O Cenário Social 
Pedagógico Brasileiro 
06 Laureate- International Universities
Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação
4.1.1 A constituição da Sociologia da Educação como campo de 
conhecimento
A Sociologia passou por um processo, a partir do século XIX, que a constituiu como campo cientí-
fico. Tal processo passava pela busca de conceitos fundamentais, da delimitação de seus objetos 
de estudo, da definição de metodologias próprias e da reflexão sobre sua natureza específica e 
sua legitimidade como ciência. 
A Sociologia da Educação também passou por um processo de reconhecimento de sua legiti-
midade como campo de estudo, tendo sido considerada por alguns autores, como Florestan 
Fernandes, não propriamente como um campo científico autônomo, mas como derivada das Ci-
ências Sociais. Sob essa perspectiva, a Educação se constituiria como um dos objetos de estudo 
da Sociologia. Como disciplina especial ligada à Sociologia, ela aplica abordagens e métodos 
sociológicos à análise de um objeto social específico, a Educação. 
Tanto em sentido amplo quanto mais delimitado, a Sociologia da Educação empreende estudos 
sobre temas como o processo educacional global, a compreensão das relações entre escola e 
sociedade, os sistemas escolares em determinada sociedade, a escola como instituição e grupo 
social, as dinâmicas sociais e culturais na sala de aula, a função social do professor, a formação 
docente no contexto social, as políticas públicas educacionais. Além disso, preocupa-se também 
com os fatores que condicionam o sucesso escolar em determinadas estruturas socioeconômicas. 
Figura 1 – As análises sociológicas aplicadas à Educação podem gerar reflexões importantes sobre as condicio-
nantes sociais, históricas, econômicas, políticas e culturais do processo educativo.
Fonte: Shutterstock, 2015.
A partir da década de 1930, a Sociologia passou a influenciar fortemente os estudos sobre edu-
cação no Brasil. As metodologias e os fundamentos conceituais da Sociologia passaram a ser 
aplicados aos temas e problemas da Educação. A etapa que se iniciou nos anos 1930 pode ser 
considerada uma primeira fase da Sociologia da Educação no País. 
A mais importante característica da primeira fase foi, provavelmente, a orientação engajada 
da produção de conhecimento. As transformações da sociedade brasileira a partir dos anos 
de 1930 trouxeram à tona o problema da educação. Esta passou a ser vista como recurso 
privilegiado no processo de construção do novo perfil de cidadão adequado ao Brasil em 
mudança. A reforma da educação ajudaria a construir a base para a transformação do país. Tal 
compreensão do fenômeno educacional revelava, de um lado, claro enraizamento na tradição 
da sociologia da educação e, de outro, desconforto com a situação da educação do país e o 
compromisso com sua superação. (NEVES, 2002, p. 354).
07
Por outro lado, apesar de os estudos da época apontarem para a necessidade de reforma nos 
sistemas de ensino e nas instituições escolares, as elites intelectuais e políticas eram refratárias à 
ampliação das políticas públicas educacionais. Este fator dificultou o caminho para uma trans-
formação no cenário pedagógico e escolar brasileiro no sentido da democratização do ensino. 
O movimento da Escola Nova, que havia sido criado no final do século XIX na Europa e adquiriu 
maior expressividade no Brasil a partir de 1932, com a publicação do Manifesto dos Pioneiros da 
Educação Nova, refletiu a importância dada à teoria durkheiminiananos estudos educacionais 
do período no País. 
A obra Sociologia Educacional (1958), de Fernando Azevedo, ligado à Escola Nova, foi pratica-
mente usada como manual nas escolas na época. O autor acreditava que a construção de uma 
educação pública e universal no Brasil não ocorreria se ficasse limitada à ação da administração 
pública. Azevedo defendia uma política pública para a Educação que perpassasse toda a socie-
dade, mobilizando educadores e gestores escolares, famílias e, sobretudo, o alunado.
Quais foram os principais nomes da educação nacional a assinar o Manifesto dos 
Pioneiros da Educação Nova? O Manifesto, que defendia a escola laica, pública e 
gratuita para todos, foi assinada por Anísio Teixeira, que seria bem mais tarde reitor da 
Universidade de Brasília (UNB), Fernando Azevedo, que liderou a reforma de ensino 
no Estado de São Paulo a partir de pesrspectivas da Sociologia da Educação, Lourenço 
Filho, diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos entre 1938 e 1946, a es-
critora e professora Cecília Meireles, e a educadora e militante das causas feministas 
Armanda Álvaro Alberto.
NÓS QUEREMOS SABER!
Figura 2 – A Casa Anísio Teixeira fica em Caetité-BA. Tombada pelo Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, o 
casarão histórico abriga espaço cultural e museu, mantidos pela Fundação Anísio Teixeira, preservando a memó-
ria desse importante educador.
Fonte: Wikimedia Commons, 2015.
08 Laureate- International Universities
Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação
Com a Constituição de 1937, algumas das demandas do movimento da Escola Nova pela im-
plantação de princípios mais democráticos na Educação foram atendidas, como a da responsa-
bilidade do Estado em relação aos ensinos Técnico e Profissionalizante.
Na década de 1940, a Sociologia foi introduzida como disciplina curricular na formação de pro-
fessores nas Escolas Normais brasileiras, no intuito de modernizar e dar cunho técnico-pedagógi-
co à formação docente em uma época em que se iniciava a profissionalização do curso normal. 
Em lugar de disciplinas tradicionais, como trabalhos manuais e música, passaram a fazer parte 
do novo currículo a Sociologia, a Psicologia, a Pedagogia e a História da Educação.
Apesar de, na Europa, o debate marxista nas Ciências Sociais ser predominante nessa época, no 
Brasil o pensamento de Durkheim ainda estava muito presente na constituição do escopo teórico 
da Sociologia e, por conseguinte, dos estudos sociológicos sobre a Educação. 
Emile Durkheim. Educação e Sociologia (1962). Obra basilar do pensamento de um 
dos fundadores da Sociologia, sua leitura ajudará a compreender a importância do 
pensamento de Durkheim para o desenvolvimento da Sociologia da Educação no Brasil.
NÃO DEIXE DE LER...
Por outro lado, à parte do que ocorria nas escolas normais, a Sociologia institucionalizava-se 
como campo científico nas universidades brasileiras em meados do século XX e, pouco a pouco, 
a diferença entre os discursos teóricos de cada área foram afastando sociólogos e educadores. 
Tal afastamento culminou na reforma educacional de 1968, que separou as Faculdades de Edu-
cação das Faculdades de Filosofia e Ciências Humanas (FFCL).
A segregação institucional da seção da pedagogia da FFCL, por muitos vista como uma 
valorização resultou, a meu ver, em perda dos efeitos positivos advindos da interação atual ou 
potencial com outras seções (agora faculdades, escolas e institutos) em especial de filosofia, 
de história, de ciências sociais, de psicologia, de comunicação, de letras. […] Assim, não 
foram poucas as Faculdades de Educação que, para comporem seus currículos, reforçaram 
essa segregação carregando consigo (ou criando) disciplinas próprias para o ensino das 
demais ciências sociais (filosofia, história, psicologia, sociologia, economia, seguidas ou não 
do qualitativo 'da educação'). (CUNHA, 1992, p. 11).
Esse processo de distanciamento da Pedagogia em relação às Ciências Sociais reforçou, portanto, 
a constituição das especificidades e da autonomia do campo científico da Sociologia da Educação.
4.1.2 A Sociologia da Educação na atualidade
A compreensão por parte dos teóricos da Educação, no contexto acadêmico brasileiro das Fa-
culdades de Educação, de que era essencial levar em conta as complexidades do processo edu-
cativo, resultou na construção de novos limites no campo pedagógico. Além disso, teve como 
resultado também a instituição de novos conteúdos curriculares para a formação docente, os 
quais pudessem gerar novas formas de conhecimento específico para a área e novas estratégias 
de atuação na sociedade.
Desse modo, a Sociologia da Educação foi produzindo conhecimentos teóricos e metodológicos 
próprios. Esse processo aprofundou-se com a criação dos cursos de pós-graduação em Educa-
ção, na década de 1970, e de grupos de trabalho dedicados a pesquisas na área, já na década 
de 1980, como o grupo de Trabalho Educação e Sociedade.
09
As Ciências Sociais, por outro lado, não mostraram grandes avanços no qual tange a reaproxi-
mação do processo educativo como objeto de estudo, sendo raros os programas de pós-gradu-
ação na área com linhas de pesquisas dedicadas à área educacional.
A maior parte dos grupos de pesquisa ligados à Educação surgiu a partir dos anos 2000, boa 
parte deles em torno das novas questões e demandas sociais em relação à Educação no País. 
Todos esses grupos lançam mão, em diferentes graus, da perspectiva sociológica em suas análi-
ses do objeto educacional e apresentam publicamente seus resultados de pesquisa, revelando o 
avanço do reconhecimento da Sociologia da Educação como campo autônomo de conhecimen-
to, capaz de contribuir para a democratização do ensino e para a renovação da escola.
4.2 As Vertentes Teórico-Metodológicas da 
Sociologia da Educação
Os estudos em Sociologia da Educação baseiam-se em linhas teórico-metodológicas advindas 
da Sociologia e das Ciências Sociais em geral. No Brasil, vimos que, na primeira etapa da cons-
tituição da Sociologia da Educação como campo autônomo de conhecimento, a maior influência 
foi nas ideias de Durkheim. Você sabe qual tendência teórica as ideias desse autor embasam? 
A interpretação da sociedade feita por esse autor privilegia a investigação da função específica de 
cada instituição, sendo a base para a formulação da tendência teórico-metodológica das Ciên-
cias Sociais conhecida como Funcionalismo. Essa e outras tendências serão abordadas a seguir.
4.2.1 Análises sociológicas sobre a educação: dois paradigmas
Segundo Gomes (1994, p. 19), os estudos sociológicos da educação podem ser classificados 
segundo a sua correspondência em “[...] dois paradigmas, ou seja, maneiras pelas quais são 
vistos o campo de estudos, identificados os temas para investigação e especificados conceitos e 
métodos legítimos: os paradigmas do consenso e do conflito”. 
O paradigma do consenso se origina nas teorias funcionalistas, herdeiras do pensamento de 
Durkheim, que consideram a sociedade um sistema complexo, formado por diferentes partes, 
cada uma com uma função, que se articulam produzindo estabilidade e solidariedade entre seus 
membros. Para Durkheim, o estado normal e desejável de uma sociedade é o equilíbrio social. As 
teorias funcionalistas propõem que o consenso moral é o que garante a manutenção da ordem 
e a estabilidade social e que tal consenso só pode existir quando os indivíduos compartilham os 
mesmos valores.
A educação, sob essa perspectiva, é compreendida como processo de socialização e de inte-
gração social e como um caminho para a transformação e modernização da sociedade – o que 
deriva em ênfase na formação técnica e científica direcionadas às demandas do mercado. 
O paradigma do consenso passou a ser questionado quando, em meados do século XX, surgi-
ram as análises sociológicas que criticavam as desigualdades sociais e econômicas, filiadas ao 
que se chama de análises macrossociais e fundamentadas principalmente nas teorias marxista e 
neomarxista. Nessecontexto, surge o paradigma do conflito.
Esse novo modo de analisar as dinâmicas sociais tem suas bases no pensamento marxista, ela-
borado por Karl Marx e Friedrich Engels. Na perspectiva marxista, não é possível existir uma 
educação livre ou universal enquanto existirem classes sociais, ou seja, enquanto existir o conflito 
de classes na sociedade.
10 Laureate- International Universities
Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação
O que seriam teorias neomarxistas? Em sua acepção restrita, neomarxismo é nome 
dado ao grupo de vertentes teóricas surgidas na década de 1920 que empreenderam 
uma releitura da teoria marxista à luz de elementos de outras teorias e tem como ex-
poentes György Lukacs, Ernst Bloch, Karl Korsch e Antonio Gramsci. Na Alemanha, a 
partir da década de 1960, destacou-se a Escola de Frankfurt, que criou a chamada 
teoria crítica a partir de uma revisão do marxismo. Na década de 1980, o neomarxismo 
revisitou as teorias de Marx, dessa vez reduzindo o campo social às relações econô-
micas de produção ou partindo para um olhar objetivista que nega a importância das 
lutas simbólicas.
NÓS QUEREMOS SABER!
Figura 3 – Os estudos sociológicos da educação, inspirados pelo paradigma do conflito, traduziram a esperança 
de que o sistema educacional trouxesse a distribuição de renda e a justiça social que faltavam às sociedades.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Pierre Bourdieu, filósofo e sociólogo francês, importante no cenário das Ciências So-
ciais, dirigiu por longo período a revista Actes de la recherche en sciences sociales. Sua 
teoria filia-se à perspectiva de reprodução das desigualdades sociais e postula que a 
estrutura social é um sistema hierarquizado de poder e privilégio, configurado por meio 
de relações materiais e econômicas (salário, renda) e das relações simbólicas (status) e 
culturais (escolarização) que se estabelecem entre os indivíduos. 
VOCÊ O CONHECE?
A partir das décadas de 1960 e 1970, época de crises políticas e econômicas em quase todo 
o mundo, uma nova configuração teórica passou a inspirar os estudos sociológicos sobre a
educação. A sociedade passou a ser vista como sendo composta de grupos em conflito, lutando
11
pela dominação de uns sobre os outros, e o processo educacional não foi mais considerado fer-
ramenta de transformações sociais; ao contrário, passou a ser visto como modo de reprodução 
das desigualdades sociais e da estrutura de classes presente nas sociedades.
As novas abordagens críticas influenciaram sob vários aspectos não só a Sociologia da Educação 
como também transformaram o pensamento pedagógico. Algumas das mais importantes novas 
tendências teóricas foram:
•	 a Teoria Crítica da Escola de Frankfurt – instituto em torno do qual reuniram-se intelectuais 
ligados às Ciências Sociais como Max Horkheimer, Theodor Adorno, Leo Loewenthal, 
Walter Benjamin, Friedrich Pollock, Erich Fromm e Herbert Marcuse; 
•	 teorias do filósofo Louis Althusser; 
•	 teorias crítico-reprodutivistas dos sociólogos franceses Pierre Bourdieu, Jean-Claude 
Passeron, Claude Baudelot e Roger Establet; 
•	 alguns teóricos do paradigma do conflito também basearam suas ideias nos conceitos de 
Max Weber, compreendendo o conflito a partir da diversidade de interesses em torno da 
autoridade e do poder. 
As teorias crítico-reprodutivistas (que alguns teóricos preferem chamar apenas de críticas, por 
considerarem equivocado o termo reprodutivistas) consideram que a educação formal desen-
volvida pela instituição escolar reproduz a sociedade de classes, a lógica do sistema capitalista 
e a ideologia da classe dominante. Essa reprodução resulta em um processo de escolarização 
autoritário e repressor, chamado por Bourdieu e Passeron de violência simbólica. Para os autores, 
tal violência se dá por meio dos critérios de acesso à educação, sobretudo ao ensino superior, e 
de sucesso escolar, que beneficiam os grupos já tradicionalmente privilegiados da sociedade, os 
grupos politica e economicamente dominantes. Já Baudelot e Establet desenvolveram a teoria da 
escola dualista a partir de um profundo estudo de campo sobre o sistema escolar francês.
CASO
A pesquisa de Baudelot e Establet sobre o sistema escolar francês, publicada em 1971, concluiu 
que existiam na época no país duas redes escolares, e não uma única, pois a escola “secundária-
-superior” tinha as vagas quase totalmente ocupadas pelos alunos advindos de famílias da elite 
(classe dominante), que correspondiam a 25% do alunado francês; e a escola primária-profissio-
nal, destinada aos outros 75% dos alunos franceses, com origem nas classes mais pobres (classes 
dominadas). 
Investigando os currículos e o que era desenvolvido nas aulas ministradas nessas duas modalida-
des de ensino, os pesquisadores descobriram que na escola primária-profissional os conteúdos 
se limitavam a uma repetição sem fim de noções concretas aprendidas nos anos iniciais de en-
sino e a cultura transmitida era uma versão empobrecida da cultura dominante, da alta cultura, 
sem nenhuma valorização da cultura popular. Enquanto isso, na escola secundária-superior, os 
conceitos abstratos eram explorados, buscando preparar os alunos para o ensino superior, e os 
conteúdos culturais eram os da própria classe dominante, preservados em sua complexidade. 
12 Laureate- International Universities
Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação
Figura 4 – Uma das conclusões de Baudelot e Establet é a de que, mesmo com a ampliação do acesso de todas 
as classes sociais à escola, a probabilidade de jovens originários das classes mais baixas chegarem ao ensino 
superior continuava pequena.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Como o caso francês pode ser comparado à realidade educacional brasileira atual? 
Poderíamos aplicar o conceito de escola dualista ao sistema educacional brasileiro? As políticas 
públicas educacionais atuais garantem uma escola mais democrática e popular? Qual é a re-
lação que se estabelece entre a estratificação da sociedade brasileira em classes e a divisão do 
sistema educacional entre redes pública e privada?
Um importante estudo de Sociologia da Educação no Brasil inspirou-se na obra de Bourdieu e 
Passeron: Educação e Desenvolvimento no Brasil, de Luiz Antônio Cunha, publicado em 1975. 
Cunha analisou dados macrossociais e indicadores econômicos e educacionais para contestar a 
ideia de que a concentração de renda ocorrida durante o período do Regime Militar seria fruto 
da baixa escolarização da população. Sua obra representou uma radiografia do sistema escolar 
brasileiro e das políticas públicas para a educação realizadas pelo Governo Militar.
O paradigma do conflito inspirou também a obra de um dos principais estudiosos da educação 
no Brasil, Paulo Freire. Filósofo e pedagogo, o pernambucano Freire recorreu aos recursos da 
Sociologia para elaborar a sua obra Pedagogia do Oprimido, de 1970, e para formular sua 
metodologia de alfabetização de adultos, o Método Paulo Freire. A partir dos trabalhos do autor, 
desenvolveu-se o movimento da Pedagogia Crítica. 
Freire afirmava que a função do processo educativo no contexto escolar era o de ensinar o alu-
no a interpretar a realidade social, a ler o mundo para que pudesse transformá-lo. A educação 
como processo de emancipação deve muito a conceitos sociológicos ligados à crítica das desi-
gualdades de classe no sistema capitalista, como o conceito de ideologia. 
Em um período de intensas lutas populares, como a dos sindicatos e das ligas camponesas, Freire 
liderou intelectualmente o Plano Nacional de Alfabetização do governo João Goulart, baseado 
no Movimento de Educação Popular, já em curso no Nordeste. O plano pretendia erradicar o 
analfabetismo no Brasil – no Nordeste a metade da população de 30 milhões de pessoas era 
analfabeta. Além disso, da população total brasileira, quase 40% era de analfabetos. O plano, 
13
assim como outros programas do governo João Goulart que ameaçavam a hegemonia das elites 
dominantes, foi canceladoantes de ser executado por meio do golpe militar de 1964.
Recentemente, os movimentos antigovernistas de março de 2015 causou espanto e polêmica na 
faixa, levantada por um professor de História, com os dizeres “Basta de Paulo Freire”. Você se 
lembra desse fato?
Ao se defender, nas redes sociais, dos internautas que o acusavam de desconhecer a teoria de 
Freire e o próprio contexto histórico e teórico em que nasceram seus trabalhos, o manifestante 
obteve respostas imediatas na própria rede: a Organização das Nações Unidas para a Educa-
ção, a Ciência e a Cultura (Unesco) homenageou Paulo Freire, postando uma de suas frases mais 
conhecidas, no que foi seguida por inúmeros internautas: “Educação não transforma o mundo. 
Educação transforma pessoas. Pessoas transformam o mundo.”
Qual seria a intenção de Freire quando formulou essa frase? Que significados ela pode assumir 
no contexto atual da sociedade brasileira?
A Educação como via de transformação da sociedade perpassou diversas linhas teórico-metodo-
lógicas da Sociologia da Educação e da Pedagogia ao longo do tempo. Essa perspectiva conti-
nua sendo atualizada por pensadores contemporâneos, como o francês François Dubet e autores 
brasileiros como Moacir Gadotti, Demerval Saviani e Celso dos Santos Vasconcelos.
Sobre as demandas sociais contemporâneas em relação à educação e aos novos desa-
fios impostos aos sociólogos da educação, e educadores de um modo geral, leia a en-
trevista do sociólogo francês François Dubet, disponível em: <http://revistaeducacao.
com.br/textos/158/artigo234778-1.asp>.
NÃO DEIXE DE LER...
Atualmente, algumas correntes da Sociologia da Educação consideram inútil deter-se no debate 
entre os paradigmas do consenso e do conflito. Segundo Petitat (1994), precisamos transpor 
a dicotomia entre os paradigmas do consenso e do conflito e chegar a uma interpretação que 
incorpore dialeticamente as duas perspectivas: a educação e a escola constroem processos com-
plexos, tanto de produção quanto de reprodução da sociedade, ou seja, a escola como insti-
tuição social colabora com a perpetuação da estrutura de poder, mas, por outro lado, pode ao 
longo do tempo contribuir para a desconstrução dessa mesma estrutura.
Para conhecer melhor as ideias de Paulo Freire e compreender a importância do pensa-
dor para o campo da Sociologia da Educação, leia a obra de Moacir Gadotti chamada 
Convite à leitura de Paulo Freire (2001).
NÃO DEIXE DE LER...
4.2.2 Análises macro e microssociais da educação
Entenda que os paradigmas do consenso e do conflito surgiram no bojo das análises macros-
sociológicas das Ciências Sociais em um processo de sociologização do discurso pedagógico, 
influenciando a construção das vertentes teórico-metodológicas predominantes na história da 
14 Laureate- International Universities
Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação
Sociologia da Educação. O Positivismo, o Funcionalismo, as teorias marxistas, neomarxistas e as 
teorias crítico-reprodutivistas que vimos até aqui são todas perspectivas macrossociais, ou seja, 
estudos de processos sociais globais. 
Na Sociologia da Educação, tais estudos corresponderam às pesquisas sobre as funções sociais 
da escola, as relações entre processos de estratificação social e o processo educativo, as articu-
lações entre a Educação e sistema econômico, as bases sociais, políticas e econômicas do cur-
rículo escolar etc. Em outras palavras, podemos dizer que a perspectiva de análise macrossocial 
preocupa-se com as relações entre as estruturas mais gerais da sociedade. 
Já a perspectiva microssocial investiga as relações entre indivíduos no contexto social. Entenda, 
portanto, que os estudos sobre ação social e interacionismo simbólico filiam-se à matriz dos 
estudos microssociológicos. 
Figura 5 – As análises macrossociais concentram-se nas relações entre as estruturas da sociedade, e as aborda-
gens microssociais focam as relações sociais entre os indivíduos.
Fonte: Shutterstock, 2015.
A “disputa” entre as duas abordagens pode ser resumida na seguinte questão: a ordem social se 
impõe aos indivíduos, determinando e estruturando seus comportamentos e valores ou a ordem 
social é dialeticamente reconstruída a toda hora por meio das trocas, ações e negociações au-
tônomas entre os indivíduos?
Durante as décadas de 1960 e 1970, os estudos da Sociologia da Educação no Brasil estiveram 
focados, sobretudo, nas relações entre estratificação da sociedade em classes e estratificação da 
estrutura do sistema escolar; uma perspectiva macrossocial, portanto. Florestan Fernandes e Anísio 
Teixeira, por exemplo, relacionavam, desde fins dos anos 1950, indicadores sociais e econômicos 
ao acesso restrito à educação no País, mostrando o sistema educacional como não democrático.
O periódico Cadernos de Pesquisa, o mais importante divulgador de pesquisas em Educação 
no Brasil, fundado em 1971, também privilegiava as análises macrossociais e sistêmicas basea-
das em dados quantitativos globais, assim como as publicações dos pesquisadores da Fundação 
Carlos Chagas e do INEP.
Aos poucos, nas décadas de 1980 e início de 1990, passou-se a valorizar no Brasil a abordagem 
qualitativa (macrossocial) em detrimento dos estudos quantitativos e estatísticos (macrossociais). 
Essa guinada teórico-metodológica na Sociologia da Educação revelava a necessidade de em-
15
preender recortes de análise e aprofundar o estudo sobre os problemas educacionais no País. Os 
estudos de caso, os estudos etnográficos, as entrevistas, os registros de memórias e histórias de 
vida etc. passaram a ser o foco metodológico das pesquisas em educação.
Em um movimento contrário, assistimos a volta das abordagens macrossociais a partir do final 
dos anos 1990 e início dos anos 2000, em torno da necessidade de dar visibilidade aos resulta-
dos mais globais das políticas de democratização do ensino e das transformações que se inicia-
vam no contexto dos sistemas escolares. 
As tendências sociológicas contemporâneas tendem a recusar abordagens teóricas unilaterais 
(CORCUFF, 1995), considerando que os processos e as estruturas sociais estão intrinsecamente 
relacionados às dinâmicas micro e macrossociais.
Mesmo divergindo completamente em relação aos pressupostos e métodos, as duas abordagens 
teóricas são importantes e complementam-se na compreensão da sociedade e da educação. 
Segundo Apple (1986), considerando o exemplo das relações de poder na educação, vê-se que 
o processo educacional é permeado por relações de poder tanto em âmbito estatal, governa-
mental e macro quanto no nível molecular, capilar ou micro, presente no interior das instituições 
escolares. 
Segundo Brandão (2001), é fundamental superar as disputas teórico-metodológicas entre as 
perspectivas micro e macrossociológicas nos estudos da Sociologia da Educação, abandonando 
as perspectivas unilaterais de abordagem dos fenômenos educacionais. Para a autora, estaría-
mos vivendo “um novo movimento teórico”, no qual uma geração de pensadores pós-marxistas, 
sob influência dos estudos microssociológicos dos pesquisadores estadunidenses, aproximam 
estudos de ação e estrutura, no intuito de abarcar a trama complexa de relações que ligam indi-
víduos e grupos à sociedade.
O artigo O estudo da sociedade e as representações dos sujeitos: subsídios teóricos 
para a investigação em Educação, do Professor Dirnei Bornow, apresentado no IX Se-
minário de Pesquisa em Educação da Região Sul (Ampedsul), em 2012. Disponível em: 
<http://www.portalanpedsul.com.br/admin/uploads/2012/Sociologia_da_Educacao/
Trabalho/06_51_13_2650-7356-1-PB.pdf>.
NÃO DEIXE DE LER...
4.3 As contribuições da Sociologia da Educação 
para a formação docente
A Sociologia da Educação pode responder ao desafio de formar educadores cientes da realidade 
social na qual se inserem e na qual a escola desempenha seu papel, tornando-se aptos a intervirem 
no contexto escolar e, de modo mais amplo, na sociedade, transformando as práticas pedagógicas 
e contribuindo paraa formação de cidadãos críticos e atuantes. Uma formação emancipadora e 
uma educação para a democracia necessitam dos subsídios que a Sociologia da Educação oferece 
à formação dos professores e à valorização da carreira docente na sociedade brasileira.
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Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação
4.3.1 História da formação de professores no Brasil
Historicamente falando, a Sociologia teve um papel central na formação dos professores no 
Brasil. Desde a época em que esse papel era desempenhado pelas Escolas Normais até as dis-
cussões atuais em torno das políticas públicas de formação e valorização da carreira docente, a 
Sociologia ocupa um papel de destaque.
A primeira Escola Normal foi criada logo após a Revolução Francesa, na Paris de 1795, com 
a missão de formar os professores para a instrução popular. No Brasil, o modelo das Escolas 
Normais como forma de preparar os docentes estabeleceu-se a partir de 1890. No início, a 
formação nas Escolas Normais era considerada incipiente. Mais tarde, a partir de 1932, foram 
criados os Institutos de Educação, no bojo de reformas educacionais cujos destaques foram a de 
Anísio Teixeira da capital do País (na época, o Rio de Janeiro) e a de Fernando de Azevedo em 
São Paulo. 
Essas instituições atendiam às demandas de uma educação mais técnica e profissional, que de-
senvolvia conhecimentos de metodologia de ensino das várias disciplinas do currículo escolar da 
época, além dos conhecimentos mais gerais e culturais. O movimento da Escola Nova contribuiu 
para as discussões sobre a necessidade de transformar os padrões tradicionais de ensino, con-
siderando que a tentativa de promover conhecimentos gerais e específicos na formação docente 
havia falhado.
Desde a década de 1930 até os anos 1970, desenvolveu-se o processo de ampliação das Es-
colas Normais e de implantação dos cursos superiores de Pedagogia e de Licenciatura no País. 
Com a ampliação do modelo, as Escolas Normais perderam a ancoragem teórica que tinham 
nas escolas experimentais ou escolas-laboratório, o que prejudicou o caráter científico da for-
mação docente. Nelas e nos cursos de Pedagogia, o foco passou a ser os conteúdos cognitivos 
e culturais em detrimento dos didático-pedagógicos. Em 1939 começava uma nova organização 
dos cursos de Licenciatura, com os três primeiros anos dedicados a conteúdos gerais e um último 
ano dedicado à Didática.
Durante as décadas de 1940 e 1950, expandiram-se as Escolas Normais Rurais e os Cursos Nor-
mais Regionais, cumprindo uma agenda governamental de fixação do homem no campo. Nessa 
época, as Leis Orgânicas limitaram o acesso dos egressos de escolas secundárias profissiona-
lizantes, incluindo a normal, aos cursos superiores diretamente ligados à formação secundária, 
enquanto alunos do segundo ciclo regular tinham acesso a qualquer curso.
Na esteira do desenvolvimentismo dos anos 1950 e 1960, a bandeira da modernização do en-
sino foi levantada. A formação de professores seria influenciada pelas metodologias de ensino 
norte-americanas no sentido de tornar a escola produtiva e eficiente, de acordo com os padrões 
tecnicistas da época e as demandas de mercado.
A partir de 1971, a formação nas Escolas Normais foi substituída pela habilitação específica em 
Magistério, e as formações para docência no Primeiro e no Segundo Grau foram separadas em 
cursos distintos. Nessa época, fragilizou-se muito a formação dos professores que lecionariam 
no antigo primário, as séries iniciais de escolaridade, e criou-se uma grande variedade de disci-
plinas específicas destinadas a cada uma das habilitações docentes. Cada vez mais a formação 
docente se deteriorava.
No início da década de 1980, houve tentativas de implementar melhorias nesse tipo de for-
mação, mas não tiveram continuidade. Foram criados os cursos de Licenciatura curta e plena, 
voltados respectivamente para as quatro últimas séries do Primeiro Grau (o antigo ginásio, ou 
seja, de quinta a oitava séries, atualmente sexto ao nono ano do Ensino Fundamental) e para 
o Segundo Grau (antigo Colegial, atualmente Ensino Médio). Os cursos superiores em Peda-
gogia ganharam a responsabilidade de formar especialistas em Educação que iriam atuar em 
coordenação, supervisão, orientação e gestão escolar. Houve também algum esforço em revisar 
17
o currículo das habilitações do Magistério, e as secretarias estaduais de educação passaram a 
oferecer formações em serviço, isto é, formações continuadas de docentes. 
Entre 1996 e 2006, foram organizados os Institutos Superiores de Educação e as Escolas Nor-
mais Superiores, havendo também uma reorganização do currículo dos cursos de Pedagogia. A 
LDB promulgada em 1996 não correspondeu às expectativas de que a formação docente seria 
melhorada. Ao invés disso, marcou um período de empobrecimento da formação docente por 
meio de cursos rasos e de curta duração, ministrados nos Institutos Superiores de Educação, com 
o objetivo de gerar poucos custos ao governo da época. A partir daí, intensificaram-se as discus-
sões nos meios educacionais sobre o lugar legítimo para a formação docente, as Universidades 
ou os Institutos Superiores de Educação.
Atualmente, o debate em torno da formação de professores se concentra na relevância de no-
vos objetos da Sociologia da Educação e da Pedagogia, como os saberes escolares, as práticas 
pedagógicas, a profissionalização do professor e a valorização da carreira docente, os atores 
inseridos no processo educativo etc.
Figura 6 – Novos debates se dão na área da Sociologia da Educação acerca dos processos de formação de professores.
Fonte: Shutterstock, 2015.
A partir desse pequeno apanhado histórico da formação docente no Brasil, é possível perceber 
a importância, para o professor, das reflexões sobre as relações entre formação docente e con-
texto sócio-político-cultural. As opções teóricas, metodológicas e organizacionais das políticas 
públicas de formação de professores só podem ser compreendidas com mais profundidade à luz 
da análise sociológica.
4.3.2 A Sociologia da Educação na Formação Docente
Para intervir na realidade social, é preciso conhecê-la, certo? A formação inicial e continuada 
dos educadores precisa, portanto, incorporar os estudos sociológicos do campo educacional 
como forma de fomentar a reflexão sobre as relações sociais e de poder que configuram a se-
leção, classificação, distribuição, produção, reprodução e avaliação dos saberes construídos 
socialmente.
18 Laureate- International Universities
Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação
O homem é um ser situado. Possui, no entanto, a capacidade de intervir na situação para aceitar, 
rejeitar ou transformar (liberdade). Contudo, sua capacidade de intervir na situação está na 
dependência do grau de consciência que possui da situação. O trinômio situação – liberdade 
– consciência caracteriza, pois, a existência humana. Compreender essa existência é, então, 
compreender o homem atuando dialeticamente no mundo num processo de transformação. 
(SAVIANI, 1980, p. 63).
NÃO DEIXE DE VER...
Especialistas em formação de professores apontam caminhos para melhorar a qualida-
de do trabalho docente na Educação Básica durante evento de lançamento do relatório 
anual De Olho Nas Metas 2012, realizado em março de 2013, em São Paulo. Dispo-
nível em: <https://youtu.be/3ew4751rtQw>.
Para Popkevitz (1997, p. 208): “[...] o pensamento crítico pode ser visto como um projeto huma-
nista para desenvolver um professor vastamente educado e para promover maior flexibilidade, 
inovação e imaginação nas salas de aula”.
A Sociologia da Educação, portanto, como disciplina integrante do currículo dos cursos de Peda-
gogia e dos processos de formação continuada dos docentes, pode contribuir para a execução 
do projeto vislumbrado por Popkevitz. De que forma? Ajudando a formar educadores críticos e 
conhecedores da realidade social brasileira, das estruturas políticas, econômicas e culturais naqual a escola está inserida, capazes de transformar o meio em que vivem e atuam e, mais do que 
isso, capazes de formar cidadãos igualmente críticos e transformadores.
19
Síntese
Neste capítulo, tivemos a oportunidade de estudar a importância da inclusão da Sociologia da 
Educação na formação docente, posto que se trata de uma disciplina que estimulará o profissio-
nal a questionar e a pensar de forma crítica a estrutura educacional na qual atua.
•	 Reconhecemos, portanto, a importância do estudo da história da constituição da Sociologia 
da Educação como disciplina no mundo e no Brasil.
•	 Vimos as fases dos estudos sociológicos sobre educação e influência das diversas 
perspectivas sociológicas no pensamento pedagógico.
•	 Compreendemos as relações entre demandas sociais, políticas públicas para a Educação 
e desenvolvimento da Sociologia da Educação no Brasil.
•	 Investigamos a Sociologia da Educação no contexto acadêmico brasileiro e da natureza 
das tendências de pesquisa na área.
•	 Vimos sobre as vertentes sociológicas baseadas na compreensão dos paradigmas do 
consenso e do conflito nas Ciências Sociais.
•	 Estudamos a influência de teorias funcionalistas, marxistas, neomarxistas e crítico-
reprodutivistas nos estudos da Sociologia da Educação.
•	 Verificamos a influência do paradigma do conflito no pensamento pedagógico brasileiro.
•	 Abordamos os caminhos para a superação da visão dicotômica nos estudos sociológicos 
sobre os processos educativos.
•	 Compreendemos a importância dos estudos macro e microssociológicos no desenvolvimento 
da Sociologia da Educação e na sociologização do discurso pedagógico no Brasil.
•	 Estudamos a história da formação docente no Brasil e as contribuições da Sociologia da 
Educação como forma de compreensão dos sistemas educacionais e do papel docente.
Síntese
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